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Nota: o presente texto deve ser lido em conjunto com os diapositivos da disciplina.
1. Características gerais
São bem conhecidas as características diferenciadoras dos JDC e o modo como elas
impôem práticas diferentes no campo da periodização do treino estando, em primeiro
lugar a necessidade de criar no praticante modelos comportamentais abertos e
preparados para responder eficazmente à enorme variabilidade de situações de jogo.
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Planeamento e Periodização do Treino Desportivo
Prolongamento da forma desportiva
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Prolongamento da forma desportiva
A sequência das fases 3. e 4., que vai durar, em atletas de nível elevado, de 4 a 6
semanas, leva obrigatoriamente ao desencadear de processos de destreino que
implicam a impossibilidade de manutenção do pico de forma e o seu prolongamento
para além do período de tempo atrás referido. Na realidade, a combinação da
redução da carga/destreino parcial e sectorial com o stress emocional das situações
competitivas leva, normalmente, à necessidade de uma pequena paragem na
actividade de treino (uma semana, entre macrociclos no mesmo ano, 4-6 semanas
entre épocas anuais). Com ou sem interrupção efectiva do treino, a quebra na curva
de rendimento competitivo sofre uma quebra significativa que pode levar 8 a 10
semanas a recuperar.
Todos estes fenómenos ocorrem igualmente, em atletas mais jovens, desde que já
sujeitos a processos de treino sistemáticos e periodizados, embora normalmente em
períodos temporais mais curtos, o que está em correlação com variações do nivel de
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Prolongamento da forma desportiva
carga menos pronunciados e uma capacidade de recuperação mais rápida, desde que
as cargas se mantenham adequadas individualmente.
Microciclo estruturado
Sofrendo alguma variação consoante a modalidade e o nível dos atletas, o seu esquema
básico será:
Este ciclo semanal de actividade sofrerá alterações constantes nos conteúdos tácticos e
técnicos, consoante o plano estratégico definido para o jogo seguinte, em função das
características do adversário concreto e do confronto dos pontos fortes e pontos fracos
da própria equipa e do adversário.
Uma das consequências desta organização das cargas de treino será a desvalorização do
mesociclo enquanto unidade significativa de consolidação de alterações ao nível da
evolução da preparação ao longo da época, muito marcada nos modelos OFD, já que a
uniformidade dos microciclos faz com que a definição da mesoestrutura seja puramente
decorrente de características do calendário, sem correspondência com a dinâmica das
cargas ou o conteúdo dos exercícios de treino.
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Prolongamento da forma desportiva
Este primeiro estrato corresponde a um estado de treino muito elevado, com níveis
óptimos de adaptação no que diz respeito aos factores condicionais, mas igualmente
com boa capacidade de intervenção em competição. Trata-se de um nível elevado de
rendimento sobre o qual as restantes etapas de preparação terão que assentar. Quando a
forma desportiva geral alcançada logo no primeiro P.P. é fraca, é todo o restante
trabalho a realizar durante a época que é posto em causa, reduzindo-se o seu alcance e
magnitude.
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Prolongamento da forma desportiva
Deste modo, Bompa pretende adaptar o modelo clássico às condições encontradas pelo
atleta nas modalidades com calendário competitivo distribuído e longo, e onde a
optimização da carga, crucial em modalidades de calendário condensado, pode ser
dispensada em prol de uma plataforma de “alta forma desportiva” que pode ser mantida
de um modo mais estável e duradouro.
Esta fase de reversão da carga consiste num retorno a conteúdos próprios do final da
pré-época, de dominante especial e específica, mas procedendo a alguma redução do
volume da carga.
Na mesma linha de raciocínio que permitiu definir o modelo clássico para os desportos
de OFD como o ideal para ser aplicado a atletas em fase de formação, o mesmo se dirá
para os desportos de calendário competitivo longo, seguindo lógicas de PFD.
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Uma pré-época curta não assegura tempo para um amadurecimento significativo destes
diferentes factores do rendimento e, acima de tudo, não promovem efeitos de longo
prazo que poderão ser benéficos em fases posteriores da evolução da carreira de um
jogador.
Se em idades mais jovens o treino não deve ser tão intenso nem com períodos de
concentração de cargas muito acentuadas, então a procura do prolongamento do nível
elevado de forma desportiva necessário para a manutenção óptima do suporte físico às
acções tácticas deverá assentar mais na aplicação sistemática e mais prolongada de
cargas na pré-época do que na estruturação do microciclo competitivo com base em
exercícios contextualizados de elevada intensidade e na prática muito frequente de
situações de competição.
