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GR UPOS INTERATIVOS ESCOLA

No. 2 - NOVEMBRO 2011 - FERRAMENTAS DE TRABALHO PARA OS PROFESSORES

N.O1 • OUTUBRO 2011 LEITURA DIALÓGICA:


MAIS ESPAÇOS DE LEITURA
Grupos interativos

N.O2 • NOVEMBRO 2011


Leitura dialógica
COM MAIS PESSOAS
N.O3 • DEZEMBRO 2011
Participação e Formação de
Familiares

N.O4 • JANEIRO 2012


Tertúlias dialógicas

N.O5 • FEVEREIRO 2012


Prevenção da violência de gênero
ADRIANA AUBERT/ EQUIPE DE COMUNI- isto será possível graças ao aumento das
DADES DE APRENDIZAGEM CREA-UB interações leitoras em outros espaços,
além da sala de aula, durante diferentes
N.O6 • MARÇO 2012 Muitas crianças que fracassam na momentos, além do horário escolar, e
escola não conseguem ser bons leitores com a maior diversidade de pessoas, e
Convivência e vivenciam a aprendizagem de leitu- não apenas o corpo docente da escola..
ra e escrita como mais uma faceta de
um sistema educacional imposto, e não O QUE É A LEITURA DIALÓGICA?
como uma das maiores experiências de A concepção de leitura dialógica se
N.O7 • ABRIL 2012 aprendizagem que temos. Isso se deve, enquadra nas características principais
Desenvolvimento emocional em grande parte, ao fato de que os cur- da sociedade atual na qual existe uma
rículos escolares e a didática não levam crescente presença do diálogo em to-
em consideração aspectos suficiente- das as esferas sociais: desde o domicílio
mente necessários para a aprendizagem. até a política global (Flecha, Gómez &
N.O8 • MAIO 2012 Por exemplo, as interações desses meni- Puigvert, 2001). Por outro lado, susten-
Transformação do entorno nos e meninas com diferentes pessoas ta-se na concepção comunicativa da pes-
em suas casas e no bairro, ou no povoado soa e da aprendizagem, que a interação
onde vivem, em relação com a leitura. e o diálogo estão no centro da atenção.
A leitura dialógica é uma concepção Segundo a psicologia sóciocultural de
N.O9 • JUNHO 2012 do ato de leitura como atividade princi- Vygotsky (1995), a aprendizagem par-
palmente social (mais do que em uma te sempre da interação social, de modo
Educação em valores que os meninos e meninas atingem
relação individual entre pessoa e texto).
Por isso, o diálogo é convertido em peça níveis mais altos de desenvolvimento at-
fundamental para alcançar uma com- ravés da colaboração com seus iguais e
preensão leitora profunda e criativa. E supervisionados por uma pessoa adulta.
2 COMUNIDADES
ESCOLA
DE APRENDIZAGEM

