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Auditoria Contábil e Operacional

Tema 1: Aspectos Introdutórios da Auditoria Operacional

Compreender a conexão existente entre a Estratégia e a Auditoria, com


destaque para a auditoria operacional, que é um dos instrumentos de controle
de gestão e melhoria de desempenho, e sua contribuição para uma melhor visão
sistêmica da organização, além da relevância das atividades de auditoria para a
entrega de valor aos clientes de uma organização.

OBJETIVOS

 Descrever a relação entre estratégia e seu desdobramento em planos


organizacionais com as atividades de auditoria para controle de gestão
 Descrever as características da auditoria contábil e da auditoria
operacional
 Identificar as principais características da auditoria operacional
 Comparar as auditorias interna e externa nas organizações.

Conheceremos vários pontos que permeiam a auditoria operacional. Faremos, inicialmente, uma
apresentação das bases conceituais da Estratégia e as diversas formas de planejamento
(estratégico, tático e operacional), relacionando-as com o controle de gestão, dentro do ciclo
PDCA.

Veremos a diferença entre o valor agregado e o valor percebido pelo cliente. Nesse contexto
geral, conheceremos o conceito de governança, que direciona as ações de gestão e é controlada
por princípios norteadores do desempenho (eficiência, eficácia, efetividade e economicidade).

Para maior efetividade do controle de gestão, a auditoria se posiciona como um dos seus
instrumentos mais relevantes, com diversas modalidades, que serão apresentadas de forma
resumida. Dentre elas, a auditoria contábil e a auditoria operacional destacam-se como as mais
utilizadas nas organizações. Você conhecerá essas modalidades com suas respectivas diferenças.

De forma complementar, serão apresentadas as características específicas das auditorias


operacional e de conformidade, com apresentação de pontos de confluência, os princípios que
regem as auditorias, e as formas de realização de auditorias: por meios das auditorias interna,
externa ou independente, com suas respectivas particularidades.

MÓDULO 1
 Descrever a relação entre Estratégia e seu desdobramento em planos organizacionais com
as atividades de auditoria para controle de gestão

A ESTRATÉGIA DE UMA ORGANIZAÇÃO

Esta terminologia é proveniente da língua grega, a partir da junção dos termos stratos e agos,


que significam multidão e chefia, respectivamente.

OBS: “Originalmente, estratégia era um conceito relacionado à liderança de um grupo de


pessoas envolvidas em uma batalha, que seguiam as determinações de seu comandante. A partir
dessa origem histórica, seu significado ampliou-se, contemplando, atualmente, em suas diversas
abordagens, métodos ou ações planejadas e executadas para alcançar resultados.”

Esse conceito é usado nas organizações públicas e privadas para maior eficiência na aplicação
de recursos e para atender aos objetivos organizacionais.

DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIA

Define diretrizes para formulação de iniciativas e processos organizacionais que contribuem


para que a empresa atenda à sua missão, que é a finalidade de sua existência, com foco no
alcance do cenário definido na visão de futuro, ou seja, aonde a organização quer chegar em
um cenário de médio e longo prazo.

Um exemplo prático, conforme observamos a figura a seguir:

A Estratégia dessa organização, para atender sua missão e visão, poderia comportar as seguintes
diretrizes:

 Aprimoramento da cadeia de suprimentos;

 Contratações e aquisições diretas com o fornecedor de matéria-prima;

 Promoção de práticas sustentáveis;

OPERACIONALIZAÇÃO DA ESTRATÉGIA
É efetivada por meio de gerenciamento de projetos e processos de trabalho que entregam
produtos e serviços aos seus clientes, conforme observamos na figura a seguir.

Vamos entender alguns conceitos:

PROJETOS - Um conjunto de atividades interligadas entre si, com início e término


definido, como, por exemplo, a campanha publicitária de divulgação de um novo perfume
ou a implementação de um sistema de informação dentro da organização.

PROCESSOS DE TRABALHO - Tratam de atividades desenvolvidas para entrega de


produtos e serviços repetitivos. A venda de calçados em uma loja de departamentos é um
exemplo de processo. Outro exemplo é o cadastramento de clientes de uma empresa
financeira.

PLANEJAMENTO E CONTROLE ORGANIZACIONAL

É um conjunto de atividades desenvolvidas por todos os membros de uma organização para que
sejam alcançados seus objetivos, com maior eficiência na aplicação de recursos.

A eficácia de resultados depende de um monitoramento contínuo e de ações corretivas para que


se modifique o curso da ação em caso de falha de planejamento ou de execução.

O planejamento organizacional é composto e classificado de três formas, conforme observamos


a seguir:
Agora, vamos entender melhor o papel de cada um dentro de uma organização:

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

O planejamento estratégico de uma organização estabelece objetivos organizacionais de longo


prazo para atender sua missão e visão de futuro, a partir da análise de suas forças e fraquezas,
diante das ameaças e das oportunidades que o cenário externo pode apresentar. Este
planejamento tem como principal entrega o plano estratégico.

PLANEJAMENTO TÁTICO

O planejamento tático, por sua vez, define normas, procedimentos e regras de negócios, que
conjugadas com a alocação de recursos técnicos, materiais e financeiros, dentre outros, oferece
condições para que seja operacionalizado o que foi definido no plano estratégico. Sua principal
entrega é o plano tático.

PLANEJAMENTO OPERACIONAL

Por fim, o planejamento operacional trata da execução de processos organizacionais, com base


no que foi estipulado no plano tático, contribuindo, dessa forma, para o alinhamento de ações às
diretrizes estratégicas. Tem como entrega o plano operacional.

O planejamento organizacional é composto de atividades do plano estratégico, do plano tático e


plano operacional, que, por sua vez, compõem o ciclo estratégico de uma organização.

Para que as atividades de planejamento e execução sejam bem-sucedidas, com entrega de


produtos e serviços de acordo com os requisitos definidos, dentro do prazo, a organização deve
desenvolver atividades de controle e monitoramento para que possíveis falhas de planejamento
ou execução sejam corrigidas.

Nesse contexto, o controle de gestão contempla a execução de atividades de controle e


monitoramento nas três formas de planejamento apresentadas. Portanto, uma organização pode
efetuar mudanças de rumo no nível estratégico, tático ou operacional, caso seja necessário.

O conjunto de etapas compostas por atividades de planejamento, execução, monitoramento e


ação corretiva ficou conhecido como ciclo PDCA. Esse instrumento foi aplicado, inicialmente,
na melhoria da qualidade de produtos, mas pode ser aplicado em todas as formas de
planejamento organizacional.

O ciclo estratégico, composto pelas fases de formulação do plano estratégico, desdobramento


em gerenciamento de projetos e processos organizacionais, controle de gestão e ações de
melhorias encontra-se representado na figura.

Vamos entender essas fases:

 DEFINIÇÃO DA ESTRATÉGIA - É a etapa em que é desenvolvido o plano estratégico


da organização.

 DESDOBRAMENTO DA ESTRATÉGIA - Consiste no planejamento e execução de


projetos e processos organizacionais que estejam alinhados à estratégia.
 CONTROLE DE GESTÃO - Nesta etapa, são monitorados o planejamento e execução
dos projetos e processos, para fins de correção de ações durante a execução. De modo
complementar, a auditoria, de forma sistemática e permanente, avalia os resultados dos
projetos e processos para apresentar recomendações.

 MELHORIAS - Com base nas recomendações da auditoria e dos resultados alcançados,


os gestores desenvolvem iniciativas de melhorias.

VALOR AGREGADO E DESEMPENHO COM FOCO NO CLIENTE

Tem como objetivo a entrega de produtos e serviços que atendam às necessidades e expectativas
dos clientes. Com base nesse planejamento, a organização apresenta resultados com valor
agregado, que podem ter valor percebido diferente.

VALOR AGREGADO - Remete aos gastos decorrentes de custos e despesas na linha de


produção, benefícios oferecidos, acrescidos da margem de lucro do fornecedor de produtos
e serviços. Dessa forma, a organização planeja estabelecer um patamar de valor agregado
a partir do conjunto de gastos que o cliente terá para dispor daquele produto ou serviço
que, todavia, pode não corresponder às expectativas do cliente.

Em diversas situações, ponderamos que um produto é muito caro, isto é, não vale a pena
pagar aquela quantia. Ou nos deparamos com um produto com preço muito abaixo do que
esperávamos. Nas duas situações, em tese, o valor agregado pela organização não encontra
respaldo no primeiro momento da verdade, em que o cliente vislumbra o produto
almejado.

VALOR PERCEBIDO - O valor percebido, por sua vez, refere-se à percepção de valor do
cliente. Nesta condição, o cliente tem a percepção de que o gasto que ele terá na aquisição
daquele produto compensa o que se paga. Assim, temos a aplicação do conceito de valor
percebido, que é feito pelo cliente.

Obviamente, essa percepção de valor varia de pessoa para pessoa e depende também dos
esforços da organização em atender seu segmento de clientes. Na busca pela maior
lucratividade, a organização precisa ter foco no cliente, para identificar suas demandas,
em detrimento do foco no produto, que nem sempre contribui para que o planejamento do
valor agregado resulte em valor percebido pelo cliente.

