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dizendo
que
o
relógio
dourado
é
de
ouro,
haverá
dolo.
Se,
ao
invés,
o
comprador
iludiu-‐se
sozinho,
sem
qualquer
provocação
ou
omissão
do
vendedor,
a
hipótese
será
de
erro.
Enquanto
o
erro
só
anula
o
negócio,
sem
gerar
perdas
e
danos,
o
dolo
é
causa
de
anulação
e
ainda
enseja
a
indenização
pelas
perdas
e
danos.
REQUISITOS
O
erro,
para
anular
o
negócio
jurídico,
deve
ser
substancial,
cognoscível
e
real.
O
Código
não
exige
que
se
trate
de
um
erro
escusável.
ERRO
SUBSTANCIAL
E
ERRO
ACIDENTAL
Erro
substancial,
consoante
Sílvio
Rodrigues,
é
aquele
de
tal
importância
que,
se
fosse
conhecida
a
verdade,
o
consentimento
não
se
externaria.
É,
pois,
aquele
que
foi
a
razão
determinante
do
negócio
jurídico,
sem
esse
erro
o
negócio
não
se
teria
realizado.
Erro
acidental
ou
incidental,
por
sua
vez,
é
aquele
que,
se
fosse
conhecida
a
verdade,
ainda
assim
o
negócio
jurídico
se
realizaria
embora
de
maneira
menos
onerosa.
Aludido
erro
é
o
que
recai
sobre
qualidades
secundárias
da
pessoa
ou
coisa.
Este
erro
não
provoca
a
anulação
do
negócio
jurídico.
Exemplos:
equívoco
sobre
o
valor
do
bem
negociado;
erro
sobre
um
acessório
do
automóvel
negociado,
etc.
Se,
em
regra,
torna-‐se
fácil
a
distinção
entre
o
erro
substancial
e
o
acidental,
em
alguns
casos
aquilo
que
normalmente
é
secundário
torna
decisivo
na
determinação
de
vontade,
transmudando-‐
se
o
erro
de
acidental
para
substancial.
Suponha-‐se
que
alguém
adquira
um
determinado
objeto,
pensando
erroneamente
que
o
mesmo
é
antigo.
Se
se
tratar
de
um
colecionador,
por
exemplo,
o
erro
será
substancial,
porque
o
fato
de
ser
antigo
terá
sido
a
razão
determinante
do
negócio;
para
outras
pessoas,
porém,
a
antiguidade
é
um
dado
irrelevante,
de
modo
que
o
erro
será
meramente
acidental.
Nenhum
critério
abstrato
é
capaz
de
estabelecer
a
linha
divisória
entre
o
erro
substancial
e
o
erro
acidental,
devendo
o
intérprete
analisar
cada
caso
concreto.
HIPÓTESES
DE
ERRO
SUBSTANCIAL
O
art.
139
do
CC
prevê
o
rol
taxativo
das
hipóteses
de
erro
substancial.
Grosso
modo,
é
o
que
diz
respeito
à
natureza
do
negócio,
ao
seu
objeto,
a
qualidades
essenciais
do
objeto
e
à
identidade
ou
qualidades
essenciais
da
pessoa.
O
erro
de
direito,
também
pode
ser
substancial,
desde
que
não
implique
recusa
à
aplicação
da
lei
e
tenha
sido
motivo
único
ou
principal
do
negócio
jurídico.
ERRO
SOBRE
A
NATUREZA
DO
NEGÓCIO
No
erro
sobre
a
natureza
do
negócio,
a
parte
objetiva
realizar
certo
negócio
e,
por
engano,
acaba
realizando
outro.
Exemplo:
a
parte
lavra
uma
escritura
pública
de
doação,
pensando
que
está
realizando
uma
dação
em
pagamento.
ERRO
SOBRE
O
OBJETO
PRINCIPAL
DA
DECLARAÇÃO
3
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno Carlos Jose Lopés
DIREITO
CIVIL
-‐
PARTE
GERAL
CPF - 93518064487
PROF.
FLÁVIO
MONTEIRO
DE
BARROS
Este
erro
ocorre
quando
o
negócio
jurídico
faz
menção
a
uma
coisa
ao
invés
de
outra.
Exemplos:
a
escritura
publica
refere-‐se
a
um
determinado
apartamento,
mas
a
venda
efetiva
recaiu
sobre
outro;
compra
uma
casa
em
Santos
pensando
que
ela
se
situa
no
Guarujá.
ERRO
ESSENCIAL
Erro
essencial
é
o
que
recai
sobre
qualidades
fundamentais
do
objeto.
Exemplos:
compra
de
um
terreno
encravado,
pensando
que
ele
tinha
saída
para
a
via
pública;
compra
de
um
relógio
dourado
supondo
ser
de
ouro;
compra
de
um
objeto
imaginando
ter
ele
pertencido
a
uma
celebridade.
Cumpre
não
confundir
o
vício
redibitório
com
o
erro
essencial.
No
vício
redibitório,
a
pessoa
adquire
a
coisa
desejada,
que,
porém,
encontra-‐se
defeituosa,
ao
passo
que,
no
erro
essencial,
a
pessoa
adquire
uma
coisa
em
perfeito
estado,
mas
que
não
era
a
que
se
pretendia
adquirir.
Quem,
por
exemplo,
compra
um
relógio
dourado
pensando
que
é
de
ouro,
incide
em
erro.
Se,
porém,
o
relógio
realmente
é
de
ouro,
mas
não
funciona,
haverá
vício
redibitório.
Em
caso
de
erro,
é
cabível
a
ação
anulatória
do
negócio
jurídico;
tratando-‐se
de
vício
redibitório,
o
negócio
é
válido,
mas
o
adquirente
do
bem
poderá
ajuizar
uma
das
ações
edilícias
(ação
redibitória
e
ação
“quanti
minoris”).
ERRO
SOBRE
A
PESSOA
O
erro
sobre
a
pessoa
é
o
referente
à
identidade
e
outras
qualidades
essenciais.
A
identidade
pode
ser
física
e
civil.
O
erro
sobre
a
identidade
física
é
quando
se
toma
uma
pessoa
por
outra.
É
o
caso
bíblico
de
Jacó
que
acabou
desposando
Lia,
confundindo-‐a
com
Raquel.
O
erro
sobre
a
identidade
civil
é
o
que
recai
sobre
o
conjunto
de
atributos
e
qualidades
com
que
a
pessoa
aparece
na
sociedade.
Exemplo:
alguém
se
casa
ignorando
o
estado
civil
de
divorciado
do
outro
cônjuge.
O
erro
sobre
qualidade
essencial
da
pessoa
compreende
uma
infinidade
de
situações,
cuja
pesquisa
deverá
ser
feita
em
cada
caso
concreto.
Exemplo:
erro
sobre
a
honra
e
a
boa
fama
do
outro
contratante.
O
erro
sobre
a
pessoa,
na
obrigação
de
fazer
fungível,
é
irrelevante,
porque,
nesse
caso,
o
fato
é
exequível
por
qualquer
pessoa.
Exemplo:
contrato
alguém
para
lavar
o
carro,
supondo
que
se
tratava
de
determinada
pessoa,
quando
na
verdade
era
outra.
Na
obrigação
de
fazer
infungível,
porém,
o
erro
sobre
a
pessoa
anula
o
negócio
jurídico,
porque
a
contratação
é
feita
à
vista
das
qualidades
essenciais
do
outro
contratante.
Tal
ocorre,
por
exemplo,
quando
se
contrata
alguém
pensando
ser
um
jurista
famoso.
ERRO
OBSTÁCULO
OU
IMPRÓPRIO
OU
OBSTATIVO
Erro
obstáculo
ou
impróprio
é
o
que
impede
a
formação
do
negócio
jurídico.
