Você está na página 1de 10

INTRODUCAO

A celulite é uma condição comum da pele, causada pelo acúmulo de gordura, água e
toxinas nas células adiposas. Embora não seja prejudicial à saúde, pode afetar a
aparência da pele, resultando em ondulações. Fatores como genética, idade e estilo
de vida desempenham papéis importantes. Exercícios, dieta equilibrada e
tratamentos estéticos podem ajudar a minimizar os efeitos visuais da celulite. É
importante lembrar que a celulite é normal e afeta pessoas de todos os tipos de
corpo.
DESENVOLVIMENTO

Desvendando a Celulite: Causas, Mitos e Estratégias de Combate

É uma infecção bacteriana aguda da pele e tecido subcutâneo, geralmente causada por
estreptococos ou estafilococos. Sinais e sintomas são dor, calor, eritema de rápida
disseminação e edema. Pode ocorrer febre, e linfonodos regionais podem aumentar em
infecções mais graves. O diagnóstico baseia-se na aparência; culturas podem ajudar, mas não
se deve postergar o tratamento com antibióticos, à espera desses resultados. O prognóstico é
excelente com o tratamento no momento oportuno.

As causas mais comuns de celulite são


 Streptococcus pyogenes
 Staphylococcus aureus

A celulite é frequentemente causada pelos estreptococos do grupo A beta-hemolíticos


(p. ex., S. pyogenes) ou S. aureus. A barreira da pele geralmente está comprometida.
Os estreptococos podem causar infecções difusas de rápida disseminação em razão
das enzimas produzidas pelos organismos (estreptoquinase, desoxirribonuclease,
hialuronidase) que rompem os componentes celulares que contêm e restringem a
inflamação.

A celulite estafilocócica é tipicamente mais localizada e, geralmente, ocorre em uma


ferida aberta ou abscesso cutâneo.

Manifestações da celulite estreptocócica

Celulite estreptocócica com necrose tecidual concomitante


© Springer Science+Business Media
Celulite estreptocócica com linfangite concomitante
Essa foto mostra rubor e edema focais nas pernas, geralmente acompanhados de
calor e dor à palpação, característicos da celulite focal. Observar que o médico
marcou a borda da celulite com uma caneta para facilitar o reconhecimento da
disseminação ou resolução. Observe a linha de vermelhidão que se estende até a
coxa decorrente de linfangite.

Celulite estreptocócica
Essa foto mostra rubor e edema focais, geralmente acompanhados por calor e
sensibilidade, característicos da celulite. Observar que o médico marcou a borda da
celulite com uma caneta para facilitar o reconhecimento da disseminação ou
resolução.

S. aureus resistente à meticilina (SARM-USA300) é a cepa associada à comunidade


predominante nos Estados Unidos [SARM associado à comunidade (SARM-AC); 1].
Se há suspeita de S. aureus, deve-se considerar infecção por SARM a etiologia mais
provável. Pacientes expostos a SARM em hospitais ou sob cuidados de enfermagem
podem ter uma cepa do SARM que apresenta um padrão de resistência diferente
daquele do SARM-USA300.

Causas menos comuns da celulite são


 Estreptococos do grupo B (p. ex., S. agalactiae) em idosos com diabetes
 Bacilos Gram-negativos (p. ex., Haemophilus influenzae) em crianças
 Pseudomonas aeruginosa em pacientes com diabetes ou neutropenia, usuários
de banheiras ou termas e pacientes hospitalizados

Mordeduras de animais podem causar celulite e costumam ser


polimicrobianas; Pasteurella multocida frequentemente é a causa nas mordidas de
gatos e as espécies Pasteurella ou Capnocytophaga normalmente são as
responsáveis em mordidas de cães.
Lesões durante a imersão em água doce podem resultar em celulite por Aeromonas
hydrophila. Lesões por imersão em água salobra quente podem resultar em celulite
causada por Vibrio vulnificus.

Pacientes imunocomprometidos podem ser infectados por organismos


oportunistas, incluindo bactérias gram-negativas
(como Proteus, Serratia, Enterobacter, ou Citrobacter), bactérias
anaeróbias e Helicobacter e Fusarium spp. Micobactérias raramente causam celulite.
Os fatores de risco são anormalidades na pele (como trauma, ulceração, infecção por
fungos e outros comprometimentos da barreira cutânea devido a doenças
preexistentes), que são mais comuns em pacientes com insuficiência venosa
crônica ou linfedema. As cicatrizes de safenectomia por problemas venosos ou
cardíacos são locais comuns de celulites de repetição, principalmente se houver tinha
do pé associada. Geralmente, não há evidência de uma porta de entrada ou fatores
predisponentes.

