SEMANA 03 e 04 - AULA 03 e 04
MICROBIOLOGIA II
Micoses
Micoses Sistémicas
Sistémicas
DEFINIÇÃO
Caracterizadas por serem Micoses Endêmicas, logo,
se apresentando em sítios específicos que possuem todas
as condições favoráveis para a proliferação destes
fungos.
Ocasionadas por fungos dimórficos, que ingressam
no organismo através de inalação de esporas (as esporas
são a forma infectante) ou ainda, raras vezes por lesão
cutânea. Não se transmitem de pessoa para pessoa.
• Coccidiodomicosis - se prolifera em ambientes
secos e de altas temperaturas.
• Paracoccidiodomicosis - se prolifera em
ambientes úmidos.
• Histoplasmosis - se prolifera em ambientes
úmidos.
Todos fungos das micoses sistêmicas são patógenos e
produzem uma infecção primaria do pulmão, podendo
apresentar posterior disseminação a outros órgãos.
Os signos e sintomas são semelhantes nos três tipos
de micoses sistêmicas, o que irá diferenciar é: o agente
causal e a forma das leveduras.
PARACOCCIDIODOMICOSIS
Os agentes causais são os fungos dimórficos P.Lutzii
ou P.Brasiliensis, este último possui 4 variedades
filogenéticas (sepas - variação no ácido nucleico).
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Enfermidade de notificação não obrigatória, onde de
50% dos casos, 20% são sintomáticos e 30% apresentam
infecções assintomáticas.
Os pacientes sintomáticos apresentam fatores de pré-
disposição, como SIDA (-200 LT CD4), desnutrição, fatores
hormonais e etc.
As mulheres são menos acometidas que os homens,
por seres providas de um hormônio conhecido como, B-
Estradiol que confere proteção, evitando a germinação
do fungo. O B-Estradiol “segura” os receptores que se
encontram na membrana do fungo e assim, impede sua
multiplicação.
O grupo ocupacional de maior risco de infecção
por este fungo são os trabalhadores que manejam o solo
contaminado e caçadores.
RESERVORIO
O “Dasypus Noveminctus” mais conhecido como
Tatu, possui em suas patas o fungo da PCM. Os tatus se
abrigam em tocas/buracos cavados na terra, logo, o
fungo fica depositado neste solo, ao caçarem este animal
e mexerem em sua toca (perturbação do solo), se
contaminam inalando as esporas que são liberadas no
ambiente.
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VIRULÊNCIA
A produção de uma glucoproteína (Gp43) é um dos
principais fatores de virulência dos fungos da PCM, que
prove a capacidade de hidrolisar caseína, colágeno e
elastina. Além de possuir poder de adesão em proteínas
da matriz extracelular, como a Laminina.
SINTOMAS
• Tosse (mais frequente), expectoração, disnea,
febre e lesões na mucosa.
CLASSIFICAÇÃO - QUADROS CLÍNICOS
✓ SUBCLÍNICA - totalmente assintomático e se há
signos e sintomas, são leves.
‣ Primária Pulmonar: se desenvolver esse quadro, é de
forma muito inespecífica. O paciente apresenta facilidade de
expectorar a espora, logo, se infectou em certo momento,
mas não adoece (consegue combater o fungo).
‣ Reinfecção Pulmonar - o microorganismo é inalado e
permanece latente até sofrer reativação, a partir deste o
paciente se apresenta sintomático.
✓ PROGRESSIVA
‣ Pulmonar Pura - signos e sintomas pulmonares como
disnea, dificuldade de respirar, astenia, perda de peso,
expectoração com sangue, tosse e etc.
‣ Disseminada - se desenvolve quando o sistema
imunológico se encontra muito deteriorado. Pode se apresentar
de forma: tegumentária|mucocutánea (lesão na boca e pele),
ganglionar, visceral (órgãos) ou mista (mais de uma forma).
✓ AGUDA - afeta principalmente jovens de ambos
sexos (maioria homem).
Apresenta adenomegalia (aumento dos gânglios
linfáticos), hepatoesplenomegalia (aumento do fígado
e baço), ascitis (acúmulo de líquido na cavidade
abdominal) e lesões na pele.
✓ CRÔNICA - pacientes com infecção de anos, cerca
de 95% dos casos.
PCM x TUBERCULOSE
Se o paciente apresenta um quadro respiratório e há
úlceras na cavidade oral, existe probabilidade de ser PCM.
A tuberculose não manifesta úlceras, logo, é uma forma
de diferenciar Tuberculose de PCM.
PROGRESSIVA - DISSEMINADA
★ Forma Bucofaringe
É o resultado de um processo inflamatório
exacerbado. Se caracteriza por um aumento de volume
(boca de tapir), formação de nódulos e ulcerações. As
lesões constituem uma estomatites moriforme.
O paciente pode perder alguns
dentes ou também apresentar perda
da fixação dos dentes (amolecidos),
o que conduz a uma caquexia
(perda de peso) e morte, devido a
afetação do processo de mastigação
e deglutição.
1 EDUARDA DA SILVA
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★ Forma Ganglionar
Também conhecida como “cuello
de búfalo”, apresenta adenopatia,
onde a infecção acomete os gânglios
