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Inovação no Setor Varejista: Construindo o Futuro a partir de Tradições Sólidas

O varejo sempre foi um pilar de sustentação da economia brasileira, desde os


dias da colonização até os tempos modernos. Sua origem pode ser traçada até a chegada
dos primeiros portugueses, mas o rosto do varejo como o conhecemos hoje realmente
começou a tomar forma com a chegada dos bandeirantes em Minas Gerais durante o
ciclo do ouro. Desde então, a evolução do setor tem sido impulsionada pelas
necessidades cambiantes da sociedade e as demandas de uma população em constante
crescimento.
A definição moderna de varejo é uma tapeçaria tecida por diversas perspectivas.
Segundo autores como, Mattar, Kotler e Richter, o varejo pode ser concebido como a
esfera de atividade comercial que vende produtos ou serviços diretamente aos
consumidores finais, seja para uso pessoal, familiar ou residencial. Este processo
engloba a aquisição de produtos em quantidades relativamente grandes para vendê-los
em porções menores ao consumidor final.
Isto é, no coração do varejo, encontra-se a simples, mas complexa, tarefa de
fornecer produtos e serviços para consumo pessoal, familiar ou residencial.
Compreendendo uma gama de atividades que vão desde a aquisição de produtos em
grandes quantidades de atacadistas e fabricantes até a venda direta para o consumidor
final, o varejo é tão diversificado quanto os produtos e serviços que oferece.
A dinâmica do setor de varejo tem evoluído em resposta às necessidades da
sociedade e às mudanças demográficas, como o envelhecimento da população e a
diminuição do bônus demográfico. Estas mudanças têm consequências significativas
para o consumo e o varejo, aumentando o potencial de mercado para categorias e
serviços relacionados à saúde e bem-estar, ao mesmo tempo que reduz a demanda por
produtos destinados às crianças.
No entanto, a esfera do varejo é diversificada e abrangente. O Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) classifica o comércio varejista em várias categorias,
desde combustíveis e lubrificantes até livros, jornais e revistas, com muitos outros em
sua cartela de oferta. O alcance expansivo e a adaptabilidade do varejo permitiram ao
setor registrar um crescimento impressionante de 8,4% em 2022, ultrapassando o
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, que ficou em 2,9%.
As surpresas do recente Censo de 2022 tiveram um impacto marcante no setor
varejista. As mudanças demográficas, em particular, implicam uma evolução do
consumo e do varejo. Segundo Marcos Gouvêa de Souza, fundador e diretor-geral da
Gouvêa Ecosystem, a medida que a população envelhece e o bônus demográfico se
desvanece, vemos um aumento no potencial de mercado para serviços focados em saúde
e bem-estar, e uma diminuição para produtos voltados para crianças.
Apesar desses desafios, o futuro do varejo brasileiro parece repleto de
oportunidades. A emergência da guerra na Ucrânia, a inflação persistente e o alto nível
de endividamento familiar podem atenuar o crescimento econômico, mas a necessidade
de inovação é mais vital do que nunca. O comércio eletrônico continua sendo o
principal motor de vendas, e a integração cada vez maior com as redes sociais e o uso de
tecnologias avançadas são uma tendência inegável.
A pesquisa da Ernst & Young sugere que as empresas voltadas para o
consumidor precisam adotar uma postura mais ousada em relação à transformação. Os
líderes empresariais devem desafiar todas as suposições, escolher seu público, ganhar
todos os micro-momentos, fornecer resultados mensuráveis, e dominar o ecossistema
para prosperar no ambiente de varejo em constante evolução.
Segundos os dados da innoway:

O setor varejista mostra força no pilar de inovação, especialmente quando se


trata de pessoas, segundo dados da Innoway. A cultura de inovação, com foco na
colaboração, foco no cliente e resiliência, é uma chave para sua adaptabilidade e
eficiência. Mas há áreas onde o setor pode melhorar, em particular a Governança da
Inovação e a habilidade para desenvolver inovações de horizonte 3.
A tecnologia, sem dúvida, desempenhará um papel crucial no varejo em 2023 e
além (Sebrae). As startups de varejo estão integrando inovações tecnológicas, como
coleta de dados nos pontos de venda, automação e robótica na cadeia de suprimentos, e
adoção de inteligência artificial para personalizar a experiência do cliente.
Porém, apesar da importância da tecnologia, é imperativo que não nos
esqueçamos que no centro de toda essa inovação e evolução está o ser humano. De
acordo com a pesquisa da Deloitte (2020), embora a tecnologia seja um componente
essencial da estratégia de negócios moderna, a interação humana continua sendo um
fator vital para o sucesso do setor.
Dito isto, é hora de darmos um passo adiante. É hora de desafiarmos nossas
suposições e mudarmos nosso modelo de negócios de melhoria incremental para
mudança exponencial. Precisamos escolher nosso público, focar em nosso propósito e
competir por consumidores de maneira constante e eficaz. Precisamos fornecer
resultados mensuráveis e nos esforçar para dominar o ecossistema em que operamos.
Enquanto caminhamos para o futuro, devemos lembrar que a inovação não é
apenas sobre a adoção de novas tecnologias ou a exploração de novos mercados. Trata-
se de evoluir constantemente para melhor atender às necessidades de nossos clientes,
fornecendo produtos e serviços de qualidade que melhoram a vida das pessoas. E, acima
de tudo, devemos lembrar que a tecnologia e a inovação são apenas ferramentas - o
coração do varejo sempre será as pessoas.
Então, como podemos fazer isso? Como podemos colocar as pessoas no centro
de nossa inovação e ainda permanecer competitivos em um mercado cada vez mais
digital e globalizado? A resposta é simples: temos que ser mais ousados. Temos que
acelerar nossos esforços e focar na criação do negócio que precisamos nos tornar, e não
apenas na proteção do negócio que temos.
Neste esforço, o varejo deve continuar a se reinventar, a se adaptar e a
transformar, adotando novas tecnologias e inovações. Mas também deve permanecer
fiel ao seu propósito e valor central: servir às pessoas. Devemos lembrar que, embora a
tecnologia seja importante, ela é apenas uma ferramenta para ajudar a cumprir nossa
missão de atender às necessidades e desejos dos consumidores.

Temos que nos concentrar não apenas em vender produtos, mas também em
oferecer experiências. Precisamos criar valor em cada interação, seja ela online ou
offline. E temos que garantir que, enquanto adotamos novas tecnologias e processos,
não nos distanciamos das pessoas que servimos.
As oportunidades são imensas, o varejo tem o potencial de liderar o caminho,
impulsionando a inovação, o crescimento e a prosperidade. E, trabalhando juntos,
podemos garantir que este potencial seja plenamente realizado. A cultura de inovação e
a disposição para abraçar a mudança serão os maiores ativos do setor. Com a adaptação
contínua e a visão voltada para o futuro, o varejo pode continuar a ser um pilar essencial
da economia brasileira.
Referências:

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