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superficiais que coalescem e formam grandes bolhas flácidas.

Inicialmente, as bolhas são preenchidas por um líquido claro seroso,


porém o conteúdo das bolhas rapidamente se torna turvo e, por fim, purulento. Embora as bolhas possam permanecer intactas,
elas em geral se rompem e desenvolvem uma fina crosta castanha, descrita por alguns autores como “laca”. Fraqueza, febre e
diarreia podem ser observadas. Linfadenopatia e a celulite são complicações incomuns. Meningite e pneumonia são muito raras,
mas podem causar complicações sérias, incluindo a morte.

Diagnóstico
Normalmente, o diagnóstico presuntivo pode ser feito facilmente pela avaliação clínica. Quando o diagnóstico clínico não é
evidente ou a infecção não responde ao tratamento padrão dentro de sete dias, o diagnóstico definitivo requer o isolamento de S.
aureus ou S. pyogenes por cultura da pele envolvida.

Tratamento e Prognóstico
Para pacientes com impetigo não bolhoso envolvendo apenas uma pequena área com poucas lesões, mupirocina tópica ou ácido
fusídico (disponível no Canadá e Europa, mas não nos Estados Unidos) tem se mostrado eficaz. Embora incomuns, têm sido cada
vez mais relatados episódios de resistência a esses medicamentos, especialmente em infecções associadas a S. aureus meticilina-
resistentes. Nesses casos, a utilização de retapamulina tópica tem provado ser eficaz em muitos pacientes. A remoção das crostas
com uma toalha limpa molhada com água morna e sabão é recomendada antes da aplicação do medicamento tópico, ao invés de
realizar a aplicação do medicamento na pele inerte, seca e esfoliada. Para as lesões bolhosas ou mais extensas, os antibióticos
tópicos geralmente são insuficientes; o tratamento de eleição consiste em antibiótico sistêmico via oral por uma semana. O
melhor antibiótico é aquele eficaz tanto contra o S. pyogenes quanto contra S. aureus penicilina-resistente. Cefalexina,
dicloxacilina, flucloxacilina e amoxicilina-ácido clavulânico representam boas opções atuais. Em comunidades frequentadas por S.
aureus meticilina-resistentes, as terapias com agentes como trimetoprima/sulfametoxazol, clindamicina, tetraciclina ou
fluoroquinolonas são recomendadas. Se não forem tratadas, as lesões muitas vezes crescem lentamente e vão se espalhando.
Complicações graves, como a glomerulonefrite aguda, são raras, mas possíveis em casos prolongados. O diagnóstico incorreto e o
tratamento com corticosteroides tópicos pode levar à resolução das crostas superficiais, porém as lesões infecciosas, vermelhas e
inflamadas permanecem.

◆ ERISIPELA
A erisipela é uma infecção superficial da pele, mais comumente associada aos estreptococos β-hemolíticos (geralmente do grupo
A, como S. pyogenes, mas ocasionalmente de outros grupos, como C, B ou G). Outros microrganismos, como o Staphylococcus
aureus, têm sido isolados a partir das lesões, porém não está claro se essas bactérias são causadoras ou contaminantes. A infecção se
dissemina rapidamente pelos vasos linfáticos, os quais se tornam preenchidos por fibrina, leucócitos e estreptococos. O termo fogo
de Santo Antônio tem sido utilizado para descrever a erisipela, embora esse termo também esteja associado ao ergotismo. Como a
Casa Francesa de Santo Antônio, um hospital do século XI, tinha paredes vermelhas cor de fogo semelhante à cor da erisipela, o
termo fogo de Santo Antônio foi utilizado para descrever essa doença. Atualmente, a erisipela facial clássica é um diagnóstico raro e
muitas vezes esquecido. Ocasionalmente, o diagnóstico apropriado não é alcançado precocemente devido à confusão com a
celulite facial originada de uma infecção odontogênica.

Características Clínicas
A erisipela tende a ocorrer principalmente em pacientes adultos jovens e idosos, ou naqueles que estão debilitados, diabéticos,
imunossuprimidos, obesos ou alcoólatras. Os pacientes que apresentam áreas de edema linfático crônico ou cicatrizes cirúrgicas
extensas (como pós-mastectomia ou venectomia de safena) também são suscetíveis à doença. A infecção pode ocorrer em qualquer
parte da pele, especialmente nas áreas de trauma prévio. Os locais mais afetados são as pernas nas áreas acometidas pela tinea pedis
(pé de atleta). A face, os braços e a parte superior da coxa também são frequentemente acometidos. Nota-se um aumento da
prevalência da erisipela facial no inverno e na primavera, enquanto o pico de prevalência da erisipela que envolve as extremidades
inferiores ocorre no verão.
Quando as lesões ocorrem na face, elas em geral acometem as bochechas, pálpebras e o dorso do nariz, algumas vezes
produzindo o aspecto de lesão em forma de borboleta, que pode lembrar o lúpus eritematoso (p. 741). Quando as pálpebras estão
envolvidas, elas podem se tornar edemaciadas e fechadas, lembrando o angioedema (p. 326). A área afetada é dolorida, vermelho-
brilhante, bem-delimitada, aumentada, endurecida e quente ao toque (Fig. 5-3). Muitas vezes, a pele afetada demonstra uma
textura superficial que lembra casca de laranja (peau d’orange). Febre alta e linfadenopatia estão frequentemente presentes.

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