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UD I: INTRODUÇÃO A FILOSOFIA
O ser humano para além de sobreviver, procura dar sua vida uma orientação e um sentido. Para isso,
pensamos e procuramos, através desse pensar, criar explicações que nos ajudem a compreender e a resolver os
problemas com que nos confrontamos ao longo da nossa existência.
A Filosofia, como qualquer outra forma de conhecimento, é uma tentativa de encontrar respostas para as
perguntas que a situação existencial em que vivemos nos coloca. É, portanto, uma maneira de responder aos
problemas do nosso presente.
De entre os objectivos definidos para a leccionação do programa de Introdução à Filosofia merece particular
relevo o que caracteriza o estudo da Filosofia como uma ocasião para estimular o pensar autónomo1.
E porquê? Basicamente porque o nosso presente nos confronta com problemas que nunca existiram antes e
que exigem de nós respostas criativas. Ora esses problemas, parece-nos, podem enunciar-se, genericamente,
do seguinte modo:
Com efeito, as tecnologias de informação possibilitam-nos uma consciência dos problemas como até há pouco
tempo era impensável. Parece que chegámos a um ponto em que o espírito tacanho e egoísta, o nacionalismo
bairrista, e o desprezo pelo conhecimento já não são apenas sinais de falta de grandeza de alma, mas
constituem um perigo objectivo para a preservação da vida na Terra.
Por isso, é urgente a construção de um futuro mais belo, mais justo, mais livre e mais harmonioso, parece
também ser urgente a transformação de nós próprios com vista à resolução da crise actual mediante a criação
de pessoas diferentes.
1
No estudo de Filosofia, é o próprio aluno que determina a sua aprendizagem e não o professor, pois o aluno aprende a
filosofar (KANT) o que implica exercitar a razão, pensando por si próprio, a partir de sistemas, teorias, conceitos
filosóficos. Aprender a filosofar é aprender a pensar sobre tudo que nos rodeia e sobre as acções humanas; É
problematização, é questionamento e é crítica do mundo.
Daí a importância de um pensar autónomo. Ora o desafio que o programa de Introdução à Filosofia para o 11ª
Classe nos propõe é, justamente, uma reflexão sobre a dimensão experíencial da nossa existência, que se
articula em torno dos grandes temas da acção e dos valores, afinal, as dimensões em que a experiência
da VIDA humana se deixa concretizar.
A ser assim, julgamos legítimo esperar que os aprendizes de Filosofia ponham no seu pensar a pujança, a
criatividade e a alegria próprias do viver, e façam da Filosofia uma verdadeira CHAVE DO AGIR. Quem
quiser saber para onde nos encaminhamos, deverá prestar atenção, não aos políticos mas aos filósofos:
aquilo que os filósofos anunciam hoje será a crença de amanhã. Bochensky.
A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que
significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra
sophos, sábio. Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber.
Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. Assim, filosofia indica um estado de
espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.
Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século VI antes de Cristo) a invenção da
palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os
homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.
Dizia Pitágoras que três tipos de pessoas compareciam aos jogos olímpicos (a festa mais importante da
Grécia): as que iam para comerciar durante os jogos, ali estando apenas para servir aos seus próprios
interesses e sem preocupação com as disputas e os torneios; as que iam para competir, isto é, os atletas e
artistas (pois, durante os jogos também havia competições artísticas: dança, poesia, música, teatro); e as que
iam para contemplar os jogos e torneios, para avaliar o desempenho e julgar o valor dos que ali se
apresentavam. Esse terceiro tipo de pessoa, dizia Pitágoras, é como o filósofo.
Com isso, Pitágoras queria dizer que o filósofo não é movido por interesses comerciais - não coloca o saber
como propriedade sua, como uma coisa para ser comprada e vendida no mercado; também não é movido pelo
desejo de competir - não faz das ideias e dos conhecimentos uma habilidade para vencer competidores ou
“atletas intelectuais”; mas é movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar as coisas, as ações, a
vida: em resumo, pelo desejo de saber. A verdade não pertence a ninguém, ela é o que buscamos e que está
diante de nós para ser contemplada e vista, se tivermos olhos (do espírito) para vê -la.
Ao contrário de outras ciências que delimitam o seu objecto que é uma parte do todo, a Filosofia procura
compreender o universo no seu todo, por isso, qualquer definição da Filosofia empobrece o próprio conceito
da Filosofia.
Esse todo, que é objecto da Filosofia, não é, mera junção das partes, mas algo integralmente organizado e
estruturado. Por isso, pode se filosofar a partir de qualquer objecto ou facto, pois este encontra o seu lugar no
todo. Para nos aproximarmos da quilo que se pode entender por Filosofia, vejamos as definições de alguns
Filósofos:
ARISTÓTELES (Grécia antiga) – A Filosofia é o estudo dos primeiros princípios e causas últimas de todas
as coisas.
CICERO (Roma antiga) – A Filosofia é o estudo das causas humanas e divinas das coisas.
ANYANW (Nigéria - actualidade) – A Filosofia tem a missão de explicitar o implícito, tomar consciente do
inconsciente.
De acordo com Karl JASPERS (Sec. XX dC) filosofar significa estar a caminho, isto é, a Filosofia é a busca
insaciável do saber e não a posse da Verdade.
Existe algo que é comum para todas essas definições que a filosofia é um tipo de saber amplo, radical e
exigente. Ela é uma ciência não só para ser estudada, mas principalmente para ser feita e para ser ouvida, por
isso, a Filosofia é uma atitude e não um conjunto de conhecimentos e teorias de alguém que se memoriza, mas
um aprender a pensar, um aprender a agir. ʺNão se ensina a Filosofia, mas sim a filosofarʺ Kant séc. XVIII.
Exercícios
Nos primórdios os homens ficavam satisfeitos com as explicações dadas através da utilização do Mito que
explicavam os mistérios da natureza, a origem do mundo e do homem. Os MITOS são histórias sagradas
atribuídas aos seres sobrenaturais (os deuses). O pensamento mítico é por natureza uma explicação da
realidade que não necessita de metodologia e rigor.
Função explicativa - explicando os porquês das coisas ou fenómenos naturais e como foram criados
pelos deuses; e
A filosofia portanto, surge do mito, quando se descobriu que a verdade do mundo e dos humanos não era algo
secreto e misterioso, que precisasse ser revelado por divindades a alguns escolhidos, mas que, ao contrário,
podia ser conhecida por todos, através da razão, que é a mesma em todos além da verdade poder ser
conhecida por todos, podia, pelo mesmo motivo, ser ensinada ou transmitida a todos. Surgiu assim a Filosofia
como tentativa de racionalizar a interpretação do homem e do universo, das relações dos homens entre si e
destes com a natureza.