O desenvolvimento cognitivo, portanto, As análises sobre leitura de orien- fabetização, fortalecer a coordenação
depende da interação social através da tação dialógica ressaltam a melhoria em entre escola e família, assim como gerar
qual a cultura, a sociedade e a cognição aspectos como a compreensão leitora, o transformações pessoais e sociais que
se transformam. George Herbert Mead vocabulário ou a leitura crítica. Através têm um impacto positivo nos alunos, nos
(1934) também desenvolveu a ideia de do incremento da interação ao redor processos de leitura e na experiência es-
que internalizamos o que previamente da leitura nessa diversidade de espaços, colar em geral.
vivenciamos na interação com outras os alunos melhoram significativamente Aprendizagem Dialógica é a base a
pessoas. Aplicado à leitura, o auto con- as competências de linguagem e desen- partir da qual se levam a cabo as Atuações
ceito de leitor dos meninos e meninas volvem certas ferramentas cognitivas Educativas de Êxito, como os Grupos In-
terá muita relação com estas interações, que promovem o sucesso em sua alfabet- terativos. Estas atuações são colocadas
e, por isso, é necessário desenhar con- ização (Ninio & Snow, 1986). em prática nas Comunidades de Apren-
textos de aprendizagem para as crianças dizagem, centros de Educação Infantil,
que experimentem interações positivas e CONCRETIZANDO OUTROS ESPAÇOS, OUTROS Fundamental e Médio, a maioria público
agradáveis baseadas nas altas expectati- TEMPOS, OUTRAS INTERAÇÕES e alguns privados subsidiados pelo Estado
vas como leitores. As atuações leitoras de êxito que es- que, independentemente de seu contexto
O êxito da perspectiva de leitura tão alinhadas com o enfoque da leitura socioeconômico, apostam no êxito educa-
dialógica é baseado precisamente em ir dialógica envolvem tanto os familiares tivo para todos e todas.
além dos processos cognitivos individ- que frequentam as bibliotecas escolares
uais de leitura, na direção do processo para ajudar os alunos a ler, como os vol-
intersubjetivo de compartilhar a alfabet- untários que atuam como facilitadores
ização com outras pessoas em alguns da leitura de contos com os meninos Nas salas de aula, muitos
dos múltiplos contextos que conectam e meninas nas salas de aula, e também
a escola e as famílias (Teberosky & Sol- para ajudar com as atividades de com- centros educacionais
er Gallart, 2003). Não se pretende que a preensão de leitura. Além disso, envolve superaram com êxito
compreensão seja individual, mas através as famílias que se alfabetizam e que leem
deste processo intersubjetivo de leitu- livros de literatura clássica nos centros
o binômio professor-
ra baseado no diálogo igualitário – no educacionais, e os meninos e meninas aluno, modificando sua
qual o que pesa são os argumentos que com diferentes níveis de habilidade leito- organização tradicional e
sustentam a interpretação, e não o sta- ra que se ajudam mutuamente, e que dis-
tus da pessoa que os expõe – os leitores cutem conjuntamente as leituras. Tudo suas dinâmicas.
e as leitoras reforçam sua compreensão isso transforma o contexto sociocultur-
leitora, aprofundam-se na interpretação al da aprendizagem e desenvolvimento
literária, e refletem criticamente sobre a alfabetizador (a sala de aula, a escola, a
vida e a sociedade, o que gera possibili- casa, e outras áreas da comunidade) que,
dades de transformação pessoal e social. por sua vez, fomenta a leitura do aluno
A motivação dos estudantes para ler e sua competência leitora. Nas salas de Referências :
e discutir o que leem é conseguido graças aula, muitos centros educacionais su- » Flecha, R.; Gómez, J.; Puigvert, L.
à diversidade de vozes dialógicas: entre peraram com êxito o binômio profes- (2001): Teoría sociológica contemporánea.
iguais e pessoas adultas da comunidade sor-aluno, modificando sua organização Barcelona: Paidós.
como pai, mãe, irmãos e irmãs, outros fa- tradicional e suas dinâmicas. Por exem- » Freire, P.; Macedo, D. (1989). Alfabet-
miliares, amigos, pessoas da vizinhança, plo, incluíram outras pessoas adultas, ización. Lectura de la palabra y lectura de la
membros da comunidade, voluntariado. além dos professores, com a finalidade de realidad. Barcelona: Piadós (v.o. en 1987).
Essa diversidade que encontramos no apoiar a aprendizagem da leitura em gru- » Mead, G.H. (1973): Espíritu, perso-
contexto da comunidade é incluída no pos interativos e nas atividades de leitura na y sociedad: desde el punto de vista del
processo de leitura dialógica como uma compartilhada. Também transformaram conductismo social. Barcelona: Paidós
fonte de aprendizagem e um recurso suas bibliotecas tradicionais em biblio- (v.o.1934).
para ser explorado. Paulo Freire enten- tecas tutoradas, tornando esse espaço » Ninio, A.; Snow, C. (1986): “The con-
dia a leitura não como algo mecânico, flexível e adaptável às necessidades dos tracts of literacy: What children learn from
mas como “leitura do mundo” (Freire e alunos e da comunidade. Finalmente, learning to read books”, en Teale, W.H.;
Macedo, 1989). Leitura do mundo que é fomentaram a participação dos famili- Sulzby, E. (Eds.): Emergent literacy: Writ-
enriquecida quanto mais diversas sejam ares nas atividades de leitura nos centros ing and reading, Norwood, NJ: Ablex, pp.
as pessoas com quem a compartilhamos. educacionais, desde a alfabetização até as 116-138.
Na leitura dialógica, o significado, a com- tertúlias literárias dialógicas. » Teberosky, A.; Soler Gallart, M.
preensão e a aprendizagem são intensifi- Estes centros educativos estão con- (Eds.). (2003). Contextos de alfabetización
cados através das interações que esta- seguindo aumentar a motivação dos inicial. Barcelona: IC E/Horsori.
belecem as diferentes pessoas na relação meninos e meninas pela leitura, mel- » Vygotsky, L.S. (1995): Pensamiento y
com um texto. horar suas habilidades de leitura e al- lenguaje. Barcelona: Paidós.
COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM
ESCOLA
3

