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Lição 3

A ORIGEM DO PECADO

Nas lições anteriores, estudamos os motivos que fazem do homem


uma obra excelente e distinta de toda a criação, pois Deus o fez um
pouco menor que os anjos (Salmo 8.5). Ao encerrar a obra da criação,
o Senhor disse que tudo era muito bom, e isso inclui o homem e o seu
corpo (que para algumas pessoas seria um obstáculo à vida espiritual).
Aprendemos que o homem é um ser completo, integral e íntegro, e não
pode ser considerado um ajuntado de partes. E, o mais importante de
tudo, compreendemos por que o homem é imagem e semelhança de
Deus, o que o distingue de todos os animais e todas as coisas criadas
pelo Senhor.
Talvez desejássemos parar nossos estudos neste ponto, mas não
podemos ignorar que o universo e o mundo criados por Deus foram
invadidos por um poder estranho. O paraíso foi perdido e o pecado está
aqui. O ser humano vive em um ambiente hostil por causa do pecado.
Dedicaremos esta lição ao estudo de algumas hipóteses a respeito da
origem do pecado, e nos concentraremos na verdade sobre este fato,
revelada na Bíblia. Preciso adverti-lo que nossas próximas aulas não serão
agradáveis como as primeiras, pois seremos confrontados pela verdade
sobre o pecado e o quanto ele estraga o nosso mundo e nossas vidas. Nos
depararemos com a razão para o crime, a violência, a guerra, o derrama-
mento de sangue, o ódio e todos os outros males, todos tão conhecidos
de nós. É um quadro sombrio, mas devemos estudá-lo.

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Esboço da lição

1. A Origem do Pecado no Universo


2. A Origem do Pecado no Mundo
3. Antecedentes da Invasão do Pecado

Objetivos da lição

Ao concluir o estudo desta Lição, você deverá ser capaz de:


1. Refutar falsas teorias sobre a origem e natureza do pecado
e explicar pela Bíblia de onde vem este poder escravizador;
2. Explicar como o livre arbítrio humano está ligado ao fato
da entrada do pecado no mundo;
3. Descrever os efeitos do pecado em nosso mundo e em
nossas vidas.

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64 TEXTO 1
A ORIGEM DO PECADO NO UNIVERSO
Você já imaginou o que Pedro deve ter sentido ao descer do barco
para andar sobre as águas (Mateus 14.29)? Ele sabia que não havia em
As doutrinas do Homem e do Pecado

que apoiar-se, tentando firmar-se sobre a água. O estudo da origem do


pecado pode causar em nós esta mesma sensação, pois não existe uma
imagem explicita do pecado nascendo. É preciso, então, firmar pela fé
os pés no que nos é dito pela Bíblia e aceitar tanto o que as Escrituras
dizem como aquilo que elas não afirmam, e assim entenderemos a origem
deste terrível mal.
Outra coisa muito importante e indispensável é assumir e entender
que a respeito do pecado, não existe ninguém em situação neutra. Quer
gostemos ou não, estamos todos envolvidos no pecado, todos! Tanto por
observação, quanto por experiência. Ao estudarmos o pecado e as suas
consequências, não somos como um médico que discorre sobre uma
doença que ele não tem. Ao contrário, estamos estudando um mal que
nos está matando, pois estamos morrendo pelo pecado.

A origem do pecado não é divina


Quaisquer que sejam as incertezas que cercam a origem do pecado,
uma coisa está conclusivamente implícita: Deus não é seu autor! A
própria natureza de Deus, conforme contada na Bíblia, deixa claro que
é impossível que Ele seja o criador do pecado. Que Deus não provocou
o pecado é outra premissa importante! A Bíblia, e consequentemente a
Teologia Cristã, negam veementemente que o Senhor possa ter provo-
cado o pecado, ou induzido o homem a pecar. Qualquer disposição
contrária a essa é antibíblica e anticristã – e eis aí a razão pela qual
não somos calvinistas, posto que essa doutrina sugere, com sua ideia de
predestinação, que Deus precipitou o homem ao pecado, destinando os
não escolhidos a isso.
Sobre a origem do pecado, precisamos, ainda, observar que em
nenhum lugar da Bíblia está escrito de forma explicita que Deus não
criou o pecado. Então, como podemos afirmar que não foi Ele o inventor
da transgressão? A partir de muitos outros textos que descrevem o Senhor
e os Seus santos caminhos. A Bíblia afirma especificamente que “Deus é
luz” (1João 1.5). Esta declaração é feita no contexto do pecado do homem
e fornece a ideia-chave para o resto da primeira carta de João, com sua
ênfase na conduta ética motivada pelo amor. A luz é uma qualidade
da natureza de Deus, uma essência que Ele próprio é e da qual está 65
rodeado (1João 1.7). Isso está em claro contraste com a escuridão, a
essência do pecado. João diz que em Deus não há trevas (1João 1.5).
Se devemos estar em Sua presença, em comunhão com Ele, não pode
haver trevas em nós. Paulo descreve Deus de maneira semelhante. Em