Pesquisa
1. O que é o mito? Dê exemplo de um mito e faça o seu relato.
2. O mito obedece a um processo de elaboração. Pesquise um mito grego e faça uma análise dos elementos
que o compõe.
3. Faça uma entrevista com diversas pessoas e pergunte:
a) O que elas entendem por mito?
Os naturalistas partem da ideia de que «do nada, nada pode nascer, haverá um elemento primordial, a partir
do qual tudo foi criado». Qual é esse elemento? Com essa pergunta, os filósofos encontram o principio
concebido como origem, como substrato ultimo e como causa de todas as coisas.
Pai de Filosofia, tido como um dos sete sábios gregos. Foi o primeiro a procurar a primeira causa de todas as
coisas, tal elemento para Tales é ÁGUA. Sustentou que a terra repousava sobre água e tudo era feito de água.
Tudo que tem vida, tem água e tudo morre quando perde água.
Nascido também em Mileto, aluno de Tales. Sobre a origem do cosmo não concordou com o seu mestre, para
ele, o princípio de todas as coisas não pode ser um elemento determinado, como a água, terra, fogo ou ar, pois
o que se quer explicar é a origem dessas coisas determinadas. Por isso, o arkhé de todas as coisas é o
APEIRON, um elemento indeterminado e infinito.
Discípulo de Anaximandro, e aponta como causa primordial de todas as coisas, o AR, deste procedem todas
as coisas. O ar diferencia-se nas várias substanciais segundo o grau de rarefacção e condensação: dilatando-se
dá origem ao vento e depois as nuvens; em grau maior de densidade forma água, terra, pedras, etc.
Não teve mestre nem discípulo, de um estilo obscuro. Para ele o arkhé de todas as coisas é o fogo. É o fogo
que governa todas as coisas, por isso, ele também é a inteligência e a razão de todas as coisas.
É o fogo que que transforma as coisas, que provoca a mudança do ser para o não ser, do frio ao quente, do
húmido ao seco, do jovem ao velho, da vida a morte e do modo reciproco, pois daquilo que esta morto renasce
a vida. Eis a máxima de Heráclito “ninguém pode banhar duas vezes nas mesmas águas do rio”, para dizer
que as coisas estão em constante mudança.
Para Parménides o SER é causador de tudo e não é causado, ele é uno, eterno, incriado, imutável. Portanto, o
que muda são os seres por ele gerado, por isso, o que é, é e o que não é, não é. O não ser é impensável.
Pitágoras e os pitagóricos fizeram várias descobertas na Matemática e constataram que na natureza reina uma
ordem semelhante a que se encontra nos números, podendo por isso, ser traduzido pelos números e expressa
segundo formulas Matemáticas. Por isso:
Os NUMEROS constituem a natureza do universo. Tal como os números se distribuem entre pares e ímpares,
também a realidade se ordena entre bom e mau, limitado e ilimitado, luz e treva, alto e baixo, positivo e
negativo, etc.
A partir do século V a.C a Filosofia naturalista, sofreu uma viragem, partindo da explicação do physis
(natureza) passando para a explicação do Antropos (O homem).
Os sofistas estiveram na origem desta mudança. Estes eram professores, mestres e formavam jovens
atenienses. Portanto, deixaram de investigar a natureza, passaram a se dedicarem a vida social e humana e
chegaram a conclusão de que tudo o que o homem na filosofia e na ética é produção de si próprio, por isso
para PROTAGORAS um dos mais importantes sofistas da época dizia o homem é medida de todas as coisas.
Por isso, o conhecimento é relativo.
Uma outra figura da época antropológica da filosofia clássica é SOCRATES, diferentemente dos sofistas,
alia-se a sua humildade intelectual, diz ele: só sei que nada sei, mas nisso, supero todos os que nem isso
sabemʺ diz também ʺconhece-te a ti mesmoʺ.
Sócrates educava a juventude ateniense em ordem aos valores universais e eternos, desmascarando os valores
relativos que os sofistas defendiam e ensinavam.
Sócrates foi condenado á morte, acusado de ser perturbador da ordem e corruptor da juventude. Nos seus
ensinamentos, usava o método dialéctico que consistia em dois momentos:
1 – Ironia – despertar a ignorância dos sábios; e
2 – Maiêutica - que consistira em despertar a consciência e ao conhecimento dos seus interlocutores.
EXERCÍCIOS
3. Sócrates é uma figura incontornável da filosofia e um exemplo para todos os homens. Investiga sobre
seus ensinamentos e a sua morte.
Um dos filósofos que mais se debruçou sobre essa mesma pergunta foi Immanuel Kant, filósofo alemão do
século XVIII. Para ele, a tarefa da Filosofia é ensinar-nos o seguinte:
- Que posso eu saber?
- Que devo eu fazer, isto é, como devo agir?
- Que me é permitido esperar?
A primeira tarefa impele-nos para fora de nós mesmos, a fim de indagarmos as possibilidades e limites do
conhecimento, da ciência, e, enfim, da acção do homem sobre o mundo. É, realmente, a primeira fase, a fase
da descoberta, do espanto, mas também do receio e do medo.
A segunda tarefa da Filosofia, segundo o mesmo Kant, é: olharmos para dentro de nós mesmos, e
perguntarmo-nos- Vale a pena viver? - Como posso ser feliz? - E os outros? - Como devo agir, perante o
outro, e perante mim próprio? - E os animais, as plantas, as rochas, a natureza toda, porque existem? - Qual
deve ser a relação do homem, com tudo isso, que o rodeia?
A terceira e última pergunta tem a ver com as duas primeiras, é a pergunta do homem
amadurecido:
- Há razões para sorrir, perante tudo isto? - Existe futuro para a humanidade?
- Existe uma esperança última, apesar de todas as vicissitudes? - E a morte? Haverá algo, além da vida
terrena?
Função prática – nos impele a uma atitude existencial, a um novo tipo de comportamento, fruto da reflexão
filosófica. Ela nos conduz a uma autonomia no agir e no viver de forma autêntica.
Exercícios
O método da Filosofia é também polémico, tanto quanto a sua definição e o seu objecto de estudo.
Existem vários métodos que um filósofo pode usar para a busca do conhecimento filosófico, como o método
socrático, analítico, sintético, dialéctico, fenomenológico, etc., mas há dois métodos comummente usados em
filosofia que abrange os outros: o método critico – analítico – para o estuda das realidades sociais e que se
apoia nos factos procedendo a sua análise e critica e o método lógico racional – usado para o estudo de
realidades meta-empíricas, cuja analise requer o uso exclusivo da razão pura, sem se apoiar em factos.
Ética – Faz a reflexão da moral, isto é, dos costumes, das normas, das regras de uma sociedade.
