•

...., • ,.
•

Dando continuidade
à série Jogos com Frações,
apresentamos outras
idéias para as cr-ianças
trabalharem com meios,
quartos e oitavos.
Jogando em grupo,
as crianças verbalizam suas
idéias, confrontam •

seus argumentos com os

dos colegas
~ , .
e desenvolvem
O raCIOCIOIO.
•

Maria Cristina S. de A. Maranhão

Faculdade de Fllosofla, Ciências e Letras
de Santo André • SP

Luiz Márcio P. lmenes

- FUNBEC-

Revista de Ensino de C/fncfu ,. 15 - Junbo 1986 29

 •

' •

Vale a ~·m• repetir algumas considerações

Construindo conceitos, respeitando o des~nvolvir:ner;to da

criança, trabalhando com cuidado a compreensao das tdétas ma-
temáticas, o professor ajudará os alunos a chegarem mais longe.
O tempo gasto com as atividades concretas é, portanto, tempo
bem gasto/ · .
Só quando um conceito é atingido através das atividades com
o material, é que convém passar para a fase semi-simbólica, •
usando-se recortes, dobraduras e desenho no papel.
Em seguida, pode-se passar às atividades tradicionais, que
oorrespondem à fase simbólica. Estas são as únicas normalmente
apresentadas nos livros didáticos.
Queremos lembrar outra vez: é Importante que as criançâst
• tenham liberdade para errar,·
• repitam os jogos sempre que sentirem necessidade;
• Inventem regras, discutam essas regras e as modifiquem
quando quiserem;
• trabalhem em grupo, colaborando umas com as outras e
discutindo suas Idéias; · ·
• verba/lzem .o gue estão pensando.
6

Conatruçlo do material

O conjunto de peças des.i g- Convém lembrar que a divisão do ckculo em

nado por F2 é constlturdo de : partes iguais precisa ser feita com algum cuidado
•
usando-se instrumentos de desenho. ' ·
•
•
•

2 discos brancos inteiros, com o

c~ntro demarcado (use os mes- ''
mos do F1) • '\ 4S•
\
• \
' '
•
'
•
•
2 discos vermelhos divididos e
recortados em 2 partes Iguais ca-
da um ·
Os alunos usarão ainda o mesmo dad.._o e as
• "lesmas 100 fichas (ou botões, grãos, pedrinhas)
2 discos azui$ divididos e recor-
usados no f1·
No caso de se usar botões, grãos ou
• pedrinha~ e rr~1portante que estas sejam .aproxima-
tados em 4 partes iguais cada um damente 1gua1s.
'
•

4~~ ~o jogo 6 usarão ainda uma roleta, cuja c·ons-

truçao será descrita mais adiante. . .·
·':.4."-s '" ~ cortados em 8 partes Iguais cada
~- um . .. Na preparação do material, sugerimos que vó-
• ce envo~va as próprias crianças. Esta é uma boa
Os discos do F2 devem ter o mesmo raio dos opo~umdade para trabalhar um gouco com a geo-
· discos do F1 (1 O em). metrra.
I

30 Reviste de Ensino de Olfnclas,. 15- Junho de 1986

 ~~----------------~-- · ----------------

• Atividades

Nos jogos que apresentamos a seguir, as crian-

ças trabalham em grupos de quatro, jogando duas
contra duas.

Jogo 1 : jogo livre •

•
Material: peças do F2, sem o dado.
•

O professor sugere que as crianças brinquem
aos pa.res, cada par com a metade do material : 1
círculo branco, 2 semi-cfrculos vermelhos, 4 seto-
res azuis e 8 setores amarelos. Elas devem manu-
sear livremente o material.
eomentárlos
Mesmo que as crianças tenham passado pela
etapa do jogo livre com o F1, devem fazer o mesmo
com o F2.
Como antes, elas iniciarão construindo cenas
aparentemente desvinculadas do assunto e passa-
rão a recobrlmentos, contagens e, finalmente, esta-
belecerão relações entre as partes do material.
Como já passaram pelo jogo livre com o F1, algu-
mas talvez pulem a fase das cenas e passem direta-
mente aos recobrimentos e contagens.
Poderão também estabelecer comparações
entre as peças dos dois materiais. O professor
perceberá isto nas conversas com as crianças. Esta
fase leva à melhor participação e compreensão nos
jogos seguintes.
Complemento
Se o professor achar conveniente, poderá
1) pedir às crianças que anotem num caderno tudo
o que observaram a respeito deste material;
2) entregar o dado e pedir aos alunos que Inventem
um jogo usando as peças e o dado.

