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5 funções:
o Função Orientadora:
Servem de orientação para o legislador.
o Função Limitadora:
Se só se permite escutas telefónicas para o processo criminal, isto
quer dizer que não se pode criar um regime legal que permita as
escutas telefónicas para processos de outras naturezas.
Já se colocou esta questão a propósito da criação de um
regime para a corrupção.
O PP não pode limitar a publicidade na fase da audiência do
julgamento a não ser para uma razão válida.
o Função Harmonizadora:
Os princípios permitem a harmonização de princípios que impliquem
interesses opostos.
O nosso sistema não vê a realização da justiça penal como um valor
que se sobreponha aos direitos de defesa, mas uma harmonização
num certo equilíbrio.
Exemplo de harmonização de interesses conflituantes:
Se alguém praticou um crime e agrediu BJ individuais, há aí
um primeiro conflito e depois o PP expressa outra dimensão
de tentativa de responsabilização pessoal de alguém que
praticou o crime.
o Função Argumentativa:
É possível rejeitar uma solução ou uma interpretação porque seria
derrubadora de um determinado princípio.
Esta função argumentativa é muito forte e encontra-se em todas as
decisões de todas as instâncias judiciais e é usada por todos os
intervenientes nos processos.
Os princípios são vias de fundamentação, rejeição e persuasão de
certas decisões.
Exemplo – decisão pode ser recusada se limitar a estrutura acusatória
do PP.
o Fonte de Critério para Integração de Lacunas – 4º CPP:
Se se identificar uma lacuna (uma omissão legislativa de solução, que o
próprio sistema exige) os PP são uma fonte de integração em 2
sentidos:
Harmonizar as regras de processo civil, funcionam como filtro
da aplicabilidade das fontes.
São também fonte autónoma = 4º CPP remete expressamente
para os princípios gerais do PP.
São macro princípios que determinam a forma como o processo se deve organizar.
Este princípio dita que quando o ato processual colide diretamente com direitos
liberdades e garantias fundamentais tem de ter controlo judicial.
o Resulta do 27º/Nº1, 29º/Nº1, 32º/Nº1 CRP.
Nestas situações, o legislador opera uma mudança de competência do MP para o juiz:
o Quem normalmente abre e encerra o inquérito é o MP, mas nestes atos,
mesmo durante o inquérito, têm de ser praticados pelo juiz.
o 194º - Aplicação de medidas de coação.
o 187º - Interceção de comunicações através de escutas.
o Razão:
É o MP que propõe a medida, e o juiz decide-a.
No caso do 187º, o juiz tem de autorizar para que se realize a escuta +
para depois fazer o controlo material da escuta.
PJN:
o Retira-se que não existe a possibilidade de retirar um caso do tribunal cuja
competência esteja determinada por lei.
o Significa:
Por um lado = é a lei a determinar a competência do tribunal;
Através de regras legais prévias.
Por outro lado = é proibido o desaforamento por outro ato que não
seja legal.
Existe uma proibição de intervenção política ou
administrativa no processo, proíbe uso de conveniência.
o Então, é a lei e não outra fonte de outra natureza a determinar a competência
dos tribunais.
+ Aquilo que for atribuído pela lei não pode depois ser alterado.
Fundamentalmente:
o O PJN aplica-se ao tribunal de julgamento.
o Numa melhor interpretação, aplica-se ainda ao tribunal na fase de instrução.
o Não se aplica ao MP nem aos OPC.
Questão - este princípio vale para o julgamento penal MAS também se aplica a outros
casos em que haja intervenção de sujeitos processuais, como à instrução e à
intervenção do tribunal em atos fundamentais como a autorização de escutas
telefónicas ou o primeiro interrogatório judicial?
o Resposta:
Segundo a letra da lei, o 32º/Nº9 não se aplica ao MP nem aos OPC.
= Estes podem ser determinados ou afetos ao caso de acordo
com as competências exercidas pela sua hierarquia.