Filosofia da Religião – Esta indaga, não directamente sobre Deus, mas sim sobre a Religião, de cuja
existência, enquanto actividade humana verificável, ninguém duvida.
Metafísica Geral – é uma disciplina da Filosofia que estuda as causas primeiras e ultimas de todas as
coisas.
Ontologia – é uma parte de Metafísica que estuda a ser enquanto é (Onto – ser e lógia - ciência).
Epistemologia – faz análise crítica do conhecimento científico, analisado a sua importância, limite ou
perigos do mesmo.
Lógica – Estuda o pensamento valido, isto e, estabelece as regras que devem reger o pensamento
humano de modo a alcançar a verdade.
Estética – Disciplina da filosofia que estuda o belo, a sua natureza, essência e fundamentos da arte.
Filosofia Politica – Faz a reflexão sobre a melhor forma de organização de uma sociedade.
Segundo Aristóteles, todo o homem nasce filosofo, só que deixa de ser quando considera o mundo habitual
sem surpresas. Isto quer dizer, a filosofia sempre existiu desde a criação do homem.
Portanto, todas as ciências surgiram de Filosofia ou seja, a filosofia é a mãe de todas as ciências. Apesar
disso, existem algumas diferenças entre as ciências e a Filosofia.
a) Na profundidade da investigação
- A Filosofia procura as causas últimas e finais das coisas, isto é, ela é a ciência dos porquês.
b) No objecto
c) No método
d) No tipo de conhecimento
Exercícios
Elaborado por dr Nicolau Jorge Closse Abensonhado
1. O que faz com que a Filosofia seja considerada a Mãe das ciências?
3. Quais as principais disciplinas de Filosofia, caracterize o objecto de estudo de cada uma delas.
A filosofia quer conhecer mais profundamente e para isso é necessário que se questione o real e não se aceite
de forma dogmática o que é evidente.
Para isso, a filosofia, procura resolver os problemas que preocupam a humanidade, portanto, o Filosofia está
em constante procura da Verdade. Ao longo da história da filosofia, vários problemas foram colocados e
múltiplas respostas foram obtidas sempre com constante vontade de chegar a verdade, portanto, o fim último
da filosofia é a procura da verdade através da atitude reflexiva, vejamos quatro aspectos que caracterizam a
atitude filosófica:
1. O espanto
Segundo Aristóteles, a filosofia tem a sua origem no espanto que os homens sentem diante dos enigmas do
universo/ da vida. É com espanto que o homem formula as perguntas e procuras as suas respectivas respostas.
2. A dúvida
Aos filósofos, exige-se a dúvida para poder problematizar tudo, ate aquilo que nos era natural. A reflexão
começa a partir do exame daquilo que pensa ser verdadeiro.
3. O rigor
O conhecimento em si, funda-se na crítica e no rigor de modo que não se admita as ambiguidades, as
contradições e os termos imprecisos.
4. A insatisfação
Em filosofia, o que existem, são perguntas e problemas, incitamentos para que não se confie em nenhuma
autoridade externa a sua razão, para que duvide do senso comum e das aparências.
Segundo Gabriel MARCEL, as questões filosóficas são mistérios, enquanto Denis DIDEROT a peculiaridade
das questões filosóficas pode obter-se através da distinção do conteúdo de dois termos ʺcomoʺ e ʺporqueʺ. Por
exemplo: A física interessa-se em saber como se dá um fenómeno; a Filosofia pergunta-se porque razão se dá
tal fenómeno.
Elaborado por dr Nicolau Jorge Closse Abensonhado
Mas, o que faz com que uma pergunta seja considerada filosófica, não é apenas o modo como é colada a
questão, mas também o conteúdo que compreende quatro aspectos fundamentais:
Nesta unidade didáctica abordamos um tema sobre “pessoa” como categoria ética fundamental. Isto é, o que é
que faz de nós pessoas, ou seja, o que nos distingue dos outros seres que não são pessoa? Para respondermos
essa questão, temos de nos conhecer a nos mesmos, isto é, “quem somos nos?”
A pessoa como categoria ética fundamental, teremos de nos conhecer também os conceitos da ética e moral,
pois a ética regula o nosso agir e a nossa relação com os outros.
Amoral
É o conjunto dos princípios, das normas, dos juízos, dos valores vigentes numa dada sociedade e aceites pelos
membros dessa mesma sociedade. A moral indica o que deve ou não fazer, por isso, ela tem a ver com o bem
e o mal.
Ética
A ética do grego “ethos” que significa costumes. Isto é, faz a reflexão sobre os costumes ou sobre a moral ou
seja, a ética é uma disciplina filosófica que faz a reflexão sobre as normas, os princípios, as condutas de uma
dada sociedade.
Enquanto a ética elabora-se por intermédio da reflexão teórica as questões sobre o comportamento humano, A
moral tem a dimensão mais prática, ligando se ao agir quotidiano do homem. A ética tem uma dimensão
universalista porque debruça sobre a humanidade da pessoa; a moral tem uma dimensão mais local porque
relaciona-se aos modos concretos da vida de uma sociedade.
A ética e amoral, tem em comum o facto de incidirem sobre o comportamento e a acção humana.
Conceito de Pessoa
A palavra “pessoa” deriva do grego “prosopon” e do latim “personere” que significa “mascara” ou seja, tudo
aquilo que um actor punha numa peça teatral. Portanto, pessoa é o homem nas suas relações com o mundo e
consigo próprio. Pessoa é algo que se cultiva.
Segundo o Filosofo Romano Severino Boécio, pessoa é uma substancia individual de natureza racional
(persona est racionalis, naturarae individua substantia).
Para Emmanuel Kant, pessoa ‘e um valor absoluto, isto é, é um fim em si mesmo e não um meio ao serviço
dos outros.
Na época contemporânea, filósofos como Martin Buber, Emmanuel Levinas e Emmanuel Mounier
sublinharam na pessoa a afectividade (Amor ao próximo); a relação com os outros e a transcendência (Deus);
por outro lado, Gabriel Marcel, Martin Heidegger e Paul Ricoeur sublinham que a pessoa é constituída,
não só de espírito, como também da matéria, não só da alma, mas também do corpo.
Singularidade – cada pessoa é ela mesma, não pode ser substituída, não é igual a ninguém, é uno,
original, autêntico, irrepetível e insubstituível;
Unidade – A pessoa é uma totalidade e uma unidade psicológica, onde as suas partes formam um
todo (corpo físico, razão, emoção, acção, etc.);
Autonomia – A pessoa é um centro de decisão e acção, tem em si a causa/princípio do seu agir. Tem
capacidade de auto-determinanar-se;
Projecto – Ser pessoa não é algo inato, é uma das possibilidades humana que cada um deve realizar
por si.