É
o
caso
do
erro
sobre
a
natureza
do
negócio
e
do
erro
sobre
o
seu
objeto
principal.
Se,
por
exemplo,
“A”
pensa
que
está
cedendo
o
objeto
a
título
de
empréstimo
gratuito,
mas
“B”
o
recebe
supondo
que
é
doação,
não
há,
a
rigor,
comodato
nem
doação,
pois
o
contrato,
para
aperfeiçoar-‐se,
pressupõe
o
acordo
de
vontades,
que,
no
caso,
inocorreu.
Outro
exemplo:
“A”
pensa
que
está
vendendo
o
apartamento
situado
na
cidade
de
São
Paulo,
enquanto
“B”
supõe
que
esta
comprando
uma
casa
localizada
na
cidade
de
Santos.
No
erro
obstáculo,
o
negócio
jurídico
é
inexistente,
tendo
em
vista
a
falta
do
consentimento
recíproco,
necessário
à
formação
do
contrato.
Todavia,
o
Código
Civil
disciplina
a
hipótese
como
4
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno Carlos Jose Lopés
DIREITO
CIVIL
-‐
PARTE
GERAL
CPF - 93518064487
PROF.
FLÁVIO
MONTEIRO
DE
BARROS
sendo
uma
mera
causa
de
anulação
do
negócio,
ferindo
a
lógica,
mas
ganhando
em
clareza
e
simplicidade.
ERRO
ESCUSÁVEL
Erro
escusável
é
aquele
que,
em
face
das
circunstâncias
do
negócio,
não
poderia
ser
percebido
por
pessoa
de
diligência
normal.
É,
pois,
o
erro
justificável
pela
ausência
de
culpa.
Erro
inescusável,
por
sua
vez,
é
o
que
deriva
da
culpa
da
pessoa
que
se
enganou.
Exemplo:
incide
em
erro
inescusável
o
construtor
que
adquire
terreno,
que
afinal
verifica
não
servir
para
construção,
em
virtude
de
recuo
determinado
pela
Municipalidade.
Por
força
de
sua
atividade
deveria
o
construtor
estar
a
par
das
deliberações
da
Prefeitura
no
tocante
à
sua
especialidade.
Adota-‐se,
para
aferir
se
o
erro
é
escusável
ou
não,
o
critério
do
homem
médio.
Tratando-‐se,
contudo,
de
negócios
jurídicos
celebrados
por
especialistas,
urge
que
se
indague
o
comportamento
do
homem
médio
desses
técnicos.
No
Código
anterior,
o
erro
do
declarante
só
anulava
o
negócio
jurídico
quando
escusável.
O
Código
atual
não
impõe
mais
este
requisito.
Por
consequência,
tanto
o
erro
escusável
quanto
o
erro
inescusável
do
declarante
podem
ensejar
a
anulação
do
negócio
jurídico,
desde
que
sejam
cognoscíveis.
ERRO
COGNOSCÍVEL
Erro
cognoscível
é
o
conhecido
ou
que
podia
ser
conhecido
pela
outra
parte.
Para
a
anulação
do
negócio
jurídico,
não
basta
o
erro
escusável
ou
inescusável
do
declarante,
pessoa
que
tomou
a
iniciativa
de
fazer
a
declaração
da
vontade,
é
preciso
ainda
a
cognoscibilidade
do
declaratário,
destinatário
da
declaração,
isto
é,
que
ele
tenha
a
possibilidade
de
perceber
o
erro.
Assim,
erro
cognoscível
é
o
que
poderia
ser
percebido
por
pessoa
de
diligência
normal,
em
face
das
circunstâncias
do
negócio.
Se,
não
obstante
o
erro
do
declarante,
o
declaratário
não
poderia
ter
percebido
o
erro,
levando-‐se
em
conta
o
homem
médio,
o
negócio
jurídico
será
válido.
É
irrelevante
apurar
se
o
erro
do
declarante
foi
escusável
ou
não,
porque
o
art.
138
do
CC
adota
a
teoria
da
confiança,
que
prevê
a
anulação
do
negócio
quando
o
erro
substancial
poderia
ser
percebido
por
pessoa
de
diligência
normal,
sem
distinguir
se
o
erro
é
escusável
ou
inescusável.
Sendo
assim,
o
negócio
é
anulado
quando
o
erro
do
declarante
ainda
que
inescusável,
podia
ser
reconhecido
pelo
declaratário,
mas
o
declarante
que
incidiu
em
erro
inescusável,
segundo
uma
parcela
da
doutrina,
terá
que
ressarcir
as
perdas
e
danos
decorrentes
da
anulação
do
negócio,
enquanto
que
no
erro
escusável
ele
estaria
isento
da
obrigação
de
indenizar,
tendo
em
vista
a
ausência
de
culpa.
Creio
que
não
há
o
dever
de
indenizar,
ainda
que
o
erro
seja
inescusável,
por
duas
razões.
Primeira,
falta
de
previsão
legal
específica.
Segunda,
ao
perceber
o
erro
ou
ter
potencial
para
percebê-‐lo,
o
declaratário
deveria
abster-‐se
de
realizar
o
negócio,
ao
invés
de
aproveitar-‐se
da
situação,
agindo
com
uma
certa
torpeza,
que
se
aproxima
do
dolo
por
omissão.
ERRO
REAL
Erro
real
é
o
que
recaí
sobre
o
objeto
do
negócio
jurídico
e
não
simplesmente
sobre
o
nome
ou
sobre
qualificações.
Diz-‐se
ainda
real
aquele
erro
que
causa
efetivo
prejuízo
para
o
interessado.
ERRO
DE
DIREITO
5
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
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DIREITO
CIVIL
-‐
PARTE
GERAL
CPF - 93518064487
PROF.
FLÁVIO
MONTEIRO
DE
BARROS
Erro
de
direito
é
o
desconhecimento
da
lei
ou
a
sua
interpretação
equivocada.
Tal
ocorre,
por
exemplo,
quando
o
agente
ignora
que
uma
determinada
norma
entrou
em
vigor,
ou,
então,
quando
supõe
que
foi
revogada.
O
erro
de
direito,
para
fins
de
anulação
do
negócio
jurídico,
é
equiparável
ao
erro
de
fato,
desde
que
tenha
influenciado
na
manifestação
da
vontade.
Urge,
porém,
para
que
o
erro
de
direito
anule
o
negócio
jurídico,
o
preenchimento
de
dois
requisitos:
a)
que
não
implique
em
recusa
à
aplicação
da
lei;
b)
que
tenha
sido
o
motivo
único
ou
principal
do
negócio
jurídico.
Assim,
o
princípio
segundo
o
qual
ninguém
se
escusa
de
cumprir
a
lei,
alegando
que
não
a
conhece,
previsto
no
art.
3º
da
LINDB,
é
perfeitamente
conciliável
com
a
anulação
por
erro
de
direito.
Com
efeito,
não
se
pode
alegar
o
erro
de
direito
como
uma
forma
de
desculpa
por
ter
violado
a
lei,
pois
isso
enfraqueceria
o
princípio
da
força
imperativa
da
norma,
consagrado
no
citado
art.
3º
da
LINDB.
Todavia,
admite-‐se
a
arguição
do
erro
de
direito
se
a
intenção
da
parte
era
a
de
cumprir
a
lei,
obedecê-‐la.
Se,
por
exemplo,
o
devedor
deixa
de
efetuar
o
pagamento,
sustentando
ignorar
a
lei
que
o
obrigava
a
pagar,
torna-‐se
inócuo
o
seu
argumento.
Entretanto,
se
efetua
o
pagamento,
por
engano,
pensando
que
a
lei
o
obrigava
a
pagar,
quando
esta
não
o
obrigava,
poderá
pleitear
a
anulação
do
pagamento,
baseado
no
erro
de
direito.
