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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Faculdade de Letras e Ciências Sociais


Departamento de línguas

Curso: Tradução Inglês/ Português, Laboral

Tema: Breve historial do surgimento da Psicolinguística

Disciplina: Fundamentos de Psicolinguística

Discentes: Eugénio Dimande


Laurenço Munguambe
Janete

Docente:
Prof. Doutora Julieta M. Langa

Data:
Maputo, Agosto/ 2019
Breves Considerações sobre o Surgimento da Psicolinguística

A Psicolinguística, apesar de ser uma ciência emergente, tem um historial que remonta a um
passado distante, concretamente a Grécia Antiga, tendo como base, as visões dialécticas que
surgiram de Platão e Aristóteles. Estas visões podem ser divididas em dois grupos,
nomeadamente: empirista e racionalista.

A primeira circunscreve-se na obtenção de conhecimento, por meio da observação e da


experiência. Portanto, Aristóteles, defensor desta visão, acreditava que “a realidade situa-se
somente no mundo concreto de objectos que nossos organismos percebem” (Stemberg,
2000:23).

A segunda visão, nacionalista, utiliza o método introspectivo lógico para compreender o


mundo e as relações entre as pessoas e o mundo. Esta foi a filosofia de Platão, na qual
defendia que a realidade era algo que existia em formas abstractas que os objectos
representam em nossas mentes. Os racionalistas tendem a deduzir exemplos específicos de
um fenómeno, baseando-se em princípios gerais.

Além da dualidade supramencionada, há um outro fenómeno, concernente a origem das


ideias, com repercussão até à actualidade, ou seja:
Segundo Aristóteles, as ideias são adquiridas através da experiencia, enquanto para Platão, as
ideias são inatas, isto é, fazem parte do individuo, desde o seu nascimento.

A visão Aristotélica, empírica, influenciou alguns filósofos como Locke, que deu origem ao
conceito de Tabua Rasa (quadro branco), procurando defender que o homem nasce sem
conhecimento.

Por outro lado, Descartes chegou a conclusão de que as ideias são inatas, partilhando o ponto
de vista de Platão, assumindo que os sentidos são enganosos, incertos e não favorecem uma
via segura de acesso ao conhecimento através das informações que os perpassam.

Psicologia e Linguística antes da Firmação como Autónomas

Antes da concepção da Psicolinguística como disciplina científica, houve uma fase em que a
Psicologia e a Linguística abordavam a questão central sobre a relação pensamento e
linguagem, denominada Psicologia da linguagem. Vejamos os princípios secundados em cada
esfera.
No Âmbito da Psicologia

Segundo Sternberg (2000), a Psicologia moderna iniciou com a fusão de entre a filosofia e a
fisiologia (medicina). A filosofia vista como introspecção e a fisiologia vista como
empirismo.

Mente e Comportamento - no âmbito da mente há um objectivo de compreender a mente


humana, por meio do estudo de sua estrutura, como, por exemplo, o estudo de suas estruturas
anatómicas (biológica) do corpo. No âmbito do comportamento estudam-se as funções de
cada organismo, isto é, o modo como o processo é realizado no estudo da fisiologia
(medicina).

Três Correntes de Pensamento

A partir das duas perspectivas supramencionadas, derivaram três correntes de pensamento,


nomeadamente: o estruturalismo, funcionalismo e associacionismo.

O estruturalismo, procura entender “a estrutura da mente, suas percepções, analisando os


factores que constituem tais percepções” (op.cit., p. 25), um dos principais percursores foi o
psicólogo Wundt (1832-1920), que estudou os fenómenos da linguagem a procura da chave
da psique humana.
O funcionalismo focaliza-se nos processos de pensamento, isto é, como a mente funciona e
não no seu conteúdo.

O associacionismo acredita numa síntese entre os factos ou ideias e a sua associação na


mente, que resultam numa forma de aprendizagem. Hermann Ebbinghaus (1850-1909), um
de seus percursores, aplicou este princípio, através do estudo de seus próprios processos
mentais. Um outro associacionista, Edward Lee Thorndike (1874-1949) acreditava que “ Um
organismo aprende a responder em uma determinada maneira, em uma dada situação, se for
repetidamente recompensado por fazer isso (a satisfação que serve como estímulo para as
futuras acções) ” (op.cit,p.28).

Importa referir que há uma versão extrema do associacionismo, denominado behaviorismo,


que focaliza a associação entre um estímulo observado a uma resposta também observada
Skinner (1904-1990). Skinner foi considerado radical porque sugeriu que todo
comportamento humano poderia ser explicado pelas relações estimulo-resposta, verificáveis
através da observação do reino animal. Desta forma, este autor rejeitou os mecanismos
mentais e aplicou esse modelo a aprendizagem, aquisição de linguagem e ao comportamento
social humano.

No Âmbito da Linguística

A linguística também sofreu influência de antecedentes históricos da filosofia platónica,


sendo que havia duas visões opostas de linguagem: linguagem como fonte de conhecimento e
como um simples meio de comunicação (weedwood, 2002:24).
A linguística histórica firmou se como ciência autónoma no séc. XIX, tendo passado de uma
disciplina normativa para um instrumento de fixação, interpretação e comentário de textos.

Até então a língua era vista como produto, mas Humboldt (1767-1835) começou a vera a
língua numa perspectiva diferente: a) 1º - a de que teria duas formas: externa (os sons) e
interna (sua estrutura, gramática e seu significado); 2º - a de que ela é um processo
dinâmico, uma actividade (energea) definida como a capacidade do espírito humano de usar
sons articulados para expressar um número infinito de frases. Estas ideias foram absolvidas
pelo psicólogo Wundt e se estenderam para o estruturalismo linguístico e para as gramáticas
generativas.

Chomsky e Saussure, grandes percursores da linguística, sendo que o ultimo e considerado o


pai da linguística, partem de algumas concepções humboldianas para criarem as suas
dicotomias sobre seu objecto de estudo.
Saussure traz a ideia da língua como um sistema de valores estruturado e autónomo, que é
subjacente a toda e qualquer produção linguística, seja ela feita em português, inglês, libras,
etc. Portanto, a partir deste pressuposto a linguística passa a ser concebida como ciência e não
só descreve factos linguísticos como também busca uma explicação coerente para a sua
ocorrência.

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