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ensino a distância®
Magui Guimarães
UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
4ª EDIÇÃO
ao Público
Atendimento
MÓDULO 1
4
Sumário Objetivos do módulo
O
1. O Usuário do Serviço módulo 1, de Secretaria Escolar, é dedicado a in-
Público.........................................83 troduzir alguns temas relevantes para quem está ma-
triculado no curso e pretende exercer a profissão de
2. Diferenças Individuais............85
secretário escolar. Os conteúdos estão organizados em qua-
3. Climas de Comunicação .......90 tro fascículos, que são:
F1 – Secretaria Escolar
F2 – Relações Interpessoais
F3 – Ética
F4 – Atendimento ao Público
No fascículo 1, o cursista se apropriará de conhecimen-
tos relativos ao perfil, atribuições e competências do(a)
secretário(a) escolar, bem como do sistema de arquivamento
escolar e do credenciamento de estabelecimentos de ensino.
O fascículo 2 é dedicado ao trabalho, e discorre sobre as
relações interpessoais e orientações sobre trabalho e convi-
vência em grupo, comportamentos no ambiente de trabalho,
cuidados e atenção no trato com as pessoas, especialmente
os colegas de trabalho.
O fascículo 3 apresenta e desenvolve o tema Ética, mos-
trando seu percurso histórico, os conceitos fundamentais, a
ética nas organizações públicas e privadas, ética e responsa-
bilidade social, o compromisso de cada um.
O fascículo 4 aborda aspectos relacionados ao atendi-
mento ao público, incluindo regras básicas sobre compor-
tamentos, condutas, e eficiência no atendimento, qualidade
dos serviços, a relação servidor público/usuário.
Objetivos do fascículo
A
o final deste fascículo, o aluno deverá ser capaz de:
• Compreender e adotar comportamentos que facili-
tem o atendimento prestado ao usuário;
• Identificar as posturas mais adequadas para o melhor
desempenho do atendimento, concorrendo assim para
criar uma imagem positiva da escola por meio de uma
atenção diferenciada;
• Destacar a percepção do funcionário para a importân-
cia do trabalho que ele desenvolve, contribuindo para
a sua motivação.
Introdução 1 Trainee e Master em
Neurolinguística, com
T
odas as instituições públicas devem estar a serviço dos cidadãos e pro- Internacional pela Integrated
curar atendê-los da melhor forma possível. Os impostos que pagamos Coaching Institute (ICI).
Tem mais de quinze anos
são para manter tais instituições e garantir serviços de qualidade para
de experiência em cursos
todos os cidadãos brasileiros. No entanto, no dia a dia, enfrentamos uma de formação avançados,
questão problemática no que se refere à qualidade dos serviços prestados formação em Coaching
pelo setor público, começando pelo atendimento aos que deles necessitam. Integral, por Martin
Em muitas situações os servidores das instituições nem sempre estão Shervington (Inglaterra) do
Seymour Associates Institute,
dispostos ou são motivados a prestar um atendimento de qualidade. Se e formação Holística pela
perguntássemos aos servidores: "Quais as características do seu pior usuá- Universidade Internacional
rio?", decerto eles fariam uma lista mental qualificando como uma pessoa da Paz (Unipaz), com Pierre
intransigente, intolerante, impaciente, mal-educada e abusiva. Weil. Formada também em
"Hipnose Erickssoniana", por
Por outro lado, o bom usuário do serviço público seria aquele que chega
Steve Gilligan, na Inglaterra,
a um posto de saúde ou escola, espera pacientemente para ser atendido, e em "Instrumentos do
sem reclamação nem pressa. Na concepção do servidor público desinfor- Espírito", por Robert Dilts, no
mado, o bom usuário é aquela pessoa que, ao procurar atendimento em Colorado (E.U.A). Formada
uma instituição pública, espera calada, enquanto os atendentes terminam em Valores Humanos, pelo
Instituto Shri Sathya SaiBaba,
a sua conversa particular. Ou aquele cidadão que procura a escola e espera
na Índia. É coautora de A
pacientemente que o(a) secretário(a) conclua o lanche, atenda o telefone- Magia das Perguntas, pela
ma particular, converse com o colega, etc. Editora Premius.
