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Bem vindos à

cadeira de
Electrodinâmica
Clássica
2020
1
1. Análise Vectorial
1.1. Álgebra Vectorial
1.2. Cálculo diferencial
1.3. Cálculo integral
1.4. Coordenadas curvilíneas
1.5. A função Delta de Dirac
1.6. A teoria dos campos vectoriais

2
2. Electrostática
2.1. O campo eléctrico
2.2. Divergente e rotacional de campos
electrostáticos
2.3. Potencial eléctrico
2.4. Trabalho e energia na electrostática
2.5. Condutores
2.6. Campos eléctricos na matéria

3
3. Magnetostática
3.1. Lei de força de Lorentz
3.2. Lei de Biot-Savart
3.3. Divergente e rotacional de B
3.4. Potencial vectorial magnético
3.5. Campos magnéticos na matéria

4
4. Electrodinâmica
4.1. Força electromotriz
4.2. Indução electromagnética
4.3. Equações de Maxwell

5
5. Leis de conservação
5.1. Carga e energia
5.2. Momento

6
6. Ondas
Electromagnéticas
6.1. Ondas em uma dimensão
6.2. Ondas electromagnéticas no vácuo
6.3. Ondas electromagnéticas na matéria

7
7. Electrodinâmica e
Relatividade
7.1. A teoria especial da Relatividade
7.2. Electrodinâmica Relativistica

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1. Análise Vectorial
1.1. Álgebra Vectorial
1.2. Cálculo diferencial
1.3. Cálculo integral
1.4. Coordenadas curvilíneas
1.5. A função Delta de Dirac
1.6. A teoria dos campos vectoriais

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1.1. Álgebra Vectorial
• Operação com vectores:
1. Soma de vectores
2. Multipicação por um escalar
3. Produto interno (produto escalar)
4. Produto externo (produto vectorial)
5. Produtos triplos (escalar e vectorial)
6. Vector posição e deslocamento

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Exemplos práticos (1)
Considere que 𝐶 = 𝐴 − 𝐵, e calcule o produto interno
de C consigo mesmo.

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Exemplos práticos (2)
1. Usando as definições 𝐴 ∙ 𝐵 = 𝐴𝐵 cos 𝜃 e 𝐴 × 𝐵 =
𝐴𝐵 sin 𝜃 𝑛, bem como os diagramas apropriados,
mostre que os produtos escalar e vectorial são
distributivos:
a) Quando os três vectores são coplanares;
b) No caso geral.

2. O produto vectorial é associativo?


?
𝐴×𝐵 ×𝐶 𝐴× 𝐵×𝐶
=
Em caso afirmativo, prove; se não, forneça um
contraexemplo.

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Exemplos práticos (3)
• Encontre o ângulo entre as diagonais das faces de
um cubo.

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• Suponhamos que o cubo tenha 1 (não importa a
unidade)de lado, com os vértices na origem. As rectas que
representam as diagonais das faces A e B são:

• 𝐴 = 1𝑥 + 0𝑦 + 1𝑧 e 𝐵 = 0𝑥 + 1𝑦 + 1𝑧
• Na forma de components: 𝐴 ∙ 𝐵 = 1 ∙ 0 + 0 ∙ 1 + 1 ∙ 1
• Na forma abstracta: 𝐴 ∙ 𝐵 = 𝐴𝐵 cos 𝜃 = 2 2 cos 𝜃=2cos 𝜃
• Portanto: cos 𝜃 = 1 2 ou 𝜃 = 60°
• De maneira mais rápida/fácil se pode encontrar o ângulo,
traçando uma diagonal no alto do cubo completando um
triângulo equilátero com as diagonais das faces A e B. mas
nos casos em que a geometria não é tão simples, este
recurso de comparer a forma abstacta e os components
para o produto escalar pode ser um meio muito mais
eficiente para determiner ângulos.
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Resolva...
1. Encontre o ângulo entre as diagonais de um cubo.
2. Use o produto vectorial para encontrar os
componentes do vector unitário 𝑛, perpendicular ao
plano mostrado na figura abaixo.