Referência sobre etiologia


 1. Lakhundi S, Zhang K: Methicillin-resistant Staphylococcus aureus: Molecular
characterization, evolution, and epidemiology. Clin Microbiol Rev 31:e00020-18, 2018.
doi: 10.1128/CMR.00020-18
Sinais e sintomas da celulite
A infecção é mais comum nos membros inferiores. A celulite é caracteristicamente
unilateral; dermatite de estase simula a celulite, mas geralmente é bilateral.
Os principais achados são eritema local e sensibilidade e, nas infecções mais graves,
geralmente linfangite e linfadenopatia regional. A pele é quente, edematosa e eritema,
e a superfície da pele às vezes tem o aspecto de casca de laranja. As bordas,
geralmente, são indistintas, exceto na erisipela (um tipo de celulite com margens bem
delimitadas). As petéquias são comuns, ao passo que grandes áreas de equimose
são raras.
Vesículas e bolhas podem se desenvolver e romper, ocasionalmente com necrose da
pele afetada.

Celulite pode mimetizar trombose venosa profunda, mas se diferencia por uma ou
mais características (ver tabela ).
TABELA
Diferenciação entre celulite e trombose venosa profunda
Característica Celulite Trombose venosa profunda

Normal ou quente (raramente frio, a


Temperatura da menos que haja isquemia do membro
Quente
pele devido à doença venosa extensa que
causa insuficiência arterial)

Normal ou eritematosa, mas palpável


Cor da pele Eritematosa
(raramente cianótica)

Aspecto em
Superfície da pele casca de Lisa
laranja

Linfangite e
linfadenopatia Frequente Inexistente
regional

A maioria das celulites é não purulenta. Contudo, ocasionalmente a celulite é


acompanhada de uma ou mais pústulas, furúnculos ou abscessos, com ou sem
secreção purulenta ou exsudato, sendo denominada purulenta.
Febre, calafrios, taquicardia, cefaleia, hipotensão e delirium (geralmente indicando
infecção grave) podem preceder os achados cutâneos em várias horas, mas muitos
pacientes não parecem estar enfermos. Leucocitose é comum. Celulite com rápida
propagação da infecção, dor que piora rapidamente, hipotensão, delirium ou
descamação de pele, especialmente com bolhas e febre, sugere infecção
potencialmente fatal.

Diagnóstico da celulite
 Exame

 Às vezes, hemocultura

 Às vezes, culturas teciduais

O diagnóstico de celulite é por exame. Dermatite de contato e dermatite de


estase são muitas vezes diagnosticadas erroneamente como celulite, levando a uso
desnecessário de antibióticos. Pode-se frequentemente diferenciar dermatite de
contato pela presença de prurido, limitação das lesões ao local de contato, ausência
de sinais sistêmicos e, às vezes, localização unilateral. Pode-se às vezes diferenciar
dermatite de estase pelas características da própria dermatite (p. ex., descamação,
achados eczematosos, liquenificação), evidência de estase venosa e localização
bilateral. Outras doenças a considerar incluem linfoma cutâneo de células
T, dermatite numular e infecção por tinha.
Hemoculturas são úteis para detectar ou descartar bacteremia em pacientes
imunocomprometidos e em pacientes com sinais de infecção sistêmica (p. ex., febre e
leucocitose).
Em pacientes imunocomprometidos, cultura do tecido acometido pode ser necessária
se não responderem à terapia empírica ou se hemoculturas não isolarem o
organismo, bem como para pacientes com celulite no local de certas lesões (p. ex.,
feridas por mordida de animal ou lesões penetrantes).

Geralmente não se indicam culturas da pele e feridas (quando presentes) na celulite


porque raramente identificam o organismo infectante.

Deve-se descartar abscesso com base em achados clínicos, embora a


ultrassonografia à beira do leito possa ser útil.

Tratamento da celulite
 Antibióticos

Antibióticos são o tratamento de escolha, e a escolha é feita por presença ou


ausência de pus e outros fatores de risco de infecção graves e/ou resistente (1). Os
tratamentos geralmente não são administrados durante um período fixo, sendo
mantidos até haver resposta clínica satisfatória — mas geralmente por não menos de
1 semana.
O edema melhora com a imobilização e elevação da área afetada; o desconforto local
pode ser aliviado com compressas frias.

A terapia de compressão pode ajudar a prevenir episódios repetidos de celulite nas


pernas em pacientes com celulite recorrente que têm edema crônico nos membros
inferiores.

Celulite não purulenta e sem complicações


Para a maioria dos pacientes com celulite não purulenta, usa-se terapia empírica
eficaz contra estreptococos do grupo A e S. aureus.
O tratamento oral costuma ser adequado nas infecções leves, tipicamente com
dicloxacilina, 250 mg ou cefalexina 500 mg 4 vezes ao dia. Em pacientes alérgicos à
penicilina, clindamicina, 300 a 450 mg, 3 vezes ao dia, é uma alternativa.

