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Gelificantes Alimentares
Viseu, 2023
Aditivos e Coadjuvantes Alimentares
Índice Geral
Índice de Figuras
Figura 1: Pectina ............................................................................................................................ 7
Figura 2: Gelatina .......................................................................................................................... 8
Figura 3: Agar-agar ........................................................................................................................ 9
Figura 4: Alginato ......................................................................................................................... 10
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Aditivos e Coadjuvantes Alimentares
1. Capítulo I – Introdução
Os aditivos alimentares fazem parte de um grupo denominado agentes de melhoramento
dos alimentos (food improvement agents), juntamente com as enzimas alimentares e os
aromatizantes (European Commission, 2021). Porém, ao abrigo da classificação europeia, os
aditivos alimentares respondem a um regulamento específico, distinto da regulamentação
aplicável às enzimas e aos aromatizantes. Nesse sentido, o presente trabalho foca-se no
grupo dos aditivos alimentares, nomeadamente, nos gelificantes alimentares.
Os gelificantes são aditivos alimentares utilizados para espessar e estabilizar os alimentos
líquidos, conferindo-lhes, desta forma, a sua textura. Embora desempenhem um efeito muito
semelhante aos espessantes, como o próprio nome sugere, os agentes gelificantes formam
géis. Estes agentes são geralmente proteínas ou hidratos de carbono, que quando dissolvidos
nos alimentos líquidos têm a capacidade de formar uma rede tridimensional no interior do
próprio líquido. Esta situação cria um alimento único que, apesar de ser composto
maioritariamente por líquido, apresenta um aspeto sólido, como é o caso das gelatinas, das
geleias e de alguns produtos de confeitaria (AI Aditivos e Ingredientes).
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proteínas ou hidratos de carbono, que quando dissolvidos nos alimentos líquidos têm a
capacidade de formar uma rede tridimensional no interior do próprio líquido, criando um
alimento único que, apesar de ser composto maioritariamente por líquido, apresenta um
aspeto sólido (Srinivasan et. al, 2008).
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➢ Sinerése
A sinérese é um outro fenómeno comum nos géis caracterizado pela separação da solução
do gel. Este fenómeno é na maioria dos casos indesejável. Diferentes géis apresentam
diferentes níveis de sinérese a qual pode ser prevenida pela mistura de um ou mais
ingredientes com capacidade de ligar a água. A goma de alfarroba é um polissacarídeo com
boa capacidade de ligar a água e dessa forma boa a prevenir a sinérese (Belitz et al. 2009).
➢ Opacidade
Os géis podem apresentar um aspeto transparente ou opaco. Esta propriedade é afetada
pelo ingrediente de gelificação, mas também pela opacidade do líquido (Belitz et al. 2009).
➢ Libertação de aromas
Esta propriedade está relacionada com a facilidade com que os aromas se libertam do gel.
Alguns agentes de gelificantes como a gelatina apresentam boas propriedades de libertação
de aroma enquanto outros tendem a bloquear a libertação do aroma (Belitz et al. 2009).
➢ Estabilidade na congelação/descongelação
Esta propriedade está relacionada com a capacidade de um gel ser congelado e
descongelado sem perder a sua estrutura. Esta propriedade é extremamente importante se o
gel faz parte de um alimento que necessita de ser congelado e descongelado (Belitz et al.
2009).
➢ Histerese
Esta é uma propriedade está relacionada com o fato da temperatura de gelificação não ser
a mesma que a temperatura da sua fusão. Quanto maior a diferença entre estas duas
temperaturas maior a histerese apresentada pelo gel. Por exemplo o Agar tem uma
temperatura de gelificação de cerca de 40 ºC e uma temperatura de fusão de 85 ºC. Isto
significa que se o agar for um sólido, ele permanecerá sólido até ser aquecido a temperaturas
superiores a 85 ºC. Quando liquefeito, durante o seu arrefecimento, ele permanecerá um
líquido até atingir a temperatura de 40 ºC. O resultado é que entre as temperaturas de 40ºC e
85 ºC um gel de agar pode ser sólido ou líquido dependendo das condições (Belitz et al. 2009).
➢ Suspensão de partículas
O gel é tipicamente uma estrutura semi-sólida que tem a capacidade de aprisionar líquido
no seu interior. No entanto esta estrutura pode também aprisionar partículas sólidas no seu
interior suspendendo-as. Esta propriedade é bastante interessante quando existem partículas
sólidas dispersas no líquido a gelificar e que não queremos que depositem no fundo do
recipiente (Belitz et al. 2009).