Se,
por
exemplo,
o
dono
de
uma
casa
contratar
os
serviços
de
um
advogado
para
adaptar
seu
imóvel
às
leis
municipais,
vindo
depois
a
constatar
que
este
já
se
encontrava
de
acordo
com
as
normas
de
posturas
urbanas,
torna-‐se
perfeitamente
possível
a
anulação
desse
contrato,
com
fundamento
no
erro
de
direito,
pois
o
negócio
foi
celebrado
com
o
objetivo
de
cumprir
a
lei.
O
erro
do
direito,
como
se
vê,
não
pode
ser
invocado
nos
casos
em
que
se
conduz
à
violação
da
norma
jurídica.
Finalmente,
como
esclarece
Orlando
Gomes,
com
o
erro
de
direito
não
deve
ser
confundido
o
erro
sobre
as
consequências
jurídicas
do
negócio.
Neste,
o
agente
ignora
certos
efeitos
que
a
lei
atribui,
por
via
geral,
à
sua
declaração
de
vontade.
O
erro
sobre
as
consequências
jurídicas
não
vicia
a
vontade;
não
anula
o
negócio
jurídico.
Em
sentido
oposto,
Maria
Helena
Diniz
inclui
também
no
erro
de
direito
o
que
incide
sobre
as
consequências
jurídicas
do
ato
negocial.
ERRO
SOBRE
O
MOTIVO
OU
QUANTO
AO
FIM
COLIMADO
Motivo
é
o
antecedente
psíquico
da
ação
de
realização
do
negócio
jurídico,
que
determina
a
vontade
do
agente
em
celebrá-‐lo.
É,
pois,
o
móvel
psicológico
que
conduz
o
agente
à
realização
do
negócio.
A
causa,
por
sua
vez,
é
uma
espécie
de
motivo.
Sobre
o
conceito
de
causa,
desenvolveram-‐se
duas
correntes,
a
subjetiva
e
a
objetiva.
Para
concepção
subjetiva,
causa
é
o
fim
próximo
do
negócio,
enquanto
os
fins
remotos
são
os
motivos
ou
móveis
do
ato.
Numa
compra
e
venda,
por
exemplo,
o
fim
próximo
do
vendedor
é
o
desejo
de
receber
o
preço,
e
o
do
comprador,
receber
a
coisa
adquirida.
Os
motivos,
porém,
são
mais
variáveis.
O
vendedor,
por
exemplo,
pode
ser
levado
a
alienar
a
coisa
porque
vai
se
mudar,
porque
precisa
de
dinheiro
etc.;
o
comprador
porque
quer
o
objeto
para
o
seu
uso,
para
negócio
etc.
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Aluno Carlos Jose Lopés
DIREITO
CIVIL
-‐
PARTE
GERAL
CPF - 93518064487
PROF.
FLÁVIO
MONTEIRO
DE
BARROS
A
concepção
objetiva,
por
sua
vez,
sustenta
que
causa
é
a
função
econômico-‐social
de
cada
negócio
jurídico.
É,
pois,
a
finalidade
intrínseca
do
negócio.
Na
compra
e
venda,
por
exemplo,
causa
seria
a
própria
prestação
do
negócio,
ou
seja,
a
entrega
da
coisa
e
o
pagamento
do
preço.
Ambas
correntes,
como
salienta
Manuel
Domingos
de
Andrade,
chegam
ao
mesmo
resultado,
embora
visualizem
o
negócio
sob
ângulos
diferentes.
De
fato,
a
corrente
subjetiva
preocupa-‐se
em
analisar
o
móvel
psíquico
das
partes;
a
objetiva
analisa
o
negócio
em
si
próprio.
O
conceito
de
causa
é
um
tanto
quanto
obscuro,
pois
acaba
se
confundindo
com
o
próprio
objeto
do
negócio
jurídico.
Atento
a
isso,
o
Código
refere-‐se
a
motivo,
ao
invés
de
causa.
Com
efeito,
dispõe
o
seu
art.
140
que:
“O
falso
motivo
só
vicia
a
declaração
de
vontade
quando
expresso
como
razão
determinante”.
Assim,
o
motivo,
isto
é,
a
razão
psicológica
pela
qual
a
pessoa
age,
em
regra,
não
é
requisito
de
validade
do
negócio
jurídico.
Portanto,
o
erro
sobre
o
motivo
torna-‐se
irrelevante,
não
anulando
o
ato.
Todavia,
pode
ocorrer
de
o
declarante
inserir
expressamente
o
motivo
como
sendo
a
razão
determinante
do
ato.
Nesse
caso,
o
motivo
eleva-‐se
a
requisito
de
validade
do
negócio
jurídico,
pode
este
ser
anulado
na
hipótese
de
falsidade
daquele.
Vejamos
os
seguintes
casos:
a)
Em
meu
testamento,
faço
um
legado
a
certa
pessoa,
declarando
que
assim
procedo
porque
ela
me
salvou
a
vida.
Declarada
a
falsidade
dessa
assertiva,
razão
determinante
da
disposição
testamentária,
o
ato
não
prevalece,
impondo-‐se-‐lhe
a
anulação.
Contudo,
se
não
houve
expressa
declaração
do
agente
sobre
o
motivo
o
ato
é
válido
(exemplo
de
Washington
de
Barros
Monteiro).
b)
Se
a
aquisição
de
um
fundo
de
comércio
teve
por
motivo
determinante
a
perspectiva
de
boa
e
numerosa
freguesia,
garantida
e
apontada
pelo
vendedor
no
próprio
contrato,
tem-‐se
aí
o
que
se
denomina
em
direito
o
pressuposto
ou
razão
determinante
do
negócio.
Não
se
concretizando
aquela
perspectiva,
o
contrato
é
anulável
por
erro
sobre
o
motivo.
Contudo,
se
não
houve
expressa
menção
à
questão
da
boa
e
numerosa
freguesia,
o
ato
é
válido
(exemplo
de
Silvio
Rodrigues).
c)
Dou
esta
jóia
à
minha
neta,
porque
acaba
de
contrair
justas
núpcias.
Se
as
não
contraiu,
houve
erro
sobre
o
motivo,
anulando-‐se
a
doação.
Se
o
motivo
não
foi
indicado
no
ato,
este
será
válido
(exemplo
de
Limongi
França).
Vê-‐se,
portanto,
que
não
há
necessidade
da
investigação
dos
motivos,
salvo
quando
constar
expressamente
como
a
razão
determinante
do
negócio
jurídico.
TRANSMISSÃO
DE
VONTADE
POR
MEIOS
INTERPOSTOS
Meios
interpostos
são
os
instrumentos
ou
pessoas
utilizadas
pelo
agente
para
a
transmissão
de
sua
vontade.
ExemploS:
rádio,
telégrafo,
telefone,
e-‐mail,
fax,
mensageiro,
etc.
Se
o
meio
de
comunicação
não
transmite
fielmente
a
declaração
da
vontade
do
agente,
o
negócio
jurídico
pode
ser
anulado
por
erro
nos
mesmos
casos,
nas
mesmas
condições,
em
que
a
declaração
de
vontade
é
realizada
diretamente
pelas
partes,
conforme
preceitua
o
art.
141
do
CC.
ERRO
NA
INDICAÇÃO
DA
COISA
OU
PESSOA
7
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DIREITO
CIVIL
-‐
PARTE
GERAL
CPF - 93518064487
PROF.
FLÁVIO
MONTEIRO
DE
BARROS
Dispõe
o
art.
