Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Também é interessante a evolução a longo prazo, que determina a sobrevida e a qualidade de vida do
paciente.
Anestesia envolve:
● Analgesia
● Hipnose (relaxamento, dormir)
● Relaxamento muscular
● Homeostasia – controle do seu estado fisiológico
● Segurança
● Proteção dos órgãos (principalmente cérebro, pulmão, coração, rins...)
Objetivos da anestesia:
● Analgesia intra e pós-operatório
● Hipnose-amnésia
● Relaxamento muscular
● Proteção neurovegetativa – controle das respostas mediadas por SNAS e SNAP
o Se trauma não for protegido, há indução de resposta ao trauma – taquicardia,
vômito...
● Prevenção de vômitos
● Proteção de órgãos - cérebro
● Minimizar estresse fisiológico e psicológico
o Estresse neuroendócrino, hipertensão no pós-operatório...
● Anestesia pode ser dividida em duas grandes metas:
● Fármacos anestésicos têm função também nos rins, no coração... isso deve ser levado em
consideração!
COMPONENTES DA ANESTESIA
● Analgesia
● Proteção neurovegetativa: controle da PA, FC, SpO2 (oximetria
periférica/de pulso – principal indicativo da anestesia geral)
o Define a anestesia geral
● Relaxamento muscular
● Hipnose/amnésia
APARELHOS DE ANESTESIA
● Hipnótico
o Inalatórios: sevofluorano, isofluorano
o Venosos: midazolan, propofol, cetamina, alfa2-adrenérgicos (clonidina,
dexmedetomidina)
o Neurolépticos: droperidol
● Opióides: fentanil, remifentanil, cetamina (não é opióide, mas pode ser usada como)
o São a base da anestesia
● BNM (bloqueador neuromuscular): vecurônio, rocurônio, atracurio
o Duração relativamente curta
o Sem efeito hemodinâmico
● Anestesia regional: raquianestesia, peridudal, local
FASES DA ANESTESIA
● Hipotermia leve (34º a 35ºC): induz diminuição do consumo de anestésico, além de diminuir o
risco de lesão isquêmica
Níveis de anestesia:
Acordado sedação consciente sedação profunda anestesia geral
Fronteira pequena entre sedação profunda e anestesia geral ambos sujeitos a parada respiratória e
cardíaca
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
● Inalatória
● Intravenosa – mais desejada pelos pacientes
● Intramuscular – quando paciente não colaborativo
Os órgãos mais vascularizados, como o cérebro, recebem o anestésico primeiro, saturando primeiro
também. Com o fim da indução de anestesia, o mais vascularizados também conseguem eliminar o
composto rapidamente (o paciente volta à consciência), mas o anestésico permanece no corpo, em
tecidos como o lipídico e o muscular.
Anestésicos venosos – não é possível medir a concentração inspirada, expirada e estimar sua
concentração
Propofol
● Hipnótico – não analgésico
o Geralmente, associa com opióide
● Agonista GABAa
● Indução rápida
● Diminui reatividade das vias aéreas
o Perda dos reflexos protetores
o Entubação – laringoespasmo diminui
● Antiemético
● Diminui consumo de oxigênio cerebral – é neuroprotetor
● Anticonvulsivante
● Relaxante muscular
● Depressor cardíaco e respiratório – requer assistência
● Vasodilatador
● Bradicardia
Cetamina
● ANTAGONISTA NMDA (antagonista do glutamato) – anestesia dissociativa, IM
● Analgésico; pode ser administrado por via intramuscular
● Paciente dissociado: respira, mantém PA, FC, mas está o paciente “desligado” do ambiente
● Broncodilatador mais eficaz
● Efeitos adversos: delírio, alucinações, vômitos – efeito psicomimético; hipertensão
● Facilita reflexo laríngeo – saliva pode desencadear laringoespasmo -> parada da respiração
● Normalmente associado a outra droga (exemplo: propofol + cetamina ou dexmedetomidina)
Opióides
Agonistas mu (“mi”) –
analgesia cirúrgica: fentanil, sufentanil, remifentanil
● Procedimentos dolorosos
● Depressão respiratória
● Hipotensão, bradicardia (controlado por uso de vasopressores)
● Não promove hipnose completa (paciente pode ficar acordado – desagradável. Geralmente
associado a hipnótico)
● Sem efeito cardiovascular
● Remifentanil: a meia vida fixa permite que o paciente seja induzido à anestesia por longas
horas e, ainda assim, recuperar-se do seu efeito rapidamente
● Clonidina (mais antiga; usada como anti-hipertensivo) e Dexmedetomidina (meia vida mais
curta: apropriada para infusão contínua)
● Sedação o n off – paciente pode estar dormindo e, se for estimulado, interage – sem
estímulo, dorme de novo!
● Bradicardia
● Vasoconstrição
● Analgesia
● Aumenta diurese
● Inibe tremor pós-anestésico – extremamente desconfortável e perigoso (aumento consumo
de O2)
● Antissialogogo (combate a salivação)
Anestesia local
● É realizada pelo cirurgião; é muito eficaz
● Diminui consumo anestésico se feita no início
● Melhora manejo da dor pós-cirúrgica se feita no fim
● Ropivacaína é muito utilizada
● Pode agir por até 48 horas no pós-operatório
Raquianestesia
Peridural
Drogas Adjuvantes:
● Atropina: bloqueador de secreções, previne bradicardia
● Vasopressores: efedrina, adrenalina
● Antieméticos: dexametasona, ondasentrona
● Anti-histamínicos: prometazina, difenidramina
o prevenir respostas alérgicas;
o possuem efeito anti-emético e hipnótico
● Lidocaína, Mg, agonistas alfa2 adrenérgicos
● Corticoides
● Ranitidina
Aula 02: Antibioticoprofilaxia Cirúrgica
Cirurgias e Infecção
● Obesidade
● Idade Avançada
● Doenças de base (DM descompensada por exemplo)
● Infecção a distância (quando há infecção em atividade em outro local que não o sítio cirúrgico;
por isso, deve-se evitar cirurgias em pacientes com infecções ativas)
● Técnica cirúrgica (grau de tecidos necróticos, de invasividade, tempo cirúrgico, órgãos
abordados, etc)
● Potencial de contaminação da cirurgia
INFECTADAS: abordagem cirúrgica em tecidos com sinais de infecção ativa (secreção purulenta).
