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Tricomoníase

A tricomoníase é uma das mais comuns das ISTs em termos de abrangência e quantidade de
casos.

É não viral, causada por protozoário. Ela é curável e é sexualmente transmitida. O protozoário
ataca principalmente vagina e testículos.

INCIDENCIA – maior em mulher, sendo 92%. Tudo devido aos fatores inerentes culturais, sociais
e econômicos nas mulheres. Diferenças socioeconômicas, nível educacional e higiene pessoal.
A idade tem uma relação considerável, bem como a atividade sexual ainda que encontramos em
mulheres que não iniciaram a vida sexual, a própria fase do ciclo menstrual já que o protozoário
depende de um determinado pH, na menstruação a mulher fica mais suscetível. O numero de
parceiros e a atividade sexual também influenciam, a relação com outras ISTs também aumenta
a susceptibilidade.

Publicações recentes – indicam que pode causar complicações de saúde, aumento de incidência
de transmissão de HIV, baixo peso em bebes, nascimentos prematuros, doença inflamatória
pélvica atípica, câncer cervical e infertilidade. É uma epidemia negligenciada e deveria ser
considerada um problema de saúde publica.

Etiologia – protozoário Trichomonas vaginalis. Das três espécies a vaginalis é a única que
apresenta patogenicidade.

MORFOLOGIA – é flagelado, tem


variações de formas podendo ser
elipsoides ou esféricas, tem
emissão de pseudópodes
(fagocitose) e se alimenta dessa
forma. Somente encontrado na
forma trofozoitica que é a forma
patogênica. É anaeróbico
facultativo, sobrevive sem
oxigênio e tem alta sobrevivência
no pH de 5 a 7,5 e temperatura de
20 a 40 graus. Ele não tem mitocôndria e tem glicogênio em reserva, ele produz energia
metabolicamente na transformação do piruvato em acetato.

TRANSMISSÃO – A transmissão é por relação sexual, e apresenta alta frequência na uretra e na


próstata de parceiros de mulheres infectadas, dessa forma o homem pode ser um vetor, devido
ao armazenamento temporário da forma infectante. Existe uma forma de transmissão não
sexual, pode sobreviver na urina por 3h e no sêmen por 6h, e pode ter fômites como vetores. O
assento de vasos sanitários e compartilhamento de roupas intimas podem transmitir.

Ele não tem forma cística, e se estiver em ambientes de altas temperaturas e descamação do
hospedeiro podem fazer o parasito ser suscetível.

PATOGENIA – tem o genoma muito complexo, logo o diagnóstico é difícil. Também pela
quantidade de IST com manifestações clinicas similares. Pode causar lesões na região e uma
citoaderencia e citotoxicidade sobre células epiteliais, tem também fatores de virulência, onde
ele produz substancias benéficas a ele, como um mecanismo de evasão também, a partir da
produção de adesinas, integrinas, cisteina-proteinases, CDF e glicosidases. Diante da invasão,
ele aumenta o pH da vagina, causando a redução dos lactobacillus que seria uma defesa, e pelos
pseudópodes ele faz fagocitose de células imunes, isso causa o aumento do numero de
leucócitos locais, que vai aumentar a fagocitose pelo parasito.

PERFIL DOS PACIENTES – apesar de ser IST existe possibilidade de outros fatores de transmissão.

