Você está na página 1de 43

ESTUDO

COMPARATIVO DOS
EFEITOS DIRETOS
DA AGRICULTURA
FAMILIAR E DO
AGRONEGÓCIO NA
REDUÇÃO DA
POBREZA RURAL -
UMA ANÁLISE DE
PREÇOS E DE CUSTOS
DE PRODUÇÃO DE
QUATRO PRODUTOS
SELECIONADOS NO
BRASIL

MG. LEANDRO BULLOR


JULHO DE 2019
ESTUDO
COMPARATIVO DOS
EFEITOS DIRETOS DA
AGRICULTURA
FAMILIAR E DO
AGRONEGÓCIO NA
REDUÇÃO DA
POBREZA RURAL -
UMA ANÁLISE DE PREÇOS E
DE CUSTOS DE PRODUÇÃO DE
QUATRO PRODUTOS
SELECIONADOS NO BRASIL
Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola - Brasil
Claus Reiner, diretor-país
Hardi Vieira, oficial de programas
Leonardo Bichara Rocha, oficial de programas
Cintia Guzman, oficial de programas
Julio Worman, analista de programas
Frederico Lacerda, analista de operações
Carina Giorgi-Moreni, associada de programas (ligação em Roma)
Gleice Meneses, assistente de programas
Rachel de Andrade, assistente administrativa
Maria Claudia de Jesus Viana, apoio administrativo
Denise de Freitas Carvalho, gerente de projeto
Juliana Grangeiro Ferreira, especialista em comunicação e web

Autor
Leandro Bullor

Revisão
Claus Reiner
Leonardo Bichara Rocha
Frederico Lacerda
Juliana Grangeiro Ferreira

Projeto Gráfico e Diagramação


Juliana Grangeiro Ferreira

As denominações utilizadas nesta publicação e a maneira como os dados


nela contidos são apresentados não implicam, por parte do Fundo
Internacional das Nações Unidas de Desenvolvimento Agrícola, qualquer
julgamento sobre o status legal de países, territórios, cidades ou áreas, ou
suas autoridades, nem quanto à delimitação de suas fronteiras ou limites.

Esta publicação, ou parte dela, pode ser reproduzida sem autorização


prévia do FIDA, desde que o texto reproduzido seja atribuído ao FIDA,
indicando o título do documento, e uma cópia da publicação seja enviada
ao FIDA.

As opiniões expressas neste estudo são de exclusiva responsabilidade dos


autores, não expressando necessariamente a opinião e política do FIDA.

ISBN 978-92-9072-940-2
©2019 Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA)

02
ÍNDICE

04 RESUMO EXECUTIVO
06 INTRODUÇÃO

12 SISTEMAS DE PRODUÇÃO ESCOLHIDOS


12 CAPRINOS
14 MEL - APICULTURA
16 OVOS - AVICULTURA
18 FÉCULA DE MANDIOCA

20 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS E MARGENS E


RESULTADOS DA COMPOSIÇÃO DOS PREÇOS
20 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS E MARGEM DE LUCRO
22 COMPOSIÇÃO DOS PREÇOS DOS PRODUTOS NOS SISTEMAS ESCOLHIDOS

26 COMPARAÇÕES ENTRE OS DIFERENTES SISTEMAS


PRODUTIVOS NOS PRODUTOS ESCOLHIDOS.

33 CONCLUSÕES E REFLEXÕES FINAIS


36 BIBLIOGRAFIA
39 ANEXO - DESCRITIVO DETALHADO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO

03
RESUMO EXECUTIVO
ESTUDO COMPARATIVO DOS EFEITOS DIRETOS DA AGRICULTURA
FAMILIAR E DO AGRONEGÓCIO NA REDUÇÃO DA POBREZA RURAL
- UMA ANÁLISE DE PREÇOS E DE CUSTOS DE PRODUÇÃO DE
QUATRO PRODUTOS SELECIONADOS NO BRASIL

Quando um consumidor final do presente estudo é


ou ator intermediário da cadeia identificar e comparar os
produtiva compra um produto efeitos diretos na redução da
de origem agropecuária do pobreza rural do consumo de
Nordeste do Brasil (considerado produtos produzidos pela
o maior bolsão de pobreza da agricultura familiar e pelo
A m é r i c a L a t i n a1 ) , n o r m a l m e n t e agronegócio. Com base na
não tem a possibilidade de comparação dos custos e
saber quanto do valor pago é preços de produtos do
referente ao custo da matéria Semiárido (baseados em fontes
prima, quanto é referente ao primárias e secundárias), o eixo
custo da mão de obra local, ou do trabalho é calcular a
qual é o lucro do produtor; da proporção do preço
mesma forma também não final pago pelo consumidor
saberá se aquele valor incluído que pertence a cada
no preço tem algum impacto categoria de custo definida e
na redução da pobreza rural e às respectivas margens de
no desenvolvimento do lucro. Para isso, foram
território ou se são escolhidos quatro produtos:
majoritariamente rendas que caprinos em pé, mel, ovos e
não ficam nas comunidades fécula de mandioca.
que as originaram.
Por meio desta comparação foi
Por m ei o de u ma a ná l i s e possível verificar que o
compar ati v a d os cus t o s e d a s consumo dos
mar ge ns de l uc r o d os produtos provenientes da
pr od ut or es e d e agricultura familiar possui um
empr eend im en t o s t í p i co s d o impacto direto maior na
Nor des te do Br as i l , o ob j et i v o redução da pobreza e no

1 Fonte: http://web.worldbank.org/archive/website00912B/WEB/OTHER/8E3827-7.HTM?Opendocument

04
desenvolvimento das áreas O presente trabalho procura
rurais, do que os provenientes chamar a atenção sobre a
do agronegócio. As diferenças necessidade de
significativas - entre 30% e continuar com o
53% dos custos dos produtos, desenvolvimento de políticas
identificadas para cada públicas de incentivo à
unidade consumida, agricultura familiar, visando o
demostram o potencial de aprimoramento de suas
valorização capacidades produtivas, bem
dos produtos de agricultura como de seu acesso aos
familiar. Ou seja, quando mercados. Além de serem
analisados os efeitos diretos na investimentos com grande
redução da impacto na nutrição das
pobreza , é possível verificar famílias envolvidas, os sistemas
que a agricultura familiar produtivos familiares
possui uma vantagem têm grande impacto na
comparativa maior para a redução da pobreza rural. Além
redução da pobreza rural, em disso, oferecem produtos
relação ao agronegócio, de qualidade diferenciada,
apresentando valores entre normalmente orgânicos, e que
43% e 117%, Essa diferença tem satisfazem uma demanda
potencial de influenciar as específica do mercado que
decisões de compra pelos está em ascendência.
consumidores, e as decisões
políticas de apoiar e fortalecer
o sistema produtivo da
agricultura familiar.

05
INTRODUÇÃO
Quand o um co n su mi dor f i n a l s o b r e o qu a nt o , d o v al o r pa go,
ou at or i n t er m ed i á r i o da t e r á u m i m p ac t o d i r e t o n a
cadei a p r odu t i v a c o m pr a ( par a r e d u ç ão da p o br e z a r u r a l , e q u e
cons umo ou p a r a r ev e nd a ) u m c on t r ib u ir á pa r a o
pr odu t o de o r i g e m d e s e nv o l v i m e n t o l oc al , s e r i a
agr opec uár i a no N or de st e d o p os s í v e l d i fe r e nc i a r o s p r o d uto s
Br a si l ( c on s i d er ad o o m a i o r s e g u n d o a qu e l e at r i bu t o c o m
bol s ão de po br e za d a A mé r i c a i mp ac t os no s pad r õe s de
2 c on s um o n as r e g i õe s
L at in a ) , n or ma l m en t e n ão t em
pos s i bi l i dade de s ab e r , n o val o r e s t u da d as .
pago , o q ua nt o é r e f er e n t e à
matér ia pr i ma, o q ua nt o é m ão N a ag r i c ul t u r a f am i l i a r ( A F) , a
de obr a l oca l , o u o q ua nt o é h i pó te s e d e tr ab al h o s e r á q u e
l u cr o d o p r od ut o r ; e s e aq u ele as r e m u ne r a ç õ e s e a m ar g e m
v al or i nc l uíd o n o p r eç o t e m d e l u c r o d a f am í l i a , as s i m co mo
al gum im pac t o n a r e d uç ão d a o s g as t os c om i n s um os l oc ai s ,
pobr eza r ur al ou no f a z e m p a r te d a c om po s i çã o do
des env ol v imen t o d o t e r r i t ór i o p r e ç o fi n al e p o s s u e m e f e i t o
r ur al ou , s i mp l e s m en t e , s e s ão di r e t o n a r e du ç ão d a po b r ez a
major i t ar i ame n t e r en d as q u e e n o de s e n v ol v i m e n t o da ár ea
não fic am n a s com u n i d ad es . r ur al e m qu e st ão . J á
n o ag r o n e g óc i o ( A N) ,
Segund o pe s q ui s a s d e o s e f e i t os di r e t o s s ão o us o de
t en dênc ias de m er c ad o , j á i ns um o s l oc ai s n a p r o d uç ã o e a
exis t em pr ef er ên c i a s c ad a v ez m ão d e ob r a c o n t r a t ad a.
mais es pec if ica s n o s
cons umi dor es p or p r od u t o s Po r m e i o d e u m a a ná l i s e
dif er en ciado s , co m s el os c om o c om p ar ati v a d o s c u s t o s e d a s
“ o r gân ic o” , “ a g r i c ul t u r a m ar g e n s de l u c r o d os
f am il iar ”, “ ag r oe col óg i c o” , “ f a i r p r o du t or e s e e m p r e e nd i m en tos
t r ade ” 3, et c. N es s e co n t e xt o, t í p ic o s d o N or d e s t e d o B r a s i l , o
cas o o cons um i d o r p os s ua ob j e t i v o d o p r e s e nt e e s t u do é
inf or mação e c on h e ci m en t o i d e n t i f i c a r e c o mpa r a r os
ção
2 Fonte: http://web.worldbank.org/archive/website00912B/WEB/OTHER/8E3827-7.HTM?Opendocument
3 Lohr; 2001.