Muitas vezes, os servidores públicos pensam que, ao procurar uma ins-
tituição em busca de um determinado serviço, o cidadão está pedindo um
favor, ansiando por um sorriso ou esperando apenas ser notado. Esquece,
entretanto, que qualquer cidadão ao procurar atendimento de um serviço
público, está buscando seus direitos assegurados na Constituição Federal,
nossa Carta Magna, e na legislação dela decorrente.
O
usuário é uma parte essencial da nossa existência como servidor pú-
blico – não uma parte descartável. O usuário é aquele que, através
dos impostos, mantém as instituições públicas e paga os salários de
seu funcionalismo. É um ser humano com sentimentos, que precisa ser tra- Afinal, o que é o usuário?
O usuário é a pessoa mais
tado com todo o respeito, merecendo toda a atenção e cortesia possíveis. O
importante para qualquer
usuário é uma pessoa que nos traz seus desejos e necessidades. Nosso traba- instituição. O usuário não
lho é atendê-los bem e satisfazer as suas dúvidas, demandas e expectativas. depende de nós; nós é
O usuário não é alguém com quem discutimos ou fazemos competição que dependemos dele. Ele
não interrompe o nosso
de inteligência. Ninguém jamais venceu uma discussão com o usuário. Ele
trabalho; ele é o propósito
tem sempre as suas razões. Sem o usuário, as instituições públicas fecha- de nosso trabalho. Devemos
riam as portas. lembrar que nós, enquanto
2. Diferenças Individuais
P
ara oferecer um tratamento de qualidade ao usuário deve-se respei-
tá-lo nas suas reais necessidades. É importante ter uma percepção
aguçada de forma a conseguir identificar qual a atitude que irá satis-
fazer a carência afetiva do usuário e gerar nele uma "sensação de satisfação". O atendente deve se
conscientizar que cada
Os manuais com regras de bom atendimento não funcionam porque
indivíduo é único e sujeito a
cada pessoa é diferente da outra. Enquanto uma pessoa gosta que o vende- constantes transformações
dor se aproxime quando se está olhando uma roupa em uma vitrine, outra de ordem física, intelectual
já pode achar este comportamento invasivo e sair da loja incomodado com e emocional. Cada pessoa
o fato de ele não ter a paciência de ser chamado para dar maiores informa- vê a mesma coisa de forma
diferente, sob o viés da sua
ções sobre o produto.
personalidade, conforme
Cada pessoa tem uma percepção diferente da outra e dela própria, pois, seus filtros perceptivos e
a cada momento, somos diferentes do outro e de nós próprios, de tal forma experiências de vida.
que o que pode ser considerado um bom tratamento para uns, pode ser um
mau tratamento para outros.
deixar-se abater por problemas de outras áreas da vida. O ideal é da área de competência
daquela instituição. Nesses
concentrar-se no usuário e focar em satisfazê-lo naquele momento. casos, o servidor deve
6) Diferenças de códigos entre o funcionário e o usuário. Pode explicar que não pode
acontecer de ser usada uma linguagem técnica que o usuário não atendê-lo e encaminhá-lo
entende. O recomendável é alinhar os termos e palavras a partir da para a instituição capaz de
resolver seu problema.
compreensão do usuário
7) Um dos comunicadores tem reações hostis ou negativas para com o
outro, ou uma falha não-intencional das pessoas para dizer o que
pensam. É possível que uma declaração ou expressão mal-escolhida
cause algum tipo de mal-estar ou ofenda o outro. Neste caso, cabe ser
humilde e pedir desculpa.
