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Genialda da Genoveva Maria Monteiro Arlindo

Impacto do uso de agro-tóxicos para saúde Humana na produção de hortícolas no distrito


de Lichinga em particular Comunidade de Assumane, Período entre Fevereiro à Agosto de
2021
(licenciatura em Agro-pecuária com habilitações em ensino )

Universidade Rovuma
Extensão do Niassa
2021
Genialda da Genoveva Maria Monteiro Arlindo

Impacto do uso de agro-tóxicos para saúde Humana na produção de hortícolas no distrito


de Lichinga em particular Comunidade de Assumane, período entre Fevereiro à Agosto de
2021

(Licenciatura em Agro-pecuária com Habilitações em Ensino)

Monografia Científica a ser apresentada no


Departamento de Ciências alimentares e Agrarias,
Extensão de Niassa, para a obtenção do grau
Académico de Licenciatura em Agro-Pecuária com
Habilitações em Ensino, Supervisor;

MSc. Hussene Hagi Daudo

Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2021
Índice

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO....................................................................................................................3
1.1. Problematização....................................................................................................................................4
1.2. Justificativa...........................................................................................................................................5
1.3. Objectivos:............................................................................................................................................5
Geral.............................................................................................................................................................5
Específicos...................................................................................................................................................6
1.4. Hipóteses...............................................................................................................................................6
CAPITULO II : PROCEDIMENTOS METOLÓGICOS.............................................................................7
2.1. Tipo de pesquisa....................................................................................................................................7
2.2. Métodos de pesquisa.............................................................................................................................7
. Área de estudo............................................................................................................................................7
2.4. Técnicas de colecta de dados.................................................................................................................8
CAPÍTULO III: FUNDAMENDAÇÃO TEÓRICO.....................................................................................9
3.1. Historial de agro-tóxicos.......................................................................................................................9
3.2. Tipos de agro-tóxicos..........................................................................................................................10
3.2.1. Abamectina.......................................................................................................................................11
3.2.2. Acefato.............................................................................................................................................11
3.2.3. Glifosato...........................................................................................................................................12
3.2.4. Efeitos do glifosato sobre a saúde humana.......................................................................................12
3.3. Riscos do agro-tóxicos para a saúde humana.......................................................................................13
3.4. Degradação ambiental.........................................................................................................................15
3.5. Legislação vigente quanto ao uso do agro-tóxico................................................................................15
Cronograma................................................................................................................................................16
Orçamentação.............................................................................................................................................16
Bibliografia................................................................................................................................................17
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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
Agro-tóxicos são substâncias ou mistura de substâncias de natureza química ou biológica, usada
para evitar ou combater pragas ou doenças, que reduzem a produtividade ou que afectam
negativamente a qualidade dos produtos em áreas de culturas agrícolas e de produção animal e,
no controlo de vectores causadores de doenças ao Homem de forma directa ou indirecta (PCIGA-
ETP, 2008). É um composto tóxico utilizado para eliminar ou controlar pragas que atacam as
culturas agrícolas, (DELGADO e PAUMGARTTEN). Contudo, o termo “agro-tóxico” ao invés
de “defensivo agrícola” passou a ser utilizado, no Brasil, para denominar os venenos agrícolas,
após grande mobilização da sociedade civil organizada. Mais do que uma simples mudança da
terminologia, esse termo coloca em evidência a toxicidade desses produtos para o meio ambiente
e a saúde humana. São ainda genericamente denominados praguicidas ou pesticidas, (FREIRE,
2002).
No entanto, a indústria de agro-tóxicos surgiu após a Primeira Guerra Mundial, quando as
grandes corporações químicas internacionais criaram subsidiárias produtoras de agro-tóxicos,
visando aproveitar as moléculas químicas desenvolvidas para fins bélicos, (STOLL, 1987). Pois,
na agricultura passaram a cada vez mais serem utilizados à medida que se desenvolveram
equipamentos e agro-químicos direccionados ao processo de produção, período este chamado de
revolução verde, (PERES& MOREIRA, 2007).
Portanto, se por um lado à utilização de agro-tóxicos favoreceu a intensificação da produção de
alimentos, então seus efeitos se fazem sentir cada vez mais na saúde humana e no meio ambiente.
O uso indiscriminado que vem ocorrendo nas últimas décadas, apesar de seus efeitos benéficos
em termos de ganhos produtivos tem trazido grandes prejuízos e efeitos indesejáveis à saúde
humana e do meio ambiente. (RANGEL; ROSA; SARCINELLI, 2001). Nesta ordem de ideia,
RANGEL, ROSA e SARCINELLI, (2001), referenciam ainda que dois terços do total de agro-
tóxicos existentes estão voltados para o uso na agricultura, o que torna os trabalhadores agrícolas
mais propensos a exposição a estes compostos.
Neste contexto, o estudo do impacto de agro-tóxicos nas horticulturas para a saúde humana, pode
ser uma questão fundamental para o melhoramento do conhecimento do perigo destes para a
saúde humana e consequente o seu correcto maneio por parte dos agricultores, em particular
destaque, (MOREIRA, 2000). Nesta ordem de ideias, são chamados atenção aos agentes agrários
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numa intervenção urgente em tomar medidas com vista a consciencializar o homem no uso
correcto, respeitando os padrões de manuseio destes produtos tóxicos.

