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“ORATÓRIA E EXPRESSÃO

VERBAL”

Lidere – Mostre-se – Exponha-se – Desinibe-se

Organização dos textos


Paulo César Pereira

Setembro - 2013
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................4

1 A CONVERSA: INGREDIENTE DO SUCESSO................................................... 6

1.1 Até que ponto você é sociável?.......................................................................6

1.2 Seu silêncio: motivo de isolamento.................................................................6

2 O TEMA: FATOR NECESSÁRIO ............................................................................7

2.1 “VOCÊ” – O seu melhor tema.........................................................................7

3 DESINIBIÇÃO .............................................................................................................9

3.1 Como vencer a inibição de falar em público .................................................10

3.2 Relaxamento...................................................................................................10

4 ASPECTOS DA EXPRESSÃO VERBAL ...............................................................12

4.1 Naturalidade...................................................................................................12

4.2 Fluência..........................................................................................................12

4.3 Conhecimento ...............................................................................................13

4.4 Planejamento..................................................................................................13

5 A VOZ .........................................................................................................................13

5.1 O ritmo da voz................................................................................................13

5.2 Expressividade da fala ...................................................................................14

5.3 A respiração....................................................................................................14

5.4 A Dicção ........................................................................................................15

5.5 Exercícios de Trava-língua ............................................................................17

6 O VOCABULÁRIO ...................................................................................................18

6.1 Os Vícios de Linguagem................................................................................18

6.2 Cuidado comas Redundâncias .......................................................................20

6.3 Evite os clichês ..............................................................................................21

2
6.4 A praga do gerundismo...................................................................................21

6.5 Não se renda aos estrangeiros ........................................................................22

6.6 Evite cacófagos...............................................................................................22

6.7 Não se confunda!............................................................................................22

7 A EXPRESSÃO CORPORAL ..................................................................................23

7.1 A posição das pernas......................................................................................23

7.2 O movimento das mãos .................................................................................24

7.3 A expressão facial .........................................................................................25

7.4 Andar ou ficar parado?...................................................................................25

7.5 Como fazer uma apresentação sentado ..........................................................26

7.6 Para onde olhar durante a apresentação..........................................................26

8 – MEMORIZAÇÃO ...................................................................................................26

9 – DICAS PARA O SUCESSO EM UMA APRESENTAÇÃO ...............................30

9.1 Seja pontual....................................................................................................30

9.2 Cuidado com as piadas...................................................................................30

9.3 Evite cacoetes ................................................................................................31

9.4 Apresente-se...................................................................................................31

9.5 Respeite a platéia!..........................................................................................31

9.6 Tipos estranhos na oratória............................................................................31

10 PECULIARIDADES DO PÚBLICO .....................................................................33

11 O USO DO MICROFONE ......................................................................................34

12 DICAS PARA SUA APRESENTAÇÃO ................................................................36

ANEXO ...........................................................................................................................39

REFERÊNCIAS ............................................................................................................43

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A ARTE DE FALAR EM PÚBLICO

INTRODUÇÃO

Olá pessoal,

Vamos falar um pouco sobre Oratória e o medo de falar em público.

Você sabia?

Segundo pesquisas 60% dos Brasileiros tem pavor de se expor e falar em público?

Sendo assim, uma pessoa que sabe falar em público e não tem medo de se expor, já
possui um diferencial importante na carreira ou em um processo de seleção de
emprego.

Não existe ‘varinha mágica’ que faça você sair totalmente preparado deste curso já
fazendo apresentações orais e se apresentando para públicos diversos. Existem sim,
técnicas de expressão verbal, gestual, que podemos aprender e executar em nosso dia-a-
dia, na empresa, na escola, na comunidade, etc., como se posicionar diante de platéias
homogêneas e distintas.

Este curso irá permitir você aprender a falar em Público de uma maneira mais objetiva e
atraente, podendo obter benefícios em sua vida profissional e pessoal. Basta você querer
e colocar em prática os ensinamentos que serão apresentados.

O objetivo do curso “Oratória e Expressão Verbal – Lidere – Mostre-se – Exponha-se


– Desinibe-se” é fazer com que o espaço a ser utilizado sirva de ‘laboratório’ para erros,
evolução e aprimoramento das técnicas da fala, por exemplo:

 Como vencer a inibição de falar em público


 Por que é importante conversar
 Ler para saber conversar
 Conversar e convencer
 Como se preparar para uma apresentação – seminários, projetos, debates
 Como falar de improviso
 Reconhecer e entender o seu público
 Desenvolvimento da postura
 Vícios de linguagem
 O poder de persuadir
 Principais erros e precauções que uma pessoa deve ter ao falar em público
 Criar e participar de reuniões de forma objetiva
 Linguagem corporal
 E muito mais.

Com este curso, além de aprender a falar em público, você vai aprender como controlar
o nervosismo no momento de fazer uma apresentação e como lidar com imprevistos.

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O desenvolvimento das aulas dá-se de maneira prática e dinâmica em sua quase
totalidade, ou seja, o participante testa seus limites, seus receios e outros “mitos” que
carrega consigo, tendo o curso o objetivo central de usar técnicas para atenuá-los ou
mesmo eliminá-los.

O participante se interage com os outros colegas e é, de maneira descontraída, levado a


participar e melhorar seu desempenho diante das pessoas que o assiste. Em cada módulo,
durante as 15 horas de intensas atividades, você irá aprender a melhorar sua dicção,
melhorar sua postura, desenvolver a linguagem corporal, aprimorar seus gestos e sua
pronúncia, aprender técnicas que atenuam o nervosismo nos momentos que antecedem
sua fala em público.

É fundamental aprender a reconhecer suas qualidades e ter segurança para se expressar,


seja na sala de aula, numa reunião da empresa ou para uma platéia de milhares de
pessoas. O Curso de oratória é ideal para você que precisa se auto-conhecer e melhorar
seu talento para a comunicação, porque uma pessoa só pode expressar aquilo que ela
realmente é.

Felicidades e sucesso!

Paulo César Pereira


Prof. Universitário – FUNEDI/UEMG
Economista - CRE 4866
Especialista em Finanças
Coach – Financial coach

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1 A CONVERSA: INGREDIENTE DO SUCESSO

A conversa é o laço que une a espécie humana. É a base para a troca de experiências e
conhecimentos. No caso de ocorrer algum bloqueio, falha ou mesmo distorção em tal
comunicação, sobreviverá, fatalmente, a frustração individual e, até, a confusão social.

Para você, particularmente, ela talvez marque a diferença entre o sucesso e o fracasso na
vida, quer seja no setor comercial ou profissional, quer no trato social. Através dela,
você poderá transmitir sua personalidade, idéias e propósitos. A comunicação pela
palavra oral não é mero subproduto – mas parte integrante – da vida.

Diariamente, surgem inúmeras situações em que a capacidade de bem conversar pode


abrir caminho à compreensão por meio da simples troca de palavras amenas e
proveitosas com os demais. A falta dessa faculdade poderá criar-lhe, por outro lado,
dificuldade e situações embaraçosas.

1.1 Até que ponto você é sociável?

Mesmo que você tenha sido premiado, ao nascer, com o dom da palavra ou com notável
talento para o bate-papo, encontrará, com certeza, problemas difíceis de resolver.
Quantas vezes já não se terá perguntado por que sente tanta facilidade em conversar com
determinadas pessoas e, no entanto, com outras se mostra tão nervoso e acanhado.
Talvez mesmo se tenha perguntado o que fazer em caso contrário, isto é, quando lida
com alguém igualmente tímido e nervoso ao ponto de impedir qualquer espécie de
diálogo! Nessas horas, o bom mesmo é que você saiba como colocar tal pessoa à
vontade, encaminhando inteligentemente a conversa. Se você for um interlocutor sagaz e
agradável, poderá, por vezes, chegar a salvar a conversa mais enfadonha da paróquia!

É certo, também, que você já terá passado por momentos desagradavelmente cansativos
junto a pessoas incapazes de manter uma conversa menos insípida. Quantas vezes não
desejou possuir uma varinha de condão que transformasse tais tagarelices em algo mais
animador e interessante? Você pode aprender a estimular, num grupo, uma palestra
fascinante e a manter um diálogo expressivo com velhos amigos, ou mesmo com
relações novas. Como qualquer outra proeza de mérito a arte de conversar requer
diligência (zelo) da parte de quem a estuda ou pratica.

Os princípios e técnicas da conversação ser-lhe-ão mais úteis se praticados e


experimentados em situações reais, precisando estar muito arraigados para que tenham
efeito total. A recompensa de sua constante aplicação, no entanto, será de grande
alcance, enriquecendo-lhe a vida e aumentando-lhe as possibilidades de êxito em
qualquer setor.

1.2 Seu silêncio: motivo de isolamento

Sempre que você se acha ao alcance da voz de outra pessoa, surge a oportunidade para
uma troca de idéias através da palavra oral. Num grupo, tais oportunidades se
multiplicam. Se mantiver uma atitude silenciosa e negativa, nada oferecendo de sua
parte, você perderá a SUA oportunidade. Como ninguém vai poder julgar suas ideais e
conhecimentos, provavelmente todos chegarão à triste conclusão – baseados apenas
nesse silêncio – de estarem diante de um todo, sem idéias próprias, indiferente ou

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mesmo egocêntrico. Esteja certo de uma coisa: você está constantemente sendo julgado
pelos outros; cabe-lhe, pois, apresentar-se sob a luz mais favorável, pela maneira como
se expressa verbalmente.

A pessoa que se mostra incapaz ou sem vontade de participar de uma conversa pode
isolar-se do convívio humano, como se um muro a separasse de seus semelhantes. Suas
idéias, então, como que se enferrujam. A pessoa que não tem por hábito conversar pode
chegar ao ponto de recear a caçoada e, até mesmo, ser considerado presunçoso ou
afetado ao tentar discutir algum assunto mais sério. Não queira ser como essas pessoas
infelizes que se refugiam em frases estereotipadas, nos clichês do momento, ou
balbuciam tolices para, depois, mergulharem em lamentável silêncio!

Uma vez que tenha descoberto e desenvolvido a fórmula para ser uma pessoa
conversada, você nunca se sentará em silêncio no meio dos demais, lastimavelmente só e
abandonado, incapaz de a elas se reunir. Bem pelo contrário, você estará sempre “em
casa”, participando dos interesses e planos de seu grupo social, dando de si e sendo
aceito, pelos outros, como parte integrante do grupo.

2 O TEMA: FATOR NECESSÁRIO

Não podemos manter uma conversa a menos que tenhamos alguma coisa para dizer. Só
há um caminho, no caso: informação e conhecimento, o que, de forma alguma, deve
assustar ninguém. Todos nós possuímos uma certa dose de conhecimentos, na maioria
das vezes muito maior do que supomos. Uma vez que nos demos conta do que sabemos,
estaremos em condições de aprender como usar tais conhecimentos e como aplicá-los.

Existe uma indagação constante que nos perturba: “De que posso falar?” ou “Onde vou
encontrar uma lista de assuntos de conversa?” Ainda que pudesse responder
concretamente a tais indagações, de modo algum o problema estaria resolvido. Para que
uma lista de assuntos se você já tem a SUA? Todos os assuntos que estejam dentro dos
limites do conhecimento humano ou da especulação podem tornar-se temas de conversa.

Outra indagação comum: “Como é que eu posso ser interessante numa conversa,
palestra, debate, seminário, se nada de interessante já me aconteceu? Nunca fiz coisa
alguma!” O que é, obviamente, um ridículo exagero. A gente está sempre em algum
lugar e tem sempre o que fazer a cada minuto do relógio! Interesse e estímulo são partes
integrantes do viver e é assim que você deve encarar o fato.

2.1 “VOCÊ” – O seu melhor tema

Comece desde já a procurar temas de conversa dentro de você mesmo, pois é aí que se
encontra sua melhor fonte de suprimento. Reexamine vida e experiência passadas. Tudo
o que lhe aconteceu tem real interesse, e importância também, pois fez de você o que é
agora.

Medite sobre sua vida pregressa e responda às seguintes perguntas:

PRIMEIRA: “Que experiência tive?”

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Nesta pergunta, inclua a sua infância, tempos de escola, férias, estudos, funções que
exerceu, hobbies e interesses que cultivou, tanto no passado como no presente. Não se
apresse demais, pois há muitos ângulos proveitosos a serem explorados. As experiências
que se destacarem com nitidez em sua mente serão, é claro, bom material de
conversação, sem que, por isso, você vá desmerecer fatos mais corriqueiros.

Por exemplo: passou a infância no campo ou na cidade? Ou numa cidadezinha do


interior? Num outro país, talvez? São fatos que, por si sós, já fornecem boa base para
uma conversa, permitindo-lhe comparar ou estabelecer o contraste entre as diversas
facetas de sua vida infantil com a de outras pessoas.

Pense em sua vida escolar, seguindo o mesmo critério. O que gostava mais de estudar?
Do que não gostava? Às vezes, recuando no passado, você poderá chegar a entender por
que reagia de certa forma aos diversos estudos. Recorde professores, fazendo-os passar
pelo mesmo crivo. Afinal, todos contribuíram potencialmente para torná-lo o que é hoje.

Penetre agora em sua adolescência com a mesma curiosidade e espírito crítico. “Águas
passadas” retornarão à sua mente e muita coisa fascinante poderá ser evocada em
diálogos agradabilíssimos!

SEGUNDA: “O que estudei e o que li?”

Comece por um resumo de sua educação, examinando-a nos mínimos detalhes. Analise,
depois, os conhecimentos adquiridos através de livros, internet, redes sociais, peças
teatrais, arte e televisão, revistas, jornais, etc. O que leu ultimamente sobre o momento
atual - política, economia, assuntos internacionais, futebol, notícias populares, etc.

TERCEIRA: “O que imaginei ou sonhei?”