Lição 3 - A Origem do Pecado


uma importante afirmação a Timóteo, ele diz que Deus vive em luz
inacessível (1Timóteo 6.16). Aqui, novamente, a luz está em contraste
com as trevas do pecado do homem.
Quando Isaías viu o Senhor em Sua glória, sua primeira reação foi
reconhecer o seu próprio pecado (Isaías 6.1-5). Todas essas referências à
luz de Deus indicam que a santidade moral e a pureza Nele são inigua-
lavelmente límpidas. Como poderia alguém que é luz e mora na luz
ser autor de algo totalmente contrário à sua natureza? Tiago pergunta:
“Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira
figos? Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce” (Tiago
3.12). Se este princípio é verdadeiro na natureza, tanto mais verdadeiro o
é em Deus! “Portanto vós, homens de entendimento, escutai-me: Longe
de Deus esteja o praticar a maldade e do Todo-Poderoso o cometer
a perversidade!” (Jó 34.10). Você se lembra de quando Abraão orou
para que Deus poupasse Sodoma? Em sua intercessão, ele perguntou ao
Senhor: “Tu varrerás o justo com o ímpio?”. E ele mesmo completou:
“Longe de ti fazer tal coisa” (Gênesis 18.23, 25). E, como sabemos, Deus
concordou com as condições da oração do patriarca, pois elas eram justas
como Deus também o é.
Muitos versículos da Bíblia mostram os sentimentos de Deus sobre
o pecado. Eles nos mostram que o Criador não poderia ter cometido
ou dado origem ao pecado porque Ele o odeia. Provérbios 6.16-19 nos
diz que Deus chama o pecado de abominação, o que significa que Ele
tem um grande ódio por coisas pecaminosas: “Estas seis coisas o Senhor
odeia, e a sétima a sua alma abomina: Olhos altivos, língua mentirosa,
mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensa-
mentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha
falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.”
(Provérbios 6.16-19).
Se essa é a atitude de Deus contra o pecado, como é possível supor
que foi Ele quem o criou? No contexto de muitos versículos onde o
pecado é descrito como uma abominação para Deus, aparece uma
indicação de Seu julgamento sobre ele.
66 Apesar de textos tão claros como estes que lemos, a partir da leitura
de outras passagens, algumas pessoas podem querer atribuir a Deus o
pecado, mas isso constitui-se num erro exegético primário. Veja: “Eu
formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor,
faço todas estas coisas” (Isaías 45.7); “Tocar-se-á a trombeta na cidade,
As doutrinas do Homem e do Pecado

e o povo não estremecerá? Sucederá algum mal na cidade, sem que o


Senhor o tenha feito?” (Amós 3.6). Esses versículos mostram que Deus
criou o mal? Claro que não! Podemos resolver o problema com o simples
entendimento de que uma única palavra pode ser usada com mais de
um significado, e isso é verdadeiro em todas as línguas. A palavra mal,
como vimos nessas passagens, refere-se a desastres que trazem tristeza,
mas não a um conceito moral que envolve pecado.
A Bíblia não hesita em atribuir a Deus a responsabilidade pelas
calamidades, aflições e desgraças. Os versos citados acima são evidência
disso. Outra passagem muito significativa quanto a esse contexto é o
chamado de Deus a Moisés. Nela, o ex-príncipe do Egito protesta que
não é eloquente o suficiente para falar em nome de Deus ao Faraó, e
o Senhor lhe responde: “Quem fez a boca do homem? ou quem fez o
mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor?”
(Êxodo 4.11). Aqui, Deus afirma ser responsável pelas aflições na vida
dos homens. Poderíamos dizer que Deus apenas as permite, ou que Ele
usa as forças materiais do mundo para causá-las. Mas o registro afirma
simplesmente que Deus as faz. Crendo que Deus só faz o que é certo,
submeto-me à Sua soberania. Não procuro entender, mas confiar.
Lembro-me do dia em que levamos nosso filho mais velho ao
médico para sua primeira injeção. Ele estava feliz e sorrindo, enquanto
deitado na maca. Jamais esquecerei a expressão em seu rosto quando ele
finalmente percebeu a agulha. Seus olhos se arregalaram de dor e ele
começou a chorar. Se soubesse falar, ele sem dúvida teria me acusado de
não amá-lo. Mas eu estava disposto a sofrer com ele porque o amava.
O salmista diz: “Antes de ser afligido andava errado; mas agora tenho
guardado a tua palavra” (Salmo 119.67). Deus nos ama tanto que está
disposto a nos causar dor se isso for necessário para o nosso bem. Tive
minha cota de aflições e não gosto nem um pouco delas, mas não tenho
problema em conciliar minha visão da justiça absoluta de Deus em todas
as Suas ações com a dor que posso sofrer.
A segunda questão é mais difícil. Em alguns casos, parece que as
Escrituras atribuem a Deus o envolvimento direto nos atos pecaminosos
dos homens. Em Êxodo 4.21, Deus diz a Moisés que endureceria o 67
coração do faraó (ver 9.12; 10.20 e 27; 11.10; 14.4, 8 e 17). A principal
palavra hebraica traduzida como endurecer significa fortalecer, tornar
firme. Ela ocorre quase cem vezes no Antigo Testamento e frequente-
mente com a ideia de tornar obstinado ou perverso. O que fazer com

Lição 3 - A Origem do Pecado


isso? É preciso dizer que as Escrituras não apenas afirmam que Deus
endureceu o coração de Faraó, mas também que Faraó endureceu seu
próprio coração (Êxodo 8.15 e 9.34). A palavra hebraica pode ser enten-
dida como significando que Deus fortaleceu a obstinação de Faraó que
já estava no coração daquele homem mau. Esta ideia está de acordo com
o Salmo 81.11-12: “Mas o meu povo não quis ouvir a minha voz, e Israel
não me quis. Portanto eu os entreguei aos desejos dos seus corações, e
andaram nos seus próprios conselhos.” (Salmos 81.11 e 12).
É evidente, tanto no Antigo como no Novo Testamento, que Deus
usou as ações pecaminosas dos homens para cumprir Seu propósito.
Como exemplo, Deus usou os pecados dos irmãos de José para a salvação
de toda a família de Israel. Ele também usou a perseguição da igreja por
Saulo de Tarso para espalhar os crentes em todos os lugares para que o
evangelho pudesse ser espalhado. Isso, porém, não significa que Deus, luz
que é, crie espiritualidade a partir das trevas, ou que odiando o pecado,
Ele mesmo o tenha criado.