06
ef ei t os di r et o s d o s do i s b e n e fi c ia m e n to ( c o op e r a t i v a,
si s t ema s d e p r o du çã o n a i nt e r m e - d iá r i os , e t c . ) , u t i l i z a do ,
r ed uç ão da po b r ez a r u r a l . E ssa e m al g un s cas os , p ar a ob t e r
aná l i se per mi ti r á o b t er u ma m e l h o r c om p a r aç ã o d o s
hipót es es q ue p ode r ão v al or i z ar p r o du t os fin ai s d a a g r i c u l t u ra
o pr od ut o e as s i m i n f l u en c iar n a f a m il ia r . Ao m e s m o t e mp o, ca da
es col ha do con s u m i d o r . P ar a l i n h a d as e s tr ut ur a s d e c u s to s ,
i ss o, f o r am es c o l h i do s q uat r o v e n d as e mar g e n s f o i
pr od ut os : c apr i no s em p é, c on s id e r a d a a par t i r de s eu
mel , ovos e f écu l a de “ e f e it o d i r e to ” n a r e d u ção d a
p ob r e z a r ur al ou n o
mand i oca .
d e s e n v o l v im e n t o t e r r i t o r i a l .
Os cr i t ér i os p r in c i pa i s p a r a a
N o c as o d o a g r o ne g ó ci o,
s el e ção des t es p r od u t o s f or am
as i n f o r m aç õe s s o b r e o s cu s t os ,
a) a compar a bi l i da de en t r e o s
as q ua n ti da de s e o s p r e ç os
pr odu t os fina i s4 de c ad a s i s tem a
f o r a m l e v an t ad os a t r av é s d e
( ut il izaç ão de um a m e s ma
e n t r e v is ta s co m p r od ut o r e s
metodol ogi a n a de co m p os i çã o
r e f e r ê n c ia e d e f o nt e s
dos c us t os e d as m ar g en s d e
s e c u n d ár i as ( r e l a t ó r i os
l u cr o) ; b) r e p r es en t at i vi da de n a 5
e s p e c i al iz a do s , c on s u l t as ) . N as
r egião Nor de s t e do B r a s i l ; e c )
an á l i s e s d a a g r i cu l t u r a f am i li a r,
di s po ni bi l i d a de e ac es s o à
as in fo r m aç õ e s f or a m
inf or mação d et a l ha d a d o s
ad q u i r i d as at r av é s d e c o n s ul ta s
cus t os e mar g e ns .
c om e s pe c ia l is t a s , es t u do s do s
m od e l os fam i l i ar e s d e s c r i t os
A m et od ol o gi a ut i l i z ad a f oi a
n o s ú l ti m os d e s e n h o s d e
r ec on s tr uç ão d et a l h a da d as
p r o je t os fi n an c i a do s pe l o F u nd o
es t r u t ur as de c us t o s , de v en d as 6
I n t e r n ac io n al d e
e de m ar gens de l u c r o pa r a
D e s e n v ol v im e n t o Ag r í c o l a
ambos o s s is te ma s es c o l h i d o s .
( F I D A) n o C e ar á e n o Pi auí , e
Após anal i s ar d i f e r en t e s f o nt es
d os d ad os l e v an t ad os n a
de in for maçã o, f o r am
e l ab o r aç ão d o s ú l t i m os P l an os
s el e cionad as ci nco c at eg o r ias
d e i n v e s ti m e n t o d o Pr o j e t o P ró -
par a c ompa r ar e n t r e os
S e m i ár i d o ( B a h i a) , do Pr o j e t o
s is t emas de p r odu ç ão : 1 )
Pa u l o Fr e i r e ( C e ar á ) e d o P r o j eto
ins umos , 2) m ã o d e ob r a, 3)
V i v a o S e m iá r i d o ( Pi au í ) .
out r os cus t os , 4 ) m ar g en s d e
Pa
l u cr o e 5) cu s to s d e p r o d um e

07
O t r ab al h o d e i d en t i f i c a ç ão e m e n t e mã o- d e- obr a d a
de f in ição dos mo d el o s d e p r ópr i a f a mí l i a n as
p r od uç ão e do l e v an t a me n t o e a t i v i d ad es e c on ômi c as d o
v a l i da ção do s d a do s p r i má r i o s s e u e s t ab e l ec i m en t o o u
f oi r e al i zado e m s e s s õ e s d e e m pr e en di m en t o; i i i . T en ha
t r a bal h o co nj un t a me nt e c o m p e r c e nt u al m í n i m o da r end a
e s p ecial i s ta s t éc n i c o s do f a mi l i ar o r i gi n a da d e
P r ojet o Pr ó- Se mi á r i d o : os E ng . a t i v i d ad es e c on ômi c as d o
Agr ô no mos S é r g i o L uí s A mi n s e u e s t ab e l ec i m en t o o u
( ch efe do es c r i t ó r i o l o c a l e m e m pr e en di m en t o ( . . . ) ; i v.
J uaz eir o) e N e l s o n F er r e i r a D i r i j a s e u e s t a b el ec i me n t o ou
S an ta na J úni o r ( t éc n i c o em e m pr e en di m en t o co m s u a
de s en v o l v ime nt o a g r o i nd us tr i a l ) f a mí l i a. Ta mb é m s ã o
e o b iól og o E g nal d o G om es c on s i de r ad os ag r i c u l t or e s
Xav ie r ( téc ni c o d e f a mi l i ar e s : s i l vi c ul t or es ,
de s en v o l v ime nt o
a qu i c u l t or es , e x t r at i vi s t as ,
ag r oin dus tr ia l ) .
p e s c ad or e s , i n dí g e n a s ,
q ui l o mb ol a s e a s s e nt a do s d a
Os co ncei tos - c h av e 4 ut i l i za d o s
r e f or ma ag r ár i a” . ( L e i n °
ao l ong o do t r aba l h o s ã o
1 1 . 3 2 6/ 2 0 06 ) .
de f in ido s co m o:
Agricultura familiar:
A g r on e g ó c i o : at iv id ad e
atividade econômica
ag r o p ec u ár i a e m p r e s a r i a l
realizada pelos agricultores
qu e “ . . . c on t e mp l a o
familiares. Eles são
pe qu en o, o m é di o e o
definidos na legislação
g r a n de pr o dut o r r ur a l e
brasileira como aqueles que
r eún e a t i vi d ad es de
praticam atividades no
f o r ne c i m e n t o d e b e n s e
meio rural, “. . . atendendo,
s er vi ço s à a g r i cu l t u r a,
simultaneamente, aos
pr od uç ão ag r op ec u á r i a ,
seguintes requisitos: i. Não
pr oc e s s am e n t o ,
detenha, a qualquer título,
t r an s f or ma ç ão e
área maior do que 4
di s t r i bu i ç ã o de pr od ut os d e
(quatro) módulos fiscais5 ; ii.
or i g e m a g r ope c uá r i a a t é o
Utilize predominantemente 6
c on s u m i d or f i nal . ”

4 Ao longo do trabalho são elucidadas as noções: “efeito direito” e os diferentes tipos de custos e margens.
5 A medida de cada módulo fiscal varia de município para município (entre 55-70 ha em média)
http://www.incra.gov.br/tabela-modulo-fiscal/.
6 http://www.agricultura.gov.br/acesso-a-informacao/institucional

08
A at iv id ade é r e a l i za da p or
Box 1. Contexto da
at or es que n ão c ump r em c o m
os r equis ito s de f i n i d o s p or Agricultura
“ a gr ic ul t or f am i l i a r ” . M ai s familiar no Brasil.
es pec ific am en t e , s e ad ap t a à
Segundo o Censo
def i ni ção de a g r o n eg ó ci o “ . . . o
Ag r o p e c u ár i o d e 2 00 6
model o d e ( . . . ) p r ed om í n i o de
( I B G E ) , a ag r i cu l t u r a f a m i l i a r
capi t al , es pe ci a l i z aç ã o
r e p r e s e n ta 84% ( 4. 3 6 7 . 9 0 2 )
cr es cent e ( . . . ) e t e n dê n ci a à
d o t o tal d os
concent r açã o em g r an de s
e s t ab e l e ci m e n t os
un i dades de
ag r o p e c uá r io s br a s i l e i r o s
pr odução/ e x p l o r a ç ão ” . ( T eub al ; ( 5 . 1 75 . 489 ) e o c u p a u m a á r ea
2008 ) . d e p o uc o ma i s d e 80 , 3
m il h õe s d e h e c t a r e s , o qu e
Os model os tí pi c os d os s i s t em a s r e p r e s e n ta 24 , 3 % da ár e a
de pr oduç ão f or a m co n s t r uíd o s t o t a l d o s e s t ab e l e c i m e nt o s
com b as e n a s con d i ç õ es t í p i c as r u r ai s b r a s i l e i r os . A
pos s í v eis p ar a um a u n i da de de c on t r ib u iç ã o d a a g r i c u l t ur a
pr odu ç ão no No r d est e d o f a m il ia r p ar a p r o d uç ão
Br a si l . ag r o p e c uá r ia n ão é p e q u en a
( 3 8% d o v al o r d a p r o du ç ã o) ,
O Nor d es te é um a da s 5 r e gi õe s m as oc u pa 75 % d o t ot a l d e
pol í ti cas ofi c ia i s do B r a s i l , a m ão d e ob r a n o s e t or . E s t e
s egund a ma is p op u l o s a do p aí s g r u po s oc ia l r e p r e s en t a um a
e é com pos ta de n o v e es t ad o s : p or çã o e n or m e d a
Al agoas , Bah ia , C ea r á, p op u l aç ão r ur al do paí s . No
Mar an hão, Pa r aí ba , P i au í , N o r d e s t e , 2 m i l hõ e s d e
Per nam buco , Ri o Gr a nd e d o e s t ab e l e ci m e n t os f a m i l i a r e s
Nor te e Ser gi p e. O se mi á r i do é d ão e m p r e g o a 6 . 5 m i l hõ e s
uma r egião c l i má t i c a d ef i n ida d e p e s s oas , e m u m a á r e a de
pel a l ei fede r a l n º 7 82 7/ 89 , 2 8. 3 3 m il h õe s d e h a. A s s i m,
es s en cial me n te l o c al i za d a n o a a g r i cu l tu r a f ami l i ar
Nor des t e ( 8 9, 5% 7) on d e v i v em c om p o r ta 5 2 % d a p r o d uç ã o
apr oximadam e nt e 1 1 % d a r e g i o na l ( B an c o d o
popul aç ão e q u e o c up a 1 2 % d o Nordeste; 2011)
t er r it ór i o n ac ion a l .8

7 https://www.ibge.gov.br/geociencias-novoportal/cartas-e-mapas/mapas-regionais/15974-semiarido-brasileiro.html?=&t=o-que-e
8 Banco do Nordeste. Novo Perfil do Nordeste Brasileiro. Censo Demográfico 2010.

09
A popul ação d o s e m i ár i d o d o N or d e s te é de 1 1 m i l h õe s d e p e s s oas e m
ár eas ur b ana s e 9 m i l h õe s e m á r e as r ur ai s . N e s ta r e g i ão o n ú me r o d e
es t ab el ec im en t os ag r ope c uá ri o s f am i li ar e s é m ai or q ue a d o í n d i ce
9
nac ional , a s s im c om o o s i n d i c ad o r e s d e po b r ez a r u r al . S e gu n d o os
úl t imos d ad os l e v a n t ad os , 4 3, 5 % da p o pu la ç ão n o r d e s t i n a s e e n c o nt ra
em s i tu aç ão d e po br e za ( I BG E ; 2 01 7) e 3 mi lh õ e s de pe s s oas e m
s it uaç ão de ext r em a p o br e za ( 1 4% ) , s e n do 46 % e m ár e as ru rai s.

Box 2. Contexto do Agronegócio no Brasil


Segundo o Censo Agropecuário de 2006 (IBGE), os estabelecimentos
não familiares representam apenas 16% do total de unidades, ocupam
76% do território e geram a maior parte do valor da produção (62%) e
da receita (66%) nacional. O setor agropecuário no Brasil representa
uma fonte importante dos recursos monetários: mais de 36% das
exportações nacionais. O Brasil é o terceiro maior exportador de
produtos agrícolas do mundo (FAO; 2018) e o principal exportador
mundial de carne bovina, café, açúcar, suco de laranja e de aves. É
também o principal produtor mundial de café, açúcar, laranja e o
segundo principal produtor de soja. O setor experimentou importante
crescimento a partir de 1990, principalmente nas regiões centro-
oeste, sudeste e sul do país, e em algumas áreas específicas do
cerrado, na região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia).
A região semiárida do Nordeste não participou desta dinâmica mais
ampla.

