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Operações de Planeamento no Treino Desportivo

Operações de Planeamento

Nota: o presente texto deve ser lido em conjunto com os diapositivos da disciplina.

O planeamento do treino como tarefa básica do treinador

O planeamento do treino, entendido como estruturação e coordenação dos programas de


preparação e orientação para a competição, na sua complexidade e variedade exigidas pelos
próprios requisitos de uma modalidade desportiva, é parte integrante das tarefas do treinador.

Na realidade, os limites da intervenção do treinador, seja qual for o nível de desempenho dos
atletas sob a sua orientação, estão longe de puderem ser definidos apenas pela aplicação de
exercícios de treino e da orientação táctica durante a competição. A dificuldade que envolve a
preparação optimizada dos vários factores de treino e a sua conjugação num todo bem
estruturado e efectivo, determina a necessidade de o treinador ter uma visão simultaneamente
global e integradora de todos os elementos que influenciam de forma preponderante o
rendimento do atleta e da equipa, através de um planeamento sistemático e dinâmico.

Planear é um procedimento de prognóstico que tem como finalidade a elaboração de um


plano. Este é, no essencial, um esboço teórico prévio, um programa que descreve como e em
que condições poderá determinado objectivo ser alcançado, objectivo esse definido no quadro
do próprio plano que se está a conceber.

O acto de planear não termina com o início da execução do plano, uma vez que deverá ser
entendido como um processo contínuo e dinâmico integrando mecanismos intrínsecos de
auto-avaliação que promovam adaptações constantes do plano.

No campo do treino desportivo, como é experiência corrente, ao longo de um ciclo anual de


preparação surgem continuamente motivos para adaptar os planos concebidos, quer devido a
lesão, doença, desmotivação ou impedimentos diversos por parte dos atletas, quer devido a
alterações nas condições de treino e de competição, quer também quando ocorrem resultados

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insuficientes ou inesperados em competição ou nas várias provas de avaliação dos factores de


desempenho competitivo.

Nestas circunstâncias, o planeamento congrega as operações fundamentais para a consecução


dos objectivos previamente estabelecidos para os praticantes e as equipas, assegurando a
relação, de um modo o mais realista possível, entre a preparação e o contexto competitivo em
que aqueles estão inseridos.

Influência das concepções do treinador

O treinador, como agente principal da mudança e do desenvolvimento da capacidade de


desempenho dos seus atletas, actua tendo como pano de fundo uma visão teórica mais ou
menos sistematizada, mais ou menos condimentada com os anos e a amplitude da sua
experiência profissional, sobre o conjunto de requisitos e procedimentos próprios do processo
de treino desportivo de cada modalidade, e, dentro desta, de cada disciplina ou
especialização.

Isto significa que o treinador age segundo estratégias que se enquadram num modelo básico
de desempenho competitivo próprio da sua modalidade, o qual fundamenta a possibilidade de
análise das condições existentes, sujeitas às contingências da equipa ou do atleta individual, à
luz de uma projecção sobre o que fazer para a obtenção de níveis elevados de sucesso.

Este modelo do sucesso competitivo, de carácter individual ou colectivo, consoante a


modalidade, engloba os vários factores de treino e o modo como se têm que combinar para
produzir, em cada momento, o resultado procurado.

No domínio dos elementos constituintes do factor físico, é imprescindível termos uma ideia
concreta acerca das exigências metabólicas e neuromusculares colocadas pelo exercício de
competição nas condições específicas em que o atleta será chamado a realizá-lo, definindo
assim perfis de sucesso e trajectos possíveis de evolução a partir das características
individuais, da idade e do potencial que lhe sejam inerentes.

No domínio técnico e táctico, um conhecimento amplo, profundo e detalhado das


características da situação de competição é um requisito para uma intervenção eficaz do
treinador, permitindo a concepção de estratégias de intervenção ajustadas e consequentes,

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levando em conta as necessidades próprias do atleta e o caminho que ele terá que percorrer
até atingir um nível de excelência de execução.

Quer a realização do diagnóstico técnico, quer as estratégias a implementar são, por isso,
subsidiárias da existência de um modelo técnico interiorizado pelo treinador e cuja influência
se repercute em todos os momentos e em todos os aspectos da sua actividade de orientação do
processo de treino.

Em qualquer disciplina desportiva existem, pois, padrões técnicos e técnico-tácticos


generalizadamente aceites como ideais, constituindo modelos de desempenho, que
treinadores e atletas tentarão fazer reproduzir na preparação para a competição.