• Nos recém nascidos existe uma baixa possibilidade, sendo 5% de passagem da infecção
pelo canal de parto, por meio da transmissão vertical. No recém-nascido, na hora que
passa pelo epitélio escamoso vaginal, o parasito sofre ação do estrógeno materno e
sofre uma alteração do pH, e isso favorece a colonização do parasito, mas depois de
poucas semanas o pH volta ao normal pelo desaparecimento hormonal da mãe e tem a
eliminação espontânea do parasito.
• Em crianças de 1 a 10 anos o pH vaginal é baixo, não favorecendo a parasitose, mas é
possível em casos de abusos sexuais ou formas não sexuais.
• Para pré adolescentes de 10 a 18 anos existe uma possibilidade maior por meio da
transmissão sexual, e com todas as alterações hormonais, anatômicas e fisiológicas do
adolescentem logo, o organismo facilita pelo ambiente suscetível devido as alterações
que o organismo sofre por aumentar pH vaginal.
• No período de menstruação temos uma exacerbação dos sintomas, e apesar de ser um
período de descamação que ajudaria a eliminar o parasito, também há níveis elevados
de cálcio e ferro, e isso acaba ajudando na ativação de proteinases (nutrição) e adesinas
(adesão), o que facilita para o parasito aumentar ainda mais sua carga parasitaria. Maior
carga parasitaria, maior a transmissibilidade.
• Na fase adulta temos a transmissão sexual, tendo variabilidade entre casadas, solteiras
e separadas.
• Na gravidez a incidência é maior pela interrupção de contraceptivos e por mudanças
hormonais.
• Nos homens a incidência é de 50% a 60% menor do que nas mulheres devido as
secreções prostáticas que tem ação tricomonicida, além da própria eliminação mecânica
da própria uretra por meio da micção que já eliminaria o parasito, e isso faz a doença
no homem ser autolimitante, porque o parasito pode ser rapidamente eliminado.
Podem ocorrer uretrites inespecíficas através de parceiras infectadas e cerca de 10%
dos homens infectados pode desenvolver infertilidade.

Correlação com o HIV – é visto como cofator de propagação do HIV porque quando ele está
presente, a carga viral do HIV na secreção uretral aumenta e também aumenta a produção de
citocinas, o que aumenta a suscetibilidade ao HIV. Um paciente com HIV fica suscetível ao
tricomonas, e um paciente com tricomoníase fica mais suscetível ao HIV. O tricomonas vaginalis
vai causar uma resposta imune celular no local, o que causa uma grande infiltração de leucócitos
com migração dos linfócitos TCD4+ que são considerados células alvo do vírus do HIV. Outra
coisa é causar pontos hemorrágicos na mucosa, e isso é porta de entrada do vírus HIV para a
corrente sanguínea. Além disso, temos o aumento da carga viral na secreção uretral já
documentado em indivíduos com tricomoníase. É como se fosse um mutualismo.

CICLO BIOLOGICO – temos a fase infecciosa e a fase de diagnostico. Na fase da urina e nas
secreções vaginais e prostáticas temos a fase diagnostico, e quando ele esta presente na vagina
e no orifício da uretra está na fase infecciosa. O individuo contaminado tem as duas fases. De
qualquer forma, a presença do parasito já indica a fase infecciosa e fase diagnostica.
SINAIS CLINICOS – na mulher temos a infecção do epitélio escamoso e é considerada uma
doença de idade reprodutiva, sendo que cerca de 25% a 50% das mulheres são assintomáticas,
onde 1/3 é sintomática com sintomas depois de 6 meses da infecção. Geralmente o período de
incubação do protozoária é de 20 dias. O principal sinal clinico é a vaginite com a leucorreia
abundante, coloração amarelo esverdeado do muco, odor fétido, com prurido e irritação, dor e
dificuldade de manter relações sexuais e disuria e aumento da frequencia miccional. Pode
ocorrer uma secreção mais espumosa ou bolhosa, que seria mais comum durante altas cargas
parasitarias.

Na gravidez pode-se ter uma resposta inflamatória grande, com alterações na membrana fetal,
causando sintomas graves como ruptura prematura de membrana, parto prematuro, baixo peso
ao nascer, endometrite pós parto, feto natimorto e morte neonatal, por isso é tao importante o
acompanhamento pré-natal.

Infertilidade em mulheres infectadas é quase 2x maior devido a uma doença inflamatória


pélvica, que causa dano na estrutura tubaria causando danos nas células ciliadas que não vão
proporcionar o movimento do espermatozoide e do ovulo corretamente.

No homem podem ter complicações como epididimite, infertilidade, prostatite, e diferentes


grupos clínicos com diferentes manifestações de sintomas, sendo assintomáticos, agudo com
possível uretrite purulenta abundante e estado sintomático leve com diferentes uretrites.

CONTROLE E PROFILAXIA – a própria educação sexual, com exames ginecológicos e preventivos


em dia para um diagnostico precoce, com medidas preventivas e também o tratamento
simultâneo de parceiros.

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