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➢ Tixotropia
A tixotropia descreve o fenómeno de um material se comportar como gel quando em
repouso e como um líquido quando agitado, sendo o comportamento reversível. Nestes
materiais ocorre um decréscimo da viscosidade aparente com tempo quando aplicada uma
tensão ou força constante seguido de uma recuperação gradual quando a força ou tensão são
removidas. Esta propriedade de alguns materiais fornecem um efeito interessante
especialmente em molhos ou purés que necessitam de um mais “corpo” (Belitz et al. 2009).
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óleo vegetal no congelador durante cerca de uma hora este torna-se mais espesso. Após a
formação da formulação de base do gel deite gota a gota no óleo. As gotas de gel irão se
afundar no óleo, e como este está frio a mistura gelifica antes de atingir o fundo do contentor.
Existem muitos agentes gelificantes que podem ser utilizados na gelificação de produtos
alimentares, cada um deles apresenta diferentes propriedades de textura, força, transparência
e termo-reversibilidade, sendo por isso adequados para diferentes aplicações, ou quando
utilizados na mesma aplicação conferem propriedades diferentes ao produto final (Srinivasan
et. al, 2008).
2.2.1. Pectina
A pectina é um agente gelificante presente na lamela média das plantas sendo
particularmente abundante em vários frutos como a laranja e outros citrinos, marmelo e
maçã. A nível industrial a pectina é obtida dos subprodutos da produção de sumos de laranja
e maçã. A pectina extraída das fontes naturais apresenta um elevado grau de esterificação,
isto é, os grupos ácidos dos ácidos galacturónicos encontram-se esterificados com o metanol,
sendo esta pectina designada de pectina de alto grau de metoxilação. Esta pectina
naturalmente presente em muitos frutos é o agente gelificante que permite a obtenção de
compotas, marmelada e goiabada.
O conteúdo de grupos metoxilo pode ser reduzido recorrendo à sua hidrólise resultando
em pectinas com baixo grau de metoxilação. Ambos os tipos de pectinas podem ser utilizadas
para a produção de géis, no entanto as condições de gelificação são distintas.
Figura 1: Pectina
Fonte: https://www.cenarios-gulosos.pt/produto/pectina-citrica-50gr-cg
0000907/?gclid=CjwKCAjwtuOlBhBREiwA7agf1rBR84yQR1dij-
y06oTzLErKLZNLlZi2VDi74ldACspWKscSDfZtkBoCfdwQAvD_BwE#
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Tipicamente as concentrações utilizadas para esta pectina variam entre 0,5 a 3%, não
necessitando de elevadas concentrações de açúcares nem de valores de pH muito acídicos
como acontece para a pectina de alto grau de metoxilação.
2.2.2. Gelatina
A gelatina é uma proteína preparada por hidrólise controlada do colagénio presentenos
ossos e pele dos animais. Dependendo do processo utilizado para a obtenção da gelatina a
partir do colagénio natural, isto é tratamento ácido ou tratamento alcalino, dois tipos de
gelatina são obtidos designados de tipo A e tipo B, respetivamente. Para além do diferente
tratamento para a obtenção da gelatina, o tipo de colagénio utilizado para a sua preparação,
o animal de origem podem também alterar a sua composição e propriedades físicas da
gelatina. A gelatina apresenta na sua composição uma elevada abundância de resíduos
glicina, prolina e 4-hidroxiprolina. A principal utilização da gelatina e como agente gelificante,
formando géis quando as soluções coloidais são arrefecidas abaixo de 35ºC. Todas as
gelatinas necessitam de ser hidratadas antes de puderem ser utilizadas como agentes
gelificantes. A hidratação é realizada em água fria durante 5-10 minutos. Após a hidratação
da gelatina esta é dispersa a temperaturas acima dos 50º C. Os géis formados pela gelatina
são transparentes, elásticos e termo-reversíveis. A temperaturas superiores a 35ºC, as
moléculas de gelatina encontram-se individualizadas sem capacidade de formação de pontes
de hidrogénio. Por abaixamento da temperatura, certas regiões da gelatina interagem por
pontes de hidrogénio e interações de van der Walls adotando uma configuração de tripla-
hélice semelhante ao colagénio, interrompidas por regiões mais desordenadas. Estas zonas
de junção são dissociadas a temperaturas de cerca de 30 ºC, levando à reversão do gel em
solução coloidal.