GOVERNANÇA E GESTÃO
É uma forma de direcionar a gestão na seleção de boas práticas que contribuam para a entrega
de valor, respeitando-se os interesses das partes interessadas.

Na concepção, entidade sem fins lucrativos, “governança corporativa é o sistema pelo qual as
empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os
relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e
controle, e demais partes interessadas”.

De forma similar, a Administração Pública, por meio do Tribunal de Contas da União, que é o
órgão que exerce controle externo dos órgãos e empresas públicas, incorporou o conceito de
governança na administração pública como um conjunto de “mecanismos de liderança,
estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão,
com vistas à condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade”.

A governança deve ser o fio condutor da gestão, por meio de ações de direcionamento,
monitoramento e avaliação que contribuem, mediante normativas, processos e estruturas
organizacionais para a entrega de resultados para os seus clientes.

Elencamos as diferenças existentes entre esses dois conceitos no quadro a seguir:

OBS: “A governança define os rumos que devem ser seguidos na gestão, que, por sua vez,
planeja, executa, monitora e executa ações corretivas para a entrega de resultados e o
atendimento das diretrizes definidas pela governança.”

GESTÃO E CONTROLE
 É realizada com base nos planejamentos estratégico, tático e operacional, que seguem as
diretrizes definidas pela governança. Nesse contexto, devemos recordar que o ciclo PDCA se
aplica às três formas de planejamento, conforme figura abaixo:

Dessa forma, a organização planeja, executa, monitora e efetua ações corretivas. O controle


de gestão contempla as fases de monitoramento e ações corretivas para o alcance dos objetivos
organizacionais. Ele visa assegurar que as atividades da organização sejam realizadas de acordo
com os princípios de:

EFICIÊNCIA

A eficiência pode ser mensurada pela relação existente entre as entregas de produtos e serviços,
atendidos determinados requisitos de qualidade, e os recursos consumidos em sua produção, em
determinado espaço temporal.

EFICÁCIA

A eficácia trata do alcance de um objetivo ou resultado almejado, em conformidade com o que


foi planejado, dentro de determinado período, independentemente dos recursos necessários para
a sua produção.

ECONOMICIDADE

A economicidade refere-se à menor aplicação de recursos financeiros, técnicos ou materiais,


dentre outros, na execução de uma atividade, dentro de padrões estabelecidos de qualidade.

EFETIVIDADE

O conceito de efetividade está relacionado com o impacto da entrega de produtos e serviços em


cenário de médio e longo prazo. Verifica-se se os resultados alcançados perduram ao longo do
tempo. Quanto maior o tempo de vida útil, maior a efetividade do resultado apresentado.

O controle de gestão na organização pode ser realizado de duas formas:


 Monitoramento e ações corretivas durante a execução de uma atividade, de acordo com
o ciclo PDCA (gestão);

 Avaliação do ciclo PDCA de um processo organizacional após sua execução (auditoria).

A FUNÇÃO DA AUDITORIA NA ORGANIZAÇÃO

O ciclo PDCA apresenta uma etapa de monitoramento de atividades que pode ser feito nas três

formas de planejamento organizacional. Todavia, deve-se diferenciar o monitoramento de


atividades, que ocorre durante a execução da atividade, da função específica da auditoria,
executada de forma concomitante ou após a execução dos processos de trabalho sem interferir
diretamente no alcance de resultados. Essa atuação desvinculada da execução da atividade
privilegia a segregação das funções de planejamento e execução da função de monitoramento
específico, proporcionado pela auditoria.

Essa segregação é uma prática salutar de gestão para que determinada função não seja
impregnada pelo viés cognitivo de outra função. Assim, quem executa não participa do controle
e vice-versa.

A auditoria se insere no ciclo PDCA para contribuir, de forma direta ou indireta, com o alcance
de objetivos organizacionais, atendendo aos princípios de eficiência, eficácia, economicidade e
efetividade. Para que sua colaboração traga melhores contribuições, não deve participar de atos
de gestão.

“A auditoria é um processo de trabalho organizacional de avaliação sistemática das atividades


desenvolvidas na organização para verificar se atendem ao que foi planejado. “,

O objetivo de aumentar o grau de confiança dos usuários nas demonstrações contábeis, nos
relatórios financeiros e patrimoniais, atuando também na avaliação de conformidade e
desempenho da organização. Para o desenvolvimento de suas atividades, atua no que é chamado
de objeto da auditoria, que consiste na coletânea de documentos, registros financeiros,
contábeis e patrimoniais que dão legitimidade aos atos da administração, de acordo com Franco

e Marra (2011). Esse objeto é avaliado de acordo com critérios preestabelecidos.  Os auditores


analisam e coletam evidências que são encontradas para embasar a construção de suas
conclusões e elaboração do relatório de auditoria. A identificação de evidências que sejam
relevantes e confiáveis é denominada trabalho de asseguração, que pode ser realizado de duas
formas:

ASSEGURAÇÃO RAZOÁVEL - Em um trabalho de asseguração razoável, o auditor analisa e


aceita riscos de baixa probabilidade ou de baixo impacto para que não haja grande
comprometimento na confiabilidade dos resultados.
ASSEGURAÇÃO LIMITADA - No trabalho de asseguração limitada, o auditor opta por
aceitar um comprometimento maior dos resultados na confiabilidade dos mesmos, ao incorporar
riscos maiores do que seriam aceitos no trabalho de asseguração razoável, porém aceitáveis nas
condições específicas do trabalho de asseguração.

TRABALHO DE ASSEGURAÇÃO

O desenvolvimento dos trabalhos de asseguração depende de requisitos preliminares,


conforme disposto a seguir:

 Adequação de responsabilidades das partes interessadas no trabalho;

 Adequação de critérios e objeto de avaliação;

 Transparência dos critérios adotados;

 Inclusão dos trabalhos de asseguração no relatório de auditoria;

 Estabelecimento de nível aceitável de segurança no trabalho de asseguração


limitada.

A atuação dos profissionais de auditoria em trabalhos de asseguração é pautada pelas


Normas Técnicas de Auditoria (NBC TA), conforme NBC TA Estrutura Conceitual,
definida pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

As normas de asseguração encontram-se representadas na figura seguinte:


MODALIDADES DE AUDITORIA

As auditorias podem ser classificadas de diferentes formas. Contudo, apresentaremos uma


classificação baseada na seguinte abordagem:

 AUDITORIA POR TIPO DE ORGANIZAÇÃO - Auditoria governamental, auditoria


privada.
 AUDITORIA PELA FORMA DE EXECUÇÃO - Auditoria interna, auditoria externa.
 AUDITORIA PELA AMPLITUDE - Auditoria geral, auditoria parcial.
 AUDITORIA POR MODALIDADE - Auditoria contábil, auditoria financeira, auditoria
operacional, auditoria de conformidade, auditoria tributária, auditoria de sistemas.

A atuação das diversas modalidades de auditorias se insere no controle de gestão, juntamente


com o monitoramento do gerenciamento de projetos e gerenciamento de processos, conforme
observamos na figura a seguir.
Vamos entender mais detalhadamente cada uma dessas modalidades de auditorias:

AUDITORIA GERAL - A auditoria geral contempla a análise e geração de relatórios


referentes a todos os elementos que compõem o patrimônio da organização, incluindo-se o
registro de todas as operações e as demonstrações contábeis.

AUDITORIA PARCIAL - É uma modalidade de auditoria em que não são analisadas todas as
demonstrações contábeis, para fins específicos, como, por exemplo, analisar os custos de
produção.

AUDITORIA CONTÁBIL - Esta modalidade de auditoria avalia os registros financeiros-


contábeis, as demonstrações contábeis e os controles internos da organização.

AUDITORIA FINANCEIRA - Tem o objetivo de avaliar as demonstrações financeiras, sob a


ótica da contabilidade, para apresentação de relatório específico.

AUDITORIA OPERACIONAL - Auditoria realizada nos processos organizacionais para


averiguação do grau de aderência aos princípios de eficiência, eficácia, economicidade e
efetividade, comparando o que foi planejado com o que foi executado, com o respectivo
resultado em mãos.

AUDITORIA DE CONFORMIDADE - Avalia o cumprimento de normas (legislação,


regulamentos, códigos, dentre outros) que direcionam os processos organizacionais.
AUDITORIA TRIBUTÁRIA - Analisa os controles existentes no planejamento tributário da
organização em relação à incidência nas operações e nos bens patrimoniais

AUDITORIA EM SISTEMAS - Auditoria realizada em sistemas de informação que efetuam o


processamento de transações (automatização de processos organizacionais). Avalia-se, dessa
forma, os controles internos destes processos, a segurança da informação e a qualidade e
desempenho dos sistemas, quanto às dimensões de desempenho.