Mas não somente no sítio cirúrgico, o paciente também pode sofrer riscos de infecção:
● Pneumonia
● Infecção do trato urinário (ITU)
O objetivo da profilaxia é reduzir estes riscos no sítio cirúrgico quando necessário. Não é feita para
prevenir ITU e pneumonia ou outras infecções pós cirúrgicas.
Antibióticos
A exceção de profilaxia para cirurgia limpa é se for colocada uma prótese. Nesse caso, faz-se o uso de
antibióticos.
Na escolha do antibiótico, pensa-se no local a ser operado e em sua microbiota, além de evitar o uso de
drogas que sejam importantes para a terapia de eventuais infecções.
- Como a incisão passa pela pele, a profilaxia deve levar em conta a colonização
- Nesse sentido, a Cefalosporina de 1ª geração cumpre esse pré-requisito
- Menor custo, apresentação endovenosa, baixa resistência, etc.
Ter elevado nível sérico e tecidual do antibiótico desde a primeira incisão até o final do ato operatório.
Por isso, primeira dose ocorre na indução anestésica, 1 a 2h antes da incisão. Conforme o volume de
sangramento (se sangrou mais de 1L repete a dose de antibiótico) e a duração da cirurgia, outras doses
são administradas, e por isso é importante conhecer a farmacocinética do antibiótico administrado,
sabendo de sua meia vida.
Até o final do ato cirúrgico ou no máximo até 24h após o fim da cirurgia.
É importante que o antibiótico não seja a principal medida de prevenção cirúrgica contra infecções:
DEFINIÇÃO DE DOR:
A dor existe a partir do momento em que o paciente fala que tem dor.
Dor crônica não é o foco da discussão, mas sim a dor pós-operatória, que é uma dor aguda.
TIPOS DE DOR
DOR NOCICEPTIVA
VIAS DA DOR
História sobre descartes e a hipótese de que houvessem vias específicas de dor: Descartes já
falava de um nociceptor, ou seja, um s ensor da dor que receberia influxo de estímulos químicos, térmicos
ou táteis, e que percorre o SN (condução do sistema) até o encéfalo, onde tem-se a percepção da dor
(Parte motivacional da dor).
O que temos de fato é que um estímulo nocivo caminha por fibras sensitivas aferentes até o corno
posterior da medula, onde se conecta com interneurônios e parte pelo sistema eferente até o córtex
cerebral. Lá, ocorre a percepção, a parte motivacional da dor.
A dor pode existir mesmo sem a percepção, mas deve ter todas essas vias íntegras. Um paciente
com lesão medular pode sentir dor, mas não a expressa por não ter consciência dela.
NEUROTRANSMISSORES MODULADORES DA DOR
O que vemos na dor é um mecanismo semelhante à inflamação. São várias substâncias liberadas no
momento da lesão pelo tecido lesado, as quais vão desencadear uma cadeia inflamatória, uma cadeia de
elementos importantes para a estimulação da dor.
Esses elementos excitatórios são semelhantes aos da cadeia inflamatória ( veja slide ao lado).
Elementos inibitórios são aqueles que já possuímos no nosso organismo. Eles constituem uma
forma de defesa. Mecanismos inibitórios podem ser desenvolvidos: os orientais, por exemplo, têm maior
inibição da dor, através da produção desses hormônios já existentes no organismo.
A dor pós-operatória deve ser tratada porque há vários efeitos adversos e colaterais decorrentes
de sua presença, como por exemplo:
Com isso, vai apresentar menor efeito Foli e seu pulmão vai movimentar menos, gerando
atelectasia, diminuição da relação ventilação/perfusão, com hipoxemia, hipercarbia e num futuro mais
imediato (22 a 48h), teria pneumonia se instalando.
Dor diminuição da expansibilidade torácica atelectasia, diminuição da ventilação, hipoxemia,
hipercarbia pneumonia
2. Sistema cardiovascular
Com a dor, há estímulo do SN simpático e, com isso, aumento do trabalho do miocárdio.
Para um jovem isso pode não gerar problemas, mas para um paciente com doenças coronárias ou
hipertensão, pode acabar gerando arritmias, hipertensão, isquemia do miocárdio e até uma parada
cardíaca.
3. Sistema endócrino
O primeiro sintoma que aparece no sistema endócrino pós-cirúrgico é a hiperglicemia.
Raramente se vê na sala de cirurgia o anestesista usando soro glicosado – isso porque o paciente
já é hiperglicêmico tanto antes como depois da cirurgia.
5. Sistema de coagulação
Há aumento da adesão plaquetária, diminuição da fibrinólise,
ativação da cascata de coagulação aumento de fenômenos
tromboembólicos
6. Sistema gastrointestinal
Pode ocorrer íleo paralítico no pós-cirúrgico:
● Oral
o Limitação: maioria dos pacientes não pode ser submetido à ingestão de líquido
● Transmucosa
● Transdérmica
o Menos usada no nosso meio
● Intramuscular
o Evitada porque o paciente perde calor durante a cirurgia e tem seu fluxo muscular
alterado, de modo que a absorção do fármaco via muscular é diminuída
● Intravenosa – hoje com as bombas inteligentes há a possibilidade de fazer a infusão
intermitente ou contínua, podendo também ser controlada pelo próprio paciente (PCA) quando
este sente dor.
o Ideal e mais usada no pós-operatório
● Neuroaxial (epidural ou intratecal/raqui): geralmente utiliza-se a morfina, em doses moderadas
devido a complicações que ela apresenta no ponto de vista respiratório, gastrointestinal e
respiratório. Pode haver parada respiratória, o que é preocupante pois ela pode ocorrer
tardiamente (6 a 9h após cirurgia), fora do alcance de atendimento apropriado.
o O bloqueio peridural é muito usado em ortopedia, principalmente colocando-se um
cateter na peridural e injetando o anestésico continuamente ou intermitentemente.
o Na via intratecal a morfina tem uma duração de 6, 12, até 24 horas, dependendo da
dose que se faz. Na USP procura-se não ultrapassar a dose de 200 microgramas. Em
cesariana fazemos até 100 microgramas devido ao prurido que ela pode proporcionar.