Jogo 2: formação do Inteiro

Material: o mesmo do jogo
•
1.

Com os mesmos grupos de trabalho, o profes- ao aluno a oportunidade de estabelecer relações

sor pede às crianças que, usando as peças, formem
cfrculos coloridos, de uma só cor, depois de 2
cores e depois de três cores.
Comentários
Como no F1, o objetivo deste jogo é propiciar
entre as partes e o inteiro. O inteiro pode ser
formado usando peças de uma só cor, de duas ou
de três cores. Muitas vezes as crianças ten~am
diversas possibilidades de formação do inteiro, va-
riando a posição ou a quantidade de peças de cada
cor. · Com isso preparam terreno para os jogos
posteriores.

•
•

Jogo 3: recobr1mentoa
Material: o mesmo do jogo 1.
•

Convém lembrar aos alunos que recobrir uma
figur.a com outras sigAifloa cobrí-la totalmente,
sem deixar vãos, ~em remontar e sem passar Cias
beiradas. Peça então às crianças que façam reco-
brimentos das peças do material, de diversos mo- ·
dos, livremente. Depois de certo tempo, proponha
que respondam algumas questões:
• - As peças amarelas são todas do mesmo tama-
nho? E as azuis? . juntas?
- Quantas peças amarelas são necessárias para
recobrir o círculo? E quantas azuis? E quantas
vermelhas?
- Quantas peças amarelas podem ser juntadas
para formar uma do tamanho da azul? E uma do
tamanho da vermelha?
- Quantas peças amarelas são necessárias para
recobrir duas azuis juntas ? E duas vermelhas
•
•

•
Revísta de Ensino de Clfnclas rf' 15 -Junho
•
1986 31
•

_ Quantas peças azuis são necessárias para reco-
brir uma vermelha? E duas vermelhas juntas?
Dent;o destas idéias, o ~rofessor pode Ir crian-
do questões em cima das atrvidades dos alunos.
Comentários .. . ,.
Durante esta atividade pode-se batrzar
as peças como meios, quartos e oitavos;_ po:
de-se a i nda Ind i car as representaçoes .
1/2, 1/4, 1/8, 3/4, 2/4, 3/8 , etc. . quadrados, triângulos, etc), drvrdrdos em 2, 4 ou 8
Este jogo contribui para o desenvolvrmento da
noção de fn~ção. As q~estões propostas envolvem
a comparaçao de fraçoes e o conceito de e.q ulva-
lêncla.
..
Algumas crianças estabelecem também com..
ão entre as peças deste material e as peças
~~r~~. Dizem por exemplo:" 1/4 é maior que 1/5,
porque precisamos de meno~ peças para cobrir 0
cfrculo"; " com os quintos nao dava para formar
'
melo crrcu Io n . .
Como nas atividades com o F1 , sugenmos qüe
róximo passo seja apresenta~, aos alun?s desa.
ntfos de figuras de formas ~a.rr~das (retangulos,
0
partes iguais. Pintando, recortando, dobr~ndo -es-
ses desenhos, a criança representa as fraçoes aqyl
trabalhadas.

;1 •

l/i li •
1<
1' & •
i,
; ,i
•

Fração e divisão
Na vida diária é comum precisarmos dividir alguma coisa em partes Iguais. No entanto, muitas
vezes. ao fazer essas divisões, as pessoas agem de maneira errada, embora nem percebam Isto.

•
Dividem o pedaço de Bebem "meio" copo de Olvidem o conteúdo da
pizza em duas partes chope assim : jarra em quatro partes
" Iguais" assim : " Iguais" assim :

•
• ••,

--- .,.;,_
,.
---
-
• •
•
.. ~

•
. •.
•• • •

• -- ------------
• --- • •
• •

•
•

. • • • • •

--------- ---
.