1.1. Problematização

É comum o uso de agro-tóxicos nas horticulturas não somente na zona de. mas também no país
todo geralmente são usados para evitar algum tipo de praga em uma plantação. Em contrapartida,
esses produtos acabam sendo utilizados inadequadamente, gerando riscos à saúde das pessoas,
ocasionando assim problemas em curto, médio e longo prazo, a depender da substância utilizada
e do tempo de exposição ao produto.

A intoxicação por agro-tóxicos para saúde humana pode ocasionar tonturas, cólicas abdominais,
náuseas, vómitos, dificuldades respiratórias, tremores, irritações na pele, nariz, garganta e olhos;
convulsões, desmaios, coma e até mesmo a morte. As intoxicações crónicas aquelas causadas
pela exposição prolongada ao produto podem gerar problemas graves, como paralisias, lesões
cerebrais e hepáticas, tumores, alterações comportamentais, entre outros. Em mulheres grávidas,
podem levar ao aborto e à malformação congénita, toda a população em alguma fase da vida será
exposta a agro-tóxicos, seja através do consumo ou durante o trabalho.

Entre os grupos que mais sofrem com os efeitos dessa substância, destaca-se para produtores de
horticolas que manuseiam sem obedecer as normas e os cuidados na calibração dos equipamentos
de pulverização, e na sua maioria por serem estrangeiros com um baixo nível de conhecimento da
língua portuguesa mesmo com algumas capacitações feita pelos técnicos da AGRIFOCUS e
INAS assim não conseguem decifrar as recomendações escritas nas rótulas com isso usam
frequentemente esse tipo de produtos tóxicos sem nenhuma utilização de equipamentos de
protecção adequada. Outro ponto aliado às causas de intoxicação que a autora constatou para
além do uso do agro-tóxico sem material de protecção, está associado com o armazenamento do
mesmo, onde certo comerciante partilha o mesmo espaço para conservar o glifosato e produtos
alimentares em sua barraca, local onde são adquirido os agro-tóxicos de maneira não
recomendada pela lei e não conseguem identificar a classificação toxicológica de cada substância.

Portanto, na ordem desta problemática, formulou-se a seguinte pergunta de pesquisa:


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 Qual é nível do conhecimento do Impacto do uso de agro-tóxicos para saude humana


na produçao de horticolas no distrito de Lichinga em particular Comunidade de
Assumane, periodo entre Fevereiro à Agosto de 2021

1.2. Justificativa

É notável nos dias de hoje que o uso de agro-tóxicos na agricultura, passou a ser como a principal
forma de proteger as culturas das pragas e até mesmo nos armazéns. Contudo, o uso
indiscriminado que vem ocorrendo nas últimas décadas, apesar de seus efeitos benéficos em
termos de ganhos produtivos, tem trazido grandes prejuízos e efeitos indesejáveis à saúde
humana e do meio ambiente.

Ainda nesta ordem de ideia as mortes de intoxicações pelo uso desses produtos acabaram
tornando-se um grande problema de saúde pública a autora observou com muita frequência
trabalhadores do campo em estudo, utilizando essas substâncias sem nenhuma protecção nem
instruções adequadas, não cumprindo assim rigorosamente o IS intervalo de segurança (espaço de
tempo entre ultima aplicação e a colheita ou o consumo do produto tratado).