Deste modo, quer ao nível do diagnóstico, quer ao nível da prescrição, estes modelos de
desempenho englobando os vários factores do treino constituem a referência fundamental
para a comparação entre o valor previsto de uma execução que decorre directamente da
aplicação e adaptação desses mesmos modelos e o valor efectivo da execução, ou seja, as
suas características reais.

Estes modelos não podem ser, no entanto, estruturas rígidas mas antes unidades conceptuais
flexíveis, adaptáveis às características do executante ou da equipa, podendo incorporar
consistentemente a evolução dos conhecimentos e das práticas de preparação que se vão
afirmando ao longo do tempo.

Os pressupostos e as concepções de que os treinadores partem ao realizarem a avaliação dos


factores do treino decorrem, assim, de um conjunto de princípios teóricos mais ou menos
fundamentados biomecânica, fisiológica e psicologicamente, conjugados com uma boa
capacidade de integração dos dados da experiência quotidiana, no qual se inclui uma visão
das tendências evolutivas da própria modalidade desportiva.

Em resumo, os modelos conceptuais criados por um treinador são pressupostos de qualquer


planeamento, permitindo-lhe colocar como hipótese de trabalho um determinado sistema de
relações que se estabelecem entre os diversos elementos que constituem o processo de treino
desportivo. Uma vez levado à prática e avaliado, este sistema hipotético será sujeito a
reformulações e optimizações subsequentes, constituindo, assim, a base concreta para a
evolução dos conhecimentos e da eficiência do treinador.

Convém esclarecer ainda, como aponta Bompa (1990), que a competição é a referência
essencial de qualquer modelo de desempenho desportivo.

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As operações de planeamento no processo de


treino desportivo

1. Previsão e eficácia do processo de treino


O planeamento é, como vimos, um processo que analisa, define e sistematiza as diferentes
operações necessárias para o desenvolvimento do desempenho competitivo de um atleta ou
de uma equipa. Trata-se, portanto, de organizar as diferentes operações ou procedimentos a
realizar em função das finalidades, objectivos e previsões (a curto, médio ou longo prazo),
tornando, deste modo, possível a escolha das decisões que visem a máxima eficácia e
funcionalidade do processo de treino.

No centro deste processo de planeamento do treino e das actividades que o rodeiam e


influenciam, está o treinador. O treinador, em qualquer clube, lida diariamente com
problemas que podem ser integrados em duas categorias: aqueles que se poderão considerar
como “técnicos” e aqueles que são de natureza organizacional. Nestes últimos poderemos
incluir aspectos tão diferentes como a participação na actividade da secção desportiva e na
concepção da estratégia de desenvolvimento do clube; a organização de estágios e saídas para
competições longe de casa; a organização de provas de preparação e de torneios particulares,
o recrutamento de novos praticantes nas escolas de formação do clube; cuidar de todas as
questões respeitantes às instalações onde se treina, principalmente tendo o cuidado de
assegurar que estão reunidas as condições fundamentais para que as sessões de treino
decorram como desejado; por último, à avaliação da época, dos resultados obtidos e do que
fazer para os melhorar na época seguinte.

Esta lista incompleta, qualquer um de nós se lembraria, certamente, de outras tarefas que são
habitualmente realizadas pelos treinadores, no quadro do seu trabalho no clube desportivo,
serve-nos para recordar, de facto, como uma gama tão vasta de actividades, às quais se
juntarão todas aquelas que estão intrinsecamente ligadas com a orientação, condução e
avaliação do processo de treino, necessita de um planeamento cuidado, de modo a que o
trabalho desenvolvido seja o mais útil e profícuo possível.

Vamos, de seguida, passar em revista e caracterizar os principais passos a seguir num


processo de planeamento do treino.

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2. O estudo prévio
O primeiro passo a dar em qualquer processo de planeamento é, naturalmente, a avaliação da
situação existente.

a. Determinar o rendimento competitivo da época anterior

Trata-se aqui de procedermos à análise dos resultados obtidos em competição na época


anterior, envolvendo não só os melhores resultados ou marcas obtidos, mas também o perfil
de evolução ao longo da época passada e as circunstâncias que o influenciaram.

Os dados da competição deverão ser comparados com os resultados das melhores equipas do
campeonato ou com as listas classificativas internacionais (rankings) existentes em muitas
modalidades individuais.