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Esta sessão será substituída, no microciclo alternativo, por uma sessão de força
explosiva, por exemplo, com as respectivas características típicas de carga, sempre com
volume mais reduzido do que o que fora proposto na pré-época.
Alguma investigação ao longo das últimas duas décadas tem comprovado que este
procedimento de distribuição das cargas de estimulação neuromuscular na época
competitiva apresenta, não só bons índices de manutenção das adaptações conseguidas
em fases anteriores, como também pode permitir algum ganho destes factores do
desempenho (Plisk & Stone, 2003).
Esta distribuição das cargas não põe em causa o caracter de carga basicamente uniforme
do microciclo estruturado visando o PFD, apenas faz substituições periódicas,
normalmente em ciclos de 2 semanas, de conteúdos dos exercícios de preparação
especial, sem alterar o impacto das cargas no binómio fadiga-recuperação.
Muitos treinadores que seguem este modelo continuam a preferir, no entanto, e como o
aponta Bompa, claramente, uma abordagem sequencial ou mesmo próxima das cargas
intensivas unilaterais (blocos) na pré-época, no que diz respeito ao treino físico, em
especial na dominante neuro muscular.
3. Periodização Táctica
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Consideram alguns autores e treinadores que a importância dada ao factor físico e às leis
da adaptação é ainda demasiado grande e põem em causa uma visão “analítica” que
separa os vários factores de treino contra uma visão que se deseja “integrada” e centrada
na especificidade dos exercícios de treino.
1. Dimensão colectiva
2. Dimensão sectorial
3. Dimensão individual
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A forma desportiva colectiva, portanto, está ligada ao jogar de acordo com o modelo de
jogo adoptado.
Todo o processo de periodização deve ser orientado, como já foi referido, de forma a
corresponder e auxiliar ao desenvolvimento do modelo de jogo implantado. José
Guilherme Oliveira (2003) define modelo de jogo como "uma ideia / conjectura de jogo
constituída por princípios, sub-princípios, sub-princípios dos sub-princípios...,
representativos dos diferentes momentos / fases do jogo, que se articulam entre si,
manifestando uma organização funcional própria, ou seja, uma identidade. Esse modelo,
assume-se sempre como uma conjectura e está permanentemente aberto aos acrescentos
individuais e colectivos, por isso, em contínua construção, nunca é, nem será, um dado
adquirido. O modelo final é sempre inatingível, porque está sempre em reconstrução,
em constante evolução".
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Prolongamento da forma desportiva
O autor reforça esta ideia afirmando que "estar em forma individualmente é ser capaz
de, ao nível táctico individual, técnico, físico, cognitivo e psicológico, cumprir as
exigências do modelo de jogo adoptado e seus respectivos princípios (táctica colectiva).
Os níveis de forma não estão dependentes da preparação da pré-época mas sim do
trabalho realizado diariamente. A principal preocupação é a evolução constante do
modelo de jogo adoptado.
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ou de abaixamento da carga que ocorrem, por vezes, de modo não previsto, implica ter
como base de conduta uma crença de que o sistema não falha, em termos colectivos ou
individuais e, no extremo, a impossibilidade de lidar com o problema de variações
inesperadas da capacidade de desempenho do jogador.
Podemos dar como exemplos de uma sobrecarga adicional não prevista, casos de jogos
com período adicional de prolongamento, sequência de jogos em que, por qualquer
razão, um jogador é chamado a jogar muito mais tempo do que lhe é habitual. Pelo
contrário, podem ocorrer situações em que durante um tempo suficiente para afectar a
capacidade de trabalho do jogador, digamos 2 semanas, ele se vê sujeito a uma redução
da carga significativa, por necessidade de reposição táctica, factores ocasionais na
organização das sessões de treino, ou flutuações motivacionais.
Bibliografia
Bompa T, Claro F (2009). Periodization in Rugby. Verlag: Meyer & Meyer Sport.
Bompa TO, Haff GG (2009). Periodization: Theory and methodology of training. 5th
Edition. Champaign: Human Kinetics.
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Gomes AC, Souza J (2008). Futebol. Treinamento desportivo de alto rendimento. Porto
Alegre: Artmed.
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