Na S eçã o 1 d o pr es en t e e s t u do de t al h a- s e os s i s te ma s de pr o du ç ã o d e
cad a pr odu t o es co l h i do . Em pr i m e i r o lu g ar , de f i n e m - s e as
car ac ter ís t ica s p r i n c i pa i s d e c ad a s i s te m a d e p r o d uç ão, a s s i m c omo a s
s u pos i ções , ba s e a da s em d a do s q u an ti tati v o s , s o b r e o s t a man h os d as
pr oduç ões e d e s eu s s i s t e m a s . E m s e g u i d a, d et alh a - s e c ad a s i s t e ma
pr odut iv o ( i ns um os , t éc n i c a s d e pr o d uç ã o, i n fr ae s tr u tu r a , me r c a d o,
eq uipam en t o e s e r v i ço s u t i l i z ad os ) .

Na S eçã o 2 , ex pl ic am - s e os cu s t os , d e t al h ad os p or c at eg o r i a s e por
model os d e pr o du ç ão es col h i d os , e a p r e s e nta m- s e tab e l as c o m o s
r es ul t ado s , po r c at eg o r i a, p a r a c a d a u m do s p r o du to s se l e c i on ad o s .

9 O Censo Agropecuário de 2006 mostra que na região Nordeste 89% dos estabelecimentos era do tipo familiar, enquanto que o
mesmo índice para o país é de 84%.

10
Na S eçã o 3 , a pr e s en ta - s e a aná l i s e c om par a ti v a en t r e o s s i s te m as d e
agr i cul t ur a f am i l i a r e d e a g r one g ó c i o , p ar a c a d a u m d o s p r od ut o s
s el ec ion ad os .

Final m en t e, na úl t i ma p ar t e de s te e s tu do , a pr e s e n tam -s e as
conc l us ões e r e f l ex õe s f i n ai s .

O anex o i nc l u i uma t a be l a de t a l h an d o a s s u po s i ç õ e s d os c ál c ul o s
par a c ada c as o.

11
SEÇÃO 1. SISTEMAS DE
PRODUÇÃO ESCOLHIDOS
Os s i s t em a s d e pr odu çã o u ma an á l i s e e d e d i s c us s ões
es c ol hidos f o r a m: c om e s pe c ia l is t a s f o i
c on s tat ad o q ue am bo s o s
10
Capr i no s d e c o r t e: ( a) AF s i s t e m as s ão r e p r e s e n t at i v o s n o
12
de ár ea c o l et i v a e m “ f u nd o s e m i ár i d o n o r d e s t i n o .
11
de pas to ” e ( b) A F d e á r e a
confin a da ; e ( c) c r i aç ão e m A s e g ui r , s e r á f e i t a u m a b r e v e
l ar ga e s c al a pa r a o c on t e x tu al iz aç ão d e cad a
agr one góc io ; p r o du t o n o m e r c ad o br a s i l e i ro
Mel : ( a) f a mil iar e ( b) e u m a d e s c r iç ão d e t al ha d a de
agr one góc io de ap i c ul t u r a c ad a s is te m a an al i s ad o.
i t i ne r ant e em l a r g a e s c a l a;
Av ic u l tur a p a r a a p r odu çã o a. C ap r i n o s
de ov os : ( a ) pequ e n o ou
f am il ia r e ( b ) a g r on eg óc i o O e f e t iv o d os r e b an h o s d e
de gr anja p r odu t or a d e c ap r i n os e ov i n os no B r as i l f o i
ov os ; e s t im ad o e m 9 , 5 m i l hõ e s e 1 7 , 9
Fécul a de ma nd i oc a : ( a) m il h õe s , r e s pe c t i v a me n t e
mic r o e m pr e end i m en t o ( I B G E ; 2 0 1 7) . N o p r i m ei r o c a s o ,
f am il ia r e ( b ) a g r on eg óc i o o r e b an h o no r d e s t i no
de pr o c es s a me n t o e r e p r e s e n ta 9 3 % d o r e b an h o
benefic ia m en to d a t o t a l d o pa ís e o s E s t ad o s d e
mandio ca . m ai or r e l e v â n c i a f o r am B ahi a
( 3 3 , 1 % d o t ot al no r d e s t i n o) ,
Nos doi s s is t em a s ( a g r i cu l t u ra Pe r n am bu c o ( 2 4, 1 %) e Pi au í
f ami l i ar e ag r o n eg óc i o) , de p o i s ( 1 3 , 7 %) . J á o r e b an h o d e o v i n os
de l e v an t ad as al g uma s d o N or d e s te r e p r e s e nt a 6 4, 2 %
hipót es es , c on c l ui u- s e q ue o d o t ot al d o p aí s e o s e s t a do s d e
pr odut o f in al com er c i al i za d o m ai or r e l e v â n c i a f o r am B ahi a
er a s emel ha n t e, s en d o a pe na s ( 3 2 , 6 %) , C e a r á ( 1 9 , 5 %) ,
dif er en ciad o p e l o s eu cu s t o d e Pe r n am bu c o ( 1 9%) e Pi au í
pr oduç ão, s u a m ar g e m d e l uc r o ( 1 0, 5 %) . As d u as at i v i d ad e s
e s eu p r eç o f in al . A pa r tir d e e s t ão l o c al iz ad a s p r i n c

10 Caprinovinocultura.
11 Sistema típico de produção da caprinovinocultura em áreas coletivas na Bahia.
12 O que se explica com a predominância dos produtos escolhidos nos planos de investimento nos projetos FIDA.

12
pr in ci pal men t e no s e mi á r i d o N o s s i s t e m as d e pr od u ção
nor des t in o, c o m s i s t em a s d e f a m il ia r , fo r am d i f e r e nc i ad as a s
cr iaç ão ex te ns i v os p ar a ár e as d e p a s ta g e m c o l e t i v a s ,
pr oduç ão d e c a r n e. c h am ad a s d e “ f u n do de p a s to ” ,
p r e d o mi n a nt e s no N o r d e s t e do
Tan to os ov i no s c omo os E s t ad o da Bah i a e r e f e r i d os
ca pr inos ada p t a m - s e c om o AF 1 n es t e e s t ud o, d o s
f acil ment e à s co nd i çõe s p e q u e n os c r i a do r e s co m ár e as
cl imát icas e g e og r á f i c as d a c e r c ad a s , r e f e r i do s com o AF 2.
ca atin ga ( bi oma t í pi co d a
r egi ão) , on d e, s ol t os , pod e m s e Pa r a a an ál is e d a a g r i c u l t u ra
al imen tar s em n e ce s s i d a de d e f a m il ia r , fo r am u t i l i za do s da do s
mui tos c uid a d os de m an e j o. O d os p l an o s d e i n v e s t i m e n t o e
pr odut o pr in c i p al d as av al ia ç õe s e c on ôm i cas e
com er c ial iz ad o é o a ni m al em f i n an c e i r as d o s p r o j e t os do
pé ( Banc o d o No r de s t e ; 2 0 11 ) , F I D A n o N o r d e s t e , pe g a n d o o s
pr in ci pal men t e par a con s u mo c as o s d o s p r o j e t os n a B ah i a ,
int er no, C e a r á e P ia uí . O s d ad os d o
ag r o n e g óc i o for a m l e v an t ad os
A c apr i no cul t u r a é um a d ir e tam e n t e co m o s p r o du t or es
at iv idad e p r ed om i n a n t e m ente r e l e v an te s . Al é m d i s s o , f o r am
r eal izada p el a ag r i c ul t u r a u s ad a s fo n te s s e c un dá r i a s pa ra
f ami l i ar , c om a p r es e n ça d e 2 2 8 an á l i s e d o s d oi s s i s t e m a s . A
mil es t ab el ec i me n t o s ( 9 1 , 6 % ) e p r e s e n t e p e s q u i s a f oi a i n d a
r es pon s áv e is p e l a v e n d as de 1 d is c ut id a e r e v i s ad a p or
mil hão de c a be ça s , o u 7 7 , 1 % e s p e c i al is ta s e x pe r i e nt e s q u e
das v en d as t ot a i s ( I B GE; 2 00 6 ) . t r a b al h a m c o ti d i a na m e n t e na
Os em pr e en di me nt o s n ã o f o r m u l a çã o d e pl an os d e
f ami l i ar es s ã o mi n or i a s n a i nv e s ti m e n to no s pr oj et o s do
r egi ão, r ep r es en t an d o s omen te Nordeste.
8 , 4% dos l oc ai s d e p r od uç ã o e
22 , 9% d as v en d as t ot ai s .

13
TABELA 1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS SISTEMAS DE CRIAÇÃO DE
CAPRINOS/OVINOS

SISTEMA DE CARACTERÍSTICAS
LOCALIZAÇÃO TIPO REBANHO
PRODUÇÃO GERAIS
Nordeste do
Área de pastoreio coletiva 150
Pequeno criador Estado da Bahia,
Agricultor familiar em animais
de caprinos - território Agricultura
estado de vulnerabilidade
Fundo de pasto inserido no familiar
Produtor mora na 80
(AF 1) semiárido
comunidade matrizes
nordestino

Área de pastoreio cercada 80


Pequeno criador Toda a região do
Agricultura Agricultor familiar em animais
de caprinos - semiárido
Área Cercada familiar estado de vulnerabilidade
nordestino Produtor mora na 50
(AF 2)
comunidade matrizes

Áreas de pastagem
800
Negócio de cria irrigadas
Toda a região Negócio de animais
- Grande - Áreas Negócio de cria em larga
do semiárido grande
de pastagem escala com empregados
nordestino escala 650
irrigadas fixos
matrizes
Produtor mora na cidade

b. Mel - Api c ul t u r a

p r o du z id o n o pa í s , 2 7% v e m da
Segun d o es t ud o r ea l i zad o p el o
r e g i ão N o r d e s t e e o s e s t a do s
Banc o d o Nor d e s t e em 2 0 1 8 ,
c om o s m e l ho r e s r e s u l t ad os s ão
com bas e em d ad os do I BGE, a
a B a h ia e o P i au í . D e a c or d o
pr oduç ão d e me l n a t u r a l n o
c om o e s tu do d o B an c o d o
Br as il , em 201 6 , f oi d e 39 , 6 mi l
N o r d e s t e ( 20 1 8) : “ O di f e r e nc i a l
t onel ad as , on d e ma i s d e 6 0%
do m el n or de s t i n o e s t á n a
f or am d es t in ad os à exp or t a ç ã o .
ba i x a c on t a mi na ç ão po r
Nos úl ti mo s a n os , o B r a s i l s e
pe s t i ci da s e p or r e s í duos de
col oc ou en t r e o s d ez pr i nc i p a i s
expor t ador e s de m el n o m u n do . an t i bi ót i c os , p oi s g r a nd e
Apes ar do me l b r as i l ei r o s e r pe r c en t ua l d o me l pr od u z i do
r econh ec id o mu n di a l me n t e e n a r e g i ã o é p r o ve n i e nt e d a
13
con s ider ado d e al t a q ua l i da de , ve g e t aç ão n at i va d a c aat i n ga.
o s eu con s u mo i n t e r n o é um A l é m di s s o, a b ai x a u mi d ade
dos me nor es do mu nd o: 0 , 09 do ar d i f i cu l t a o apa r ec i me nt o
kg p er c apit a . Do t o t al de d oe n ça s na s ab e l h as , di s p

13. Como a caatinga não tem plantações ou latifúndios de cultivos intensivas como soja, o mel tem maior qualidade e é
orgânico (diferentemente do cerrado, por exemplo)