Porque é que não se aplica ao MP?
o MP é da magistratura, mas MP não integra o tribunal =
é uma autoridade judiciária, mas não é judicial.
Quanto à aplicação deste princípio noutras fases, FCP defende que a
garantia do juiz legal visa proteger a competência do tribunal = está
pensada para o T.Julg mas a letra e o espírito é a preservação das
competências do tribunal = deve-se aplicar quer ao tribunal de
julgamento quer ao julgamento de instrução.
= é um princípio que garante a imparcialidade da intervenção
judiciária.
+ Nunca pode ser um ato administrativo ou político a afetar
um certo juiz a um certo caso.
+ O mecanismo do 16º/Nº3 que permite que um caso seja remetido do tribunal
coletivo para o tribunal singular viola o princípio do juiz natural?
Participação da Vítima
Tem 2 vertentes:
o Processo está vinculado à lei:
É a lei que determina como se organiza o processo (quanto às fases,
atos processuais e quanto aos requisitos dessas fases e atos)
É o legislador que organiza, e nós podemos saber antecipadamente
como vai ocorrer = previsibilidade da evolução do processo.
Isto é um desenvolvimento do princípio da confiança.
Evita a construção de soluções casuísticas e diferenciadas.
É obvio que isto vai acontecer sempre porque os processos
são diferentes, mas estabelece um crivo.
o Obrigatoriedade da Promoção:
Está inicialmente atribuída ao MP, ele está obrigado a promover o
processo.
Não pode invocar mecanismos de conveniência para não
promover.
Isto garante a igualdade das pessoas visadas pelos processos:
O facto de ser obrigatório promover todos os crimes permite
que todos os cidadãos sejam tratados por um crivo de
igualdade.
As decisões de promoção dos processos não podem assentar
em considerações de adequação, necessidade ou de
consequências.
Mesmo assim existem soluções de alguma oportunidade:
O nosso legislador permite uma certa flexibilização do
processo dentro da lei.
o Tem de estar dentro da lei - se assim não for, e forem
sendo criados mecanismos de oportunidade e de
negociação da culpa, é possível que quem tenha
alguma coisa para oferecer por ter uma carreira
criminosa tenha mais sorte na via criminal do que
quem não tem.
Não existe oportunidade pré-processual, é uma oportunidade
regulada, com controlo judicial.
Portanto, o nosso sistema assenta num princípio de legalidade com
dever de promoção + exceções se fazem dentro do processo e com
controlo judicial.
O P.O significa que temos uma entidade oficial que se encarrega de promover o
processo penal (exceção dos crimes particulares).
o É uma opção congruente com a natureza pública do PP:
Não cabe aos particulares o ónus de promover os PP.
Exceção - casos dos crimes particulares - aqui, há uma inversão
do ónus de promoção.
É o MP, como entidade pública, que está encarregue de dirigir o inquérito:
o MP corresponde a uma magistratura de carreira que realiza a justiça penal.
Tem acolhimento constitucional – 219º CRP.
o Tem titularidade quer na abertura, acompanhamento e na decisão final do
inquérito.
o É apoiado pela delegação de competências aos OPCs.
Em PP:
o Não existem detetives privados com competências criminais;
o Não há a possibilidade de particulares levarem um caso a julgamento por si só
=/= matéria cível.
o Em PP, existe uma opção de direito público = é entidade pública.
o Questão de se o MP deve ser o titular do inquérito é discutível = FCP defende
que é uma boa opção porque garante o controlo judiciário.
Princípio da Acusação
Estabelece que o tribunal de julgamento conhece o caso histórico nos termos e nos
limites apresentados pela acusação – está ‘tematicamente vinculado’.
o É admissível alguma variação factual = podem existir pequenas variações
factuais que correspondam a alterações não substanciais.
Se forem alterações substanciais = o juiz de julgamento está proibido
de as conhecer, sob pena de nulidade da sentença = 379º.
o Se existirem factos completamente novos que surgem no julgamento, é
necessário enviar esses factos para inquérito:
Se assim não fosse, estaria a ser violado o P.d.A e a EA:
Em relação a esses factos novos não haveria uma acusação =
seria uma derrogação ao P.d.A.