Alguns aspectos que habitualmente são levados em consideração nesta análise:

 Razões fundamentais do sucesso ou insucesso

 Momentos críticos e momentos vitoriosos

 Evolução classificativa de uma equipa ao longo do campeonato

 As diferentes constituições da equipa e as particularidades dessas alterações

 Análise estatística dos jogos e perfil de desempenho, o mais possível individualizado


(número de golos e de que forma foram conseguidos e consentidos, por exemplo)

 Comportamento desportivo dos jogadores da equipa dentro do terreno de jogo:


castigos (cartões amarelos ou vermelhos), discriminação das situações geradoras de
punição (a favor da equipa, por exemplo, evitar que o adversário com a posse da bola
progredisse isolado para a baliza, contra a equipa, por exemplo, discutir com o árbitro,
agredir um adversário...)

 A análise dos dados estatísticos dos jogos permite determinar as causas do sucesso ou
do insucessos relativos da época anterior, apontando lacunas técnico-tácticas
particulares nalguns jogadores, insuficiente trabalho colectivo, erros de planeamento,
falta de homogeneidade no nível dos jogadores, definição de objectivos inalcançáveis
e outros.

b. Avaliar o grau de realização dos objectivos definidos na época anterior

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O conhecimento acerca do grau de consecução dos objectivos definidos na época anterior tem
uma importância fundamental na previsão do comportamento do atleta na fase que se inicia.
Com efeito, podemos estar perante atletas que vêm de uma época bem sucedida, regular ou
mal sucedida. Qualquer uma destas hipóteses, nas suas graduações subtis, pode constituir um
factor condicionante de grande relevância do ponto de vista motivacional e afectivo. Um
atleta que começa um período de preparação com uma atitude de autoconfiança e ambição
marcantes devido aos resultados anteriores não poderá ser encarado da mesma maneira que
um atleta que inicia o novo ciclo desiludido com o anterior e provavelmente descrente das
suas possibilidades de evolução. Neste último caso, partindo do princípio que a definição de
objectivos foi adequada, será necessário determinar as razões pelas quais os objectivos não
foram alcançados.

Naturalmente que a própria definição de objectivos poderá ter sido irrealista o que será uma
oportunidade para uma reflexão prática sobre o impacto desta operação de planeamento sobre
o processo subsequente e o grau de adesão dos atletas ao plano de treino.

c. Caracterizar o estado de treino atingido na época anterior com especial atenção às


componentes da carga de treino

A avaliação do rendimento depende dos seguintes requisitos: (1) utilização de procedimentos


de valor informativo, relevantes para a modalidade, que permitam determinar o estado de
treino atingido; (2) a aplicação consequente dos mesmos procedimentos durante vários anos
(3) a sua padronização e (4) a sua aplicação no mesmo momento do ciclo anual.

A documentação referente ao processo de treino abarca a compilação sistemática de dados, a


sua ordenação por categorias, a sua quantificação nos itens em que isso é possível e por
último, a sua análise tendo como ponto de referência os resultados em competição.

Particularmente o volume de treino, em unidades de medida de deslocamento (m, km), em


duração (horas de treino dedicados aos diversos tipos de preparação) ou em frequência
(número de sessões de treino semanais, número de repetições totais de um determinado tipo
de exercícios...) permite uma quantificação precisa e facilmente sujeita a um tratamento
estatístico simples mas de grande valor comparativo, caracterizando claramente o trabalho
efectuado. A intensidade é uma componente da carga de mais difícil quantificação mas, pelo
menos nalguns sectores de preparação calcula-se aquilo que se denomina de intensidade
relativa, ou seja a percentagem do volume da carga atribuído a diversas zonas de intensidade

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do trabalho físico efectuado (níveis metabólicos, categorias percentuais em relação a 1 RM,


etc.).

Esta documentação serve os seguintes propósitos: (1) regista o treino realizado; (2) permite
entender quais foram os resultados obtidos nos diversos testes, os exercícios de treino e as
características da carga que acompanharam ou precederam estados de preparação elevados;
(3) serve como ponto de partida para planeamentos futuros, uma vez que os conteúdos das
cargas na macro e na microestrutura do treino só se podem modificar quando é possível
comparar as tarefas planeadas com as realizadas.

São de considerar ainda nesta recolha de dados:

 O registo, por parte dos atletas, das características dos treinos que cumpriram –
cadernos de treino.