gerando aumento de volume,
endurecimento e dor na região cervical,
axial, inguinal e etc. Podendo afetar
baço e sistema urinário, por exemplo.
★ Forma Neuroparacoccidiodomicose
Apresenta pseudo-tumor cerebral,
com aumento da pressão intracraniana.
Manifestações: crises convulsivas,
hemiparesia, migranha e etc.
Ainda como forma pouco frequente, há a afetação
gastrointestinal que pode-se complicar como enterocolites e
retocolites. Algumas vezes, pode ocorrer afetações de ossos.
Muito raro os casos de afetações genitais e anoretal.
DIAGNOSTICO
Todos os diagnósticos de casos de PCM são através
de Exame Direto, onde se coleta amostra respiratória,
biopsia (pele/mucosa) ou escarificação (pele/mucosa),
com Hidróxido de Potássio ou Yodopovidona (Lugol) e
se observa as leveduras em microscopia.
Também pode-se observar em frotis, com tinção de
Giemsa ou Wright.
Cultivo não se recomenda, devido aos cultivos se
positivarem de 1 a 3 meses, sendo assim, inviável.
Para diagnosticar PCM é vital buscar saber de onde o
paciente esta vindo (residência), se há antecedentes e se
apresenta algum quadro clínico.
Aplicando em seguida o diagnostico diferencial,
microscopia. A PCM se apresenta com coneumopatias, ou
seja, pacientes que já possuíam algum quadro clínico
respiratório e desenvolveram PCM.
O diagnóstico diferencial se faz necessário para distinguir
de outras enfermidades confundidas com PCM (tuberculose,
silicosis, Histoplasmose, Coccidioidomicose, Leishmaniosis).
IDENTIFICAÇÃO MICROSCOPICA
Possui leveduras multigemantes esféricas ou ovais,
caracterizadas pela dupla membrana e se multiplicam
por gemação múltipla.
Há vários tipos de formas. A levedura de maior
tamanho apresenta uma estrutura de “roda de Timão” ou
“orelhas de Mickey Mouse”.
Roda de Timão Mickey Mouse
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HISTOPLASMOSE
O agente causal da Histoplasmose é o fungo
dimórfico Histoplasma Capsulatum, este possui duas
variedades: variedade Capsulatum (causador da
Histoplasmose Americana) e a variedade Duboisii
(causador da Histoplasmose Africana).
TRANSMISSÃO
Estes fungos estão se encontram em forma miceliar/
saprófita nas fezes de animais domésticos e silvestres,
se caracterizando assim por ser um fungo coprofílico.
Os solos com excrementos de pássaros, aves,
morcegos e entre outros, são fontes de desenvolvimento
e transmissão desse fungo.
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Afeta humanos, animais domésticos e silvestres.
Assim como a PCM, a histoplasmose é uma micose
endêmica, porém com uma zona de distribuição muito
mais ampla.
Se encontra em maior concentração em cidades
grandes, onde há construções abandonadas que servem
de abrigo para animais como, palomas (bombos) e
morcegos. Dessa forma, é frequente a contaminação de
pessoas que frequentam estes locais como, moradores de
rua, mendigos e crianças.
Além das cidades grandes, as cavernas e criadouros
de aves são outras zonas de contaminação.
Pacientes imuno-deprimidos afetados por SIDA,
leucemias, linfomas ou em tratamento com corticites, ao
inalar grande quantidade de esporas podem desenvolver
enfermidade grave.
VIRULÊNCIA
Após o ingresso das esporas por inalação, estas se
convertem no organismo em leveduras que, por sua vez,
são fagocitadas pelas células de defesa (mononucleares)
no intuito de degrada-las, no entanto, o fungo possui a
capacidade de inibir a degradação e permanecer em
estado de latência no citoplasma das células fagocíticas.
CLASSIFICAÇÃO - QUADROS CLÍNICOS
A variedade Capsulatum em 95% dos casos é
subclínica ou benigna, já casos sintomáticos apresentam
quadros pulmonares progressivos ou crónicos.
A PCM possui maior probabilidade de desenvolver
um quadro clínico disseminado comparado com a
Histoplasmose Capsulatum, variedade Capsulatum. Visto
que a PCM possui maior poder invasivo.
Normalmente, os quadros clínicos da variedade
Capsulatum são Histoplasmoses auto-limitadas, ou
seja, só se localizam no pulmão e não evoluem
progressivas. Não afetando assim, fígado, baço e
gânglios.
2 EDUARDA DA SILVA
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A variedade Duboisii se caracteriza por ser mais
virulenta, não apresentando quadros respiratórios e sim,
ocasionando lesões cutâneas como, granulomas, lesões
supurativas, papulomatosas ou ósseas.
-BENIGNA-
✓ ENDÉMICA - acomete indivíduos de apenas um
sitio especifico. Contudo, pode ocorrer de evoluir
para epidémica em certas estações do ano, como
primavera (mais umidade). Pode apresentar quadro
subclínico, pulmonar sintomático ou cutânea
primaria (por lesão percutânea - pouco frequente).