• •
• • •
• • • • t.
o • • ,
• . •. . . .•. . .
_ •., ._ o • . --

• •

O exagero maior desse procedimento se mani- Entretanto, a divisão de certas figuras em

festa em frases do tipo ; " a metade maior é minha". duas, quatro ou oito partes iguais, pode apresentar
No trabalho com as frações , devemos nos dificuldades bem menores. Com dobraduras pode- •
preocupar em corrigir estas distorções. mos propor às crianças que, por exemplo,

No artigo anterior, afirmamos que um aspecto • dividam um circulo ao meio; •

Importante do conceito de fração é o da divisão em • dividam-no, depois, em quatro partes iguais;

partes iguais. Naquela ocasião, pelas razões que ali
foram expostas, não propusemos aos alunos que
dividissem uma figura em cinco ou dez partes
Iguais.
• a seguir, o dividam em oito partes Iguais;
• dividam um retângulo em quatro partes iguaiS';
• dividam um triângulo equilátero em quatro partes
• •
IgUaiS.

•
32 Revl•t• de En•lno de CJinolas no 16- Junho de 1986
 Aparecem divisões interes- branca, podemos, com elas, recobrir a figura preta.
santes, algumas certas, outras Isto quer diz-er que as duas têm a mesma área.
erradas. Uma criança, certa vez,
representou a quarta parte do
triângulo equilátero assim :

Outra, ao dividir o triângulo

ao meio, fez assim :
•

Este exemplo mostra que, ao propor a divisão

de uma figura em partes iguais, é possivel pensar
Embora errada, a idéia é interessante. Para que de duas maneiras: ou se pen$a em ..forma e1ama-
a criança perceba o erro basta recortar e tentar nho" ou se pensa apenas em .. tamanhos" iguais.
colocar uma parte sobre a outra.

~
•
.
r>-
' f
Veja de que modo uma •• ••
J' •• •• •
. . ..
criança, por dobraduras, dividiu •
•' ••
·. um retângulo em duas partes • - •

Iguais:
•,
•• Ao final deste trabaJho, podemos fazer uma
•
exposi ção dos vários trabalhos, reforçando as
Perceba que a figura retângulo não foi dividida idéias Interessantes, as diferentes maneiras de do-
em duas figuras Iguais. brar e dividi r figuras , comentando os erros e
Entretanto, separando as duas partes da figura acertos•
•

Jogo 4: Jogo das fichas

•
Material : peças do F2, sem o dado, com as 100 fjchas.
• •
As crianças continuam trabalhando em grupos Os outros dois alunos devem confer,ir o resul-
de quatro. No decorrer desta atividade, cada uma tado obtido; se o mesmo estiver correto, todos
delas preenche a seguinte tabela: deverão preencher suas tabelas, colocando o re-
• sultado no lugar destinado a ele .
Número vermelho azul amarelo
1/2 1/4 2• parte
• de fichas J
1/8 I~ As crianças que conferiram
24 li -~ - o resultado anterior, desta vez,
- . -- --
40 devem formar, cada uma, um cír-
•
48 • - •
--- culo com as peças azuis e distri- ~
. .. - 15uir as 24 fichas entre os setores,
• • 32 dando a cada parte o númer o de*4#
r_
1 80 ---;;-
= -
_,._
I•
fichas --a que ela tem direito" . As
-
---=-
96 . -- - - outras duas confe-rem e todas
,
88 •
I~ anotam em sua tabela o resulta-
---=- ..- ,,_ do obtido.
72 ~
~- [L -

56 lo
3• parte
- -=~- -
• Os alunos que conferiram a 2• parte, agora,
• 1• parte formam, cada um, um círculo com as peças amare-
Duas crianças formam, cada las e, da mesma maneira, dividem as 24 fichas. AS
uma, um círculo com as peças outras duas conferem e todas colocam o resultado
vermelhas e distribuem 24 fichas na tabela, completando a primeira linha.
sobre as partes, dando a cada
· parte o número de fichas .. a que •••
ela tem direito". Como as partes ~"' número de vermelho azul amarelô
são iguais, devem receber quan- fichas 1/2 1/4 . 1/8
tidades Iguais de fichas.
L· 24 .
12 6 a
•