O pecado não é eterno

A igreja rejeita a explicação monística para a origem do mal. O


monismo, cujas raízes filosóficas estão nos filósofos pré-socráticos, atribui
uma fonte, uma origem singular a todas as coisas. Logo, sendo Deus o
único com capacidade criativa, então, seria Ele o autor de tudo, incluindo
o pecado. Uma heresia, claro. Outra tentativa de explicar a origem do
pecado é o dualismo. Esta visão, também errada, sugere que o universo
está eternamente sob o domínio de dois princípios opostos: o bem e o
mal, ou a luz e as trevas.
O gnosticismo, que recebeu seu nome da palavra grega para saber,
foi uma das primeiras formas de dualismo. Ele ensinava que a matéria
era má e que apenas o mundo não material era espiritual. Sendo assim,
o espírito no homem representava o princípio do bem e o corpo humano
o princípio do mal. A libertação do corpo mau veio por meio da gnose,
do conhecimento. Obviamente, a salvação não viria por qualquer tipo de
conhecimento, mas somente pelo conhecimento detido pelos gnósticos,
68 claro. João provavelmente está falando sobre uma das primeiras expres-
sões do gnosticismo em sua primeira carta. Ele diz em que se alguém
nega que Jesus veio em um verdadeiro corpo humano, este tal é o
anticristo (1João 4.3). Visto que os gnósticos acreditavam que a matéria
era má, lhes seria impossível aceitar que Cristo, que não tem, veio em
As doutrinas do Homem e do Pecado

carne. Essa filosofia dualística é errônea porque nega que Jesus seja verda-
deiro Deus e verdadeiro homem.
Uma das razões pelas quais a igreja rejeitou o dualismo é porque
ele sugere que há algo fora de Deus que é eterno e independente de Sua
vontade. O dualismo sugere que pode haver algo sobre o qual Deus não
tem controle. Se for esse o caso, pode ser que tenhamos confiado no
lado errado desta disputa. Talvez Deus não ganhe e o pecado triunfe.
O dualismo sugere que talvez devêssemos ficar do lado de Satanás,
pois ele teria chances de ser o vencedor! Certamente é nisso que os
satanistas acreditam. Eles sentem a força do mal no mundo e acreditam
que ela é mais poderosa do que a força do bem e acabará por triunfar.
É uma blasfêmia, um pensamento imperdoável. Contudo, pasme você,
querido Aluno, existem falsos teólogos ditos cristãos que acreditam que
Deus pode não ser tão poderoso como a Bíblia diz. Estes ensinadores
de doutrinas de demônios insistem que a escolha entre Deus e o diabo é
uma aposta, um jogo de sorte e azar. Eles dizem, ainda, que quanto mais

O DUALISMO DEVE SER REJEITADO cado. Paulo afirma isso clara e magnificamente
Por Daniel B. Pecota em Colossenses 2.8-15. Leia esta passagem com
atenção antes de continuar o estudo.
Outra razão para a rejeição do dualismo pela Nesta passagem, Paulo afirma que Cristo é a
igreja é que ele parece transformar os homens cabeça de todo poder e autoridade (v.10). Não
em marionetes na luta contra o pecado. A ba- há poder maior do que o Dele. Paulo afirma,
talha é tirada do mundo dos homens. Ela não ainda, que este poder estava em Cristo, Nele, e
mais aconteceria no palco de nossos corações, é Nele que o triunfo foi conquistado. O contex-
mas em um nível cósmico, muito distante de to mostra o triunfo de Cristo sobre todo o po-
nós. Entretanto, a Bíblia deixa claro que, por der maligno, toda a autoridade e governo que
mais que o pecado possa ter começado no se opõem a Deus. Já o dualismo implica que a
universo, ele se concentra no homem. É no co- cruz foi apenas uma sombra da batalha eterna
ração dos homens que a luta ocorre, e não em entre a luz e as trevas. Isso torna a cruz mera-
alguma arena filosófica vaga e distante. É espe- mente acidental. Mas a Bíblia deixa claro que a
cialmente significativo para a obra de Cristo na cruz de Cristo é a vitória eterna de Deus sobre
cruz, que essa batalha seja travada e vencida o poder do pecado. Por boas razões, portanto,
no cenário deste mundo. Este trabalho em si a igreja se recusou a aceitar o dualismo como
enfatiza a contradição entre dualismo e o con- uma explicação para a origem final do pecado.
ceito bíblico. Na cruz e na ressurreição, Deus
demonstrou Seu controle soberano sobre o pe-
pessoas estiverem com Deus, maiores as chances de o Senhor ganhar essa 69
guerra! Dá para acreditar em algo assim? Para esses blasfemos, existem
coisas que Deus não controla. Fica claro, portanto, que qualquer forma
e qualquer quantidade de dualismo devem ser rejeitadas com todas as
nossas forças. Deus é soberano! Ele vai triunfar! Não há poder ou pessoa

Lição 3 - A Origem do Pecado


no céu ou na terra que esteja fora de Seu controle.