Se você parar para pensar nisso verá que nem todas as suas fantasias são de foro íntimo e
pessoal. Muitas se prestam a discussão. Não fuja timidamente diante da idéia de que
passa tempo precioso dando asas à imaginação, pois sonhar de olhos abertos é,
geralmente, tão construtivo quanto agradável. Muito deve o progresso do mundo aos
sonhos dos homens!

A fantasia tem um lugar certo no esquema das coisas, contanto, porém, que não nos
absorva de tal maneira que elimine a própria realidade. É fascinante recordarmos sonhos
de viagens, coisas que gostaríamos de ter feito, pessoas que adoraríamos ter sido.

QUARTA: “O que sinto e em que creio?”

Seu objetivo na vida, ambições e projetos grandiosos fazem parte de sua fé em você
mesmo. Opiniões e crenças sobre questões vitais e pontos controvertidos surgem,
frequentemente, no meio das conversas. Se você não tiver opiniões ou convicções,
sentir-se-á desarvorado. Melhor tratar de ter alguma! Suas idéias não permanecerão
estáticas, pois, de tempos em tempos, se irão transformando, à medida que você for
desenvolvendo maior compreensão do problema em foco.

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Uma vez que você tenha algo a dizer, vá pensando na técnica a aplicar para melhor
lidar com seu material, a fim de conseguir a forma ideal de conversação e o estilo mais
adequado.

Se você responder, com rigor, a estas quatro perguntas, elas servirão não somente de
pontos de apoio para testar a sua experiência e conhecimentos acumulados, como
também de auto-análise, ajudando-o a descobrir seu verdadeiro EU. Tal experiência será
ainda mais valiosa se você reunir as respostas a estas perguntas numa breve
autobiografia escrita. Que seja simples e informal, destinada apenas a seus olhos.

3 DESINIBIÇÃO

De repente seu chefe te liga. O mundo parece desaparecer sob seus pés quando você
ouve a frase “precisamos montar uma palestra importante para clientes-chave e você será
o palestrante!” Por toda sua vida você correu desse problema. Enfiava a cara no
Powerpoint e ficava lendo, as vezes tentava memorizar todo o conteúdo da fala para não
dar mais pânico, fazia colas, simulava rouquidão, entre “n” peripécias para escapar do
fato que nunca estudou ou treinou oratória.

E agora, a desgraça bate à sua porta, pois, estarão lá clientes importantes, que certamente
não vou engolir uma palestrinha meia-boca de 10 minutos. Eles não pegaram seus
carros, gastaram um tempo precioso para isso. Eles vão querer questionar, duvidar,
criticar. E você sabe muito bem que não está preparado para isso. E por quê? Por jamais
ter tido a coragem de enfrentar seus medos, ou investir em você para superar suas
limitações? Qualquer que seja o motivo, agora é tarde demais…

Simples imagem

Este tem sido um retrato fiel de diversas “demissões pós-fracasso” ou, no mínimo,
“congelamentos de carreira” não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. O medo de
falar em público é um ciclo vicioso. A pessoa sabe que tem medo, que é incapaz de falar
bem em público, e esse mesmo medo a impede de procurar um curso e se superar.

Seria mais ou menos como uma pessoa que tem medo de correr e resolve “investir”
comprando um tênis paraguaio torto que lhe machuca o pé. O medo não apenas persiste
como aumenta. E o pior, a pessoa passa a achar que a culpa é dele, e não do tênis
porcaria.

E no caso da oratória é pior. Enquanto uma tendinite você cura com pomada, um trauma
interno, bem como técnicas erradas que foram assimiladas demoram muito para se
consertar. E o pior é que, perder tempo quando se está numa carreira, pode ser mortal.
Pois, mesmo que um dia você conserte o problema, o seu tempo já passou.

Mas acima de tudo. Tome uma atitude antes que seja tarde. Não espere seu chefe te
chamar para dar uma palestra importante… Pois aí pode ser tarde demais… Duvida?
Olhe só o que acontece com alguém que tentar falar em público, mas não está preparado
(fim de carreira).

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3.1 Como vencer a inibição de falar em público

Por que a maioria das pessoas tem medo de enfrentar uma platéia? Por que
experimentamos uma sensação de que estamos afundando, quando nos convidam a falar,
e nos sentimos como um banhista afogando-se pela terceira vez, quando realmente nos
levantamos para discursar?

Pode recordar quando dirigiu um carro pela primeira vez? Lembra de quando estava no
banco dianteiro com o motorista ouvindo suas instruções e admirando-lhe o controle e
habilidade, mas, apreensivo quanto ao que você faria em condições similares? Lembra-
se de como se sentiu quando o motorista parou o carro e pediu que você ocupasse o
volante? E de quando o carro se moveu sob a sua direção, ganhando velocidade e você
notou que realmente estava dirigindo? É claro que se recorda, como também recordará o
que sentiu.

Hoje, você dirige a oitenta quilômetros horários (às vezes um pouco mais...!)
despreocupadamente. Isso porque a experiência produziu a familiaridade com as
circunstâncias de tomar o volante de um carro e dirigi-lo.

Com raríssimas exceções, todos nós já passamos por medo ou inibição. Temos que ter
em mente, entretanto, que nossa essência não é tímida. Todos somos altamente
competentes, eficientes e criativos. Esta é a maravilhosa natureza humana.

Existe um problema de comportamento inerente a todo ser humano, que faz com que
tenhamos medo de situações novas; sentimo-nos inseguros ao nos depararmos com o
desconhecido. Por isso, nas situações que possam nos parecer análogas a outras difíceis
já vividas por nós ou de que tenhamos tomado conhecimento, ao invés de analisarmos
nossas possibilidades, buscamos logo um padrão de pensamento, comportamento ou
sentimento conhecido, a fim de nos orientarmos. E pode vir à mente (aliás, não pode)
exatamente aquela situação quase de vexame que enfrentamos. Isto é responsável por
grande parte de nossas limitações.

Temos o hábito de generalizar fatos, cujas circunstâncias, na verdade, são específicas e


inerentes a um determinado tipo de situação.

Nem tudo o que vale para uma determinada situação, vale igualmente para
todas!
Reveja alguns fatos da sua vida em que tenha se inibido para agir. Analise-os
coerentemente. Existia algo que, realmente, pudesse ameaçar você? Se você tivesse
agido de outra forma, se tomasse iniciativa, o que poderia realmente ter acontecido?

Pense nisso: ninguém é melhor ou pior do que ninguém! No cômputo geral


nos equiparamos. Nós é que fazemos as circunstâncias, e não elas a nós.

3.2 Relaxamento

Adquira o saudável hábito de se dedicar, TODOS OS DIAS, ao menos por alguns


minutos, a relaxar seu corpo e sua mente. Antes de um dia atarefado, ou após um dia de

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trabalho estressante, pare por algum tempo e isole-se onde puder. E por favor, NÃO
USE o velho hábito encorajador de desmotivações: “não tenho tempo”. Você tem tempo
para se aborrecer, tem tempo para reclamar, tem tempo para ficar cansado, tem tempo
para ficar frustrado, tem tempo para bate-papo do facebook, tem tempo para ficar
enviando mensagens pela internet, pelo celular, tem tempo para ficar olhando e-mails
inúteis que não acrescentam nada em sua vida, mas não tem tempo para cuidar um
pouquinho de você, de sua carreira, enfim...?

O que você anda priorizando em sua vida?

Acorde um pouco mais cedo, ou durma um pouco mais tarde; ou deixe de assistir a uma
parte do seu programa favorito; ou termine mais cedo o seu almoço; ou... afinal, você é
quem sabe o que realmente pode sacrificar, para fazer algo que, com pouco tempo de
prática, se tornará seu grande aliado em todas as situações!

Exercício 1

Acomode-se, confortavelmente, feche os olhos, e acalme seus pensamentos e sua


respiração. Descruze mãos, pernas e braços. Mantenha sua coluna ereta, e se estiver
sentado, aproxime seus quadris o máximo possível do encosto da cadeira, a fim de que o
peso de seu corpo seja depositado neles, e não em sua coluna. A coluna fica levemente
apoiada no encosto da cadeira ou sofá.

Inspire devagar e profundamente pelo nariz, e expire devagar e profundamente pela


boca. Imprima um ritmo à respiração, contando, mentalmente, até seis ao inspirar e,
novamente, contando até seis ao expirar. A cada inspiração, imagine que está entrando
por suas narinas um poderoso desinfetante, de aroma bastante agradável, que lhe
proporcionará um imediato alívio, tanto para dores físicas que estiver sentindo, quanto
para as dores emocionais. E a cada expiração, visualize e sinta que está saindo pela sua
boca, entreaberta, todo o estresse, todos os obstáculos, todos os problemas, todos os
microorganismo nocivos, até se sentir melhor.

Ao terminar, dê, ainda com os olhos fechados, uma longa espreguiçada, bem devagar,
alongando braços e pernas, deixando os ossos estalarem, e solte um sonoro bocejo,
abrindo bem a boca. Depois, abra os olhos, e levante-se devagar, dando um sorriso de
satisfação.

Exercício 2

Após ter-se acomodado confortavelmente num lugar em que ninguém o incomoda por
uns dez minutos, feche os olhos, descruze mãos, pernas e braços. Comece a respirar
lenta e profundamente, inspirando pelo nariz, e expirando pela boca entreaberta. A
seguir, emita um comando, mentalmente, aos seus músculos e articulações para
relaxarem. Lembre-se de que sua mente é quem manda no seu corpo. Ele só obedece.

Comece concentrando sua atenção no alto de sua cabeça e, com suavidade, comande o
relaxamento. Em seguida, concentre-se na testa, desfranzindo-a. Passe para a parte
posterior do pescoço, um dos locais que mais concentra tensão. Comande para que
relaxe, para que se solte. Vá para os maxilares, que também são grandes concentradores

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de tensão, além de serem um dos pontos que demonstram às outras pessoas, o seu nível
de tensão.

Desça para os ombros. Verifique se estão levantados; se estiverem, abaixe-os.


Concentre-se nos cotovelos, nas mãos, nos dedos das mãos. Relaxe. Solte os quadris, as
coxas, os joelhos, os tornozelos, os pés, os dedos dos pés. Relaxe.

Agora, comece a se lembrar de uma música bem suave, bonita de que você goste muito;
que transmita paz e alegria com serenidade. Escute-a, mentalmente, por inteiro. Lembre-
se sempre de respirar no mesmo ritmo.

Ao terminar, dê, ainda com os olhos fechados, uma longa espreguiçada. Bem devagar,
alongando braços e pernas, deixando os ossos estalarem, e solte um sonoro bocejo,
abrindo bem a boca. Depois, abra os olhos e levante-se devagar, dando um sorriso de
satisfação.

Faça isso todos os dias, se possível.

4 ASPECTOS DA EXPRESSÃO VERBAL

4.1 Naturalidade

A naturalidade é extremamente importante na comunicação. A primeira observação que


se deve deixar clara àqueles que se propõem a participar de um Curso de Expressão
Verbal é que, se pretendem exclusivamente buscar a técnica e, para adquiri-la, tiverem
de comprometer a naturalidade que possuem hoje, é melhor ficarem com a naturalidade
em detrimento da técnica.

Ninguém poderá parecer ter sido fabricado para falar. O homem respira, corre sangue
em suas veias e seu coração pulsa – é assim que o auditório quer vê-lo, não como um
robô cujos movimentos e ações são totalmente programados. Quem pretender falar bem
em público precisa ter em mente que deverá ser sempre ele mesmo, aperfeiçoado,
melhorado, desenvolvido, mas ele mesmo. A técnica assimilada deverá ser diluída em
todo seu ser para participar harmoniosamente da sua Expressão Verbal. Transmita a
impressão de absoluta calma ao se dirigir à tribuna ou ao local do seu pronunciamento.
Caminhe com passos firmes; nem depressa, nem devagar.

4.2 Fluência

A fluência está relacionada com a naturalidade e o domínio da linguagem que o orador


impõe ao discurso, considerada a base estrutural do discurso, que deverá ter, no mínimo,
começo, meio e fim. Se o raciocínio, que é bem mais rápido que a verbalização das
palavras, for lógico, seqüencial e estruturado, com conteúdo de tema conhecido, a
fluência será suave, contínua, lógica, e trará, consequentemente o entendimento e a
aceitação do público ouvinte.

Deve-se evitar, sempre, desviar-se do tema proposto, conceder apartes, excesso de


justificativas para explicar apenas um item do discurso, falta de vocabulário adequado ao
tema proposto, divagações desnecessárias, pois dispersão do que se pretende transmitir,

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prejudica a mensagem contida no discurso. Se não encontrar a palavra exata, use outra
semelhante. Fale com entusiasmo!

4.3 Conhecimento

Só deve falar quem tem alguma coisa para dizer. Falar sobre um assunto de que não
tenha conhecimento e sem preparo anterior depõe contra o passado e o prestígio do
orador aventureiro.

Muitas vezes os oradores cometem o equívoco de dizer que não dominam


completamente o assunto tratado, o que está longe de ser uma prova de humildade, pois
esta atitude apenas demonstra despreparo e impede que o orador conquiste o público.

Alguns oradores também dizem, no início da apresentação, que possuem dificuldade


para falar em público, que são tímidos ou pouco hábeis com as palavras e essa atitude
faz que o público assista à apresentação mais atento aos erros e dificuldades de
expressão do orador do que ao conteúdo do discurso. Não pense que assumir seu medo
ou dificuldade fará que a platéia seja mais condescendente com sua apresentação; pelo
contrário, chamar a atenção para as dificuldades é desnecessário e impedirá o público de
notar as suas habilidades.