14
di s pen s a nd o o us o d e Pa r a a an ál is e d a a g r i c u l t u ra
medi cam ent o s ” . f a m il ia r , fo r am u t i l i za do s da d os
d os p l an o s d e i n v e s t i m e n t o e
No Nor des t e, a ap i cu l t ur a é d as av al ia ç õe s e c on ôm i cas e
uma at iv ida de d e c a r á t e r f i n an c e i r as d o s p r o j e t os do
emin en t eme nt e f a mi l i a r e s er v e F I D A p a r a a AF n o N o r de s t e. O s
como fon t e a di ci on a l d e r e nd a. d ad o s d o agr o ne g ó ci o f or a m
Quas e todos o s p r od ut or es , l e v a n tad o s a tr av é s de c on s u l ta s
f ami l i ar e s ou nã o, e s t ã o d ir e tas co m ap i cu l t o r e s
or gan izados em c oop er at i v a s , i t i ne r an te s de g r an de e s c a l a.
obt en do as s im c an a i s Al é m d is s o , fo r am u t i l i z a da s
comer ci ai s s im i l a r e s . O s f o n t e s s e c u n d ár i as p ar a an ál i s e
empr eend im en t o s do d os d oi s s i s t e m as . A p r e s e n te
agr on egóci o d e a pi cu l t ur a p e s q u is a fo i ai nd a di s c ut i d a e
es col hidos s ã o i t i n er an t e s , r e v i s a da c o m b as e n a s
po den do de s l o c ar - s e p or m a i s e x p e r iê nc i a s d e e s p e ci al i s t a s
de 5 00 km e m b us c a de q u e tr a b al h a m co t i di an am e nt e
t er r enos ou á r ea s f av or á v ei s . O s n a f or m u l a ç ão de pl a no s de
apicul t or es pr od uze m d es de i nv e s ti m e n to no s pr oj et o s do
abel has - r ain h as à ce r a , e n ão Nordeste.
po s s uem cu s t o s d e a l i me n t a ç ão
po is ut i l izam c om o ba s e
a v eget ação ne g a t i v a .

15
TABELA 2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO APÍCOLA

SISTEMA DE CARACTERÍSTICAS
LOCALIZAÇÃO TIPO TAMANHO
PRODUÇÃO GERAIS

Organizados em
cooperativas ou associações
Produtor mora na
Região comunidade / na
30
Pequeno semiárida - Agricultura propriedade rural
colmeias
apicultor Nordeste familiar Sistema de colheita manual
por família
brasileiro Mão de obra familiar com
ajuda de outros apicultores
da comunidade
Não tem outros negócios

Funcionários permanentes
Aluga propriedades de pasto
apícola
Percorre um raio de 500km
em busca de espaço mais
Região adequado para a produção 600
Negócio de Produção
semiárida - Organizados em colmeias
apicultura em larga
Nordeste cooperativas ou associações por
itinerante escala
brasileiro Produzem cera, própolis, empresa
abelhas rainhas.
Sistema de colheita
mecanizado / Automação da
produção
Produtor mora na cidade

c. Ovos - Av i c ul t ur a p r o du ç ão .

A p r oduçã o d e o v o s n o B r a s i l S e g u n d o o I B G E ( 2 01 7) o
at i ngi u 44, 2 bi l h õe s d e N o r d e s t e r e p r e s e nt o u , e m 201 6 ,
uni dad es ( A BP A ; 20 1 7) e a s 1 4, 3 % d a p r o du ç ão d e ov os no
expor taç ões no m es m o pe r í odo p aí s , c o m 442 , 44 mi l h õ es d e
f or am de 5. 834 m i l t on e l ad a s . d ú zi as . N a r e g i ão , “ . . . de s t aqu e
Ain da qu e a p r odu çã o br a s il ei r a p ar a os E s ta d os d e Pe r n am bu co
s eja des tin ada pr i n c i pa l me n te e C e ar á, qu e c on ce n t r am
ao c on s u mo i nt er n o ( o m a i or ap r o x im ad am e nt e 6 5, 0 % d a
r egis t r ad o s e gu n d o d ad os p r o du ç ão r e g i on al , c om 1 5 2, 4 0
14
his t ór icos ) , o p aí s t e m m il h õe s e 1 34 , 9 0 m i l h õ e s d e
conqui s tado n o v os me r c ad os , d ú zi as d e o v os e m 2 0 1 6 ,
15
como o da Á fr i ca do S ul , e r e s pe c t iv a m en t e ” .
ger an do des afi os i n é di t os na

14 202 unidades/ano/per capita (ABPA; 2017)


15 Banco do Nordeste, Diário Económico ETENE- - Primeiro trimestre 2017- Ano II - Nº 196 – 2017.

16
A comparação do presente do total. A maior participação
estudo não levou em conta a dos estabelecimentos familiares
qualidade e o sistema de no VBP de aves e ovos foi
produção (ovo de galinha registrada nos estados do
caipira e ovo de granja), ainda Maranhão, de Alagoas e do Piauí.
que exista uma valorização Na tabela seguinte são descritas
desses atributos por parte dos as características principais de
consumidores. Como cada sistema típico selecionado.
mencionado anteriormente, tais
diferenças possuem impacto no Para a análise da agricultura
preço final pago pelo familiar, foram levantados dados
consumidor, indicando sua dos planos de investimento e das
preferência por um ou outro avaliações econômicas e
sistema, com selo ou sem selo financeiras dos projetos do FIDA
(orgânico, agricultura familiar, no Nordeste e realizadas
etc.), entre outros. consultas diretas com
especialistas que trabalham
Segundo informações do Banco cotidianamente na formulação
do Nordeste (2011) sobre a base de planos de investimento
do IBGE (2006) os agricultores desses projetos. No caso do
familiares da região registraram agronegócio, as estimativas
um Valor Bruto de Produção l\ foram feitas com base em fontes
(VBP) de aves e ovos de 29,7% secundárias.

TABELA 3. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO AVÍCOLA

SISTEMA DE CARACTERÍSTICAS
LOCALIZAÇÃO TIPO TAMANHO
PRODUÇÃO GERAIS

Organizados em
Pequenos Região cooperativas ou
criadores de semiárida- Agricultura associações 200
Pequenas propriedades galinhas
galinhas para Nordeste familiar
Produtor mora na poedeiras
ovos brasileiro
comunidade / na
propriedade

Produção integrada com


outros criadores pequenos
Granja Fornecedores de insumos
Cidade na
produtora de bem definidos
Região Produção 100.000
ovos- Galinhas Contrata mão de obra
semiárida- em larga galinhas
de postura- permanente
Nordeste escala poedeiras
Sistema Sofisticação das
brasileiro instalações
intensivo.
Empreendimento
localizado na cidade

17
d. Fécu l a d e M an d i o ca e x p l i ca d a p e l a d i n â m i c a d o
c on s um o do m é s t i c o. O de s ti no
A f écu l a d e m an d i o ca ( t am b ém p r i nc i p al do p r o du t o é o
conheci da c omo am i d o d e c on s um o in te r n o n os
mandioc a, pol v i l h o ou g o m a) é s e g m e n t os e s p e c í f i c o s
um de r iv ado imp o r t a nt e d a rai z m e n c io n ad os n a T ab e l a 4.
de man dioc a, c uj o
pr oces s am en t o é um d o s A p r o d uç ã o b r a s i l e i r a de
empr e en dimen t os es c ol h i d o s m an d io c a é f e i t a , q u as e na s ua
no pr es en t e e s t u do d e v i d o a t o t a l i d ad e , p e l a ag r i c u l t u r a
s ua r epr es en ta t i v i d ad e e n t re as f a m il ia r e e x p e r i m e n t ou , na
at iv id ades ec o n ôm i co s n o r e g i ão n or de s t e , u ma q u e d a de
s emiár i do do Nor de s t e . A f éc u la 47 , 6 % n o s úl t i m os 1 0 an os
pode s er ut il iza da t an t o em p r i nc i p al me n te d e v i d o à
pr odu t os al i me n t í ci os ( b i s c oi to, e s t ia g e m qu e af e t a a r e g i ã o
mas s as , pan if i c aç ão ) c o mo p a r a d e s d e 2 0 11 / 2 0 1 2. As s i m , a r e gi ão
ins umo i n du s tr i al ( p or ex em p lo , d e i xo u d e s e r a p r i n ci p al
no s etor de pa pe l , i nd ú s t r i a p r o du t or a d o p aí s e a g o r a
qu ími ca, têxt i l e f ar m ac êu t ic a ) . n e c e s s it a i m po r t a r d e o u t r as
p ar t e s d o Br a s i l , t an t o a
Nos úl t imos d ez an o s , o B r as i l m an d io c a q u an t o s e us
f oi o s egun d o ma i o r p r od u to r d e r i v ad o s .
mund ial de f éc u l a d e m an d i o c a
com uma pr od u ç ão m éd i a At ua l m e n te , e s t ão r e g i s t r a da s
acim a de 360 m i l t o n el ad as ao ap r o x im ad am e nt e 7 0 f e cu l a ri as
ano. Em 20 17 , p o r ém , f or am e m to d o o B r as i l . O N o r de s t e
pr oces s ad as a p en as 26 1 m i l r e c e b e 1 2 , 9 % d a p r o du ç ã o d e
t onel ad as de f é c ul a o u am i d o f é cu l a d e m an d i o ca , c om
no país d ev i do à b ai xa of er ta da p r e s e n ç a d a s g r a nd es f e c ul a ri as
r aiz ( CE P EA ; 20 1 7) s en d o qu e n o s o m e n te n o e s t a d o da Ba h i a .
cas o do Nor d es t e a p r od u ç ão Al é m d is s o , e x i s t e m p e q u e na s
f oi for t emen te i m p ac t ad a f á b r ic as fam i l i ar e s n o N or d e s te
dev ido à for t e e s t i a g em n a q u e p od e m a g r e g ar v al o r n a
r egião. Apes ar da al t a c ad e i a d e p r o d uç ã o d e
pr odu t iv ida de , a p ar t i c i p aç ão c oo p e r a ti v as e a s s o c i a çõe s d e
do Br as il n as t r an s aç õ es ag r i c u l t or e s f a mi l i ar e s . T an to o s
mund iais ain d a é p eq u en a, c om e m p r e e n d im e nt o s f am i l i a r es
imp or t ações a n ua i s q u e c om o as g r an de s i ns t a l aç õ es
s uper am as e xpo r t a çõ es i nd u s t r ia i s po d e m t e r

18
div er s ific ação d a p r od uç ão, p r e f e r ê n c ia d o c o ns u m i d o r po r
como far in h a, r as p a , bi s coi t o, u m ou o ut r o s i s t e ma .
et c .
Pa r a a an ál is e d a a g r i c u l t u ra
A f écul a de ma nd i oca , a s s i m f a m il ia r fo r am l e v an t ad o s
como os ov os , po s s u i d i f e r e n ç as d ad o s d o s pl an os d e
na qu al i dad e e n a v a l or i zaç ã o i nv e s ti m e n to d o Pr oj e t o Pr o -
pel os cons um i dor e s e nt r e o s S e m i ár i d o , na B ah i a. N o ca s o
s is t emas de pr od uç ão d o ag r o ne gó c i o , f or a m
( emp r een dim en t os f am i l i a r es r e a l i za d as c on s ul t a s d i r e t as
ou indu s t r i al ) . A s d i f e r en ç as na c om e mp r e s a s r e l e v an t e s . A s
qual id ade do p r o du t o i nf o r m a ç õe s e n co n t r ad as f o r am
impac tam no s eu p r e ço f i na l , d is c ut id a s e v e r i f i c a da s co m
que tam bém r ef l et e um a e s p e c i al is ta s d o s e t or .