Além disso, muitas vezes a intoxicação desses camponeses não é levada a sério, aliás, nem sequer
procuram atendimento médico, por isso, é comum a morte dessas pessoas, que muitas vezes não
conhecem o verdadeiro risco de tais substâncias, nesta visão a pesquisadora tomou como motivo
da realização deste anti-projecto com vista a trazer a luz dos utentes, os riscos do uso incorrecto
destes produtos, apesar da sua grande contribuição para o controle agrário.

1.3. Objectivos:

Geral

 Estudar o nível de conhecimentos dos agricultores relativos a manipulação de agro-tóxicos no


sector familiar em particular na Comunidade de Assumane.
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Específicos

 Avaliar o grau de instrução dos agricultores relativamente a utilização de agro-tóxicos no


sector familiar no distrito de Lichinga em particular na Comunidade de Assumane
 Verificar os procedimentos utilizados pelos agricultores no distrito de Lichinga em particular
na Comunidade de Assumane para o manuseio e aplicação de agro-tóxicos
 Averiguar a existência de casos de intoxicações alimentares humanas pelo uso de agro-
tóxicos e consumo de alimentos portadores de resíduos de agro-tóxicos
1.4. Hipóteses

H1: Os agricultores do sector familiar em particular a Comunidade de Assumane não terão


nenhuma instrução relativamente ao uso e manuseio de agro-tóxicos.
H2: Os agricultores do sector familiar em particular a Comunidade de Assumane não procederão
como deve ser no que diz respeito aos procedimentos para uma correcta manipulação e aplicação
de agro-tóxicos.
H3: Existirá casos de intoxicações resultantes do consumo de alimentos contendo resíduos dos
mesmos na Comunidade de Assumane.

CAPITULO II : PROCEDIMENTOS METOLÓGICOS


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2.1. Tipo de pesquisa

Quanto a abordagem: a pesquisa será qualitativa, pois de acordo com KIRK e MILLER, (1986,
149), a pesquisa qualitativa procurará verificar um fenómeno por meio da observação e estudo do
mesmo. Contudo, os dados colectados estarão em formato textual e com significados marcados
pela expressão objectiva da análise dos sujeitos da pesquisa,

Quanto a natureza: será básica, pois, os seus estudos estarão virados na formulação de teoria
para a compreensão dos fenómenos.

A pesquisa quanto ao objectivo: será do campo

Quanto aos procedimentos: será explicativa, pois pretender-se-á explicar os factores que
contribuem para a ocorrência dos fenómenos.

2.2. Métodos de pesquisa

Para a realização deste trabalho serão usados os seguintes métodos:

Método bibliográfico: portanto, este método, auxiliará na conciliação do tema, recorrendo-se


materiais já elaborados principalmente livros, os artigos científicos que abordam acerca dos agro-
tóxicos segundo GIL (1999:27).

Método indutivo: o uso deste método partirá dos dados particulares a serem colectados e inferir-
se-á uma verdade universal, pois serão através dos argumentos indutivos que se chegará a uma
conclusão geral referente ao impacto do uso de agro-tóxicos nas horticulturas para a saúde
humana, em particular na Comunidade de Assumane.

Área de estudo

A pesquisa será desenvolvida em particular na Comunidade de Assumane da cidade de Lichinga


província do Niassa, no período de Fevereiro à Agosto de 2021.
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2.4. Técnicas de colecta de dados

Para a colecta de dados acerca do impacto do uso de agro-tóxicos nas horticulturas para a saúde
humana, sobretudo na Comunidade de Assumane elaborar-se-á uma entrevista com perguntas
abertas dirigidas a uma amostra de 10 agricultores de hortícolas de diferentes pontos daquela
comunidade.
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CAPÍTULO III: FUNDAMENDAÇÃO TEÓRICO