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Mais exemplos práticos...
Demonstre a regra abaixo, escrevendo
ambos lados na forma de componentes.
𝐴× 𝐵×𝐶 =𝐵 𝐴∙𝐶 −𝐶 𝐴∙𝐵

PARA REFLECTIR
Em que condições
𝐴× 𝐵×𝐶 = 𝐴×𝐵 ×𝐶 ?

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1.2. Cálculo Diferencial
• Gradiente
• Operador 𝛻
• Divergente
• Rotacional
• Regra dos produtos

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O gradiente
• No cálculo vetorial o gradiente (ou vector
gradiente) é um vector que indica o sentido e a
direção na qual, por deslocamento a partir do
ponto especificado, obtém-se o maior incremento
possível no valor de uma grandeza a partir da qual
se define um campo escalar para o espaço em
consideração.
• Constrói-se assim, a partir do campo escalar e de
um operador denominado operador gradiente,
um campo vetorial, que atrela a cada ponto do
espaço o correspondente vetor gradiente para a
grandeza em consideração.

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• O módulo do vetor gradiente indica a taxa de variação
da grandeza escalar com relação à distância movida
quando desloca-se na direção e sentido do vector
gradiente (deslocamentos infinitesimais).
• Resumindo, o gradiente aponta na direcção de
aumento máximo da função.
• O campo vetorial e o operador gradientes possuem
diversas aplicações em matemática e ciências naturais,
indo desde o cálculo de derivadas direcionais à
maximização das mesmas. A exemplo, a partir do
gradiente do potencial elétrico determina-se o campo
elétrico; e a partir do gradiente da energia
potencial determina-se o campo de força associado.
• Ex: ∇= distância vertical/ distância horizontal=
Gradiente. O símbolo ∇, isto é, nabla é uma
representação da gradiente.
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• Matematicamente:
𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕𝑓
• 𝛻𝑓 = 𝑖 + 𝑗 + 𝑘
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

• Encontre o gradiente de 𝑟 = 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2
• Qual é o significado físico desse resultado?

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Solução:
𝜕𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑟
𝛻𝑟 = 𝑖 + 𝑗 + 𝑘
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
1 2𝑥 1 2𝑦 1 2𝑧
= 𝑖+ 𝑗+ 𝑘
2 𝑥 +𝑦 +𝑧
2 2 2 2 𝑥 +𝑦 +𝑧
2 2 2 2 𝑥 +𝑦 +𝑧
2 2 2

𝑥𝑖+𝑦𝑗+𝑧𝑘 𝑟
= = =𝑟
𝑥 2 +𝑦 2 +𝑧 2 𝑟

Fisicamente, o resultado diz que a distância à origem


aumenta mais rapidamente na direção radial e que
a sua taxa de aumento nessa direcção é 1. O que
era de esperar.

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Exercícios
• Encontre os gradientes para as seguintes funções:
a) 𝑓 𝑥, 𝑦, 𝑧 = 𝑥 2 + 𝑦 3 + 𝑧 4
b) 𝑓 𝑥, 𝑦, 𝑧 = 𝑥 2 𝑦 3 𝑧 4
c) 𝑓 𝑥, 𝑦, 𝑧 = 𝑒 𝑥 sin 𝑦 ln 𝑧

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O Operador 𝛻
• O operador nabla, não tem significado algum, se a
ele não for acoplada uma função na qual ele
possa operar.
𝜕 𝜕 𝜕
𝛻= 𝑖+ 𝑗+ 𝑘
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

• Ele pode actuar de 03 maneiras:


1. Em uma função escalar T: 𝛻𝑇 (o gradiente);
2. Em uma função vectorial v, através do produto
escalar: 𝛻 ∙ 𝑣 (o divergente);
3. Em uma função vectorial v, através do produto
vectorial: 𝛻 × 𝑣 (o rotacional).
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O Divergente
𝜕 𝜕 𝜕
𝛻∙𝑣 = 𝑖+ 𝑗 + 𝑘 ∙ 𝑣𝑥 𝑖 + 𝑣𝑦 𝑗 + 𝑣𝑧 𝑘
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕𝑣𝑥 𝜕𝑣𝑦 𝜕𝑣𝑧
= + +
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

• O divergente de uma função vectorial, é um


escalar, e mostra de que maneira uma
determinada função emerge (diverge) de um
determinado ponto.