 A assiduidade dos praticantes/jogadores

 A carga de competição para cada praticante/jogador

 O tipo de lesões (roturas, distensões, fracturas, etc.), tempo médio de tratamento e


tempo de inactividade competitiva

d. Definir o perfil actual do atleta ou grupo de atletas com os quais vamos trabalhar na
época que estamos a preparar, quanto aos seguintes aspectos:

 Qualidades físicas

 Nível de execução técnica e técnico-táctica. Possibilidades de adaptação de cada


jogador no sector defensivo, médio ou atacante

 Comportamento em competição e comportamento desportivo – níveis de conflito


interpessoal

e. Levantamento dos recursos disponíveis

3. Definição de objectivos
3.1 Definição de objectivos e modelo de desempenho competitivo

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O confronto entre a avaliação realizada e o modelo de praticante ou da equipa que se pretende


atingir num futuro próximo, esta última muito influenciada pelas concepções do treinador que
derivam dos seus conhecimentos teóricos sobre a modalidade e da experiência adquirida ao
longo da sua actividade profissional, constitui a base para a definição dos objectivos da
próxima época desportiva.

A definição de objectivos baliza a construção do modelo de organização do processo de


treino do praticante ou da equipa com vista ao desenvolvimento das suas aptidões gerais e
especiais e, deste modo, o seu rendimento desportivo, por um lado, e por outro permite
delinear um trajecto, através da aplicação de programas de acção, susceptível de promover a
transformação no sentido do modelo que se pretende reproduzir, em tempo útil e sob forma
controlada, ou seja, sujeita a verificação constante.

A análise da época desportiva transacta, nas suas várias dimensões, permite partir de
pressupostos coerentes e idóneos para a definição de objectivos, dando-lhes estabilidade, ou
seja, fazendo com que não estejam constantemente sujeitos a alterações, para exigência
superior ou inferior, o que para o caso será igualmente negativo.

Deste modo, se conhecemos bem os atletas com os quais vamos trabalhar, assim como o
contexto onde se vai desenrolar a sua prática, facilmente adequamos o grau de dificuldade
dos objectivos às condições concretas da sua realização.

A definição de objectivos, no quadro do planeamento do treino desportivo decorre,


obrigatoriamente, dos critérios de referência para o êxito na modalidade em causa. Conhecer
os perfis físicos, funcionais, técnicos, tácticos, etc., dos melhores executantes poderá
constituir um valioso suporte às nossas decisões neste campo. Outro aspecto que terá de ser
considerado é a previsão do incremento no desempenho necessário para repetir a obtenção de
uma determinada classificação anteriormente conseguida.

3.2 Características da definição de objectivos

Os objectivos a definir devem ter as seguintes características:

 Clareza na formulação

 Realismo e acessibilidade

 Formulação operacional (possibilidade de avaliação e medição)

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 Especificidade

3.3 Hierarquização dos objectivos

3.3.1 Objectivo final

O trabalho de planeamento do treino propriamente dito começa com a formulação dos


objectivos finais. De facto, é todo a orientação do programa de preparação que aparece
contido num objectivo final. Os objectivos finais estão situados num plano hierárquico
superior, oferecendo uma orientação à qual se subordina todas decisões de planeamento.

3.3.2 Objectivos intermédios

A elaboração de programas de acção depende da definição precisa, realista e adequada, em


termos qualitativos e quantitativos, de objectivos intermédios. Estes, quando atingidos,
constituem uma base segura para confirmar ou redefinir os referidos programas. Estabelece-
se assim a possibilidade de um controlo sobre os eventuais desvios entre o modelo de
desempenho actual e o modelo de desempenho a atingir. Neste contexto, a definição de
objectivos intermédios exige, em paralelo, uma rigorosa avaliação dos resultados do processo
de treino, analítica ou integrada, consoante o momento da época, a proximidade das
competições mais importantes e as características do atleta e da modalidade.

Os objectivos intermédios são deduzidos do ou dos objectivos finais apresentados para um


determinado ciclo de preparação e competição, formulando as premissas concretas através
das quais se pretende conseguir atingi-los.

Objectivos por etapas

Surgem delimitando fases de preparação ou coladas a determinadas competições. Surgem ao


nível da mesoestrutura e da macroestrutura do processo de periodização do treino (ver à
frente).

A definição de objectivos por etapas permite a avaliação do estado de treino do praticante,


nas capacidades testadas, tendo como referência o modelo de desempenho aderente ao
objectivo final, assim como os efeitos do programa de acção elaborado. Podemos, assim,
verificar a correcção do plano através do cumprimento de etapas intermédias, fundamentando

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a continuidade da sua aplicação, detectando eventuais falhas na sua execução, promovendo


atempadamente as alterações julgadas necessárias.