3.1. Historial de agro-tóxicos
Desde a Antiguidade clássica, agricultores desenvolvem maneiras de lidar com insectos, plantas e
outros seres vivos que se difundem nos cultivos, competido pelo alimento. Escritos de Romanos e
Gregos mencionavam o uso de certos produtos como o arsénico e o enxofre para o controle de
insectos nos primórdios da agricultura, (RANGEL, 2011). A partir do século XVI registou-se o
emprego de substâncias orgânicas como a nicotina e o Piretros extraídos de plantas na Europa e
EUA, (PERES, 2007).
Entretanto, há cerca de 60 anos, o uso de agro-tóxicos vem se difundindo intensamente na
agricultura, e também no tratamento de madeiras, construção e manutenção de estradas, nos
domicílios e até nas campanhas de saúde pública de combate a malária, doença de chagas,
Dengue, (SILVAet al, 2005).
Esta escalada inicia-se a partir da segunda metade do século XX, quando pesquisadores e
empreendedores de países industrializados prometiam, através de um conjunto de técnicas,
aumentar estrondosamente a produtividade agrícola e resolver o problema da fome nos países em
desenvolvimento, (SOUSA, 2010). Contudo, na agricultura passaram cada vez mais serem
utilizados à medida que se desenvolveram equipamentos e agro-químicos direccionados ao
processo de produção, período este chamado de revolução verde, (RANGEL; ROSA;
SARCINELLI, 2001).
Conformava-se a chamada Revolução Verde, como modelo de produção racional, voltado à
expansão das agro-indústrias, com base na intensiva utilização de sementes híbridas, de insumos
industriais (fertilizantes e agro-tóxicos), mecanização da produção, uso extensivo de tecnologia
no plantio, na irrigação e na colheita, assim como na gestão, (MOREIRA, 2000).
Findas as grandes guerras, foi um caminho encontrado pelas indústrias de armamentos para
manter os grandes lucros; assim, os materiais explosivos transformaram-se em adubos sintéticos e
nitrogenados, gases mortais em agro-tóxicos, e os tanques de guerra em tractores (FIDELES,
2006). Portanto, se por um lado à utilização de agro-tóxicos favoreceu a intensificação da
produção de alimentos, é importante salientar que este não resolveu o problema da fome no
mundo, pois boa parte dos excedentes agrícolas gerados são commodities como a soja, a cana-de-
açúcar, frutas, e mais, e a fome assola 831 milhões de seres humanos no mundo, que estão
subalimentados (PNUD - 2004). Além disso, seus efeitos se fazem sentir cada vez mais na saúde
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humana e no meio ambiente. O uso indiscriminado que vem ocorrendo nas últimas décadas,
apesar de seus efeitos benéficos em termos de ganhos produtivos tem trazido grandes prejuízos e
efeitos indesejáveis à saúde humana e do meio ambiente, (RANGEL; ROSA; SARCINELLI,
2001).
Neste processo de modernização da agricultura, conduzido pelos interesses de grandes
corporações transnacionais, configurou-se o agro negócio enquanto um sistema que articula o
latifúndio, a indústria química, metalúrgica e de biotecnologia, o capital financeiro e o mercado
(FERNANDES e WELCH, 2008), com fortes bases de apoio no aparato político-institucional e
também no campo científico e tecnológico.
Este sistema ampliou a monocultura, a concentração de terras, de renda e de poder político dos
grandes produtores. Elevou também a intensidade do trabalho, a migração campo-cidade e o
desemprego rural. Por outro lado, a apropriação dos frutos dessa produtividade reverteu-se em
aumento dos lucros capitalistas, para os grandes proprietários rurais e as multinacionais
envolvidas, (REZENDE, 2005; PORTO e MILANEZ, 2009).
Frutos deste processo existem actualmente no mundo cerca de 20 grandes indústrias fabricantes
de agro-tóxicos, com um volume de vendas na ordem de 20 bilhões de dólares por ano e uma
produção de 2,5 milhões de toneladas de agro-tóxicos, sendo 39% de herbicidas, 33% de
insecticidas, 22% de fungicidas e 6% de outros grupos químicos, (RANGEL et.al, 2001). As
principais companhias agro-químicas que controlam esse mercado são: Syngenta, Bayer,
Monsanto, BASF, Dow AgroSciences, Du Pont, MAI e Nufarm. A América Latina é um
importante e crescente mercado no contexto mundial, onde o futuramente líquido na venda de
agro-tóxicos cresceu 18,6% entre 2006 a 2007, e 36,2% entre 2007 e 2008, (SINDAG, 2009).