O pecado está ligado ao diabo


A Escritura registra o aparecimento de um ser que se opõe a Deus.
Ele questiona a Palavra de Deus. Ele questiona a real preocupação de Deus
por Adão e Eva, acusando Deus de recusar-lhes o acesso a uma árvore
desejável. É claro que o tentador em Gênesis 3 é uma inteligência pessoal
maligna. Parece evidente no restante das Escrituras que o poder por trás
da serpente era o diabo. Na verdade, o diabo é chamado de serpente em
Apocalipse 20.2, onde João refere-se a ele como a antiga serpente.
De onde veio o diabo? Por que ele está em oposição constante a
Deus? A origem do pecado no universo está ligada ao diabo, a Satanás.
Como sabemos, o homem não é a única ordem de seres que está envol-
vida no pecado. Em Judas 6, lemos sobre o tratamento de Deus para com
os anjos infiéis. E na segunda carta de Pedro, podemos ler: “Porque, se
Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no
inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o
juízo” (2 Pedro 2.4). Ambas as passagens se referem a seres que foram
criados bons, mas se afastaram de seu estado original. Fica claro que os
escritores bíblicos presumem que Satanás é o cabeça desses seres. Em 1
João 3.8, lemos que o diabo está pecando desde o princípio. O Evangelho
de João afirma que o diabo é o pai da mentira (8.44). Sem dúvida, estes
textos indicam as origens do pecado no universo.
Mais especificamente, qual foi o pecado original do diabo? Paulo diz que
aquele que deseja ser bispo não pode ser um novato, um neófito na fé, para
que não se torne vaidoso e caia sob o mesmo erro que o diabo (1 Timóteo
3.6). Alguns interpretaram este versículo como significando que o pecado
original do diabo foi o orgulho, visto que é evidentemente com que Paulo
está preocupado neste versículo a respeito dos superintendentes. Esta passagem
em Timóteo indica claramente que o pecado original do diabo foi o orgulho.
Devemos considerar, ainda, os textos emblemáticos de Isaías
14.12-14 e Ezequiel 28.12-19 – você deve fazer a leitura antes de prosse-
guir com os estudos. Certamente os contextos imediatos destes versículos
70 referem-se à destruição do rei da Babilônia (Isaías) e à queda do rei de
Tiro (Ezequiel). Contudo, elas são, também, alusivas à queda de Satanás.
Ambas as passagens confirmam que Satanás era o governante velado
de ambos os reinos, e por isso ambas se referem à queda de Lúcifer
de modo análogo às quedas de seus governantes humanos. Mas apesar
As doutrinas do Homem e do Pecado

destes textos, a Bíblia não é detalhista sobre como deu-se o evento que
precipitou Satanás dos céus, ainda que deixe claro e evidente que se trata
de um evento irreversível. O livro do Apocalipse afirma isso quando fala
do diabo sendo lançado no lago de fogo (20.10). Esse julgamento inclui
seus anjos, pois ao falar do julgamento final, Jesus se refere ao fogo eterno
preparado para o diabo e seus anjos (Mateus 25.41).

EXERCÍCIOS
3.01 Com base no que foi dito até agora sobre a origem do pecado e a relação
de Deus com ele, indique quais dessas declarações estão corretas.
___a) A Bíblia afirma especificamente que Deus não é o autor
do pecado.
___b) É impossível ser um observador neutro ao pensar sobre
o pecado.
___c) Posto que Deus é luz, é impossível que Ele seja o autor
do pecado.

POR QUE NÃO HÁ REVERSÃO igreja. O tempo que os anjos passaram diante
PARA QUEDA DE LÚCIFER? do próprio Criador, desde a sua formação, foi
Por Gunar Berg de perfeita instrução e sabedoria. Eles foram
ensinados por Deus, e de forma muito supe-
Isso é muito fácil de entender. Há quem quei- rior àquela que os homens, mesmo Adão e Eva,
ra explicar a questão sugerindo que o diabo e experimentaram – lembre-se que o homem é
seus anjos não têm ou não terão uma oportuni- inferior aos anjos, como vimos no Salmo 8.5. A
dade de arrependimento porque erraram sem superioridade angélica é parte da explicação
a intervenção de um tentador, o que faz de sua do motivo pelo qual se negam aos anjos caídos
decisão algo original e imperdoável. É sugesti- uma segunda chance. A superioridade e a quan-
vo, mas não é tudo. Devemos lançar os olhos tidade da instrução que Deus dispensada aos
para o momento da criação dos anjos, que em- anjos também é parte desta mesma explicação.
bora não datado pelas Escrituras, obviamente
deu-se muito, muito antes da criação do ho- Devemos considerar, ainda, o tipo de rela-
mem. Estes seres celestiais estiveram diante cionamento que os anjos tiveram com Deus
do próprio Deus, como nenhum de nós jamais desde a sua criação, bem como aceitar o fato
esteve e não poderá estar até ser levado ao de que eles já viviam a condição que os ho-
céu, ou pela morte ou pelo arrebatamento da mens salvos só poderão ter depois de chega-
___d) Uma vez que Deus destruiu Sodoma e Gomorra, isso 71
prova que Ele é autor do pecado, posto que Abraão inter-
cedeu pela preservação daquelas cidades.

3.02 Assinale cada afirmação verdadeira.

Lição 3 - A Origem do Pecado


___a) A Bíblia indica que Deus comete o mal pecaminoso.
___b) Nas Escrituras, Deus assume a responsabilidade por
algumas das aflições dos homens.
___c) Existem passagens na Bíblia que parecem sugerir que
Deus faz com que os homens ajam pecaminosamente.
___d) O tipo de resposta que uma pessoa dá a Deus condiciona
sua disposição de responder a Ele no futuro.
___e) Visto que Deus odeia o pecado, Ele não pode usar o
pecado para realizar Seu propósito.