TABELA 4. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS SISTEMAS DE FÉCULA DE


MANDIOCA

SISTEMA DE CARACTERÍSTICAS
LOCALIZAÇÃO TIPO TAMANHO
PRODUÇÃO GERAIS

Baixo nível de automação


/ máquinas manuais
Melhor remuneração por
quilo pago ao produtor
Sem transporte próprio
Micro Organizados em
Região associações.
empreendimento
Produtores moram perto
de fécula de semiárida- Agricultura 3.000kg/dia
do micro
mandioca de Nordeste familiar
empreendimento
pequenos brasileiro
Possui autoconsumo
produtores Não contrata mão de obra
externa / 25 funcionários
familiares
Paga impostos
diferenciados.

Baixo uso de mão de obra


Maior nível de automação
Instalação Região / máquinas programadas
Produção
industrial de semiárida- Baixa remuneração por
em larga 40.000kg/dia
fécula de Nordeste quilo pago ao produtor
escala
mandioca brasileiro Localizado na área
produtiva
Paga impostos normais

19
SEÇÃO 2: CLASSIFICAÇÃO
DOS CUSTOS E MARGENS
E RESULTADOS DA COM-
POSIÇÃO DOS PREÇOS
Com as c ar ac t er í s t i ca s dos d if e r e n t e s C u s t os e M a r g e n s
s is t em as d e p r od uç ão j á n as c i n c o c a t e g o r i a s
iden ti ficada s , d e f i n e - s e a s p r o p ost a s: a) i n s u mo s e
cat egor i as qu e s e r ã o ut i l i za d as p e q ue n o s e q u i p am e n t os ; b)
par a c om pa r a çã o, ag r u pa n d o os m ão d e o br a; c ) ou t r os c u stos ;
cus t os e as ma r g e n s de l u cr o d) ma r g e m de l u c r o
par a an ál is e do s p r e ço s f i n ai s ( de s c o n t an do o s i m pos t o s) ; e
dos p r od ut os s e l e ci on a d os . p or úl t i m o e ) C ust os de
B e n e f i c i a me nt o /
a . C l as s i f i ca ç ão d o s c u st o s e C oo pe r at i v as .
mar gem de l uc r o
D e v i d o à s c ar ac t e r í s t i c as d o
A met odo l og ia ut i l i zad a s e pa r a l e v an ta me n t o d e d ad os e d o
quatr o el em en t os pr i nc i pa i s e s c o p o d o tr a bal h o, o s pr e ço s
( cus tos até ch e g a r a o pr o du to c on s id e r a do s s ão o s p r e ç os
f inal ) : ven da s ( r ec e i t as b r ut a s ) , p ag o s a os p r o d ut o r e s . Al g u ns
cus t o s , m ar g e ns e o u t r o s at or e s s u bs e q u e n t es d a cad ei a
cus t o s ( ben ef i ci a m en t o , p r o du t iv a , n a ú l t i m a p ar t e até o
coope r at i v a s ) . O ú l t imo f oi c on s um o fi n al ai nd a p od e m te r
incor por ad o p a r a s i n t e t i zar os al g um a in fl u ê n ci a ( d i f e r e n t e s
cus t os exi s t en t es n o u s o s , e m b al ag e n s , e t c . ) n o v a l or
pr oces s amen t o e n o a ce s s o a o p ag o p e l o c on s u m i d or f i n al. No
me r cad o, pa r a a s s i m po de r e n t a n to , o s pr e ç o s an al i s a do s j á
comp ar ar os p r odu t os f i na i s d e r e s um e m um a p ar t e i m p o r ta nte
cada s i s t em a d e pr od uç ão. d o c a mi n h o p e r c or r i do
( b e n e f ic i am e n t o , e m b al a g em,
O pr eço d e v e n da ( q ue t e m p r o ce s s o s d e c on t r ol e ,
como r es ul t ad o as r e c ei t a s t r a n s p or t e e m a l g un s ca s o s ) .
br ut as ) foi d is t r i b u í do n os

20
Exceto par a o ca s o do s i s t em a ferramentas de curta duração
de pr oduç ão d e ov os em necessárias no ciclo produtivo.
ag r onegóci o ( q ue f o i e l ab or ad o
s obr e a bas e d e f on t es b ) M ão d e ob r a : t r a ba l h ad o r es
s ecu ndár ias ) , s e d e t al h a m f a m il ia r e s o u e mp r e g a do s
cus t os unit á r io s e qu an t i d ad es c on t r ata do s ( p o r di a o u m ê s ) .
l inha p or l in h a p ar a ca da t i p o
de cus t o. O q ue f a z p os s í v e l c ) O ut r os c u st o s : nã o al te r a m
pon der ar c a d a l i n h a em s ua c om a q ua nt id ad e p r o du z i d a
cont r i bui ção d i r e i t a na r ed u ç ã o e m u m pe r ío d o d e t e r mi na do .17
da pob r eza r u r a l e n o N e s ta cat e g o r i a, o s cu s t o s s ã o
des env ol v ime nt o d o t e r r i t ór i o. o pe r ac i on a is , de f i n i do c omo a
d e p r e c i aç ão , a man ut e n çã o , o
Cat egor i a s d e cu s t o s s e g u r o e o s e nc a r g o s
f i n an c e i r o s . Ou t r o s s e r v i ç o s
Na met od ol og i a u s a d a pa r a o t a m bé m p o de m s e r i n cl u í d os ,
cál cul o, o s c us t os f or a m c om o tr a n s p or t e , a l ug u e l e
18
s epar ad os em t r ê s c at e g or i a s : u t i l i d ad e s ( á g ua, l u z e e t c . ) .
a) i ns umos e f e r r a m en t a s
( cus tos v ar iá v ei s e p e qu en os M ar g e n s de l u c r o e c u st o s de
eq uipam en t os e f e r r a me n t as ) ; b e n e f i c i am e n t o /
b) mã o d e o br a ( f am il ia r e c o op e r at i va s
cont r at ad a) ; e c) o ut r o s cust o s
( f ixos e op er a ci o na i s ) . A m ar g e m de l u c r o19 d o
p r o du t or r e pr e s e n t a o
a) I n su mos e f er r a m e nt a s : O s p e r c e n tu al d e r e cu r s os
cus t os v ar iá v ei s s ã o a q ue l e s e x c e d e n te a p ós o pag a m e nto
que apr es en t a m v a r i a çõ es d e t o d os o s cu s t os e i m po s t os .
s egundo a q ua n t i d ad e N o c as o d a a g r i c u l t ur a f am i l i a r,
16
pr oduzi da. N a pr i m e i r a a m a r g e m de l u c r o é s om a da à
cat egor i a, os c us t os v a r i á v e i s m ão d e o br a fam i l i a r
s ão con s id er a do s j u n t o a os ( r e m u n e r aç ão r e ce b i d a p e l os
p equ enos e q u i p a m en t o s e p r o du t or e s fa mi l i ar e s ) .

16 Variáveis comparados ao total, mas com relações fixas com as unidades produzidas. Se tem mais produção, maior será o
custo unitário variável. Ex.: Matéria-prima, comissões de vendas.
17 Fixos comparados ao total, mas variáveis em relação a quantidade produzida. Se tem mais produção, menor será o custo
unitário fixo.
18 No enquanto, alguns deles variam com as quantidades produzidas segundo cada sistema de produção.
19 Algumas margens estão subestimadas porque não foram considerados subprodutos ou descartes (como no caso das
galinhas caipiras para a avicultura familiar. No caso do Micro-Empreendimento de Fécula de Mandioca para a Agricultura
familiar, como as produções são diversificadas, os cálculos foram feitos proporcionalmente para isolar a parte que poderia ser
associada com Fécula.

21
A categor i a “ c us t o s d e O presente estudo foi proposto e
benefici amen t o” f o i s el e ci o na da discutido com especialistas
com a fi nal i da d e d e s ep ar ar o s aplicando uma ponderação nos
pr eç os e cus t os d o s p r od ut or es , custos a partir de três níveis
dos pr eços e c us t o s d a s possíveis segundo a proporção
coop er at iv as ( g as t os c om de correspondência, com a
ar mazen amen t o, capacidade de reduzir pobreza
rural estimada. Os parâmetros
pr oc es s ame n t o , f o r ne c i me nto
usados foram 100%, 50% e 0%
de i ns um os e s e r v i ço s ,
para cada elemento dos custos
as s es s or ia téc n i ca ,
dos modelos do estudo. Outros
comer ci al i z aç ão , e n t r e ou t r os ) .
efeitos, como os investimentos
dos negócios agropecuários nas
El emen t os do s s i s t em a s de
áreas estudadas a partir das
pr odução c o m ef e i t o s d i r e t o s margens de lucro do
na r edução da po br eza r u r al agronegócio ou a distribuição
secundária das rendas a partir
Após a r eco ns t r u ç ão da s dos impostos pagos, não foram
es t r utur as d e c us t os pa r a c a d a examinados por serem
s is t ema de p r o d uç ão, ca da considerados “ efeitos indiretos ”.
l in ha defin id a f o i c on s i d e r a da Na próxima seção, serão
com um v al o r r ep r e s e n t at i v o apresentados os resultados do
em s uas c apac i da d e s d e g er ar exercício onde é possível
ef ei t os di r eto s n a r e d uç ão d a comparar os efeitos diretos entre
pobr eza ou n o d e s e n v ol v i m en to os sistemas escolhidos.
das ár eas r u r ai s .
b. Composição dos preços dos
Tan t o n os s is t em as d a produtos nos sistemas
agr ic ul t ur a f a mi l i a r q ua n t o n o escolhidos
agr on egóci o, o “ ef ei t o di r et o ” é
Na tabela abaixo, é apresentado
def in id o a p ar t i r d os s e g ui n tes
o resumo dos cálculos da
el ement os da es t r ut u r a de
composição dos preços dos
cus t os : a) mão d e ob r a f am il i a r
produtos nos sistemas de
ou contr at a da ; b) i n s um os ,
produção selecionados. Como foi
f er r am ent as e m at é r i a s p r i m a s
explicado, as comparações serão
de or igem l o c al ( p r od uzi d os n as
detalhadas na Seção 3, com foco
comun id ades ) . Al ém d i s s o, o
nos impactos no
l u cr o da agr i cul t u r a f am i l i ar desenvolvimento das áreas e na
t ambém é con s i de r ad o co mo redução da pobreza rural.
“ ef ei to dir et o”.