Valor em si – A pessoa é um valor absoluto, ela é um fim em si e não um meio. A pessoa não pode
ser coisificada.
Elaborado por dr Nicolau Jorge Closse Abensonhado
Exercícios
2. Segundo Cícero, pessoa é um sujeito de direito e deveres. O que Cícero queria dizer com essa
definição?
Consciência Moral é a função que nos permite distinguir o bem do mal; orienta os nossos actos e julga esses
segundo o seu valor. É da consciência moral que começa a vida moral.
A consciência moral é como uma voz interior que anuncia o dever ou obrigação; juiz interior que condena ou
aprova os actos de incidência moral.
Quando agimos contra ou a favor da nossa consciência, pode resultar em remorso, arrependimento, culpa ou
alegria.
Como vimos, a consciência moral é a capacidade que temos de distinguir o bem do mal, o justo do injusto,
etc. Portanto, para Sócrates para que a nossa consciência moral tenha boa escolha, temos de ter o
conhecimento ou ciência que traduz a virtude, ao passo que o vício é a privação da ciência, isto é, a
Ignorância que leva o homem a praticar o mal.
Todavia, se a virtude é ciência e o vicio é a ignorância, então, ninguém peca ou faz o mal voluntariamente,
quem faz o mal, fa-lo por ignorância do bem. O homem por natureza, procura o seu próprio bem, quando faz
o mal, não o faz porque pretenda o mal, mas porque daí espera extrair algum bem, cometendo erro de cálculo.
Sócrates tem razão quando afirma que o conhecimento é a condição necessária para que se faça o bem, mas
engana-se ao afirmar que é também a condição suficiente, pois para fazer o bem é também a Vontade.
Na visão de Piaget e Kohlberg, a consciência, é algo que se cultiva, ela desenvolve da fase infantil à adulta.
Para Jean Piaget (1896-1980), Filosofo Suíço, a moralidade desenvolve-se paralelamente à inteligência e há
um progresso que vai da heteronomia à autonomia moral. Ele apresenta três etapas fundamentais.
Encontramos na criança, a moral de obrigação/heteronomia, onde ela vive numa atitude unilateral de respeito
absoluto com os mais velhos;
Verificamos no adolescente a moral de solidariedade entre iguais, o respeito unilateral, é substituído pelo
respeito Mútuo, surge o sentimento da honestidade e da justiça igualitária duma forma solidária;
Encontramos no jovem ou no adulto, a moral de equidade ou autonomia. Aqui aparece o altruísmo, interesse
pelo outro e a compaixão, há observância pelas normas que permitem a convivência social.
Paralelamente, Lawrence Kohlberg considera que a consciência moral se forma num processo de
conhecimento que decore de fases de aprendizagem social. Na sua opinião, há três etapas de desenvolvimento
moral.
As pessoas respeitam as normas por receio ao castigo ou não as cumprem porque esperam recompensa pelo
seu cumprimento.
2º Nível - convencional
Respeita-se as normas morais e sociais porque consideram que cada um desempenha um papel numa
sociedade moralmente organizada.
As pessoas se preocupam com juízos autónomos e com estabelecimento de princípios morais universais que
podem ser direitos ou deveres. Há exame crítico desses princípios, de modo que se chegue a um consenso
universal/social.
EXERCÍCIOS
O homem define-se pelo modo como escolhe, decide e executa as diferentes acções. Entretanto, ele pratica
dois tipos de actos: os que são comuns a outros animais e os que só ele próprio realiza.
No 1º primeiro caso, temos entre outros, os chamados instintos como (a nutrição, reprodução, fuga e agressão)
que são importantes para a sobrevivência de todos animais.
No segundo caso, temos o agir no caso do homem que implica pensar antes de executar as acções.
Os homens são livres de agir ou não, de escolher um ou outro caminho. Os seus actos possuem uma dimensão
moral que se fundamenta na liberdade e na consciência da acção. Mas a palavra “acção” tem vários
significados, portanto, importa distinguir dois tipos de acções: as Involuntárias e as Voluntárias.
São acções que realizamos por um mero reflexo instintivo, fazemo-los sem pensar e sem querer como
ressonar, respirar, tiritar de frio ou transpirar de calor, etc.
São aqueles que fazemos querendo faze-las, com conhecimento e de propósito. Cantamos por exemplo porque
queremos, porem, podemos dizer que, acções voluntárias, implicam intenção, responsabilidade, motivo e fim.
A acção voluntária implica um sujeito que é capaz de reconhecer como autor da acção que é o
agente;
Esse agente deve ser capaz de justificar a razão da sua acção (O Motivo);
Para além do motivo, o agente deve ter a intenção que é a pretensão de fazer ou ser com a sua
acção;
E por fim, temos a finalidade da acção que é a pretensão daquilo para que se quer a acção.
EXERCÍCIOS
- João Canyenye, assalta um armazém na cidade de Chimoio por não ter o que comer
- Querendo servir um café nas chávenas, por descuido entornamos e molhamos a toalha.
A acção humana está estritamente ligada aos valores, isto é, os valores dão ao sujeito motivos para agir. Por
exemplo preferir um objecto em detrimento dos outros, assistir telenovela em vez de telejornal, jogar xadrez
em vez de futebol ou quando damos esmola, etc. É mediante os valores que hierarquizamos os nossos actos.
Portanto, valores são critérios segundo os quais damos ou não importância as coisas; os valores são as razões
que justificam ou motivam as nossas acções.
Valores têm sempre como referencias a avaliação do sujeito, por isso eles são relativos, variando do
sujeitopara sujeito. Existem diversidade de valores que podem ser agrupados em espirituais e materiais.
Elaborado por dr Nicolau Jorge Closse Abensonhado
Sagrado - Profano
- Valores Religiosos Divino - Demoníaco
Valores Espirituais Milagroso -Mecânico
Belo - Feio
- Valores Estéticas Elegante - Deselegante
Harmonioso - Desarmonioso
Sublime - Trágico
Bom - Mau
- Valores Éticos Bondoso - Maldoso
Justo - injusto
Amizade - Inimizade
Altruísmo - Egoísmo
Valores
Justiça - Injustiça
- Valores Políticos Igualdade - Desigualdade
Imparcialidade - Parcialidade
Liberdade - Escravidão
São - Doente
- Valores Vitais Forte - Débil
Amor - Ódio
Felicidade - Infelicidade
Valores materiais
Capacidade - Incapacidade
Caro - Barato
Abundante - Escasso
- Valores Úteis Necessário - Supérfluo
Existem três posições que se diferem na natureza dos valores. Uns defendem a vertente subjectiva, para outros
os valores são objectivos e outros ainda defendem a vertente da objectividade e subjectividade.
Para os defensores da vertente subjectiva, como os sofistas, os valores são sempre subjectivos porque variam
de pessoa para pessoa e de época para outra.