MÓDULO 2

Descrever as características da auditoria contábil e da auditoria operacional

AUDITORIA CONTÁBIL

É uma das modalidades de auditoria apresentadas, conforme a figura 7, que tem o objetivo de
analisar os registros contábeis decorrentes de atos e fatos administrativos para reduzir a
probabilidade de ocorrência de fraudes e erros nos sistemas contábeis e financeiros. Sua atuação
colabora para a identificação de falhas nos controles internos.

O foco desta modalidade deve-se à necessidade de efetuar o diagnóstico de uma organização


quanto às questões orçamentárias, financeiras e patrimoniais, apresentado sob a forma de
parecer, que deve ser produzido de forma independente.

O trabalho desenvolvido pelos auditores deve seguir as normas definidas pelo Conselho Federal
de Contabilidade e, no que couber, a legislação específica.

Esta modalidade é conduzida, comumente, por uma equipe de auditoria formada por membros
da organização e denominada, nesta circunstância, de auditoria interna.

Os profissionais (auditores) que realizam esta modalidade de auditoria devem ter formação de
nível superior em Ciências Contábeis e com registro regular no Conselho Regional de
Contabilidade (CRC), existente em cada estado.

 O auditado pode acompanhar todo o processo de auditoria.


 O contador responsável por uma organização poderá auxiliar na disponibilização de
informações requeridas.
 Todavia, deve-se ressaltar que a análise contábil precisa ser efetivada pelo auditor, que
deve ser imparcial no exercício de suas atividades.
 A auditoria contábil é aplicável na administração pública e na iniciativa privada, com
regramentos específicos.
 A realização dessa auditoria permite a redução de falhas e erros nos registros contábeis
e a identificação de situações em que possam existir suspeitas de verbas mal aplicadas,
sugerindo desvios de finalidade.

De posse do resultado, o auditado pode tomar providências para sanar problemas, quando for o
caso, ou certificar-se de sua real situação financeira, com respectivo desdobramento em
registros contábeis legítimos.

As funções contempladas pela Auditoria Contábil foram representadas na figura a seguir:

AVALIAÇÃO DO PATRIMÔNIO

É verificada nos registros e demonstrações contábeis, decorrentes de fatos administrativos, que


correspondem a transações que ocorrem dentro da organização com promoção de variações
qualitativas ou quantitativas no patrimônio.

Nesta avaliação, objetiva-se reduzir a probabilidade de ocorrência de fraudes e erros nos


registros e demonstrações contábeis. A fraude é a alteração intencional dessas informações. O
erro, por sua vez, refere-se a lançamento ou alteração não intencional de informação baseada na
interpretação errônea de fatos administrativos, omissão ou lançamento realizado por falta de
atenção.

Verifica-se, também, a aderência do sistema contábil ao sistema financeiro da organização.

AVALIAÇÃO DOS CONTROLES INTERNOS


 São processos de trabalho que visam a proteger o patrimônio de fraudes e erros. Nesse sentido,
a auditoria contábil promove uma análise e avaliação do desempenho desses controles, cuja
responsabilidade de criação e manutenção é da administração.

Esta avaliação deve levar em consideração os seguintes fatores, que impactam nos controles
internos:

 Riscos nos processos;

 Estrutura organizacional;

 Funções administrativas;

 Segregação de funções;

 Complexidade dos processos organizacionais;

 Sistemas de informação contábil.

O gerenciamento de controles internos, contempla, além das informações contábeis e


financeiras, todas aquelas que impactam no alcance de objetivos estratégicos, operacionais, de
conformidade e de divulgação da organização. Essas questões serão tratadas no próximo
módulo.

APRESENTAÇÃO DE RECOMENDAÇÕES

O auditor trabalha em suas conclusões, para apresentar recomendações, isto é, propostas de


melhorias de processos organizacionais, no relatório de auditoria.

As conclusões, baseadas na análise realizada, são expressas de forma objetiva, indicando que a
avaliação é sem ressalva, com ressalva ou abstendo-se de opinião.

A auditoria contábil traz contribuições para maior alcance de resultados na organização ao


conferir maior confiabilidade e transparência às informações contábeis, financeiras e referentes
aos controles internos.

LIMITAÇÕES

Apesar de a auditoria contábil contribuir para o controle de gestão, de forma inequívoca, não
pode ser avaliada como um instrumento imune a falhas.

Em determinadas situações, a análise das variações patrimoniais pode indicar diferenças entre o
que foi definido e o que foi constatado, porém, não é possível verificar as causas que
ocasionaram essas diferenças.
Constata-se um problema, sob a ótica contábil, todavia, sem que se vislumbre suas causas.
Nesse tipo de situação, a auditoria operacional é que poderá trazer contribuições para a
organização, por avaliar o grau de atendimento aos princípios de desempenho (4Es).

AUDITORIA OPERACIONAL

A auditoria operacional tem o objetivo de efetuar análise das informações relativas às diretrizes
estratégicas, aos projetos e processos organizacionais, sob a ótica da eficiência, eficácia,
efetividade e economicidade (4Es), a partir do confronto de seus resultados com os objetivos
definidos nos planos estratégico, tático e operacional da organização.

Na auditoria operacional, o auditor analisa, também, os indicadores de desempenho e metas que


estiverem definidos nos planos organizacionais. Deve-se ressaltar que os registros e as
demonstrações contábeis não fazem parte do escopo dessa modalidade de auditoria.

OBS: A auditoria operacional é originária da expressão “performance audit”, adotada nos EUA


e traduzida para “auditoria operacional”. Para alguns autores, é sinônimo de auditoria de
desempenho e auditoria de gestão. Ela nasceu da necessidade de prestar informações mais
detalhadas dos resultados apresentados por organizações da administração pública e da
iniciativa privada, considerando-se as limitações existentes na auditoria realizada sob a ótica de
informações financeiras.

As modalidades auditoria contábil e auditoria operacional apresentam diferenças relevantes,


conforme observamos a seguir:
Em sua origem, a auditoria operacional focou fortemente na abordagem de redução de custos, o
que, teoricamente, contribuiria para maior eficiência. Entretanto, tal conduta não analisava
projetos de inovações, que poderiam atender melhor às necessidades e expectativas de seus
clientes. Nessa linha, sua atuação apresentava similaridade com a auditoria contábil, que não
contempla questões diversas daquelas tratadas no âmbito patrimonial.

ATENÇÃO: Deve-se ressaltar que as modalidades auditoria contábil e auditoria operacional não
são concorrentes, mas complementares ao atuarem sobre o mesmo objeto de análise.

A auditoria operacional tem seu espectro limitado pelo grau de maturidade da organização em
relação à adoção de boas práticas de governança e gestão. Ela atua de acordo com planejamento
organizacional definido, que pode abarcar ou não indicadores e metas de desempenho no
gerenciamento de projetos e processos.

MÓDULO 3

Identificar as principais características da auditoria operacional

AUDITORIA OPERACIONAL

Contribuem para o aprimoramento da gestão ao confrontar o planejamento das ações com os


resultados alcançados. Nessa análise, são avaliados as diretrizes estratégicas, os projetos e
processos organizacionais quanto ao alinhamento de gestão aos princípios de desempenho,
eficiência, eficácia, efetividade e economicidade (4Es), conforme representado a seguir:

Podemos concluir, por exemplo, que uma indústria apresenta maior eficiência na produção de
artefatos de alumínio por dispor de um fornecedor de matéria-prima de baixo custo , contudo,
sua produção não é eficaz por não atender às demandas requeridas por seus clientes, em função
de tecnologia ultrapassada adotada na linha de produção. Nessa situação, a organização,
provavelmente, perderá mercado se não atualizar seus equipamentos. Se o foco da auditoria
operacional fosse somente a eficiência, o relatório de auditoria provavelmente apresentaria uma
realidade distorcida.

As atividades da auditoria operacional podem ser conduzidas pela equipe de auditoria interna ou
por uma auditoria externa, entretanto, alcança maior efetividade quando desenvolvida pela
auditoria interna, que atua de forma continuada.

DIFERENÇAS ENTRE A AUDITORIA OPERACIONAL, AUDITORIA CONTÁBIL E


AUDITORIA DE CONFORMIDADE

Apesar de todas as modalidades de auditoria avaliarem o grau de alcance de resultados em


relação ao planejado, constatamos, na auditoria operacional, determinadas peculiaridades que a
diferenciam da auditoria contábil e da auditoria de conformidade.

São elas:

 AUDITORIA OPERACIONAL - Tem como foco avaliar o processo de gestão


estratégica e os respectivos desdobramentos em processos organizacionais, que são
modelados para entrega de valor aos clientes.
 AUDITORIA CONTÁBIL - Averigua demonstrações financeiras e contábeis, quanto
aos aspectos patrimoniais, essencialmente.
 AUDITORIA DE CONFORMIDADE - Direciona seus esforços na verificação de
aderência dos processos organizacionais às leis, normas, regulamentos e regras de
negócios.