22
TABELA 5. COMPOSIÇÃO DOS PREÇOS - CAPRINOS- VENDA EM PÉ

AGRICULTURA PREÇO POR ANIMAL VIVO


AF = MÉDIA DE 30KG / AN = MÉDIA DE 40KG AGRONEGÓCIO
FAMILIAR
AF1 AF2
I n s u m o s : R$ 3 R$ 87,9 Insumos: R$ 78,9
Mão de Mão de
obra: R$ 67 R$ 34,3 obra: R$ 45,7
Outros Outros
custos: R$ - R$ 8,5 custos: R$ 8,5
Margem
d e l u c r o : R$ 62 R$ 1,3 Margens: R$ 31,9
Custo de be-
- - Custo de be-
-
neficiamento: neficiamento:

Preço: R$ 132/animal Preço: R$ 165/animal

TABELA 6. COMPOSIÇÃO DOS PREÇOS - MEL POR KG - VENDA DA COOPERATIVA

AGRICULTURA
PREÇO POR KG AGRONEGÓCIO
FAMILIAR

Insumos: R$ 1,5 Insumos: R$ 1,4


Mão de Mão de
obra: R$ 1,5 obra: R$ 0,6
Outros Outros
custos: R$ 1,6 custos: R$ 2
Margem
de lucro: R$ 2,4 Margens: R$ 3
Custo de be- Custo de be-
neficiamento: R$ 5 neficiamento: R$ 5
Preço: R$12/kg Preço: R$ 12/kg

23
TABELA 7. COMPOSIÇÃO DOS PREÇOS - DÚZIAS DE OVOS

AGRICULTURA AGRONEGÓCIO
PREÇO POR DÚZIAS DE OVOS
FAMILIAR

Insumos: R$ 2,5 Insumos: R$ 1,3


Mão de Mão de
obra: R$ 1 obra: R$ 0,1
Outros Outros
custos: R$ 0,1 custos: R$ 0,36
Margem
de lucro: R$ 0,4 Margens: R$ 0,57
Custo de be- Custo de be-
neficiamento: R$ 2 neficiamento:
-

Preço: R$ 6/dúzia Preço: R$ 2,3/dúzia

TABELA 8. COMPOSIÇÃO DOS PREÇOS - FÉCULA DE MANDIOCA POR TONELADA

AGRICULTURA
PREÇO POR TONELADA AGRONEGÓCIO
FAMILIAR

Insumos: R$ 1.221 Insumos: R$ 936


Mão de Mão de
obra: R$ 1098 obra: R$ 138
Outros Outros
custos: R$ 110 custos: R$ 905
Margem
de lucro: R$ 1071 Margens: R$ 321
Custo de be- Custo de be-
neficiamento: - neficiamento: -
Preço: R$3,500/t Preço: R$2,300/t

24
Na p r od uç ão d e ca p r i n os em N o s c as o s do m e l e d os
f und o d e pas t o ( AF1 ) , o c ap r i n os , os p r e ç os de v e n da e
pr inci pal c u s t o é a m ão d e o s c an ai s co m e r c i a i s s ão
obr a, dev i do ao b ai xo us o d e s i m il ar e s e n tr e os s i s t e m as
ins umos e a r u s t i c i da de dos c om p a r ad os , d i f e r e n t e do s ov o s
manej os s an it ár i os , e d a f é c ul a d e man di o c a , ond e
r epr odu ti v os e a l i m en t a r . J á n o e x is te u m a d i f e r e n c i aç ão
cas o d os peq u en o s c r i ad or es i mp o r ta n te d o s p r od ut o s
em ár ea con fi n ad a ( A F2 ) , as s i m v al or iz ad os n o m e r ca d o
como par a pr odu çã o em l a rg a ( o r g ân i co , a gr i c u l t u r a f am i l ia r,
es cal a, a al im en t a çã o d o an i ma l d e g r an j a, e tc . ) .
t em uma imp o r t â n ci a
pr ed om in an te ( en t r e 40 %- 6 0% É v i s ív e l q ue a p r o du ç ão e m
do p r eç o fi na l ) , a s s i m c omo s i s t e m a d e ag r i c ul t ur a f a mil i a r
des pes as co m s a ni d a de . O t e m cu s t os de i ns u m o s e
mes mo acon te ce co m a e q u ip a m e n to s m ai s e l e v a da s
pr od uç ão de ov o s n os do i s q u e n o a gr on e g ó ci o, e m t e r mos
s is t emas es col h i d os . r e l ati v os . I s s o o c or r e,
p r o v a v e l m e n te , de v i d o aos
Com r el aç ão à pr o d uçã o de e f e it o s d e e s c al a d o
f écul a d e Ma n d i o ca , o pr i n ci p a l ag r o n e g óc i o , q ue t e m
cus t o par a o s d o i s s i s t e m as d e v an t ag e n s t an t o
pr od uç ão é a m at ér i a - pr i m a p ar a a c o m pr a , c o mo no us o
( r ai z de man di oca ) . No c a s o d o d os in s um o s . N o e nt an t o, a
agr on egóci o ex i s t e m t a m bé m e f ic i ê n c ia d os i n s u m o s e
ou t r os cus t os i m por t a n t es e q u ip a m e n to s p od e s e r m a i o r
como a man ut en ç ã o e p ar a a a g r i c u l t u r a f am i l i ar s e
dep r ec iaç ão d a s má q ui n as h o uv e r di f us ã o e ap l i c aç ão
ut il i zadas . d e t e c no l o g i as f o c al i z ad as
n e s s e s e g m e n t o d e p r o d uçã o .
Por fim , n a a pi cul t u r a, os cus to s
es t ão d is t r ibu í do s d e f or m a
niv el ada en t r e a s ca t eg o r i as
anal is adas , c o m ex ce çã o d os
cus t os d e be n e f i ci a m en t o,
ar mazen amen t o e em ba l a g em
nas c ooper a t iv a s
( apr oxi madam en t e 4 0% ) .

25
SEÇÃO 3: COMPARAÇÕES
ENTRE OS DIFERENTES
SISTEMAS PRODUTIVOS NOS
PRODUTOS ESCOLHIDOS
O s eguin te gr áf i co m os t r a a de c o mp o s i ç ã o p er c en tua l d os p r e ç o s n as
cinco cat egor i as es c ol h i d as :

GRÁFICO 1. COMPARAÇÃO ENTRE AS COMPOSIÇÕES DOS PREÇOS


(AF - AGRICULTURA FAMILIAR, AN - AGRONEGÓCIO)

Mel Ovos Mandioca Criador Caprino

No s e guin te g r á f i co, s ão ap res e nta do s o s di f er en c i ai s ex i s t e nt e s e nt re


os pr eç os do s c us t os d e ca da s i s t em a de pr od u ç ão . Al g u ns e l e m e nt o s
comun s nas c o mpa r a çõ es e nt r e o s q u a tr o p r o du to s s e le c i o n ad o s s ã o :
a) mar gen s de l u c r o u n i t á r i a s m ai s e l ev a da s no a g r o n eg ó c i o ( e xc e t o
no cas o d o c r i ad o r d e ca pr i n o s em s i s tem a f u nd o d e p a s t o ( AF1 ) e
f écul a) ; b) men o r u t i l i za ç ão de mão de o b r a n o a g r o ne g óc i o ; c ) o pe s o
impor tan te da s c oop er at i v as / be n e fi ci am e nto s qu a nd o p r e s e nt e s
( en t r e 30% a 4 0 % d o p r e ço ) ; e d ) c u s to fi x o m a i o r no ag r o ne g óc i o .

26
GRÁFICO 2. DIFERENÇAS ENTRE CATEGORIAS DE CUSTO

GRÁFICO 3. COMPARAÇÃO DA COMPOSIÇÃO DOS PREÇOS POR SISTEMA


DE PRODUÇÃO

Comparativa Mel - % do Preço por categoria

Comparativa Ovos - % do Preço por categoria

27
Comparativa Fécula - % do Preço por categoria

Comparativa Cabras 1 - % do Preço por categoria Comparativa Cabras 2 - % do Preço por categoria

28
A s eguir , s ão a pr e s e n t ad as a s r e p o s i çã o d e c o l m e i as e 5 0 % do
compar açõe s s ob r e o cá l cu l o al u gu e l d a c as a.
dos efeit os d ir et os ( t a l c omo
f or am defin ido s co m C o mo p o de s e r ob s e r v a do , o s
ant er ior i dad e) d e c ad a s i s t e ma e f e i t os d i r e t os da ag r i c u l t ur a
na r ed uç ão da p ob r e za e n o f a mi l i a r são , e m t od os o s
des en v ol v ime nt o d a ár e a r u ral , c a sos , su p e r i or e s ao d o
cons id er and o t a mb é m i ns u m o s ag r o n e g óc i o . I s s o i n cl u i tant o
pr od uz id os l o c al m en t e e o u tr o s o s i mp a ct os n as r e nd as
gas t os cons umi dos n o m on e t ár i as n os t e r r i t ó r i o s r u ra i s
t er r it ór io. c om o o s im p a ct os na s e g u ra nça
al im e n t ar e n u t r i çã o ,
Por e xe mpl o , n a c om pr a de 1 k g c on s id e r a n do o au t oc on s um o
de m el d a a g r i c u l t u r a f am i l i ar a f a m il ia r ( r e n d a n ão m on e t á ri a) .
um c us to de R$ 1 2, 0 0, R $ 5, 91 As d if e r e n ç as , e n t r e 3 0 % e 5 3%,
ou 49% v ã o p a r a a b ol s a d o d e m on s tr am o p ot e n ci al
pequeno ap icu l t o r e p ar a o s e x is te n t e d e v a l o r i zaç ã o d os
pr oc es s os e con ô mi co s l o ca i s , p r o du t os da ag r i c u l t u r a f ami l i a r
cont r i bui ndo a s s i m pa r a a n as pr e fe r ê n c i as d e pr od u t os
r edu ção da p o b r eza . Es t e d o pr ó p r io c o ns u m i d or c o mo
pr oc es s o de p r o d uçã o e n v o l v e a t a m bé m p e l os d e s e n v ol v e do res
mão de obr a, o l uc r o i n di v i du al , d e p ol í ti ca s p úb l i c a s , c om o
al guns mat e r ia i s l oc a i s c om o a o bj e t iv o ma i or d e r e d u zi r a
cer a e o al imen t o e ne r g é t i co , o p ob r e z a e d e s e n v o l v e r as á r ea s
equ ipament o d e pr ot eç ã o r u r ai s . O s d if e r e n c i ai s s ão : 1 6
indi v i d ual , a r ep o s i çã o d e p on t os n o c as o d o o v o ( 3 5% ) , 26
col mei as e 5 0% do cu s t o de p on t os n o d o me l ( 5 3 %) , 1 8
t r ans por te. E m com p ar a çã o, p on t os pa r a c ap r i no s em ár ea
1 kg d e mel pr od uzi d o p e l o c e r c ad a ( 3 0%) 20 e 4 4 p o nt os no
agr on egóci o, q u e s e v e nd e a o c as o d as fe c u l a r i as ( 43 % ) .
mes mo p r eç o, s o me n t e ap or ta
com R$ 2, 72 o u 23% à r ed uç ão O d i fe r e n ci a l n o e f ei t o di r e t o
da pob r eza, c o n s i d e r a nd o a e s t á n a ma io r p ar t i c i paç ã o no
mão de obr a d e f un c i o ná r i os e p r e ç o fi na l n o s s i s t e m as
diár ias , o v a l o r d a ce r a , d os f a m il ia r e s d a r e m un e r açã o d a
ba l d es e d o f um i g a do r , a m ão d e o br a ( f am i l i a r ) , a

20 No caso dos ovos e dos caprinos da agricultura familiar, os custos de alimentação dentro dos insumos são de 81% e 72%
respectivamente. Dos mesmos, foi considerado que 20% no caso dos ovos caipiras e 50% no caso dos caprinos são produzidos
no próprio campo do produtor. Além de ser uma forma de reduzir os custos de produção, valoriza os produtos como por
exemplo o milho á um preço geralmente melhor que aquele obtido se for vendido no mercado no momento da safra.