3.03 Escreva uma declaração baseada nas Escrituras que descreva


tanto a essência de Deus quanto Sua atitude para com o pecado,
mostrando conclusivamente que Deus não é o autor do pecado.
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rem no céu. Isso significa que o erro dos anjos veram instrução e uma oportunidade de esco-
caídos é imperdoável como seria se qualquer lha, cujas consequências lhes eram plenamen-
um de nós que, estando no céu com Deus, de- te conhecidas, muito mais claramente do que
pois de ali chegar, voltasse-se contra o Criador. se possa imaginar. Isso os coloca em condição
Imagine, pois é o que se deve fazer aqui, para de uma escolha irreversível. Por isso, os anjos
entendimento da questão, se qualquer dos que caídos não podem ser perdoados do que esco-
agora esperam no paraíso se decidisse por uma lheram fazer. E aí está o momento inicial do pe-
rebelião contra o Senhor. Depois de haver visto cado, o direito de escolha, que Deus não negou
e vivido as coisas celestiais, o tal não mereceria à criatura alguma, mesmo aos anjos que desde
a sua criação habitam na presença do próprio
outra coisa que não o banimento eterno.
Senhor. Todos podem escolher, e ao escolhe-
Finalmente, devo acrescentar, que o plano rem voltarem-se contra Deus, o pecado surgiu
da salvação contempla aos homens, e não aos como resultado da vontade de seres livres e
anjos caídos. Pois foi aos homens e ao mundo autônomos, pois importa que aqueles que se
que Deus enviou Jesus, e não aos anjos. O rela- aproximem de Deus o façam pela fé, e não pela
cionamento de Deus com os anjos, e a sua con- intimidação ou por algum estado hipnótico que
dição eterna, é distinto daquele que o Senhor lhes desabilita a volição (o que é uma boa defi-
dispensa a nós, os seres humanos. Os anjos ti- nição para a predestinação calvinista).
72 3.04 Assinale as sentenças que demonstram o que é o dualismo.
___a) Existem duas forças no universo que estão em eterna
oposição uma à outra.
___b) O gnosticismo é uma forma de dualismo.
As doutrinas do Homem e do Pecado

___c) O dualismo pode levar à conclusão de que Deus pode


não triunfar sobre o mal.
___d) A obra de Cristo na cruz é significativa no pensamento
dualista.

3.05 Como a cruz de Cristo contradiz biblicamente a proposição


dualística de que o pecado é eterno?
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3.06 Assinale cada alternativa correta.


___a) No Jardim do Éden, o tentador era uma inteligência pessoal.
___b) Alguns estudiosos defendem que serpente em Gênesis 3
deve ser a Serpente, um nome próprio.
___c) O homem é a única ordem de seres que está envolvida
no pecado.
___d) Sabemos muito menos sobre a origem do que a existência
do pecado no universo.
___e) O pecado original do diabo é orgulho.
___f) Há esperança redentiva para os anjos caídos.

3.07 Que reação você tem ao fato de Deus não prometer redenção aos
anjos caídos?
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3.08 Por que concluímos que a origem do pecado no universo está 73
ligada ao diabo?
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Lição 3 - A Origem do Pecado


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TEXTO 2
A ORIGEM DO PECADO NO MUNDO
A entrada do pecado no mundo é muito mais clara do que o seu
surgimento no universo. Isso acontece não porque a Bíblia seja incom-
pleta, mas, sim, porque a sua ênfase tem a ver com a condição do
homem, e não com a situação universal. Há uma boa razão pela qual
Deus nos deu uma descrição mais completa da queda do homem do
que da origem do pecado fora de nosso mundo. Ora, desde o início,
o principal interesse de Deus tem sido o homem. Um motivo para a
descrição bíblica da queda em detalhes é enfatizá-la. Outra razão é deixar
claro o amor e a graça de Deus na redenção do homem. Portanto, ao

O PECADO NÃO TEM A VER COM extensão do erro explicado no parágrafo an-
AS LIMITAÇÕES HUMANAS terior, porque os sentidos físicos do homem
Por Daniel B. Pecota seriam parte de suas limitações. A ideia pro-
posta aqui é a seguinte: o homem só tem cons-
A Bíblia ensina que o pecado começou no mun- ciência de Deus quando ela é despertada nele.
do com um ato voluntário da parte do homem. Dito assim, a natureza do homem é uma força
Alguns, entretanto, procuram atribuir a outras oposta à consciência sobre Deus. Este pensa-
causas a origem desse mal. Frequentemente, mento faz da natureza física do homem uma
alguém se refere às limitações ou à finitude do limitação, uma fraqueza – mas já aprendemos
homem como sua causa. De fato, só Deus é ilimi- que nada no homem é desprezível ou fraco,
tado e, portanto, infinito; a continuidade deste pois tudo no homem, incluindo o seu corpo, foi
pensamento sugere que a finitude do homem fez criado pelo Senhor, embora haja sido afetado
o pecado ser inescapável, inevitável. O pecado, pelo pecado. Esta afirmação herética é de um
nessa visão, torna-se um infortúnio que recai dito teólogo e filósofo alemão chamado Frie-
sobre o homem, quando, na verdade, o pecado drich Schleiermacher (1768-1834). Biblicamen-
é resultado de um ato deliberado da vontade. te, podemos afirmar com segurança, o peca-
Se pensarmos que o pecado é fruto da limitação do cometido por Adão não ocorreu por causa
humana, então o erro deixa de ser uma respon- de seus sentidos físicos nem por qualquer de
sabilidade moral. Uma heresia! suas limitações humanas.

