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Devo

intubar
na

cardíaca?
INTRODUÇÃO:
Você está de plantão na sala de reanimação, na
hora do seu cafezinho e de repente alguém
grita avisando que chegou um paciente parado. A
reanimação começa e agora vem a dúvida. Devo
intubar ou não o meu paciente? É isso que vamos
aprender hoje.

Antes de mais nada, antes de falar sobre as


evidências atuais, é preciso entendermos que
existe benefícios e malefícios em se realizar a
intubação durante uma parada cardiorrespiratória.

- BENEFÍCIOS:
- Reduz hipoxemia

- Reduz broncoaspiração

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- MALEFÍCIOS:

- Intubação errada
(15% a 20% dos casos)

- Parar as compressões

- Hiperventilação, causando alcalose,


aumento da pressão torácica
com redução do débito cardíaco

Perceba que existe lados bons e ruins de se realizar


a intubação dentro de uma PCR. A
questão é: qual o peso de cada um destes critérios e
o que falam os trabalhos sobre isso?

Existem vários trabalhos sobre isso, que compararam


os desfechos de paradas em diversos
cenários.

O primeiro trabalho foi um realizado em Taiwan, que


comparou o desfecho entre intubação
e o uso de máscara laríngea em paradas cardíacas
extra-hospitalares não traumáticas.
Outro trabalho interessante foi realizado nos Estados
Unidos, em 2017, e comparou o
desfecho entre pacientes que foram intubados ou
ventilados com o ambu, de paradas intra�
hospitalares.

Outros dois trabalhos não podem deixar de ser


citados, o AIRWAYS-2, que é um trabalho
bem famoso, e um outro trabalho realizado na
Bélgica e França.

Nenhum destes trabalhos mostrou um melhor


desfecho nos pacientes que realizaram
intubação. Ao contrário, alguns até levantaram a
possibilidade de piores desfechos com a intubação
e mais sofrimento para o paciente.

E a American Heart? O que ela nos diz sobre o


tema e o que é ensinado no ACLS?

- Pode usar Ambu ou intubação


- Se optar por intervir na via aérea,
pode usar intubação ou dispositivos
supraglóticos

- Se parada por hipóxia, pensar em


intubação precocemente.

OK, talvez você esteja pensando: então eu só vou


pensar em intubação quando for parada
por hipóxia. Em outros casos vou seguir reanimando
com Ambu ou máscara laríngea.

É mais ou menos isso mesmo. Mas a mensagem que


quero que fique é muito mais para
tirar a sua ansiedade em querer intervir na via aérea
logo que o atendimento começa. Lembre que
as pedras angulares do atendimento a uma PCR
continua sendo desfibrilação precoce, quando
indicada, e compressões eficazes. Garanta isso antes
de pensar na via aérea.
Outra coisa importante também é que você precisa
avaliar se a ventilação com o Ambu está
sendo eficaz. É preciso que o paciente esteja
expandindo o tórax durante as ventilações. Caso você
perceba que não está sendo eficaz, vai ser preciso
pensar em outra forma de ventilar o paciente.

Como eu disse, as compressões são fundamentais


para o bom desfecho do paciente. Então
JAMAIS interrompa para realizar a intubação. Caso
não tenha segurança com o procedimento,
continue utilizando o Ambu, sempre otimizando o seu
uso.

Espero que tenha ficado claro sobre como deve-se


tomar a decisão por intubar ou não
durante uma PCR e que sirva para tirar um pouco a
ansiedade de se intubar logo de cara.

Até a próxima!
Referências:
- https://jamanetwork.com/journal-
s/jamanetworkopen/fullarti-
cle/2789174?resultClick=1

- https://jamanetwork.com/journal-
s/jama/fullarticle/2598717

- American Heart Association

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