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FONOLOGIA
DO INGLÊS
ISBN 978-85-9502-162-4
Introdução
Quando você começou a estudar inglês, possivelmente tinha muita
dificuldade em pronunciar o som inicial da palavra think, []. Como muitos
alunos, você provavelmente produzia tal palavra com o som []. Também
possivelmente, seu professor tentou ajudá-lo, dizendo que, para produzir
esse som, deveria colocar a ponta da língua entre os dentes incisivos
superiores e inferiores.
Seu professor, com essa explicação, lhe deu uma aula sobre “ponto
de articulação”. Mesmo de uma forma “não técnica”, em uma aula de
pronúncia, estamos sempre falando sobre os pontos de articulação. E
por que você pronunciava o som [] como [], e não como [] (o som
inicial de shoe), por exemplo? A resposta é simples: porque os locais de
articulação de [] (labiodental) e [] (interdental) são bastante próximos!
Neste texto, você aprenderá a identificar os diferentes locais (pon-
tos) de articulação que caracterizam as consoantes da língua inglesa.
Além disso, também vai aprender sobre o “modo de articulação” (como
acontece a obstrução e a liberação da passagem de ar na produção de
consoantes). Ao descrever as consoantes a partir do ponto de articulação,
do modo de articulação e do vozeamento, você terá a oportunidade de
melhorar sua pronúncia, sua compreensão auditiva e, ainda, entender as
dificuldades de pronúncia de seus futuros alunos.
O trato vocal
O estudo do aparelho fonador inclui a análise da passagem do ar desde os
pulmões, passando pelas pregas vocais na laringe (onde ocorrerá a fonação),
até chegar ao trato vocal, onde o ar poderá ser liberado pela cavidade oral ou
nasal. No que diz respeito ao trato vocal, é importante estudar o papel de cada
um de seus articuladores (Figura 1). A depender do movimento dos articu-
ladores, a caixa de ressonância que é nosso trato vocal vai mudar de forma;
diferentes frequências de ressonância vão ser formadas, em função do ponto
de obstrução da corrente do ar e, também, do modo como esse ar é liberado.
Dessa forma, tem-se a produção dos diferentes sons da fala.
1– Pontos de articulação:
(1) bilabiais; (2) labiodentais;
(3) dentais; (4) alveolares;
(5) palato-alveolares; (6) palatais;
(7) velares; (8) glotais.
Descubra, você mesmo, o seu alvéolo, o palato duro e o palato mole. Corra a ponta
da sua língua pela parte superior da sua boca. Logo após os dentes, quando você
sentir uma parte “crespa”, você terá encontrado o alvéolo. Desloque sua língua mais
para trás e encontrará uma parte mais dura, em função do osso que ali está – você
encontrou o palato duro. Ao correr a língua ainda mais para trás, você vai notar onde o
osso termina e vai sentir a região flácida que caracteriza o véu palatino (muitas pessoas
sentem cócegas ao passar a língua nessa região).
https://goo.gl/bzioow
Os pontos de articulação
O ponto de articulação “[...] corresponde à localização, no trato oral, em que
o articulador ativo encontra o articulador passivo, na produção dos sons [...]”
(LAMPRECHT et al., 2012, p. 264).
Os pontos de articulação que se mostram relevantes para descrever as
consoantes do inglês são:
Bilabial: caracterizado pelo encontro dos lábios inferior e superior. O
articulador ativo é o lábio inferior, e o articulador passivo é o lábio inferior.
É o ponto de articulação das consoantes iniciais das palavras pie, bye e my.
Labiodental: consoantes labiodentais são produzidas com os dentes inci-
sivos superiores (articulador passivo) realizando uma constrição com o lábio
inferior (articulador ativo). As consoantes iniciais das palavras fat e vet são
labiodentais.