Pacientes com celulite leve causada por mordidas de mamíferos podem ser tratados
ambulatorialmente com amoxicilina/ácido clavulânico, 875/125 mg, por via oral a cada
12 horas. Em pacientes alérgicos à penicilina, pode-se usar clindamicina, 300 a 450
mg, 3 vezes ao dia, mais uma fluoroquinolona oral (p. ex., ciprofloxacino 500 mg a
cada 12 horas) ou sulfametoxazol/trimetoprima (800 mg de sulfametoxazol/160 mg de
trimetoprima) por via oral 2 vezes ao dia.

A celulite que se desenvolve após exposição à água doce ou salobra deve ser tratada
com uma cefalosporina de 1ª geração, como cefalexina, 500 mg, VO, 4 vezes ao dia,
ou cefazolina 1 g, IV, a cada 8 horas, além de uma fluoroquinolona. Se a celulite se
desenvolver após a exposição à água salobra ou salgada, doxiciclina, 100 mg, VO, 2
vezes ao dia, também deve ser adicionada.
Prováveis organismos infectantes tendem a ser semelhantes na água salobra e doce
(p. ex., Vibrio spp, Aeromonas spp, Shewanella spp, Erysipelothrix
rhusiopathiae, Mycobacterium marinum, Streptococcus iniae).
Celulite recorrente pode recorrer em pacientes com fatores de risco como tinha dos
pés, obesidade, insuficiência venosa, edema e dermatite atópica. Deve-se identificar
e tratar essas doenças para reduzir a probabilidade de celulite recorrente. Pode-se
considerar antibióticos profiláticos como penicilina benzatina 1,2 milhão de unidades
IM mensalmente ou penicilina V ou eritromicina 250 mg por via oral 2 vezes ao dia
por 1-12 mês para pacientes com 3 a 4 episódios de celulite por ano, apesar do
tratamento dos fatores de risco. Pacientes tomando antibióticos profiláticos devem ser
avaliados regularmente para monitorar os efeitos adversos e a eficácia do tratamento.
Os antibióticos devem ser mantidos até que os fatores de risco também tenham sido
controlados. Se essas medidas não forem eficazes, pode-se solicitar cultura dos
tecidos.

SARM e celulite purulenta ou complicada


Celulite purulenta e outros fatores de risco predispõem à infecção complicada
(grave, p. ex., mais profunda, invasiva, sistêmica). Os pacientes afetados devem
receber cobertura para SARM.
Os fatores de risco de SARM e infecção complicada incluem:

 Trauma penetrante

 Feridas cirúrgicas

 Exposição recente durante hospitalização ou em uma casa de repouso

 Uso de drogas ilícitas IV

 Proximidade da infecção com um dispositivo implantado cirurgicamente, como


uma prótese articular

 Infecção prévia por SARM

 Colonização nasal conhecida por SARM

 Características clínicas sugestivas de infecção grave

As características clínicas sugestivas de SARM ou infecção complicada (sintomas de


alto risco) incluem:

 Dor desproporcional aos achados físicos

 Hemorragia cutânea

 Bolhas

 Descamação da pele

 Anestesia cutânea

 Progressão rápida
 Enfisema cutâneo

 Sinais de toxicidade sistêmica (p. ex., febre ou hipotermia, taquicardia,


hipotensão, delirium)

Para suspeita de SARM sem características sugestivas de infecção complicada, um


tratamento ambulatorial empírico razoável é utilizar sulfametoxazol/trimetoprima (800
mg de sulfametoxazol/160 mg de trimetoprima) 2 vezes ao dia, doxiciclina 100 mg por
via oral 2 vezes ao dia, linezolida 600 mg por via oral 2 vezes ao dia ou clindamicina
300 a 450 mg por via oral 3 vezes ao dia (mas a resistência à clindamicina está se
tornando mais prevalente).
Pacientes que têm infecções mais graves, com sintomas de alto risco com suspeita
ou confirmação de SARM, ou cuja terapia oral falhou são hospitalizados e
normalmente recebem um dos seguintes:

 Vancomicina 15 mg/kg IV a cada 12 horas é o medicamento de escolhae


(ver Resistência a antibióticos)
 Linezolida 600 mg IV a cada 12 horas por 10 a 14 dias, geralmente para SARM
muito resistente

 Daptomicina 4 a 6 mg/kg IV uma vez ao dia

 Teicoplanina 6 mg/kg IV a cada 12 horas (2 doses) seguida de 3 ou 6 mg/kg IV


ou IM uma vez ao dia para alcançar uma concentração mínima específica (o
mecanismo de ação é semelhante ao da vancomicina; comumente usado fora
dos Estados Unidos para tratar SARM)
O uso de medicamentos alternativos para infecção bacteriana aguda grave da pele e
da estrutura da pele por S. aureus (incluindo SARM) baseia-se na disponibilidade,
facilidade de administração, perfil dos efeitos adversos e no custo. As alternativas
incluem:
 Linezolida ou tedizolida (IV ou oral)