Muitos autores actuais defendem o critério objectivo e subjectivo porque há valores que não passam pelo
tempo e perpassam em todas culturas e são sempre obedecidos. Ex: liberdade, igualdade, paz, etc. Mas há
também valores que são mais relativos e menos obrigatórios. Ex: o belo.
Os aspectos da ética individual resume-se nas formas fundamentais de co-existencia com outros, são aspectos
que fazem a pessoa (eu) com relaçao com os outros (outro), pois o eu não é uma consciencia fechada.
Vejamos alguns aspectos da ética individual:
O amor
O amor implica em primeiro lugar, a afirmação do outro como sujeito ou como pessoa; afirmar para
promoverb duma forma incondicionada e desinteressado. É uma fidelidade criadora que procura realizar e
promover o outro. (ama-se o que o outro é não o que ele tem e nem deve-se procurar vantagens pessoais).
A indiferença
1ª O Outro, é em primeiro lugar, a função que desempenha,sendo a pessoa substituída pelo funcionário.
2ª O Outro é tratado como “ele” e não um “tu”. Este ele implica uma certa objectivição de pessoa e a redução
da subjectividade. Há substituiçao da pessoa pela sua qualidade ou pela maquina.
O ódio
É a outra forma de relacionanto, enquanto o amor como vismos, é afirmação e promoção do outro, o ódio é a
negação e rejeição do outro na sua subjectivuidade e na sua apropriaçao. O ódio exige que o outro exista para
poder o odiar.
Os sentimentos
São reacções agradáveis ou desagradáveis de relativa duração geralmente com repercursões fisiológicas
discreta e suáveis.
A importância dos sentimentos para a saúde mental do homem pode ser entedida com base no seguinte: uma
vida com sentimento maus é forçosamnte, uma vida infez.
Para o controlo e orientação dos nossos sentimento, devemos ter em conta os seguintes principios:
A liberdade
A relação entre a liberdade e a moral é intriseca, oque faz com a liberdade seja o fundamento do agir moral.A
liberdade é segundo Kant, a razão do ser da lei moral e, simultaneamente, a afirmação do sujeito que age
como pessoa.
Etimologicamente a palavra liberdade significa isenção de qualquer coação ou negação para uma coisa.
Em suma pode-se entender como faculdade de fazer ou deixar de fazer uma coisa/Existe vários tipos de
liberdade:liberdade física,civil,política,religião, de impressão,de reunião de expressão de pensamento.
O conceito de liberdade foi objecto da filosofisdesdeosprimodiaos ate ossos dias.segundoSarteéuma liberdade
aboluto e total,portanto o homem esta condenado a ser livre quando se verica o domínio da própria
racionalidade em relação a própria animaldade/
Responsabilidade
Etimologicamente a palavra responsabilidade vem do latim que significa comprometr-se perante alguém em
retorno.É a virtude através da qual o agente moral deve responder pelos seus actos.
Merito
Omérito é aquisição de valores em sequência do bem que pratica.O seu oposto é o demérito,que é a
perda de valores/
Virtude
Avirtude é um valor moral adquirido por esforço voluntario ,isto é uma força de fazer o bem e que se
adquire através do exercício bons.
Tipos de virtude
1.Aspectos da bioética
O termo bioético é um neologismo que resulta de duas palavras gregas BIO que quer dizer vida e ETHOS
relativo a ética.
Este termo foi introduzido pela primeira vez pelo biólogo e médico ecologista Van Rensslaer Potter, em
1971 na sua obra bioética ponte para o futuro, como ética da vida, ou seja, o estudo sistemático da conduta
humana na área das ciências da vida e cuidados de saúde
A bioética surge como um ramo da filosofia cujo enfoque são as questões referentes a vida do homem,
podendo ser definida em termos genéricos como a ética da vida, reflectindo sobre questões surgidas com o
progresso da técnica e da ciência.
Entre os temas mais debatidos destacam-se a eutanásia, distanásia, a clonagem humana e o Aborto.
Elaborado por dr Nicolau Jorge Closse Abensonhado
Eutanásia, vem do grego eu, que significa bem e thanasia que quer dizer morte, no entanto eutanásia
significa boa morte. É uma morte que visa aliviar o doente que se encontra no estado terminal, trata-se de
uma morte piedosa e por compaixão.
A eutanásia é um acto médico que visa acabar com a dor e a indignidade na doença crónica e no morrer
eliminando o portador da dor.
A distanásia é outro procedimento médico contrário a eutanásia, e consiste no uso da tecnologia médica para
prolongar a vida do paciente que se encontra em fase terminal.
Enquanto a eutanásia se preocupa prioritariamente com a qualidade de vida humana na sua fase terminal
(aliviar a dor e o sofrimento do paciente) a distanásia dedica-se em a prolongar ao máximo a duração da vida
humana, combatendo a morte como o grande e último inimigo.
1.3.O aborto
O aborto é a interrupção de gravidez quando o feto ainda não pode subsistir fora do ventre materno.
O aborto é espontâneo quanto ocorre devido a causas naturais, sem vontade das pessoas ou qualquer ou de
qualquer intervenção humana, por isso é livre de qualquer avaliação moral.
O aborto é provocado quando acontece devido as causas económicas (por exemplo a falta de recursos para
sustentar e criar um filho) ou sócio-psiquica se procura intencionalmente a morte do feto, por isso este
constitui objecto de avaliação moral. Ainda dentro do aborto provocado temos aquele que não constitui
objecto de avaliação moral por resultar como forma de salvar a vida da mãe, seriamente ameaçada, este tipo
de aborto chama-se terapêutico.
Nesta unidade trataremos o conhecimento como um problema exclusivamente filosófico, vamos nos basear
nas abordagens já feitas por alguns autores, deste modo o nosso ponto de partida é a questão: o que se entende
por conhecimento?
Noções básicas
Elaborado por dr Nicolau Jorge Closse Abensonhado
O conhecimento é a apreensão pela mente de alguma realidade, essa realidade pode ser um objecto ou uma
ideia por exemplo: conhecer um novo professor ou conhecer um teorema de Pitágoras. No primeiro caso trata-
se de um objecto físico (um professor), No segundo de objecto abstrato ou ideias. Apesar de diferença do tipo
de objecto a ser conhecido, trata-se do mesmo fenómeno, o de conhecimento.
A palavra conhecer é aplicado em dois sentidos distintos: em sentido lato (geral) e em sentido restrito.