A LEITURA DIALÓGICA NA COMUNIDADE


DE APRENDIZAGEM “AMISTAT”
MONTSERRAT YMBERT E JOANA RODRÍ- do reforço de leitura com os alunos do • Deixei de ler alguma letra?
GUEZ. PROFESSORAS DA ESCOLA AMISTAT 3o. do Ensino Fundamental I: • Fiz melhor do que na semana pas-
– COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM
Diana, neste caso, uma mãe vol- sada?
(GIRONA)
untária, chega na hora combinada, se co- • Entendi tudo?
loca na mesa que foi preparada, longe da • Pude deduzir as palavras que não
A Comunidade de Aprendizagem sala, para que possam estar três pessoas entendia?
“Amistat” está localizada na cidade de lendo conjuntamente, e pega o material • Gostei do assunto da leitura?
Figueres, na Costa Brava [Espanha], que vão utilizar. Pode ser um livro de lei- • Que leitura gostaria de fazer na
na beira do mar, perto da França. Pro- tura, álbum, livro temático... Hoje devem próxima vez?
fessores e familiares decidiram realizar ler um artigo da revista “Cavall Fort” que Finalmente, é realizada uma aval-
a transformação em Comunidade de se chama “A Cena”. Os primeiros alunos iação compartilhada entre cada um dos
Aprendizagem por várias razões, uma das que se dirigem a Diana são Mohamed alunos e alunas, pela parte do outro es-
quais foi o desejo de adequar as apren- e Paula. Primeiro, fazem a leitura em tudante e da voluntária. Ao terminar, Di-
dizagens que oferecíamos à sociedade da silêncio, depois, cada um deles, alterna- ana manifesta sua satisfação pelo esforço
informação, assim como a aproximação damente, vai lendo em voz alta. Diana e melhora das meninas e meninos que, a
entre os processos de ensino e aprendiza- está atenta para que as palavras sejam cada semana, leem com ela. Ela recomen-
gem, e os princípios da “Aprendizagem corretas, explica as estratégias de um da ler em casa e, inclusive, comenta que,
Dialógica”. bom leitor, faz com que eles leiam cor- antes de dormir, é relaxante e reconfor-
Neste pequeno artigo nos centramos retamente as pausas, vírgulas, pontos... tante ler algo que seja de seu gosto.
em nossa experiência de leitura dialógi- Quando terminam de ler o artigo, entre Mohamed e Paula voltam para suas
ca, que compreende a realização da leitu- os dois comentam aquilo que mais lhes mesas e Diana começa de novo com
ra em interação com outra ou outras pes- interessou, qual é o significado daque- Habbib e Martina, até que tenham pas-
soas, criando espaços de discussão. Este la leitura, como relacionam isso com a sado para ler todos os alunos da classe.
tipo de leitura não se realiza somente vida cotidiana, com as coisas que acon- Todos eles participam desta es-
na classe ou na biblioteca, mas também tecem hoje no mundo, etc. Ao terminar tratégia de aprendizagem dentro dos
pode ser feita em diferentes contextos. a reflexão crítica, os alunos fazem uma princípios da escola inclusiva e da não
Assim foi como, em nosso centro edu- autoavaliação, respondendo às seguintes segregação.
cacional, propusemos as atividades que perguntas: Perguntamos aos alunos e alunas o
chamamos “reforço de leitura”. • Como eu li? que eles pensam sobre essa atividade. A
Não se trata de atividades mecâni-
cas. Não só permitem melhorar a dicção,
a entonação ou o vocabulário, mas vão
muito além, porque reestruturam o que
sabemos com novas contribuições. É
uma atividade muito motivadora, porque
demonstra para os meninos e meninas
que ler com o outro é aprender com os
demais, e aprender criticamente muitas
coisas que antes não sabiam ou que, soz-
inhos, talvez, nunca tivessem aprendido.
Esta atividade de reforço à leitura é
realizada em horário escolar com vol-
untários e voluntárias que vão à escola
por uma hora semanal (mínimo) em um
ano escolar determinado. O voluntariado
costuma estar formado por estudantes
que, na maioria dos casos, são ex-alunos
ou familiares dos meninos e meninas.
A seguir relatamos uma sequência
4 COMUNIDADES
ESCOLA
DE APRENDIZAGEM

maioria comenta que adora porque não recebem, a cada semana, reforça a vonta- democrática real das famílias e voluntári-
termina até que não tenha entendido bem de dela voltar na semana seguinte. os na escola. Seria muito difícil organizar
a leitura, e também eles adoram o fato de Apesar de que é sabido que não existe um reforço de leitura com voluntariado se
que uma pessoa adulta dedique seu tempo uma inteligência só, a chamada inteligên- não fosse porque a escola é uma Comuni-
a eles: faz com que se sintam muito impor- cia acadêmica abre muitas portas para dade de Aprendizagem. As famílias estão
tantes e dá sentido ao que aprendem. O as pessoas que a possuem. A importân- muito acostumadas a serem uma parte
fato de que uma mãe, um pai, um ex-alu- cia, pois, de realizar a leitura, e de seu importante de toda a maquinária que co-
no, uma vizinha dedique seu tempo para esforço em nossa escola, tem diferentes locamos em funcionamento, a cada ano
aprender conjuntamente com os meninos dimensões: 1) a acadêmica, que implica escolar, para poder atingir os melhores
da escola tem uma dupla consequência. melhorar o sucesso escolar de nosso alu- resultados acadêmicos de seus filhos. Fi-
Por um lado, o menino ou a meni- no e, como consequência, oferecer-lhe nalmente, apenas cabe acrescentar que a
na se sente importante porque uma pes- um futuro com esperança; 2) a dimensão participação de pessoas adultas de difer-
soa adulta, de forma altruísta, quer en- social, porque o fato de que participem entes procedências nas atividades esco-
sinar-lhe algo, o que, além disso, faz com jovens que estão no ensino médio ou fac- lares curriculares e não curriculares é uma
que a criança se sinta capaz e, portanto, uldade, e familiares de culturas diversas, ajuda muito valiosa para a convivência e a
melhora a motivação e a autoestima. Por favorece com que todos os grupos sociais resolução de conflitos. Os familiares par-
outro lado, Diana comenta sua enorme que formam parte da comunidade escolar ticipam dos grupos interativos, da ambi-
satisfação em poder ajudar aos pequenos se sintam importantes e, ao mesmo tem- entação da escola, das tertúlias literárias
a avançar em suas aprendizagens. Perce- po, que a escola se transforme em uma para pessoas adultas, das festas populares
be sua capacidade de acrescentar apren- instituição muito importante para todas e do colégio, da gestão do centro, como já
dizagens ao outro, criando, assim, um as famílias do entorno. O reforço da lei- comentamos antes; e, definitivamente, do
clima de confiança e de solidariedade. O tura se inclui dentro de muitas outras es- desenvolvimento de todas as atividades
sorriso com que os meninos e meninas a tratégias organizadoras e de participação realizadas.