Se o tribunal de julgamento os conhecesse, seria o mesmo
tribunal simultaneamente julgador e investigador = violaria
EA.
Proibição do Duplo Julgamento – “Ne bis in idem” – 29º/Nº5 CRP
03.11
Princípio da Investigação
Princípio do Contraditório
Princípio da Concentração
Suficiência
O princípio da suficiência não está acolhido com esta designação, mas vem no 7º PP.
Noções:
o Princípio segundo o qual o tribunal penal tem competências amplas em
termos materiais e conhece qualquer questão que seja relevante para a
decisão da causa.
Os tribunais penais podem conhecer questões penais e também de
outra natureza =/= o contrário não sucede.
+ Prof. Cavaleiro Ferreira enquadra este princípio na competência =
revela uma supremacia da jurisdição penal face aos restantes.
Resulta um regime substantivo e um regime processual:
o Regime Substantivo – Nº1:
O tribunal penal tem essa possibilidade de conhecer qualquer questão
– tem uma competência material ampla.
Ligado a um princípio de supremacia da instância penal.
o Regime Processual – Nº2:
O tribunal penal tem a faculdade de devolução para um tribunal não
penal – devolução facultativa.
O que é uma questão prejudicial que pode afetar a decisão
do tribunal e que pode motivar uma suspensão da instância
para a devolução a um tribunal não penal? – 3 características:
o 1º - Tem de ser uma questão com antecedência
lógico-material:
= Tem de ser resolvida pelo tribunal antes de
resolver a questão de fundo que tem de
analisar, neste caso a questão penal.
+ Não é uma simples questão processual
prévia como a competência, tem de ser
questão material.
E.g – se tivermos um crime de funcionário,
temos primeiro de determinar se ele é
funcionário ou não.
o 2º - Tem de ser uma questão com autonomia:
É uma questão que só por si podia ser tratada
num processo autónomo.
o 3º - Tem de ser uma questão de resolução necessária:
Só se pode trabalhar o tipo incriminador em
causa se esta questão estiver resolvida.
Quando surge uma questao prejudicial, o efeito que isso tem sobre a
tramitação do processo = suspende-se a tramitação do PP, devolve-se
a questão à instância competente e aguarda-se pela resposta.
Âmbito de aplicação do 7º:
o 1º - Questões Penais que surgem num Processo não Penal? Não
Exemplo - se num processo de natureza cível (processo sucessório)
surge um problema de falsificação de assinaturas ou de abuso de
confiança.
Estas questões não estão no âmbito do 7º:
São uma questão para o processo não penal.
(Quanto muito serão uma fonte de notícia do crime para abertura de
um processo penal, mas não cabem nesta norma.)
o 2º - Questões Penais que surgem num processo penal? Não.
Exemplo - Se o tribunal tiver de primeiro perceber se há ou não um
dever de garante, esta questão tem antecedência lógico-material e
tem autonomia, mas não está no âmbito do 7º por causa da letra do
preceito que faz referência expressa a “questão não penal”.
Não cabendo nesta norma, o tribunal não pode fazer devoluções =
tem de se pronunciar se tiver competência para isso e se tiver um
processo que em termos de vinculação temática o permita.
Questão Doutrinária:
GMdS defende a analogia do 7º quanto a estas questões
penais = defende que a questão pode ser remetida para outro
PP.
FCP = diz que não há lacuna, logo não é possível a analogia:
o Se surgir uma questão penal num processo penal, o
tribunal não tem a possibilidade de devolver.
o E.g - se no processo em que se discute uma burla em
Lx e surgir a questão da falsificação do documento em
que assenta a burla no Porto, o tribunal deve apreciar
ambas as questões.
o + temos mecanismos de conexão de processos – 24º
CPP – trata de matérias comuns, não são tratados pelo
7º PP.
o 3º - Questões não Penais que surgem no Processo Penal :
Exemplo – está-se a discutir um crime de alteração de marcos (116º
CP), e há paralelamente um processo civil que está a tratar a alteração
de marcos.