4.4 Planejamento

 Planeje com cuidado as fases do discurso: introdução, desenvolvimento e


conclusão do texto;
 Elabore um texto objetivo, original;
 Conheça com antecedência, se possível, o local onde será realizada sua
apresentação;
 Procure familiarizar-se com os recursos audiovisuais que utilizará na sua
apresentação;
 Cumpra rigorosamente o tempo de sua apresentação.

5 A VOZ

5.1 O ritmo da voz

Todos nós já assistimos a apresentações em que o orador utilizou o mesmo ritmo de voz
durante todo o discurso, e, certamente não guardamos boas lembranças de uma
apresentação como essa. Variar o ritmo da voz durante o discurso é essencial, a menos
que queiramos transformar nossa apresentação em uma canção de ninar.

Muitas vezes admiramos oradores que conseguem manter o público atento e interessado
por longos períodos e não nos damos conta de que isso se deve entre outras estratégias, à
variação da voz. Novamente, o trabalho de observação faz-se necessário: perceba como
grandes apresentadores de televisão, rádio e políticos com o dom da oratória utilizam o
tom de voz.

Existem dois recursos principais que possibilitam variar a voz durante a apresentação: a
velocidade e o volume.

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Com relação à velocidade da fala, vale ressaltar que é natural que algumas pessoas
falem mais rápido que outras, mas os extremos devem se evitados. Por exemplo, ao
assistirmos à apresentação de alguém que fala muito devagar, nos sentimos
extremamente incomodados, porque o discurso torna-se monótono e a impressão é de
que cada palavra “sai” com uma incrível dificuldade, e, por isso, a sensação é de que a
apresentação demorará uma eternidade. Pessoas extremamente reflexivas têm a
tendência de falar mais devagar, o que não é um problema, desde que não exagerem na
lentidão.

Não é por isso que falar com rapidez excessiva tornará a apresentação dinâmica, pois
quando falamos muito rápido, não pronunciamos adequadamente as palavras e
comprometemos o entendimento. Além disso, a velocidade excessiva da fala pode ser
interpretada como indício de nervosismo do orador, já que parece dar a entender que o
apresentador quer se livrar daquela situação o mais rápido possível. Consulte pessoas
que já o viram se apresentando em público e pergunte o que acharam sobre sua
velocidade de fala, pois dificilmente percebemos tais problemas. Se possível grave sua
voz em uma de suas apresentações, para que possa perceber melhor essa característica.

Também quando se trata do volume da voz, devemos evitar os extremos, uma vez que
falar em um tom muito alto torna a apresentação irritante, principalmente para as pessoas
que se sentem próximas ao orador, mas também a utilização de um volume de voz muito
baixo torna a apresentação desinteressante para as pessoas que estão distantes do
apresentador, havendo a dispersão do público quando este não consegue escutar o
conteúdo do discurso.

5.2 Expressividade da fala

Durante um discurso, é natural que a platéia disperse em alguns momentos, entretanto,


há informações que não podem passar despercebidos a cabe ao orador ressaltá-las.
Perceba, por exemplo, como os apresentadores de telejornais utilizam essa técnica,
podendo até mesmo induzir a diversas interpretações de uma mesma mensagem,
dependendo da informação ressaltada. Imagine a seguinte notícia: “Policiais militares, a
mando do governador, expulsam sem-terra de áreas invadidas”.

Podemos pronunciar essa mensagem com ênfase em policiais militares, assim,


chamaremos a atenção para os executores da ação, o que poderia transmitir uma
mensagem negativa dos policiais. Já se a proeminência prosódica recair na palavra
governador, enfatizaremos o mandante da ação. Existe também a possibilidade de
ressaltar a expressão áreas invadidas, desse modo, chamaremos a atenção para a
“infração” cometida pelos sem-terra.

Esse exemplo demonstra as inúmeras possibilidades de pronúncia que podem ser


aproveitadas por você. Ao elaborar um discurso, grife as palavras essenciais e treine
como as pronunciará. Assim, sua apresentação tornar-se-á mais interessante e a platéia
compreenderá melhor o conteúdo transmitido.

5.3 A respiração

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Tensão e ansiedade alteram o ritmo respiratório, por isso é importante praticar os
exercícios propostos no tópico que será tratado sobre Relaxamento. Veja exercícios
sobre respiração para auxiliá-los em apresentações.

Feche os olhos.

 Inspirando e expirando pelo nariz, faça quatro respirações curtas seguidas de uma
profunda. Repita esse ciclo quatro vezes, até completar vinte respirações
conectadas. Treine esse ritmo respiratório pelo menos uma vez ao dia, a fim de
conscientizar-se de sua respiração.
 Realize, como no exercício anterior, vinte respirações conectadas, porém,
mantenha a língua entre os dentes com os lábios fechados, respirando pelo nariz.
Esse exercício auxilia a aliviar a raiva.
 Faça vinte respirações conectadas, mas mantenha a boca bem aberta, respirando
sempre por ela. Esse exercício libera sentimentos reprimidos.
 Realize o exercício anterior (vinte respirações conectadas com a boca aberta),
mas respire pelo nariz. Esta respiração libera a energia do corpo e da mente.
 Faça vinte respirações conectadas sem ruído, inspire e expire o mais
tranquilamente possível, de forma que o ar não faça ruído algum ao entrar ou sair
das fossas nasais. Esse exercício é indicado para a meditação e reflexão.
 Por fim, treine a chamada respiração intuitiva, que consiste em respirar de forma
livre, mas sempre conectando a inspiração com a expiração (sem pausas entre
elas).

Algumas dicas:

Existem alguns cuidados que nos auxiliam a ter uma boa voz no momento da
apresentação. É preciso, por exemplo, evitar alimentos que produzem secreção e deixam
a voz “empastada”, assim, evite comer doces e ingerir derivados do leite, como iogurte e
chocolate. Caso contrário, sentirá necessidade de fazer “uhn, uhn” o tempo todo para
limpar a garganta. Procure comer maçã, alimento que diminui a secreção, e tomar suco
de laranja sem açúcar, por ser adstringente (que aperta).

Além disso, fuja das pastilhas e sprays, pois esses medicamentos apenas anestesiam a
garganta, disfarçando a irritação. Os fumantes devem redobrar esses cuidados, pois o
cigarro irrita a garganta e provoca pigarro. Muitas vezes, pigarreamos com o intuito de
melhorar a voz, entretanto, ao fazermos isso, a garganta produz mais muco para se
defender. Portanto, descarte esse recurso.

Também não se esqueça de beber bastante água e deixar uma garrafa de água à sua
disposição, porém, evite tomá-la gelada. Se não houver água em temperatura natural,
quando bebê-la lembre-se de mantê-la por um tempo na boca, a fim de esquentá-la.

5.4 A Dicção

Dicção é a pronúncia dos sons das palavras. Como o objetivo principal de qualquer
apresentação é transmitir informações e se fazer entender, é essencial pronunciar as
palavras corretamente com clareza. Existem cuidados e técnicas simples que nos

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permitem aprimorar a dicção. Em primeiro lugar, é preciso não ter preguiça de
pronunciar os sons, mas vejamos algumas outras dicas.

Sempre pronuncie “r” e “s” finais, ou seja, diga “trazer” e não “trazê”, “fizemos” e não
“fizemo”. Não se esqueça também dos “is” intermediários, fale “trexeiro” e não
“tercero”, “janeiro” e não “janero”. Pronuncie, ainda, o “u” intermediário, fale “louca” e
não “loca”. Evite omitir sílabas inteiras: “precisa” e não “pcisa”, “está” e não “ta”,
“estão” e não “tão”. Cuidado com a troca do “l” pelo “r”, “chiclete” e não “chicrete”,
“Cláudia” e não “Cráudia”.

Muitas vezes cometemos esses deslizes na pronúncia por falar muito rapidamente.
Portanto, se possuir problemas na dicção, procure falar mais pausadamente. Esses
cuidados são importantes porque não só auxiliam a compreensão, como também
preservam a imagem do orador. Tendo em vista que, além da atenção à pronúncia, é
necessário treino para aprimorar a dicção, vejamos alguns exercícios:

Faça a leitura destas frases com um obstáculo (lápis, caneta ou o dedo indicador) na boca
e, depois, pronuncie-as sem o obstáculo, aproveitando para movimentar bastante a língua
e abrir bem a boca. Ao ler essas frases sem o obstáculo, tenha consciência de como os
sons são produzidos, note a diferença da mandíbula, a posição da língua e dos lábios.
Perceba a diferença entre pronunciar uma “a” e um “u”, note que para pronunciar u, “p”
deve existir o contato entre os lábios e que para produzir um “f” é necessário haver um
contato entre os dentes superiores e o lábio inferior. Assim, você melhorará a articulação
dos sons.

Vamos treinar:

1. A alma amada acalanta, abranda, acalma.


2. A fraca franga abalada a arrasta a asa.
3. Bétulas balançam a barca, baixando a banqueta barulhenta.
4. Bondosa beldade balzaquiana beneficiava belgas.
5. Carmem coquete concorda com o coquetel com croquetes.
6. Dagoberto doutor descreve dezenas de doutrinas e dogmas, adotando o
doutoramento dele editado.
7. Em Belém a enchente estende-se e ninguém a retém.
8. Filomena Felícia Fausta Fonseca, formosa flor, farmacêutica, fez formidáveis
fórmulas, fabricou formosos fortificantes, fazendo felizes frenéticos fregueses.
9. O globo glacial conglomerava no Congo.
10. Guloso guri gulosava gulodices e a gurizada guturalizava nos gurupés.
11. O genovês jovem gigante gira e geme no ginásio, na ginástica.
12. Lili, Leia, Lígia e Loti, legítimas lusitanas, laboravam leis, lendo livros latinos.
13. Mamão, melado e melão, melancia macia murcham misturados na masmorra.
14. Os olhos do Oto observavam no olmo o corvo sonolento.

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15. Pedro pinta a prateleira prateada.
16. Cecília e Suzana saíram com cestas cheias de cenouras, saladas, salsas e cerejas.
17. Tito trocou o troco todo, tentando tudo tirar.
18. Vicente vive vida vicejante.
19. Zilá zangada zelou a zona dos zangões que zombavam zumbindo.

(Adaptado do Manual Prático de Técnica Vocal de Charlotte Rahle).

5.5 Exercícios de Trava-língua

Este é um exercício muito divertido. É constituído por palavras que, juntas na mesma
frase, tornam-se difíceis de articular. Sua prática faz com que você desenvolva a
habilidade em articular corretamente as palavras. E, além disso, faz com que você perca
o “medo” de ler palavras, aparentemente difíceis. Procure ler, sem errar, todas as frases.
Se errar, volte a ler a primeira frase, até que consiga ler até o final, todas as frases, sem
errar.

Não existe palavra difícil; o que existe é palavra mal treinada.

Vamos Treinar:

1. Quando pia o pinto a pia pinga e quando a pia pinga o pinto pia.
2. O caricaturista caricaturou a caricatura.
3. Eu tagarelo, tu tagarelas, ele tagarela; nós tagarelamos, vós tagarelais, eles
tagarelam.
4. Em três pratos de trigo comem três tristes tigres.
5. Quando lhe fala de falha, falam-lhe a fala.
6. Três papos de pato num prato de prata.
7. Seiscentos e sessenta e seis sucessivos sucessos sociais sensacionais.
8. Um rápido rapto, um rápido rato rapta três patos sem deixar rastros.
9. Luzia lustrava o lustre lustrado: o lustre lustrado Luzia lustrava.
10. Um pé de gabiroba bem gabirobadinho; quem bem desgabirobasse, bom
desengabirobador seria.
11. O peito do pé do Padre Pedro é preto; quem disser que o peito do pé do Padre
Pedro é preto, tem o peito do pé mais preto que o peito do pé do Padre Pedro.
12. O preclaro pretor de pedra preta é preto; é preto o preclaro pretor de pedra preta.
13. O céu está enladrilhado; quem o desenladrilhará? Quem o desenladrilhar, bom
desenladrilhador será.

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14. O arcebispo de constantinopla será desarcebispoconstantinopolizado. Quem o
desarcebispoconstantinopolizará? Quem o desarcebispoconstantinopolizar, bom
desarcebispoconstantinopolizador será.
15. Um ninho de magarfagafa com cino magarfagafinhos: quando a magarfagafa
guincha, guincham os cinco magarfagafinho. Quem os desmagarfagafizar, bom
desmagarfagafizador será.

Após fazer várias vezes – se este for o seu caso – este exercício, deverá dizê-lo, em voz
alta, de cor. E observe como ficará mais fácil!

6 O VOCABULÁRIO

Sabendo que as palavras são ferramentas do ofício de todo orador, você deve empenhar-
se no aprimoramento do vernáculo (idioma próprio de um país; nacional).

1. Tenha sempre um bom dicionário por perto.


2. Ouça atentamente os locutores e oradores.
3. Quando estiver lendo, leia cuidadosamente e em estado de concentração.
4. Leia editoriais de jornais.
5. Procure formar a atualizar sua biblioteca.

6.1 Os Vícios de Linguagem

Equívocos comuns

Nunca “seje” feliz e jamais “esteje” bem! Esses erros comprometem muito a imagem
do orador, lembre-se de que as formas corretas são seja e esteja. Então, seja feliz e
esteja bem!

Espero que você não tenha “chego”. É comum as pessoas falarem “eu tinha chego” e
“ele tinha trago”, mas o correto é eu tinha chegado e ele tinha trazido. Mas você pode
dizer eu chego cedo (presente do verbo “chegar”) e eu trago minha agenda todos os dias
(presente do verbo “trazer”).

“Menos” não existe. Atenção: menos é uma palavra invariável, não existe no feminino.
Então, estou menos preocupada e menos confusa!

“Meio” ou “meia” – A palavra meio só é variável quando significa “metade” e deverá


ficar no masculino singular (invariável) quando significar “um pouco”. Assim, comi
meia (metade) maçã e fiquei meio (um pouco) satisfeita.