Esse prurido vem, muitas vezes, acompanhado de retenção urinária – o que não é um
problema na cesárea enquanto se está usando a sonda vesical -, mas o prurido acaba
incomodando bastante, às vezes mais que a dor.
▪ Hoje com o advento da clonidina, nós reduzimos bastante o uso de analgésicos
porque a clonidina (alfa2 estimulante) reduz muito a dose de anestésicos e
analgésicos.
● Bloqueio de nervos periféricos: muitas vezes em ortopedia usa-se também o nervo periférico
para analgesia. Os plexos mais usados são o braquial, o nervo femoral, ciático e também do
canal adutor. Quando se tem uma cirurgia de ombro, pode-se fazer um bloqueio do plexo
braquial a nível cervical e com isso conseguir uma analgesia pós-operatória por mais de 12
horas.
o O grande problema dos bloqueios periféricos é que pode ocorrer um bloqueio motor. A
nível de membros superiores isso não é grande problema, mas a nível de membros
inferiores é um problema para a fisioterapia, pois o paciente se movimenta menos e
isso pode trazer dificuldades para a avaliação do resultado cirúrgico pelo cirurgião.
o Se não deixo o paciente sentir nenhuma dor, o cirurgião fica sem parâmetro para saber
como o pós-operatório está evoluindo. O que fazemos é usar anestésicos que dão
muito mais efeitos analgésicos que motores, em concentrações baixas. Podemos
também usar bloqueio do canal adutor, no joelho, não tendo bloqueio motor importante,
apenas sensitivo. É bom lembrar que as cirurgias de fêmur e quadril geralmente
ocorrem em pacientes idosos, com outras comorbidades prévias, como diabetes, HAS
e, portanto, uma irrigação coronária ruim. Com isso, pode-se ter isquemia do miocárdio
quando o paciente sofre com dor.
● Anestesia interpleural/paravertebral: nem deveria chamar anestesia, e sim analgesia. É a
injeção de anestésico entre as duas pleuras (visceral e parietal). Com isso, tem-se uma área
pulmonar ou torácica com bastante analgesia, sem bloqueio motor. O paciente continua a
respirar, sem dor, evitando a parada de respirar por dor (atelectasia já citada).
o O bloqueio paravertebral vem sendo muito utilizado para analgesia. Pode ser feito
desde um nível cervical até um nível sacral, então faz-se uma anestesia ao lado da
medula, bloqueando nervos em sua emergência. Ele tem a vantagem de não interferir
muito com o SNA, evitando hipotensões. Ele pode ser feito em nível torácico, torácico
inferior (para cirurgias de hérnia) ou até em nível lombar para cirurgias de MMII.
● Estimulação elétrica transcutânea (TENS): aparelho que gera uma atividade elétrica e tende a
despolarizar a via sensitiva da dor, bloqueando a aferência da dor, com liberação de potássio,
hiperpolarização das fibras e, assim, uma menor transmissão da dor.
ANALGÉSICOS
Algumas drogas são utilizadas no auxílio do controle da
dor analgésicos.
Resumo dos remédios. Não vamos falar de doses pois elas vão ser aprendidas com o uso. Ao
começar utilizar morfina, lembrar que o paciente pode acabar fazendo obstrução intestinal, então se ele
já estiver na fase de alimentação oral, deve-se prescrever fibras e até mesmo laxantes para que não
tenha uma reação importante do trânsito intestinal.
O uso de gabapentinoides pode prevenir dor crônica. Está provado que pacientes com dores muito
intensas e difíceis de controlar podem evoluir com mais facilidade para dor crônica. Esse paciente, após
2-3 meses da cirurgia ainda tem dor na cicatriz cirúrgica e isso pode ser evitado com o uso da
gabapentina.
Se eu tiver com um paciente com risco de problemas de coagulação e/ou de desenvolver
insuficiência renal, eu não vou receitar AINE, para não colocar em risco a vida do paciente. O que posso
fazer então é receitar corticoides (dexametasona).
A dependência física, quando existe, aparece após uns 10 dias. O que vemos é que o paciente que
realmente tem dor, se você faz morfina, a dependência acaba não aparecendo. Isso porque a dor tem
mais a ver com o receptor mi, de modo que a morfina, ao agir sobre o mi, deixa de agir sobre o beta e o
kappa, que são os alucinógenos que causam mais prazer. A síndrome de abstinência, que se apresenta
com xerostomia, irritação, lacrimejamento, agitação, pode ser evitada com a mudança para um opioide
mais fraco antes de cortar a medicação.
Analgesicos não opioides e AINES são usados como medicamentos de rotina, no que a gente
chama de priemptividade, ou seja, fazer o analgésico antes mesmo da dor aparecer, uma vez que se o
analgésico dura mais que a dor, você acaba tendo mais facilidade no tratamento da dor e a dose pode ser
menor.
Os opioides analgésicos são utilizados como droga de resgate. O fentanil, sendo uma droga muito
potente, não fica como droga de primeira escolha. Exige acompanhamento do anestesista por risco de
depressão respiratória.
A ropivacaína apresenta uma vantagem sobre a bupivacaína, por dar um menor bloqueio motor.
Adjuvantes: garantir estado emocional mais agradável (pacientes com medo, etc).