Na auditoria operacional, a atuação da organização é monitorada e avaliada, com foco na


entrega de resultados aos clientes (eficácia), que avaliam a percepção de valor dos produtos e
serviços oferecidos (efetividade). De forma complementar, os preços resultantes do valor
agregado na linha de produção devem ser compatíveis com o nicho de mercado que se quer
atuar (economicidade). Nesse contexto, a menor aplicação de recursos por unidade produzida
(eficiência) confere à organização maior fôlego financeiro para enfrentar a concorrência,
contribuindo para a continuidade do negócio.

REQUISITOS DE ANÁLISE DA AUDITORIA OPERACIONAL

 Se posiciona como uma forma de controle de gestão, que é operacionalizada pela análise e
avaliação dos esforços da organização em algumas questões.

SÃO ESSAS QUESTÕES:


 Definição da Estratégia (objetivos estratégicos);

 Impacto e resultados alcançados na entrega de produtos e serviços;

 Acompanhamento e recomendações quanto a atuação dos controles internos e do


gerenciamento de riscos corporativos;

 Monitoramento de processos organizacionais;

 Estruturação de indicadores e metas de desempenho;

 Construção do arcabouço normativo da organização;

 Averiguação do desempenho dos mecanismos e recomendações de governança;

 Análise da estrutura organizacional e respectiva matriz de responsabilidades quanto às


contribuições na entrega de resultados;

 Avaliação dos relatórios e informações institucionais quanto às questões de


desempenho, transparência e prestação de contas.

A auditoria operacional contribui para a avaliação do desempenho da organização em relação ao


que foi planejado, culminando, dessa forma, na formalização de recomendações à gestão da
organização que possam colaborar para maior entrega de valor, por meio de produtos e serviços.
Nessa linha de trabalho, são observados os princípios de desempenho aplicados aos processos
organizacionais.

Apresentamos, neste tópico, um fluxograma simplificado de etapas a serem cumpridas para


realização de uma auditoria operacional, conforme observamos na figura seguinte:

Vamos entender detalhadamente essas etapas:

 APRESENTAÇÃO DE PROPOSTA - Antes do início efetivo dos trabalhos de


auditoria, pode-se enviar uma proposta preliminar do escopo da auditoria operacional
que apresente a equipe de auditoria, as áreas auditadas, o mapa de responsabilidades e
processos organizacionais a serem avaliados para ciência prévia do auditado.
 COLETA DE DADOS - Nesta etapa, são requisitadas informações e documentos
produzidos na organização referentes aos seguintes instrumentos e ferramentas de
gestão, com respectivos resultados, quando aplicáveis: plano estratégico, plano de
gerenciamento de riscos, controles internos, organograma, funções e responsabilidades,
cadeia de valor, relação de processos com indicadores e metas, relação de projetos com
resultados, indicadores e metas, plano de desenvolvimento de pessoas, programação
orçamentária, programa de contratações e aquisições, relação de sistemas de
informação, resultados alcançados por processos, valor agregado e impacto de
resultados dos processos finalísticos, valor agregado e impacto de resultados dos
projetos.
De forma complementar, a coleta de dados pode ser efetuada por meio de entrevistas,
questionários, observação direta ou inspeção física, dentre outras formas. Caso seja
necessário, pode-se aplicar métodos quantitativos para coleta e processamento de dados.
 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS E CRITÉRIOS - Os objetivos específicos de cada
auditoria operacional devem ser definidos de forma clara e concisa para apresentação ao
auditado, considerando-se que esta auditoria não segue padrões normativos específicos
como a auditoria contábil, situação em que o auditado conhece o processo de trabalho.
 ANÁLISE DOS DADOS - A partir dos dados coletados, a equipe de auditoria pode
iniciar sua análise, com base no objeto, critérios, evidências e forma de asseguração
definida.
 ELABORAÇÃO DA MATRIZ DE ACHADOS - Com base nos critérios definidos, são
levantadas informações que atestam o atendimento ou não desses critérios, que são
agrupados para a construção da matriz de achados.
 ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE AUDITORIA - A matriz de achados é avaliada
pela equipe de auditoria para validação ou rejeição. Após esta atividade, é elaborado o
relatório de auditoria com a matriz de achados final, com respectivas recomendações
para a administração.

AUDITORIA DE CONFORMIDADE

 De acordo com o disposto no ISSAI 400 – Princípios Fundamentais de Auditoria de


Conformidade, que tem o objetivo de apresentar diretrizes para a realização de auditorias de
conformidade nas organizações, de forma quantitativa ou qualitativa. Essa norma é adotada na
administração pública, mas sua implementação também pode ser realizada em organizações
privadas.

A auditoria de conformidade é uma análise realizada para verificar se determinado objeto de


auditoria está em conformidade com as normas, isto é, a legislação vigente, regulamentações e
demais normativas aplicáveis. Nessa análise e apresentação de relatório de auditoria, são
verificados se os processos organizacionais estão de acordo com as normas que regem a
auditada.

Essa modalidade de auditoria encontra-se representada na figura a seguir:

CARACTERÍSTICAS

Podem ser utilizadas para certificação, elaboração de relatórios ou ambas as opções. O relatório
pode ser elaborado a partir de uma conclusão simples formulada em uma frase ou trabalhada a
partir de particularidades inerentes à atividade de auditoria.

Ao apresentar resultados relativos à conformidade das normas, promove transparência e


prestação de contas, princípios da governança corporativa.

Essa modalidade de auditoria pode ser realizada de forma combinada com outras modalidades,
como a auditoria de demonstrações contábeis, com base na aderência das demonstrações à
legislação vigente, por exemplo. Outra forma de auditoria combinada seria a realização com a
auditoria operacional, situação em que a conformidade se alinha aos 4Es. Nesse contexto, deve-
se analisar se o foco da auditoria é a conformidade ou o desempenho.

ELEMENTOS

A auditoria de conformidade apresenta elementos diferenciados que compõem o planejamento


de auditoria. Enquadram-se nessa abordagem normas, critérios e o objeto da auditoria.

NORMAS E CRITÉRIOS

As normas são as variáveis mais relevantes nessa modalidade de auditoria por apresentarem
critérios para execução da auditoria (definição do escopo). Compreendem o conjunto composto
pela legislação vigente, regulamentações de atuação, códigos e normas internas da organização
dentre outras. Os critérios, por sua vez, devem ser relevantes, compreensíveis e objetivos para
que possam subsidiar a construção do escopo da auditoria.

OBJETO

O objeto de auditoria está intrinsicamente ligado a uma declaração de conformidade, gerada a


partir dos critérios, que, por sua vez, são originados das normas. O objeto pode ser explicitado
de forma quantitativa ou qualitativa.

PRINCÍPIOS

De forma similar a todas as demais auditorias, a de conformidade segue princípios gerais,


comuns a todas as modalidades, e específicos, referentes à conformidade.

Apresentaremos, a seguir, os princípios específicos mais relevantes:

 ESCOPO DE AUDITORIA DEFINIDO PELOS AUDITORES - O escopo de auditoria


deve ser definido claramente de forma a delimitar os limites dos critérios de
conformidade em relação ao objeto.
 COMPREENSÃO DA ORGANIZAÇÃO - O auditor deve compreender a estrutura
organizacional com seus diferentes níveis hierárquicos e o planejamento organizacional,
para que seja definida a materialidade e a avaliação de riscos de não conformidade.

 COMPREENSÃO DO CONTROLE DE GESTÃO E DOS CONTROLES INTERNOS


- É necessário que os auditores analisem os processos organizacionais em relação ao
controle de gestão e controles internos, para fins de delimitação da asseguração razoável
de conformidade.
 MONITORAMENTO DE NÃO CONFORMIDADE - Nos achados de não
conformidade, o auditor deve avaliar a conveniência ou não de monitoramento para
contribuir à redução de riscos negativos.

AUDITORIA OPERACIONAL E AUDITORIA DE CONFORMIDADE

De acordo com o alinhamento de seus processos organizacionais aos princípios de eficiência,


eficácia, efetividade e economicidade (4Es). Ocorre que, em muitas situações, a análise das
informações efetuadas por essa modalidade acabam tendo uma intersecção com a auditoria de
conformidade.
Observamos que órgãos de regulamentação de atividades, organizações governamentais, dentre
outras, editam normas que estejam alinhadas às citadas boas práticas, que, por sua vez, atendem
aos mesmos princípios organizacionais de desempenho (4Es).

Em uma avaliação mais acurada, conclui-se que a auditoria de conformidade pode ser integrada
à auditoria operacional, sem prejuízo da atuação de cada uma delas, salvo nos casos em que o
alinhamento às normas é imperativo e requisito primordial para a atuação de uma organização,
quando se deve aplicar a auditoria de conformidade.

MÓDULO 4

Comparar as auditorias interna e externa nas organizações

AUDITORIA INTERNA

É composta de atividades desenvolvidas por membros da organização que atuam de


forma independente para avaliar informações contábeis, financeiras e operacionais, razão pela
qual deve ser realizada por um grupo de trabalho multidisciplinar. Os resultados alcançados pela
equipe são apresentados na forma de recomendações, que cooperam para o controle de gestão,
agregando valor aos resultados organizacionais.

