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CASTRO, Janio Roque Barros.

Território e discursos colonialistas/racista: abordagens sobre


descriminação geográfica.

O colonialismo é um aspecto do expansionismo territorial do sistema capitalista.


Nesse contexto exploratório, pessoas e terras são mercantilizadas. Na África,
criamos países separados por “fronteiras artificiais” que dividem os povos, para
depois tentar consolidar contornos de unidade indenitária nacional em países com
enorme diversidade indenitária e clima de conflito. Segundo Joseph Ki-zerbo
(2009), quando um africano pergunta quem você é, ele quer saber a que grupo
você pertence, de onde você é, qual é a sua identidade coletiva e social.
Dependendo do contexto geográfico e sociocultural, a resposta para "quem sou eu"
pode estar do outro lado da fronteira colonial, não apenas como um marcador de
mapa, mas como uma imposição geopolítica que muitas vezes dilacera, separa e
desintegra raças.

Em primeiro lugar, esses problemas não deveriam ser resolvidos de forma alguma,
porque os humanos não deveriam ter hierarquias. O ser humano é igual em
qualquer lugar do mundo. Não há hierarquia de seres humanos na Declaração dos
Direitos Humanos. Questões complexas devem ser analisadas à luz de leituras
amplas, críticas e intertemporais. Ao olhar para as notícias sobre tragédias
humanas ou naturais nos Estados Unidos ou países da Europa Central,
descobrimos que esses artigos são longos, emocionantes e causam grande
sensação na mídia. No entanto, a mesma cobertura da mídia não é observada
quando esses mesmos acidentes ocorrem em países pobres da África, Ásia ou
América Latina. Em muitos casos, os acidentes graves em países pobres são
publicados apenas em um grande jornal impresso.

Essas espécies e subespécies devem ser mantidas separadas umas das outras,
tanto do ponto de vista legal quanto do ponto de vista da estrutura espacial. Essa
retórica racista alimentou regimes altamente violentos como o apartheid na África
do Sul e, infelizmente, ainda alimenta a retórica de extremistas xenófobos de
extrema-direita não apenas na Europa, mas também em outras configurações
geográficas. Hasbart destacou que a Bolívia, o Equador e outros países
incorporaram os conceitos de território, territorialidade e transterritorialidade em
suas constituições nacionais, um avanço importante e fruto de demandas de
diferentes grupos culturais. O radicalismo racial altamente politizado tem
empoderado coletivos sociais que se afirmam como protagonistas nos grandes
documentos institucionais dos referidos países.

Por exemplo, as discussões sobre a territorialidade indígena na Bolívia e em outros


países latino-americanos (como Brasil e Peru) implicam necessariamente em uma
leitura compreensiva do ativismo cultural e são extremamente importantes porque
revelam o que fortes discursos colonialistas/racistas tentam revelar coletivos
etnográficos. No decorrer das discussões na academia, acaba surgindo uma
confusão entre identidade e identificação. Já a identidade é uma construção
histórica que pode envolver coletivos etnográficos e questões socioculturais. Falar
de países de língua inglesa cai no erro retórico de buscar uma síntese de
identidades nacionais, tão artificiais e frágeis quanto as diversas fronteiras
coloniais da África.

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