Indivíduos que residem em regiões endémicas
normalmente apresentam quadros subclínicos com
sintomas inespecíficos, onde se aplica o teste da
Histoplasmina -PPD, Diversas Proteínas Purificadas- para
saber se paciente já entrou em contato com o fungo e
há imunidade.
Ainda, pacientes dessa zona frequentemente
desenvolvem quadros assintomáticos, devido a
exposição continua ao fungo, adquirindo assim,
resistência.
✓ EPIDÊMICA - há maior número de casos,
apresenta pulmonar aguda e disseminada.
-OPORTUNISTA-
✓ DISSEMINADA - apresenta fulminante infantil
(quanto mais jovem o paciente, mais graves são os
casos), imuno-deprimidos e crônica de adultos.
Quanto mais jovem for o paciente, mais grave são
os casos, isso significa que as crianças quando
desenvolvem a forma disseminada apresentam
diretamente o quadro fulminante. Já os adultos são
pacientes crônicos, ou seja, inalam as esporas e estas
formam granulomas que entram em estado de
latência, gerando a forma disseminada somente muito
tempo depois.
Há casos em que pode-se desenvolver a forma
disseminada diretamente nos adultos, sendo casos de
pacientes imuno-deprimidos (pulmonar crônica).
✓ PULMONAR CRÔNICA - quando há reativação do
fungo depois de muito tempo. Acomete pacientes
com SIDA, neumopatia ou cavitária (formação de
feridas).
Logo, crianças menores de 2 anos, adultos com mais
de 54 anos, pacientes com quadro pulmonar crônico,
SIDA e etc, são fatores que pré-dispõem o individuo a
desenvolver uma histoplasmose disseminada.
DIAGNÓSTICO
Exame Direto, onde se coleta amostra respiratória,
biopsia (pele/mucosa) ou escarificação (pele/mucosa), se
aplica coloração de Giemsa e observa em microscopia.
A microscopia irá identificar Histoplasma sp, ou seja,
somente gênero, não diferencia especie (variedade). Para
diferenciação de especie recorre a biologia molecular.
Diferentemente da PCM que possui um cultivo
inviável, a Histoplasma Capsulatum possui um cultivo
que cresce em menos de 1 semana. No entanto, requer de
laboratório de microbiologia com nível de bioseguridade
categoria 3 e em alguns casos, 4.
A serologia* também é um método de diagnostico
para Histoplasma Capsulatum, o soro proveniente da
extração de sangue realizada no paciente passará por
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uma imuno-difusão radial (técnica que determina
quantidade ou concentração de um antígeno na amostra).
O diagnóstico diferencial se faz necessário para distinguir
Histoplasmose de outras enfermidades, como:
As formas pulmonares podem ser confundidas com
Tuberculose pulmonar, Coccidiodomicoses, Criptococosis,
PCM, COVID-19, pneumonias virais e bacterianas, etc.
Já as formas cutáneas podem ser confundidas com sífilis
tardia, neoplasias (câncer de pele) e esporotricoses.
IDENTIFICAÇÃO MICROSCOPICA
Forma Micelial: Macroconídios Leveduras no citoplasma de
célula fagocítica
A variedade Capsulatum possui pequenas células nos
hisciotitos, já a variedade Duboisii possui leveduras
grandes em células gigantes.
COCCIDIODOMICOSE
O agente causal da Coccidiodomicose na California é
Coccidioides Immitis e fora desta zona é o Coccidioides
Posadasii.
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Estes fungos não atingem uma zona endêmica muito
ampla. Estão relacionados com regiões de clima seco,
desértico, com baixo índice pluviométrico, solo
alcalino e de alta salinidade (fungo halófilo).
Acomete camponeses, soldados, arqueólogos,
trabalhadores de construções, entre outros, através do
solo contaminado.
Não há predileção por idade, raça ou gênero.
VIRULÊNCIA
Entre os fungos causadores de micoses sistêmicas,
este fungo se caracteriza por ser o mais virulento.
Diferentemente da PCM e Histoplasmose que são
adquiridas por inalação de esporas, a Coccidiodomicose
é adquira por inalação de artrosporas*. As artrosporas
são estruturas fúngicas em fase micelial que se
encontram no solo ou cultivo laboratorial, as hifas destes
fungo se fragmentam em cadeias de artroconidios,
podendo se disseminar com maior facilidade.
Após inaladas, as artrosporas se alojam nos alvéolos
pulmonares e se convertem em sua forma leveduriforme
no interior do organismo, que são caracterizadas por
conter endosporas. As leveduras possuem proteasas
próprias (enzimas de degradação), que rompem a
membrana da própria levedura no intuito de liberar as
essas endosporas. As proteasas além de romper a
membrana da levedura, rompem células e tecidos do
hospede, atuando como imunógeno (ativando todo
sistema imunológico).
Artrosporas
Hifa
Levedura com
endosporas
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CLASSIFICAÇÃO - QUADROS CLÍNICOS