142
do
CC
que:
“O
erro
na
indicação
da
pessoa
ou
da
coisa,
a
que
se
referir
a
declaração
de
vontade,
não
viciará
o
negócio
quando,
por
seu
contexto
e
pelas
circunstâncias,
se
puder
identificar
a
coisa
ou
pessoa
cogitada”.
Assim,
o
erro
na
indicação
da
pessoa
ou
coisa,
desde
que
sanável,
considera-‐se
acidental,
não
anulando
o
negócio
jurídico.
Um
testador,
por
exemplo,
refere-‐se
ao
apartamento
da
Alameda
Itu,
legando-‐o
a
João,
mas
na
verdade
referido
imóvel
localiza-‐se
na
Alameda
Jaú,
conforme
se
depreende
de
sua
matrícula.
Outro
exemplo:
a
escritura
de
compra
e
venda
refere-‐se
a
José,
como
sendo
o
comprador,
quando
este
é
apenas
o
procurador
do
verdadeiro
comprador.
Saliente-‐se,
ainda,
que
o
art.
1903
do
CC
contém
uma
regra
idêntica
à
prevista
nesse
art.
142
do
CC.
ERRO
DE
CÁLCULO
Estabelece
o
art.
143
do
CC
que:
“O
erro
de
cálculo
apenas
autoriza
a
retificação
da
declaração
de
vontade”.
Portanto,
o
erro
de
cálculo
é
meramente
acidental,
não
anulando
o
negócio,
uma
vez
que
pode
ser
corrigido.
Erro
de
cálculo
é
o
que
recai
sobre
dados
aritméticos
de
uma
conta.
A
jurisprudência
admite
a
sua
correção,
ainda
que
o
processo
já
tenha
transitado
em
julgado.
Sílvio
Venosa,
amparado
pela
doutrina
portuguesa,
sustenta
que
erro
deve
ser
ostensivo,
facilmente
perceptível;
caso
contrário,
o
erro
será
substancial.
Creio,
porém,
que,
no
Brasil,
essa
exigência
é
descabida.
Saliente-‐se,
contudo,
que
o
erro
de
cálculo
não
é
o
que
incide
sobre
a
escolha
dos
critérios,
mas
sim
sobre
a
execução
dos
critérios
estabelecidos.
Se,
por
exemplo,
o
declarante
refere-‐se
ao
índice
do
IPC-‐R,
em
vez
de
IGP-‐DI,
não
há
falar-‐se
em
erro
de
cálculo,
porque
trata-‐se
da
escolha
dos
critérios.
Se,
ao
revés,
após
estabelecer
o
IPC-‐R,
o
cálculo
é
elaborado
com
base
em
índices
mensais
inexatos
do
IPC-‐R,
torna-‐se
lícita
a
sua
retificação.
CONSERVAÇÃO
DO
NEGÓCIO
JURÍDICO
Dispõe
o
art.
144
do
CC
que:
“
O
erro
não
prejudica
a
validade
do
negócio
jurídico
quando
a
pessoa,
a
quem
a
manifestação
de
vontade
se
dirige,
se
oferecer
para
executá-‐la
na
conformidade
da
vontade
real
do
manifestante”.
Silvio
Venosa
fornece
o
seguinte
exemplo:
O
comprador
crê
que
adquire
lote
5
da
quadra
B,
quando,
na
verdade,
adquire
lote
5
da
quadra
A,
segundo
a
planta
que
lhe
é
apresentada.
Trata-‐se
de
erro
substancial.
Se
o
comprador
pleitear
a
anulação
do
negócio,
o
vendedor
poderá
concordar
em
entregar-‐lhe
o
lote
desejado,
qual
seja,
o
lote
5
da
quadra
B,
preservando-‐se
o
negócio
jurídico.
Essa
pretensão
de
preservação
do
negócio
jurídico,
através
da
oferta
da
real
prestação
devida,
deve
ser
exercida
na
reconvenção
da
ação
anulatória
que
lhe
move
o
comprador.
Se,
contudo,
este,
diante
do
erro,
recusa-‐se
a
efetuar
o
pagamento,
o
vendedor
poderá
mover-‐lhe
ação
judicial,
visando
o
cumprimento
do
contrato,
na
conformidade
da
vontade
real
do
adquirente,
depositando,
com
a
inicial,
a
prestação
almejada
por
este
último.
ÔNUS
DA
PROVA
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DIREITO
CIVIL
-‐
PARTE
GERAL
CPF - 93518064487
PROF.
FLÁVIO
MONTEIRO
DE
BARROS
Como
afirma
Washington
de
Barros
Monteiro,
“quem
alega
o
erro
deve
prová-‐lo.
Sendo
fenômeno
de
ordem
subjetiva,
não
comporta,
muitas
vezes,
prova
direta.
Será
preciso
deduzi-‐la
então
de
elementos
objetivos,
que
a
exprimam
por
uma
relação
natural
e
necessária.
O
erro
só
pode
ser
alegado
por
aquele
a
quem
aproveite
o
reconhecimento
do
vício,
não
pela
outra
parte.
Por
fim,
embora
anulável
o
ato
eivado
de
erro,
prevalece
enquanto
não
anulado
por
sentença.”
DOLO
CONCEITO
Dolo
é
o
erro
provocado
pela
má-‐fé
alheia.
É,
pois
todo
artifício
empregado
para
enganar
alguém,
induzindo-‐o
à
pratica
de
um
negócio
jurídico.
Tal
ocorre,
por
exemplo,
quando
o
vendedor
induz
o
comprador
a
acreditar
que
um
relógio
simplesmente
dourado
é
de
ouro.
Clóvis
Beviláqua
ensina
que
o
dolo
só
se
configura
quando
o
expediente
astucioso
induziu
alguém
à
prática
de
um
ato
que
o
prejudica
e
aproveita
ao
autor
do
dolo
ou
a
terceiro.
Já
Carvalho
Santos
não
inclui
o
prejuízo
como
elemento
conceitual
do
dolo,
porquanto
o
escopo
da
lei
foi
proteger
a
liberdade
de
decisão,
e
não
propriamente
o
patrimônio.
O
Código
Civil
não
faz
referência
ao
prejuízo
econômico
como
requisito
ou
elemento
do
dolo,
mas
força
convir
que
ele
sempre
causa
prejuízo
moral
à
medida
que
a
pessoa
é
enganada.
DOLO
CIVIL,
DOLO
PENAL
E
DOLO
PROCESSUAL
Dolo
civil,
como
vimos,
é
o
expediente
astucioso
empregado
para
enganar
alguém,
induzindo-‐o
à
celebração
de
um
negócio
jurídico.
O
dolo
penal
não
é
propriamente
a
vontade
de
enganar
e
sim
o
fato
de
o
agente
querer
ou
assumir
o
risco
de
praticar
o
fato
criminoso.
Finalmente,
o
dolo
processual
consiste
na
má-‐fé
processual,
tais
como
as
afirmações
falsas
e
as
provocações
de
incidentes
para
protelar
o
andamento
do
processo.
DISTINÇÃO
ENTRE
ERRO
E
DOLO
No
erro,
a
vítima
se
engana
sozinha;
no
dolo
ela
é
enganada
pela
má-‐fé
alheia.
Assim,
o
erro
é
espontâneo;
o
dolo,
ao
inverso,
é
provocado
maliciosamente
por
alguém.
No
erro,
o
ato
é
simplesmente
anulável,
não
havendo
lugar
para
as
perdas
e
danos;
o
dolo,
além
da
anulação,
enseja
ainda
a
responsabilidade
pelas
perdas
e
danos.
O
erro
sobre
o
motivo
não
anula
o
negócio
jurídico,
salvo
quando
expresso
como
razão
determinante;
o
dolo
sobre
o
motivo,
ao
revés,
autoriza
a
anulação
do
negócio
jurídico.
