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EXECUÇÃO FISCAL.

Petição inicial

O procedimento da execução fiscal, por óbvio, inicia-se com a petição inicial. A sua
forma é simples, devendo indicar tão somente (art. 6º da Lei de Execução Fiscal): (a) o
juízo a que é dirigida (a Lei utiliza a frase"o Juiz a quem é dirigida", mas o
jurisdicionado dirige sua pretensão ao órgão jurisdicional, não à pessoa do juiz); (b) o
pedido; (c) o requerimento para a citação.

O valor da causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais, sendo a
CDA parte integrante da inicial (art. 6º, §§ 1º, 2º e 4º). A produção de provas pela
Fazenda Pública independe de requerimento na petição inicial (art. 6º, § 3º).

O art. 39 da LEF isenta a Fazenda Pública de custas e emolumentos. Alguns defendem


que tal disposição só se aplica à Justiça Federal, por força do art. 151, III, da CRFB, já
que Lei da União não poderia conceder isenção em relação a tributos estaduais (é a
posição de Leandro Paulsen - et alii. Direito Processual Tributário. 5ª ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2009. P. 444). Nesse sentido, a súmula nº 76 do TJRJ determina
que o INSS deve pagar taxa judiciária quando atua na justiça estadual. Todavia, a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça reconhece a isenção de recolhimento de
custas e emolumentos à Fazenda Pública federal, ainda que se trate de execução fiscal
ajuizada na Justiça estadual:

"Ainda que se trate de execução fiscal promovida pela União


perante a Justiça Estadual, subsiste a isenção referente às custas
processuais e emolumentos." (REsp 1267201/PR, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em
03/11/2011, DJe 10/11/2011)

"quanto às custas efetivamente estatais, goza a Fazenda Pública


Federal de isenção, ainda que a execução fiscal tenha sido
promovida perante a Justiça Estadual, devendo, apenas quando
vencida, ressarcir as despesas que tiverem sido antecipadas
pelo particular." (REsp 1264787/PR, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
01/09/2011, DJe 08/09/2011)

Intimações

O art. 25 da LEF cuida das intimações dos representantes da Fazenda Pública:

Art. 25 - Na execução fiscal, qualquer intimação ao


representante judicial da Fazenda Pública será feita
pessoalmente.

Parágrafo Único - A intimação de que trata este


artigo poderá ser feita mediante vista dos autos, com
imediata remessa ao representante judicial da
Fazenda Pública, pelo cartório ou secretaria.

Em se tratando de execuções fiscais movidas por entes federais, outros dispositivos já


asseguram a intimação pessoal. A intimação pessoal dos Procuradores da Fazenda
Nacional é injunção derivada do art. 38 da Lei Complementar nº 73/93: "As
intimações e notificações são feitas nas pessoas do Advogado da União ou do
Procurador da Fazenda Nacional que oficie nos respectivos autos". O art. 6º da Lei
9.028/75 dispõe em sentido idêntico. O art. 17 da Lei nº 10.910/04 estendeu a
prerrogativa aos Procuradores Federais e do Banco Central ("Nos processos em que
atuem em razão das atribuições de seus cargos, os ocupantes dos cargos das carreiras de
Procurador Federal e de Procurador do Banco Central do Brasil serão intimados e
notificados pessoalmente"). Sendo assim, o art. 25 da Lei n. 6830/80 é importante para
os representantes das Fazendas estaduais e municipais, que, a princípio, não estariam
abrangidos pelas normas supramencionadas, mas gozam da mesma prerrogativa em
razão da Lei de Execução Fiscal.