Objectivos correntes

Surgem ao nível da micro-estrutura do treino desportivo, dando coerência a um plano


corrente, que engloba uma sequência estruturada de sessões de treino (microciclo). A sua
avaliação incide basicamente na consideração dos efeitos da fadiga resultante de uma sessão
ou de uma sequência condensada de sessões, na capacidade de desempenho do atleta nas
sessões subsequentes. Pretende-se, assim, optimizar a aplicação das cargas de treino no
âmbito dos ciclos curtos (basicamente semanais) de intervenção, procedendo à sua eventual
reestruturação, caso isso pareça necessário. No quadro do plano corrente, organiza-se a
gestão dos factores relacionados com a velocidade e profundidade dos processos de
recuperação, assim como a interacção entre exercícios seleccionados e objectivos correntes
definidos.

Objectivos operacionais

Presidem à selecção dos meios e métodos de treino no quadro do plano da sessão de treino,
clarificando as condições de execução e avaliação de cada exercício realizado. Permitem o
controlo efectivo do que ocorre ao longo da sessão de treino, optimizando os seus efeitos no
atleta, monitorizando tarefa a tarefa a resposta deste à dinâmica da carga prescrita,
permitindo, eventualmente decisões correctoras que melhor adeqúem a estrutura dos
exercícios aos objectivos que presidiram à respectiva escolha. Esta avaliação do
comportamento do atleta no treino inclui, naturalmente, a consideração de factores de
carácter subjectivo e motivacional.

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Natureza dos objectivos

 Objectivos de desempenho competitivo

o Resultados, classificações, marcas

o Nível de execução técnica e técnico-táctica em competição

 Objectivos de preparação

o Perfil de adaptações que sustentam as capacidades condicionais

o Nível técnico e táctico

o Comportamento em competição (concentração, controlo emocional, aspectos


tácticos)

o Perfil comportamental (psicológico)

São de desempenho os objectivos definidos como finais, para um determinado de ciclo de


preparação e competição, salvo quando estamos perante a organização de um ciclo de
trabalho com atletas jovens, em fase de formação desportiva inicial.

Neste caso devem-se evitar os objectivos de desempenho, mesmo de carácter final. A


importância do resultado em competição não é, na verdade, igual em todos os estádios de
desenvolvimento da carreira de um atleta. Nas fases iniciais de formação desportiva a
preocupação deve incidir prioritariamente nos aspectos básicos de preparação que permitam
ao jovem atleta uma evolução gradual e, ao mesmo tempo, possam constituir um suporte
alargado e consistente das etapas seguintes.

Os objectivos de etapa, por seu lado, poderão ser também deste tipo ou, o que acontece
comummente, ser quer de desempenho, quer de preparação, sobrepondo-se. Os objectivos
correntes serão, obrigatoriamente, de preparação, não fazendo sentido balizar o ciclo semanal
de treino com objectivos que tenham a ver com o resultado em competição, o mesmo
acontecendo, naturalmente, com os objectivos operacionais.

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3.3 Dimensão psicológica da definição de objectivos para o macrociclo

A definição de objectivos é um processo que deverá ser partilhado entre treinador e atleta(s)
de modo a constituir um marco claro para a prática e um compromisso forte por parte deste(s)
último(s). Os objectivos partilhados devem gerar motivação e identificação com o processo
de treino. São, assim, um instrumento essencial para a integração do atleta no programa de
treino, na sua filosofia e nas suas ambições.

4. Calendário competitivo

O calendário competitivo constitui a base concreta da forma final assumida pela definição das
estruturas intermédias da periodização. Consoantes as modalidades e a estrutura com que
surge este calendário competitivo, assim poderão ser possíveis, em maior ou menor grau,
duas operações de planeamento a selecção e a hierarquização das competições presentes num
calendário competitivo. Estas operações são condicionadas pela estrutura do calendário
competitivo.

4.1 Selecção

A selecção das competições, possível em determinados desportos, pode permitir uma melhor
racionalização dos tempos necessários à preparação do atleta e a respectiva conjugação com a
manipulação da curva de forma. Os critérios de selecção das competições nem sempre serão
intrínsecos à lógica do processo de preparação, havendo interferência habitual de outros
factores que vão desde a existência de prémios monetários até ao nível competitivo ou
promocional de uma determinada competição.