Se os limites da propriedade estão a ser discutidos no
processo criminal, a questão cível neste tema tem
antecedência lógico-material, é autónoma e é de resolução
necessária, pelo que o juiz do processo penal pode chamar a
si a resolução dessa questão que interessa à decisão da causa
ou pode suspender o processo penal para que se decida esta
questão no tribunal competente.
+ Nota - só pode haver devolução para um processo distinto de
natureza diferente se esse processo existir:
Não se pode devolver a questão para que seja promovido um
processo civil, porque este depende do impulso da parte
processual.
O problema da devolução só se coloca se existir um processo
concomitante de outra natureza.
+ exemplo da aula:
Relação de parentesco entre autor e vítima.
Conclusão – o 7º tem 2 partes:
o Uma que é que é intensamente aplicada = o princípio da competência
material ampla que favorece a concentração e que se traduz na regra
segundo a qual o tribunal penal tem competência para conhecer questões de
natureza não penal.
o A outra parte da norma é muito menos aplicada = a devolução facultativa
para um processo diferente, desde logo porque prossupõe que esteja outro
processo em curso para onde se possa enviar a questão não penal
controvertida.
+ Questão – O tribunal penal fica vinculado à decisão do tribunal para quem devolveu
a questão não penal?
o Germano Marques da Silva:
Afirma que sim, MAS não há nada na lei confirma isso.
o FCP:
Diferentemente, defende que o tribunal tem de decidir no quadro da
prova existente e, portanto, não fica vinculado a nada.
Exemplo – Presunção de Filiação por filhos nascidos na constância do
matrimónio:
Esta é uma presunção que pode ser ilidida, tendo em conta
que uma prova por presunção não tem de ser
necessariamente aceite pelo processo penal:
o Pode suscitar a dúvida razoável ou dúvidas quanto ao
processo metodológico.
Aqui, mesmo que tenha devolvido a questão não penal,
quando recebe a resposta, o tribunal penal deve verificar se a
resposta foi obtida mediante regras de prova compatíveis
com o processo penal:
o Isto porque, se o tribunal penal tivesse conhecido a
questão no processo penal, teria de conhecer com as
regras de prova que vigoram neste tipo de processo.
o Há 3 argumentos para concluirmos que a decisão do tribunal não penal não é
vinculativa para o tribunal penal que enviou a questão ao abrigo do
mecanismo do 7º:
1º - Não está na lei que é vinculativa.
2º - A receção da questão é uma decisão não vinculativa porque
carece de ser compatibilizada com o princípio da legalidade e com as
regras de prova de processo penal:
= As regras de prova usadas no outro processo (presunções
legais) podem ser incompatíveis com as regras de prova do
processo penal.
Havendo devolução, tem de se harmonizar essas regras.
3º - Se for desenvolvida no processo penal tem necessariamente de
ser resolvida de acordo com o PP:
Quer isto dizer que se o tribunal penal decidir uma questão de
outra natureza ao abrigo da concentração material, vai seguir
as regras de prova do PP.
o Na aula – resolução de FCP:
A doutrina dominante diz que se devolve, então depois o TP respeita.
FCP entende a questão de forma diferente:
Se o TP devolve para TNP, fica “vinculado” desde que a
solução não penal não seja contrária aos princípios penais.
Se o tribunal tem a dúvida, tem de tirar a dúvida.
Conclusão:
o Este mecanismo da devolução facultativa, além de pouco utilizado, gera
problemas:
É importante que o tribunal tenha essa possibilidade, mas não a usa
de facto porque se o fizer terá de suspender o processo penal e
esperar pela decisão do tribunal não penal competente.
Problema de gerar a comunicação de dois processos que têm regimes
diferentes que carecem de ser compatibilizados.
Tem de se saber para onde devolver = se não há o processo da outra
natureza não penal, o tribunal tem de resolver.