Injeções intermitentes com doses pequenas. Desconfortável para o médico pois deve se
acompanhar o paciente a cada 6 horas mais ou menos, sendo mais confortável a infusão contínua
controlada. A analgesia controlada pelo paciente dá segurança para o paciente – ele mesmo dispara a
dose já prevista ao sentir dor. Melhora em muito o pós-op.
Descrição do slide – aprender a cuidar do paciente estando ao seu lado, e não ser apenas um
técnico de injeções.
Aula 04: Equilíbrio Hidroeletrolítico e Ácido-Base - Parte 1: HIDRATAÇÃO
Nessa primeira parte, nós vamos discutir essencialmente a parte de hidratação.
Qual é nosso grande problema no dia a dia?
É justamente ter um paciente que não pode se alimentar e precisa sobreviver.
Na natureza, a gente procura água quando tem sede, mas um paciente que está impossibilitado
de usar seu tubo digestivo precisa receber suprimentos prescritos pelo médico. E essa tarefa nem
sempre é muito fácil, principalmente porque nós temos muita dificuldade de entender qual é o déficit ou o
excesso de água que cada paciente apresenta.
Então, de uma maneira geral, já se sabe há muito tempo que, tanto o excesso de água no
organismo quanto a falta dela acarretam maior
morbidade e mortalidade para os pacientes:
● HIPO-HIDRATAÇÃO problemas
relativos à hipoperfusão de órgãos, sepse,
falência múltipla
● HIPER-HIDRATAÇÃO problemas do
tipo náusea e vômito no pós-operatório,
complicações pulmonares, complicações
cardíacas (SOBRECARGA), deiscência
das anastomoses, etc.
Dessa maneira, manter o paciente em
normovolemia é uma tarefa essencial para que a gente
diminua a morbidade e a mortalidade.
CONCEITOS BÁSICOS
Quando falta água no organismo, o débito cardíaco cai e os tecidos passam a
sofrer redução da oferta de oxigênio.
Nosso corpo humano pode ser considerado uma sopa aquosa e, nessa sopa,
em volta de um citoesqueleto, existem carboidratos, proteínas, gorduras, íons e
elementos traços. Todos esse elementos estão dissolvidos ou diluídos numa
quantidade enorme de água e estruturado dentro de um citoesqueleto.
O nosso corpo contém, em média, 60% de água, ou seja, se nós nos pesarmos, 60% é água.
Um homem tem média de 60% de do peso corporal água, e a mulher, em torno de 50%. O homem e
a mulher magros, como tem um pouquinho menos de gordura, tem mais água, e o homem e a mulher
obesos, como tem muito mais gordura, acabam tendo de 5 a 10% menos água. Essa composição de água
corporal total é fundamental para entender a hidratação no perioperatório.
Além disso, a água contém, nesses compartimentos, uma composição eletrolítica como está no
slide. O sódio é o principal íon líquido do extracelular, e o potássio é o principal do intracelular, de
maneira que a concentração eletrolítica dentro e fora da célula é praticamente semelhante quando se
faz a somatória de todos os íons.
A movimentação da água entre os compartimentos acontece por meio de duas situações:
pela pressão hidrostática e
pela pressão osmótica,
de maneira que é fundamental manter no nosso organismo a tonicidade e a eletroneutralidade,
para manter os compartimentos com a mesma composição ao longo da vida.
Quando a água circula pelos vasos, na porção capilar mais próxima da parte arterial, a água
tende a sair dos vasos para irrigar os tecidos adjacentes; e na porção venular do capilar, a água tende a
voltar para o vaso, trazendo os excrementos produzidos pelas células ao redor (Lei de Starling). Essa
movimentação da água do vaso para o interstício é uma situação normal, com o objetivo de manter a
nutrição e a limpeza dos tecidos adjacentes.
A gente pode considerar praticamente o espaço extracelular como um compartimento único,
apesar de ele ser dividido em líquido intravascular e líquido intersticial. Isso ocorre porque existe uma
livre troca de passagem de água entre esses compartimentos, exercido pela pressão hidrostática e pela
osmose.
Já a troca de líquidos entre o LIC e LEC só acontece de maneira natural quando existir
alteração da tonicidade.
Exemplo:
Uma hipernatremia pode, na maioria das vezes, pode representar um déficit de água, e uma
hiponatremia pode representar um excesso de água, mas isso nem sempre é verdade, por isso nós temos
que olhar a concentração eletrolítica com uma certa reserva na avaliação da volemia do paciente.
AVALIAÇÃO DA VOLEMIA PELAS PRESSÕES DE ENCHIMENTO NO CORAÇÃO
Uma outra maneira de se avaliar a volemia é medir as pressões de enchimento no coração
direito ou no coração esquerdo, e essas pressões de enchimento também nos ajudam a entender se o
paciente está hipo ou hiper-hidratado.
Mais uma vez aqui vale a mesma situação:
a pressão é sempre uma medida relativa entre o
conteúdo e o continente, então um paciente que
tem uma pressão venosa central alta pode não ser
decorrente do excesso de líquido, mas do
continente pequeno, como p. ex., um ventrículo
direito extremamente pequeno em decorrência de
hipertrofia concêntrica do coração.
Então, o que a acaba acontecendo é que todas essas medidas acabam sendo úteis, mas nem
sempre essa relação é direta, como se pode ver no slide a seguir. A relação volemia e PVC (pressão
venosa central): é lógico que, na maioria dos casos, quando aumenta a volemia, aumenta também a PVC,
mas existem paciente com volemia baixa e PVC alta e também volemia alta e PVC baixa.
Então, tem sempre que tomar cuidado: hematócrito, concentração eletrolítica e as medidas das
pressões de enchimento são medidas relativas e podem ser úteis para acompanhar o tratamento de um
paciente, mas não para fazer um diagnóstico inicial.
Assim, o que nós fazemos na grande maioria das vezes, é tentar fazer um balanço desse
paciente, ou seja, nós medimos o que entra de líquido no paciente e o que sai do paciente ao longo do dia.