No sentido lato, significa recolher e organizar informações sobre o meio envolvente, onde cada espécie de
acordo com a sua herança biológica tem neste sentido o seu tipo de conhecimento. Nos animais prevalece a
informação biológica (inata) Nos seres humanos predomina a informação adquirida em sociedade
No sentido restrito aplica-se apenas aos seres humanos, pode ser entendido como a construção de
representações mentais que o sujeito organiza ao longo da vida e na sua relação com a realidade, quer interior
(pensar, sentir), quer com o mundo exterior (o mundo dos objectos físicos).
O conceito e a realidade
O conceito é o termo que designa o que se constrói na nossa mente, quando dizemos que conhecemos ou
sabemos algo. O conceito é a imagem que o nosso entendimento retém de um objecto conhecido.
Por outro lado a realidade é o elemento apreendido, cuja imagem na nossa mente se chama conceito, por isso
o conceito representa a realidade na nossa mente de forma abstracta.
A realidade é o que há, ou seja, tudo aquilo que pode ser conhecido e representado por nas, quer se trate de
uma realidade física, mental ou virtual.
No acto do conhecimento estão envolvidos dois elementos fundamentais, cujo sem a presença deles não há
conhecimento, estes elementos são:
O sujeito: que conhece e o objecto que é conhecido, o conhecimento é o resultado ou o fruto da correlação
destes dois elementos. Ou por outra, há conhecimento quando há concordância entre os elementos cognitivos
do sujeito e as propriedades do objecto.
A mente é a faculdade humana que permite o conhecimento, é através da mente que o ser humano
percepciona a realidade interior e exterior e a explica racionalmente.
As pesquisas realizadas dão-nos conta da existência de três perspectivas de análises que nos levam a uma
aprendizagem sendo duas científicas (análise filogenética e ontogenética) e uma filosófica (analise
fenomenológica).
Análise Filogenética - trata da história duma evolução, ou seja nessa perspectiva trata-se das evoluções das
espécies, os estudos antropológicos e paleontológicos dão-nos conta de uma progressiva transformação do
sistema nervoso, desde os primeiros animais invertebrados ate o homem. A natureza selecciona e aprova a
adaptação bio genética.
Análise ontogenética - trata da formação das estruturas cognitivas, é nesta perspectiva que existe uma
relação entre o indivíduo e o meio, no nascimento e no desenvolvimento cognitivo. Esta relação é
determinada de adaptação do indivíduo ao meio. Segundo Piaget, existe neste processo de adaptação duas
actividades inter-relacionadas: o da assimilação e acomodação que resulta no equilíbrio.
Análise fenomenológica trata do conhecimento como um fenómeno, fenómeno é aquilo que acontece.
Nesta perspectiva o conhecimento é o resultado da apreensão dum objecto pelo sujeito.
Sujeito é o que conhece. O objecto é algo que esta diante do sujeito, isto é, o que é conhecido. O sujeito só é
sujeito em relação a um objecto e o objecto só é objecto em relação a um sujeito.
As questões fundamentais que aqui se colocam são: Pode o sujeito apreender o objecto? Pode atingir a
verdade, a essenciais das coisas e para responder as questões, existem pelos menos, duas atitudes ou posições
opostas quanto ao problema da possibilidade do conhecimento: o dogmatismo e o cepticismo.
1.1. Dogmatismo
É uma doutrina ou corrente filosófica que admite a possibilidade da mente humana conhecer com plena
certeza as coisas as coisas, é uma resposta positiva a questão da possibilidade ou não de o homem conhecer as
coisas; é a atitude de todo aquele que crê que o homem tem meios para atingir a verdade absoluta. Ou seja
existem critérios que nos permite distinguir o verdadeiro do falso, o certo do duvidoso.
A palavra dogmatismo, provem de outra Dogma. Dogma é uma verdade indiscutível, neste caso dogmatismo
é a Doutrina que afirma a existência de verdades certas e que se podem provar indiscutíveis.
Dogmatismo espontâneo supõe que o homem conhece os objectos tal qual são e que entre o conhecimento e
a realidade, há um perfeito acordo.
Dogmatismo crítico admite sim a possibilidade de o homem possuir conhecimentos certos acerca das coisas,
mas este conhecimento nem sempre é total e perfeito.
1.2. Cepticismo
É uma doutrina ou corrente filosófica que considera a mente humana incapaz de conhecer com plena certeza
ou seja o cepticismo é uma concepção filosófica que põe em dúvida a possibilidade do conhecimento da
realidade objectiva. A palavra cepticismo deriva de skêpsis que significa indagação.
2. A origem do conhecimento
Na tentativa de responder à pergunta sobre a origem do conhecimento, surgiram três teorias fundamentais o
empirismo, o racionalismo e o apriorismo ou intelectualismo
2.1.O empirismo
Os mais significativos defensores desta corrente são John Locke, George Berkeley e David Hume. De
acordo com o empirismo todo conhecimento, é a posterior, ou seja provem da experiência, das impressões
recebidas pelos sentidos, reduz-se à experiência não podendo elevar-se acima dos dados experimentais.
Para John Locke o homem nasce como uma tábua rasa ou papel em branco, onde nada esta escrito e que
será preenchida ao longo da vida através de um processo de confrontação com a realidade.
2.2. O racionalismo
O racionalismo é oposto ao empirismo, para estes o conhecimento é a prior, neste sentido defende que a única
fonte do conhecimento é a razão, Os representantes mais expressivos desta corrente são: René Descartes,
Baruch Spinoza e Leibnz.
Esta corrente também admite, varias matrizes, como o caso do platonismo onde Platão considera que as
ideias são imitações ou sombras das essências do mundo das ideias, o homem quando nasce, já trás consigo as
ideias, as quais só podem ser despertadas através dos sentidos, é a chamada teoria da reminiscência.
Platonismo agostiniano, representado por santo agostinho onde para ele a ideia surge através de uma
iluminação divina, que seria juntamente com a inteligência, causa da geração das ideias.
Inatismo representado por Leibniz e Descartes, Descartes é o expoente máximo do racionalismo, para ele
existe vários tipos de ideias: ideias adventícias, ideias factícias e ideias inatas, ao passo que, Leibniz fala do
inatismo virtual.
O intelectualismo afirma que o conhecimento procede da experiência mas não se reduz apenas à experiência,
esta corrente é defendida por Kant. Com o intelectualismo Kant faz a mediação do antagonismo existente
entre o empirismo e o racionalismo, deste modo Kant diz que o verdadeiro conhecimento é gerado pelos
juízos sintéticos a prior, que se constroem com base em informação proveniente da experiência e da razão.
Para Kant o empirismo e o racionalismo estão errados porque eles acentuam fortemente um dos pólos de
conhecimento negligenciando o outro.
2.4. O construtivismo
Defende que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas acções mútuas entre o indivíduo e o
meio, seus representantes são: Jean Piaget e Lev Vysotsky, eles acreditam que o homem não nasce inteligente,
mas também não é um simples receptor das influências do meio.