LEITURA DIALÓGICA EM DUPLA


MÓNICA MOLINA/TUTORA DO 3O. ANA » Partir do diálogo igualitário, base- » Partir da igualdade das diferenças
PIZARRO/ORIENTADORA DO CENTRO E ando-se nas interações igualitárias que se sem renunciar o desejo de conseguir o
MEMBRO DO EOEP DE MÉRIDA. CRA LA máximo de desenvolvimento de todos e
produzem na dupla. Ou seja, tanto o tutor
ENCINA (BADAJOZ).
ou a tutora, como o tutorado ou tutorada, todas, por isso, na formação de duplas,
argumentam sobre suas reflexões e co- utilizamos critérios que garantam a het-
O “CRA La Encina” (centro rural mentários a partir do respeito das ideias e erogeneidade.
agrupado) é uma escola integrada por propostas do outro membro da dupla. » A partir da solidariedade todos
três comunidades (Valdetorres, Manchi- » Partir da inteligência cultural, os e todas devem conseguir o máximo de
ta e Cristina) da província de Badajoz, alunos e os familiares colocam suas ex- aprendizagem e esta prática é um meio
e é uma Comunidade de Aprendizagem periências e conhecimentos diferentes, de potencializar, partindo do lugar onde
desde o ano letivo 2008-2009. Durante incorporando à leitura não só propostas cada aluno e aluna se encontra para con-
o ano letivo 2010-2011 nos propusemos acadêmicas, mas também comunicativas seguir seu máximo desenvolvimento
iniciar a leitura dialógica em duplas no e práticas. possível.
3o. do Ensino Fundamental I. Para tanto, » Partir do princípio de transfor- Sobre a formação das duplas, são
colocamos em prática o programa “Lem- mação, como forma corresponsável utilizados os mesmos critérios de outras
os em dupla” incorporando as propostas de comprometimento na educação de práticas dialógicas: heterogênea quanto
da Aprendizagem Dialógica. nossos alunos, filhos e filhas, que irá re- a sua habilidade curricular, capacidade,
O objetivo da experiência foi mel- querer algumas transformações em nos- gênero, aspectos de conduta, atenção e
horar a habilidade de leitura e, espe- sa maneira de agir. Também será uma inversão dos papéis de tutor e tutorado,
cialmente, a compreensão na leitura oportunidade para melhorar as situações de forma alternada, a cada quinze dias.
dos alunos através da interação entre escolares de aprendizagem. Por outro lado, o envolvimento das
iguais, potencializar o envolvimento das » Partir da criação de sentido, ao ga- famílias é fundamental. Estamos conven-
famílias nas aprendizagens escolares, e rantir a leitura entre iguais e o envolvi- cidos de que a participação de familiares
aplicar metodologias inclusivas; tudo isso mento da família, o que contribui para é um elemento chave para conseguir
através da intervenção dos princípios da compreender e interiorizar a importân- melhores resultados e o sucesso educa-
aprendizagem dialógica aplicada à leitu- cia da leitura e que esta seja apropriada cional, e, nesse sentido, propomos as se-
ra em dupla que são os seguintes: e praticada. guintes atuações:
COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM
ESCOLA
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» Sessão inicial com todas as famílias