Fazendo o protocolo e fazendo o balanço hídrico, também não resolve nosso paciente, se a gente não
souber se ele saiu de um estado normal, de um estado de hiper-hidratação ou de um estado de
hipo-hidratação, ou seja, se nós não sabemos o ponto de partida, tudo que nós fazemos a seguir é fazer
alguma coisa, mas continuar perdidos no aspecto de avaliação da volemia.
Então, o que nós fazemos é simplesmente o mesmo que fazemos com nosso dinheiro no fim do
mês: o lhamos o que recebemos e o que gastamos e podemos ter um saldo positivo ou negativo.
HIDRATAÇÃO PERIOPERATÓRIA
Então, para a hidratação perioperatória, nós vamos seguir um passo a
passo, e nós vamos discutir a partir de agora como fazemos isso.
A primeira coisa é planejar o volume de água que nós vamos colocar no
paciente,
A segunda coisa é ver que tipo de líquido nós vamos utilizar.
1. VOLUME DE ÁGUA
Com relação ao planejamento, relativo ao volume de água, não é uma tarefa complicada se nós
sairmos de um paciente em situação normal.
Se nós pegarmos um paciente que está muito desidratado ou muito hiper-hidratado, aí a situação
fica um pouco mais complexa, e nós vamos discutir essas questões ao vivo em sala de aula.
A questão do volume de água é justamente essa: fazer um balanço hídrico é somar tudo o que entra
no paciente e tudo o que sai, ou seja, os líquidos que infundimos na paciente e os líquidos que saem do
paciente.
O nosso objetivo principal é o seguinte: se temos uma paciente que não pode receber água e ele
está nosso cuidado, nós não queremos que ele morra até o dia seguinte, ou seja, ele precisa receber água
nesse período em que ele não pode se alimentar pela via natural para se manter vivo; e é isso que nós
temos que fazer com bastante propriedade.
Então, de uma maneira geral, nós temos as saídas ordinárias de água, que são praticamente
aquilo que a gente perde diariamente em situação normal.
Outro grande problema é que uma grande parte da nossa perda diária de água acontece pelo
rim, que é um dos elementos mais versáteis nessa situação toda. Ele pode reter água ou eliminar mais
água em decorrência de determinadas situações.
Mas lembrar que rins podem estar sob efeito de drogas ou de determinados hormônios, além de
poderem estar doentes, de maneira que o objetivo principal do rim é eliminar os solutos que o nosso
corpo tem, de forma que essa diurese exista para carrear para fora mais ou menos 1200 mOsm de
soluto por dia.
O rim pode fazer isso em volumes pequenos, ou seja, ele tem a capacidade de concentrar a
urina, jogando esses 1200 mOsm em 300-400 mL de água, ou pode jogar essa mesma quantidade em 3
ou 4L de água.
Assim, o rim tem a capacidade de concentrar a urina quando o organismo está depletado de
água e, quando ele tem água em excesso, joga essa mesma quantidade num volume enorme de diurese. O
rim tem uma capacidade de concentrar a urina em até 1400 mOsm/L. Assim, devido à grande
capacidade de mudança da concentração urinária, usar só a diurese para saber se um paciente está
hidratado ou desidratado não é uma boa ideia.
Perdas extraordinárias de líquido:
No período perioperatória, existem também o que a gente chama de perdas extraordinárias, que
ocorrem pelo vômito, pela diarreia, pela saída de líquidos por sondas ou por fístulas, e isso a gente vai
observar nos pacientes na nossa enfermaria ou no período
intraoperatório.
Isso ocorre quando o paciente não tem o tubo digestivo disponível, então a gente vai ter que fazer isso
por meio de hidratação.
No panorama do paciente cirúrgico, nós temos que fazer isso: somar as perdas do paciente que
são dadas pelas perdas ordinárias e extraordinárias, e somar também o que entra pelas vias
extraordinárias, de maneira que esse balanço, no final, não é tão difícil de ser feito. O que nós fazemos
quando pegamos uma paciente no nosso dia a dia, o primeiro passo é repor os déficits prévios. O
segundo passo é repor as perdas normais, quando o paciente já está no nosso cuidado. E depois nós
fazemos a reposição da perda cirúrgica.
1
40 vem da primeira linha; da segunda linha, viria mais 20, totalizando 60. Assim, seria 60 + (P – 20). Tem que
tirar esses 20 do peso, porque esses 20 Kg já foram usados na primeira e segunda linhas, e não podem ser
usados também na terceira. Assim, dá 40 + P = X. Por exemplo, um cara de 80 Kg, 40 + 80 = 120mL [mesma
coisa que 40+20+(P-20)]. Pela tabela, dá 40+20+60=120mL.
Em cirurgias que têm grande trauma tecidual, utilizam-se 6-8 mL/Kg/h, que são acrescentados à perda
normal. Nas cirurgias que têm trauma tecidual moderado, de 4-6 mL/Kg/h. E, naquelas que têm trauma
tecidual mínimo, utilizam-se 2-4 mL/Kg/h. Utilizando essas tabelas, nós temos um valor aproximado do
que deve ser infundido no paciente.
Enquanto a gente considera o LEC como um compartimento único, pois a passagem de água é
praticamente livre entre os compartimentos intravascular e interstício, é necessário que haja alteração
da tonicidade para que um líquido atravesse a membrana celular e entre ou saia da célula.
Assim, se a gente pudesse ver um exemplo com está colocado aqui, a água corporal é em torno de 60%
do peso, água intracelular é em torno de 40% do peso, a água extracelular é em torno de 20% do peso,
sendo que, no intravascular estão 5% da água corporal total e no extravascular (o interstício) estão 15%
da água corporal total.
Por que é importante conhecer isso? Porque, a partir do momento que eu tenho um paciente de
70 Kg, eu tenho essa composição do organismo: o paciente teria 42L de água ao todo, 28L no LIC, 14L
no LEC, sendo que, deste 14L que estão fora das células, 10,5L estariam no interstício e 3,5L no
intravascular.