O tipo de gel formado é dependente da quantidade de gelatina utilizada e da sua força de
gelificação. Para a formação de géis moles a quantidade de gelatina utilizada tipicamente
varia entre 0,5 a 1%. Para géis muito fortes a quantidade pode ir até 6% mas quantidades
entre 1 a 3% formam géis já muito fortes (N. A. Michael,2013).
Figura 2: Gelatina
Fonte: https://pt.petitchef.com/artigos/receitas/gelatina-em-folha-em-po-ou-agar-agar-aid-2505
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2.2.3. Agar
O Agar ou agar-agar é um extrato de uma alga vermelha principalmente da Gracilaria
lichenoides, sendo frequentemente utilizada para estabilizar emulsões ou espumas ou para
espessar líquidos e formar géis. É utilizado há dezenas de anos na cozinha Asiática, sendo
de utilização simples e fácil. Produz géis firmes e transparentes. É um hidrato de carbono com
propriedades de fibra componente das paredes celulares de várias espécies de algas
vermelhas.
O agar é muito utilizado como ingrediente alimentar para o espessamento de sopas,
gelados, molhos, sobremesas gelificadas, entre outros. O agar gelifica facilmente a maioria
dos líquidos e os géis obtidos podem ir desde forte a duros dependendo da quantidade de
agar utilizado. Se um gel de agar for mexido cria um líquido espesso perfeito para saladas.
O agar pode ser utilizado em dietas Vegan, vegetarianas sendo também apropriado para
a maioria das dietas religiosas.
A capacidade de gelificação do agar é afetada pela acidez e alcalinidade dos ingredientes
com os quais se mistura. Alimentos mais acídicos tais como citrinos, kiwie morangos podem
necessitar de maiores quantidades de agar para a sua gelificação. As enzimas presentes em
alguns produtos (ananás fresco, figos, papaia, mangas, pêssegos frescos) tem de ser primeiro
inativadas pelo calor para permitir a gelificação do agar. Por outro lado, o chocolate e o
espinafre, não permitem a gelificação do agar.
Por forma ao agar poder ser eficientemente utilizado tem de ser corretamente disperso e
hidratado. O agar pode ser facilmente disperso nos líquidos quentes ou frios utilizando um
homogeneizador ou varinha mágica, mas pode ser também ser disperso manualmente
recorrendo a um batedor. Após a sua dispersão para que o agar possa funcionar corretamente
este tem de ser hidratado ou absorver água. Para uma hidratação correta do agar é
necessário aquecer até à fervura (100 ºC) e manter durante 3 a 5 minutos. Quando ocorrerem
problemas na hidratação do agar emdeterminadas misturas, como por exemplo em líquidos
ácidos, o agar pode ser hidratado num líquido neutro e posteriormente ser adicionar ao líquido
acídico (N. A. Michael, 2013).
Figura 3: Agar-agar
Fonte: https://www.tuasaude.com/agar-agar-
em-capsulas/
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2.2.4. Alginato
O alginato é um agente gelificante natural obtido a partir das paredes celulares das algas
castanhas. O alginato forma géis na presença de iões cálcio. Em geral o alginato de sódio
dispersa, hidrata e gelifica a qualquer temperatura e após gelificação funde a 130 ºC.
A quantidade de alginato de sódio necessário para a obtenção do gel depende da aplicação
e da textura desejada. Tradicionalmente existem duas formas de gelificação do alginato de
sódio designadas de gelificação direta e gelificação inversa.
Para a gelificação direta o alginato de sódio é misturado com os restantes componentes a
gelificar numa concentração entre 0,5 a 1% sendo a mistura adicionada a uma solução de
lactato de cálcio ou outro sal de cálcio com uma concentração de 1%. Quanto maior for a
concentração de alginato de sódio adicionado maior a viscosidade da base no interior da
material gelificado o qual apresenta normalmente uma forma de esfera.
Para a gelificação reversa adiciona-se lacto de cálcio numa concentração de 1 a 3% aos
componentes a gelificar o qual é posteriormente adicionado a uma solução contendo alginato
de sódio com uma concentração entre 0,4 a 0,5%. Na gelificação inversa utiliza-se
preferencialmente lactato de cálcio em vez de cloreto de cálcio devido a este último
apresentar um sabor mais amargo (N. A. Michael, 2013).
Figura 4: Alginato
Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/alginato-de-sodio-estabilizador-aditivo-alimentar-e401-utilizado-para-
espessamento-estabilizacao-e-gelificacao_34212089.htm
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