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4.2 Hierarquização

Através desta operação tentamos atribuir graus de relevância às diferentes competições


presentes no calendário competitivo da modalidade. Apesar da margem de manobra não ser,
habitualmente, grande, poderá, mesmo assim, ser possível uma graduação da importância das
competições em que se pretende participar que se ajuste bem às necessidades da preparação,
não esquecendo que a própria competição é o modo mais específico de treino que existe,
sendo, por isso, insubstituível.

É habitual considerarem-se os seguintes tipos de competição, que podem surgir ao longo de


um macrociclo:

 Competições principais – correspondem normalmente ao fim de uma época ou de um


ciclo de treino.

 Competições importantes – competições de importância secundária mas onde é necessário


que o atleta apareça com um estado de forma razoável. Servem para avaliação e controlo,
têm um efeito motivante fundamental e permitem a representação do clube ou de
selecções regionais e nacionais com um bom nível competitivo

 Competições preparatórias – fazem parte integrante da preparação, enquanto cargas


específicas. Permitem a vivência da situação de competição sem a pressão da obtenção de
resultados de nível superior. São um complemento fundamental do treino ao longo de
toda a época.

4.3 Estrutura do calendário competitivo

A distribuição das competições ao longo do ano pode surgir de muitas formas distintas.
Basicamente, podemos, no entanto, discriminar entre duas estruturas de calendário
competitivo que implicam estratégias de manipulação da curva de forma claramente
diferenciadas.

Assim, podemos falar de uma estrutura de calendário competitivo de carácter distribuído ou


cíclico, onde as competições vão aparecer ao longo de vários meses uniformemente
localizadas semana a semana, com períodos de interrupção curta, muitas vezes, e com
períodos onde a frequência semanal das competições se intensifica, podendo surgir semanas
com 2 competições, mais raramente três. Nos JDC esta estrutura é a mais comum, sendo para
o treinador muitas vezes impossível hierarquizar as competições quanto à sua importância
relativa. Na realidade, aquilo que se passa nestas modalidades é que cada atleta necessita de

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manter estáveis os níveis elevados de forma que terá adquirido previamente, durante um
período prolongado de tempo, o que é obviamente impossível de compatibilizar com uma
estratégia de optimização integrada máxima, localizada no tempo, de todas as componentes
do desempenho competitivo.

Neste âmbito, como será visto mais à frente ao tratarmos do chamado Período Competitivo,
os treinadores terão que assegurar a aquisição de um nível de treino adequado que permita
sustentar posteriormente uma plataforma de estado de preparação ou forma desportiva, de
carácter relativamente permanente, através de uma estabilização em ciclos semanais
uniformes do volume e da intensidade da carga de treino, variando apenas os conteúdos
tácticos respondem às necessidades da competição, quer do ponto de vista do plano
estratégico, já referido, quer a partir da avaliação dos jogos que se vão realizando.

Deste modo, podemos designar esta actuação dos treinadores como sendo uma estratégia de
prolongamento da forma desportiva.

Por outro lado, uma estrutura de calendário competitivo de carácter condensado ou agrupado
surge quando existe uma clara diferenciação entre as competições nas quais se pretende que o
atleta participe, sendo possível a localização das competições consideradas principais num
curto período de tempo, podendo aparecer dois ou mais destes momentos alvo para o
desempenho competitivo numa época desportiva.

Naturalmente que, a esta estrutura de calendarização, corresponderá uma estratégia de


optimização da forma desportiva, visando a obtenção de um pico de forma que coincida com
as competições principais.

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5. Racionalização das estruturas intermédias – a


periodização

5.1 Correspondência entre as estruturas intermédias de periodização e os


objectivos intermédios previamente definidos

A forma desportiva depende do estado de treino mas também da aptidão para a mobilização
total dos recursos individuais em situação de competição. Isto significa que um atleta pode
estar numa fase do seu desenvolvimento em que atingiu um elevado estado de treino, mas,
devido à fadiga ou à falta de preparação específica para a competição, permanecer num
estado de preparação ou de forma relativamente fraco, não estando, portanto, em condições
de mostrar aquilo que realmente vale em competição.

Esta falta de simultaneidade, entre os períodos de maior treino e os períodos em que o atleta
está em condições de obter boas marcas, é muito comum em qualquer modalidade desportiva,
e é sabido que há um tempo para a aplicação continuada e sistemática de cargas elevadas
tendentes a provocar efeitos de adaptação no atleta e um tempo em que a preocupação terá de
ser fazer emergir a forma, ou seja, promover a recuperação e afinar a preparação directamente
relacionada com uma determinada competição.