INFUSÃO HIPOTÔNICA
Por que nós fizemos isso? Porque, se eu vou fazer a infusão de um líquido, por exemplo, 1L, de
soro glicosado, que não tem eletrólito algum, a tendência é que esse líquido se distribua no
organismo de acordo com sua tonicidade
Então, 1L de soro glicosado, como não tem eletrólito nenhum e, a partir do momento que a
glicose é metabolizada, ele vira praticamente água pura. Ou seja, nós estamos diluindo o componente
extracelular, de maneira que, quando eu passo 1L de soro glicosado nesse paciente, essa água que foi
infundida fica assim dividida:
praticamente 2/3 (666 mL) dela fica no LIC, porque houve quebra da tonicidade, e
1/3 (333 mL) fica no LEC
Ou seja, mais ou menos a mesma proporção dos próprios compartimentos.
No final da infusão de 1L de soro glicosado, 250 mL estão no interstício e
só 83 mL estão no líquido intravascular. Então, usar soro glicosado para
hidratar o paciente é uma p éssima ideia, porque, dos 1000 mL que você passa,
só 83 mL ficam no vascular, só 250 mL ficam no interstício e praticamente
666ml estão dentro dentro da célula, praticamente não exercendo função
alguma.
INFUSÃO ISOTÔNICA
Quando eu utilizo um litro de soro fisiológico, como
aqui o liquido é isotônico, a tendência é que a tonicidade vai
ser preservada e nada de água entrará na célula.
Então o liquido intracelular, como não teve alteração da tonicidade, ele vai permanecer
inalterado, ao passo que o LEC vai ser acrescido em 1000ml, de maneira que disso vai se
distribuir entre o interstício (5%) e intravascular (15%) de maneira proporcional, ou seja, 750ml estão
no interstício e 250ml no liquido intravascular.
Então se eu hidratar um paciente com 1 l de soro fisiológico, depois de 20-30minutos, 250ml
desse liquido estarão no líquido intravascular e 750ml no interstício.
Daí decorre uma simples regra de que em um paciente que perder 1 l de sangue, pra fazer essa
reposição e manter o paciente normotenso, ou seja sem grandes alterações hemodinâmicas, é
necessário passar praticamente 3 a 4 l de soro fisiológico, porque de cada litro só 250 ml ficaram no
intravascular depois de 20-30 minutos. Isso é um conhecimento importante que deve ser tido como
um conceito a partir de agora, no processo de hidratação.
INFUSÃO HIPERTÔNICA
E ai, eu posso eventualmente passar líquidos que tenham uma tonicidade muito maior do que o
nosso plasma, ou seja, passar líquidos hipotônicos, como por exemplo, um litro de soro de NaCl a 3%.
Quando eu passo um litro de soro de NaCl a 3% altera a tonicidade, e essa tonicidade
aumentada no liquido extracelular faz com que água seja deslocada do líquido intracelular pro
compartimento extracelular, de maneira que nós vamos ter um acréscimo do líquido extracelular e uma
redução do líquido intracelular.
Depois de se passar um litro de NaCl a 3% o interstício fica com 1875ml e o intravascular com
635 ml, mas nem tudo isso foi fruto do que foi infundido, boa parte veio daquilo que estava dentro do
próprio organismo, ou seja, foi puxado do líquido intracelular. Lógico que isso também pode ser útil em
algumas situações, mas no nosso dia a dia essa utilidade só vai ocorrer em situações extremamente
específicas.
Lembrar então que quando eu hidrato um paciente com líquido isotônico eu estou sempre
expandindo o LEC, agora lógico que esse LEC pode ser expandido em grande quantidade, porque apesar
do líquido intravascular ser limitado, o interstício tem espaço de sobra, de maneira que toda vez que eu
passo muito mais líquido do que o necessário num paciente, desde que esse liquido seja isotônico, o que
acontece no final é que o intravascular praticamente fica inalterado mas o liquido intersticial fica
totalmente edemaciado, com um grande volume de líquido e aqui a gente nota isso quando a gente
observa o paciente.
Temos nesse quadro um mapa praticamente de quais líquidos existem disponíveis no mercado, e
vocês notem que o NaCL a 09% tem 145 mEq de sódio, 154 de Cl, um pH de 4,2 e uma osmolaridade
igualzinha a plasmática, ou seja, é um líquido essencialmente isotônico. O RL tem 130 de sódio, 109 de
cloro, 4 de potássio, 28 mEq de lacatato e um pH de 6,5. Apesar de todos esses componentes, o RL é
um liquido levemente hipotônico. E ai tem a glicose, que não tem nenhum eletrólito, tem um pH de 5 e é
muito hipotônico, tem uma mOsm/L em torno de 253, de maneira que o que acaba acontecendo é
oobservado no próximo quadro.
Se eu passo um soro com glicose, esse líquido se espalha por todos os compartimentos
(vascular, interstício e intracelular).
Se eu passo RL no paciente, esse líquido se distribui no vascular, no interstício e como ele é
levemente hipotônico, um pouquinho também no intracelular.
O soro fisiológico fica essencialmente no líquido extracelular, ou seja, no vascular e no
interstício.
Se eu passar a solução de amida, são soluções que ficam muito tempo no vascular e
praticamente não saem para o interstício, então são soluções utilizadas para tratar situações de
hipovolemia grave, aquelas decorrentes do trauma, em situações onde não é possível fazer mais nada de
forma tão rápida como infundir uma solução de amido.
Aula 05: Equilíbrio Hidroeletrolítico e Ácido-Base - Parte 2: Desequilíbrios
Eletrolíticos
Recordando, o planejamento da hidratação do paciente perpassa por tópicos a serem
considerados:
1. Volume de água
2. Tonicidade
3. Eletrólitos específicos
4. EAB
5. Aporte calórico
O sódio é muito importante pois ele é fundamental para a osmolaridade plasmática, sendo que a
osmolaridade plasmática gira em torno de 2x a concentração plasmática de sódio de maneira
que q ualquer alteração na concentração de sódio acarretará também alteração importante
da osmolaridade plasmática, fazendo com que ocorra alteração importante na tonicidade e
consequente translocação de líquido do EC para o IC ou no IC para o EC. Essas duas
situações podem acarretar problemas sérios ao paciente.