O
erro
sobre
qualidades
secundárias
da
pessoa
ou
coisa
não
anula
o
ato;
o
dolo,
porém,
pode
provocar-‐lhe
a
anulação.
O
erro
acidental,
isto
é,
que
não
é
a
razão
determinante
do
ato,
não
enseja
sequer
perdas
e
danos;
no
dolo
acidental,
por
sua
vez,
há
o
direito
ao
ressarcimento
das
perdas
e
danos,
embora
o
ato
seja
válido.
Finalmente,
o
erro
provocado
pela
boa-‐fé
alheia,
a
meu
ver,
não
pode
ser
considerado
dolo,
pois
este
último
é
resultante
da
malícia
alheia,
devendo,
portanto,
ser
tratado
como
erro.
Tal
ocorre,
por
exemplo,
quando
o
vendedor,
de
boa-‐fé,
vende
um
relógio
dourado
pensando
que
é
de
ouro,
enganando,
sem
querer,
o
comprador.
Todavia,
além
da
anulação
do
ato,
o
vendedor,
no
caso
de
culpa,
responderá
pelas
perdas
e
danos,
de
modo
que
esse
erro,
quanto
aos
efeitos,
equipara-‐se
ao
dolo.
9
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DIREITO
CIVIL
-‐
PARTE
GERAL
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PROF.
FLÁVIO
MONTEIRO
DE
BARROS
DOLO
E
FRAUDE
Na
essência,
o
dolo
e
fraude
se
confundem,
pois
são
artifícios
empregados
para
enganar
alguém.
No
dolo,
a
parte
enganada
intervém
na
conclusão
do
negócio.
Na
fraude,
não
há
a
intervenção
pessoal
do
prejudicado.
O
dolo
é
anterior
ou
concomitante
à
prática
do
ato.
A
fraude,
ao
revés,
é
subsequente
à
prática
do
negócio
jurídico.
Assim,
o
dolo
é
utilizado
para
celebração
do
negócio;
a
fraude
é
empregada
para
burlar
a
execução
de
um
negócio
preexistente.
Se,
por
exemplo,
antes
de
celebrar
o
contrato
de
seguro,
o
agente
induz
a
seguradora
a
erro,
silenciando
sobre
um
fato
relevante,
haverá
dolo.
Se,
porém,
após
a
assinatura
desse
contrato,
o
sinistro
é
simulado
para
o
recebimento
do
seguro,
haverá
fraude.
Finalmente,
enquanto
o
dolo
visa
enganar
a
outra
parte,
a
fraude
pode
visar
tanto
o
engano
desta
como
a
violação
da
lei
ou
a
lesão
a
interesse
de
terceiros.
ESPÉCIES
DE
DOLO
O
dolo
pode
ser:
a)
principal;
b)
acidental;
c)
positivo;
d)
negativo;
e)
“bonus”;
f)
“malus”;
g)
bilateral.
DOLO
PRINCIPAL
E
DOLO
ACIDENTAL
O
“dolus
causam
dans
contractui”
é
o
dolo
principal,
também
chamado
dolo
essencial,
dolo
determinante
ou
dolo
causal.
Diz-‐se
principal
o
dolo
quanto
ele
representa
a
causa
determinante
do
negócio
jurídico.
Sem
o
dolo
o
ato
não
se
teria
realizado.
O
dolo
principal,
desde
que
grave,
além
de
anular
o
negócio
jurídico,
ainda
enseja
o
seu
autor
a
indenizar
as
perdas
e
danos.
Saliente-‐se,
porém,
que
o
dolo,
para
ser
principal,
não
precisa
necessariamente
prejudicar
a
pessoa
enganada.
Como
observa
Espínola,
é
secundária
qualquer
preocupação
em
torno
do
prejuízo
que
venha
a
sofrer
a
pessoa
ludibriada.
Não
concordo
com
Clóvis,
quanto
este
afirma
que
a
característica
do
dolo
é
a
intenção
de
prejudicar
no
ânimo
de
seu
autor,
pois
o
propósito
deste
é
o
de
enganar
e
não
propriamente
de
prejudicar.
Nada
obsta
o
engano
destituído
de
prejuízo,
embora
quase
sempre
o
dolo
venha
acompanhado
do
prejuízo
e
também
da
intenção
de
prejudicar.
Por
outro
lado,
o
dolo
acidental
ou
incidental
não
é
a
razão
determinante
do
negócio
jurídico,
que,
a
seu
despeito,
se
teria
realizado,
embora
por
outro
modo.
Aludido
dolo
apenas
torna
o
negócio
mais
oneroso
para
a
vítima,
que,
ludibriada,
acaba
pagando
um
preço
maior.
Tal
ocorre,
por
exemplo,
quando
o
vendedor
diz
para
o
comprador
que
o
piso
da
cozinha
é
mármore
10
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PROF.
FLÁVIO
MONTEIRO
DE
BARROS
importado,
quando
na
verdade
o
mármore
é
nacional,
induzindo-‐a
a
pagar
um
preço
maior.
O
dolo
acidental
só
obriga
à
satisfação
das
perdas
e
danos,
preservando-‐se,
contudo,
a
validade
do
negócio
jurídico.
DOLO
POSITIVO
E
DOLO
NEGATIVO
Dolo
positivo
é
o
resultante
de
uma
ação;
dolo
negativo
é
o
que
advém
da
omissão.
Com
efeito,
o
dolo
negativo
ou
reticência
é
o
silêncio
intencional
acerca
de
determinado
fato
que
se
fosse
conhecido
da
outra
parte
o
negócio
não
se
teria
realizado.
Exemplo:
vendo
o
apartamento,
silenciando
que
o
mesmo
não
tem
vaga
de
garagem.
O
dolo
negativo,
desde
que
principal,
também
é
causa
de
anulação
do
negócio
e
da
indenização
pelas
perdas
e
danos.
Se
for
acidental,
só
ensejará
a
satisfação
das
perdas
e
danos.
DOLUS
BONUS
E
DOLUS
MALUS
Dolus
bonus
ou
tolerável
é
a
conversa
enganosa
tolerada
no
mundo
dos
negócios,
pelo
fato
de
a
vítima,
com
um
pouco
de
atenção,
ter
condição
de
perceber
o
induzimento.
É
o
caso
do
comprador
que
subestima
o
objeto
que
está
comprando,
apontando-‐lhe
os
defeitos;
outrossim,
o
vendedor,
quando
realça
as
qualidades
da
coisa
a
ser
vendida.
Como
assevera
Cunha
Gonçalves,
são
humanos,
são
legais
esses
ligeiros
ataques
à
boa-‐fé.
Portanto,
o
dolus
bonus
não
é
causa
de
anulação
do
negócio
jurídico,
não
ensejando
sequer
a
satisfação
das
perdas
e
danos.
No
Código
de
Defesa
do
Consumidor,
o
“dolus
bonus”
do
fornecedor,
mediante
propaganda
que
engana
o
consumidor,
anula
o
negócio
(arts.
37
e
38
da
lei
8.078/90).
Dolus
malus
ou
grave,
por
sua
vez
é
o
artifício
fraudulento
exagerado,
isto
é,
não
tolerado
no
mundo
dos
negócios.
Tal
ocorre,
por
exemplo,
quando
o
vendedor
altera
a
aparência
externa
da
coisa
para
poder
vendê-‐la.
O
dolus
malus,
desde
que
principal,
é
causa
de
anulação
do
negócio
jurídico.
O
critério
de
distinção
entre
dolus
bonus
e
dolus
malus
deve
ser
feito
à
luz
do
caso
concreto,
atento
às
condições
pessoais
da
vítima
e
do
burlão.
Pode-‐se
dizer
que
dolus
malus
é
aquele
capaz
de
enganar,
de
convencer
a
outra
parte;
para
esta,
o
erro
a
que
foi
induzida
é
escusável,
ou
seja,
não
detectável,
ainda
que
empregasse
a
atenção
comum.