Atenção: O correto é meio-dia e meia, ou seja, meio-dia e meia hora. Então,


esperei até meio-dia e meia (metade de uma hora) e fiquei meio (um pouco)
aborrecida.

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“Mim” não faz nada! “Mim” não pode ser sujeito, então, não diga “é para mim fazer”.
Mas sim é para eu fazer. Lembre-se: eu faço, então use para eu fazer; eu digo, portanto,
utilize para eu dizer.

Fazem mil anos... Nunca diga “fazem cinco anos que trabalho aqui”, pois o verbo fazer,
quando exprime tempo, é impessoal (deverá ficar sempre no singular). Então, faz cinco
anos que trabalho aqui.

Haviam tantas dúvidas ... Não se esqueça de que o verbo haver, quando significar
existir, é invariável. Portanto, não diga que “houveram muitos imprevistos”, mas que
houve (existiram) muitos imprevistos, assim como havia muitas pessoas no auditório e
não “haviam muitas pessoas no auditório”.

“A nível de” imagem ... “A nível de” é um modernismo, fórmula criada para dar uma
aparência culta à linguagem, porém, se quiser preservar sua imagem, não a utilize. A
expressão “a nível de “ não existe no idioma, além disso, costuma ser utilizada
indiscriminadamente, sem sentido algum. Afinal, o que significa dizer: “a nível de
educação, precisamos estudar gramática”?

“Enquanto mulher...” A palavra “enquanto” indica tempo (enquanto estudo, ouço


música) ou significa proporção (cansava-se, enquanto subia). Se você utilizar a
expressão “enquanto mulher”, transmitirá a idéia de que é mulher só às vezes, algo
impossível de compreender.

Onde ou aonde? Atenção: onde indica permanência e aonde deve ser utilizado com
verbos de movimento. Então, diga: onde você está e aonde você vai.

Nunca envie as cartas anexo. Pode parecer estranho, mas, a palavra “anexo” é variável,
portanto deverá concordar em gênero (masculino/feminino) e número (plural/singular)
com o termo a que se refere. Assim, diga “documentos anexos”, “cartas anexas”,
“currículo anexo” e “proposta anexa”.

Não é necessária explicação. Vale lembrar que as expressões “é necessário”, “é


preciso”, “é bom”, “é proibido” não permanecerão invariáveis quando houver artigo,
pronome ou adjetivo ao lado do substantivo. Portanto: é proibida a entrada, é proibida
nossa entrada, mas é proibido entrada.

Ninguém é “de maior”. Lembre-se de que as formas “de maior” e “de menor” são
incorretas. Assim, use maior ou maior de idade e menor ou menor de idade.

Não corra “risco de vida”. Pense: após sofrer um acidente, a pessoa corre o risco de
morrer, então, ela corre risco de morte. Assim, evite a expressão “risco de vida”.

Você costuma fazer “colocações”? Lembre que colocar significa pôr em determinado
lugar (exemplo, coloquei o livro sobre a mesa). Sendo assim, não faça uma colocação
sobre o tema, mas sim uma proposta, observação, sugestão ou comentário. Dizer que
deseja fazer uma colocação sobre o assunto pode parecer culto. Mas se trata de um
equívoco, então, prefira fazer uma observação sobre o assunto.

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Evite “posicionar-se” sobre o assunto. O emprego do termo posicionamento está
inadequado em afirmações como: “desconheço seu posicionamento sobre o assunto”,
“aguardo seu posicionamento” ou “qual sua posição sobre a questão do desemprego”.
Devemos utilizar as palavras posicionamento e posição quando nos referimos a uma
posição no espaço, por exemplo, sua posição na sala impedia a passagem dos outros
alunos.

Melhor não implicar “em” nada! O verbo implicar – no sentido de pressupor, acarretar
– deve ser empregado, sem a preposição em (regência direta). Assim, o atraso implicará
suspensão, e não “o atraso implicará em suspensão”.

A grama ou o grama? Lembre-se de que grama – quando significa peso, unidade de


medida – é uma palavra masculina, então, diga o grama do ouro, duzentos gramas de
mortadela. A grama significa relva, assim, “deitei na grama”.

Não participe de bazares “beneficientes”! Não se confunda, apesar de encontrarmos


em muitos lugares a palavra “beneficiente”, a forma correta é beneficente.

Mulher diz obrigada ou obrigado? Para não se equivocar, basta substituir o tempo
“obrigado” por “agradecido”: a mulher está agradecida, portanto, deverá dizer obrigada;
o homem está agradecido, então, deverá dizer obrigado.

Asterístico não existe. Lembre-se que o símbolo (*) chama-se asterisco.

De encontro a ou ao encontro de? Lembre-se que “de encontro a” significa choque,


colisão, por exemplo, o caminhão foi “de encontro ao carro”. A expressão “ao encontro
de” indica uma situação favorável, assim, “fique feliz, pois sua resposta veio ao encontro
de minhas expectativas”.

É melhor não “enxugar” suas finanças! É comum ouvirmos nos noticiários que “o
poder público quer enxugar o quadro de funcionários”, entretanto, enxugar significa
apenas tirar a umidade, secar. Evite esta impropriedade vocabular.

6.2 Cuidado com as Redundâncias

Há repetições de idéia que são muito evidentes, como: entrar para dentro, sair para fora,
descer para baixo e subir para cima. Mas existem outras repetições menos evidentes, as
quais também devemos evitar. Vejamos:
 Planos para o futuro – É possível fazer planos para o presente ou para o
passado? Claro que não! Então, pergunte sempre “quais são os seus planos?”
Pode ter certeza de que a pessoa não terá duvidas de que você se refere ao futuro.
 Pequenos detalhes – Grandes detalhes não existem, então, utilize apenas a
palavra detalhe. Apesar da música de Roberto Carlos: “detalhes tão pequenos de
nós dois...”
 Elo de ligação – Elo significa ligação, então, diga que existe um elo entre as
informações ou uma ligação entre as informações.
 Surpresa inesperada – Se era esperado, não se tratava de surpresa, afinal, não
existe “surpresa esperada”.
 Regra geral – Por princípio, a regra é uma generalização. Então, utilize apenas
regra.

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 Lançar novo ou criar novo – Não se cria, nem se lança algo velho.
 Encarar de frente – É impossível encarar de costas, portanto, apenas encare
desafios, pois com certeza será de frente!
 Eu nasci há dez mil anos atrás – É desnecessário utilizar o verbo haver e a
palavra atrás, pois, nesse caso, ambos indicam passado. Diga: eu nasci há dez mil
anos ou eu nasci dez mil anos atrás.
 Exultar de alegria – Ninguém exulta de tristeza.
 Velha tradição – Não existe tradição nova.
 Labaredas de fogo – Labareda só de fogo!
 Monopólio exclusivo – Monopólio pressupõe exclusividade.
 Acabamento final – Lembre-se de que o acabamento só ocorre no final.
 Degenerando para pior – Não é possível degenerar para melhor.
 Sua própria autobiografia – Se for de outro, não será autobiografia.

6.3 Evite os clichês

O clichê ou lugar-comum foi muitas vezes uma expressão criativa ou original, mas sua
repetição acabou por torná-la desgastada. Portanto, o uso de clichês denota falta de
imaginação. Afinal, com certeza você já ouviu que o futebol é uma caixinha de
surpresas, que no Brasil tudo acaba em pizza, portanto é preciso botar a boca no
trombone e que a justiça tarda, mas não falha! Não se deixe iludir também pelas
expressões de impacto repetidas incessantemente pela imprensa, evitando chavões como:
escalada da violência, a bolsa de valores despenca, os preços pesam no bolso do
consumidor, o fantasma da inflação volta a assustar.

Há também uma lista de frases feitas amplamente utilizadas no cotidiano, que devem ser
evitadas, a menos que você queira parecer um exímio conhecedor da cultura popular,
fazendo que a platéia se lembre das palavras de sua avó. Vejamos alguns exemplos:

 A ocasião faz o ladrão.


 A pressa é inimiga da perfeição.
 Antes só do que mal acompanhado.
 Ao que está feito, remédio; ao por fazer, conselho.
 Cada qual com seu igual.

Evite também “fechar com chave de ouro”, “ser a bola da vez”, “segredo guardado a sete
chaves”, “chegar a um denominador comum”, “restar pedra sobre pedra”, “fazer das
tripas coração”, “agradar a gregos e troianos”, “ir do Oiapoque ao Chuí”.

Há clichês consagrados, como os citados, e outros que são modismos, como o “não é
brinquedo não”, divulgado por uma novela. Então, se deseja fazer uma apresentação
criativa, fuja dos clichês.

6.4 A praga do gerundismo

Atualmente, não nos surpreendemos com construções como “eu vou estar enviando”,
“você vai estar comparecendo” ou “eu vou estar explicando”. Contudo, esse uso
inadequado do gerúndio deve ser evitado, pois o ideal é dizer eu enviarei ou vou enviar;
eu comparecerei ou vou comparecer; e eu explicarei ou vou explicar.

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Esse modismo pode ser fruto de tradições malfeitas do inglês, principalmente de
manuais de telemarketing. Há construções do inglês como I will be doing que deveriam
ser traduzidas como vou fazer e não vou estar fazendo.

Evite o gerundismo em suas apresentações, pois, além de comprometer a sua imagem,


ele transmite uma idéia incômoda de prolongamento. Assim, se você disser que vai estar
concluindo o seu discurso, o público esperará mais duas horas de apresentação.

6.5 Não se renda aos estrangeiros

Não podemos negar a presença de termos em inglês em nosso cotidiano, já nos


acostumamos a ouvir os adolescentes serem chamados de teens e não perguntamos mais
se há serviço de entrega em domicílio, pois o termo delivery é utilizado frequentemente,
além, é claro, das liquidações (on sale).

Não é necessário ser um purista, mas não se torne um daqueles cômicos personagens das
novelas, que utilizam palavras em inglês a todo o momento. Há termos específicos de
determinadas áreas que não possuem equivalentes em português, porém, é desnecessário
usar termos em inglês que possuem correspondentes em português.

6.6 Evite cacófagos

Cacófago consiste no encontro de palavras ou sílabas que soa desagradavelmente.


Certamente, você já percebeu alguns deles como, por exemplo: a boca dela. Na escrita, o
cacófago não causa muitos problemas, porém, em um texto falado, você poderá causar
riso na platéia se utilizar algumas dessas construções: triunfo da, por razões, paraninfo
de, por cada, ela tinha, já nela, uma prima minha, na vez passada, ele nunca ganha, havia
dado.

Procure perceber a sonoridade das expressões empregadas em seu discurso, a fim de


evitar situações constrangedoras, como o locutor de futebol que disse em uma
transmissão do jogo entre Brasil e Coréia: “Flávio conceição pediu a bola e Cafu deu”.

6.7 Não se confunda!

Há algumas palavras de sentidos distintos que apresentam certa semelhança na grafia e


na pronúncia (parônimas), por isso, é necessário que o orador as conheça, a fim de evitar
um uso equivocado dessas palavras. Vejamos alguns exemplos:

Comprimento = medida Cumprimento = saudação


Descrição = ato de descrever Discrição = qualidade de quem é discreto
Infligir = aplicar Infringir = desobedecer
Deferir = conceder Diferir = adiar, discordar
Ratificar = confirmar Retificar = corrigir
Tráfego = trânsito Tráfico = comércio ilegal
Eminente = ilustre Iminente = que está para acontecer
Vultoso = volumoso Vultoso = inchado
Cumprida = realizada Comprida = longa, extensa
Sobre = em cima de Sob = debaixo de
Arrear = aparelhar animal Arriar = baixar

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Pleito = eleição Preito = homenagem
Descriminar = inocentar Discriminar = especificar, segregar
Despensa = parte da casa Dispensa = licença
Proscrição = banimento Prescrição = ordem, recomendação

7 A EXPRESSÃO CORPORAL

A apresentação não começa na tribuna. Antes mesmo de você pronunciar a primeira


sílaba da oração, o auditório já estará observando atentamente todas as suas atitudes.
Verificará suas reações quando estiver sentado, aguardando o momento de falar,
identificará no seu jeito de andar se é tímido ou seguro, e até mesmo o tipo de roupa que
resolve usar para a ocasião. Todos querem saber como se comporta aquele que terá a
missão de lhes transmitir a palavra. Antes de falar, fique observando detalhadamente
tudo o que ocorrer no ambiente, mas demonstre nas suas reações o ar de alguém
verdadeiramente interessado, e não o de um exigente astro que inspeciona os
preparativos de recepção. O auditório reconhecerá na sua atenção uma estreita
identidade com seus anseios, tornando-se com isto mais dócil e benevolente para ouvi-
lo.

Além disso, conquistará maior relaxamento das tensões que sempre nos pressionam
nessas oportunidades. Agindo assim, não haverá tempo de se preocupar com que frases
preparadas para sua exposição. Na verdade, rememorá-las nesses instantes que
antecedem a fala poderia torná-lo preocupado e com receio de esquecer uma idéia ou
determinado termo. Essa descontração é também importante, porque alivia a rigidez do
semblante, que é uma espécie de retrato do nosso interior. Quanto mais liberada e
simpática a fisionomia, mais próximos estaremos dos ouvintes.

Ao se dirigir à tribuna, faça-o com determinação, demonstre confiança no andar e


convicção na postura; a platéia o respeitará na certeza de que abordará uma boa
mensagem. Ao se levantar, tenha calma e cuidado e dê os últimos retoques na roupa
antes de caminhar – como abotoar o paletó, endireitar a gravata, colocar as abas dos
bolsos para fora etc.