 Delafloxacino (IV ou oral)

 Omadaciclina (IV ou oral)

 Ceftarolina e ceftobiprol (disponível apenas no Canadá e na Europa) (IV)

 Dalbavancina, oritavancina e telavancina (IV)

A celulite em um paciente com neutropenia requer cobertura antibiótica de amplo


espectro. Recomenda-se vancomicina mais cefepima ou meropeném até que os
resultados da hemocultura estejam disponíveis para orientar a terapia. Deve-se
considerar veementemente a cultura dos tecidos de modo a identificar o organismo
etiológico devido ao risco aumentado de infecção fúngica. Deve-se considerar a
realização de cultura em pacientes imunocomprometidos se eles não responderem à
terapia empírica ou se hemoculturas não isolarem o organismo, bem como para
pacientes com celulite no local de certas lesões (p. ex., feridas por mordida de animal
ou lesões penetrantes).

Referência sobre o tratamento


 1. Brindle R, Williams OM, Barton E, Featherstone P: Assessment of antibiotic
treatment of cellulitis and erysipelas: A systematic review and meta-analysis. JAMA
Dermatol 155(9):1033–1040, 2019. doi: 10.1001/jamadermatol.2019.0884

Prognóstico da celulite
A maioria dos casos de celulite se resolve rapidamente com antibioticoterapia. Os
abscessos locais ocasionalmente requerem incisão e drenagem. Complicações
graves, mas raras, são infecção subcutânea necrosante grave e bacteremia
focos metastáticos de infecção.
A recidiva na mesma região é comum, às vezes causando sérios danos aos linfáticos,
obstrução linfática crônica e linfedema.

Pontos-chave
 Os patógenos que mais comumente causam a celulite são o S. pyogenes e
o S. aureus.
 Considerar S. aureus resistente à meticilina (SARM) diante de certos
fatores de risco (p. ex., celulite purulenta, trauma penetrante, infecção de
ferida e/ou colonização nasal), especialmente se houver um surto
conhecido ou se a prevalência local for alta.
 Diferenciar celulite do membro inferior de trombose venosa profunda pela
presença de calor na pele, eritematosa, aspecto de casca de laranja e
linfadenopatia.

 Considere a obtenção de cultura de tecidos em pacientes


imunocomprometidos se eles não responderem à terapia empírica ou se
hemoculturas não isolarem o organismo, bem como para pacientes com
celulite no local de certas lesões (p. ex., feridas por mordida de animal ou
lesões penetrantes).

 Antibioticoterapia direcionada contra os patógenos mais prováveis nas


situações clínicas específicas.

A celulite, muitas vezes mal compreendida, é uma condição que afeta a aparência da
pele, especialmente nas áreas das coxas e nádegas. Suas causas são variadas,
incluindo fatores genéticos, hormonais e estilo de vida. Contrariamente ao que
muitos pensam, não está exclusivamente relacionada ao excesso de peso.

Causas Principais:

Genética: Predisposição genética desempenha um papel significativo na propensão à


celulite.
Hormônios: Alterações hormonais, como aquelas associadas à puberdade, gravidez e
menopausa, podem contribuir.
Estilo de Vida: Sedentarismo, dieta desequilibrada e tabagismo podem agravar a
condição.
Mitigando a Celulite:

Atividade Física: Exercícios regulares, especialmente treinamento de resistência,


podem tonificar os músculos e melhorar a aparência da pele.
Alimentação Saudável: Consumir uma dieta balanceada, rica em fibras, antioxidantes
e água, pode ajudar a reduzir a celulite.
Hidratação: Manter a pele hidratada pode melhorar sua elasticidade e reduzir a
visibilidade da celulite.
Tratamentos Estéticos:

Massagens e Drenagem Linfática: Podem ajudar a melhorar a circulação sanguínea e


a reduzir a retenção de líquidos.
Procedimentos Estéticos: Laser, radiofrequência e outros tratamentos podem ser
eficazes para diminuir a aparência da celulite.
Desmistificando Mitos:

Exclusividade do Peso: A celulite afeta pessoas magras e com sobrepeso.


Produtos "Milagrosos": Cremes e produtos específicos podem ter efeitos limitados.
Conclusão:
Embora a celulite não represente um risco para a saúde, pode impactar a
autoestima. Adotar um estilo de vida saudável e explorar opções de tratamento
pode ajudar a minimizar seus efeitos, promovendo uma relação mais positiva com o
corpo.

Você também pode gostar