A sincronização de mecanismos variados de supercompensação que estarão a decorrer em


simultâneo, mas com velocidades diferentes e dependendo de tipos de carga também
diferentes, é um processo complexo e que exige um planeamento cuidadoso. A juntar a isto
ocorre o facto de termos que fazer coincidir a elevação e manutenção da forma desportiva
com as competições principais da época, o que coloca o problema de uma localização
temporal o mais precisa possível das várias fases de preparação consideradas necessárias para
a obtenção dos objectivos previstos.

Daqui nasce a necessidade de, no quadro do planeamento a realizar, se proceder a uma


operação de periodização da aplicação dos estímulos de treino, levando em conta as suas
características, os efeitos esperados e o tempo de adaptação e supercompensação que lhes são
próprios, para que seja possível ao atleta encontrar-se em forma no momento ideal e, ao
mesmo tempo, que essa forma seja o resultado de um processo de treino bem organizado e
sistematizado que poderá, assim, permitir a obtenção de ganhos significativos na sua
capacidade de desempenho, ou seja, melhoria nos tempos realizados em prova.

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5.2 Operações da periodização

Todo o processo de treino pressupõe a elaboração correcta de programas de acção. Isto


significa que cada parte em que dividimos a época durante o planeamento deve ser colocada
numa ordem lógica e com uma duração determinada. Cada uma destas partes deve estar
organizada de forma individual para cada atleta ou para cada competição, encadeando-se nas
várias estruturas da periodização consideradas: macrociclos, mesociclos, microciclos, sessão
de treino.

Depois de dispormos de uma estrutura de objectivos clara e precisa e de termos seleccionado


as competições que consideramos como mais importantes, podemos determinar o conjunto de
meios e procedimentos de treino mais adequados para alcançar o objectivo final. Para isso, é
necessário prever uma ordem temporal lógica para os programas de acção – a sequenciação -
e prover, cada um deles com a duração adequada – a temporização.

Temos, assim, as duas operações da periodização:

a. Sequenciação – estabelecer uma ordem temporal lógica e comprovadamente eficaz

b. Temporização – atribuição da duração adequada a cada fase prevista

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5.3 Periodização – operação fundamental no planeamento do treino


desportivo

A periodização dos procedimentos de preparação, ou seja, a sistematização dos diferentes


programas de acção correspondentes às várias estruturas intermédias, permite a concretização
de um processo de evolução controlada do praticante e da equipa, intervindo racionalmente
na alteração dos factores que condicionam a sua eficácia. Esta dinâmica pressupõe a
utilização de um conjunto de critérios que direccionam as aquisições e adaptações dos atletas
no sentido desejado, reduzindo, simultaneamente, o carácter casuístico do processo de treino,
limitando ao máximo a influência de factores acidentais.

6. Selecção dos meios de intervenção

O treinador, ao estabelecer um programa de acção em direcção ao modelo de desempenho


que pretende atingir, entretanto operacionalizado e delimitado pela definição do objectivo
final e dos objectivos intermédios, mobilizará na sua intervenção um elevado número de
factores condicionantes do rendimento desportivo, seleccionando os meios necessários para o
seu desenvolvimento.

Estes programas de acção, localizados temporalmente em relação ao calendário competitivo e


integrados na periodização efectuada, pretenderão reproduzir de forma sistemática o modelo
de desempenho julgado adequado para a prossecução dos objectivos intermédios. Desta
forma, seleccionam-se meios, métodos e condições de treino que exercem sobre o organismo
dos atletas um estímulo eficaz que responda à necessidade de melhoria funcional (biológica),
técnica, táctica e psicológica, quer no plano individual, que no plano da equipa no seu
conjunto.

Consoante a fase da época e as necessidades de preparação, os programas de acção terão


direcção mais multilateral ou unilateral. Estão neste último caso a utilização de programas
que compreendem a utilização de meios e métodos de treino vocacionados para a resolução
de problemas concretos de variada índole, quer no plano do aperfeiçoamento de uma dada
situação competitiva, por exemplo, quer no desenvolvimento de uma determinada expressão
das qualidades físicas condicionais.

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Operações de Planeamento no Treino Desportivo

Pretende-se, assim, no quadro de cada estrutura de periodização, definir os processos de


intervenção que melhor cumprem os objectivos, levando em conta:

 O seu grau de especificidade

 O equilíbrio requerido entre preparação geral e preparação especial/específica.