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• Suponha que: 𝑉𝑎 = 𝑟 = 𝑥𝑖 + 𝑦𝑗 + 𝑧𝑘 , 𝑉𝑏 = 𝑘 e 𝑉𝑐 = 𝑧𝑘
• Calcule os seus divergentes 𝛻 ∙ 𝑉𝑎 , 𝛻 ∙ 𝑉𝑏 e 𝛻 ∙ 𝑉𝑐

SOLUÇÃO:
𝜕 𝜕 𝜕
𝛻 ∙ 𝑉𝑎 = 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 1 + 1 + 1 = 3.
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕 𝜕 𝜕
𝛻∙ 𝑉𝑏 = 0 + 0 + 1 = 0 + 0 + 0 = 0.
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕 𝜕 𝜕
𝛻∙ 𝑉𝑐 = 0 + 0 + 𝑧 = 0 + 0 + 1 = 1.
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

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Exercícios
1. Calcule o divergente das seguintes funções
vectoriais:
a) 𝑉𝑎 = 𝑥 2 𝑖 + 3𝑥𝑧 2 𝑗 − 2𝑥𝑧𝑘
b) 𝑉𝑏 = 𝑥𝑦𝑖 + 2𝑦𝑧𝑗 + 3𝑧𝑥𝑘
c) 𝑉𝑐 = 𝑦 2 𝑖 + 2𝑥𝑦 + 𝑧 2 𝑗 + 2𝑦𝑧𝑘

𝑟
2. Esboce a função vectorial 𝑉 = , e calcule o seu
𝑟2
divergente. Explique a resposta.

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O rotacional
• O rotacional surge como a acção do operador 𝛻, numa
função vectorial, isto é, é o produto vectorial entre o
operador 𝛻 e a função vectorial.

𝑖 𝑗 𝑘
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕𝑣𝑧 𝜕𝑣𝑦 𝜕𝑣𝑥 𝜕𝑣𝑧 𝜕𝑣𝑦 𝜕𝑣𝑥
𝛻×𝑣 = = − 𝑖+ − 𝑗+ − 𝑘
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝑣𝑥 𝑣𝑦 𝑣𝑧

• Como qualquer produto vectorial, o resultado do rotacional é


um vector.

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• Geometricamente, o rotacional representa o
quanto um dado vector V gira em torno de um
dado ponto.

• Portanto, vamos determinar alguns rotacionais

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Exercícios Práticos

1. Para as figuras acima, calcule o rotacional,


assumindo que 𝑉𝑎 = −𝑦𝑖 + 𝑥𝑗 e 𝑉𝑏 = 𝑥𝑗.
2. Determine o divergente dessas mesmas funções.
Interprete o resultado.

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Regra dos produtos
No cálculo das derivadas ordinárias é feito por uma série
de regras, tais como:

𝑑 𝑑𝑓 𝑑𝑔
• A soma, 𝑓+𝑔 = + ;
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥

𝑑 𝑑𝑓
• A multiplicação por uma constante, 𝑘𝑓 = 𝑘 ;
𝑑𝑥 𝑑𝑥

𝑑 𝑑𝑔 𝑑𝑓
• A regra do produto, 𝑓𝑔 = 𝑓 +𝑔 ;
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥

𝑑𝑓 𝑑𝑔
𝑑 𝑓 𝑔𝑑𝑥−𝑓 𝑑𝑥
• E a regra do quociente, =
𝑑𝑥 𝑔 𝑔2

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• Para as derivadas vectoriais:
𝛻 𝑓 + 𝑔 = 𝛻𝑓 + 𝛻𝑔 𝛻∙ 𝐴+𝐵 = 𝛻∙𝐴 + 𝛻∙𝐵
𝛻× 𝐴+𝐵 = 𝛻×𝐴 + 𝛻×𝐵

𝛻 𝑘𝑓 = 𝑘𝛻𝑓 𝛻 ∙ 𝑘𝐴 = 𝑘 𝛻 ∙ 𝐴 𝛻 × 𝑘𝐴 = 𝑘 𝛻 × 𝐴

• Para fazer um escalar:


𝑓𝑔 (produto de duas funções escalares),
𝐴 ∙ 𝐵 (produto escalar de dois vectores)

• Para fazer um vector:


𝑓𝐴 (escalar vezes vector),
𝐴 × 𝐵 (produto vectorial de dois vectores).