É uma boa prática de governança a área de auditoria interna reportar-se à alta administração de
uma organização, seja ela pública, seja ela da iniciativa privada.

No bojo de suas competências, deve analisar os processos organizacionais, sistemas de


informações, controles internos e gerenciamento de riscos para que a organização possa
alcançar os objetivos definidos no seu planejamento.

A auditoria interna atua de forma sistemática, programada e contínua nas organizações,


colaborando com o controle de gestão por meio de recomendações de ações que visam a
preservar a continuidade do negócio. Diferencia-se da auditoria externa, que é requerida para
atuar de forma pontual em uma organização.

A efetividade da auditoria interna depende de requisitos específicos, conforme disposto a seguir:

 COMPLETUDE - A auditoria deve vislumbrar toda a organização para planejar e


executar o programa de auditoria.
 INDEPENDÊNCIA - Atuação de forma independente de influências, com vinculação
direta à Alta Administração da organização.
 ATUAÇÃO INTERNA - A atuação da auditoria interna colhe benefícios por dispor de
colaboradores que atuam na mesma organização, isto é, sua composição com membros
internos permite uma melhor compreensão das atividades requeridas para o controle de
gestão.
 AVALIAÇÃO DE RISCOS - A avaliação da gestão, baseada em riscos, reduz a
probabilidade e o impacto de ocorrências de riscos negativos e maximiza a de riscos
positivos.
 AVALIAÇÃO DOS CONTROLES INTERNOS - A atuação da auditoria nos controles
internos possibilita o alcance de resultados alinhados com os 4Es. (aos princípios de
eficiência, eficácia, efetividade e economicidade )
 CUMPRIMENTO DO PLANEJAMENTO - O monitoramento constante dos planos
estratégico, tático e operacional possibilita melhor controle dos processos de gestão.

AUDITORIA EXTERNA

A auditoria externa, ou auditoria independente, nasceu da necessidade de averiguação das


informações contábeis apresentadas pelas organizações no intuito de conferir maior confiança e
credibilidade. Ela é conduzida por um auditor ou por um grupo de auditores que não apresenta
vínculo com a organização auditada.

Sua atuação é pautada na análise de informações, com o objetivo de comprovar a inexistência


de fraudes e erros que impactem significativamente as demonstrações contábeis
disponibilizadas. O resultado da auditoria externa é materializado na forma de opiniões. Diverge
da atuação da auditoria interna, que auxilia na gestão da organização.

A utilização dessa modalidade de auditoria, em decorrência de regulamentações e da legislação


vigente, é obrigatória para as seguintes organizações:

 Instituições financeiras;

 Fundos de pensão;

 Seguradoras;

 Companhias abertas, nos termos da Lei 6.404/1976;

 Empresas de grande porte, nos termos da Lei 11.638/2007.

Além das questões normativas, outros fatores relevantes impelem a organização a contratar uma
auditoria externa, conforme disposto a seguir:

 Atendimento aos princípios de transparência e prestação de contas;

 Visão imparcial das demonstrações contábeis;

 Reestruturação da organização (fusão, cisão, incorporação);


 Maior confiabilidade na organização;

 Entidades regidas por mecanismos de governança que exijam maior controle de gestão,
demandado por seus proprietários.

A auditoria externa é realizada com base na auditoria das demonstrações contábeis e abarca as
seguintes questões:

 Análise de conformidade das demonstrações contábeis com os relatórios financeiros;

 Ciência da administração e do órgão de governança a respeito de suas responsabilidades


por ocasião da auditoria;

 Segurança razoável de demonstrações contábeis livres de distorções;

 Baixo risco de auditoria decorrente de evidências;

 Aplicação da materialidade no planejamento de auditoria pelo auditor;

 Responsabilidade de comunicação ao órgão de governança pelo auditor.

PRINCÍPIOS DE AUDITORIA

A atuação da auditoria operacional, assim como das demais modalidades de auditoria, é pautada
em princípios definidos na norma NBR ISO 19011:2018, que trata da auditoria de sistemas de
gestão, conforme apresentado na figura a seguir:

Vamos entender melhor cada um desses princípios:


 INTEGRIDADE - Os profissionais que atuam em uma auditoria devem desenvolver
suas atividades com ética, honestidade, responsabilidade, imparcialidade. A atuação
deve ser realizada somente se tiverem competência para tal. Devem, também, ter
sensibilidade para discernir questões que possam influenciar o seu julgamento.
 APRESENTAÇÃO JUSTA - Todos os achados, conclusões, relatórios e recomendações
devem ser reportados com veracidade e precisão, incluindo-se, também, possíveis
divergências ocorridas com o auditado.
 CUIDADO PROFISSIONAL - Os auditores devem corresponder à confiança
depositada por todas as partes interessadas no processo de auditoria, optando pela forma
mais ponderada de condução em diligências ou julgamento
 .
 CONFIDENCIALIDADE - As informações coletadas em um processo de auditoria
devem ser protegidas de uso indevido por parte do auditor ou do cliente da auditoria.
Discrição e proteção devem prevalecer no tratamento de dados sensíveis, em
conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
 INDEPENDÊNCIA - A independência na atuação dos auditores deve delinear os
trabalhos de auditoria, de forma a evitar decisões parciais e conflitos de interesse,
mesmo que sejam realizados em auditoria interna. As conclusões, achados e relatórios
devem ser baseados, exclusivamente, nas evidências de auditoria.
 ABORDAGEM POR EVIDÊNCIAS - A auditoria deve ser realizada por meio de um
processo organizacional que inspire confiança em função de sua sistematização. As
evidências de auditoria devem ser coletadas por amostras do universo a ser auditado,
considerando-se a limitação de recursos e de tempo.
 ABORDAGEM POR RISCOS - Uma abordagem baseada em riscos que podem ocorrer
nos processos organizacionais impacta, de forma significativa, o planejamento e
execução da auditoria, com seus respectivos achados e conclusões, que influenciam
diretamente no alcance de resultados dos objetivos organizacionais.

PROCESSO DE TRABALHO DA AUDITORIA INTERNA

O planejamento da auditoria interna deve contemplar, nos termos da norma NBC TI 01, os
alguns fatores.

SÃO ESSES FATORES:

 Conhecimento da estratégia da organização;

 Conhecimento dos instrumentos de gerenciamento de riscos e dos controles internos da


organização;
 Conhecimento do sistema contábil;

 Alinhamento da auditoria com a política de gerenciamento de riscos da organização;

 Trabalho desenvolvido por profissionais da área contábil;

 Gerenciamento dos riscos no processo de auditoria;

 Histórico de auditorias anteriores realizadas com objeto similar;

 Coleta de necessidades e expectativas do auditado.

Com base na internalização dos fatores citados pela equipe de auditoria interna, o planejamento
tem alguns objetivos.

OS PRINCIPAIS OBJETIVOS SÃO:

 Realização de exame independente e eficaz;

 Identificação de fontes de fraudes e erros;

 Definição do escopo de auditoria;

 Monitoramento do escopo e tempo de auditoria;

 Identificação de pontos críticos que impactam na avaliação;

 Alocação de equipe especializada para o processo de trabalho de auditoria;

 Definição do volume de informações a serem analisadas. O processo de trabalho


simplificado da auditoria interna encontra-se representado na Figura 13 (Fluxograma da
auditoria interna).

FORMA DE SELEÇÃO DE INFORMAÇÕES

Refere-se à etapa de selecionar as fontes de informações requeridas para a auditoria interna.

 SELEÇÃO TOTAL - Quando o universo de informações não for muito grande para a
análise da equipe de auditoria, opta-se pela seleção de todos os dados.
 SELEÇÃO POR AMOSTRAGEM - Em caso de grande quantidade de informações,
podem ser utilizadas técnicas de amostragem estatística do universo a ser analisado.
 EXAMES E INVESTIGAÇÕES - Tratam-se de procedimentos que permitem a coleta
de informações que vão subsidiar a elaboração das recomendações à organização.
 TESTES DE OBSERVÂNCIA - Têm o objetivo de averiguar a eficácia dos controles
internos. Nesses testes, são inspecionados registros contábeis, documentos e ativos
tangíveis.
 TESTES SUBSTANTIVOS - Caracterizam-se pela coleta de evidências, observação de
processos organizacionais e averiguação de informações com organizações e pessoas.

RELATÓRIO DA AUDITORIA INTERNA

A auditoria interna apresenta seus resultados por meio de um relatório, redigido de forma
objetiva e imparcial, que contém recomendações à organização.

Tal relatório deve elencar os seguintes pontos:

 Objetivo e escopo da auditoria;

 Metodologia e processo de trabalho utilizado;

 Limitações da auditoria;

 Relação de fatos e evidências constatadas;

 Riscos vinculados aos fatos levantados;

 Conclusões e recomendações.