•
Revista de Entlno de Cflncfu ~ 16 -Junho 1986 33
 Do mesmo modo são preenchidas as 2.a. 3.a e
4.a linhas da tabela.
4.a parte
A S.a linha da tabela, que se refere ao número
• ao. é preench ida conjuntamente pelas quatro
crianças de cada grupo.
•
5.a parte
Cada criança escolhe um quadrinho da tabela
gue ainda não esteja preenchido. Sem usar a~
fichas procura "preveru o número que deve ser
colocado ali.
Depois confere sua ••previsão" usando as fi-
chas. Se acertou marca um po~to para si. Se errou
• não marca ponto. Todos marcam o resultado corre-
, to em suas tabelas.
6.a p~::a criança escolhe, na sua vez, um quadri-
nho vazio para desafiar o colega que está à sua
direita Aponta o lugar e o outro t~m 10 segu~dos
ara f~er a " previsão". se a cnança desafiada
~certa ganha 1 ponto. se erra, a desafiant~ deve
dar a •" previsão". Conferem com o matenal, se
necessário. Se a desafiante acerta, ganha 1 ponto ;
se erra, perde 1 .
Comentários d .. ·. •
se as crianças estiverem acertan o as ~revi-
sões'' 0 professor pode. propor questões do t1po:
- Calculem1 /4 de 64 frchas·. •
-Calculem 1/8 de 128 metros de f1o.
-Calculem 1/2 de 104.

Jogo 5: jogo do dado

Material : peças do F2. com o dado.

Em cada grupo, as crianças jogam duas contra fazendo cálculos. Percebem, por exemplo, que:
duas. Cada par fica com um círculo branco e os ..:L+ _!_ = _!_ , onde está embutida esta opera-
vários setores coloridos ficam sobre o centro da 4 4 2
mesa.
çao: ..1. + ..L= 2 = _!_ ·
O objetivo do jogo é recobrir totalmente o 4 4 4 2
crrculo branco. Cada par joga o dado e retira do Estas equivalências aparecem também quando
centro da mesa o número de peças amarelas Indi- estão calculando quanto falta para completar o
cado na face de cima do dado. Coloca-as sobre o Inteiro:
cfrculo branco. O par vencedor será aquele que - ''Tenho 6/8 . Faltam 2/8 ou 1/4 ."
recobrir primeiro o disco branco. Com a ajuda do material, fazem somas de
frações com denominadores diferentes.
~~ç6~ . - " Tenho 1 vermelha e 1 azul. Faltam então 1
1) Toda vez que um par de alunos obtiver duas azul ou 2 amarelas para completar o disco."
peças amarelas, poderá trocá-tas por uma azul\ Na linguagem simbólica fica assim :
dando direito a jogar outra vez. .
1 1 1 1 1 2
Toda vez que obtiver duas peças azuis, poderá 2 +4 + 4. =1 ou 2 + 4 + 8 = ~
trocá-las por uma vermelha~ dando direito a jogar
outra vez.
2) A mesma variação anterior, acrescentando esta É importante perceber que os cálculos e rela-
regra: se os dois alunos esquecerem de uma troca ções a que nos referimos estão sendo feitos natu-
e passarem o dado adiante, não poderão mais ralmente pelas crianças, sem a interferência do
trocar aquelas duas peças. professor.
3) Colocar no dado os números O, O, 1, 1, 1, 2 e O trabalho semi-simbólico pode ser feito em
repetir o jogo 5. seguida. Os alunos pintam somas ou quanto falta
4) Com o dado modificado, repetir a variação 1. para completar o inteiro, em figuras de formas
Obser.ve que, nestas conçjições, existe a pos~ibll1- variadas. Podemos. propor, por exemplo!
dade de o jogo ficar, o tempo todo, num mesmo par
de alvnos. . Represente a soma: 1 + 2
4 8
Comentários li
-l i
Com o jogo 3, as crianças percebem algumas ll 11 •
~ ~1
equivalências. Fazem também algumas " somas"
possjvefs para formar o inteiro. No jogo 5, estas
idéi as são aprofundadas. Motivadas pela vontade . P.inte. o que falta para
de jogar outra ve~ as crianças ficam, o tempo todo, completar o inteiro

..

34 Revlst• de Ensino de Oiênclss no 15 - Junho de 1986

 Depois destas, podemos passar às atividades das, em miHmetros, são aproximadas.
simbólicas. Aqui é preciso um cuidado. Ao propor,
por exemplo, _que os alunos calculem a soma 218
+ 3/4 não devemos esperar ou exigir que encon-
trem o mrnimo·múltiplo comum dos denominado-
res. Espera-se, isto sim, que substituam 218 por
1/4 ou 3/4 por 6/8 . Também não é este o mo-
mento adequado para propor uma soma como 211
+ 113 . Em resumo, os exercfcios da fase slmbóllca
devem se harmonizar com as atividades das fases I
anteriores.
Em testes aplicados às crianças que trabalha- 80

ram com este material, pudemos observar. de inf-

. cio, que as crianças, até certo ponto, tornavam..se
Faça, ainda, umas 3 ou 4 "arruelas,. de carto-
dependentes das cores das peças. Diante desta lina: .
questão 1/4 + 218 = ? agiam assim:
- " Uma azul e duas amarelas é igual a uma
vermelha."
Entretanto, com o decorrer das atividades aqui
propostas, aliadas aos exercicios das fases semi-
simbólica e simbólica, notamos que esta depen-
dência vai desaparecendo.