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Existem 2 regras dos produtos para os gradientes:

𝛻 𝑓𝑔 = 𝑓𝛻𝑔 + 𝑔𝛻𝑓
𝛻 𝐴∙𝐵 =𝐴× 𝛻×𝐵 +𝐵× 𝛻×𝐴 + 𝐴∙𝛻 𝐵+ 𝐵∙𝛻 𝐴

Existem 2 regras dos produtos para os divergentes:

𝛻 ∙ 𝑓𝐴 = 𝑓 𝛻 ∙ 𝐴 + 𝐴 ∙ 𝛻𝑓
𝛻∙ 𝐴×𝐵 =𝐵∙ 𝛻×𝐴 −𝐴∙ 𝛻×𝐵

Existem 2 regras dos produtos para os rotacionais:

𝛻 × 𝑓𝐴 = 𝑓 𝛻 × 𝐴 + 𝐴 × 𝛻𝑓
𝛻× 𝐴×𝐵 = 𝐵∙𝛻 𝐴− 𝐴∙𝛻 𝐵+A 𝛻∙𝐵 −𝐵 𝛻∙𝐴

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𝜕 𝜕 𝜕
𝛻 ∙ 𝑓𝐴 = 𝑓𝐴𝑥 + 𝑓𝐴𝑦 + 𝑓𝐴𝑧
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕𝑓 𝜕𝐴𝑥 𝜕𝑓 𝜕𝐴𝑦 𝜕𝑓 𝜕𝐴𝑧
= 𝐴𝑥 + 𝑓 + 𝐴𝑦 + 𝑓 + 𝐴𝑧 + 𝑓
𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧
= 𝛻𝑓 ∙ 𝐴 + 𝑓 𝛻 ∙ 𝐴

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De forma análoga, a regra dos quocientes:

𝑓 𝑔𝛻𝑓 − 𝑓𝛻𝑔
𝛻 =
𝑔 𝑔2

𝐴 𝑔 𝛻 ∙ 𝐴 − 𝐴 ∙ 𝛻𝑔
𝛻∙ =
𝑔 𝑔2

𝐴 𝑔 𝛻 × 𝐴 + 𝐴 × 𝛻𝑔
𝛻× =
𝑔 𝑔2

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Segundas derivadas
• Para vossa demonstração em casa:

1) Divergente do Gradiente: ∇ ∙ ∇𝑇 ;
2) Rotacional do Gradiente: 𝛻 × 𝛻𝑇 ;
3) Gradiente do Divergente: 𝛻 𝛻 ∙ 𝑣 ;
4) Divergente do Rotacional: 𝛻 ∙ 𝛻 × 𝑣 ;
5) Rotacional do Rotacional: 𝛻 × 𝛻 × 𝑣 .

• A operação nr. 1 é também conhecida como


Laplaciano.

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Para casa
1. Calcule o Laplaciano das seguintes funções:
a) 𝑇𝑎 = 𝑥 2 + 2𝑥𝑦 + 3𝑧 + 4
b) 𝑇𝑏 = sin 𝑥 sin 𝑦 sin 𝑧
c) 𝑇𝑐 = 𝑒 −5𝑥 sin 4𝑦 cos 3𝑧
d) 𝑣 = 𝑥 2 𝑖 + 3𝑥𝑧 2 𝑗 − 2𝑥𝑧𝑘

2. Prove que o divergente de um rotacional é sempre


zero. Verifique para a função 𝑉𝑎 = 𝑥 2 𝑖 +
3𝑥𝑧 2 𝑗 − 2𝑥𝑧𝑘.

3. Prove que o rotacional de um gradiente. Verifique


para a função 𝑓 𝑥, 𝑦, 𝑧 = 𝑥 2 𝑦 3 𝑧 4 .

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Para a próxima aula
• CÁLCULO INTEGRAL
• COORDENADAS CURVILÍNEAS

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