Apresentamos uma representação simplificada das etapas que podem compor a realização de
uma auditoria interna, conforme observado a seguir:

PROCESSO DE TRABALHO DA AUDITORIA EXTERNA

A auditoria externa atua em conformidade com normas de auditoria, tendo como diretrizes os
objetivos gerais do auditor independente, nos termos da norma NBC TA 200 (R1), objeto deste
tópico.

O auditor independente, que atua na auditoria externa, deve atender aos seguintes objetivos:

 Segurança razoável de demonstrações contábeis livre de distorções relevantes e em


conformidade com relatórios financeiros;

 Apresentação de relatórios sobre demonstrações contábeis, de acordo com as normas


contábeis;
 Comunicação de acordo com as normas contábeis;

 Abstenção de opinião, em caso de impossibilidade de emissão de opinião com ressalva


ou caso não seja possível a obtenção de segurança razoável.

Na condução dos trabalhos, o auditor deve seguir os princípios comuns às auditorias, nos termos
da norma NBR ISO 19011:2018, similares aos princípios de ética do Código de Ética
Profissional do Contabilista, conforme disposto a seguir:

 Integridade;
 Objetividade;
 Competência e zelo profissional;
 Confidencialidade;
 Comportamento profissional.

DIFERENÇAS ENTRE AUDITORIAS INTERNA E EXTERNA

A auditoria interna tem o objetivo de colaborar para melhorias na gestão, enquanto a auditoria
externa preocupa-se com a confiabilidade das demonstrações contábeis, geradas em
conformidade com os relatórios financeiros.

Podemos destacar as principais diferenças existentes no quadro abaixo:


OBS: A auditoria externa planeja e executa seu trabalho para fins de identificação de fraudes e erros
que possam impactar nas demonstrações contábeis. A auditoria interna, por sua vez, opera para
auxiliar a administração no trabalho de prevenção de fraudes e erros.

A auditoria interna contribui para a melhoria do desempenho organizacional, enquanto a auditoria


externa colabora para melhoria dos registros contábeis, ao efetivar o teste e a validação dos dados.

Tema 2 - Auditoria Externa, Planejamento e Documentação da Auditoria

OBJETIVOS

 Contextualizar a auditoria externa na estrutura conceitual de trabalhos de asseguração das


Normas Brasileiras de Contabilidade
 Descrever normas de planejamento de auditoria das demonstrações contábeis, de acordo com as
Normas Brasileiras de Contabilidade
 Descrever normas de documentação de auditoria, de acordo com as Normas Brasileiras de
Contabilidade
 Descrever normas de elaboração de relatórios de auditoria, de acordo com as Normas
Brasileiras de Contabilidade

INTRODUÇÃO

Iniciaremos nossos estudos contextualizando os procedimentos utilizados na auditoria externa das


organizações com a Estrutura Conceitual de Trabalhos de Asseguração, proposta pelo Conselho
Federal de Contabilidade (CFC), por meio das Normas Brasileiras de Contabilidade.

Serão apresentados os principais requisitos para trabalho de asseguração e a forma de atuação do


auditor independente.

Para que seja operacionalizada a auditoria externa, devem ser seguidas as normas que regulamentam o
planejamento de auditoria das demonstrações contábeis, escopo do segundo módulo deste tema, que
abordará as atividades preliminares, as atividades de planejamento, a estratégia global e o plano de
auditoria.

O processo de planejamento de auditoria demanda procedimentos de documentação de auditoria,


assunto a ser tratado no terceiro módulo. No fim desse módulo, você encontrará uma relação de
normas que complementam a documentação de auditoria.

Por fim, no quarto módulo, trataremos dos procedimentos de elaboração de relatórios. Você terá uma
visão geral dos principais pontos que devem ser abordados na elaboração do relatório de auditoria . De
forma similar ao módulo anterior, você terá, no fim, uma relação de normas que complementam a
elaboração de relatórios de auditoria.
MÓDULO 1

Contextualizar a auditoria externa na estrutura conceitual de trabalhos de asseguração das


Normas Brasileiras de Contabilidade

AUDITORIA EXTERNA

A auditoria externa é uma modalidade de auditoria conduzida por profissionais que não fazem parte da
organização auditada.

Nessa modalidade, o auditor deve conduzir seu trabalho de análise das demonstrações contábeis de
forma independente e alinhado às Normas Brasileiras de Contabilidade(NBC) e às normativas
internacionais, quando for o caso.

As normas brasileiras que regulam a atuação do auditor independente compõem as normas


denominadas NBC TA, sigla utilizada para Normas Brasileiras de Contabilidade – Trabalhos de
Asseguração.

Os trabalhos de asseguração seguem uma norma denominada NBC TA Estrutura Conceitual, que trata
da definição de uma estrutura conceitual que normatiza os trabalhos de asseguração.

No corpo dessa estrutura, destacam-se os pontos apresentados na figura a seguir:

No corpo dessa estrutura, destacam-se os pontos apresentados na figura a seguir:


A construção dessa estrutura teve o objetivo de apresentar didaticamente os elementos e objetivos que
compõem os trabalhos de asseguração aos auditores independentes e demais profissionais envolvidos.
Agora vamos detalhar cada um deles:
 PRINCÍPIOS ÉTICOS E NORMAS DE CONTROLE DE QUALIDADE
 INTEGRIDADE
 OBJETIVIDADE
 COMPETÊNCIA E ZELO PROFISSIONAIS
 SIGILO PROFISSIONAL
 COMPORTAMENTO PROFISSIONAL

Temos a norma NBC PA 01 – Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas) de
Auditores Independentes, que estrutura as políticas e os procedimentos quanto aos seguintes pontos:

 Responsabilidades da liderança pela qualidade dentro da firma;


 Exigências éticas relevantes;
 Aceitação e continuidade de relacionamento com clientes e para trabalhos específicos;
 Recursos humanos;
 Execução do trabalho;
 Monitoramento;

DESCRIÇÃO DOS TRABALHOS DE ASSEGURAÇÃO

São desenvolvidos pelos auditores independentes para coletar evidências que subsidiem a
apresentação de conclusões, que proporcionarão maior confiança às partes interessadas no objeto da
auditoria.

ELEMENTOS DO TRABALHO DE ASSEGURAÇÃO

Para que os trabalhos de asseguração sejam realizados, pressupõe-se a existência de cinco elementos:

Relação de três partes

Os trabalhos de asseguração atendem aos interesses de três partes interessadas principais: o auditor
independente, o responsável pelo objeto auditado e os usuários do resultado da auditoria.

Objeto

É necessário que o objeto seja apropriado para o alcance de seu objetivo. Nessa linha de entendimento,
temos, por exemplo, características físicas, como a quantidade de veículos utilizados em um
determinado serviço, como fonte de informação do objeto de auditoria.

Critérios
A mensuração ou avaliação de um objeto depende de critérios que apresentam as seguintes as
seguintes particularidades:

 RELEVÂNCIA - Refere-se a uma particularidade que impacta na tomada de decisões.


 INTEGRALIDADE - Um critério é dito íntegro quando abrange uma quantidade de
informações que não permita uma avaliação errônea por falta de pontos relevantes.
 CONFIABILIDADE - A avaliação ou mensuração passa a ser consistente quando tem
confiabilidade nas informações.
 NEUTRALIDADE - Um critério neutro não segue tendências específicas, mas aproxima-se da
imparcialidade, tanto quanto possível.
 COMPREENSIBILIDADE - Um critério compreensível permite a assimilação fácil de
informações pelas partes interessadas.

Informações vagas e pontos de vista pessoais não podem ser utilizados como critérios nos processos
de auditoria.

Evidências

A mensuração ou avaliação do objeto, de acordo com critérios definidos, contribui para a coleta de
evidências, que são informações relevantes para que o auditor possa tirar suas conclusões. Para que as
evidências sejam analisadas e coletadas adequadamente, o auditor deve ter ceticismo profissional, que
é a condição de estar alerta em relação às informações, de forma imparcial e independente.

Relatório de asseguração

Com base nas evidências coletadas, geradas a partir de critérios aplicados na mensuração e avaliação
do objeto, o auditor elabora seu relatório de asseguração, que consiste nas conclusões que geram
opiniões e são manifestadas de forma escrita.

TRABALHO DE ATESTAÇÃO E TRABALHO DIRETO

O trabalho de atestação refere-se à mensuração ou avaliação do objeto, de acordo com os critérios


definidos, e é realizado por um profissional que não é um auditor independente. Nas situações em que
essas atividades são realizadas pelo auditor independente, dizemos que se trata de um trabalho direto.

TRABALHO DE ASSEGURAÇÃO RAZOÁVEL E TRABALHO DE ASSEGURAÇÃO


LIMITADA
O trabalho de asseguração razoável é aquele em que o risco de auditoria é aceitavelmente baixo para
que sejam tiradas conclusões para elaboração do relatório. Quanto ao trabalho de asseguração
limitada, o auditor independente efetua seu trabalho em um nível considerado aceitável para as
condições em que é realizado, todavia, é um nível acima do aceitavelmente baixo.