Ao chegar à tribuna, acomode as folhas com anotações, se as tiver levado. Acerte a


posição do microfone, se existir; olhe rapidamente para todas as pessoas que ouvirão
suas palavras e, se o assunto permitir, esboce um sorriso sincero e amigo. O sorriso tem
o poder de abrir um campo magnético onde todos entram sem resistências, dobrando-se
à vontade de quem fala. Torna a presença do comunicador emoldurada na irresistível
força da empatia. Não hesite, sorria, mas faça-o com o coração. Pronto, pode começar a
falar, tudo está preparado e todos estão prontos para ouvi-lo.

7.1 A posição das pernas

Uma postura inadequada das pernas durante a apresentação pode chamar a atenção da
platéia para algo que deveria passar desperdício, ou seja, o olhar do público deve estar
voltado para a parte superior do seu corpo. Se a platéia estiver olhando muito para suas
pernas, há algo errado.

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Muitas vezes, a postura inadequada das pernas é um indício de nosso nervosismo e
ansiedade. Tais atitudes, como, por exemplo, flexionar os pés, lateralmente, para dentro
e para fora ou quando parecemos querer “levantar vôo” durante a apresentação,
impulsionando as pernas para frente e para trás, incomodam a platéia e desviam a
atenção do conteúdo do discurso.

Também não é recomendado nos apresentarmos com as pernas extremamente unidas ou


cruzadas, pois ambas atitudes indicam o quanto nos sentimos pouco à vontade naquela
situação, ou seja, a postura, nesse caso, pode ser interpretada como falta de preparo e de
confiança. Não é por isso que devemos nos apresentar com as pernas extremamente
afastadas, porque tal postura pode ser entendida como falha de comprometimento com o
público, passando a impressão de pouca seriedade.

Uma postura comum que, por ser deselegante deve ser evitada, é nos apoiarmos em uma
das pernas somente, isto é, muitas vezes “jogamos” o peso do corpo em apenas uma
perna para poder “descansar” a outra.

Então, qual é a postura mais indicada? As pernas representam a nossa raiz, por isso
devem estar firmes; mantenha as pernas levemente afastadas – como normalmente
ficamos ao conversar com alguém – flexione um pouco os joelhos: isso impede que nos
cansemos em longas apresentações.

Assumir uma dessas posturas consideradas inadequadas em algum momento da


apresentação é natural e não comprometerá a nossa imagem, entretanto, elas não devem
ser freqüentes durante a apresentação.

7.2 O movimento das mãos

Devido ao nervosismo, as mãos muitas vezes parecem “sobrar” no momento da


apresentação e, por isso, alguns oradores preferem colocá-los nos bolsos para resolver o
problema. Ao fazer isso, o orador perde um importante recurso da comunicação verbal: a
gesticulação.

Gesticular adequadamente é algo fácil, pois fazemos isso a todo momento. A


naturalidade é a chave de uma gesticulação agradável, ou seja, devemos movimentar as
mãos durante a apresentação da mesma maneira que as movimentamos em uma conversa
informal. Mas alguns cuidados são necessários.

Assim como não devemos nos apresentar com as pernas cruzadas, também não é
recomendado que cruzemos os braços, pois tal atitude pode ser entendida como uma
forma de defesa, proteção e, portanto, um sinal de insegurança. Outro equívoco,
cometido principalmente pelas mulheres, é manter os braços presos à cintura durante a
gesticulação, p que dificulta a movimentação.

O olhar da platéia deve estar voltado para a parte superior de nosso corpo e, para que
isso ocorra, evite fazer gestos abaixo da linha do quadril, também não é recomendado
fazer gestos muito longos, na altura da cabeça. O ideal é imaginarmos a existência de um
quadrado que vai da altura da cintura até o pescoço: é dentro desse quadrado imaginário
que devemos gesticular.

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Poucas pessoas atentam para o fato de os gestos serem importantes instrumentos na
transmissão de informações. Por exemplo, ao fazermos uma enumeração, podemos
“contar nos dedos” cada um dos itens; ao nos referirmos a acontecimentos passados,
podemos fazer um gesto com o dedo polegar para trás; da mesma maneira, ao nos
referirmos ao futuro, é possível fazer uma movimentação para frente com o braço. São
movimentações simples que enriquecem a apresentação e auxiliam a compreensão por
parte da platéia.

Não se deve, entretanto, fazer um gesto para cada palavra proferida; afinal, não se trata
de uma linguagem de sinais. Utilizar um gesto para cada palavra tornará a apresentação
extremamente cômica. Vale repetir: naturalidade é essencial.

7.3 A expressão facial

Ouvimos muitas vezes a seguinte frase: “ele fala com os olhos”; essa é uma
característica de pessoas que investem na expressão facial. Sabemos que o orador deve
utilizar todo o seu corpo para transmitir mensagens e emoções, o que inclui a expressão
facial. Em primeiro lugar, é importante que a expressão do apresentador seja condizente
com o assunto tratado, ou seja, ao tratar de tragédias ou de problemas, o orador deve
estar com uma fisionomia séria, em certos casos, até mesmo consternada; em
contrapartida, ao falar sobre assuntos mais amenos, é importante manter uma fisionomia
mais tranqüila.

Obviamente, não devemos apresentar a mesma fisionomia durante todo o discurso,


sendo importante que nossas expressões acompanhem as informações transmitidas. Por
exemplo. Ao citar casos de corrupção, nosso rosto deverá demonstrar reprovação e
indignação, ao contar casos engraçados, devemos utilizar expressão descontraída e
agradável.

Essas mudanças de expressão devem ser marcadas pela naturalidade. Um exercício


interessante que podemos fazer é observar as expressões faciais dos apresentadores de
telejornais, pois, em geral, acompanham o conteúdo da notícia. Você perceberá que os
apresentadores até mesmo riem diante de certas reportagens com teor cômico e, em
contrapartida, mostram-se tristes e preocupados quando relatam grandes tragédias.

Ao encerrar o discurso... sorria. Cuidado para não deixar uma expressão de alívio ou
insegurança. Termine sua apresentação como um vitorioso.

7.4 Andar ou ficar parado?

A opção por andar ou ficar parado em uma apresentação depende do espaço disponível,
porque somente se o local em que nos apresentamos permitir é que devemos nos
movimentar. Devemos caminhar lentamente, com o cuidado de não ficar andando de um
lado para outro, pois isso incomoda o público. Também é válido andar entre a platéia,
sempre com o cuidado de não dar as costas para o público – ao voltar para o palco,
devemos andar para trás, sempre olhando para a platéia. Ao andar entre o público,
procure respeitar a chamada “zona de acomodação corporal”, pois, se você se aproximar
demais de alguém da platéia, fará que a pessoa fique constrangida e incomodada.
Lembre-se de que ocupar todo o espaço disponível demonstra domínio da situação.

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7.5 Como fazer uma apresentação sentado

Quando nos apresentamos sentados, ou atrás de um púlpito (tribuna), é necessário


investir na gesticulação. Quando sentados, devemos manter as pernas cruzadas, ou
fechadas, quando atrás do púlpito, a postura recomendada é de uma apresentação em pé,
com o cuidado de não nos apoiar nele. É comum nos apresentarmos sentados em
entrevistas. O uso de púlpito é recorrente em congressos e em cerimônias religiosas.

7.6 Para onde olhar durante a apresentação

Muitas pessoas imaginam que olhar para a parede é uma boa solução para enfrentar o
medo de encarar a platéia, entretanto, esse é o caminho mais fácil para “perdermos” a
atenção do público. Em uma conversa, devemos olhar para a pessoa com quem
dialogamos, e em uma apresentação, não pode ser diferente. Devemos olhar para os
rostos daqueles que assistem à nossa apresentação, por isso, é importante ficar atento a
todos os cantos da sala; assim, a platéia sentirá que você realmente está falando com ela,
não simplesmente “pensando alto”. Se fingir que a platéia não existe, ela fará o mesmo
com você.

Evite olhar apenas para um lado da platéia, pois isso somente ocorre quando notamos
um grupo de pessoas que se mostra mais interessado e atento; entretanto, se você ignorar
aqueles mais dispersos, jamais conquistará sua atenção. Também evite olhar fixamente e
por muito tempo para uma só pessoa, porque, além de deixá-la constrangida, perderá o
interesse do restante do público.

Ao olhar para a platéia, procure não elevar muito a cabeça, pois essa postura pode ser
interpretada como arrogância e superioridade, mas também não abaixe muito a cabeça,
para não transmitir insegurança e medo.

8 – MEMORIZAÇÃO

Fuja da “decoreba”, essa é dica mais valiosa quando tratamos de memorização do


discurso. Muitas pessoas acreditam que a melhor maneira de nos preparamos para uma
apresentação é decorar o discursos, entretanto, a suposta segurança proporcionada
quando fazemos isso pode se tornar uma armadilha. Isso porque o apresentador correrá
alguns riscos. Por exemplo, reproduzirá o discurso de maneira automática, sem emoção,
é o pior que pode acontecer, pois precisamos nos mostrar envolvidos com a nossa fala,
uma vez que destacamos que a naturalidade é a chave de uma boa apresentação. De nada
adianta lembrarmos-nos de todas as informações e palavras do discurso e não envolver a
platéia. O outro risco é nos esquecermos de alguma palavra ou frase do discurso e, como
nossa memória é formada por elos, ao não nos lembrarmos de algum elemento,
perderemos todas as outras informações.

Então, como nos preparamos para a apresentação? Converse, fale sobre o seu discurso
para amigos e familiares, mas não os deixe apenas como ouvintes de sua apresentação:
permita que eles participem, deem opiniões sobre as informações e argumentos citados,
pois ninguém se esquece de uma conversa que teve no dia anterior. Dessa forma, durante
a sua apresentação, você poderá reproduzir essa conversa e o discurso será marcado pela
naturalidade, o que fará você se lembrar das informações a serem transmitidas.

26
Não se esqueça também de elaborar o seu discurso em tópicos, assim, fica mais fácil
memorizar a apresentação. Para isso, é essencial que você saiba extrair as palavras-chave
de seu discurso. É claro que existem algumas informações. Como dados estatísticos,
nomes de personalidades e de lugares, que precisam ser decoradas. Algumas dicas de
memorização podem nos auxiliar nessa tarefa.

Você pode recorrer à chamada memória afetiva, ou seja, pode associar as informações a
serem memorizadas com fatos e pessoas que possuam um significado emocional. Por
exemplo, para se lembrar de um lugar, você pode associá-lo a alguém de sua família que
sempre desejou viajar para lá ou pode associar um dado estatístico à data de aniversário
de um amigo, parente. Também é essencial conferir significado às informações que
pretende decorar, isto é, você precisa entender sua utilidade. Se não compreendermos
completamente sua informação, torna-se mais difícil memorizá-la, por isso, preocupe-se
em entendê-la e sua totalidade.

Muito cuidado na elaboração de seus apontamentos e anotações. Ao esquematizar seu


discurso, saiba destacar as informações a serem decoradas, lembre-se de que, quando
lemos um jornal, fixamos mais facilmente os títulos e fotografias. Além disso, é
importante ter em mente que a memória tem uma predileção por informações
apresentadas de modo extravagante, assim, abuse das cores, setas e símbolos, já que um
texto linear e em preto e branco dificulta a memorização.

Por fim, lembre-se sempre de recorrer à associação: se precisar decorar palavras em uma
determinada ordem, procure associá-las da maneira mais absurda possível, elabore
mentalmente uma história na qual essas palavras apareçam na ordem em que pretende
decorá-las, pois, assim, uma palavra “puxará” a outra.

Todas essas dicas são valiosas, porém, para desenvolver a melhor técnica de
memorização, é necessário nos conhecermos, saber se somos mais visuais – aqueles que
memorizam melhor as informações por meio da visão -, auditivos – as pessoas que
retêm mais facilmente as informações por meio da audição -, ou cinestésicos – aqueles
que aprendem melhor por meio de sentidos relacionados ao movimento. Afinal, você
deve conhecer pessoas que visualizam uma página e lembram-se das informações de
acordo com o modo como elas estão dispostas, por exemplo, se estão no topo da página,
perto da margem direita... Outras pessoas decoram informações lendo-as em voz alta,
porque alguns precisam colocar o conhecimento em prática. Você provavelmente já
percebeu qual é o método mais eficaz para você, mas um teste pode ajudá-lo a saber qual
é o seu canal principal.

TESTE

Este é um teste para descobrir qual é o seu canal sensorial usado com mais freqüência.
Marque as alternativas que se aplicam a você. Depois, siga as instruções que estão no
final.

A
( ) 1. Quando não tenho nada para fazer à noite, gosto de assistir à televisão.
( ) 2. Uso imagens visuais para me lembrar do nome das pessoas.

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( ) 3. Gosto de ler livros e revistas.
( ) 4. Prefiro receber instruções por escrito que oralmente.
( ) 5. Escrevo listas das coisas que tenho de fazer.
( ) 6. Sigo rigorosamente as receitas quando estou cozinhando.
( ) 7. Consigo montar miniaturas e brinquedos com facilidade se seguir as instruções
escritas.
( ) 8. Gosto de jogos do tipo palavras cruzadas e caça-palavras.
( ) 9. Cuido muito da minha aparência.
( ) 10. Gosto de ir a exposições artísticas e musicais.
( ) 11. Mantenho uma agenda na qual registro tudo o que faço.
( ) 12. Em geral, gosto de fotografias e dos trabalhos artísticos usados em publicidade.
( ) 13. Consigo localizar-me com facilidade numa cidade nova se eu tiver um mapa.
( ) 14. Escrevo resumo de todos os pontos pertinentes ao estudar para uma prova.
( ) 15. Sempre gosto de manter a minha casa com a aparência de limpa e bonita.
( ) 16. Todos os meses assisto a dois ou mais filmes.
( ) 17. Não tenho boa impressão de alguém se ele não estiver bem vestido.
( ) 18. Gosto de observar as pessoas.
( ) 19. Sempre mando consertar o mais rápido possível os arranhões do meu carro.
( ) 20. Acho que flores frescas realmente embelezam a casa e o escritório.