Nossa necessidade diária de sódio gira em torno de 1-2mEq/kg/dia, se eu tiver um paciente que
não pode se alimentar, seria essa a prescrição a ser seguida para deixar o sódio dentro dos valores
normais, que gira em torno de 135-145 mEq/L.
Logicamente situações em que o sódio está abaixo de 135 há hiponatremia e acima de 145 temos
hipernatremia.
REPOSIÇÃO DE SÓDIO
Como que eu faço para manusear esses distúrbios eletrolíticos? A
manutenção do sódio é baseada nas fórmulas do slide seguinte.
POTÁSSIO
HIPOPOTASSEMIA
Assim, pode-se fazer o diagnóstico da hipopotassemia dosando o potássio, mas o mais comum é
vermos alterações eletrocardiográficas. O mais comum de ocorrer é o aparecimento de uma
onda U, que vai ficando cada vez mais proeminente quanto mais o potássio diminui.
A maneira correta de repor o potássio é diferente do sódio, as contas não são
possíveis. A reposição do potássio deve ser empírica já que o que é quantificado no sangue é a ponta
do iceberg e o intracelular não é mensurado.
O verdadeiro déficit de potássio nem sempre pode ser quantificado, mas a gente imagina que
para cada 1 mEq que o potássio diminua no plasma existe praticamente uma perda de 200 mEq no
intracelular.
Ex: se eu tenho um potássio de 5 hoje e começo a tomar diurético nos próximos 2 meses, daqui
a 2 meses meu potássio caiu para 4, isso não quer dizer que caiu a concentração do meu potássio de 1
mEq/L mas ocorreu uma perda de 200 mEq do meu compartimento corporal de modo que meu
reservatório diminuiu muito, aquela quantidade dentro da célula diminuiu seu estoque. Assim a reposição
deve ser feita de forma a se focar no todo e não só no extracelular.
De qualquer forma não existe uma maneira de tratar rapidamente altos déficits, é muito
importante deixar o potássio em níveis normais.
As causas principais de hiperpotassemia relacionam-se com pacientes com disfunção renal, por
exemplo: um paciente vítima de trauma teve choque, ficou com insuficiência renal mas há uma laceração
de seu tecido. Como houve muita destruição celular, houve muita liberação de potássio no LEC, o qual
deve ser eliminado. Porém, como o rim está insuficiente, ele não consegue jogar esse excesso de
potássio fora.
Tratamento da hiperpotassemia:
● Cloreto de cálcio
● Bicarbonato de sódio – implica transformar o paciente em
um sujeito em alcalose, de modo que sai hidrogênio da
célula e entra potássio na célula. Esconde-se o potássio
por um determinado tempo
● Solução polarizante – solução feita com glicose e insulina, a qual facilita a entrada do
potássio na célula
o Pode ser usada no paciente com hiperpotassemia
● Resinas de troca - Substâncias que vão trocar potássio
pelo sódio, ou potássio pelo cálcio.
● Diálise
CONDUTAS ESQUEMATIZADAS PARA TRATAR HIPERPOTASSEMIA
Tratamento da hiperpotassemia
Potássio>6,5 mEq/L?
Há alterações eletrocardiográficas?
Há ameaça a vida?
Passo 3. (Quando não há mais ameaça a vida) aumentar a eliminação de potássio (diuréticos de alça,
resinas de troca, diálise)
Aula 06: Equilíbrio Hidroeletrolítico e Ácido-Base - Parte 3: Ácido-Base
Além disso, a maior parte das reações que ocorrem em nosso organismo ocorrem nos dois sentidos. A
velocidade da reação é dada por:
A constante de equilíbrio indica quando as duas velocidades, da reação inversa e da direta, são iguais, o
que constitui o equilíbrio químico.
Ele irá possuir 600 nEq de íons H+ no corpo todo, o que equivale à produção por segundo de íons H+!
- Por isso a necessidade de mecanismos para eliminar em definitivo ou temporariamente essa
produção
- A produção diária total equivale a 100 mil vezes mais que o estoque corporal de íons H+
- Se não houvesse um mecanismo eficiente de eliminação, na manhã seguinte à produção,
ter-se-ia um pH de 2,4 e, consequentemente, a vida não seria possível
- A faixa de pH compatível com a vida gira em torno de 6,9 a cerca de 7,7
- Um pH de 7,4 corresponde a uma concentração de íons H+ de 40 nEq/L
- pH de 7,7: concentração de 20 nEq/L
- pH de 6,9: concentração de 120 nEq/L
- Ainda que possa conviver com a acidose e com a alcalose, o corpo está mais preparado para
lidar com a acidose
Mecanismos de Eliminação de H+
- Neutralizar (tampões)
- Esconder (temporário - troca pelo Potássio)
- Eliminar (Rins)
A maneira mais eficiente para não deixar a concentração variar o tempo todo de maneira a causar risco
à vida do paciente é fazer com que o H+ reaja com uma substância tampão
- Substância tampão: substância que resiste às variações do PH ao se adicionar uma base ou um
ácido mais forte
- O corpo possui diversas substâncias tampões, sendo o bicarbonato o principal deles
O ácido lático é um ácido fraco, que ioniza pouco na água, jogando pouco H+ no organismo
O tampão leva o hidrogênio até o rim para ser eliminado e retorna à circulação
Esquema da absorção do H+ para eliminar na urina e do retorno do Bicarbonato à circulação:
- Não há gasto de bicarbonato, ele retorna à circulação
Vias de eliminação do H+
Assim, temos duas vias de eliminação do H+:
- A via metabólica/renal (sem gasto de HCO3)
- A via respiratória (com gasto de HCO3)
Existe, ainda, uma via compensatória, que auxilia a outra quando ela está sobrecarregada
- A compensatória, via de regra, é a respiratória, que auxilia a metabólica a eliminar o hidrogênio
mais rapidamente quando a via metabólica está super producente
Resumo das vias:
Equação de Henderson-Hasselbach:
Discutindo agora a equação da ionização do hidrogênio produzido pelo ácido carbônico:
O grande problema dessa situação é que, conhecendo dois valores, o terceiro se modifica na mesma
proporção que os outros. Ou seja, o terceiro depende dos valores dos outros. Desse modo, estudar o
equilíbrio ácido-básico pelo bicarbonato pode causar dificuldades para o perfeito entendimento e
perfeito diagnóstico da situação.