do grupo para informar sobre a prática
que pretendemos desenvolver, analisar
dificuldades e possibilidades para seu
desenvolvimento, assim como verificar
as disponibilidades das pessoas para co-
locar em prática o projeto.
» Sessão informativa centrada em
conhecer as atividades que devem re-
alizar com seus filhos e filhas em casa
para conseguir sua “capacitação” como
“tutores” de um colega, entrega de um
roteiro com as pautas e atividades que
devem realizar, e visualização de vídeos
ou realização de role-playing .
» Entregar para cada família, 15 dias
antes da intervenção, o texto e uma fol- os alunos-tutores recebem o material na Como aspectos mais positivos, é
ha com as atividades correspondentes sessão anterior para poder preparar a favorecido o envolvimento das famílias
dos alunos tutores para que, durante este atividade com suas famílias em casa. no processo leitor, é incrementado o in-
período, preparem o trabalho com seus » Na primeira meia hora é feita a ativ- teresse e a motivação dos alunos para a
filhos e filhas. idade de leitura. Pede-se que a dupla per- leitura, há uma melhora considerável na
» Finalmente, entrega-se para gunte entre si sobre as características do velocidade e na compreensão da leitura,
cada família uma folha para registrar a texto que foi lido. A seguir, o aluno-tutor é fomentada a colaboração, ajuda e res-
evolução de seu filho ou filha nessa lei- faz uma primeira leitura do texto, agin- peito ao ritmo de aprendizagem entre as
tura, a compreensão de texto, as dificul- do como modelo; e, depois, ambos leem pessoas participantes, e é incrementada
dades encontradas, sugestões, etc. em voz alta, o tutor marcando a veloci- a responsabilidade do aluno ao ter que
Quanto aos alunos, antes de começar dade, a pronúncia, e a entonação. E, por preparar a leitura adequadamente, pois
propriamente o programa, haverá uma último, o aluno tutorado lê enquanto o ele será o “professor” do seu colega.
sessão explicativa sobre a prática, eles tutor utiliza o seguinte procedimento: a) Como contrapartida, o projeto supõe
assistem a um vídeo sobre o que devem marca quando o tutorado erra, b) espe- certa carga de trabalho para o professor
fazer como tutores e tutorados, entre- ra uns segundos para que ele mesmo se ou professora que se envolve, apesar de
ga-se um texto com atividades e expli- corrija, c) oferece uma pista – ou várias que, tendo em vista o fato de que a apren-
ca-se, passo a passo, o que devem fazer. – ou, finalmente, dá a opção correta. Esta dizagem da leitura é acelerada, então vale
Nesta sessão, a pessoa encarregada de tu- primeira parte termina com um reforço a pena o esforço. Quando os alunos estão
torar deve agir como modelo para que os social positivo por parte do tutor (uma em dupla, se algum deles não traz a lei-
alunos observem qual deve ser seu papel. frase de apoio ou um gesto de incentivo). tura preparada, a distribuição das duplas
O tipo de texto que se deve iniciar » Na segunda meia hora as ativi- se quebra e, então, fazem trios, ainda que
a experiência é narrativo, de preferên- dades são centradas na compreensão do isso seja apenas a solução temporária que
cia contos, para passar, posteriormente, texto. Depois de refletir sobre se confere se busca para um problema. Quando o
a outros materiais relacionados com os a hipótese inicial ou não, o aluno-tutor aluno ou aluna não a traz bem preparada
conteúdos da área, extraídos dos textos, ajuda a descobrir as palavras desconhe- de casa, é mais difícil ajudar seu colega.
ou para que sejam pesquisados na in- cidas que ele previamente preparou, res- Concluindo, avaliamos que é muito
ternet. Uma vez selecionados os textos, saltam as ideias principais e respondem importante continuar desenvolvendo a
planejamos algumas atividades que os perguntas de diferentes níveis de dificul- prática de leitura dialógica em duplas,
alunos devem realizar antes e depois da dade. A seguir, é realizada uma reflexão devido a melhoria considerável que é
leitura. em dupla para analisar ou avaliar infor- percebida no processo leitor dos alunos,
Uma vez que terminam as sessões de mações que não aparecem no texto. Os sua alta motivação, o interesse, e o es-
formação prévia, começam as de tutoria últimos minutos são dedicados à leitura forço que mostram na hora de fazer uma
entre iguais. Em nosso centro educacion- expressiva. Neste caso, depois de haver atividade de leitura; algo impensável no
al, optamos por realizá-las a cada 15 dias, alcançado um conhecimento profundo início do ano letivo. O grupo apresen-
cada uma com 60 minutos de duração. E do significado do texto, o tutorado lê em tava um nível de leitura excessivamente
isso é desenvolvido ao longo do ano leti- voz alta pela última vez o texto, e conclui baixo e alguns alunos liam silabicamente.
vo. Cada sessão tem a seguinte estrutura: com uma avaliação recíproca dos alunos Atualmente, quase nenhum aluno faz lei-
» No início, o tutor distribui o texto e alunas envolvidos. tura silábica. Além disso, consideramos
breve e a folha de atividades, a partir da Como resultados obtidos a partir da como muito importante colher e inclu-
qual são propostas as atividades de com- avaliação das famílias e da tutora desta- ir as interessantes e úteis propostas que
preensão da leitura aos alunos tutorados; camos os seguintes: fazem as famílias.
6 COMUNIDADES
ESCOLA
DE APRENDIZAGEM

A BIBLIOTECA “FANTASIA” COMO ESPAÇO


TRANSFORMADOR DE DESIGUALDADES
ROSA MARIA MARTÍNEZ/DIRETORA DO
ÁNGELA MOLINA BERNÁLDEZ E EDUARDO
BARREIRA ROMERO/ CEIP ANDALUCÍA
(SEVILLA)

