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Filosofia da Linguagem

Linguagem e contextos. Extensão e intencionalidade

Nesta webaula, você poderá entender o conceito de intencionalidade em uma


perspectiva filosófica. 

Intencionalidade filosófica

O filósofo e psicólogo alemão Franz Brentano (1838-1917) apresentou significativas


contribuições para o campo filosófico, em especial para Ética e Filosofia da Linguagem,
Filosofia da Mente e Ontologia. 

Em seus escritos, ele expôs alguns critérios para diferenciar os fenômenos físicos e os
fenômenos mentais. Para isso, estabeleceu três premissas:

 O fenômeno mental é objeto exclusivo da percepção interior.


 Os fenômenos mentais sempre aparecem como uma unidade.
 São sempre intencionalmente orientados para um objeto (SILVA, 2008). 

Ao considerar essas proposições e o aspecto intrínseco dos fenômenos mentais,


Brentano deduziu que existiam certas características que definiam os fenômenos como
mentais e físicos. 

Enquanto os fenômenos mentais são percebidos pela consciência, os fenômenos


físicos são observados apenas na exterioridade. Assim, segundo ele, para compreender
os fenômenos mentais (intencionais), é necessário considerar o percurso dos atos
mentais no plano da consciência. 

Nesse contexto, Brentano insere a noção de intencionalidade para explicar a escolha das
palavras e o seu direcionamento para um objeto específico.

Todo fenômeno mental está caracterizado pelo que os escolásticos da Idade Média
chamaram a in-existência intencional (ou mental) de um objeto, e que nós poderíamos
chamar, embora não totalmente sem ambiguidade, relação a um conteúdo, direção a um
objeto (o que não é entendido como uma realidade), ou objetividade imanente. Todo
fenômeno mental inclui em si mesmo algo como objeto, embora nem todos eles o façam
da mesma forma

Brentano, 1995, p. 68.

Para o filósofo austríaco Alexius Meinong (1853-1920), a intencionalidade é vista como


um direcionamento de uma ação para um objeto na realidade concreta. Além disso, o
pensador austríaco ainda afirmou que os objetos não existentes poderiam ser, de certa
forma, reais; o que implica dizer que o objeto é fundamental para o fenômeno da
intencionalidade (SILVA, 2008).
O filósofo e matemático alemão Edmund Husserl (1859-1938) ocupou-se com a noção
de sentido, apresentada inicialmente por Gottlob Frege (1848-1925), afirmando que a
intencionalidade é a própria consciência, ou seja, consciência de alguma coisa. A partir
disso, Husserl considera que há uma intencionalidade na consciência, a qual possibilita
a constituição do significado. 

 Portanto, quando o indivíduo tem consciência de uma determinada ação e se coloca


no mundo, dirige a sua atenção visual, construindo uma sabedoria e definindo um
percurso racional da ação para um fim (SILVA, 2008).

Por dentro da BNCC

Segundo a BNCC (2018, p. 171), a área de Linguagens e suas tecnologias propõe o


desenvolvimento de certas habilidades, como “identificar os efeitos dos modos verbais,
considerando o gênero textual e a intenção comunicativa”, relacionada ao conceito aqui
apresentado. 

Pesquise mais

O livro Pragmáticas: vertentes contemporâneas discorre a respeito dos fenômenos


pragmáticos com base em diferentes ângulos, como a relação pragmática e filosofia,
pragmática formal e pragmática cognitiva, entre outros. 

Livro disponível na Biblioteca Virtual Pearson. 

PERNA, C. B. L.; GOLDNADEL, M.; MOLSING, K. V. Pragmáticas: vertentes


contemporâneas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2016, p. 10-17. 
Nesta webaula, observamos o conceito de intencionalidade filosófica a partir dos
estudos de Franz Brentano, Alexius Meinong e Edmund Husserl. 

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