8) Existem diferenças culturais, profissionais, de posição social ou
diferença de idade entre os comunicadores. Nos relacionamentos
humanos, toda a diferença distancia e as semelhanças aproximam. O Em outras situações, a
ideal é buscar se aproximar pelas semelhanças. O servidor deve apoiar-se solicitação do usuário não
nas semelhanças, buscá-las, e focar na igualdade para gerar aproximação. pode ser atendida por ferir
a legislação específica.
9) Interferências externas ou distrações. Procure ambientes mais
Cabe ao servidor informá-
propícios para manter o diálogo e realizar o atendimento. lo claramente que tal
10) Uso de um sistema inadequado de feedback. Naturalmente, se deduz que solicitação não pode ser
um atendimento foi bom ou ruim, baseado nas próprias conclusões. O atendida, expor claramente
ideal é usar perguntas abertas para receber feedback – que é o impacto do os motivos, e, se for o caso,
até mostrá-lo a referida
comportamento na outra pessoa. Acima das boas intenções está o real efeito
legislação.
da ação no outro. O mais importante é saber receber as informações como
uma forma de melhorar e de se aperfeiçoar. De nada adianta se aborrecer
com o usuário ou dizer que ele é intolerante. Ter a humildade de rever as
ações para conseguir o resultado almejado é uma atitude de maturidade.
Hora da prática
A lista de frases abaixo contém algumas descrições baseadas
no sensorial, isto é, que passam pelos cinco sentidos; e outras, po-
rém, estão próximas de alucinações, ou seja interpretações basea-
das nas suas suposições.
Faça uma marca (S) se a descrição da frase for baseada no senso-
rial, ou (A) para alucinações.
[ ] Ele tossiu e se levantou da cadeira.
[ ] Ele se sentiu pressionado. Podia se perceber pelo olhar.
[ ] A sua respiração acelerou e suas pupilas contraíram.
[ ] A sua expressão era de puro nervosismo.
[ ] A tonalidade da sua voz tornou-se grave.
[ ] Ela expressou indignação pelo que ouviu.
[ ] A temperatura do seu corpo está quente.
[ ] Ele age desta forma porque tem muito poder.
Pesquise o significado
das palavras:
a) empatia
b) simpatia
3. Climas de Comunicação
É
c) antipatia preciso que as pessoas envolvidas num ambiente de trabalho estabe-
leçam um clima de confiança para que as relações sejam harmônicas.
A empatia é uma atitude que cria um clima receptivo e mostra por
que, para transmitir bem sua mensagem, o emissor precisa avaliar como o
receptor está em relação a ele.
Há dois comportamentos básicos do receptor: um comportamento re-
ceptivo (ou, ao menos, neutro) e outro defensivo. O comportamento re-
ceptivo, almejado pelo emissor, permite que o receptor seja capaz de se
concentrar no conteúdo e no significado da mensagem, não desperdiçando
energia em atitudes negativas. Já o comportamento defensivo se manifesta
diante de uma situação de perigo real ou imaginário.
Estudos realizados por especialistas demonstram que, em tais situa-
ções, as pessoas normalmente mobilizam suas energias de autodefesa. Se
isso ocorre entre um receptor e o grupo do qual faz parte, a pessoa tende a
adotar uma atitude de defesa em relação ao próprio grupo, o que é tradu-
zido por desconfiança, gerando interpretações equivocadas dos mínimos
gestos ou atitudes dos colegas.
Esse mecanismo de defesa quase sempre requer um grande esforço da
pessoa, impedindo que se concentre na mensagem que está recebendo,
provocando a distorção de seu significado real. Devido ao valor negativo do
comportamento defensivo desnecessário, o emissor deve, sempre que per-
ceber esse tipo de reação, intervir, a fim de evitar a falha de comunicação.
Para uma compreensão mais clara do tipo de comportamento gerado no
receptor, em função da característica da comunicação realizada, podemos
estabelecer seis pares de categorias de comunicação defensiva e receptiva.