O “CEIP Andalucía” está imerso em


um projeto de transformação em Comu-
nidade de Aprendizagem. Como se sabe,
uma Comunidade de Aprendizagem é um
projeto baseado na participação ativa das
pessoas que compõem a comunidade esco-
lar para transformar a realidade em que se
encontram, e propiciar o sucesso escolar de
todos os alunos, assim como a criação de
um espaço democrático de participação e
convivência no centro escolar. Entre os dis-
tintos âmbitos de participação, encontra-se
a biblioteca que os alunos e alunas, através
da comissão de representantes, deram o
nome de Biblioteca “Fantasia”.
Esta é algo mais do que um espaço do O projeto de biblioteca está apoia- pliação do tempo de aprendizagem, já
centro educacional onde se reúnem livros e do por toda a Direção e é coordenado a que consiste na abertura do espaço fora
outros suportes informativos destinados ao partir da Comissão Mista de Biblioteca, do horário letivo graças aos professores,
uso escolar. É concebida como um novo es- formada por oito professores, um famil- famílias ou voluntariado, para que o aluno
paço educativo provedor de recursos para iar e a bibliotecária (contratada graças ao com maiores dificuldades obtenha uma
os alunos, para os professores e famílias, financiamento da Fundação Cajasol). Eles atenção especializada. Além desses meni-
facilitando as oportunidades para a apren- se reúnem semanalmente de 15hs à 16hs, nos e meninas, podem frequentar a biblio-
dizagem, o crescimento pessoal e comu- às terças-feiras (fora do horário de trabalho teca e fazer uso dela outros estudantes do
nitário, a coesão social, assim como o ócio e dos docentes). Além disso, quatro deles es- centro educacional, ex-alunos e ex-alunas
a criatividade. Na escola trabalhamos para tabeleceram em seu horário letivo algum ou seus familiares, seja para ler um livro,
converter a “Biblioteca Escolar Fantasia” tempo para gerenciar, planejar e dinamizar fazer suas tarefas, consultar dúvidas, etc.
em um serviço prioritário do centro edu- o funcionamento das diferentes ações que A biblioteca tutorada funciona de ou-
cacional oferecido à comunidade educativa realizam e impulsionam a partir da biblio- tubro a maio , tem uma alta participação
para cumprir os fins do projeto educativo. teca, e dois docentes participam da ativi- e assiduidade por parte dos alunos que
As funções e uso da biblioteca escolar dade de biblioteca tutorada. frequentam, o que melhorou considerav-
estão organizados em torno de seis eixos de elmente suas habilidades no âmbito da lei-
ação: A BIBLIOTECA TUTORADA tura e escrita. As atividades desenvolvidas
1. Biblioteca escolar como centro de O funcionamento da biblioteca tutora- com os alunos são variadas e, com isso, são
recursos para o ensino e aprendizagem. da, desde o ano letivo de 2005-2006, gar- atendidas as dificuldades que cada partici-
2.Desenvolvimento de alfabetização in- ante formatos semiestruturados no qual o pante apresenta na atividade. Por exemplo:
formativa e de habilidades de investigação. aluno que precisa de mais apoio, encontra » A preparação e a posterior represen-
3. Promoção e fomento da leitura e ajuda fora das cinco horas letivas. Neste tação da obra A menina que rega o man-
escrita. sentido, as atividades de fomento e pro- jericão (Lorca). Neste caso, trabalharam
4. Apoio e assessoria ao currículo. moção da leitura, que são realizadas tanto diferentes níveis de aquisição leitora que
5. Biblioteca como espaço compen- na biblioteca durante a jornada escolar, foram concretizados: decifrar a palavra
sador de desigualdades, centro de dinam- como na biblioteca tutorada, permitem escrita, corrigir os erros de pronúncia, e os
ização e de extensão cultural. oferecer uma educação de qualidade ao aspectos suprassegmentais da linguagem,
6. Organização e gestão da biblioteca nosso aluno. como a entonação.
escolar. A biblioteca tutorada permite a am- » Maria, uma aluna com problemas de
COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM
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equilíbrio emocional, conseguiu, com as Nesta tertúlia foi lido A casa de bon- nas que moram no bairro. Esta oficina foi
atividades complementares que realizou na ecas, de Ibsen, no qual todas e todos refle- desenvolvida no ano letivo de 2007-2008
biblioteca tutorada, adquirir as destrezas de timos sobre o problema da desigualdade e será desenvolvida durante o ano letivo
leitura e escrita que não havia podido alca- nos papeis da mulher e do homem, e esse 2011 - 2012, em duas tardes semanais, se-
nçar durante as atividades de sala de aula. assunto estava presente na vida de cada gundas e quartas-feiras, o que permitirá a
Jesus, um aluno um pouco “agitado”, participante. abertura da biblioteca nestas duas tardes
através das leituras compartilhadas de con- até às 18hs.
tos tradicionais da Andaluzia, junto com BIBLIOTECA, BAIRRO E PARTICIPAÇÃO Com relação ao envolvimento da
um docente, melhorou sua fluidez na lei- Para o funcionamento da biblioteca es- comunidade, queremos dar especial im-
tura. Além disso, coincidiu que, em várias colar, como não poderia ser de outro modo, portância aos alunos pelas diferentes ativ-
sessões, sua mãe estava na biblioteca tuto- conta-se com as famílias, a AFA (Associação idades que foram realizadas. Por exemplo,
rada para melhorar seus níveis de leitura. de Familiares), as associações que colabo- há alunos e alunas bibliotecários que co-
Outra atividade da biblioteca tutorada ram juntas com o colégio (Entre Amigos, laboram com os responsáveis da biblioteca
dirigida aos familiares, durante o ano letivo Akherdi, Federação de Mulheres Progres- em tarefas de organização e gestão da bib-
2010-2011, foi a realização de uma tertúlia sistas, Amuradi) assim como com o volun- lioteca de pátio, na formação de usuários
literária, com periodicidade quinzenal. tariado que, já desde o ano letivo 2006-2007, menores, no desenvolvimento de ativi-
Nesta tertúlia participaram as mães de vem colaborando com o funcionamento de dades de promoção e fomento da leitura...
uma oficina de costura que é feita dentro diferentes iniciativas. Concluindo, queremos que o aluno tenha
do centro educacional, em colaboração Também, como continuação da bib- um papel protagonista e, num primeiro
com a associação “Entre Amigos”, uma lioteca tutorada, é realizado uma oficina momento, estamos conseguindo, já que os
professora e um professor do centro, e duas de Animação à Leitura, organizada pelo verdadeiros protagonistas estão sendo os
voluntárias. Município para todos os meninos e meni- alunos e alunas do terceiro ciclo.

