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AULA - POR QUE DIAGNOSTICAR?

INTRODUÇÃO

Antes de responder essa pergunta vamos discutir sobre os prós e contras dos
materiais de classificação. Para isso, é importante começar a entender o que é
elementar quando se fala em diagnóstico: o sofrimento. Algo inerente à existência
humana, mas que é foco de atenção e intervenção da psicologia e psiquiatria.

Contudo, se entendemos que o sofrimento é inerente à nossa existência, por que


classificá-lo? A tentativa de nomear e categorizar o comportamento desviante e o
sofrimento humano é a tentativa de compreender o fenômeno, já que para
estudarmos e entendermos algum objeto de estudo é necessário anteriormente
classificá-lo. E o DSM tem essa função.

O DSM classifica transtorno mental como uma disfunção prejudicial, onde a pessoa
não consegue desempenhar uma função natural, trazendo consequências negativas

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para a própria pessoa ou para a sociedade na qual ela está inserida. Além disso, o
DSM considera os transtornos mentais como sendo multifatoriais. Ou seja, não há
uma relação exata de causa e efeito entre os fatores de risco e desencadeantes e o
desenvolvimento do transtorno.

A história das classificações dentro da história da psiquiatria

De maneira geral, podemos entender que classificações não são espelhos da


realidade, mas funcionam como arranjos que têm o objetivo de tornar algo
compreensível e inteligível. Ou seja, classificar é uma forma de tentar entender
agrupando semelhanças e diferenças.

Ao longo do tempo, muitas tentativas de se classificar os fenômenos psicológicos


foram feitas, mas nenhuma delas era tão organizada quanto à classificação da APA
através do DSM. Por isso, vamos discorrer a seguir a trajetória mais ampla da APA
nesse caminho de classificação:

● DSM-I
○ É a primeira classificação com 106 categorias diagnósticas;
○ Possuía 145 páginas;
○ As categorias eram hierárquicas e divididas entre neuroses e psicoses;
○ Sofreu forte influência da psicanálise.
● DSM-II

○ Era a extensão do DSM-I


○ Classificação diagnóstica aumentou para 180;
○ Categorias hierárquicas;
○ Pautado também na teoria psicodinâmica;
○ Inaugura o capítulo dedicado à infância e à adolescência;
○ Nova seção de desvios sexuais que incluía a homossexualidade na
lista de transtornos mentais.
● DSM-III

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○ Adotou uma classificação puramente descritiva ateórica;
○ Definição de critérios específicos para cada categoria diagnóstica;
○ 265 transtornos;
○ Introdução de um sistema multiaxial;
○ Tinha como objetivo modificar o panorama da Psiquiatria;
○ Componente científico (menos filosófico);
○ Distanciamento da psicanálise;
○ Rompe com o conceito de “psicossomática”.
● DSM-IV

○ Muda do modelo multiaxial para o modelo categórico;


○ 365 transtornos;
● DSM-5

○ Classificação descritiva ateórica;


○ Modelo categórico + modelo dimensional
○ 370 transtornos
● DSM-5-TR

○ Extensão do DSM-V
○ Revisão de mais de 70 transtornos
○ Acréscimo de 1 transtorno
Importante destacar que, a partir do DSM-III, houve uma mudança na compreensão
da psicopatologia que passou a entender que todos os processos psicológicos,
normais ou anormais, dependem da função cerebral. Contudo, alguns pontos e
correntes se opõem à mudança desse contexto da psicopatologia mais biológica
defendida pela APA a partir de 1980.

CONCLUSÃO

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Falar em diagnóstico em psicopatologia implica entender algumas especificidades,
tais como:

● é fundamentalmente clínico;

● baseado na apreensão intersubjetiva;

● considera o relato do paciente/familiares;

● necessita da observação e do discernimento clínico;

● segue uma classificação nosográfica e nosológica.

REFERÊNCIAS

KAPLAN, H. I; SADOCK, B. J. Comprehensive Glossary of Psychiatry and


Psychology. Philadelphia: Williams & Wilkins, 1991.

ZORZANELLI, R. BEZERRA, B. A criação de diagnósticos na psiquiatria


contemporânea. Rio de Janeiro: Garamond, 2014.

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