Dolus
bonus
é
o
artifício
grosseiro,
pueril,
facilmente
perceptível
pela
atenção
comum
da
vítima;
o
erro
a
que
esta
é
induzida
é
inescusável.
DOLO
BILATERAL
OU
RECÍPROCO
Dolo
bilateral
ocorre
quando
induzidor
e
induzido
encontram-‐se
de
má-‐fé,
a
ponto
de
um
querer
enganar
o
outro.
Diante
da
torpeza
bilateral,
o
dolo
não
pode
ser
invocado
para
anular
o
negócio,
ou
reclamar
indenização
(art.
150
do
CC).
Trata-‐se
de
aplicação
do
brocardo
de
que
ninguém
pode
alegar
a
própria
torpeza
(“nemo
propriam
turpitudinem
allegans”).
Em
suma,
o
ato
é
válido.
Assim,
numa
permuta
em
que
ambas
as
partes
agem
com
má-‐fé,
nenhuma
delas
poderá
pleitear
a
anulação
do
negócio
ou
perdas
e
danos.
Saliente-‐se,
entretanto,
que
o
art.
1.256
do
CC
atribui
direito
à
indenização
em
favor
da
pessoa
que,
de
má-‐fé,
plantou
ou
construiu
em
terreno
alheio,
se
o
proprietário
do
imóvel
houver
também
procedido
de
má-‐fé.
Trata-‐se
de
uma
exceção
ao
princípio
acima
mencionado.
11
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PARTE
GERAL
CPF - 93518064487
PROF.
FLÁVIO
MONTEIRO
DE
BARROS
DOLO
DIRETO
E
DOLO
DE
TERCEIRO
Dolo
direto
é
o
emanado
de
uma
das
partes;
dolo
de
terceiro
é
o
causado
por
quem
não
é
parte
no
negócio.
O
dolo
de
terceiro
só
anula
o
negócio
jurídico
quando
a
parte
beneficiada
sabia
ou
tinha
possibilidade
de
saber
de
sua
existência,
ainda
que
não
tenha
cooperado
para
o
artifício
fraudulento.
Nesse
caso,
além
da
anulação,
ambos,
a
parte
beneficiada
e
o
terceiro,
respondem
pelas
perdas
e
danos.
Se,
ao
revés,
a
parte
a
quem
aproveita
o
dolo,
não
tinha
possibilidade
de
saber
da
má-‐fé
do
terceiro,
o
negócio
jurídico
será
válido
e
apenas
o
terceiro
responderá
pelas
perdas
e
danos
da
parte
a
quem
ludibriou.
Assim,
para
que
o
negócio
seja
válido,
não
basta
a
boa-‐fé
da
parte
beneficiada,
consistente
no
desconhecimento
do
dolo
de
terceiro,
urge
ainda
que
ela
tenha
procedido
com
erro
escusável,
caracterizado
pela
impossibilidade
de
perceber
o
engodo
desse
terceiro.
DOLO
DO
REPRESENTANTE
O
dolo
do
representante
de
uma
das
partes,
desde
que
principal
e
grave,
também
anula
o
negócio
jurídico,
devendo
o
representante
ainda
arcar
com
as
perdas
e
danos.
O
representado,
quando
for
incapaz,
responde
civilmente
até
a
importância
do
proveito
que
teve;
se,
porém,
o
dolo
for
do
representante
convencional,
o
representado
responderá
solidariamente
com
ele
por
perdas
e
danos
(art.
149
do
CC).
De
fato,
o
incapaz
não
tem
o
direito
de
escolher
o
seu
representante
legal
(pais,
tutor
e
curador),
e,
por
isso,
sua
responsabilidade
pelas
perdas
e
danos
é
limitada
ao
proveito
que
teve
com
o
negócio
jurídico
anulado.
Em
contrapartida,
as
pessoas
capazes
escolhem
livremente
os
seus
representantes
(procuradores),
respondendo
solidariamente
pelas
perdas
e
danos,
em
razão
da
presunção
absoluta
de
culpa
“in
eligendo”.
Saliente-‐se,
contudo,
que
o
representado
tem
ação
regressiva
contra
o
representante,
salvo
se
com
este
estava
conluiado.
ÔNUS
DA
PROVA
Ao
autor
da
ação
anulatória
incumbe
o
ônus
da
prova
do
dolo,
pois
o
dolo
não
se
presume.
DOLO
QUANTO
À
IDADE
Dispõe
o
art.
180
do
CC
que:
“O
menor,
entre
dezesseis
e
dezoito
anos,
não
pode,
para
eximir-‐se
de
uma
obrigação,
invocar
a
sua
idade
se
dolosamente
a
ocultou
quando
inquirido
pela
outra
parte,
ou
se,
no
ato
de
obrigar-‐se,
declarou-‐se
maior”.
Assim,
o
negócio
jurídico
celebrado
pelo
menor
púbere
desassistido
do
representante
legal
será
válido
se
ele
omitiu
dolosamente
a
sua
idade
ou
declarou-‐se
maior.
Urge,
porém,
além
da
boa-‐
fé,
que
o
erro
da
outra
parte
seja
escusável,
pois
se
lhe
era
possível
perceber
o
artifício,
como
no
caso
de
menor
com
aparência
infantil,
o
negócio
poderá
ser
anulado.
COAÇÃO
CONCEITO
E
ESPÉCIES
12
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno Carlos Jose Lopés
DIREITO
CIVIL
-‐
PARTE
GERAL
CPF - 93518064487
PROF.
FLÁVIO
MONTEIRO
DE
BARROS
Coação,
de
acordo
com
Washington
de
Barros
Monteiro,
é
a
pressão
física
ou
moral
exercida
sobre
alguém
para
induzi-‐lo
à
prática
de
um
ato.
A
coação
pode
ser
física
ou
moral.
Na
coação
física
(vis
absoluta),
a
vontade
do
coagido
é
completamente
eliminada.
O
coator,
para
realizar
o
negócio
jurídico,
coordena
o
movimento
ou
a
passividade
muscular
do
coagido.
Este
não
tem
qualquer
opção
de
agir
num
ou
noutro
sentido.
O
exemplo
clássico
é
aquele
em
que
a
mão
da
vítima
é
conduzida
a
assinar
ou
subscrever
um
documento.
Trata-‐se
de
um
negócio
jurídico
inexistente,
diante
da
completa
ausência
de
vontade.
Na
coação
moral
(vis
compulsiva),
a
vítima
sofre
uma
grave
ameaça,
indutiva
da
prática
do
negócio
jurídico,
podendo,
porém,
optar
entre
o
ato
e
o
dano,
com
que
é
ameaçada.
Portanto,
a
vítima
conserva
relativamente
a
sua
vontade,
não
obstante
a
chantagem
do
coator.
Ainda
que
o
mal
prometido
seja
a
sua
própria
morte,
não
se
pode
negar
que
lhe
resta
uma
opção.
Essa
opção
não
existe
na
coação
física.
Nesta,
o
coagido
não
tem
a
mínima
possibilidade
de
evitar
o
mal,
pois
o
seu
corpo
é
apenas
o
instrumento
da
celebração
do
negócio
jurídico.
O
Código
cuida
apenas
da
coação
moral,
prevendo
a
nulidade
relativa
do
negócio
jurídico.
Tratando-‐se
de
coação
física
irresistível
o
ato
é
inexistente,
sendo
certo,
porém,
que
alguns
autores
dizem
que
haverá
nulidade
absoluta.
Dispõe
o
art.