LENDO JUNTOS
SARA ORTEGA/PROFESSORA DO ENSINO discussões que surgiam faziam com que ela para que sente com ele para ajudá-lo a ler e
FUNDAMENTAL I. ESCOLA MARE DE DÉU DE se sentisse mais próxima de seus colegas do pensar uma intervenção na tertúlia. Quando
MONTSERRAT (TERRASSA, BARCELONA)
3o. ano do Ensino Fundamental I. começou o 3o. ano do Ensino Fundamental
Lendo livros de literatura clássica uni- I, ele não sabia ler, mas escutava atentamente
Amira e sua família imigraram para Ter- versal, os alunos falam sobre os personagens, seus colegas de classe. Ficava muito interessa-
rassa faz quatro anos. O primeiro ano foi difí- seus sentimentos, suas ações e decisões, e do por todos os assuntos que era propostos,
cil, aqui tudo funcionava de modo muito dif- relacionam os temas que são propostos no especialmente quando estavam relacionados
erente do seu povoado, em Marrocos. Ainda livro com suas vivências e experiências pes- com a cultura cigana. Logo começou a par-
que levassem muitas esperanças e projetos, soais. A motivação pela leitura aumenta ticipar muito ativamente ao propor reflexões;
também pesava o fato de deixar para trás seus quanto mais avança a novela e os meninos e sente-se muito orgulhoso de sua identidade e
amigos e familiares. Foram instalados em um meninas transferem os debates para outros de suas intervenções. Sua professora parabe-
humilde apartamento de um bairro da perife- espaços e com mais pessoas. Nohayla explica nizava-o a cada vez que trazia ideias propos-
ria da cidade. Nohayla e Mohamed, os filhos para sua mãe as aventuras de Ulisses, o que tas em um papel e ficava satisfeita em com-
de Amira, começaram a frequentar a escola conversaram esse dia na tertúlia, e pede a provar a evolução de Manuel com relação
na metade do ano letivo, mas logo ficaram em ela, contagiando com seu entusiasmo, que se à aprendizagem da leitura. Quando ela vê
dia em todas as matérias. Desde o primeiro envolva com ela na leitura do livro. Algumas Manuel tão atento escutando aos demais e
dia foram incluídos nas salas de aula com o vezes é Nohayala quem lê para Amira. Mas argumentando suas opiniões, lembra-se da
resto dos alunos e alunas onde trabalhavam outras vezes ocorre o contrário, já que Amira resposta que ele deu a ela ao sugerir que ele
em grupos interativos. Foram para a bibliote- participa da tertúlia literária dialógica de fa- não levava o livro para casa porque era óbvio
ca tutorada e duas mães voluntárias lhes aju- miliares onde leem A casa de Bernarda Alba. que ninguém poderia ajudar-lhe a ler. “Man-
davam com as tarefas, três tardes por semana, Amira lê com Nohayla fragmentos do livro uel, se você quiser, não precisa levar o livro
no reforço escolar. Aprenderam muito rápido de Lorca e juntas preparam as intervenções para casa. Amanhã, na hora do recreio, eu te
a língua e fizeram amigos e amigas. Uma das para ambas as tertúlias. ajudo a ler. Assim você poderá participar da
atividades que a Nohayla mais gostou foi a Manuel também fica entusiasmado tertúlia”. “Imagina, professora! Eu levo o livro
tertúlia literária dialógica. No seu ano letivo com a tertúlia literária. Cada semana ele para casa e leio com a minha irmã”.
estavam lendo e debatendo A Odisseia e as leva seu livro para casa e lá pede à sua irmã O entusiasmo dos alunos com relação a
8 COMUNIDADES
ESCOLA
DE APRENDIZAGEM