•
A construçio da roleta Esquema para a montagem do ponteiro:

No jogo 6, cada grupo de quatro crianças utili-

za uma roleta, além das peças do F2.
· Material necessário para a construção da roleta: •

• @)
•
- papelão de caixa de supermercado ::Oo )
-cartolina ~
- r canudinho de .refrigerante @.?> 41(

- 1 grampo de fixar papel em pasta

-cola
-tesoura, régua e compasso
i
•

Na cartolina, desenhe uma circunferência de

raio 1{) em. Divida o círculo em quatro partes
iguais. A seguir divida ao me.i o dois quadrantes Atravessando a base, vire as pontas do
opostos, como mostra o desenho. grampo.

• Faça o teste: é preciso que, num impulso dado

com o dedo, o ponteiro gire com alguma facilidade.
•
Ele não pode ficar preso à base•

Recorte o disco, que será colado, inteiro, sobre •

a base de papelão. Esta pode ser quadrada, tendo
30 em de lado aproximadamente. Para melhorar a
rigidez da base, cole nela outra placa de papelão
de mesmo tamanho:
No centro do disco, faça um furo que atravesse
também a base.
A seguir, desenhe e recorte, em cartolina, o
ponteiro da roleta, conforme o esquema .. As medi-

Rev1st• de Ensmo de Cllnclu ri' 15-Junho 1986 • 35

'
 Jogo 6: Jogo do arrisca
~aterial : peças do F2 e a roleta
Algumas das atividades desenvolvidas neste
jogo foram Inventadas pelas próprias crianças. Es-
te jogo do arrisca, onde elas usam a roleta, é, em
geral, aquele de que mais gostam . Por isso é impor-
tante desenvolvê-lo com elas.
Proponha que a classe se divida em grupos de
4 crianças, para jogarem aos pares.
Cada par de alunos fica com um cfrculo branco
para ser recoberto. As outras peças e a roleta ficam
no centro da mesa.
Cada par, na sua vez, deve girar o ponteiro da
roleta. Este apontará uma fração do disco. Com a
peça correspondente os alunos recobrem o disco
branco. Se a seta parar num risco do disco da
roleta, deve ser girada novamente. Se, ao girar a
seta, um par obtiver uma peça gue, quando coloca-
da sobre seu cfrculo branco, ultrapasse o inteiro,
então deverá devolver todas as peças que já obte-
ve. Como consolo, terá direito a jogar outra vez e
iniciar novamente seu recobrimento.
O jogo termina quando um par recobre o círcu-
lo branco. Este par é o vencedor.
Variações
Você vai ver que este jogo possibilita muitas
variações. A seguir apresentamos algumas. Não é
necessár.io fazer todas. Escolha as que achar mais
adequadas ao seu trabalho com as crianças. Entre-
tanto, só faça a escolha depois de ler os comentá-
rios que seguem às variações.
1) Pedir que as crianças inventem outra regra para
jogar com este material.
2) Se um par obtiver uma peça que ultrapasse o
i ntel ro, deverá devolver a peça e passar a vez.
3) Se um par obtiver uma peça que ultrapasse o
inteiro, terá direito de escolher uma peça sua para
devolver {não necessafiiamente a peça retirada).
Neste caso, a peça escolhida pode determinar
que o par é venced.or. Por exemplo : •
pode
devolver e
completar
• • •
tem e sa1 o mteJro
4) Se um par obtiver uma peça que ultr~passe o
inteiro, deverá formar um inteiro e melo. Cas.o
aconteça de retirar uma peça que ultrap.asse o
Inteiro e meio, deverá devolver a peça retJrad~ e
passar a vez. Neste caso, o par vencedor sera e
primeiro que conseguir completar o que lhe cabe.
5) se um par obtiver uma peça qu~ ~ltrapasse o
Inteiro, poderá ?evolver.a peça e des1st1r da ve~, ou
formar um inte1ro e me1o. Vence o par que atmgir
primeiro o seu objetivo.
6) Se um par obtiver uma peça que ultrapasse o
inteiro deverá formar um inteiro e meio, tendo o
direito' de jogar mais duas ve;.es. Se acon!ec~r de
passar o inteiro e meio, devera formar dois mte1ros,
