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INSTITUTO LATINO-AMERICANO DE ARTE,

CULTURA E HISTÓRIA (ILAACH)

SHEILA CARVALHO DE SOUZA

PSICOLOGIA DAS MASSAS NO FASCISMO

FOZ DO IGUAÇU, PR
2023
SHEILA CARVALHO DE SOUZA

PSICOLOGIA DAS MASSAS NO FASCISMO

Resenha crítica do livro psicologia das massas no


fascismo por Wilhelm Reich, apresentado à
Universidade Federal da integração Latino-
americana como primeira avaliação da matéria de
Psicologia Social, segundo período de Serviço
social.

Professor Lucas Kerr de Oliveira

FOZ DO IGUAÇU, PR.


2023
DESENVOLVIMENTO
Nesta resenha crítica vou trazer os pontos essenciais da obra de Wilhelm
Reich no livro Psicologia das massas no Fascismo. Adentrando em como surgiu e se
estruturou. Reich faz uma análise profunda do poder que as massas possuem ao
criar e apoiar governos autoritários fascistas. Há pouco menos de um século a união
soviética já se estabelecera, os soviéticos já vinham se conformando sob os
comandos dos socialistas. E no início do século 20 ira se formar um cão de guarda
do capitalismo, que é o Partido Nacional-Socialista dos trabalhadores alemães
(Partido Nazista), que é formado como uma amálgama para recrutar os
trabalhadores em geral para sua causa, retirando-os do ideário do socialismo para a
manutenção do capitalismo com características regressivas, fazendo na época
concessões à classe trabalhadora.

E a grande pergunta de Wilhelm Rich era, o porquê diferente do que Marx


e Engels disseram na época: Proletários de todos os Países uni-vos, vocês não têm
nada a perder a não ser os próprios aguilhoes. Os trabalhadores votaram em massa
no partido Nazista, por que aderiram à causa da reação? Por que não tiveram
solidariedade Nacional? E aderiram a causa odienta da primeira guerra mundial,
defendendo os grandes capitalistas em seus respectivos Países, contra os
trabalhadores se encarniçando nas trincheiras contra outros trabalhadores. Porque o
partido comunista foi derrotado e o partido Nazista lançado ao poder.
Sobre consciência de classe, uma cúpula da sociedade teria interesse na
manutenção então no capitalismo. Mas, então o porquê sua base votou à direita? E,
não apenas isso e sim na extrema direita e não no partido comunismo, são essas
questões que norteiam a discussão de psicologia de massas do fascismo. A
construção da consciência de classe marxista pressupunha uma organização
determinada dos trabalhadores, sendo explorados em grandes fábricas, em uma
determinada linha de produção, ganhando um salário muito próximo da mera
sobrevivência, daí a admissão de proletário- aquele que vive da prole. Essa
dimensão de consciência de classe, foi fortalecida com a luta do movimento
operário, do sindicato, dos movimentos sociais e partidos políticos. E vários direitos
sociais foram conquistados ao longo do século 19, direitos que agora o
Neoliberalismo arrasa, destruindo dois séculos de lutas da classe trabalhadora.
Mas, é importante enfatizar que essa solidariedade de luta de classes,
que buscava o internacionalismo, à união dos trabalhadores para além das
fronteiras, ela que vem do bojo da Revolução industrial, precisa de contrastar e se
contrapor a milênios de patriarcado, hierarquia, desigualdade e imposição religiosa;
Da estrutura do mundo tal qual como ele se apresenta: Base uma cúpula e uma
enorme base de depauperados a imantação do poder como sagrado, a dimensão
que as pessoas estão acostumadas muito mais a obediência à hierarquia do que a
liberdade, a autodeterminação, a escolha. As mulheres foram historicamente
privadas, silenciadas e castradas pelo patriarcado. Não falando apenas de violência
ostensiva, mas, a dominação historicamente configurada. Ela pressupõe um
consenso da dominação, uma introjeção da dominação, uma colonização do
imaginário pela dominação, então a maneira que essas pessoas sintam que essa
dominação não aparece como carrasco, mas, sim como algo natural que não foi
fabricado, porque existe por si só. É ai que a dominação é colocada como consenso
e naturalidade, dentro de casa ao redor da mesa de almoço e janta, quando o pai de
família se senta a ponta e cada um pode comer tradicionalmente só após a primeira
garfada ser dada, ali existe uma divisão tradicional, em termos daquilo que a mulher
faz e daquilo que homem não faz. Tudo isso prepara na célula mais tenra da
sociedade, faz essa preparação da família até a cúpula do Estado, para essa figuras
de pai; Pai na família, pai na escola, pai no trabalho, pai na universidade e por fim
pai no Estado, é assim que Reich entrever no Fuhrer (que significa: conduzir), como
se ele fosse o guia a receber a dominação de todas pessoas.
Há um dito popular que diz: Onde todo mundo quer mandar ninguém
obedece. Um dito antidemocrático por excelência e aí que nós percebemos, essa
dimensão que o Fuhrer poderia congregar a todos auspícios de dominação frustrada
das pequenas pessoas em direção a grande dominação.
Reich vai mostrar que existe um componente de frustração da libido nas
pessoas de tal maneira que muito da energia de autodeterminação é castrada,
tolhida pela vivência social da hierarquia. Então, muito dessa sexualidade é drenada
em exercício de dominação por outrem, que nos sejamos tolhidos, mas que
tenhamos uma gramática escrita da dominação que um grande demagogo possa
liderar, que possa encontrar um inimigo público número 1. No caso do contexto
nazista os judeus foram eleitos como inimigos do regime, mas ao longo da história
temos outros inimigos eleitos, aqueles que podem receber as frustrações. Para a
formação endógena, imanente, interna de um grupo de uma coletividade calcada na
frustração, no medo e ódio, o movimento interno da uma amalgama de um herói, na
cúpula dessa pirâmide um demagogo, aquele que seria o salvador da pátria, como
Hitler.
Na gramática do fascismo há uma dimensão na massa, essa pessoa a
ser tolhida desde a sua casa encontra um movimento em que ele vira uma gota no
oceano pra formar um tsunami de ódio contra os inimigos eleitos. O fascismo
histórico se nutre de ressentimentos numa sociedade de massas, para qual esse
capitalismo neoliberal promete consumismo desenfreado. Para a maioria da
população que é tratada como exército industrial de reserva, meros coadjuvantes
para exercer cargos com salários abaixo do nível de sobrevivência, assim gerando
frustrações, e essas podendo ser canalizadas e drenadas em função de discursos
de ódio.
BIBLIOGRAFIA

DE MARIE OLIVEIRA, Dayse; SIMÃO CRUZ, Maria Helena. Sobre a Psicologia de Massas do

Fascismo de W. Reich. Programa de Mestrado em Psicologia, UCDB - Campo Grande, MS,

v. 01, n. 76, p. 78, 2009.

ATAIDE, Glauber. Psicologia de massas do fascismo, de Wilhelm Reich - uma resenha.

2 mar. 2011. Disponível em: https://www.filosofiaepsicanalise.org/2011/03/psicologia-de-

massas-do-fascismo-de.html. Acesso em: 9 abr. 2023.

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