ABRANGÊNCIA DA ESTRUTURA CONCEITUAL

Os auditores independentes atuam em trabalhos de asseguração, contemplados na estrutura conceitual,


excetuando-se as seguintes situações: consultoria, trabalhos das Normas de Serviços Correlatos(NBS
TSC) e elaboração de declarações de imposto de renda.

RELATÓRIO DE TRABALHO QUE NÃO É DE ASSEGURAÇÃO

Em trabalhos em que são emitidos relatórios, que não têm como escopo o trabalho de asseguração, o
auditor deve atentar para evitar os seguintes pontos:

 Fazer menção a termos da estrutura conceitual ou norma de asseguração.


 Usar indevidamente termos correlatos a trabalhos de asseguração.
 Emitir declaração que possa, erroneamente, ser interpretada como conclusão de uma auditoria.

PRECONDIÇÕES PARA O TRABALHO DE ASSEGURAÇÃO

Para que os trabalhos de asseguração possam ser realizados na organização, alguns requisitos são
imperativos, conforme disposto a seguir:

 responsabilidades das três partes consideradas adequadas para a auditoria;

 objeto apropriado;

 critérios apropriados e disponíveis;

 evidências coletáveis, a partir da aplicação dos critérios;

 inclusão das conclusões do auditor no relatório;

 obtenção de nível apropriado de segurança nos trabalhos de asseguração limitada.

ATUAÇÃO DO AUDITOR INDEPENDENTE

O auditor independente, na condução dos trabalhos de auditoria, deve seguir a norma NBC TA 200
(R1) – Objetivos Gerais do Auditor Independente e a Condução da Auditoria em Conformidade com
Normas de Auditoria.

Deve-se destacar que a citada norma ressalta diversos aspectos relevantes quanto aos seguintes pontos:

OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE


O auditor independente tem definidos os objetivos gerais que devem nortear sua atuação em uma
auditoria de demonstrações contábeis, conforme disposto a seguir:

 obtenção de segurança razoável, relativa às demonstrações contábeis, quanto à ausência


de distorções relevantes;

 emissão de opinião com base em evidências relevantes;

 critérios apropriados e disponíveis;

 evidências coletáveis, a partir da aplicação dos critérios;

 inclusão das conclusões do auditor no relatório;

 obtenção de nível apropriado de segurança nos trabalhos de asseguração limitada.

CONDUÇÃO DA AUDITORIA EM CONFORMIDADE COM AS NORMAS DE AUDITORIA

O auditor independente deve atentar para todas as normas de trabalhos de asseguração emitidas
pelo CFC que estejam em vigor e que tenham relação com as condições do trabalho de auditoria.
A declaração de conformidade com as normas nacionais e internacionais só pode ser realizada
após cumprimento das exigências de cada uma delas.

MÓDULO 2

Descrever normas de planejamento de auditoria das demonstrações contábeis, de acordo


com as Normas Brasileiras de Contabilidade

PLANEJAMENTO DE AUDITORIA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Neste vídeo, vai ser apresentada uma explicação do planejamento de auditoria das
demonstrações contábeis.

A criação e o desenvolvimento desse planejamento devem ser efetivados com base na norma
NBC TA 300 (R1), que trata do planejamento da auditoria de demonstrações contábeis.

Recomenda-se que a norma NBC TA 200 – Objetivos Gerais do Auditor Independente e a


Condução da Auditoria em Conformidade com Normas de Auditoria sejam analisadas
para fins de melhor compreensão das questões que devem permear o planejamento dos
trabalhos de auditoria.

A norma NBC TA 200 torna explícita a responsabilidade do auditor na condução dos


trabalhos de auditoria de demonstrações contábeis, de forma alinhada às Normas Brasileiras
de Contabilidade e às normas internacionais.

A auditoria das demonstrações contábeis tem como objetivo principal proporcionar um


sentimento de confiança às partes interessadas no que se refere aos aspectos relevantes de
alinhamento das demonstrações contábeis à estrutura de relatório financeiro da
organização

Nesse trabalho, o auditor almeja alcançar segurança razoável quanto à ausência de


distorções relevantes nas demonstrações contábeis como um todo. Na condução da
auditoria, o profissional poderá lançar mão de procedimentos normatizados que podem
contribuir para se alcançar a segurança almejada e para uma comunicação efetiva.

Nas situações em que o auditor entender que não é possível alcançar segurança razoável ou
em que sua opinião com ressalva não atender às demandas legais das partes interessadas,
ele deve renunciar, se houver previsão legal ou normativa aplicável.

 Dedicação às áreas mais importantes de auditoria.


 Identificação e solução de problemas potenciais.
 Organização do trabalho para maior eficácia e eficiência.
 Seleção de membros da equipe preparados para gerenciamento de riscos.
 Membros da equipe alocados adequadamente.
 Melhor supervisão dos membros da equipe.
 Revisão dos trabalhos de auditoria.
 Supervisão de outros auditores e especialistas.

ATIVIDADES PRELIMINARES DO TRABALHO DE AUDITORIA

Os trabalhos de auditoria devem ser iniciados a partir da realização de atividades que


podem contribuir para a avaliação de eventos ou situações que podem impactá-los. Dentre
essas atividades, podemos destacar:

 Execução de procedimentos de controle de qualidade.


 Avaliação de conformidade com os requisitos éticos e independência.
 Definição dos termos de trabalho de auditoria.

Para que as atividades preliminares de auditoria sejam conduzidas de forma condizente, devem
ser observadas as disposições das seguintes normativas:

1. NBC TA 220 (R2) – CONTROLE DE QUALIDADE DA AUDITORIA DE


DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

A NBC 220 (R2) trata das questões de controle de qualidade que devem ser conduzidas pelo
auditor no processo de trabalho de auditoria das demonstrações contábeis. Ao implementar o
controle de qualidade, o auditor deve atentar para que haja segurança razoável quanto a
aderências às normas, marcos regulatórios, arcabouço legislativo e geração de relatórios
apropriados.

Essas questões devem ser definidas pela empresa de auditoria e contemplam políticas,
procedimentos e sistemas utilizados no processo de auditoria.

2. NBC TA 210 – CONCORDÂNCIA COM OS TERMOS DO TRABALHO DE


AUDITORIA

Essa norma delimita os termos do trabalho de auditoria, em relação aos responsáveis pela
gestão e pela governança dentro da organização. Esses termos verificam a existência de
condições mínimas para realização de uma auditoria e da anuência entre o auditor e as
partes interessadas atuantes na gestão e na governança.

Com base nas atividades preliminares, pode-se desenvolver as atividades de planejamento da


auditoria.

ATIVIDADES DE PLANEJAMENTO

Devem ser definidas atividades de planejamento para que sejam estabelecidas as formas de
operacionalização dos seguintes instrumentos:

 estratégia global de auditoria;

 plano de auditoria.

Esses dois instrumentos não são estáticos, isto é, devem ser atualizados em função de
mudanças de variáveis que podem ocorrer ao longo do trabalho de auditoria. Agora vamos
analisar cada um desses instrumentos.

ESTRATÉGIA GLOBAL DE AUDITORIA ***


A estratégia global de auditoria deve definir o escopo, o período e a direção da auditoria. Essas
variáveis serão direcionadoras do plano de auditoria, que terá uma abordagem mais detalhada de
todos os pontos abordados na estratégia global.

Essa estratégia deve contemplar os seguintes requisitos:

Identificação das características do trabalho para definição do escopo (alcance)

Definição dos objetivos do relatório para subsidiar a definição do período de auditoria e das
comunicações

Identificação e adoção de normativas reguladoras de procedimentos requeridos para o processo


de auditoria

Identificação de fatores orientadores dos esforços da equipe, sob a ótica do auditor

Análise de resultados das atividades preliminares

Definição dos recursos necessários para realização do trabalho, que pode ter áreas de auditorias
específicas, demandando especialistas

Definição de quantitativos de profissionais que irão atuar em áreas específicas


Forma de gerenciamento dos recursos

PLANO DE AUDITORIA

Em que é baseado o plano de auditoria?

É baseado na estratégia global, acrescida da natureza, época e extensão dos procedimentos de


auditoria.

Os procedimentos de auditoria são planejados e executados de acordo com o andamento do


trabalho. Em complementação, deve-se efetivar a documentação do plano de auditoria, que
consiste no registro da natureza, da época e da extensão dos procedimentos de avaliação de
riscos e dos procedimentos adicionais de respostas a esses riscos.

O plano de auditoria deve contemplar requisitos requeridos nas seguintes normas:

NBC TA 315 – Identificação e Avaliação dos Riscos de Distorção Relevante por meio do
Entendimento da Entidade e de seu Ambiente

A NBC TA 315 trata da natureza, da época e da extensão dos procedimentos planejados de


avaliação de risco em uma auditoria.

NBC TA 315 – Identificação e Avaliação dos Riscos de Distorção Relevante por meio do
Entendimento da Entidade e de seu Ambiente

A NBC TA 330 trata da natureza, da época e da extensão dos procedimentos adicionais de


auditoria planejados no nível de afirmação. Além dessa norma, de acordo com as características
do trabalho de auditoria, o auditor deve avaliar a necessidade de utilização de outros
procedimentos normatizados.