151
do
CC
que:
“A
coação,
para
viciar
a
declaração
da
vontade,
há
de
ser
tal
que
incuta
ao
paciente
fundado
temor
de
dano
iminente
e
considerável
à
sua
pessoa,
à
sua
família
ou
aos
seus
bens”.
Do
exposto
dessume-‐se
que
coação
é
a
ameaça
de
dano
grave,
iminente
e
injusto,
contra
o
coagido,
seus
bens
ou
outra
pessoa,
que
funciona
como
a
causa
determinante
do
negócio
jurídico.
REQUISITOS
DA
COAÇÃO.
A
coação,
para
anular
o
negócio
jurídico,
deve
preencher
os
seguintes
requisitos:
a) deve
consistir
numa
ameaça.
Ameaça
é
a
promessa
de
malefício;
uma
pressão
para
obter
o
consentimento
do
coagido.
A
força
física,
como
o
espancamento,
também
pode
consistir
numa
ameaça,
consistente
na
reiteração
da
violência
praticada.
Exemplo:
Fabiano,
após
ser
espancado
por
Lucas,
resolve
obedecer-‐lhe,
assinando
o
contrato,
devido
ao
medo
de
as
agressões
se
repetirem.
b) a
ameaça
deve
ser
grave
a
ponto
de
atemorizar
consideravelmente
o
coagido.
Se
a
vítima
não
receia
da
ameaça
não
há
coação.
Dispõe
o
art.
152
do
CC
que:
“No
apreciar
a
coação,
ter-‐se-‐ão
em
conta
o
sexo,
a
idade,
a
condição,
a
saúde,
o
temperamento
do
paciente
e
todas
as
demais
circunstâncias
que
possam
influir
na
gravidade
dela”.
Portanto,
a
gravidade
da
ameaça
não
é
apurada
em
função
do
homem
médio,
pois
o
referencial
é
o
próprio
coagido.
Como
dizia
Clóvis,
a
ameaça
que
seria
vã
para
um
ânimo
varonil,
pode
ser
grave
para
uma
alma
tímida,
para
uma
criança,
para
um
velho,
para
um
doente.
c) a
ameaça
deve
referir-‐se
à
pessoa
do
coagido,
seus
bens
e
a
pessoa
pertencente
ou
não
à
sua
família.
Assim,
o
dano,
a
que
se
refere
a
coação
pode
ser
de
ordem
pessoal
(vida,
honra,
liberdade,
etc.)
ou
patrimonial
(ex:
destruição
de
um
objeto
valioso).
Sobre
as
pessoas
que
integram
a
família
são:
os
cônjuges,
os
parentes
e
afins
até
o
quarto
grau,
bem
como
o
companheiro.
Se
a
coação
disser
respeito
a
pessoa
não
pertencente
à
família
do
paciente,
o
juiz,
com
base
nas
circunstâncias,
decidirá
por
equidade
se
houve
coação
(parágrafo
único
do
art.
151
do
CC).
Assim,
os
laços
de
afetividade
e
amizade
são
exemplos
de
circunstâncias
que
conduzem
à
anulação
do
negócio
por
coação.
13
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DIREITO
CIVIL
-‐
PARTE
GERAL
CPF - 93518064487
PROF.
FLÁVIO
MONTEIRO
DE
BARROS
d) o
mal
prometido
deve
ser
injusto.
De
fato,
a
ameaça
justa
(lícita)
em
si
mesma
e
na
vantagem
visada
não
caracteriza
coação
e
sim
exercício
regular
de
direito.
Diz
o
locador:
se
não
me
pagares,
moverei
contra
ti
a
ação
de
despejo.
Diz
o
credor:
Se
não
me
pagares,
protestarei
este
título.
Nestes
dois
exemplos,
não
há
falar-‐se
em
anulação
do
ato
ou
negócio
jurídico.
Se,
entretanto,
a
ameaça
for
justa
em
si
mesma,
mas
injusta
quanto
à
vantagem
visada,
impõe-‐se
a
anulabilidade
por
coação.
Exemplo:
se
não
assinardes
o
contrato,
te
delatarei
ao
Delegado
de
Polícia,
narrando-‐lhe
o
homicídio
que
tu
cometera.
Note-‐se
que
a
ameaça
em
si
é
justa,
pois
qualquer
cidadão
pode
levar
a
“notitia
criminis”
à
autoridade
policial,
mas,
como
a
vantagem
almejada
é
ilícita,
o
negócio
será
anulável.
e)
o
mal
prometido
deve
ser
iminente.
Diz-‐se
iminente
o
mal
inevitável,
porque
a
qualquer
momento
pode
concretizar-‐se.
Se
a
ameaça
referir-‐se
a
um
mal
futuro
ou
evitável,
não
há
falar-‐se
em
coação.
Para
que
esta
se
concretize,
urge
que
a
vítima
não
tenha
meios
para
safar-‐se
do
dano
com
os
próprios
recursos
ou
mediante
apoio
da
polícia
ou
de
terceiros.
Se,
por
exemplo,
o
coator
disser:
“assine
este
contrato
senão
a
semana
que
vem
tocarei
fogo
na
sua
casa”,
não
haverá
coação,
diante
da
possibilidade
de
a
vítima
evitar
esse
mal
acionando
a
polícia.
O
dano
prometido
não
precisa
ser
imediato,
mas
deve
ser
próximo,
porque
o
dano
em
futuro
remoto
não
é
coação
à
medida
que
o
coacto
tem
meios
para
evitá-‐lo.
f) a
ameaça
deve
ser
a
razão
determinante
do
negócio
jurídico.
Não
obstante
o
silêncio
do
Código,
impõe-‐se
esse
requisito,
exigindo
que
a
coação
tenha
sido
principal
e
não
meramente
acidental.
É,
pois,
necessário
o
nexo
causal
entre
a
coação
e
a
realização
do
negócio
jurídico.
Se,
a
despeito
da
ameaça,
o
negócio
se
teria
realizado
de
qualquer
forma,
não
há
falar-‐se
em
anulação,
mas
o
coator
responderá
pelas
perdas
e
danos,
por
força
do
art.
186
do
CC.
EFEITOS
Presentes
os
requisitos
acima,
a
coação,
além
de
anular
o
negócio
jurídico,
ainda
sujeita
o
coator
a
indenizar
as
perdas
e
danos.
No
âmbito
penal,
a
coação
exercida
para
induzir
a
vítima
à
celebração
de
negócio
jurídico
patrimonial
pode
caracterizar
o
delito
de
extorsão
(art.
158
do
CP),
mas
se
o
ato
for
extrapatrimonial
o
delito
será
de
constrangimento
ilegal
(art.
146
do
CP).
TEMOR
REVERENCIAL
Temor
reverencial
é
o
receio
de
desagradar
pessoa
a
quem
se
deve
respeito
ou
obediência.
Tal
ocorre,
por
exemplo,
quando
a
esposa
concorda
que
o
marido
venda
a
casa,
para
não
descontentá-‐lo.
Outro
exemplo:
o
empregado
aceita
ser
o
fiador
de
seu
patrão,
a
pedido
deste,
no
contrato
de
locação.
Dispõe
o
art.
153
do
CC
que
não
se
considera
coação
o
simples
temor
reverencial.
Portanto,
o
negócio
jurídico
é
válido.
Enquanto
na
coação
o
medo
advém
da
ameaça,
no
temor
reverencial
o
medo
é
oriundo
do
respeito
de
uma
pessoa
por
outra.
Na
coação,
há
o
medo
de
um
dano
pessoal
ou
patrimonial,
no
temor
reverencial,
o
medo
é
de
causar
desgosto,
de
desapontar
a
outra
pessoa.
Saliente-‐se,
porém,
que
se
houver
uma
ameaça,
ainda
que
implícita
ou
velada,
haverá
coação,
anulando-‐se
o
ato.