B
( ) 1. Gosto de ouvir música quando não tenho nada para fazer à noite.
( ) 2. Para me lembrar do nome de alguém, eu o repito várias vezes para mim mesmo.
( ) 3. Gosto de longas conversas.
( ) 4. Prefiro que meu chefe me explique algo oralmente que por escrito.
( ) 5. Gosto de programas de variedades e de entrevistas no rádio e na televisão.
( ) 6. Uso rimas para me lembrar das coisas.
( ) 7. Sou bom ouvinte.
( ) 8. Prefiro saber das notícias pelo rádio do que pelos jornais e revistas.
( ) 9. Falo bastante comigo mesmo.
( ) 10. Prefiro ouvir um CD sobre um assunto do que ler sobre ele.
( ) 11. Sinto-me mal quando meu carro faz um barulho estranho.
( ) 12. Posso dizer muito sobre alguém somente pelo som da sua voz.
( ) 13. Compro muitos CDs.
( ) 14. Estudo para um teste lendo as minhas anotações em voz alta ou estudando com
outras pessoas.
( ) 15. Prefiro fazer uma palestra sobre um tópico do que escrever um artigo.
( ) 16. Gosto de assistir a consertos e a apresentações musicais.
( ) 17. As pessoas, às vezes, dizem que falo demais.
( ) 18. Quando estou numa cidade estranha, gosto de parar num posto de gasolina para
pedir informações.
( ) 19. Converso com o meu cão ou gato.
( ) 20. Converso em voz alta comigo mesmo quando estou resolvendo um problema de
matemática.

C
( ) 1. Gosto de fazer exercícios físicos.
( ) 2. Quando estou com os olhos vendados, consigo distinguir os objetos pelo tato.
( ) 3. Quando ouço música, não consigo deixar de acompanhar o ritmo com o pé.
( ) 4. Gosto de estar ao ar livre.

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( ) 5. Tenho boa coordenação motora.
( ) 6. Tenho tendência a ganhar peso.
( ) 7. Compro sertãs roupas porque são confortáveis.
( ) 8. Gosto de criar animais de estimação.
( ) 9. Toco nas pessoas quando estou conversando com elas.
( ) 10. Quando estava aprendendo a digitar, aprendi rapidamente o sistema de toques.
( ) 11. Quando era criança, fui muito carregado no colo e tocado.
( ) 12. Aprecio mais praticar que assistir a esportes.
( ) 13. Gosto de tomar um banho quente no fim do dia.
( ) 14. Gosto que me abracem, beijem, apertem minha mão.
( ) 15. Danço bem.
( ) 16. Não consigo viver sem praticar algum esporte ou atividade física.
( ) 17. Gosto de levantar e espreguiçar-me com freqüência.
( ) 18. Posso dizer muito sobre uma determinada pessoa, simplesmente pelo modo como
ela aperta minha mão.
( ) 19. Se eu tiver tido um dia ruim, meu corpo fica muito tenso, sinto dores.
( ) 20. Gosto de fazer artesanatos, trabalhos manuais e/ou construir coisas.

AVALIAÇÃO

Atribua 1 ponto para cada alternativa marcada e veja quantos pontos você fez em cada
série:

A( ) B( ) C( )

Se você conseguir mais pontos na série:

A – VOCÊ É VISUAL
B – VOCÊ É AUDITIVO
C – VOCÊ É CINESTÉSICO

Fonte: Adaptação do teste elaborado por Nely Beatriz M. Penteado, (psicóloga)

Observe também se existe grande diferença na pontuação entre séries. Quanto mais
próxima ela estiver, melhor, pois o ideal e ter os três canais desenvolvidos. O canal em
que obteve o menor número de pontos é aquele que você precisa desenvolver.

Todos nós possuímos a capacidade de aprender pelos três sistemas combinados,


entretanto, fazemos uso de um deles de maneira predominante. Então, vale a pena seguir
algumas dicas quando precisar memorizar algo. As pessoas visuais devem elaborar
imagens mentais sobre o conteúdo estudado, fazer muitas anotações e esquemas, além de
procurar recursos visuais sobre o assunto.

Aqueles indivíduos predominantemente auditivos devem ler os textos em voz alta,


conversar com outras pessoas sobre o conteúdo da apresentação e ficar atentos a tudo o
que é falado sobre o assunto. Por fim, os cinestésicos precisam estudar mudando de
posição algumas vezes e também ler, falar e fazer gestos que representem as
informações estudadas.

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Mesmo com o uso de todas essas estratégias, devido ao nervosismo e à ansiedade, existe
a possibilidade de ocorrer o branco durante uma apresentação. Se isso acontecer, não se
desespere, basta seguir algumas dicas: após se acalmar, tente repetir as últimas
informações das quais se lembrou – para a platéia, parecerá que você as está retomando
para ressaltá-las. Assim, haverá grande chance de você se lembrar da informação a
seguir, uma vez que as informações estão ligadas entre si. Se essa estratégia não
funcionar, passe adiante – lembre-se de que o público não sabe o que você programou
para sua apresentação – e se o conteúdo retornar à sua memória depois, veja se há
possibilidade de introduzi-lo em um discurso.

Também existe a possibilidade de consultar discretamente as suas anotações, dizendo,


por exemplo, “tenho uma informação interessante sobre o assunto, deixe-me ver...” Se
tiver elaborado um esquema com palavras-chave, certamente não se esquecerá da
informação. De qualquer forma, vale repetir: é essencial manter-se calmo, não
demonstrar par a platéia que não se recorda de uma parte do discurso.

9 – DICAS PARA O SUCESSO EM UMA APRESENTAÇÃO

9.1 Seja pontual

Nada incomoda mais uma platéia que o atraso, por isso, procure chegar pelo menos meia
hora antes do discurso, assim, você poderá verificar as condições do local. Tendo em
vista a possibilidade de ocorrerem imprevistos em seu trajeto até o local da apresentação,
programe-se com certa “folga” no horário. Também não é recomendado chegar em cima
da hora, pois você não terá tempo de se acostumar com o ambiente, de se acalmar.

Se, por alguma razão, você se atrasar, não comece a apresentação pedindo desculpas.
Afinal, as pessoas estão ansiosas para o início do discurso e a última coisa que desejam é
ouvi-lo falar sobre o trânsito.

Às vezes ocorrem atrasos em razão dos organizadores do evento. Se isso ocorrer, peça
que um dos organizadores explique o problema para a platéia, assim, o publico não de
voltará contra você.

9.2 Cuidado com as piadas

Alguns oradores gostam de contar piadas durante o discurso para “quebrar o gelo”, mas
existem certo riscos. A platéia pode não achar sua piada engraçada e, diante da falta de
reação do público, você ficará constrangido e nervoso. Lembre-se que não existem
piadas infalíveis, tudo depende da habilidade do orador para contá-las e do humor da
piada.

Além disso, o público pode ser extremamente sério e se incomodar com sua atitude.
Muitas vezes sua postura pode ser confundida com falta de seriedade, o que diminuirá
sua credibilidade. Não se esqueça de que sua apresentação deverá ser agradável, mas o
objetivo é informar as pessoas e não entretê-las.

De qualquer forma, a decisão por contar piadas deve ser tomada pelo orador de acordo
com seu perfil, com a circunstância e com o tipo de público. Mas o apresentador nunca

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deverá citar piadas de cunho preconceituoso, pois, transformar negros, homossexuais ou
outras minorias em motivo de chacota é imperdoável! Tal atitude comprometerá
definitivamente a sua imagem.

9.3 Evite cacoetes

Devido ao nervosismo, alguns oradores fazem gestos ou movimentos desagradáveis – já


falamos a respeito disso ao tratar das posturas, mas existem atitudes que merecem
destaque. Por exemplo, pode parecer improvável, mas alguns oradores se coçam durante
o discurso. Lembre-se de se controlar, a menos que queira causar aflição na platéia.
Outros cacoetes freqüentes são: morder os lábios, passar as mãos no cabelo à todo
momento, estralar os dedos, tirar e colocar um anel ou aliança repetidamente e apertar as
mãos. Esses são sinais inegáveis de nervosismo que desviam a atenção da platéia.

9.4 Apresente-se

Há casos em que o orador começa o discurso sem se apresentar, na maioria das vezes
por estar nervoso. Lembre-se de que você deverá construir uma imagem simpática para
conquistar a platéia, por isso, concentre-se no fato de que sua apresentação é a parte
inicial de seu discurso.

Mesmo quando um organizador apresentá-lo, é importante agradecer, antes de iniciar o


conteúdo do discurso. Cuidado com o “arzinho” de arrogância!

9.5 Respeite a platéia!

Ninguém conquista respeito apresentando uma postura arrogante e desrespeitosa,


portanto, seja agradável com o público. Há oradores que menosprezam a platéia e
ridicularizam suas perguntas e comentários. Por mais que sejam feitas observações
inoportunas ou incoerentes, é essencial tratar o público de maneira respeitosa, assim,
você poderá exigir o mesmo tratamento.
Esse respeito também consiste em não criticar os organizadores do evento, já que alguns
oradores reclamam da iluminação, do som, de atrasos, de maneira ofensiva. Neste caso,
a tendência da platéia é se solidarizar com os organizadores e formar uma imagem
negativa do orador. Se algo referente à organização incomodá-lo, peça gentilmente que
providenciem a melhoria. Caso não exista a possibilidade de mudar a situação, converse
com os organizadores após a apresentação.

Também é extremamente desagradável assistir a apresentação em que o orador fala mal


de todo o mundo, de outros estudiosos, de personalidades, de instituições. Você pode ser
crítico, mas com fundamento, além disso, as observações devem ser pertinentes ao
conteúdo do discurso.

9.6 Tipos estranhos na oratória

O Tímido

Costuma falar em voz baixa e tem dificuldade em administrar o medo interno. Sente-se
nervoso, tropeça nas palavras; a dicção e a articulação são diferentes, parece pedir
desculpas por estar ocupando aquele espaço. Gagueja e, mesmo tendo se preparado e

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organizado, perde-se com freqüência. As palavras são emitidas com dificuldade. Estar
ali parece representar um grande sacrifício.

Olha para o teto, para o chão ou para o nada, como se possuísse uma cortina diante dos
olhos. Seu corpo mostra sinais evidentes de nervosismo: boca seca, respiração difícil,
transpiração no rosto e nas mãos, o que o faz usar lenço com freqüência. Esconde-se
atrás da mesa. Segura chaves, canetas ou livros. Seus olhos mostram-se constantemente
assustados, como se tivesse medo de ser pego em flagrante.

O Egocêntrico

Para ele, a platéia é um espelho gigante, que reflete todas as suas qualidades. O público
está ali para servi-lo. A palavra eu é a mais importante de seu vocabulário, parece
possuir um luminoso no corpo, onde está inscrito em letras garrafas: “Sou o melhor”.
Aplica todas as regras da oratória para seduzir a platéia. Ele quer receber aplausos
durante todo o tempo. Criou um tipo que não o abandona. É o exemplo do sucesso
ambulante. Seus olhos são cifrões e o seu sorriso, profissional. Tudo é milimetricamente
estudado.

A técnica está acima de tudo. Em suas palestras, entrevistas e congressos, o que mais lhe
interessa comunicar são os seguintes dados: quantos cursos já realizou; quantos livros
escritos por ele já foram vendidos; quantas pessoas já compareceram aos seus cursos;
quanto dinheiro já ganhou e quantos títulos já conquistou. Ele é a salvação! Por meio
dele, chega-se ao reino do dinheiro e do sucesso!

O Erudito

Ele fala difícil, utilizando por vezes, palavras em desuso. Cita frequentemente frases de
autores famosos. Mesmo percebendo que seu público não o compreende, emprega
excessivamente palavras estrangeiras, gírias profissionais, linguagem técnica, porque
essa é uma forma de usufruto do poder, uma forma arrogante de deixar claro que só ele
conhece o assunto.

Como seu prazer provém da exibição de sua cultura, não se preocupa em obter feedback
da platéia. Suas idéias são herméticas e vêem acompanhadas de frases rebuscadas. Quase
não utiliza recursos audiovisuais; prefere ficar sentado e empregar um tom professoral.
Por julgar que sua cultura o exime de qualquer questionamento, não admite interrupções
nem contestações.

O Hipnotizador

Expressa-se muito p a a a u u u s s s a d d a a... causando s o n n o o o l l ê ê n c i a...


na p l a t e é i a a a... Quando formula o início de um conceito, todos já sabem a
conclusão.

O Modesto

É aquele que sempre se posiciona de forma subserviente em relação à platéia. “em


minha modesta opinião...” “Não sei se vou conseguir, pois não tenho a cultura nem a
experiência necessária, mas vou tentar explicar aqui, como um escravo da profissão...”

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“Desculpem as minhas falhas, são fruto da minha ignorância”. “Não estou à altura dessa
seleta platéia”. “Perdoem-me por ter roubado o tempo de vocês”.

O Verborrágico

É extremamente prolixo. Fala sem parar, porque considera suas idéias as mais
interessantes. Ama o som da própria voz e, para ele, o silêncio é crime. Parece uma
metralhadora vocal, expressando-se para si mesmo. Quase não dirige o olhar para a
platéia. Além disso, como quer ter absoluta certeza de que o público o ouviu, usa as
seguintes expressões em seus finais de frase: “Estão me compreendendo?” “Perceberam
onde quero chegar?” “Entenderam onde está o cerne da questão?” “está tudo claro, não
e?” “Posso continuar?” “Vocês têm certeza de que estão acompanhando meu
raciocínio?” “É importante que vocês não se percam; por isso, prestem bem atenção”.