Influência do CO2 no pH
O aumento de 10 mmHg de CO2 no sangue fora do corpo, por exemplo, já diminui o pH em 0,05. A
diminuição em 10 mmHg do CO2 faz o pH subir em 0,1. Ou seja, o pH se modifica em função da variação
do CO2.
Ou seja, o pCO2 exerce uma influência direta no pH do sangue fora do corpo, gerando modificações
constantes e já padronizadas.
Influência de HCO3 no pH
Uma variação de 10 mmol/L na concentração de bicarbonato no sangue fora do corpo altera em 0,15
unidade o pH
- Se retirar HCO3, pH cai
- Se colocar HCO3, pH aumenta
Exemplo 2:
Ou seja, nesse caso, há contribuição metabólica e respiratória. A respiratória levou o pH até 7,22; e a
metabólica abaixou até 7,04.
Como sabemos que a variação entre o pH medido e o previsto é de -18, agora podemos calcular o
excesso de base, que dá uma ideia da contribuição metabólica:
A fração expirada de O2 deve ser informada pelo médico, a fim também de se analisar se o O2
dissolvido no plasma está adequado ou não.
3) Diagnóstico
Dar um nome adequado ao quadro do paciente.
Como tem-se apenas dois mecanismos (metabólico e respiratório), não precisa ser especificado qual
deles está compensando, uma vez que, se o distúrbio for metabólico, apenas o respiratório poderá estar
compensando, e vice-versa.
4) Correção da causa
Implica conhecer qual foi o mecanismo que causou o distúrbio:
5) Tratamento
Implica sempre em tratar do ponto de vista ventilatório os distúrbios respiratórios
A acidose metabólica é tratada com reposição de bicarbonato
A alcalose metabólica é mais difícil de ser tratada
- A “solução” seria administrar ácido, mas isso seria intempestivo
- Assim, prefere-se evitá-la a todo custo
- Se ela ocorrer, o tratamento é prolongado e consiste na reposição de potássio (o H+ sai da
célula para o K entrar) e diuréticos (principalmente, acetazolamida, que inibe a anidrase
carbônica, fazendo com que o H+ mantenha-se no corpo e o bicarbonato seja excretado nos
rins).
Exemplos:
Exemplo 1:
Componente respiratório:
- pCO2: normal
Componente metabólico:
- BE: acidose (menor que 3,5)
Exemplo 2:
Componente respiratório:
- pCO2: acidose
Componente metabólico:
- BE: normal
Exemplo 3:
Componente respiratório:
- pCO2: normal
Componente metabólico:
- BE: alcalose
Diagnóstico: Alcalose metabólica
Causas:
Exemplo 4:
Componente respiratório:
- pCO2: alcalose
Componente metabólico:
- BE: normal
Diagnóstico: Alcalose respiratória
Causas: Hiperventilação (perda de ácido)
Exemplo 5:
Componente respiratório:
- pCO2: alcalose
Componente metabólico:
- BE: acidose
Distúrbio inicial:
O pH do paciente está normal (7,4), nos impedindo de saber de pronto qual distúrbio se iniciou primeiro
● Se o pH fosse 7,34: acidose metabólica parcialmente compensada
● Se pH fosse 7,46: alcalose respiratória parcialmente compensada
Como pH = 7,4, podemos dizer que é:
- Acidose metabólica compensada
- Alcalose respiratória compensada
A partir da história do paciente, pode-se descobrir qual o distúrbio!
- O mais comum é o estabelecimento de mecanismos respiratórios
- Ex.: paciente chocado, perdeu muito sangue -> não tem O2 para nutrir célula -> passa a
realizar metabolismo anaeróbio e produzir ácido -> acidose metabólica -> hiperventilação para
compensar
- Ex2: paciente estava hiperventilando em um respirador por indicação médica; ao finalizar, ele
joga um pouco de bicarbonato para fora para compensar
Exemplo 6:
Componente respiratório:
- pCO2: normal
Componente metabólico:
- BE: acidose
70 = Peso; 14 = BE
Dividir sempre por 2 ou por 3 para não correr o risco de passar mais do que o paciente precisa
- Se o paciente não chegar no ponto de equilíbrio, passa mais um pouco
Cada mL de bicarbonato de sódio possui 1 mEq de bicarbonato!
Exemplo 7:
Componente respiratório:
- pCO2: Acidose
Componente metabólico:
- BE: alcalose
pH: 7,31 -> Acidose -> Diagnóstico: Acidose respiratória parcialmente
compensada
Causas: Típico de paciente com DPOC
Exemplo 8:
pH: 7,05 -> Acidose -> Diagnóstico: Acidose metabólica parcialmente compensada
Causas: Típico de cetoacidose diabética com respiração de Kussmaul
Exemplo 9:
Exemplo 10:
Exemplo visto no nosso dia-a-dia
pH: 7,37 -> Normal > Diagnóstico:
● Alcalose respiratória compensada
○ Muito comum no final da Gravidez: gravidez aumenta o metabolismo -> mulher
hiperventila
■ Compensa o pH gerando uma acidose metabólica pela perda de bicarbonato na
urina
■ A urina fica menos ácida, aumentando as chances de infecção de urina!
Exemplo 11:
Exemplo 13:
Diagnóstico: Acidose mista
Causas: não é comum na natureza, mas pode ocorrer no ambiente hospitalar
- A alcalose mista também é possível no ambiente hospitalar!