3.2. Tipos de agro-tóxicos


No mundo existem mais de 200 tipos de agro-tóxicos e Moçambique é um dos países que aderiu
bastante no uso de agro-tóxico, em alguns países é proibido o uso de determinadas substâncias
por conta dos problemas que elas causam a saúde humana, como por exemplo, o câncer,
(RANGEL et. al, 2001). Portanto, os mais usados em Moçambique são:
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3.2.1. Abamectina
A Abamectina é um tipo de insecticida e acaricida que pertence à classe toxicológica I, bastante
utilizado nas plantações de batata, algodão, crisântemo, cravo, figo, ervilha, manga, feijão, melão,
melancia, pimentão, morango, tomate, uva, citros, mamão, pêssego, pepino entre outros. Esse
agro-tóxico em excesso causa toxicidade reprodutiva e dos seus metabólitos.

3.2.2. Acefato
O acefato é um insecticida e acaricida organofosforado, com a fórmula química C 4H10NO3PS,
usado no controle de insectos emplantações, como algodão e tabaco, em frutas, hortaliças e
plantas ornamentais (FRIGHETTO e AZEVEDO, 1997). Também é utilizado no controle de
insectos domésticos, como formigas e ácaros. o seu uso é permitido na aplicação foliar nas
culturas de algodão, amendoim, batata, citros, feijão, melão, soja e tomate rasteiro com fins
industriais, e no tratamento de sementes de algodão e feijão destinados ao plantio. Nas culturas de
brócolos, couve, couve-flor e repolho o produto pode ser utilizado somente até que sejam
registados agro-tóxicos substitutos ao acefato e não pode ser usado como domissanitário e em
jardinagem, (DIVISÃO de TOXICOLOGIA HUMANA e SAÚDE AMBIENTAL, 2017).
 Comportamento no ambiente
O principal processo de degradação do acefato no solo é o metabolismo aeróbio, com meia-vida
menor que dois (2) dias sob condições apropriadas de uso do insecticida, produzindo
metamidofós, (FRIGHETTO e AZEVEDO, 1997). O insecticida é estável a hidrólise, excepto em
pH alto (meia-vida de 18 dias em pH 9). O acefato não é persistente em sedimento argiloso
anaeróbio (meia-vida de 6,6 dias), (ALVARADO e PÉREZ, 1998).
Os principais produtos de degradação sob condições anaeróbias são dióxido de carbono e metano.
O acefato é muito solúvel em água, apresenta alta mobilidade em condições experimentais e
provavelmente não lixívia para a água subterrânea devido a não persistência em condições
aeróbias, (BULL e HATTAWAY, 1986).
 Exposição humana e efeitos à saúde
A exposição ao acefato geralmente está associada com efeitos gastrointestinais, neurológicos,
respiratórios e dérmicos, com sinais e sintomas como: náusea, vómito, diarreia, dor abdominal,
tremores, taquicardia, sudorese, desorientação, tosse, congestão e pneumonia. Irritação e reacções
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na pele, como inchaço, urticária, vermelhidão e erupções, também são relatadas, (Divisão de
Toxicologia Humana e Saúde Ambiental, 2017).

3.2.3. Glifosato
O Glifosato (N-(fosfonometil)-glicina) é um herbicida sistémico de amplo espectro e dessecante
de culturas. É um composto organofosforado, especificamente um fosfonato. É usado para matar
ervas daninhas, especialmente ervas daninhas folhosas perenes, e gramíneas que competem com
as culturas (SPRANKLE, PENNER, 1975:224 – 228).O glifosato é absorvido através das folhas,
e minimamente através de raízes e transportado para pontos de crescimento. Ele inibe uma
enzima vegetal envolvida na síntese de três aminoácidos aromáticos: fenilalanina, triptofano e
tirosina. Portanto, é eficaz somente em plantas em crescimento activo e não é eficaz como um
herbicida de pré-emergência, (SPRANKLE P, MEGGITT, 1975).
O glifosato é o ingrediente activo da fórmula de alguns herbicidas. Porém essas formulações
comerciais contêm, além de sais de glifosato, certos aditivos, tais como surfactantes de diferentes
tipos e em concentrações variáveis. Toxicologistas têm estudado os efeitos do glifosato
isoladamente, dos aditivos isoladamente e das formulações. Análises toxicológicas sugerem que
outros ingredientes em combinação com o glifosato podem ter maior toxicidade do que o
glifosato isoladamente, A OMS considera que a substância tem um potencial cancerígeno,
(FAO/WHO, 2016).