Veja-se que, enquanto o caput do art. 25 da LEF prevê a intimação pessoal, o seu
parágrafo único permite que o ato intimatório seja realizado mediante vista dos autos.
Logo se percebe, portanto, ser equivocado identificar a intimação pessoal como aquela
realizada mediante vista dos autos. A intimação pessoal, conforme já decidiu o STJ,
pode ocorrer de várias formas:

(i) com a cientificação do intimado pelo próprio escrivão ou chefe de secretaria;

(ii) mediante encaminhamento da ata da publicação dos acórdãos;

(iii) com a entrega dos autos ao intimado ou a sua remessa à repartição a que pertence
(AgRg no Ag 1424283/PA, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA,
julgado em 14/02/2012, DJe 05/03/2012). Em idêntico prisma:

"Por intimação pessoal há de se compreender a comunicação do ato processual que é


procedida via mandado ou com a entrega dos autos, de modo direto, em cartório, à
pessoa com capacidade processual para recebê-la. Mas isso não significa a+
obrigatoriedade da remessa dos autos, via postal, para que se dê por intimado o
representante da Fazenda Pública." (REsp 509622/MG, Rel. Ministro JOSÉ
DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/06/2003, DJ 08/09/2003, p. 242)

"O art. 25 e seu parágrafo único da LEF dispõem que: “Na execução fiscal, qualquer
intimação do representante judicial da Fazenda Pública será feita pessoalmente. A
intimação de que trata este artigo poderá ser feita mediante vista dos autos, com
imediata remessa ao representante judicial da Fazenda Pública, pelo cartório ou
secretaria”. A intimação da Fazenda Pública, no caso, deu-se na forma do caput do
referido artigo, tendo sido recebida, pessoalmente, pela Chefe do Gabinete da
Procuradoria-Geral do Município. Desnecessidade de intimação na pessoa do
representante judicial, por não ter aquela ocorrido via remessa dos autos (hipótese do
parágrafo único). Inexistência, pois, de nulidade do ato intimatório." (REsp
737.933/MG, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
03/05/2005, DJ 13/06/2005, p. 211)

Como exceção à necessidade de intimação pessoal da Fazenda Pública (ou de concessão


de vista dos autos), figura a sistemática de intimação nas causas que correm em
comarcas do interior, onde não há sede das procuradorias, quando será possível a
intimação postal. Isso porque a Medida Provisória nº 2.180-35/2001 dispõe, em seu art.
2º, que: “O art. 6º da Lei no 9.028, de 12 de abril de 1995, passa a vigorar acrescido do
seguinte § 2º, renumerando-se o atual parágrafo único para § 1o: § 2º - As intimações a
serem concretizadas fora da sede do juízo serão feitas, necessariamente, na forma
prevista no art. 237, inciso II, do Código de Processo Civil”. Neste sentido, já decidiu o
STJ que: “A intimação por carta registrada feita ao procurador da Fazenda Nacional,
fora da sede do Juízo, pode ser considerada como intimação pessoal, atendendo aos
ditames do artigo 25 da Lei 6.830/80” (REsp nº 743867/MG, DJ de 20/03/2006).

O Ministério Público não intervém na execução fiscal (súm. 189 do STJ).

Súmula 560-STJ: A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art.


185-A do CTN, pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis,
o qual fica caracterizado quando infrutíferos o pedido de constrição sobre ativos
financeiros e a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado,
ao Denatran ou Detran.

Súmula 549-STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de


contrato de locação.
STJ. 2ª Seção. Aprovada em 14/10/2015, DJe 19/10/2015.

Súmula 449 -A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis
não constitui bem de família para efeito de penhora.

Data da Publicação - DJ-e 21-6-2010.

DECRETAÇÃO DA INDISPONIBILIDADE DE DIREITOS

Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem
apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o
juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão,
preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros
de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades
supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de
suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

§ 1 º A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total


exigível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos
bens ou valores que excederem esse limite. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

§ 2 º Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput deste
artigo enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja
indisponibilidade houverem promovido. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
 Definidos requisitos para decretação de indisponibilidade de bens em
execução fiscal.