Outros encontram a causa do pecado nos


sentidos físicos do homem. Essa visão é uma
74 considerarmos esse quadro sombrio, tenha em mente estas razões para
o modo como a história da queda é narrada nas Escrituras.

A livre escolha de Adão


As doutrinas do Homem e do Pecado

O que, então, causou o pecado? A resposta bíblica é clara: um ato


livre e deliberado da parte de Adão! O fato de o pecado ser universal
nos faz voltar à fonte original. E a Escritura afirma constantemente que
essa fonte é Adão. O relato em Gênesis 3 coloca a culpa diretamente no
homem, e nada sugere que o homem foi criado para pecar. Adão pecou
porque escolheu pecar. Paulo deixa isso muito claro em Romanos 5.12-19
e em 1 Coríntios 15. 21-22 (leia essas passagens agora, antes de continuar
o estudo). O homem agiu livremente quando pecou.
Os teólogos deterministas, calvinistas, defensores da predesti-
nação afirmam que não pode haver entendimento de liberdade no ato
de pecado de Adão porque o homem só é livre quando obedece a Deus,
e quando desobedece, ele não é livre, é escravo do pecado. E até citam
um versículo bíblico para explicar seu argumento: “Se, pois, o Filho
vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8.36). Logo, concluem,
que dizer que Adão pecou por escolha é um erro, posto que somente os
livres escolhem, e ao pecar ele não escolheu, antes, foi tornado escravo,
e escravos não escolhem.
Antes de discordarmos, vamos concordar com uma coisa: a liber-
dade do homem realmente depende de sua relação com Deus. Isso signi-
fica, sim, que o homem só é livre enquanto estiver em condição de
obediência ao Senhor e Criador. Quando desobedece, o ser humano
torna-se escravo daquilo ao qual sujeitou-se: “Prometendo-lhes liber-
dade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém
é vencido, do tal faz-se também servo” (2 Pedro 2.19). O que não é
compreendido, ou não é admitido pelos predestinacionistas é que o
homem escolhe, sim, ele opta, por deixar de ser livre para tornar-se
escravo do pecado. E esta escolha, que, sim, existe, é que introduziu o
pecado no mundo por Adão, e encontra eco nas vidas de todos os seres
humanos desde então. Então, prezado Aluno, o pecado é resultado da
escolha livre de Adão! Se não for assim, então o homem não pode ser
responsabilizado moralmente pelos erros que comete, o que nos leva à
sugestão absurda do calvinismo de que Deus determinou alguns para
a redenção e outros para a perdição – e se fosse assim, então o Senhor
estaria fazendo o trabalho de Satanás!
Um determinista diria que o homem não é realmente livre. No 75
determinismo naturalista, tudo o que existe, incluindo o pecado, existe
por necessidade lógica. No determinismo teísta, Deus determina e
predestina tudo (inclusive quem é livre e quem não é!). Mas a Bíblia
afirma que o homem é realmente livre, e a intuição humana confirma

Lição 3 - A Origem do Pecado


isso. Os conceitos de responsabilidade e culpa, que são tão proeminentes
nas Escrituras, argumentam conclusivamente a favor da liberdade real
do homem, mesmo o homem caído (que escolheu tornar-se escravo).
Como Deus poderia me considerar verdadeiramente responsável se eu
não tivesse liberdade real? Como eu poderia ser acusado de culpa real se
agisse por necessidade lógica? Eu não poderia ser responsabilizado nem
acusado de culpa se a liberdade realmente não existisse em mim.
Portanto, se um homem é verdadeiramente culpado, então ele
também é verdadeiramente livre. A evidência em Gênesis 3.17-19 de
que Deus culpou Adão por seu pecado indica conclusivamente que a
livre escolha do primeiro homem é o fator que o levou a pecar e trazer
o pecado ao mundo.

EXERCÍCIOS
3.09 Quando alguém peca, qual das seguintes opções é a melhor justificativa?
___a) “Errar é humano.”
___b) “Não pude evitar.”
___c) “Meus desejos físicos eram muito fortes.”
___d) “Eu sou o culpado.”

3.10 Como a visão de que as limitações do homem causam o pecado


remove do erro suas implicações morais?
___________________________________________________
___________________________________________________

3.11 No ______________________, tudo o que existe, incluindo


o pecado, existe por necessidade lógica. No determinismo teísta,
Deus ______________________ (inclusive quem é livre e
quem não é!).
a) determinismo naturalista
b) determina e predestina tudo
76 3.12 Assinale cada alternativa verdadeira.
___a) A Bíblia traça a origem do pecado no mundo até Adão.
___b) Adão foi compelido a pecar por causa de sua fraqueza.
___c) Se Adão foi responsabilizado é porque tinha verdadeira
As doutrinas do Homem e do Pecado

liberdade para escolher.


___d) O homem é livre para pecar, mas ao fazê-lo torna-se
escravo daquilo que o domina.

3.13 Como a reação de Deus ao pecado de Adão (descrito em Gênesis 3.


17-19) se relaciona com o que causou o pecado em nosso mundo?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

TEXTO 3
ANTECEDENTES DA INVASÃO DO PECADO
Escolhi a palavra invasão para expressar o que penso que aconteceu
quando o pecado entrou no mundo. Uso esta palavra para caracterizar
a entrada de um poder inimigo invadindo um território que não é
seu. Foi isso que o pecado fez. Ele é um intruso no mundo que Deus
fez. Ele está ocupando um território que lhe pertence. Logo ele será
removido com força e permanentemente daqui, mas até isso acontecer,
este invasor continuará ocupando todos os espaços possíveis. Agora,
vamos à pergunta: como essa invasão se tornou possível?