esta atividade gera a busca de interações que daí vamos ler juntos e escolhemos outro, continuamente. Uma manhã, logo antes de
lhes ajudem a participar dela e a aprender tá?”. Assim, entre eles e elas, ajudam-se começar a aula, sua professora se surpreen-
mais. Nohayla buscava isso em Amira e Ami- mutuamente a ler, a escolher fragmentos deu vendo-o ler um livro de ciências. De-
ra em Nohayla, Manuel em sua irmã e tantos para comentar na tertúlia, e elaborar suas pois de um ano e meio de sua chegada no
outros que, compartilhando o objetivo de intervenções. Todos querem participar e, bairro, Farida, sua mãe, matriculou-se nas
aprender, transformam suas relações pessoais como disse Lucía: “Quanto mais parágra- aulas de alfabetização. Fazia uma semana
até mesmo fora do centro escolar. fos escolhemos, mais ideias e mais debates que frequentava a escola de seu filho para
Em alguns momentos, os familiares dos vão sair”. aprender. Essa mudança havia provocado
alunos e alunas vêm à escola para participar A tertúlia visa a leitura dialógica outra transformação ainda mais profunda.
com seus filhos e filhas da tertúlia literária porque as intervenções fazem referência à Ajudou Karim a encontrar um sentido na
dialógica. Neste centro educacional, sabem leitura compartilhada em casa com os fa- aprendizagem. Para Karim, não foi preci-
que dar a oportunidade de participação nas miliares. “Não entendo o que quer dizer a so que sua mãe aprendesse a ler para ele
salas de aula aos familiares tem uma incidên- frase vai apagando-se pouco a pouco”, co- começar a ler. Foi preciso apenas que sua
cia muito positiva nos resultados acadêmi- menta Hihad. Hoje é o dia de discutir sobre mãe se matriculasse no curso de alfabet-
cos da totalidade. É muito comum escutar Dom Quixote, e os alunos estão discutindo ização porque era importante para toda a
comentários como este: “Ontem, depois sobre o final do livro. Jesica pode ajudar família. Este gesto carregava o sentido que
de que a minha mãe veio para a tertúlia, ela graças à leitura que fez com seu pai. “Eu ele necessitava para querer também apren-
fez muitas perguntas pra mim, ela adorou, e também não entendia, mas meu pai leu o der a ler e escrever. Agora ele adora ver sua
me disse que, os temas que conversamos, e livro comigo e me falou que isso significa mãe pela escola e, a cada manhã que Farida
o modo como fizemos, foram uma grande que o cansaço vai deixando ele sem forças”. tem aula, ele diz: “Vem mamãe, traz a pasta
surpresa. Então, depois da janta, lemos um Desse modo, com a intenção de ajudar a porque nós vamos para a escola”. Às tardes,
pouco com meu irmão mais novo e explica- Nihad, Jesica transfere à tertúlia os diálogos quando Karim volta para casa, eles fazem
mos a história pra ele. –Assim você ensina ao que mantém com seu pai durante a leitura juntos as tarefas e leem juntos os contos
seu irmão, para que ele aprenda mais rápido, em casa do Dom Quixote. que Karim toma emprestado da biblioteca.
ela me disse”. Karim e sua mãe, Farida, compartilham Ele sabe que ela gosta e que assim apren-
Lucía fica muito entusiasmada com as a tarde fazendo juntos as tarefas. Quando dem mais os dois juntos.
tertúlias que, a cada semana, fazem na sua Karim começou o ano letivo da 3a. série do Todos e todas estão transformando
classe. Ela tem 10 anos e já leu e debateu Ensino Fundamental I, ele não sabia ler nem suas relações pessoais com seus colegas e
com seus colegas livros como A Odisseia, escrever. Havia chegado em Terrassa no ano também com seus familiares. Em casa, as
Dom Quixote, As Mil e Uma Noites e A letivo anterior. Fez amizades na sua nova conversas giram em torno da escola, dos
Eneida. No recreio, ela se senta com suas escola e aprendeu rápido a falar o idioma. personagens dos livros e das atividades que
amigas e amigos e, juntos, preparam a ter- Mas as aprendizagens acadêmicas lhe mo- realizam. Leem juntos, se ajudam e fazem
túlia. “Você me empresta um parágrafo?” tivavam pouco e as tarefas pesavam muito; as tarefas. Compartilham objetivos porque
pergunta Carlos, que sabe que Lucía tem para ele, estudar não tinha muito sentido e querem aprender mais, estão animados e, o
muitas ideias. “Empresto um, sim, mas fazia com que ele se envolvesse em confusão melhor de tudo, fazem tudo isso juntos.

ESCOLA. Diretor: Pedro Badía. Redatora Chefe: Loca García-Ajofrín. Redação: Pablo Gutiérrez del Álamo e María Piedrabuena.

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Navarro. Depósito Legal: M-50-929-2007. ISSN: 1888-2781.

Paginação: María Piedrabuena

Coordenação: CREA-UB

Elaboração:

Tradução: Gabriela Doll Ghelere

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