Interdental: caracterizado pelo movimento da ponta ou lâmina da língua
(articulador ativo) em direção a um ponto entre os dentes incisivos (articula-
dores passivos). Os segmentos interdentais do inglês correspondem aos sons
iniciais de think e those. Em alguns dialetos do inglês, a ponta/lâmina da língua
simplesmente se aproxima dos dentes superiores. Por isso, alguns manuais de
fonética do inglês usam o termo “dental” (YAVAS, 2011).
Alveolar: sons alveolares são produzidos com a ponta (ápice) ou lâmina
da língua (articulador ativo) se movimentando em direção aos alvéolos (arti-
culador passivo). Em inglês, os sons iniciais das palavras tape, dull, size, zoo,
new e lake são alveolares.
Palatoalveolar: para a produção destes sons, a lâmina da língua (articulador
ativo) se dirige em direção à parte medial do palato duro. Encontramos este
ponto nos sons finais das palavras rush, massage, catch e fudge.
O glide // (encontrado em one e what, por exemplo) apresenta dois pontos de arti-
culação. Na produção desse som, os lábios estão arredondados (ponto de articulação
labial), enquanto o dorso da língua está levantado em direção ao véu palatino (ponto
dorsal). Alguns autores, inclusive, chamam tal consoante de “labiovelar” (YAVAS, 2011).
final da primeira palavra pode ser produzida, variavelmente, como [] ou [].
Por sua vez, em “need you”, a consoante final de “need” também pode ser
produzida como [] ou []. Atente ao fato de que essas consoantes variam em
termos de ponto de articulação, mas não em termos de vozeamento.
Por que esse fenômeno variável acontece no inglês? Preste atenção no
ponto de articulação da consoante inicial da segunda palavra, []: ele é palatal,
enquanto os segmentos [t] e [d] são alveolares. As consoantes palatoalveolares
[] e [], por sua vez, estão “no meio do caminho”: produzir tais consoantes
tende a implicar menos esforço articulatório do que realizar [] e [].
O mesmo fenômeno também ocorre com fricativas. Em miss you, por exemplo, a
consoante final da primeira palavra pode ser produzida tanto como [] (alveolar)
quanto como [] (palatoalveolar). Já em as you, a consoante final pode ser produzida
tanto como [] quanto como [].
Os modos de articulação
O modo de articulação corresponde a um critério de classificação caracteri-
zado “[...] em função de como os articuladores se posicionam e de como se
dá a soltura de ar no momento da produção do som [...]” (LAMPRECHT et
al., 2012, p. 263).
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Classificando consoantes
Uma consoante pode ser caracterizada por meio de três critérios: seu ponto de
articulação, seu modo de articulação e seu vozeamento. É importante saber
determinar esses parâmetros em cada uma das consoantes, uma vez que elas
se diferenciam em função dessas propriedades.
[] (sake) e [] (shake) são consoantes que compartilham o mesmo modo de articulação
(fricativas) e o mesmo vozeamento (surdas ou desvozeadas), diferenciando-se apenas
no ponto de articulação (alveolar e palatoalveolar, respectivamente).
[] (bay) e [] (may) são consoantes que compartilham o mesmo ponto (bilabiais) e
o mesmo vozeamento (sonoras ou vozeadas), diferenciando-se apenas no modo de
articulação (plosiva e nasal, respectivamente).
[] (few) e [] (view) são consoantes que compartilham os mesmos ponto e modo de
articulação (fricativas labiodentais), diferenciando-se apenas no vozeamento (surdo e
sonoro, respectivamente).
Para saber mais sobre a caracterização articulatória das consoantes do inglês, leia o
primeiro capítulo do livro “A course in phonetics”, de Ladefoged e Johnson (2011).
Leituras recomendadas
CELCE-MURCIA, M. et al. Teaching pronunciation: a course book and reference guide.
Cambridge: Cambridge University, 2010.
CRISTÓFARO-SILVA, T. Fonética e fonologia do Português: roteiro de estudos e guia de
exercícios. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2007.