O Despreparado

Ele aceita o convite para a palestra, mas confiante na ajuda divina, não se prepara.
Planejar é perda de tempo e improviso, excitante. Por isso, ele desconhece as
necessidades do público e não sabe o que dizer, nem como dizer. Suas idéias mostram-se
confusas, porque lhe faltam objetividade, coerência, fluência e poder de síntese.

Não sabe utilizar os recursos audiovisuais: suas transparências nunca estão na ordem
correta, além de serem de péssima qualidade (com letras manuscritas miúdas). De
costas, ele tenta lê-las para a platéia. Seu material de trabalho (pilhas de livros e de
filmes) polui todo o ambiente. Tropeça nos fios, deixa cair objetos. Sempre se tem a
impressão de que, para ele, o evento foi uma surpresa, causando intranquilidade em
quem o assiste.

O Espalhafatoso

Está sempre arrumando o cabelo e a roupa, contemplando as próprias unhas. Utiliza o


vidro da janela da sala como se fosse um espelho. Seus gestos são largos e ininterruptos,
porque buscam tornar suas palavras mais eloqüentes do que realmente são. Tudo nele é
excessivo: o colorido das roupas, a largura da gravata. Seus trajes gritam todo o tempo.
É praticamente impossível prestar atenção naquilo que diz. É, pois, produtivo que se
evitem essas barreiras verbais e não verbais para que as apresentações em público sejam
motivo de aprendizagem e prazer e não perda de tempo e suplício para a platéia.

10 PECULIARIDADES DO PÚBLICO

Diante do auditório reagimos quase sempre instintivamente. Talvez até pelo próprio
nervosismo que nos envolve nestes momentos, somos levados a determinadas atitudes
que nem sempre são as mais recomendáveis. Assim, por exemplo, quando nos
provocam, queremos revidar, quando demonstram indiferenças, queremos atacar. É
preciso, pois, refrear as reações impulsivas e agir de forma a colher os melhores
resultados.

Quando estamos próximos aos ouvintes, geralmente no mesmo plano, isto é, fora da
tribuna, fato comum entre os professores, e alguém do auditório faz uma pergunta ou

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qualquer observação, se o faz em voz baixa, a tendência natural é a de nos
aproximarmos para ouvir mais claramente. Quanto mais nos aproximarmos, mais baixo
falará o espectador, de tal forma que o auditório começará a dispersar a atenção, porque
não perceberá o que está ocorrendo. Nesse caso, devemos inverter a tendência
espontânea da aproximação e afastarmo-nos o máximo possível, obrigando-o a falar
mais alto, permitindo assim que todos os demais possam ouvi-lo.

Se um ouvinte começa a fazer perguntas ou a interromper com observações,


principalmente se demonstrar forte personalidade, há costume quase universal de passar
a falar na sua direção. Ora, por causa de uma pessoa impertinente ou apenas curiosa, não
podemos abandonar toda a platéia, que nos ouve até, quem sabe, com muito interesse.
Também aqui há que se inverter o comportamento e continuar a exposição para todo o
público.

Outro fato que prejudica a apresentação do orador ocorre quando ele nota que uma ou
mais pessoas da assistência saem do recinto, conversam ocasionalmente ou o observam
com o semblante fechado. Nem sempre tais procedimentos estão relacionados com a
performance de quem fala ou com o assunto abordado. Aquele que saiu poderia estar
com algum problema e saúde e resolveu tomar um pouco de ar; poderia estar com algum
problema urgente a ser resolvido e foi dar um telefone, ou até mesmo chamar alguém
para assistir à boa palestra que estava sendo proferida.

O fato de conversarem não significa que estejam criticando ou discordando, podem ser
apenas comentários sobre a matéria e, neste caso, também até algum elogio. O semblante
fechado poder ter sido originado pela concentração no assunto, alguma dívida pendente
para o dia seguinte, ou a visita, naquela noite, da sogra indesejável. O que conta é a
atitude conjunta dos ouvintes, não os acontecimentos isolados.

Não basta apenas saber falar, é preciso, mais do que isso, conhecer a quem falamos,
porque a Expressão Verbal só existirá na sua plenitude quando dirigida corretamente a
cada público. Dizia Voltaire: “O público é um animal feroz; temos que o subjugar ou
fugir dele”.

11 O USO DO MICROFONE

Já nos referimos sobre a importância do uso de recursos audiovisuais no planejamento


da apresentação, mas aqui cabem algumas considerações específicas sobre o uso do
microfone.

É difícil imaginar os dias de hoje sem a presença do microfone. Sua utilidade é


incontestável. Ele permite que a comunicação do orador seja mais natural e espontânea,
possibilitando falar a grandes platéias da mesma forma como se conversa com uma ou
duas pessoas.

Mesmo possuindo todas essas qualidades, o microfone muitas vezes é visto como um
terrível inimigo, chegamos a provocar pânico em determinados oradores, principalmente
naqueles menos habituados com a tribuna. Isso ocorre por não se observar certos
procedimentos elementares, mas de capital importância a uma boa apresentação.

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Microfone de lapela

Este tipo de microfone praticamente não apresenta grandes problemas quanto a sua
utilização; ele é preso na roupa por uma presilha tipo “jacaré”, de fácil manuseio. É
muito útil quando se pretende liberdade de movimentos na tribuna. Para usá-lo bem,
basta atentar aos itens que passaremos a comentar.

a) Ao colocá-lo na lapela, na gravata ou na blusa, procure deixá-lo na altura da


parte superior do peito, pois ele possui boa sensibilidade e a essa distância poderá
captar a voz com perfeição.
b) Enquanto estiver falando, não mexa no fio. É comum observar oradores
segurando, enrolando, ou torcendo o fio do microfone. Já presenciamos casos
que se mostraram cômicos, em um deles, sem perceber, o orador começou a
enrolar o fio do microfone e, quando chegou ao final da apresentação, assustou-
se ao verificar que estava com mais de dois de fio nas mãos.
c) Outra preocupação importante a ser tomada ao usar o microfone de lapela é a de
não bater as mãos ou tocar no peito com força, próximo ao microfone, enquanto
estiver falando, porque esses ruídos também são ampliados, prejudicando a
concentração e o entendimento dos ouvintes.
d) É perigoso fazer comentários alheios ao assunto tratado perto de qualquer
microfone, porque sempre poderão ser ouvidos. No caso do microfone de lapela,
o problema passa a ser muito mais grave por causa da sua alta sensibilidade. Ele
permite captar ruídos a uma considerável distância. Isto sem contar que, preso na
roupa, sempre o acompanhará.
e) Talvez não seja necessário fazer este tipo de comentário, mas como já
presenciamos inúmeros ocorridos desagradáveis, vale a pena alertar o orador
para que não se esqueça de retirar o microfone quando terminar de falar e for sair
da tribuna.

Microfone de pedestal

Este tipo de microfone exige maiores cuidados para sua melhor utilização. É um
microfone mais comum e encontrável na maioria dos auditórios. Veja agora o que
deverá fazer para evitar problemas e melhorar as condições da sua apresentação:

a) Inicialmente verifique o mecanismo da haste onde o microfone se sustenta e se


existe regulagem na parte superior onde ele é fixado. Treine esses movimentos,
abaixando e levantando várias vezes a haste, observando atentamente todas as
suas peculiaridades. Evidentemente essa tarefa deverá ser realizada bem antes do
momento de se apresentar, de preferência, sem a presença de nenhum ouvinte. Se
isso não for possível, verifique a atuação dos outros oradores mais habituados
com o local e como se comportam com o microfone que irá usar.
b) Já familiarizado com o mecanismo de regulagem da altura, teste a sensibilidade
do microfone para saber a que distância deverá falar. Normalmente a distância
indicada é de dez a quinze centímetros, mas cada microfone possui
características distintas e é prudente conhecê-las antecipadamente. Se durante o
teste estiver acompanhado de um amigo ou conhecido, pela que ele fique no
fundo da sala e diga qual a melhor distância e qual a altura ideal da sua voz.

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c) A acertar a altura do microfone, procure não o deixar na frente do rosto,
permitindo que o auditório veja o seu semblante. Deixe-o a um ou dois
centímetros abaixo do queixo.
d) Ao falar, não segure na haste e fale sempre olhando sobre o microfone; dessa
forma o jato da voz será sempre captado; assim, quando falar com as pessoas
localizadas nas extremidades da sala, ou sentadas à mesa que dirige a reunião,
normalmente posicionada no sentido lateral, gire o corpo de tal maneira que
possa sempre continuar falando com os olhos sobre o microfone.
e) Fale, não grite; isso mesmo, aja como estivesse conversando com um pequeno
grupo de amigos. Isso não quer dizer que deverá falar baixinho, sem energia; ao
contrário, transmita sua mensagem animadamente, com vibração, mas sem gritar.
f) Se for preciso segurar o microfone com a mão para se movimentar na tribuna, o
cuidado com o jato de voz deverá ser o mesmo; nesse caso movimente a mão que
segura o microfone e deixe-o sempre à mesma distância.

Microfone de Mesa

O microfone de mesa requer os mesmo cuidados já mencionados, com a diferença de


normalmente ser apoiado sobre uma haste flexível. Ao acertar a altura não vacile, faça-o
com firmeza e só comece a falar quando o tiver posicionado da maneira desejada.

Se lhe oferecerem um microfone no momento da falar, antes de aceitar ou recusar,


analise algumas condições do ambiente. Se os outros oradores falaram sem microfone e
se a sala não for muito ampla e permitir que a voz chegue até os últimos ouvintes, sem
dificuldade, poderá recusá-lo. Se alguns oradores se apresentaram valendo-se do
microfone, ou se sentir que o tamanho da sala e a acústica impedirão sua voz de chegar
bem até as últimas pessoas da platéia, aceite-o.

Se o microfone apresentar problemas e você perceber que eles persistirão, desligue-o e


fale sem microfone. Não peça opinião a ninguém sobre essa atitude. A apresentação é
sua e você é o responsável pelo seu bom desempenho. O microfone deve ajudar a
exposição. Se, ao contrário, atrapalhar, é preferível ficar sem ele.

12 DICAS PARA SUA APRESENTAÇÃO

O PODER DA COMUNICAÇÃO

A comunicação é uma ferramenta extremamente poderosa que foi considerada por


alguns especialistas como uma das sete chaves do sucesso: Paixão, Crença, Estratégia,
Atitude, Poder de União, Clareza de Valores e Comunicação. Sem uma comunicação
adequada, dificilmente se chegará ao topo do sucesso. Observe os executivos, diretores e
gerentes talentosos. Geralmente eles se diferenciam pela expressão verbal que executam
no meio em que convivem. Isso é real: "ou você fala ou falam por você". Mas não é
simplesmente falar. O interessante é entender o processo da expressão verbal em
público, tratar os medos, ajustar a postura, controlar a ansiedade, falar com técnicas,
estilo e segurança, encantando clientes, superiores, colaboradores e ouvintes em geral.

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Somente a teoria não é o suficiente, você precisa praticar para falar melhor em público.
O orador é como o cantor, tem que praticar para adquirir estrutura e ficar bom.

Você precisa praticar para falar com eloqüência que significa a arte do bem falar, parte
da retórica que trata da arte de falar, a faculdade de falar de tal modo que se consegue
dominar e empolgar o auditório e que também é o talento de persuadir, de deleitar ou
comover, falando. Como você está nesse sentido?

PLANEJE-SE PARA FALAR EM PÚBLICO

Você vai falar em público? Planeje a sua apresentação. A seguir, mais 20 DICAS para
você que vai falar em público.

1 - Planeje a sua apresentação. Previna-se, planeje-se e não se arrependerás. Um bom


planejamento contribuirá para o sucesso do seu evento. Cuide da sua credibilidade ao se
expor em público.

2 - Identifique o perfil do público e ajuste o seu discurso ao público para o qual falará.
Utilizar termos técnicos a um público leigo, por exemplo, não é recomendável.

3 - Saiba qual o tamanho do público e prepare-se. Prepare também eventual material a


ser disponibilizado na medida certa àquele público;

4 - Conheça o tempo de duração do seu evento e ajuste o seu projeto observando o


tempo que lhe foi disponibilizado;

5 - Revise e atualize a sua apresentação e eventual material complementar. Prime pela


qualidade;

6 - Saiba como chegar ao local do evento. Se necessário pernoite nas proximidades do


evento, facilitando o deslocamento até o local da palestra;

7 - Certifique-se sobre o formato do auditório, como as cadeiras serão organizadas etc.


Se necessário mude o “lay out” da sala colocando as poltronas no formato que achar
melhor;

8 - Cuide da aparência - Roupas com boa combinação e adequadas à ocasião e ao


público. Além das roupas, o cinto, sapatos, cabelo, barba e unhas, devem estar
impecáveis;

9 - Eleve a sua auto-estima - Motive-se e não entre em discussões desnecessárias


momentos antes do seu evento. Procure elevar a sua auto-estima lendo textos
interessantes, pertinentes e motivacionais;

10 - Observe o horário de chegada ao local do evento - Não chegue atrasado, chegue


uma hora antes e aproveite para se ambientar. Ao chegar, fale, cante, grite e ensaie a sua
apresentação;

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11 - Escolha dos recursos e teste dos equipamentos – Procure saber antecipadamente
quais equipamentos instrucionais (Data Show, Flip Shart, Púlpito etc) estarão
disponíveis e escolha o mais adequado para o seu evento.

12 - Tenha pincéis novos na sua pasta. Sempre serão úteis na inexistência de bons
pincéis na sala de aula.

13 - Teste tudo: mudança de lâminas do PowerPoint, caneta laser, o espaço disponível


para se movimentar. Avalie como você se comportaria e manusearia seu material de
apoio, e o próprio roteiro, no púlpito, caso vá utilizá-lo. Testando preliminarmente todos
os equipamentos que serão utilizados durante a sua apresentação, evitará surpresas
desagradáveis;

14 - Tenha sempre em mente um “plano B” – O “plano B” será utilizado quando o


“plano A” falhar. Pense num plano alternativo.

