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Habermas apresenta três posições nas discussões teorias sobre a moral: o discurso

pragmático, ético e moral. Estas três formas são usos distintos da chamada razão prática
elaborada pelo autor, que funciona como fundamentações de decisões com alternativas de
ação, portanto, são possibilidades de ações distintas exigidas em diferentes contextos.

A razão pragmática, também denominada de utilitária, apresenta exigência de ação


diferente das éticas e morais. Esta forma de razão, insere-se em contexto que exigem soluções
práticas, onde há necessária adequação entre meios e fins. Desta forma, a razão prática
configura uma racionalidade de fins, ou seja, uma decisão racional entre diferentes
possibilidades de ação, através de uma escolha de meios e técnicas apropriadas para alcançar
determinados objetivos. “Trata-se de uma escolha racional dos meios a partir de metas dadas”
(p. APOJFS)

Decisões que envolvem valores e afetam a orientação de uma prática de vida são
distintas da razão meramente prática. Assim, segundo Habermas, “é uma compreensão sobre
a solução justa de um conflito no âmbito do agir regulado por normas.” (p. 11) Para Kant,
razão prática e moralidade são coincidentes. Na tradição ética-aristotélica, há uma faculdade
de julgar que esclarece o horizonte da história de vida de um etos que se tornou costumeiro
(p.12)

Os discursos jurídicos, enquanto práticas argumentativas, conforme define Menelick e


Scotti( ANOO), incorporam argumentos das mais variadas formas. Dworkin divide as formas
argumentativas em dois modelos: argumentos de política e argumentos de princípios. Os
primeiros são relacionados à busca por bem e objetivos coletivos, que buscam produzir o bem-
estar da comunidade e constroem-se através de compromissos e consensos. Os argumentos
de princípios fundamentam os direitos individuais, são a base concreta contra-majoritária que
resguardam direitos.

A argumentação jurídica se vale tanto de discursos pragmáticos quanto éticos e


morais, conforme define Habermas. Este fato decorre, sobretudo, da construção do processo
legislativo, espaço onde há construção das normas. É nesta fase argumentativa que ocorre o
plano de justificação das normas, onde é mais claramente visível a construção de discursos
pragmáticos, éticos e morais. A formação racional da vontade do legislador exige
contraposição entre ponderações morais, pragmáticas e éticas nas justificações das decisões
políticas.

Uma vez integrados na norma jurídica, entretanto, tais


argumentos morais (que dizem respeito ao que é justo), ético-
políticos (referentes à auto-compreensão valorativa dos cidadãos
e aos projetos de vida coletivos que pretendem empreender),
bem como pragmáticos (de adequação de meios a fins) passam a
obedecer à lógica deontológica dos discursos jurídicos, com seu
código binário de validade[ p. 44)
Apesar do direito internalizar os aspectos argumentativos morais e éticos, Habermas
afirma que as constituições são sistemas políticos específicos, resultantes de processos
históricos. A materialização de princípios e normas através do processo de garantias formais
processuais, surge também o controle de constitucionalidade. Diante da complexidade da
sociedade contemporânea, o controle de constitucionalidade está relacionado a densificação
da comunidade de princípios e o respeito e efetivação dos direitos fundamentais.
Habermas entende que o controle de constitucionalidade ocorre de forma procedimentalista,
delegando ao judiciario a proteção de direitos.

A legitimidade do direito deriva de seu caráter contramajoritário, ocorre na defesa de direitos


fundamentais. O controle de constitucionalidade pode ser encarado como elemento
impotante para o fortalecimento da comunidade de princípios de dworkin, cujo objetivo é a
garantia dos direitos de igualdade e liberdade entre os indivíduos. Além disso, é o poder
distinto do legislativo, que promoverá a garantia que este observe a materialização de
princípios e normas por meio de suas técnicas argumentativas,

Disso decorre que o direito se compromete com resultados e necessita de um aparato


coercitivo que lhe empreste efetividade. O direito não pode depender apenas, como a
moral, da motivação interna de cada indivíduo.

Essa condição de reflexividade ética é essencial, como vimos, para a idéia de


comunidade de princípios, de integridade e, portanto, para a idéia de única
resposta correta, permitindo que a cadeia histórica do direito possa ser relida e
reapropriada tendo-se como crivo os direitos fundamentais.
Discursos éticos,

Além disso, Habermas (1998:292) coloca uma importante questão: o juiz compartilha –
como todo cidadão – de uma compreensão paradigmática do Direito, que fornece para
ele um estoque de interpretações da prática jurídica e orientações normativas, estoque
esse compartilhado por todos os membros da comunidade.[71]Tais paradigmas ainda
retiram o trabalho hercúleo dos ombros dos membros dessa comunidade, fornecendo
certezas em um mesmo pano de fundo compartilhado. [

https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/93945/279402.pdf?
sequence=1&isAllowed=y

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