3.2.4. Efeitos do glifosato sobre a saúde humana


Há indícios de que o glifosato do produto Roundup tenha efeitos nocivos sobre a saúde, como o
aumento da incidência de certos tipos de câncer e alterações do feto por via placentária, gerando
microcefalia, (FAO/WHO, 2016). Além disso pode causar danos aos sistemas cardiovasculares,
gastrointestinal, renal, nervoso e respiratório. Também é uma substância bacteriogênica que
impede a reprodução da flora intestinal. A substância também estimula o surgimento do autismo,
(SPRANKLE P, MEGGITT, 1975).
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3.3. Riscos do agro-tóxicos para a saúde humana


Portanto, os riscos do uso de agro-tóxicos são eminentes, pois como o próprio nome diz. São,
contudo, produtos de natureza tóxica para os animais, somente aplicados para controlar a
agricultura.
Os agro-tóxicos são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados
ao uso nos sectores de produção, no armazenamento e beneficiação de produtos agrícolas, nas
pastagens, na protecção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de
ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da
fauna, a fim de preservá-las da acção danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as
substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de
crescimento. (BRASIL, 1989).
Porém, se por um lado a utilização de agro-tóxicos favoreceu a intensificação da produção de
alimentos, certamente que seus efeitos se fazem sentir cada vez mais na saúde humana e no meio
ambiente. O uso indiscriminado que vem ocorrendo nas últimas décadas, apesar de seus efeitos
benéficos em termos de ganhos produtivos tem trazido grandes prejuízos e efeitos indesejáveis à
saúde humana e do meio ambiente, (RANGEL; ROSA; SARCINELLI, 2001). Neste contexto
RANGEL, ROSA e SARCINELLI (2011) citam ainda que dois terços do total agro-tóxicos
existentes estão voltados para uso na agricultura o que torna os trabalhadores agrícolas mais
susceptíveis a exposição a estes compostos.
De acordo com RANGEL, ROSA e SARCINELLI, (2011), depois da exposição ocupacional as
principais fontes de exposição humana aos agro-tóxicos são as ambientais, uma vez que estes
produtos têm a capacidade de acumular-se no ar, água e solo, podendo, portanto, ter potencial de
causar danos no decorrer do tempo. Desta forma, pessoas podem estar expostas a níveis
excessivos de agro-tóxicos durante o trabalho e por meio da alimentação, contacto com solos,
água ou ar. Além destas vias de contaminação destacam ainda que podem ocorrer contaminação
das águas subterrâneas, lagos, rios e outros corpos de água, além de peixes e outras fontes de
suprimentos vitais para o bem-estar humano (RANGEL, ROSA e SARCINELLI, 2011).
Portanto, a exposição de forma crónica (exposição a baixas doses por longos períodos) pode
desencadear o desenvolvimento de doenças tanto em trabalhadores quanto na população exposta
a estes compostos, seja no ambiente, ou com a alimentação. Em geral, os riscos para a saúde
humana decorrentes da exposição a agro-tóxicos são, o desenvolvimento de câncer, mau
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formação e danos para o sistema nervoso e funcionamento do sistema endócrino (RANGEL;


ROSA; SARCINELLI, 2011).
De acordo com LYZNICKI et. al., (1997), apud SOARES (2010, p 17) os efeitos dos agro-tóxicos
na saúde humana, especialmente os crónicos, não têm sido caracterizados adequadamente, pois
os efeitos tardios de alguns desses químicos podem se tornar aparentes após anos de exposição.
E vários pesquisadores desta área, apresentam dados que evidenciam que, da mesma forma em
que a evolução tecnológica através do uso de agro-tóxicos gerou resultados positivos para a
agricultura mundial, trouxe também passivos que traduzidos em números revelam que, no
mundo, são a cada ano, pelo menos um milhão de pessoas intoxicadas por pesticidas e de 3.000 a
20.000 destas são levadas a óbito, (SOARES, 2010). Isto porque há muito contraste quanto à
forma de aplicação dos agro-tóxicos levando a uma maior exposição sem a utilização de
equipamento de protecção individual (EPI), diferentemente quanto se aplica utilizando
equipamentos de protecção individual (EPI).
O despertar para o reconhecimento dos efeitos nocivos dos produtos agro-tóxicos se deu a partir
de 1962, com a obra “Primavera Silenciosa”, de RACHEL CARSON, que trouxe à tona os
efeitos adversos da utilização dos pesticidas e insecticidas químicos sintéticos, particularmente
sobre o uso do DDT o qual penetrava na cadeia alimentar e acumulava-se nos tecidos gordurosos
dos animais, inclusive do homem, aumentando o risco de causar câncer e danos genéticos,
(SOARES, 2010).
Ainda neste sentido KOIFMAN, KOIFMAN (2003), apud BEDOR (2008) mencionam que o uso
indiscriminado de agro-tóxicos leva ao aumento do risco fazendo com que até mesmo populações
não directamente vinculadas com a cadeia produtiva e de não usuários destas substâncias também
se exponham em função da contaminação ambiental e dos alimentos, tornando a problemática
dos agro-tóxicos ainda mais uma séria questão de saúde pública.
PERES e MOREIRA (2007), em seu estudo sobre saúde e ambiente e a relação com o consumo
de agro-tóxicos em um pólo agrícola do estado do Rio de Janeiro citam que de acordo com o
Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas (SINITOX), dentre os 530 óbitos
registados no ano de 2003 pelos Centros de Controle de Intoxicações, os agro-tóxicos de uso
agrícola foram responsáveis por mais de 30 % das causas do total de óbitos e ainda que, para
pessoas do sexo masculino, estes agentes químicos representam 40 % do total de óbitos
registados
15