COAÇÃO
DE
TERCEIRO
14
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DIREITO
CIVIL
-‐
PARTE
GERAL
CPF - 93518064487
PROF.
FLÁVIO
MONTEIRO
DE
BARROS
A
coação
de
terceiro
é
a
emanada
de
uma
pessoa
que
não
figura
como
parte
no
negócio
jurídico.
Exemplo:
(A)
coage
(B)
a
vender
a
casa
para
(C).
A
coação
oriunda
de
terceiro
só
anula
o
negócio
jurídico
se
a
parte
beneficiada
sabia
ou
devesse
saber
da
ameaça.
Em
tal
situação,
ambos,
coator
e
a
parte
beneficiada,
ainda
responderão
solidariamente
pelas
perdas
e
danos
(art.154
do
CC).
No
código
de
1916,
a
coação
exercida
por
terceiro
sempre
anulava
o
negócio,
ainda
que
a
parte
beneficiada
estivesse
de
boa-‐fé.
No
Código
atual,
priorizou-‐se
a
teoria
da
confiança,
de
modo
que,
para
a
anulação,
exige-‐se
o
dolo
ou
culpa
da
parte
beneficiada.
Se
esta
não
sabia
nem
tinha
possibilidade
de
saber
da
coação,
incidindo
em
erro
escusável
quanto
à
existência
da
ameaça
do
terceiro,
o
negócio
será
válido;
todavia,
o
coator
deverá
responder
pelas
perdas
e
danos.
Sobre
o
assunto,
já
escrevi
anteriormente
que,
em
homenagem
á
equidade,
esta
teoria
da
confiança
deve
restringir-‐se
aos
negócios
onerosos,
porque,
nos
negócios
gratuitos,
como
a
doação
e
o
testamento,
a
vontade
interna
do
coagido
deve
prevalecer
sobre
a
vontade
declarada,
anulando-‐se,
destarte,
o
negócio
jurídico.
ESTADO
DE
PERIGO
CONCEITO
Dispõe
o
art.
156
do
CC
que:
“Configura-‐se
o
estado
de
perigo
quando
alguém,
premido
da
necessidade
de
salvar-‐se,
ou
à
pessoa
de
sua
família,
de
grave
dano
conhecido
pela
outra
parte,
assume
obrigação
excessivamente
onerosa”.
De
acordo
com
Moacyr
de
Oliveira,
o
estado
de
perigo
é
o
fato
necessário
que
compele
a
conclusão
de
negócio
jurídico
mediante
prestação
exorbitante.
É,
pois,
a
assunção
de
obrigação
excessivamente
onerosa
para
evitar
um
dano
pessoal,
que
é
do
conhecimento
da
outra
parte.
Como
salienta
Teresa
Ancona
Lopes,
“é
o
defeito
do
negócio
jurídico
no
qual
o
declarante
se
encontra
diante
de
uma
situação
em
que
tem
que
optar
entre
dois
males:
“sofrer
o
dano
ou
participar
de
um
contrato
que
lhe
é
excessivamente
oneroso”.
Vejamos
alguns
exemplos:
a)
promessa
do
náufrago
de
milionária
recompensa
a
quem
salvar-‐lhe
do
naufrágio;
b)
doente
que
concorda
com
os
altos
honorários
exigidos
pelo
cirurgião;
c)
os
pais
prometem
uma
exorbitante
recompensa
a
quem
salvar
o
seu
filho
dos
sequestradores;
d)
venda
de
bens
abaixo
do
preço
para
levantar
o
dinheiro
necessário
ao
resgate
do
sequestro
do
filho;
e)
fiança,
aval
ou
emissão
de
cheque
prestado
por
indivíduo,
mediante
exigência
do
hospital,
para
internar
um
parente
nesse
local.
Em
todas
essas
situações,
o
agente
realiza
o
negócio
jurídico
para
evitar
ou
tentar
evitar
um
dano
de
caráter
pessoal.
FUNDAMENTO
DA
ANULAÇÃO
No
estado
de
perigo,
o
negócio
jurídico
é
anulado
pelas
seguintes
razões:
a)
o
princípio
da
função
social
do
contrato
limita
a
autonomia
da
vontade,
restringindo
o
15
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DIREITO
CIVIL
-‐
PARTE
GERAL
CPF - 93518064487
PROF.
FLÁVIO
MONTEIRO
DE
BARROS
indenizar
as
perdas
e
danos;
no
estado
de
perigo
ocorre
uma
autolesão
patrimonial,
vale
dizer,
o
agente
lesa
o
próprio
patrimônio.
No
estado
de
necessidade,
o
dano
deve
ser
inevitável;
no
estado
de
perigo,
o
dano
pode
ser
evitável
ou
inevitável.
No
estado
de
necessidade,
o
dano
que
se
visa
evitar
pode
ser
pessoal
ou
patrimonial;
no
estado
de
perigo,
o
dano
deve
ser
pessoal.
PERGUNTAS:
1) Qual
a
distinção
entre
vícios
de
consentimento
e
vícios
sociais?
2) O
que
é
a
teoria
da
vontade
real?
3) O
que
é
a
teoria
da
responsabilidade?
4) O
que
é
a
teoria
da
declaração?
5) O
que
é
a
teoria
da
confiança?
6) Qual
a
distinção
entre
erro
e
ignorância?
7) Quais
os
requisitos
para
o
erro
anular
o
negócio
jurídico?
8) O
que
é
erro
substancial
e
quais
as
suas
hipóteses?
9) O
que
é
erro
sobre
a
natureza
do
negócio?
10) O
que
é
erro
sobre
o
objeto
principal?
11) O
que
é
erro
essencial?
12) O
erro
sobre
a
pessoa
anula
a
obrigação
de
fazer?
13) O
que
é
erro
obstáculo
ou
impróprio?
14) Qual
a
distinção
entre
erro
escusável
e
erro
inescusável?
15) O
que
é
erro
cognoscível?
16) O
que
é
erro
acidental
e
qual
a
sua
consequência?
17) O
erro
de
direito
anula
o
negócio
jurídico?
18) O
que
é
motivo?
19) Explique
as
correntes
objetivas
e
subjetivas
sobre
causa.
20) O
que
é
motivo?
21) O
falso
motivo
anula
o
negócio
jurídico?
22) O
que
são
meios
interpostos?
23) O
erro
na
indicação
da
pessoa
ou
coisa
anula
o
negócio
jurídico?
24) O
erro
de
cálculo
anula
o
negócio
jurídico?
25) O
erro
substancial
sempre
prejudica
a
validade
do
negócio
jurídico?
26) De
quem
é
o
ônus
da
prova
do
erro?
27) O
que
é
dolo?
28) Qual
a
distinção
entre
dolo
civil,
dolo
penal
e
dolo
processual?
29) Cite
três
diferenças
entre
erro
e
dolo.
30) Qual
a
distinção
entre
dolo
e
fraude?
31) Qual
a
distinção
entre
dolo
principal
e
dolo
acidental?
32) Qual
a
distinção
entre
dolo
positivo
e
dolo
negativo?
33) Qual
a
distinção
entre
“dolus
bonus”
e
“dolus
malus”?
34) O
que
é
dolo
bilateral?
35) O
dolo
de
terceiro
anula
o
negócio
jurídico?
36) Quais
as
consequências
do
dolo
do
representante?
37) O
menor
púbere,
que
age
com
dolo
quanto
à
idade,
é
obrigado
a
cumprir
o
negócio
jurídico?
38) Qual
a
distinção
entre
coação
física
e
coação
moral?
18
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno Carlos Jose Lopés
DIREITO
CIVIL
-‐
PARTE
GERAL
CPF - 93518064487
PROF.
FLÁVIO
MONTEIRO
DE
BARROS
19