29
mar ge m d e l u cr o d a s at i v i da de s Os d ife r e n c ia i s de pr e ç o t ê m
f ami l i ar e s ( que c on t r i b ui pa r a a m ui ta i nf l u ê n c i a n o s c á l cul o s
r edu ção da p o b r eza ) , j un t o c o m r e a l i za d os e n o p o t e n ci al de
os gas tos das at i v i d ad e s e m r e d u ç ão d a po b r e za r u r al do s
ins umos l oca is , q ue s ão p r o du t os . E n qu a nt o o aum e nto
ger al men te s u pe r i or e s e m n o pr e ço e n a v al o r i z aç ão do s
t er m os r el ati v os ( c omo c on s um i do r e s j o g a
pr op or ç ão do pr eç o f i n al ) a o s os it i v am e n t e , o m ai o r pr eço
gas t os em in s u mos l oc ai s d o p od e te r c o n s e q uê n ci as
agr on egóci o. n e g at iv a s n o a ce s s o ao s
m e r c ad o s e n a po s s i bi l i d a de de
O es t ud o t a mbé m d em on s t r ou g an h a r e s c al a e au me n t a r a
o gr an de po ten c i al qu e h á p a r a d e m an d a d e c o n s u m o d os
inv es t ir na pr od uçã o f a mi l i a r de p r o du t os da ag r i c u l t u r a
cadeias pr od u t i v as com o os f a m il ia r . As s im , o di f e r e nc i al do
capr in os em pé e me l , j á qu e p r e ç o pe l a di f e r e n t e
s ão me r cad os n os q ua i s o p reç o v al or iz aç ão d o p r o du t o t a mbé m
de v end a do s pr od u t os da t e m qu e s e co m bi n ar c o m a
agr ic ul t ur a f a mi l i a r t e m g r a n d e r e d u ç ão d e cu s t os d os s i s t e mas
pot en c ial de c r es c i m en t o d a a g r ic u l tu r a f ami l i ar p or me i o
r el at iv os aos pr e ço s do d o in c r e m e n to d a
agr on egóci o. p r o du t iv i da d e , o m e s m o é
n e c e s s ár i o p a r a g a nh ar a ce s s o
Por out r o l a d o, n o ca s o d a ao s n o v os m er ca d os .
f écul a d e ma n di oca e o v os
( ond e o mes m o pr eç o d e v end a
f oi c on s i der a do) , h á a l g um a s
pa r t icul ar ida d es q ue e xp l i ca m
os di fer enci a is do p r e ço d e
v end a en tr e a o m ai or pr e ç o d o
agr on egóci o r el at i v o à
agr ic ul t ur a f a mi l i a r . A e s c ala d e
pr od uç ão, a c omp e t i t i v i d ad e e
os pr oces s os t e cn ol ó g i cos , e
pr ov av el me n te a q ua l i da d e d o
pr od ut o.21

21 Que tem o maior diferencial, de 52% e 157%.

30
GRÁFICO 4. EFEITOS DIRETOS NA REDUÇÃO DA POBREZA POR
SISTEMA DE PRODUÇÃO

Para a produção de
mel, a agricultura
familiar proporcionou
um efeito 116% maior
na redução da
pobreza em relação
ao Agronegócio

Para a produção de
ovos, a agricultura
familiar proporcionou
um efeito 52% maior
na redução da
pobreza em relação
ao agronegócio

31
Para a produção de
mandioca, a
agricultura familiar
proporcionou um
efeito 112% maior na
redução da pobreza
em relação ao
agronegócio

Para a criação de
caprinos, a agricultura
familiar de fundo de
pasto proporcionou um
efeito 63% maior na
redução da pobreza; e a
produção em área
cercada, 43%
em relação ao
agronegócio

32
CONCLUSÕES E
REFLEXÕES FINAIS
Entre 43% e 117% de diferença nos efeitos direitos na redução da pobreza rural

Com base na comparação dos custos e preços dos produtos e sistemas produtivos
selecionados no Semiárido Nordestino (baseadas em fontes primárias e
secundárias), foi possível estabelecer que o consumo dos produtos provenientes
da agricultura familiar possui um impacto direto maior do que os provenientes do
agronegócio na redução da pobreza e no desenvolvimento das áreas rurais. As
diferenças significativas - entre 43% e 117% do impacto direto dos productos do
agronegócio, identificadas para cada unidade consumida, demostram o potencial
de valorização dos produtos de agricultura familiar.

Potencial de influência nas decisões dos consumidores

Essa diferença tem potencial de influenciar as decisões de compra pelos


onsumidores, supondo que os compradores consideram outros fatores de
preferência em caso de preços mais altos da agricultura familiar, e assumindo que
tem interesse em apoiar produtores pobres ou os produtos específicos da
agricultura familiar por várias questões de escolhas.

Potencial de influenciar as decisões politicas

Da mesma forma, tem potencial de influenciar as decisões políticas de apoiar o


sistema produtivo da agricultura familiar, sabendo que não só é um apoio à
produção, mas também à renda da população pobre ou a outros fatores como
agricultura sustentável ou agroecológica. Além disso, produzem-se implicações
para as compras públicas.

Fatores explicativos

Os fatores que poderiam explicar tais diferenças são: a) a habitual realocação dos
recursos provenientes das margens de lucro do agronegócio (não são investidos
nas áreas de produção); b) a aquisição de insumos fora da área rural (com o
requerimento da escala), c) o uso de tecnologia reduzindo ao máximo o uso de
mão de obra local; d) maior preço de venda dos produtos da agricultura familiar,
para algumas cadeias.

33
Preços: Metodologia e unidades de produto

A reconstrução de alguns modelos típicos de sistema produtivo no Semiárido


Nordestino (criação de caprinos, de aves de postura, apicultura e fecularias de
mandioca) permitiu obter os custos e as margens de lucro, com base no preço
pago por cada unidade pelo consumidor final (caprino em pé, quilo de mel a
granel, tonelada de fécula de mandioca e dúzias de ovos).

Explicação nas diferenças nos precos: qualidade e produtividade

Após comparação, alguns preços da agricultura familiar se mostram superiores ao


do agronegócio. Isso se deve principalmente à diferença na qualidade do produto
final (ovos caipiras versus ovos de granja, por exemplo), além das diferenças de
produtividade em cada sistema. Os consumidores valorizam cada vez mais esses
"selos" de qualidade, possibilitando a criação de mercados diferenciados dentro e
fora das comunidades analisadas. Por exemplo, no caso do Pró-semiárido, o projeto
apoiou o beneficiamento de mandioca de uma comunidade indígena
Comunidade Kiriri) e que utiliza seu "selo" de origem nos produtos fabricados.

Em concl us ã o, o es t ud o r ev el a qu e , ap e s ar do a g r o ne g óc i o t am b é m
cont r i bui r pa r a a r ed uç ão d a po br e z a r u r a l, e s p ec i al me n t e p o r me i o
da cr i ação d e pos t os d e t r ab al h o n o c a m p o, a ag r i c u ltu r a fa mi l i a r
pos s ui u m p ote n ci al mu i t o ma i o r d e r e d u ç ão d a p o br e za.

Dent r e os s is t e ma s de p r od uç ão e s tu d ad os é p o s s í v e l v e r i f i c ar q u e a
agr i cul t ur a f am i l i a r p os s ui u ma v an tag e m c om p ar ati v a c on s i d e r áve l
par a a r edu çã o d a p ob r eza r ur al , e m r el aç ã o a o ag r o n e gó c i o , t e n d o
apr es ent an do v a l o r es b as t a n te s u p e r i o r e s : 1 1 7% n o c as o d o me l , 1 1 2%
no cas o d a m a n di o ca , 52% no c a s o do s ov o s , 6 3% n o c as o d e c ap r i n o s
f un do de pa s t o e 4 3% n o ca s o d e c ap r i n os c r i ad o s e m ár e a c e r c ad a .

Apes ar d os c us t os d e t r a n s a ç ã o e r e q ue r i m e n to s de s s e s s i s t e ma s
s er em mais ca r os d o qu e n o a g r o n e gó c i o ( p e la c o n ti n u i d ad e no
f or necimen t o, a da p t aç ão d os r e q u e r i m e nto s d os c o n s u mi d o r e s , e t c.),
os i mpact os d a ag r i cu l t u r a f ami li ar s ão i n te g r ai s e i n d is c u t í ve i s .

Aos bene fíc ios q ua n t i f i c áv e i s p ar a a r e d uç ã o da p ob r e z a r u r a l j á


me ncion ado s p od e m t am bé m s e r c on s i d e r a d os o utr os b e n e fí c i os

34
dif i ci l me nt e q u an t i f i cá v e i s da ag r i c u ltu r a fa m i l i a r , c om o q ue s t õ e s
r el ac ion adas a o po v o am e nto h ar mô n i c o d o te r r i tó r i o ( e vi t a nd o a s
mi gr aç ões r u r al - ur ba n as e o a um e n to d a p o b r ez a ur ba n a), a u t o no mi a
e r es i l i ên ci a p er a n t e ch o qu es ec o n ôm i c os e a m b i e nta i s , a s s i m c o mo a
div er s ific ação d a p r od uç ão q u e c o ntr i bu i r p a r a u m a b o a n ut r i ç ão e
s egur anç a a l im e n t a r da s po p ul a ç õe s m a i s v ul n er á v ei s .

As s im s endo , o pr es e n t e t r ab al h o r e v e l a a n ec e s s i d ad e d e c o nt i n u ar
inv es t in do n o de s e nv ol v i men to d e po l í ti c a s p ú b li c as de i nc e n ti v o à
agr ic ul t ur a f a mi l i a r , v i s an d o o a pr i m o r a m en to d e s u as c a p a c i d ad e s
pr od ut iv a s , bem co mo a s u a i ns e r ç ã o c a d a v ez ma i o r no s me r c a d o s .
Um objet iv o q ue v e m s e n do c on c r e ti z a ndo , na me di d a e m q u e a
agr ic ul t ur a f a mi l i a r o f e r e ce p r o du to s s a ud á v e i s e de qu al i d a d e
dif er e nciada , n or m al m e nt e or g ân i c o s , qu e s a ti s f a z em u m a d e ma n d a
es pecí fi ca do me r c ad o e q u e es tá em p l e na a s c e nd ênc i a.

35
BIBLIOGRAFIA
Custos de produção, expectativas de retorno e de riscos do agronegócio mel no
planalto norte de Santa Catarina. Kreuz, C.L; Souza, A; Clemente, A. Custos de
Agronegócio- v. 4, n. 1 - Jan/Abr – 2008-ISSN 1808-288

Lei n° 11.326/2006- Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional


da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.

Agricultura familiar no Nordeste: uma análise comparativa entre dois censos


agropecuários / Carlos Enrique Guanziroli, Alberto Di Sabbato, Maria de Fátima Vidal.
– Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2011. 172p. : il. ISBN 978.85.7791.168-4.

Conjuntura e perspectivas para o mercado de mandioca e derivados. Universidade de


São Paulo – Brasil-CEPEA. Fábio Isaias Felipe. 2017.

Projeções do Agronegócio. Brasil 2016/17 a 2026/27. Projeções de longo prazo.


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília, 2017.

Relatório Estado de Mercados de Commodities Agrícolas 2018. FAO. Naciones Unidas.


https://news.un.org/pt/story/2018/09/1638122

Delgado, Guilherme Costa. Bergamasco, Sonia Maria Pessoa Pereira (orgs.)


Agricultura familiar brasileira: desafios e perspectivas de futuro. Brasília : Ministério
do Desenvolvimento Agrário, 2017

Panorama e perspectivas para a indústria de fécula de mandioca no Brasil. Fábio


Isaias Felipe Lucilio Rogério aparecido Alves Samira Gaiad Cibim de Camargo.
Revista Raízes e amidos tropicais, Volume 6, p.134-146 , 2010. ISSN 1808-981x.