3.4. Degradação ambiental


A larga utilização de agro-tóxicos no processo de produção agropecuária, entre outras aplicações,
tem trazido uma série de transtornos e modificações para o ambiente, seja através da
contaminação das comunidades de seres vivos que o compõem, seja através da sua acumulação
nos segmentos bióticos e abióticos dos ecossistemas. (PERES&MOREIRA, 2007, p. 614).
A degradação do meio ambiente tem consequências em longo prazo e seus efeitos podem ser
irreversíveis. SEGUNDO VEIGA et. al., (2006), a aplicação de agro-tóxicos pode contaminar o
solo e os sistemas hídricos, culminando numa degradação ambiental que teria como consequência
prejuízos à saúde e alterações significativas nos ecossistemas.

3.5. Legislação vigente quanto ao uso do agro-tóxico


Em relação ao tema legislação a abordagem principal que deve ser levada em conta está
relacionada com a instrumentação legal directamente ligada ao tema de uso de agro-tóxicos,
configurando uma ferramenta importante para se garantir a actuação dos órgãos reguladores das
actividades e processos produtivos.
A Lei de Agro-tóxicos e afins (Lei nº 7.802, de 11 de Julho de 1989), estabelece que os agro-
tóxicos podem somente ser utilizados no país se forem registados em órgão federal competente,
de acordo com as directrizes e exigências dos órgãos responsáveis pelos sectores da saúde, do
meio ambiente e da agricultura. Neste sentido, o Decreto nº 4.074, de 04 de Janeiro de 2002, que
regulamentou a lei, estabelece as competências para os três órgãos envolvidos no registo de agro-
tóxicos: Ministério da Saúde (MS), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
e Ministério do Meio Ambiente (MMA), por meio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis, (CONSELHO NACIONAL de SEGURANÇA
ALIMENTAR e NUTRICIONAL, 2010).
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Cronograma

Actividades
Fevereiro Março Maio Junho Julho Agosto Setembro
Escolha do Tema
Levantamento Bibliográfico
Colecta de dados
Tratamento/análise de dados
Elaboração do relatório final
Revisão do texto
Entrega do trabalho final

Orçamentação
Quant
Material Custos Total
.
Escolha do tema
Levantamento bibliográfico 500,00 MT 500,00 MT
Colecta de dados 1500,00 MT 1500,00 MT
Tratamento e análise dos dados
Elaboração do relatório final 5 300,00 MT 1500,00 MT
Revisão do texto 3 100,00 MT 300,00 MT
Transporte 4 1200,00 MT 4800,00 MT
Entrega do trabalho Final 3 500 1500,00MT

Total 10 . 100 MT
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Bibliografia

FIDELES, N. Impactos da Revolução Verde. RádioagenciaNP, São Paulo, set. 2006

FREIRE, M. Apontamentos de Agricultura Geral: Regiões Agro-ecológicas de Moçambique,


FAEF-UEM, Maputo, 2002.

FRIGHETTO, R. T. S. Impacto ambiental decorrente do uso de pesticidas agrícolas. In: MELO,


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