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Petição inicial
O procedimento da execução fiscal, por óbvio, inicia-se com a petição inicial. A sua
forma é simples, devendo indicar tão somente (art. 6º da Lei de Execução Fiscal): (a) o
juízo a que é dirigida (a Lei utiliza a frase"o Juiz a quem é dirigida", mas o
jurisdicionado dirige sua pretensão ao órgão jurisdicional, não à pessoa do juiz); (b) o
pedido; (c) o requerimento para a citação.
O valor da causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais, sendo a
CDA parte integrante da inicial (art. 6º, §§ 1º, 2º e 4º). A produção de provas pela
Fazenda Pública independe de requerimento na petição inicial (art. 6º, § 3º).
Intimações
Veja-se que, enquanto o caput do art. 25 da LEF prevê a intimação pessoal, o seu
parágrafo único permite que o ato intimatório seja realizado mediante vista dos autos.
Logo se percebe, portanto, ser equivocado identificar a intimação pessoal como aquela
realizada mediante vista dos autos. A intimação pessoal, conforme já decidiu o STJ,
pode ocorrer de várias formas:
(iii) com a entrega dos autos ao intimado ou a sua remessa à repartição a que pertence
(AgRg no Ag 1424283/PA, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA,
julgado em 14/02/2012, DJe 05/03/2012). Em idêntico prisma:
"O art. 25 e seu parágrafo único da LEF dispõem que: “Na execução fiscal, qualquer
intimação do representante judicial da Fazenda Pública será feita pessoalmente. A
intimação de que trata este artigo poderá ser feita mediante vista dos autos, com
imediata remessa ao representante judicial da Fazenda Pública, pelo cartório ou
secretaria”. A intimação da Fazenda Pública, no caso, deu-se na forma do caput do
referido artigo, tendo sido recebida, pessoalmente, pela Chefe do Gabinete da
Procuradoria-Geral do Município. Desnecessidade de intimação na pessoa do
representante judicial, por não ter aquela ocorrido via remessa dos autos (hipótese do
parágrafo único). Inexistência, pois, de nulidade do ato intimatório." (REsp
737.933/MG, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
03/05/2005, DJ 13/06/2005, p. 211)
Súmula 449 -A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis
não constitui bem de família para efeito de penhora.
Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem
apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o
juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão,
preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros
de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades
supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de
suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
§ 2 º Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput deste
artigo enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja
indisponibilidade houverem promovido. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
Definidos requisitos para decretação de indisponibilidade de bens em
execução fiscal.
Recusa
No caso julgado como recurso repetitivo, mesmo diante dos requisitos previstos nesse
dispositivo (citação do devedor, ausência de pagamento, não apresentação de bens à
penhora e infrutífera tentativa de localizar bens penhoráveis), o Tribunal Regional
Federal da 3ª Região (TRF3) negou pedido formulado pela Fazenda para bloquear bens
e direitos do devedor para fins de indisponibilidade.
No recurso, a Fazenda sustentou que realizou diligências que estavam ao seu alcance,
sendo elas, contudo, infrutíferas. Por essa razão, entende ser o caso do bloqueio cautelar
de bens previsto no artigo 185-A do CTN, ante a não localização de bens passíveis de
penhora.
O caso
Em 2004, o INSS ajuizou execução fiscal contra uma empresa para saldar dívida
tributária no valor de R$ 346.982,12. Com a notícia de decretação da falência da
empresa, o juiz incluiu os dois sócios no polo passivo da execução. Foi pedida, então, a
indisponibilidade dos bens dos executados, até o limite do débito acrescido de custas
processuais e demais encargos, atualizados monetariamente.
O juiz negou o pedido, e o TRF3 ratificou a decisão sob o argumento de que “não houve
esgotamento das diligências para localização de bens passíveis de penhora,
especialmente com relação aos coexecutados [sócios]”, o que não autorizaria a adoção
da “medida excepcional e extrema” de decretação da indisponibilidade dos bens e
direitos dos executados.
Recurso
Ao analisar o recurso repetitivo, o ministro Og Fernandes ressaltou que esse artigo foi
inserido no código tributário como medida para aumentar a probabilidade de pagamento
do devedor, por razões de interesse público. Por isso, a leitura do dispositivo legal, no
seu entender, deve ser feita sob essa perspectiva.
No recurso analisado, o ministro relator verificou que, apesar de o TRF3 ter considerado
não haver o esgotamento das diligências, não há indicação a respeito das medidas já
adotadas pela Fazenda Nacional, nem daquelas que o tribunal regional entenderia como
suficientes para caracterizar o esgotamento das diligências e, por consequência,
determinar a indisponibilidade de bens.
Por isso, no caso concreto, a Primeira Seção determinou o retorno dos autos ao TRF3
para que reanalise a questão, agora com base nos critérios definidos pelo STJ no recurso
repetitivo.