tendo novamente o direito de jogar mais duas ve-
• •
zes. Depois dessas tentat1vas, se sa~r uma peça que
ultrapasse dois inteiros, devolve a· peça e passa a
vez.
O jogo termina quando um dos pares forma 1,
1 1/2 ou 2 inteiros. Entretanto o par vencedor é
aquele que tem a fração maior (tem mais partes
pre.enchidas). Por exemplo: se um par formou um
inteiro e outro par estava com um inteiro mais um •
quarto do Inteiro, o par que determinou o final do
jogo foi o que primeiro formou o inteiro. mas o par
vencedor é o que tem um inteiro e um quarto.
7) Utilizando a roleta e o dado, cada par pode
retirar a quantidade de peças Indicada no dado, do
tamanho Indicado pela seta na roleta. Tem dlreito a
devolver uma ou mais peças, se necessário, para
completar o inteiro.
8) Refazer a variação 7, usando um dado comum.
oom os números 1, 2, 3, 4, 5, 6, com o objetivo de
formar dois inteiros.
9) Cada grupo pode refazer a variação 6, em 5
rodadas. Cada par, deve marcar o valor obtido em
cada rodada. Após as 5 rodadas, cada par soma os
valores obtidos e o vencedor é aquele que tem a
maior soma.
10) Inventar uma regra própria do grupo, jogar.com
esta regra, fazer as modificações necessárias e
depois ensiná-las para outros grupos.
Comentários
Com este jogo e as variações 2 e 3, estamos
retomando, de uma forma mais aprofundada, so-
 mas com as frações deste materiaJ, bem como
diversas possibilidades para se completar o inteiro.
Nas variações 4 a 7, abordamos as frações
impróprias e sua comparação, num nível crescente
de dificuldades.
Durante a realização deste jogo, o professor
pode apresentar as representações destas frações :
1 1; 2 , 2114, etc, sem prejurzo das atividades. No
entanto, para se pedir operações, transformações
de representações e comparação destas frações, é
interessante que se espere um pouco mais.
Ao término destas variações, pode-se passar à
fase semi-simbólica, com desenhos de cfrculos e
outras figuras, explorando os conceitos traba-
lhados.
Depois desta fase, pode-se passar às ativida-
des simbólicas, tradicionalmente conhecidas.
É Interessante notar também que, nestas ativi-
dades, as crianças lnicjam disGussões sobre as
.. chances de saifi na roleta". Estas discussões vão
se aprofundando. Neste processo, percebemos
que discutem a respeito da maior probabilidade
No número 14 da Revista de Ensino de Ci ências publicamos a
resenha destes dois livros e os recomendamos aos educadores
---~-~-~--~~~--- intArA~sados em assuntos ligados à saúde da criança. Por um
que têm de vencer, optando por esta ou aquela
saida. Nestas discussões está sempre presente a
idéia de razão, comparação, ou seja, de fração. Por
isto, devemos Incentivá-las nestas discussões.
Na variação 9, é Interessante que o professor
permita aos alunos mudar o dado ou o disco da
roleta. Por exemplo, se trocarem o disco por este
outro, exercitarão a per-
cepção de que a chance
de sair uma certa fração
na roleta depende da ma-
neira como o disco foi di-
vidido. Pode-se estabele-
cer regras para este ma-
ter:ial, com o novo disoo
de roleta, e testá-las.
-
Jogar, participar de dlscussoes em grupos e .
importante. Criar, criar em grupo, modificar regras
ditadas por adultos é, para a criança, uma fonte de
desenvolvimento.
Elas sempre têm novas regras e é claro que
suas regras são sempre as melhores (sob seu pró-
prio ponto de vista). Se lhes dermos oportunidade,
poderão confrontá-las coni as dos outros, adaptá-
las e, neste processo, estarão promovendo seu
próprio desenvolvimento.
A série Jogo·s com frações continua no próxi-
mo número da revista.
.. -