Atua como patógeno primário em indivíduos

saudáveis e como oportunista em imuno-deprimidos.
O paciente ao se infectar por lesão percutânea
desenvolve a primária cutânea (pouco frequente, se
assemelha com esporotricose) e por inalação,
desenvolve a primária pulmonar.

CUTÂNEA - excepcional

PULMONAR
✓ PRIMÁRIA - se desenvolve assintomática em 60% dos
casos e em 40% é sintomática. A sintomática pode-se apresentar
de forma leve, moderada ou grave dependendo do estado
imunológico do individuo. Simulam um quadro gripal banal.
A sintomática pode evoluir para o quadro pulmonar
secundário, ao entrar em estado de latência e formar granuloma.

✓ SECUNDÁRIA - ocorre ao entrar em estado de latência e

sofrer reativação endógena tempo depois. Desenvolverá um
quadro crônico benigno ou progressivo ou ainda, diretamente
como Disseminada (meningea, cutânea ou generalizada).

P.Primária Cutânea P.Secundária Disseminada

DIAGNÓSTICO

É realizado um Exame Direto, onde se coleta esputo,

exudado ou lavado broncoalveolar, com Hidróxido de
Potássio ou Yodopovidona (Lugol) e se observa as
leveduras em microscopia.
O cultivo pode ser realizado, contudo, não é
recomendado devido ao alto risco de contaminação,
necessitando de laboratório de bioseguridade nível 3.
IDENTIFICAÇÃO MICROSCOPICA

Na fase infectante se observa hifas contendo

artroconidios/artrosporas, estas se fragmentam liberando
a forma infectante.
Na fase leveduriforme se observa leveduras endo-
esporuladas (contém esporas em seu interior).
Fase Saprófita - Infectante Fase Leveduriforme - Diagnóstica

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