Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O SORRISO DE MONALISA
2015
Outono de 1953 a boêmia da Califórnia Katherine Watson sonhava em lecionar no
colégio mais conservador dos Estados Unidos, o colégio Wellesley, não era fácil entrar ali, o
colégio possuía um regime rigoroso para com as alunas e professores então, por desistência de
uma das professoras pretendidas pelos mestres, Katherine foi finalmente aceita.
Quem bate à porta do saber? Eu sou todas as mulheres. O que você busca? Despertar
meu espírito por meio de muito trabalho e dedicar a minha vida ao conhecimento. Então são
bem vindas todas as mulheres que desejarem segui-la, podem entrar aqui. Eu agora declaro o
período letivo iniciado. De conteúdo quase sagrado através de uma imponente voz a diretora
declara o início do ano letivo da escola Wellesley, num ritual de cunho ortodoxo que tinha o
intuito de formar mulheres cultas e submissas, para os professores dentro das dependências do
colégio havia regras como; nada de furos nas paredes, bichos de estimação, rádio e/ou vitrola
tinham um horário específico, nada de forno elétrico e nada de visitas masculinas, ou seja,
visitas íntimas. O não cumprimento dessas regras as professoras teriam de viver em uma casa
fora das dependências do colégio.
A grade curricular e o material didático eram controlados pelo corpo docente que regia
severamente o colégio, os professores eram proibidos de estimular as alunas a despertar
outros interesses que não fosse o casamento e outros conteúdos contrários a que o colégio
dispunha, seria uma “heresia” se alguma das alunas pensasse em ter algum tipo de carreira
profissional, era imposta uma ditadura nesse colégio, pois ao invés de se formar, o término do
curso escolar era coroado com um casamento bem arranjado, e caso casassem antes do
término do período, o colegiado fazia vista grossa não importando que elas tivessem o
domínio sobre o conteúdo pedagógico dado pelos professores, elas tinham o período de lua de
mel o tempo para cuidar de casa, ou seja, elas voltavam e os professores davam as notas para
as alunas como se elas tivessem assistido às aulas no tempo que estavam de licença da escola.
A metodologia desse colégio como disse anteriormente era de formar mulheres cultas,
eram ensinados arte, boas maneiras, etc... Um tanto quanto mecânico o método de
aprendizagem em que as alunas decoravam as apostilas sem ao menos saber realmente o
conteúdo programático das aulas, não importava o sentimento de satisfação e se realmente no
fundo elas desejariam estarem ali para achar um bom casamento ou seguir uma carreira
profissionais sendo também excelentes esposas, o que realmente importava ao colégio era
apenas que as garotas saíssem de lá submissas e cultas, ou seja, as verdadeiras damas da
sociedade.
Katherine Watson estava bem à frente da metodologia dos anos 50, era visionária e
taxada de comunista que preocupava muito o corpo docente e muitas vezes podada em ensinar
conteúdo de arte moderna para as alunas, pois estava indo à contramão do contexto do
colégio, ela achava um absurdo às garotas não pensarem em uma carreira profissional e só
pensarem em serem donas de casa. Ela começou então estimular as alunas a tirarem suas
próprias conclusões, e pensarem em talvez seguir também em uma universidade, ela defendia
a ideia de que elas poderiam ir à universidade e chegar a tempo de por a mesa do jantar, ela
não satisfeita decidiu então lutar contra a doutrina conservadora da sociedade e do colégio.
Ao tomar posse do seu cargo Katherine já tinha uma aula pronta, mais ela viu-se
obrigada a mudar seu método, pois ela sentiu-se hostilizada pelas alunas e um tanto quanto
desafiada por elas, em especial Betty Warren que ao desenrolar da trama se torna fiel devota
de Katherine Watson. Então Katherine começa a utilizar a abordagem de ensino sociocultural,
onde suas alunas agissem como sujeito pensante, serem críticas e criativas, com isso ela
mostrou uma realidade diferente para as alunas, indo na contramão do contexto do colégio e
da doutrina conservadora dessa época, e para conseguir com êxito o que o colégio propunha
para as alunas, elas não poderiam pensar tampouco serem críticas ou criativas; já a Katherine
mostrou o contrário, elas poderiam ser excelentes esposas, mas que poderiam também ter uma
carreira, serem críticas, criativas e pensadoras, elas poderiam viver inseridas na sociedade e
lutar pelo que elas queriam sem deixar a desejar no casamento.
Katherine estando descontente com o resultado de suas primeiras aulas e conversa com
a direção sobre esse regime, pois em seu modo de pensar ela julga ultrapassada essa
metodologia e fica surpresa com a comparação feita de tempos atrás onde às mulheres são
ensinadas a serem rainhas do lar escravizadas pelo machismo da época. Não bastando tudo
isto, a direção do colégio sentiu que o modo de pensar de Katherine fosse uma ameaça ao
conservadorismo imposto no colégio e elaborou algumas condições a serem cumpridas pela
professora, caso pretendesse continuar na instituição. O propósito de Katharine era fazer a
diferença e fez, ela seguia sua própria definição e muito segura no seu modo de agir e pensar
ela não comprometeria isso. Katharine então seguiu seu caminho, não aceitou as condições
estabelecidas pela instituição e isso começou a despertar admiração de algumas de suas
alunas, pois antes vivia numa espécie de represália vinda de suas alunas.
Katherine atingiu com sucesso seus objetivos, suas alunas já percebiam o mundo com
olhares críticos apesar da equipe diretiva não aprovar seu método de ensino. Katherine e suas
alunas superaram as adversidades que surgiram em sala de aula e as represálias impostas pela
diretoria, bem como a iniciativa de utilizar todos os recursos disponíveis e aplicação de
estratégias úteis no desenvolvimento educacional dos alunos.
Neste foi a abordado a jornada vivida por Katherine Watson e suas alunas em meio a
um contexto behaviorista do colégio Wellesley em 1953 onde as alunas eram preparadas para
serem submissas ao machismo da época além de serem esposas cultas.