Para obter a decretação de indisponibilidade de bens em execuções fiscais, a Fazenda


Pública terá de comprovar ao juiz o esgotamento de diligências em busca de bens
penhoráveis. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu, em
julgamento de recurso repetitivo, que entre as diligências da Fazenda devem estar o
acionamento do Bacen-Jud (penhora on-line) e a expedição de ofícios aos registros
públicos do domicílio executado e ao Departamento de Trânsito Nacional ou Estadual
(Denatran ou Detran) para que informem se há patrimônio em nome do devedor.

A tese passa a orientar as demais instâncias do Judiciário que tratarem do tema e


sinaliza que, havendo decisão em acordo com o que foi definido pelo STJ, recurso
contra ela não será mais admitido na corte superior.

O centro da controvérsia é a interpretação do artigo 185-A do Código Tributário


Nacional (CTN), segundo o qual, na hipótese de o devedor tributário, devidamente
citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem
encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e
direitos.

O ministro Og Fernandes, relator do recurso repetitivo, destacou que a ordem judicial


para decretação da indisponibilidade é, portanto: citação do executado; inexistência de
pagamento ou de oferecimento de bens à penhora no prazo legal; e, por fim, não
localização de bens penhoráveis após esgotamento das diligências realizadas pela
Fazenda, caracterizado quando houver nos autos (a) pedido de acionamento do Bacen
Jud e consequente determinação pelo magistrado e (b) expedição de ofícios aos registros
públicos do domicílio do executado e ao Departamento Nacional ou Estadual de
Trânsito - DENATRAN ou DETRAN.
Quanto ao último requisito, o ministro relator observou que a decisão define as
diligências que podem ser consideradas suficientes para permitir que se afirme, com
segurança, que não foram encontrados bens penhoráveis.

Recusa

No caso julgado como recurso repetitivo, mesmo diante dos requisitos previstos nesse
dispositivo (citação do devedor, ausência de pagamento, não apresentação de bens à
penhora e infrutífera tentativa de localizar bens penhoráveis), o Tribunal Regional
Federal da 3ª Região (TRF3) negou pedido formulado pela Fazenda para bloquear bens
e direitos do devedor para fins de indisponibilidade.

No recurso, a Fazenda sustentou que realizou diligências que estavam ao seu alcance,
sendo elas, contudo, infrutíferas. Por essa razão, entende ser o caso do bloqueio cautelar
de bens previsto no artigo 185-A do CTN, ante a não localização de bens passíveis de
penhora.

O caso

Em 2004, o INSS ajuizou execução fiscal contra uma empresa para saldar dívida
tributária no valor de R$ 346.982,12. Com a notícia de decretação da falência da
empresa, o juiz incluiu os dois sócios no polo passivo da execução. Foi pedida, então, a
indisponibilidade dos bens dos executados, até o limite do débito acrescido de custas
processuais e demais encargos, atualizados monetariamente.

O juiz negou o pedido, e o TRF3 ratificou a decisão sob o argumento de que “não houve
esgotamento das diligências para localização de bens passíveis de penhora,
especialmente com relação aos coexecutados [sócios]”, o que não autorizaria a adoção
da “medida excepcional e extrema” de decretação da indisponibilidade dos bens e
direitos dos executados.

Recurso

Ao analisar o recurso repetitivo, o ministro Og Fernandes ressaltou que esse artigo foi
inserido no código tributário como medida para aumentar a probabilidade de pagamento
do devedor, por razões de interesse público. Por isso, a leitura do dispositivo legal, no
seu entender, deve ser feita sob essa perspectiva.

No recurso analisado, o ministro relator verificou que, apesar de o TRF3 ter considerado
não haver o esgotamento das diligências, não há indicação a respeito das medidas já
adotadas pela Fazenda Nacional, nem daquelas que o tribunal regional entenderia como
suficientes para caracterizar o esgotamento das diligências e, por consequência,
determinar a indisponibilidade de bens.

Por isso, no caso concreto, a Primeira Seção determinou o retorno dos autos ao TRF3
para que reanalise a questão, agora com base nos critérios definidos pelo STJ no recurso
repetitivo.

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