Acompanhe, a seguir, no Quadro 1:
Quadro 1
com conteúdos emocionais neutros – tende a diminuir o nível de intran- nunca presta atenção
nas orientações que você
quilidade. Demonstrações de afetos, sentimentos, percepções ou proces-
dá sobre a execução de
sos que não englobam perguntas nem implicam uma mudança de compor- determinada tarefa;
tamento por parte do receptor tendem a produzir um mínimo de defesa. d) Alguns funcionários
Por exemplo: se há um formulário a ser preenchido e o receptor tem costumam atender ligações
telefônicas particulares,
caligrafia pouco legível, o emissor não deve usar uma frase do tipo “tome
nas quais passam muito
cuidado ao preencher, que sua letra é ruim”. Essa avaliação prévia da cali- tempo conversando.
grafia do outro geraria um comportamento defensivo. Ao contrário, se o
emissor pedir que o outro “use letra de fôrma”, evita uma avaliação e, em
consequência, incentiva um comportamento menos defensivo.
Vejamos, noutro exemplo, duas situações de comunicação que podem
gerar comportamento defensivo (D) ou receptivo (R).
Avaliação (cria clima defensivo): a funcionária do caixa diz ao usuário:
“O senhor está atrasado. O pagamento deste carnê deveria ter sido feito há
uma semana. Agora, o senhor tem que pagar com multa”.
Descrição (cria um clima receptivo): a mesma funcionária poderia di-
zer: “Não sei se o senhor havia observado, mas o prazo de pagamento de seu
carnê está vencido. Sinto, mas há uma pequena multa a ser paga”.
para tentar resolver alguns problemas de financiamento. O gerente pode agir diminui consideravelmente
quando ele percebe que o
com certeza exagerada e provocar a defesa no usuário ou conseguir recepti- emissor está predisposto a
vidade, demonstrando flexibilidade nas afirmações. explorar novas situações,
a experimentar outras
• Certeza (cria um clima defensivo): o gerente diz ao usuário: "Não, é im-
possibilidades.
possível resolver esse problema. Nem precisa consultar mais ninguém no
banco, pois não há alternativa, nenhum meio de contornar a dificuldade."
• Flexibilidade nas afirmações (cria um clima receptivo): o gerente co-
loca a questão para o usuário: "Seu problema é extremamente complexo,
e a solução me parece bem difícil. Em todo caso, vou consultar a diretoria
para ver se há como resolvê-lo." Minutos depois, ele volta e explica: "Sin-
to muito, mas aconteceu o que eu temia. Consultei os diretores e não há
como resolver seu problema, pelo menos de imediato."
Resumo
Para garantir a sustentabilidade, uma instituição precisa ter usuários
satisfeitos com o binômio atendimento padronizado e tratamento
personalizado. O tratamento, embora seja a parte mais emocional e
intangível, é a que cobre as falhas de atendimento.
O conceito mais moderno de qualidade no atendimento é quan-
do uma instituição consegue fazer com que o usuário pense na sua
instituição e sinta uma sensação de bem-estar.
O mais interessante é que não existe um Manual de Atendimento
eficiente que contemple todas as regras da qualidade para tal, pois
cada usuário é único e tem um jeito específico de construir uma sen-
sação de bem-estar.
Para isto, o atendente, servidor público ou não, precisa ter uma
percepção aguçada para conseguir captar qual a maneira adequada
de oferecer um tratamento que irá encantar o usuário dentro da sua
Referências
MOINE, Donald J. Modernas Técnicas de Persuasão. Summus Editorial.
PILARES, Nancy Capell. Atendimento ao cliente: o recurso esquecido.
Ed.Nobel
ROBBINS, Anthony. O Poder sem Limites. Editora Best Seller.
Presidente
João Dummar Neto
Diretor Geral
Marcos Tardin
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do Nordeste (Uane)
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Miqueias Mesquita
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