Perfil da pobreza: Norte e Nordeste rurais. SEMEAR. FIDA / UNDP / IPEA /


International Policy / Ministério do Planejamento. Estratégia do FIDA para o Brasil
2016-2021 e Série de Estudos sobre a Pobreza Rural. Sergei Soares; Laetícia De Souza;
Wesley Silva; Fernando Gaiger Silveira e Áquila Campos. 2016.

ABPA - Associação Brasileira de Proteína Animal. Relatórios Anuais - 2017 e 2018

SEAB – Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento DERAL -


Departamento de Economia Rural. Prognóstico mandioca 2017/18 Novembro de 2017.
Methodio Groxko.

Matos, Patrícia Francisca e Pessoa, Vera Lúcia Salazar (2011). A modernização da


agricultura no Brasil e os novos usos do território. Geo UERJ - Ano 13, nº. 22, v. 2, 2º
semestre de 2011 p. 290-322 - ISSN 1981-9021

36
TEUBAL, M (2008). O campesinato frente a expansão dos agronegócios na América
Latina. In: PAULINO, E. T.; FABRINI, J. E. (Org.). Campesinato e territórios em disputa.
São Paulo: Expressão Popular, 2008. p.139-161.

Nível tecnológico e rentabilidade de produção de mel de abelha (Apis mellifera) no


Ceará - Débora Gaspar Feitosa FreitasI; Ahmad Saeed KhanII; Lúcia Maria Ramos
Silva- Revista de Economia e Sociologia Rural ISSN 0103-2003 Rev. Econ. Sociol.
Rural vol.42 no.1 Brasília Jan./Mar. 2004 http://dx.doi.org/10.1590/S0103-
20032004000100009

IBGE. 2017. Síntese de indicadores sociais (SIS)

Avicultura de postura: estrutura da cadeia produtiva, panorama do setor no Brasil e


no mundo e o apoio do BNDES. BNDES Setorial 43, p. 167-207. Gisele Amaral Diego
Guimarães Julio Cesar Nascimento Stephanie Custodio. 2015.

Avaliação do sistema de produção da avicultura industrial nas regiões de Pombal e


Catolé do Rocha – PB Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável
Artigo Científico http://revista.gvaa.com.br ISSN 1981-8203. Klécia Bernardes de
Lima,, Rosilene Agra da Silva,

Francisco Arcanjo de Albuquerque Neto, Alexandro Veras Barreto de Oliveira e Edem


Ribeiro da Costa. 2013.

Análise de custo-benefício de sistemas de produção de ovos em gaiolas (em bateria)


e sem gaiolas (caipira) nos estados de São Paulo e Paraná. Fabíola Fernandes
Schwartz* Augusto Hauber Gameiro** Empreendedorismo, Gestão e Negócios, v. 6, n.
6, Mar. 2017, p. 132-147

LEONE, G. S. G. Custos: planejamento, implantação e controle. 2. ed. São Paulo: Atlas,


1996.

Escritório técnico de estudos econômicos do nordeste – ETENE. produção de mel na


área de atuação do BNB entre 2011 e 2016. Banco do Nordeste. Maria de Fatima
Vidal. Ano 3 | nº 30 | Abril | 2018

Girotto, A.; Digiovani, L. A. Frangos: os custos de produção. Boletim Informativo do


Sistema FAEP, Curitiba, Vol. 24, n. 1080, jan. 2010.

Ministry of Integration webpage, available at:


http://www.integracao.gov.br/semiarido-brasileiro

BNB. Novo Perfil do Nordeste Brasileiro. Censo Demográfico 2010.

Lohr (2001), Factors Affecting International Demand And Trade in Organic Food
Products. Economic Research Service/USDA. Changing Structure of Global Food
Consumption and Trade / WRS-01-1.

37
IBGE. Censo Agropecuário 2006 Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação,
2007.

ISSN 0101- 6245 Versão Eletrônica dezembro, 2008. Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária Embrapa Suínos e Aves Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Documentos127 Custo de Produção de Ovos Ademir Francisco
Girotto

Análise econômica da produção de poedeiras comerciais submetidas às dietas


suplementadas com diferentes óleos vegetais. Maria do Socorro Vieira dos Santos
Gastão Barreto Espíndola Ahmad Saeed Khan Luiz Euquério de Carvalho João Paulo
Borges de Loureiro. Informações Econômicas, SP, v. 41, n. 7, jul. 2011.

Websites:

www.avisite.com.br
http://www.ovosite.com.br/
http://abpa-br.com.br/noticia/projecoes-e-perspectivas-da-avicultura-e-da-
suinocultura-2285
http://coopeavi.coop.br
http://abpa-br.com.br/noticia/artigos/todas/consumo-de-ovo-em-2018-sera-o-maior-
da-historia-destaca-a-abpa-2572
http://www.ovosbrasil.com.br/site/
http://www.incra.gov.br
https://atlas.media.mit.edu
http://www.agricultura.gov.br

Fotos: from vecteezy.com, pngtree.com

38
ANEXO - DESCRITIVO DETALHADO DOS
SISTEMAS DE PRODUÇÃO
INFRAESTRUTURA,
SISTEMA
INSUMOS PRODUÇÃO EQUIPAMENTOS MERCADO RENDAS
PRODUTIVO E SERVIÇOS

Produção Baixo índice de Tem assessoria


Pequeno agroecológica: produtividade técnica esporádica
criador de Sem uso de Alto índice de Acesso a água: Tem
Mercado: Feira Multifun-
caprinos- agroquímicos mortalidade barragens 1
livre / cionalidade
Fundo e Sem uso de Sem manejo comunitários e
atravessadores
fecho de medicinas sanitário, poços tubulares
/ autoconsumo
pasto Uso da alimentar, Sem equipamentos
Caatinga reprodutivo. especializados

Baixo-Médio
índice de Tem barragens
Plantações de produtividade
Pequeno capim, palma. comunitários e
Médio índice de poços tubulares Mercado: Feira
criador de Usa mortalidade Multifun-
Tem assessoria livre /
caprinos- medicamentos Faz os manejos cionalidade
técnica esporádica atravessadores
Área Cercada Usa alimentar, Sem equipamentos / autoconsumo
complemento reprodutivo e
alimentar especializados
sanitário
razoavelmente.

Tem equipamentos:
Médio-Alto forrageira, sistema
índice de de irrigação,
Negócio de produtividade Caprinos:
contrata serviço Mercado: Tem
cria- Grande - Baixo índice de atividade
terceirizado de contratos
Reserva de principal /
Áreas de mortalidade comerciais
pastagem
Caatinga-
Faz os manejos
ESTIMATED BUD
máquinas GET tem genética
Tem assessoria com
plantações que
irrigadas, sanitário, técnica permanente frigoríficos já
nativas comercializa
alimentar e Acesso a água: Tem estabelecidos.
reprodutivo. poço e barragem
dentro da
propriedade

Médio índice de Tem água da Mercado:


Pequenos Alimento local produtividade cisterna de Cooperativa-
criadores de com sobras de Médio índice de produção / energia Venda na Multifun-
galinhas para culturas e mortalidade da casa porta da casa / cionalidade
Ovos, compra milho Faz manejo Sistema de colheita na
e micronutri- sanitário, manual Comunidade
entes alimentar e Tem assessoria
reprodutivo. técnica esporádica

Alto índice de Automação do Marcas


Granja
Alimento produtividade sistema produtivo- consolidadas
produtora de
industrializado Baixo índice de Na colheita e no nos mercados
Ovos-
/ compra ração mortalidade beneficiamento- Clientes com Especializa-
Galinhas de
pronta ou Faz manejo Uso de contratos pré- ção em ovos
postura-
formula rações avançado climatizadores, definidos.
Sistema
sanitário, sistema Tem fácil
intensivo.
alimentar e automatizado para acesso ao
reprodutivo colocar ração. mercado /
Sistema de proximidade
transporte com de rodovias e
frota própria dos mercados

1) Pequenas renas diversificadas com: diárias, artesanato, pequenos cultivos produtivos, galinhas, porcos

39
Tem acesso ao
crédito
Tem serviços
sanitários e
assessoria técnica
permanentes
Tem uso intensivo
de energia elétrica /
água.

Centrifuga em
lugares
improvisados /
na casa do mel
na comunidade
Médio índice de
produtividade Mercado:
(varia em cada Cooperativa-
região) Venda na
Compra Tem assessoria
Pequeno Tem 3/4 porta da casa / Multifun-
açúcar ou usa técnica esporádica
Apicultor - colheitas com na cionalidade
restos de Não tem transporte
Sistema produção no Comunidade /
culturas próprio
período Atravessadores
chuvoso Comercializaç
Faz manejo ão a granel em
sanitário, baldes.
alimentar e
reprodutivo

Tem transporte
Faz manejo
próprio
sanitário,
Tem assessoria
alimentar e
técnica permanente
reprodutivo Mercado:
Tecnologias
Baixos custos avançado Cooperativa-
filtragens, Apicultura
de Alto índice de Comercializaç
Negócio de clarificadores, como negócio
alimentação / produtividade ão a granel em
apicultura homogeneizadores,
ESTIMATED BUD G E T/ principal
Alta eficácia (varia em cada baldes
itinerante, floras definidas,
região) fraccionado
padrão melhor
Centrifuga em
definido da
lugares próprios
qualidade.

Baixa
Baixo custo de Diversificação
Micro produtividade Mercado local,
investimento / da produção:
empreendi- Trabalha 6 padarias, férias
Matéria prima Subsidiados. Produze outros
mento de meses livres,
próxima da Menor uso da produtos como
fécula de Processos atravessador
agroindústria energia- farinha, raspa,
mandioca de simples que Sem marca
Acesso ao crédito biscoitos,
pequenos empregam definida
diferenciado beijú, tapioca.
produtores muita mão de
(AGROAMIGO)
obra.

Alto custo de
investimento (mais
de 1 milhão de
USD).
Alta
Tem tratamento de Tem marcas
produtividade
resíduos / com estabelecidas
Matéria prima Trabalha 11
Agronegócio legislação Tem contratos
próxima da meses Sem
de fécula de ambiental pré-definidos
agroindústria Processos diversificação
mandioca Acesso ao crédito Mercado
complexos
de capital de giro atacadista /
Tecnologias de
Tem camiões para distribuidores
alto nível
transportar a
mercadoria
Maior uso da
energia

40
O FIDA investe em pessoas rurais, capacitando-as
de modo a reduzir a pobreza, aumentar a
segurança alimentar, melhorar a nutrição e
fortalecer a sua resiliência. Desde 1978,
financiamos US$ 20,9 bilhões em doações e
empréstimos a juros baixos para projetos que
beneficiaram cerca de 483 milhões de pessoas. O
FIDA é uma instituição financeira internacional e
uma agência especializada das Nações Unidas
com sede em Roma – o centro alimentação e
agricultura da ONU.

Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola

Escritório Brasil
Sede
SEN 802, Conjunto C, Lt 17,
Via Paolo di Dono, 44 - 00142
CEP: 70800-400 - Brasília, Brasil
Roma, Itália

+55 (61) 3038-9300


+39 06 54591
www.fida.org.br/
ifad@ifad.org
www.ifad.org/en/web/operations/country/id/
www.ifad.org
brazil

facebook.com/ifad

instagram.com/ifadnews

twitter.com/ifadnews

youtube.com/user/ifadTV

Você também pode gostar