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DIFERENÇA ENTRE CONDICIONAMENTO RESPONDENTE E OPERANTE

(página 91 – 93):

MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. Princípios básicos de análise do


comportamento. Porto Alegre; Artmed, 2007.

Comportamento operante e comportamento respondente (Reflexo). Um


comportamento respondente não depende de suas consequências a seguir para
ocorrer ou deixar de ocorrer; já o comportamento operante, sim. Vimos em
unidades anteriores o comportamento respondente. Vimos também que alguns
estímulos podem eliciar respostas agradáveis e que outros podem eliciar
respostas desagradáveis; que alguns estímulos podem eliciar emoções (como
medo e raiva) e outros podem eliciar excitação sexual, entre outras respostas. A
separação entre comportamento respondente e comportamento operante é
meramente didática. Para compreender o comportamento como um todo, é
preciso, muitas vezes, entender como se dá a interação entre o respondente e o
operante.
• Após um acidente, ter medo de dirigir um carro (respondente)
• Após um acidente, evitar andar de carro (operante)
A junção das duas descrições de comportamentos citadas é um tipo de
exemplo de como se dá a interação operante-respondente e de como essa
interação pode, às vezes, constituir-se em um problema na vida das pessoas:
1. Antes do acidente, o indivíduo não tinha medo de dirigir carros.
2. Dirigir um carro, portanto, era um estímulo neutro para a resposta de
medo.
3. Por que o indivíduo passa a ter medo de dirigir? Em outras palavras,
como dirigir um carro passa a ser um estímulo condicionado para a resposta de
medo?
4. Através de condicionamento pavloviano: emparelhamento do estímulo
neutro para esta resposta - dirigir um carro - com estímulos incondicionados para
a resposta de medo: dor, impacto, barulho altos, entre outros, presentes no
momento do acidente.
5. Após um acidente, ter medo de dirigir um carro (respondente).
6. O medo (ou todas as sensações que o caracterizam) são estímulos
aversivos: sempre que o indivíduo puder, ele irá emitir comportamentos de
esquiva (ou fuga) que evitem o contato com os estímulos aversivos;
7. Após um acidente, evitar andar de carro (operante).
8. Não dirigir um carro pode ser um transtorno enorme na vida de alguém.
Como perder esse medo?
9. Perder o medo significa que deve haver extinção respondente, ou seja,
estímulo condicionado deve perder a função de eliciar a resposta de medo.
10. O que deve acontecer para que haja a extinção respondente?
11 O indivíduo deve ser exposto ao estímulo condicionado para a resposta
de medo sem a presença dos estímulos aos quais foi previamente emparelhado,
ou seja, o indivíduo deve dirigir o carro de uma forma segura (livre de barulhos,
dor, impactos, etc.).
12. Mas a resposta de medo é também um estímulo aversivo, e o indivíduo
evitará entrar em contato com estímulos que a elidem, ou seja, evitará dirigir.
Neste caso, o que poderia ser feito? No caso deste indivíduo, dirigir um
carro é um evento (um estímulo extremamente aversivo), e ele tenderá sempre
a se esquivar de tal situação. No entanto, ver fotos de carros, de pessoas
dirigindo, imaginar-se dirigindo, entrar em um carro e não dirigir, dirigir em locais
desertos e dirigir em baixa velocidade talvez sejam estímulos que gerem menos
medo (menos aversivos); portanto, tenham menor probabilidade de evocar um
comportamento de esquiva. Logo, poderíamos expor o indivíduo gradualmente
a esses estímulos até que ele voltasse a dirigir tranquilamente seu carro.
Acabamos de utilizar a técnica conhecida como dessensibilização sistemática.
Um outro medo, muito comum na maioria das pessoas, é o de falar em
público. Parece lógico concluir que não se trata de um reflexo inato (falar em
público -► medo). Se fosse inato, seria bastante complicado perdê-lo. Muito
provavelmente, a maioria das pessoas tem medo de falar em público porque
passou por situações aversivas ao ter que se expressar verbalmente em público.
Como a resposta de medo é também um estímulo bastante aversivo, tendemos
a fugir ou a evitar, sempre que podemos, tais situações. Por esse motivo,
podemos passar longos anos de nossa vida com medo, pois, sem exposição ao
estímulo condicionado (o falar em público) não há extinção desse reflexo
aprendido. É fundamental sabermos distinguir o comportamento operante do
comportamento respondente, tendo em vista que cada um tem formas diferentes
de ser trabalhado. A maneira como cada um é aprendido e, por sua vez, extinto,
diferem uma da outra. Mais ainda, além de saber distingui-los, no momento de
realizar intervenções, é necessário saber como eles interagem. Só assim é
possível fazer análises adequadas dos comportamentos dos indivíduos e, assim,
planejar intervenções eficazes.

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