Você está na página 1de 3

SEMINÁRIO DIREITO TRIBUTÁRIO

DO TURISMO
19 e 20 de abril
Aluna: Vanessa Moura Duarte Godoi

EMPRESAS DE LOCAÇÃO DE IMÓVEIS e a TRIBUTAÇÃO

É muito difícil tributar empresas como o AirBnb, pois não temos normas preparadas para
tanto. A falta de uma regulamentação específica para esses novos modelos deixa as
legislações desatualizadas. Seria apropriada a expressão economia do compartilhamento?
Essa cultura é para que certas famílias tenham uma fonte extra de renda, alugando um
quarto da casa, por exemplo, claro que tem esses pontos positivos, mas tem pontos muito
negativos, com relação à tributação.

A nova economia proposta pelo Airbnb tem grande apoio da população, mas o que essa
narrativa esconde são os impactos sociais negativos do funcionamento desta plataforma.
Percebe-se que grande parte dos anfitriões no Airbnb são empresas que possuem vários
imóveis, nesses casos, não faz o menor sentido chamar isso de compartilhamento de lares.

Empresas de locação de imóveis, como a Airbnb, não são taxadas. A locação em si tem
bem menos impostos, não é possível ter cobrança de ISS (imposto sobre serviço) em
locações. Como no Airbnb só existe uma mera cessão do espaço, não há prestação de
serviços, não há que se falar em ISSQN. Se houver serviços envolvidos como café da
manhã, limpeza, recepção... essas são algumas características que descaracterizam o
mero "entregar o imóvel para uso", nesse caso, é possível falarmos em tributação, mas a
empresa taxa isso através da “taxa de serviço” presente no site.

Portanto, o Airbnb propõe o que ele chama de “autorregulação”, terceirizando a


responsabilidade. O Airbnb tenta se afastar dessas responsabilidades ao transferir esta
para os anfitriões, muitas vezes pessoas físicas, sem conhecimentos legais, dando abertura
para evasões fiscais. Essa terceirização permite comportamentos oportunistas dos
anfitriões, por meio de omissão no recolhimento de tributos incidentes, duplicidade de dados
cadastrais e erros na classificação do espaço.
TRIBUTAÇÃO DE PLATAFORMAS DIGITAIS E ATIVIDADES
TURÍSTICAS

No ano de 2022 percebemos uma crescente no que diz respeito ao turismo, principalmente
por ser um ano pós-pandemia. Uma das experiências turísticas que vem crescendo cada
vez mais são os cruzeiros, com uma arrecadação de cerca de 4 bilhões no último ano. Em
relação aos cruzeiros, percebemos um conflito no que diz respeito à tributação.

Os cruzeiros usam o que chamamos de contrato de afretamento, sendo o fretador o próprio


navio, e o afretar a pessoa que irá usufruir, seja uma pessoa física ou uma entidade como a
CVC. O que é complexo nessa relação, é que não há tributação por cima dessa atividade
turística. Muitos dizem não caber ISS, comparando os cruzeiros com locações, que não tem
prestação de serviço, logo não caberia a tributação.

Contudo, percebe-se que, claramente, em um cruzeiro há sim o que chamamos de


prestação de serviço, não sendo apenas uma hospedagem. Em um primeiro momento, o
STF entendeu que não caberia taxação, porém, posteriormente, entendeu-se que para as
mercadorias importadas e comercializadas a bordo do navio enquanto este permaneceu em
território nacional caberia a incidência de:
(i) Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros;
(i) Imposto sobre Produtos Industrializados; e
(iii) PIS/COFINS – Importação.

Portanto, levando em consideração a dificuldade em fiscalizar e controlar os limites


territoriais, bem como toda a atividade de importação que ocorre dentro de uma
embarcação, a Receita Federal do Brasil valeu-se de um regime diferenciado de tributação,
com vistas a facilitar o controle da sua fiscalização e, também, do próprio sujeito ativo da
obrigação tributária que deverá efetuar o registro pormenorizado da movimentação das
mercadorias importadas destinadas à venda.
TAXAS TURÍSTICAS: TRIBUTOS BILATERAIS?

As taxas turísticas são uma cobrança realizada em algumas cidades turísticas, com o
objetivo de arrecadar recursos para investimentos em infraestrutura e promoção do turismo
local. A questão da natureza jurídica das taxas turísticas é controversa, e há debates em
torno de sua caracterização como tributos bilaterais.

Os tributos bilaterais são aqueles em que há uma relação específica entre o Estado e o
contribuinte, sendo que o pagamento da taxa confere ao contribuinte o direito a um serviço
específico, como no caso da taxa de coleta de lixo. No entanto, no caso das taxas turísticas,
não há uma relação específica entre o Estado e o contribuinte, já que o serviço turístico é
oferecido a todos os visitantes da cidade.

Além disso, as taxas turísticas são cobradas com base em um período de permanência, o
que pode dificultar ainda mais sua caracterização como tributo bilateral. Por outro lado, há
argumentos de que a taxa turística pode ser considerada um tributo bilateral, já que o
pagamento da taxa dá ao visitante o direito de usufruir da infraestrutura turística local.

Em resumo, a questão da caracterização das taxas turísticas como tributos bilaterais é


controversa e ainda não foi pacificada pela jurisprudência.

DIMENSÃO SÓCIO-ECONÔMICA DO TURISMO E TRIBUTAÇÃO


DO CONSUMO DE PRODUTOS E SERVIÇOS TURÍSTICOS

No Brasil há uma infraestrutura ruim com relação aos solos, para os turistas, além de uma
insegurança no que diz respeito à segurança pública. Por isso, há um déficit na balança
comercial do turismo no Brasil, apesar do país ter grande grau de diversidade e cultura. A
constituição reconhece a tributação dos serviços turísticos, sendo o imposto mais usado o
ISSQN.

Houve muitas mudanças no setor de turismo no Brasil e no mundo, com o processo de


gentrificação, às novas plataformas digitais de turismo, como o airbnb e o booking, e as
mudanças no meio ambiente, por causa dos excessos no turismo. Para quem estamos
concedendo os incentivos fiscais? O caso do airbnb é o mais complexo no Brasil.

Você também pode gostar