De acordo com Piaget existem dois procedimentos usados no acto da aquisição do conhecimento (assimilação
e acomodação que leva ao homem a um equilíbrio).
No processo de assimilação, o novo objecto é analisado com base no esquema existente no entendimento do
indivíduo que passa a ter mais uma impressão.
No processo da acomodação, a nova experiência que não se enquadra nos esquemas de pensamentos
anteriores postulam um novo esquema que acomoda o novo conhecimento.
A revolução copernicana na teoria do conhecimento é a descoberta Kantiana que nota que o ser humano
conhece da realidade apenas o que é possível conhecer pelas capacidades de conhecimento, ou seja com a
revolução copernicana Kant muda o esquema do conhecimento onde não é o sujeito que se adapta aos
objectos, no acto do conhecimento mas o contrario, ou seja são os objectos que se adaptam a natureza do
intelecto humano, assim é fácil explicar a existência de seres icognisciveis pelo homem - eles não se adaptam
à natureza do intelecto humano.
Deste modo Kant chama de fenómeno ao que a experiência consegue apreender e ao mundo inatingível pela
experiência chamou de númeno (as coisas em si) como ilustra o quadro.
Fenómeno Númeno
Objecto para o sujeito cognoscente Objecto independentemente do sujeito cognascente
Objecto ou coisa em conhecida (contigente) Coisa em si (essência)
Realidade conhecida pelo sujeito Realidade em si mesma ( conhecida ou não pelo sujeito)
A natureza do conhecimento
Com este tema pretende-se reflectir sobre. O que é que conhecemos? Os próprios objectos, ou as
representações, em nós, dos mesmos? E existem duas correntes antagónicas que respondem a esta questão,
estamos a falar de realismo e do idealismo.
Por realismo entendemos o ponto de vista epistemológico segundo o qual existem coisas reais, independentes
da consciência. Ou seja, o realismo defende que, o que o homem conhece são as coisas, quer na forma dos
universais, quer na forma imanente.
Na forma dos universais, defendido por Platão universais ant rem, refere-se as coisas em si, transcendentes
em relação aos particulares, isto é, a universalidade perante as coisas e na forma imanente encontrada nas
coisas individuais, defendida por Aristóteles universidade in re, como a universalidade nas coisas.
O universal é uma entidade geral, um conceito, uma ideia que é comum a todos os seres particulares, para os
realistas sem o universal não existiriam as coisas particulares.
Idealismo equivale à concepção de que não há coisas reais, independentes da consciência. Temos como
representante George Berkeley e Hegel.
George Berkeley que afirma que a única existência dos objectos é a ideia que se tem deles existir é ser
percebido, as coisas existem como objectos da consciência. A existência do mundo como realidade coerente e
regular estaria garantida por Deus, mente suprema onde tudo se produz e ordena por outro lado, Hegel afirma
que todo o real é ideal e todo ideal é real.
Valor do conhecimento
Sobre o valor do conhecimento duas correntes travam o debate, temos por um lado o absolutismo e por outro
o relativismo.
Para o absolutismo defendem não só a objectividade do conhecimento, como também atribui um valor
absoluto ao conhecimento. Do outro lado temos o relativismo que atribui um valor relativo ao conhecimento.
Podemos encontrar várias subdivisões do relativismo, a começar com…
Relativismo sensorial dos sofistas, temos Protágoras com a sua máxima, o homem é a medida de todas as
coisas (homo mensura), o que quer dizer que todo o conhecimento é relativo, isto é, depende do sujeito
cognoscente, Exemplo, a mesma água pode parecer fria para um indivíduo e quente a outro.
Relativismo positivista representado por Augusto Comte, pai do positivismo para este, nenhum
conhecimento que ultrapassa a experiência é possível e, por conseguinte, tão pouco poderá ser válido ou certo,
trata-se de um realismo objectivo.
Relativismo pragmático, defendido por William James (1843-1910) diz que a validade de uma ideia só pode
ser verificada pelo seu resultado prático, isto é, pela sua utilidade.
Níveis do conhecimento
Existem vários níveis do conhecimento entre eles destacam-se: senso comum, cientifico filosófico. E ainda
existem outros tipos de conhecimento, como: religioso ou teológico, mitológico e intuitivo.
O conhecimento vulgar ou senso comum distingue-se pela forma, modo, método e os instrumentos do
conhecer, é aquele que resulta da experiencia quotidiana do ser humano, é um tipo de conhecimento que se
adquire fora dos mecanismos sistematizados, por exemplo o conhecimento que os camponeses tem sobre a
época da sementeira sem terem aprendido na escola. (observação, transmissão de geração em geração ”. São
visões restritas e pessoais ou grupais. tem objetividade limitada e racionalidade restrita. É modo comum,
corrente e espontâneo de conhecer. É o saber que preenche nossa vida e que se possui sem o haver procurado,
sem um método ou reflexão.
conhecimento científico
Para percebermos o conhecimento científico, temos que definir a ciência, neste caso A ciência é o conjunto de
conhecimento socialmente adquiridos ou produzidos, dotados de universalidades e objectividade, que permite
a sua transmissão, e estruturados com métodos, ou ainda, o conhecimento científico aparece como um tipo de
saber que pretende ser verdadeiro, universal e susceptivel de sofrer experimentacoes. Ciencia so aceita como
verdadeiro o que pertence a duas ordens seguintes:O enunciado logicamente demonstrado;e o que está
constatado pela experiencia com todas as garantias de verificabilidades conhecimento. Deste modo o espirito
cientifico é positivo, critico e analitico.
da relação de dependencia excessiva das máquinas, em fim, O homem auto-destrói-se à medida que procura
emancipar-se.
Conhecimento filosófico
É aquela cuja fonte primordial é de natureza divina ou sobrenatural. Tem como características o facto de ser
valorativo, inspiracional, sistemático, não verificável, infalível e exacto.
Conhecimento mitológico
Conhecimento intuitivo
Quadro - resumo
Augusto Comte (1798-1857) é um filósofo francês, fundador da sociologia, Comte fundou a chamada lei dos
três estados, comparando ao psiquismo humano com o crescimento do homem.
Comte diz que o psiquismo humano atravessa três estados que são teológico, metafísico e positivo e faz
corresponde-los as fases da infância, juventude e maturidade.
O estado positivo é o mais alto da história da humanidade, neste estado não se admite as a justificação, nem
teológica (própria do primeiro estado) nem metafísica da realidade (segundo estado) mas sim no estado
positivo usamos a explicação científica da realidade. Pois o cientifico esta, ligado ao empírico, ao prático, ao
mensurável.
Desta forma pelo nível de simplicidade e complexidade das ciências Comte classificou as ciências em sete
categorias, das mais simples as mais complexas, nomeadamente: a Matemática, a Astronomia, a Física, a
Química, a Biologia, a Sociologia, a Moral.