Assim, cada estrutura deve ser desenvolvida de forma relativamente autónoma, através da
selecção de meios de treino que se afigurem mais eficazes para o cumprimento dos objectivos
de etapa previstos. Entre toda a variedade de meios à disposição de um treinador, este tem a
competência para escolher aqueles que serão mais relevantes para o atleta ou a equipa sob a
sua orientação, pondo de lado todos os meios de preparação que possam ser considerados
supérfluos ou mesmo prejudiciais para a respectiva evolução.

Com praticantes que se encontrem nas primeiras etapas de formação desportiva, no entanto,
será conveniente utilizar um número elevado de exercícios de treino para cada objectivo de
preparação, número esse que tenderá a diminuir com o tempo.

7. Distribuição das cargas de treino

Uma das operações de planeamento do treino mais importantes é a distribuição das cargas de
treino ou seja, a atribuição de valores referentes às componentes da carga de treino para cada
estrutura intermédia prevista.

Os critérios a seguir são fundamentalmente a evolução dos parâmetros da carga de uma forma
gradual e sistemática: o volume, a intensidade, a densidade e a duração.

8. Concretização do plano
8.1 Execução

Em qualquer actividade, existem elementos que resultam daquilo que se pensou e organizou e
existe o acaso, ou seja, a ocorrência de factores inesperados que nos conduzem a decisões que
não teríamos previsto vir a tomar. O objectivo principal do planeamento consiste,
precisamente, em conseguir que os elementos resultantes da actividade cuidadosamente
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organizada se tornem dominantes em relação aos que são provenientes de ocorrências


acidentais, e, portanto, reduzindo a fracção de improvisação no conjunto do processo de
treino, assim como o tipo de decisões que, por serem realizadas sob a pressão dos
acontecimentos, não terão podido ser objecto de reflexão e amadurecimento, comportando,
por isso, riscos elevados de erro, falha na análise da situação e precipitação momentânea.

Para todos os efeitos, qualquer processo de planeamento só poderá considerar-se como tal a
partir do momento em que é executado. A execução do plano deve aproximar-se no máximo
do previsto no plano inicial, embora seja sabido que a informação decorrente do processo de
treino, principalmente a referente às respostas do atleta em treino e em competição, levam a
uma dinâmica de correcção constante tendo como objectivo a melhor adequação possível às
condições concretas de desenvolvimento do potencial de desempenho por ele apresentadas.

8.2 Avaliação (controlo do treino)


Mesmo quando se consegue um elevado nível de realização do plano previsto, este
permanecerá incompleto enquanto não se proceder a uma avaliação periódica do processo
que nos permita corrigir as suas lacunas ou assegurarmo-nos da sua eficácia.

Esta avaliação pode ser feita de quatro formas:

1. Controlo das cargas do treino realizado

Um controlo do treino correcto obriga a uma minuciosa monitorização do trabalho que se vai
realizando em cada sessão de treino, quer por parte do treinador, quer por parte do atleta. É
nesta perspectiva que muitos autores consideram que os cadernos de treino individuais são
um instrumento de controlo de grande interesse para o êxito do processo de treino.

2. Controlo do modelo de competição

Em todas as modalidades desportivas existem tabelas de observação que permitem


quantificar o comportamento do atleta ou da equipa durante a competição.

3. Controlo da evolução da capacidade de rendimento

Concretiza-se através da realização de baterias de testes vocacionados para a avaliação das


diferentes qualidades e aptidões com influência no desempenho competitivo, sejam de terreno
ou de laboratório, preferencialmente com um carácter específico em relação à modalidade
desportiva em causa.

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4. Avaliação final do processo de intervenção

Bibliografia de consulta

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Bompa TO (2005). Treinando atletas de desporto colectivo (trad.). S. Paulo: Phorte Editora.
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Garcia Manso J, Navarro Valdivieso M, Ruiz Caballero J (1996). Planificación del entrenamiento deportivo. Madrid:
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Koutedakis Y, Metsios GS, Stavropoulos-Kalinoglou A (2006). Periodisation of exercise training (pp. 1-21). In G Whyte
(Ed.) The physiology of training. Elsevier Ltd: Edinburgh.
Matveev LP (2001). Teoria general del entrenamiento deportivo. Barcelona: Paidotribo.
Matveyev L (1986). Fundamentos do treino desportivo. Lisboa: Horizonte.
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