15 - Pratique o quebra-gelo - interaja-se com o auditório conforme o público for


chegando, isso ajuda assentar a adrenalina;

16 - Hierarquize as informações e os assuntos – Ao construir sua apresentação, organize


os temas observando uma hierarquia e seqüência lógica dos temas e assuntos.

17 - Elabore um Roteiro - Um roteiro bem elaborado e ensaiado contribuirá para o


sucesso do evento. Sem o roteiro o risco de tropeços e contra-tempos é muito grande.

18 - Faça um “back up” da sua apresentação - por medida de segurança, salve a sua
apresentação em no mínimo dois ambientes como no Pen Drive e na sua própria caixa
de e-mail.

19 - Atualize-se sobre o tema – Faça leituras e pesquise sobre o tema da sua


apresentação. Isso contribuirá para ampliar seus argumentos e certamente você
transmitirá mais credibilidade por demonstrar-se atualizado.

20 - Avalie a sua performance e se necessário faça um curso de oratória – O que está em


jogo é a sua credibilidade. Previna-se e se possível, após ensaiar o suficiente, peça para
alguém avaliar a sua performance.

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Anexo

RESUMO

“Comunicar é uma arte”


Do caderno: Comunicação é uma arte
Dicas rápidas para uma comunicação eficiente
De Moacir Lopes e Hugo Ramirez Filho

Princípios da oratória moderna

Saibam todos que esta arte


exige de 10% de inspiração e 90% de transpiração.
Portanto, vamos à luta!

Não abandonar o tópico: manter-se no assunto que está discorrendo.

 Controle de Público: saber de forma adequada como organizar e orientar o


público.
 Organização e estruturação do discurso: não basta conhecer o assunto, é
fundamental organizar as idéias e tópicos que você irá abordar.
 Recursos: tudo é válido para facilitar a compreensão do público, desde os
recursos audiovisuais, dinâmicas de grupo, até exemplos comparações,
contrastes, estatísticas, detalhes, depoimentos pessoais, ampliações de idéias e
motivação do público.
 Linguagem utilizada: cada público é um público, com suas especificidades e
individualidades. Cabe ao orador adaptar sua linguagem a realidade do público.
 Auditório/público/platéia/etc...: é o papel complementar do orador. Um não
existe sem o outro. É o motivo de você estar se preparando, estudando e
desejando dar o melhor de si. Portanto, não é seu inimigo.
 Improvisação: mesmo estando bem preparado, em alguns momentos é
fundamental e necessária a improvisação. O ato de falar em público é algo
imprevisível, portanto, em algumas situações você terá que exercitar e
desenvolver a habilidade da flexibilidade.
 Sinceridade e ética: tudo que falar hoje poderá ser usado contra ou a seu favor
amanhã. Portanto, palavras não são apenas palavras e você precisa ter
responsabilidade, sinceridade e princípios éticos para com você e o público.
 Conhecer as técnicas de estruturação e planejamento do discurso: Planeje,
prepare, estude, execute, etc.
 Conhecer e exercitar a voz, gestos e posturas: tópicos especiais sobre o
assunto.

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Dicas para uma comunicação eficiente

• Credibilidade: transmitir informação que seja aceita pelos ouvintes. A aceitação é um


processo que envolve compreensão e confiança, atingindo o convencimento. Para
alcançar a credibilidade é importante destacar:

• Naturalidade: é a espontaneidade, o ritmo da fala praticada dia a dia junto aos amigos
e familiares. Ser natural não significa levar ao auditório, erros e negligências que podem
ser percebidos pela platéia e gerar desconfiança. É preciso entender a diferença de quem
está na frente da platéia, disposto a comunicação cotidiana - concordância, plural,
conjugação verbal, etc. e o público. Os defeitos de estilo e as incorreções de linguagem
precisam ser combatidos com estudo, experiência, disciplina e trabalho persistente.

• Emoção: é o envolvimento revelado pelo entusiasmo com que se dedica a um objetivo,


que defende uma idéia. É interpretar a própria verdade, transmitindo-a com a força da
importância que representa. Cuidado com o choro, ele é uma demonstração de
emotividade, sendo considerado em palestras como nervosismo e descontrole.

• Conhecimento: somente se é natural e emocionante, se demonstramos dominar o


assunto tratado. É preciso ter sempre mais informações do que será necessário repassar.
Leitura, estudo, pesquisa, observação ativa e pessoal colaboram nesta proposta.

• Conduta Exemplar: palavras encontram respaldo dependendo da postura do orador e,


na maioria dos casos, de nossos próprios atos frente ao tema exposto. É preciso ter
consciência de que comunicamos com o corpo, os olhos, os gestos, o suor, o tom de voz,
a roupa, o estilo do cabelo, uma série de predicados e defeitos que contradizem às vezes
com o que falamos.

• Voz: é o resultado da articulação de partes dos aparelhos digestivo e respiratório,


movimenta todo o organismo, que funciona e se expressa por meio da voz. Por isso, por
meio da fala é nítido o nervosismo e a hesitação.

• Respiração: constituída de inspiração e expiração, deve ter seu fluxo, completamente


normal, para fazer vibrar as cordas vocais e produzir voz.

• Pronúncia: Boa pronúncia é ser melhor compreendido e aumentar a credibilidade.


Entre os sons mais negligenciados estão os “erres” finais e os “is” intermediários (pegá-
pegar, jardinero-jardineiro), além do deslocamento de algumas palavras (pra-para, pcisa-
precisa, tamém-também) e do deslocamento de letras (cardeneta-caderneta, estrupo-
estupro). A providência é uma auto-análise para identificar suas imperfeições, incluindo
as gírias em geral, sobretudo, as restritas a segmentos específicos (idade, profissão), mas
jamais perder a naturalidade em situações intermediárias desta aprendizagem.
Pronunciando todos os sons corretamente, a mensagem será melhor compreendida pelos
ouvintes e haverá maior valorização da imagem de quem fala. Treine sua dicção com o
dedo indicador, imite um gancho, encaixe por uns dois minutos diários nos dentes
inferiores e fique falando.

• Volume: o ideal é sempre o volume adequado ao ambiente, à existência de microfones


e à qualidade de sonorização, às condições acústicas. Analisar estes detalhes é

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determinante para estabelecer o melhor tom. Voz baixa gera desatenção; voz alta,
irritabilidade.

• Velocidade: Não fale rápido demais. Se sua dicção for deficiente será ainda mais
grave, já que dificilmente alguém conseguirá entendê-lo. Também não fale muito
lentamente, com pausas prolongadas, para não entediar os ouvintes. Use um aparelho
gravador para conhecer melhor a velocidade de sua fala e decidir-se pelo melhor estilo.
Ajuste a velocidade e ritmo da sua fala. Para saber se não está atropelando as palavras ou
sendo lento e se a tonalidade que usa é agradável, um truque é gravar a sua voz numa
fita e ouvir depois, ou mostrar aos colegas. Fale com bom ritmo. A respiração, a
pronúncia e a emotividade de cada pessoa determinam a rapidez ou lentidão da voz. Se
você fala rapidamente e deseja permanecer assim, procure pronunciar cada vez melhor
cada palavra, crie o hábito de repetir as informações importantes pelo menos duas vezes,
com termos diferentes, para que o público entenda bem.
Se você fala lentamente, e sente-se bem neste estilo, procure olhar para o auditório
durante as pausas. Ao reiniciar, pronuncie com ênfase e energia as três primeiras
palavras para recapturar eventuais atenções perdidas e dar idéia de que durante sua
sentença anterior, falada lentamente, você estava refletindo, o que valoriza muito o
silêncio. A alternância de volume e velocidade da voz tende a causar boa impressão na
platéia, desde que se mantenham requisitos de boa pronúncia. Mas as pausas, não devem
ocorrer a cada palavra ou grupo de três palavras, porque podem inspirar desconcentração
ou falta de conhecimento sobre o que se fala.

• Sotaque: é natural. Não se deve procurar escondê-lo, desde que as pessoas entendam
perfeitamente suas frases e o uso do sotaque não venha a interferir na credibilidade do
orador, o que depende do tipo de platéia ouvinte.

• Uso do microfone: seja com pedestal, seguro na mão ou de lapela, a posição ideal para
falar são dez centímetros da boca, abaixo, na direção do queixo. Não se deve olhar para
o microfone, exceto nos primeiros segundos da fala para posicionamento, ou na
eventualidade de ter que virar o corpo para enxergar uma parte lateral da sua platéia. Os
de pedestais são flexíveis, se seguro com a mão, deve ser posicionado com distância já
referida, e deixado descansado junto com o braço em momentos breves de intervalo,
sempre cuidando o tremer do corpo e os gestos que não podem afastar o microfone da
boca para não perder qualidade de som. Com os de lapela basta o cuidado de não baixar
o rosto por algum motivo, porque a maior proximidade com o aparelho aumenta
consideravelmente o volume da voz. Com ele, comentários paralelos com outros
oradores são impraticáveis.

• Vocabulário: é a quantidade e qualidade de palavras conhecidas pelo orador, que vão


facilitar a desenvoltura, clareza e sucesso de um pronunciamento, da expressão de idéias,
da articulação do raciocínio em frases. Um bom vocabulário tem que estar isento do
excesso de termos pobres e vulgares, como palavrões e gírias. Também não se
recomenda um vocabulário repleto de palavras difíceis e quase sempre
incompreensíveis. Evite também o vocabulário específico da sua profissão diante de
pessoas não familiarizadas com esse tipo de palavreado.
Você estará desenvolvendo um vocabulário simples, objetivo e suficiente para
identificar toas as suas idéias e pensamentos. A amplitude deste repertório é conquistada
com muita leitura, testes de substituição de palavras de um texto por sinônimos. Outros
pontos a serem evitados, são os tiques e maneirismos entre palavras ou frases, como

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“né?”, “hããã”. “huummm”, “tá?”, “entendeu?”. São ruídos mais típicos de quem não
sabe que palavras usar ou de quem termina uma frase com tom de voz não conclusivo e
acaba se perdendo no discurso.
• Expressão corporal: é o movimento do corpo, o jogo fisionômico, o olhar, os gestos
que fazem a comunicação não-verbal e acompanham a fala. Segundo psicólogos, a
transmissão de uma mensagem é 7% palavra, 38% voz e 55% expressão corporal.

• Atitudes desaconselháveis neste campo são: falar com mãos nos bolsos; colocar as
mãos entrelaçadas nas costas; apoiar os braços sobre a mesa; cruzar os braços; fazer
gestos abaixo da cintura e acima da linha da cabeça; executar gestos involuntários, como
coçar a cabeça, mexer no cabelo, mexer em aliança e pulseiras, brincar com canetas ou
papéis sobre a mesa ou com o fio do microfone em pé. Ao falar sentado, evite cruzar as
pernas em forma de “x”, esticar as pernas e jogar o corpo para trás, ou pender o corpo
para um dos lados apoiado no braço da cadeira. Não se pode ainda negligenciar a força
da aparência, compondo roupas, sapatos, acessórios (tecido, cor, combinação harmônica,
estilo, quantidade e qualidade, adequação e estrutura corpórea).

• Tenha postura correta: deixe os braços naturalmente ao longo do corpo ou acima da


linha da cintura e gesticule com moderação. O excesso de gesticulação é mais prejudicial
que falta. Distribua o peso do corpo sobre as duas pernas, evitando o apoio ora sobre
uma perna, ora sobre a outra. Essa atitude torna a postura deselegante. Também não
fique se movimentando desordenadamente de um lado para outro e quando estiver
parado não abra demasiadamente as pernas. Só se movimente se pretender se aproximar
dos ouvintes, ou dar ênfase a determinada informação. Não relaxe a postura do tronco
com os ombros caídos. Poderá passar uma imagem negligente, ou de excesso de
humildade. Cuidado também para não agir de forma contrária não levantando
demasiadamente a cabeça nem mantendo rígida a posição do tórax. Poderá passar uma
imagem arrogante e prepotente. Deixe o semblante sempre descontraído e, sendo
possível, sorridente.
Não fale em alegria com a fisionomia fechada nem em tristeza com a face alegre.
Sempre é preciso existir coerência entre o que falamos e o que demonstramos na
fisionomia.
Ao falar olhe para todas as pessoas para ter certeza de que estão ouvindo e prestando
atenção nas suas palavras. Principalmente ao ler, este cuidado tem de ser redobrado, pois
existe sempre a tendência de olhar o tempo todo para o texto, esquecendo a presença dos
ouvintes.

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REFERÊNCIAS

BENASSE, Paulo Roberto. Curso de oratória forense. Campinas: Bookseller, 1999.

CASTELLIANO, Tânia. A comunicação e suas diversas formas de expressão. São


Paulo: Saraiva, 2000.

CUNHA, Ablon de Morais. Técnicas de falar em público. Ab Editora, 1995.

FREITAS, Vanessa. Como falar em público. São Paulo: Universo dos Livros, 2005.

FURINI, Isabel Florinda. Práticas de oratória. São Paulo: IBRASA, 1992.

POLITO, Reinaldo. Como falar corretamente e sem inibições. 50. ed. São Paulo:
Saraiva, 1998.

POLITO, Reinaldo. Gestos e postura para falar melhor. São Paulo: Saraiva, 1999.

NUTLEY, Grace Stuart. Conversar e convencer. Tradução: Iracema Paiva Castelo


Branco. Rio de Janeiro: 8ª ed. Editora Record, 1985.

SAMPAIO, Mônica. Curso de locução dirigida. Brasport, 1999.

WRIGHT. C. W. Aprenda a falar em público. Rio de Janeiro: Record, 1998.

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