O auditor deve levar em consideração que o planejamento de uma auditoria faz parte de um
processo contínuo de acompanhamento que apresenta pontos de intersecção (auditoria atual com
a auditoria anterior).

De certa forma, alguns procedimentos de auditoria anterior devem ser finalizados antes que se
inicie uma nova auditoria. Todavia, o auditor deve ter sensibilidade para averiguar qual a melhor
abordagem a ser adotada, sem deixar de analisar os seguintes pontos:

Análise dos procedimentos analíticos a serem utilizados na avaliação de risco.

Aplicação de procedimentos diversos de avaliação de risco.


Determinação da materialidade da auditoria

Necessidade de especialistas em determinadas áreas de gestão.

Compreensão do ambiente regulatório em que se insere a organização que passará pelo processo
de auditoria.

DOCUMENTAÇÃO

No trabalho de auditoria, o auditor deve elaborar toda a documentação de acordo com a norma
NBC TA 230 (R1) – Documentação de Auditoria.

No desenvolvimento da documentação, devem ser incluídos a estratégia global de auditoria, o


plano de auditoria e todas as alterações significativas que possam impactar o trabalho.

A documentação da estratégia global apresenta as questões fundamentais que embasam o


desenvolvimento do plano de auditoria.

Essa documentação deve apresentar registros adequados que corroborem o relatório de


auditoria, assim como evidências de que o processo de trabalho foi realizado de acordo com a
legislação vigente e a regulamentação aplicável.

A avaliação de riscos é de extrema relevância para a realização de uma auditoria, razão pela
qual deve ser considerada por ocasião da elaboração do plano de auditoria..

MÓDULO 3

Descrever normas de documentação de auditoria, de acordo com as Normas Brasileiras de


Contabilidade

DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA

A documentação de auditoria deve seguir a norma NBC TA 230 (R1) – Documentação de


auditoria, emitida pelo CFC.

Quais as informações devem conter nessa documentação?

Essa documentação deve apresentar informações que comprovem o cumprimento do objetivo


global da auditoria, conforme definido na norma NBC TA 200, assim como apresentar
evidências de que todo o processo seguiu a legislação vigente e as regulamentações aplicáveis.

Dentre as aplicações da documentação de auditoria, destacam-se os seguintes pontos:


Apoio à equipe de auditoria

Suporte ao controle de qualidade

Responsabilização de trabalhos

A documentação da auditoria deve atender aos seguintes requisitos:

Elaboração tempestiva da documentação de auditoria

Documentação das evidências e dos procedimentos de auditoria

Montagem do arquivo final de auditoria

ELABORAÇÃO TEMPESTIVA DA DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA

Quais os benefícios da elaboração tempestiva da documentação de auditoria?

Colabora para a melhoria da qualidade da auditoria. Outro benefício advindo dessa elaboração é
a revisão das evidências e conclusões antes da elaboração final do relatório.

Outra vantagem inequívoca é que a documentação realizada durante a execução do trabalho é


mais precisa em comparação à documentação realizada ao término da auditoria.

DOCUMENTAÇÃO DAS EVIDÊNCIAS E PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA

A documentação relativa às evidências e aos procedimentos de auditoria deve ser clara o


suficiente para que um auditor que não tenha participado do trabalho possa assimilar as
informações relativas aos seguintes aspectos:

 natureza, época e extensão dos procedimentos de auditoria;

 circunstâncias de realização da auditoria;

 evidências coletadas;

 procedimentos e respectivos resultados;

 conclusões da auditoria.

Para que a documentação de auditoria seja elaborada com apresentação das informações
relativas às evidências e aos procedimentos de auditoria, o auditor deve ater-se aos seguintes
aspectos:

COMPLEXIDADE DA DOCUMENTAÇÃO
Na elaboração da documentação, a forma, o conteúdo e a extensão dependem dos seguintes
pontos: tamanho da organização; natureza dos procedimentos; riscos de distorção relevante; e
relevância das evidências.

TIPOS DOCUMENTAIS

A documentação da auditoria pode ser elaborada em papel ou em formato digital e pode


contemplar os seguintes tipos documentais, dentre outros: carta de contratação; ofícios e
memorandos; atos, portarias e resoluções; listas de verificação; e-mails; plano de auditoria;
resumos; informes; e análises.

A documentação da auditoria não exime a organização de apresentar os registros contábeis que


compõem as demonstrações contábeis.

REGISTROS NA DOCUMENTAÇÃO

O auditor, na elaboração da documentação, deve realizar o registro dos seguintes pontos:

 características de identificação de itens e assuntos;

 responsável pelo trabalho de auditoria;

 data de execução;

 discussão de pontos relevantes com os responsáveis pela gestão e governança;

 tratamento de inconsistências;

 assuntos que ensejam riscos relevantes;

 resultados de procedimentos que sinalizam distorções relevantes ou necessidade de


revisão da avaliação e respostas aos riscos;

 informações que podem impactar as conclusões do auditor.

DOCUMENTAÇÃO DE EXIGÊNCIA RELEVANTE

O auditor independente deve primar pelo alcance dos objetivos gerais, tendo o zelo de fazer
cumprir as determinações das normas que regulamentam o processo de auditoria nas
organizações.

Dessa forma, somente em situações especiais pode-se tornar exceção o alinhamento de


requisitos às normas de auditoria. Enquadra-se nessa situação a inexistência de objeto que se
alinhe a uma das normativas.

CONFORMIDADE DA AUDITORIA
A conformidade da auditoria com as normas de regulamentação também deve fazer parte da
documentação.

Embora a documentação seja uma atividade de relevância em uma auditoria, nem todos os
assuntos e julgamentos realizados no transcurso do trabalho devem ser registrados, sob o risco
de se tornarem inviáveis o planejamento e a execução dos trabalhos, em função de maior tempo
dispendido em atividades de registro documental.

MONTAGEM DO ARQUIVO FINAL DE AUDITORIA

A montagem do arquivo final de auditoria deve ser realizada com base nas diretrizes e nos
procedimentos definidos pela organização, conforme determinado na norma NBC PA 01 –
Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas) de Auditores Independentes.

O arquivo final da documentação do relatório de auditoria deve ser realizado logo após a data
do relatório do auditor. Essa geração não implica a operacionalização de novos procedimentos
nem novas conclusões.

Uma vez finalizado esse arquivo, o auditor não pode apagar as informações antes do término do
período legal de guarda de documentos, que não é inferior a cinco anos, contados a partir da
data do relatório.

ATENÇÃO

Em caso de necessidade de alteração da documentação, o auditor deve documentar os motivos


que o levaram a promover as modificações, com respectivas datas e os responsáveis por essas
alterações. Um dos motivos que podem ensejar alterações é o monitoramento feito por partes
interessadas, que podem demandar novas informações.

NORMAS DE DOCUMENTAÇÃO

A norma NBC TA 230 (R1) – Documentação de Auditoria apresenta as bases do processo de


documentação de auditoria, todavia não esgota o assunto, sendo complementada, de acordo o
apêndice da mesma norma, pelos itens das seguintes normas:

NBC TA 210 (R1) – Concordância com os Termos do Trabalho de Auditoria, itens 10 a 12;
NBC TA 220 (R2) – Controle de Qualidade da Auditoria de Demonstrações Contábeis, itens 24
e 25;

NBC TA 240 (R1) – Responsabilidade do Auditor em Relação a Fraude, no Contexto da


Auditoria de Demonstrações Contábeis, itens 44 a 47;

NBC TA 250 – Consideração de Leis e Regulamentos na Auditoria de Demonstrações


Contábeis, item 29;

NBC TA 260 (R2) – Comunicação com os Responsáveis pela Governança, item 23;

NBC TA 300 (R1) – Planejamento da Auditoria de Demonstrações Contábeis, item 12;

NBC TA 315 (R1) – Identificação e Avaliação dos Riscos de Distorção Relevante por meio do
Entendimento da Entidade e do seu Ambiente, item 32.

NBC TA 320 (R1) – Materialidade no Planejamento e na Execução da Auditoria, item 14;

NBC TA 330 (R1) – Resposta do Auditor aos Riscos Avaliados, itens 28 a 30;
NBC TA 450 (R1) – Avaliação das Distorções Identificadas Durante a Auditoria, item 15;

10

11

NBC TA 540 (R2) – Auditoria de Estimativas Contábeis, Inclusive do Valor Justo, e


Divulgações Relacionadas, item 39;

NBC TA 550 – Partes Relacionadas, item 28;

12

13

NBC TA 600 (R1) – Considerações Especiais – Auditorias de Demonstrações Contábeis de


Grupos, Incluindo o Trabalho dos Auditores dos Componentes, item 50;

NBC TA 610 – Utilização do Trabalho de Auditoria Interna, itens 36 e 37;

14

15

NBC TA 720 – Responsabilidade do Auditor em Relação a Outras Informações, item 25.

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