Portanto esta ultima pelo nível mais alto de complexidade teórica, levaria mais tempo a passar à categoria
positiva, pelo facto de não ser fácil a identificação dos elementos a serem considerados num acto moral.
A questão da verdade
A verdade é a correspondência entre o conceito e a realidade, seja ela empírica ou meta - empírica portanto
dizer que algo é verdadeiro implica a correspondência daquilo com a realidade.
Neste caso, perante a verdade o espírito apresenta quatro estados principais: Ignorância, dúvida, opinião e
certeza.
A dúvida é um estado de equilíbrio entre a afirmação e a negação. No estado de dúvida o espírito não adere,
ou porque os motivos para afirmar e negar se equilibram (dúvida positiva) ou não se equilibram, mais não são
suficientes para excluir o medo do erro (ainda duvida positiva) ou não tem razão alguma nem para afirmar
nem para negar (duvida negativa, que equivale a ignorância).
Critérios de verdade
Dá-se o nome de critério ao sinal pelo qual distinguimos uma coisa de outra; é uma norma pela qual
distinguimos o conhecimento verdadeiro do falso; o sinal que nos permite reconhecer a verdade da falsidade,
deste modo o critério fundamental na teoria do conhecimento é a evidência.
A evidência é a clareza com que a verdade se impõe ao nosso espírito, é uma espécie de luz que ilumina a
realidade e nos permite ver que aquilo que temos no espírito está em conforme a essa mesma realidade e dai
concluímos que ela é verdadeira.
Exemplo de evidência:
o fideísmo………………………………………………….……………….…………………..………
o senso comum………………………………………………………………………………………….
o pragmatismo…………………………………………………………………………………………..
Se a verdade consiste em dizer o que é, o erro é a não conformidade do espírito com a realidade ou com a
coisa, O erro é a adesão firme aquilo que objectivamente é falso, mas que, do ponto de vista subjectivo, nos
parece verdadeiro,
Mas temos que distinguir o erro da ignorância, dissemos que o erro é a negação da verdade pois quem erra
não sabe e afirma julgando saber. Ao passo que a ignorância é uma limitação da verdade, pois o ignorante não
sabe.
Epistemologia contemporânea
Embora habitualmente se fale de ciência ou conhecimento científico em geral, a prática nos mostra que a
ciência se desenvolve e se manifesta em diversos domínios autónomos, de tal modo que cada um destes
domínios constitui uma ciência. Por exemplo: temos a física, a biologia, historia, matemática, etc., como
ciências autónomas, e, ao mesmo tempo, interdependentes, o que nos faz concluir que não existe uma só
ciência, mas diversas ciências que apresentam aspectos comuns, os quais nos permitem classifica-las e
agrupa-las. Deste modo com a epistemologia contemporânea pretendemos perceber como desenvolve a
ciência. Na busca de solução ao problema colocado temos duas perspectivas sobre a evolução da ciência,
trata-se da continuidade ou ruptura.
O descontinuísmo ou ruptura, nesta parte vemos filósofos da ciência, como Bachelard, A. Koyré, K. Popper
e T. Khun, defendem que a ciência conhece momentos de descontinuidade, ou seja, rupturas que separam, de
forma clara, uma fase da outra. Trata-se de momentos surpreendentes que afectam a legitimidades dos
princípios gerais.
Vamos agora analisar as reflexões epistemológicas feitas por Karl Popper e Thomas Khun:
Popper é um filósofo austríaco das ciências exactas e humanas, nega o progresso da ciência considerado como
acumulação de conhecimentos, aqui percebe-se que Popper é descontinuista.
Para Popper a ciência analisa e critica as teorias anteriores, corrigindo-as ou até substituindo-as. Portanto a
ciência não progride por acumulação de teorias, mas através de críticas as teorias anteriores para dar lugar a
novas teorias capazes e que entram em consonância com a nova realidade científica.
O progresso da ciência é feito através de revoluções intelectuais e científicas, para Popper o ponto de partida
da ciência é o senso comum, onde os pontos de vista são submetidos a procedimentos críticos e, por isso
esclarecidos.
Khun faz uma análise fenomenológica das rupturas epistemológicas, já defendidas por seus antecessores.
Entretanto em Khun temos de perceber expressões como: Paradigma, ciência normal, anomalia, ciência
extraordinária e revoluções científicas.
Paradigma, é uma teoria científica dominante na qual todas outras se integram, ou ainda paradigma é a teoria
dominante no processo de produção de provas científicas, Paradigma é um modelo ou padrão aceitos pela
comunidade científica.
Ciência normal é o momento em que a comunidade científica desenvolve com sucesso as suas pesquisas
mediante o paradigma em vigor, a actividade fundamental neste período é explicar os fenómenos ainda não
esclarecidos, enquadrando-os na teoria dominante. Nesta etapa o desenvolvimento da ciência é contínuo. O
cientista desenvolve as suas pesquisas dentro dos limites estabelecidos pelo paradigma.
Anomalia
Ora, quando aparecem problemas científicos que escapam aos limites do paradigma, quando não se enquadra
na ciência normal, considera-se anomalia. Por outras palavras anomalia é um problema cujo paradigma
dominante não o capta, para que se mantenha o consenso no interior da comunidade científica, a respeito do
paradigma vigente.
Ciência extraordinária
Quando as anomalias se acumulam entra-se num período de crise, pois os fundamentos dom paradigma são
postos em causa. Ou seja a acumulação de anomalias abala o paradigma e o comportamento dos cientistas é o
de procurar outras teorias e fundamentos que substituam o paradigma que se mostra ultrapassado. Este
período de procura de novo paradigma é o que Khun chama de ciência extraordinária.
Revoluções científicas
A revolução científica acontece quando se descobre um novo paradigma, significa literalmente superação da
crise.
A revolução científica implica uma mudança de mentalidade da comunidade científica, no sentido de deixar
de crer no antigo paradigma que se mostrou caduco e aceitar, em substituição, o novo paradigma, chegando-se
de novo ao estado de equilíbrio a que se chama ciência normal
De acordo com Khun a mudança de paradigma não só depende, das anomalias mas, também da influência
económica e politica do proponente. São critérios não necessariamente lógicos ou científicos, o que Focault,
na sua obra Microfísica do Poder, diz que o poder determina muitas vezes o que é verdadeiro e o que é falso,
quer isso corresponda a verdade quer não.
Manuais usados
CHAMBISSE, Ernesto, et all. A Emergência do filosofar, 11ª e 12ª classe, Moçambique editora lda, 2003.
GEQUE, Eduardo: BIRIATE, Manuel. Pré - universitário filosofia11, Longoman Moçambique, 2010.