Historicidade do registro de Deus


Certos intérpretes bíblicos dizem que o povo hebreu inventou o
mito de Adão e da queda para explicar a realidade do pecado e do mal
no mundo. De acordo com eles, os detalhes do mito explicam outras
coisas: que o homem deve trabalhar laboriosamente para se manter; que
as mulheres sentem dor durante a gravidez e parto; que o solo produz ervas
daninhas problemáticas; que as pessoas têm medo de cobras; que a morte é
universal e que ela amedronta a todos. A serpente seria uma representação
mítica das forças do mal no mundo, e o jardim no Éden seria um mito da
condição outrora perfeita em que o homem se encontrava.
Com base em que esses intérpretes determinam o que é mítico e o 77
que não é? Geralmente, tudo o que é ofensivo à mentalidade moderna
ou o que não possa ser explicado de maneira natural e encarado como
mítico. Assim, eles podem manter sua modernidade, evitar ofender a
razão do presente século e reter a Bíblia como as Escrituras da igreja. Se

Lição 3 - A Origem do Pecado


isso fosse correto, Adão e Eva não passariam de um folclore.
Uma coisa deve ficar clara para um intérprete honesto: a própria
Bíblia aceita a historicidade de Adão e da Queda. Só se pode afirmar que
eles são míticos impondo à Bíblia algo que não está nela. O evento da
Queda não apresenta problemas para a nossa compreensão, mas seguir o
caminho da mitologia é uma solução inaceitável. O crente não minimiza
as dificuldades; ele aceita o sentido direto, claro e literal do relato. A
Queda é relacionada como história e se situa em um contexto de história.
Escritores bíblicos posteriores consideram Adão e a Queda como histó-
ricos. Aqui estão algumas evidências disso:
“Como Adão, eles quebraram a aliança” (Oséias 6.7);
“O filho de Enos, o filho de Sete, o filho de Adão, o
filho de Deus” (Lucas 3.38);
“A morte reinou desde o tempo de Adão até o tempo
de Moisés” (Romanos 5.14);
“Porque, assim como todos morrem em Adão,
também todos serão vivificados em Cristo” (1
Coríntios 15.22);
“Enoque, o sétimo desde Adão, profetizou sobre
estes homens” (Judas 14).
Todas essas referências indicam a atitude da Bíblia: Adão e a queda são
parte da história real e não um mito. Em declarações muito significativas
em Romanos 5 e 1 Coríntios 15, Paulo baseia seu ensino sobre o pecado e a
morte e sobre a ressurreição na historicidade de Adão e a Queda. É evidente,
a partir da comparação que Paulo faz de Adão com Cristo, que o apóstolo
não questionou a realidade histórica da queda. Questionar o julgamento de
Paulo sobre o assunto é questionar sua autoridade apostólica.

Deus ordenou

Em Gênesis 2.16-17 lemos que o Senhor Deus disse ao homem


que ele era livre para comer de qualquer árvore do jardim, mas que
78 não deveria comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Neste
mandamento, Deus indica Sua autoridade soberana sobre o homem deter-
minando o que é um comportamento aceitável e o que não é. Deus não
consultou Adão! O Senhor simplesmente diz ao homem o que ele pode
fazer e o que não pode fazer: “Ai daquele que contende com o seu Criador!
As doutrinas do Homem e do Pecado

o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o


formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos?” (Isaías 45.9). Podemos
não concordar com isso e podemos não gostar, mas isso não muda coisa
alguma. Porém, quando Deus deu a ordem, não foi o exercício egoísta de
Sua soberania. Ele o fez tendo em vista o bem supremo do homem.
Deus disse ao homem que todas as árvores do jardim estavam dispo-
níveis, exceto uma: a árvore do conhecimento do bem e do mal. Qual era a
natureza desta árvore? Eu não aceito a sugestão de que havia algo mágico na
árvore. Não creio que houvesse uma propriedade física ou química em seu
fruto que pudesse transmitir certo conhecimento. Considero que a árvore era
de natureza sacramental, assim como os elementos da Ceia do Senhor. Quando
participo da Ceia do Senhor, não considero que os próprios elementos tenham
qualquer composição química ou física que me permita participar do corpo
de Cristo. Contudo, em minha fé obediente, os elementos se tornam o veículo
que me leva a Cristo. No jardim, a árvore era, então, simplesmente um ponto
de referência relacionado à obediência do homem.
O fruto não tinha nenhuma propriedade diferente capaz de intro-
duzir o bem e o mal no homem. O conhecimento do bem e o mal, que
Adão e Eva já possuíam intelectualmente (uma vez que sabiam distin-
guir o certo do errado, o proibido do autorizado) passaria a ser uma
experiência consumada a partir da decisão de desobedecer.

Deus alertou

Deus disse a Adão que ele poderia comer de todas as árvores do


Jardim, exceto uma. Ele advertiu Adão e disse que se houvesse desobe-
diência, haveria morte (Gênesis 2.17). Seu desejo pela obediência do
homem foi o motivo da advertência. Deus não deixou Adão em ignorância
quanto às consequências da desobediência. Se Adão errasse, morreria.
Você e eu sabemos que a morte do primeiro homem e da primeira
mulher não foi instantânea. Isso nos permite vislumbrar com clareza os
dois aspectos mortíferos do pecado: a morte física e a separação entre o
pecador e Deus (morte espiritual). Ora, o princípio básico da morte em
todas as formas é a separação. Portanto, Adão morreu de duas maneiras. 79
A morte espiritual foi sua separação do Criador: ele caiu imediatamente
sob o desprazer de Deus e o vínculo entre o Senhor e o homem foi
quebrado. Adão morreu em seu espírito. A sua mente assumiu uma
atitude subjetiva de inimizade para com Deus. Ele descobriu-se separado

Lição 3 - A Origem do Pecado


de Deus e experimentou vergonha e culpa.
Adão não morreu fisicamente naquele momento, mas o processo
de sua morte física começou no exato instante da desobediência, até
conduzi-lo à sepultura. A advertência de Deus não foi vã. Quando pecou,
Adão sabia disso. Os alertas divinos devem ser respeitados e considerados
com solenidade e seriedade. Esta é uma lição muito importante para nós.