O campo de aplicação do Nº2 e Nº4 é limitado porque na
maior parte dos casos nem há processo para onde se devolver.
Prova:
o A prova é a demonstração da verdade dos factos (acontecimentos que
aconteceram numa realidade histórica)
Pressupõe sempre uma atividade processual que tenta aproximar
aquilo que se passa no processo da verdade histórica.
o O objetivo é que a verdade de que consegue demonstrar através dos meios de
prova se aproxime do que aconteceu na realidade, mas será sempre uma
verdade reconstruída.
Prova implica 3 realidades:
o Aquilo que se demonstra = factum probandum;
o O meio de prova = instrumentos através do qual se demonstra, permitem
perceber se certos factos ocorreram ou não;
O acesso do julgador aos factos é sempre mediado através dos meios
de prova – regulados no CPP - prova por declarações, documentos,
reconstituição; reconhecimento.
o A convicção sobre a prova existente – validação da prova.
o Exemplo:
Demonstra-se = que estão 2 livros em cima da mesa;
Como se demonstra, através do meio de prova = através de uma
testemunha (prova testemunhal), através da vigilância (prova
documental), descobre-se que a arma tem impressões digitais do
autor (prova pericial)
Valoração da prova = concluir que estavam dois livros em cima da
mesa.
Este princípio significa que qualquer meio de prova legal é adequado a provar a
verdade material.
o Está consagrado no 125º:
Estabelece que são admissíveis as provas que não forem proibidas por
lei.
o Temos uma liberdade de uso de meios de prova para provar qualquer facto,
isto dentro da legalidade.
A liberdade da prova é uma liberdade num quadro de legalidade.
MAS diferença de entendimento – 125º:
o Há quem entenda que o único limite é só as provas proibidas.
o Há quem faz interpretação extensiva e que esta liberdade tem sempre de
estar dentro de um quadro de legalidade:
Tem de se poder qualificar a prova como prova testemunhal, ou como
prova documental, etc.
A liberdade de prova é uma liberdade dentro do quadro legal em que
existe.
o + para FCP – o âmbito do 126º e ss corresponde à concretização do 125º.
Regimes Legais – a Legalidade do 125º implica:
o Obtenção:
E.g – A obtenção da informação pelo Rui Pinto foi obtida por meio
ilegal e portanto é proibida, não pode ser usada como prova.
+ Se a polícia quiser fazer a sua própria investigação, não poderá usar
essa informação.
o Produção;
o Valoração e uso dos meios de prova;
2 dimensões fundamentais do 125º:
o Não existe hierarquia da prova:
Os meios de prova valem todos os mesmo:
As declarações do arguido não valem mais nem menos do que
as declarações da testemunha.
Posso provar por prova documental, testemunhal.
o A prova pode ser direta ou indireta mas ambas as provas têm o mesmo valor:
Prova direta = mostra diretamente o factum probandum.
E.g – a testemunha diz que viu x.
Prova indireta = mostra um facto do qual se pode inferir outro, a
partir de um facto conhecido demonstra-se um facto desconhecido.
E.g – a testemunha não viu o autor disparar 3 tiros, mas viu-o
a sair da zona onde foram disparados 3 tiros.
Nota-as presunções de flagrante delito são uma prova indireta
normativizada.
A única diferença é quanto à fundamentação:
A prova indireta exige demonstrar a fundamentação que
permite a inferência = demonstração do raciocínio que
permitiu chegar do facto conhecido ao desconhecido.
Exemplo:
Se tivermos um segurança a dizer convictamente que o A não
agrediu o B e tivermos uma câmara de vigilância que
demonstra o contrário, esta contradição pode resultar de uma
falta à verdade ou de um conhecimento parcial (o segurança
estava a mentir ou simplesmente não viu completamente o
que aconteceu).
o = o tribunal pode vir a dizer que este meio de prova
testemunhal do segurança tem limitações.
O grande interesse do julgamento ter contraditório é que todas as
provas são filtradas e são confrontadas umas com as outras.