Deus exigiu

Deus requereu obediência perfeita e incondicional de Adão. Não


poderia haver exceções ao Seu comando. Deus, em Sua graça e Seu amor,
tornou tão fácil quanto possível a obediência de Adão. Ele o criou com
uma natureza justa e santa. Ele o colocou em um ambiente perfeito.
Mas Adão foi chamado à obediência pelo comando declarado e pela
advertência de Deus. Para o nosso pai Adão, uma ordem divina e uma
advertência solene não foram suficientes, e isso me faz perguntar a nosso
próprio respeito. Esperamos que Deus faça exceções às Suas advertên-
cias a nós? Não, prezado Aluno, não espere exceções à regra, pois a Lei
do Senhor é perfeita e clara. O que Ele exige de nós é muito pouco, e
devemos cumprir cabalmente. Nossa salvação depende disso.

EXERCÍCIOS

3.14 O mito, como alguns intérpretes aplicam a palavra ao conteúdo


bíblico, é uma história tradicional de
___a) eventos históricos reais que explicam a visão de mundo
de um povo.
___b) eventos supostamente históricos que explicam a visão de
mundo de um povo.
___c) eventos não históricos que explicam a visão de mundo
de um povo.
___d) eventos superficiais que explicam a visão de mundo de
um povo.
80 3.15 Das seguintes declarações a respeito de Adão e a queda, qual é a
correta?
___a) Trata-se de um mito que descreve corretamente as
circunstâncias que nos cercam.
As doutrinas do Homem e do Pecado

___b) A Bíblia usa linguagem mitológica para descrevê-los.


___c) A Bíblia baseia as doutrinas significativas na sua historicidade.
___d) Paulo baseia seu ensino sobre o pecado em sua natureza
mitológica de Adão e da queda.

3.16 Descreva resumidamente dois fatos de referência bíblica à queda


que ajudam a estabelecer a historicidade da invasão do pecado
neste mundo.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

3.17 Como ponto de referência para a obediência do homem a Deus,


a natureza da árvore do conhecimento do bem e do mal era
___a) sacramental.
___b) mítico.
___c) mágico.
___d) todas as opções acima.

3.18 Você concorda que a árvore do conhecimento do bem e do mal


não possuía propriedades mágicas, químicas ou físicas? E como
defender que se tratava de um fruto de presença simbólica?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

3.19 Quais são as duas coisas que Deus manteve em vista quando ordenou
ao homem a respeito da árvore do conhecimento do bem e do mal?
___________________________________________________
___________________________________________________
3.20 Qual é o princípio básico da morte em todas as formas? 81
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Lição 3 - A Origem do Pecado


3.21 Assinale cada alternativa verdadeira.
___a) Adão não estava ciente da s consequência s da
desobediência.
___b) Adão morreu fisicamente assim que comeu da árvore
proibida.
___c) Deus não faz exceções à exigência por obediência.

3.22 A natureza da obediência que Deus esperava de Adão é correta-


mente descrita como
___a) obediência incondicional.
___b) obediência perfeita.
___c) a) e b) estão corretas.

3.23 O que o pecado de Adão nos ensina sobre esperar que Deus
flexibilize Seu santo padrão de santidade?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

REVISÃO DA LIÇÃO
Assinale com “x” cada alternativa correta.

3.24 Dizer que Deus odeia as mãos que derramam sangue inocente
___a) conta como o pecado entrou no mundo.
___b) mostra que o Senhor se opõe ao pecado.
___c) demonstra que o Senhor odeia uns tipos de pecados mais
que outros.
___d) prova que provavelmente Deus é o autor do pecado.
82 3.25 Os escritores da Bíblia declaram que
___a) Deus não criou o pecado.
___b) todo pecado vem dos anjos.
___c) Deus não leva o pecado a sério.
As doutrinas do Homem e do Pecado

___d) os anjos fizeram o homem pecar.

3.26 A reação de Deus ao pecado de Adão é evidência de que


___a) a finitude de Adão trouxe o pecado ao mundo.
___b) os sentidos físicos trouxeram o pecado ao mundo.
___c) as limitações trouxeram o pecado ao mundo.
___d) a livre escolha trouxe o pecado ao mundo.

3.27 O que ajuda a estabelecer a historicidade da invasão do mundo


pelo pecado?
___a) O uso da linguagem histórica pela Bíblia para descrever
a queda.
___b) A referência por escritores bíblicos à queda como um
evento histórico.
___c) Não existe prova bíblica da historicidade do relato da
queda.
___d) A queda é um mito muito útil para explicar certas situa-
ções incômodas no mundo.

Marque “C” para Certo e “E” para Errado.

___3.28 A visão de que as limitações do homem causam o pecado


tende a destruir o senso de culpa do homem por seus pecados.
___3.29 O bem do homem foi a única coisa que Deus teve em vista
quando ordenou aos homens a respeito da árvore do conhe-
cimento do bem e do mal.
___3.30 Não há exceções na lei de Deus, nem antes e nem agora.

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