Este princípio significa que a apreciação da prova deve ser feito de acordo com a
convicção que a prova produz no julgador, em termos de lhe dar alguma certeza ou
suscitar algumas dúvidas.
Está previsto no 127º:
o A prova é apreciada segundo as regras da experiência e a livre convicção da
entidade competente.
Sistema de apreciação da prova:
o Antes:
Usava-se a prova tarifada = cada meio de prova tinha um valor
prefixado anterior ao julgamento.
o Ora, num modelo acusatório, tem de resultar de um contraditório sobre a
prova de forma que o juiz forme a usa própria convicção sobre os factos.
o Agora:
Exige-se que o juiz crie a sua convicção de acordo com regras da
experiência comum:
Estas regras implicam uma perspetiva de maior ou menor
plausibilidade.
= é todo o conhecimento sobre o mundo, da vida e das
pessoas que permite dizer que “é razoável que isto se passe
assim”.
o E.g - se uma pessoa vai a correr, o nosso
conhecimento diz-nos que pode estar atrasada, pode
querer apanhar um autocarro ou pode estar a fugir de
alguém.
Este princípio de LAP não é uma remissão para a arbitrariedade:
o 379º/Nº2 – consagra um dever de fundamentação:
O juízo de prova exige a identificação da prova de onde se retira uma
conclusão + exige que se fundamente essa conclusão.
o A plausibilidade, a coerência, a congruência entre os factos é muito relevante
para a demonstração do juízo de prova.
O princípio in dubio pro reo dita que, em caso de dúvida razoável, pertinente e
irresolúvel, a decisão deve ser favorável ao arguido:
o Este princípio não está consagrado expressamente nem na CRP nem no CPP,
mas é uma decorrência da presunção de inocência (32º/Nº2 CRP).
Este princípio não é uma regra de apreciação da prova, é uma regra de decisão
perante a dúvida:
o É uma regra residual da decisão perante a dúvida (esta funciona como critério
subsidiário da decisão).
o Ou seja, se o tribunal chegar a uma dúvida, tem de decidir de acordo com o
significado da dúvida e não de acordo com os indícios.
= Se o arguido se presume sempre inocente, temos de ter provas
suficientemente consistentes para ilidir a presunção = não podemos
ter dúvidas.
Se tivermos dúvidas, largamos mão deste princípio.
o Nota – esta regra sobre a dúvida só vale na fase do julgamento:
Na fase do inquérito e da instrução, pode haver dúvidas e mesmo
assim se decidir:
Nestas fases, pode haver acusação ou pronúncia sem
conhecer a história completa porque só se exige prova
indiciária.
No julgamento, tem de se saber a história completa.
o Só se pode invocar a dúvida razoável, pertinente e irresolúvel na fase do
julgamento:
Tem de ser uma dúvida plausível, logicamente articulada, que diga
respeito a matéria relevante.
Não é legítimo invocar o in dúbio pro reo se o tribunal tiver meios para
resolver a dúvida:
Exemplo - se o tribunal usou a dúvida sobre quem é a
proprietário de um telemóvel, a decisão não é válida porque o
tribunal pode pedir elementos à operadora.
Tem de se esgotar os meios para resolver a dúvida num
sistema em que o tribunal tem poderes de investigação.
o Em caso de dúvida razoável pertinente e irresolúvel, o tribunal deve decidir
favoravelmente ao arguido:
Depois de esgotados os meios de prova e os poderes de investigação,
o tribunal decide legitimamente de acordo com a dúvida, é isso que é
congruente com o princípio da presunção da inocência.
Este princípio da oralidade está previsto como matriz de comunicação oral entre os
sujeitos processuais na fase do julgamento.
o + Tem uma grande riqueza associada = permite relacionar com a palavra dita
toda a mímica da expressão da oralidade, o que permite ao tribunal fazer
uma apreciação mais concisa da prova produzida em sede de audiência.
É aqui que se concretiza a livre apreciação da prova do tribunal, em fase de pleno
contraditório, com comunicação oral.