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CONFERÊNCIA 2 - Simpático: Vasoconstrição periférica

- Parassimpático: Vasodilatação
FIBROMIALGIA E DORES
MIOFASCIAIS • HIPERSENSIBILIDADE A ESTÍMULOS EXTERNOS
(não é alodinia!) – Dor neuropática não
FIBROMIALGIA nociceptiva – Desaceleração e prolongamento
do estímulo doloroso do ponto de vista
Síndrome de dor crônica nocioplastica
periférico -> Sensibilização periférica.
Até a década de 90 foi chamada de miosite não
 Na fibromialgia (dor neuropática): Ocorrem
inflamatória – dor muscular difusa – síndrome muscular
fenômenos de sensibilização periférica e de
dolorosa crônica. Acreditava-se que era uma doença
sensibilização central* (antigamente
inflamatória do musculo até que as evidencias
acreditava-se que era somente central)
histologias provaram que havia algumas áreas com
diminuição da concentração de fusos musculares porém Doença neuromuscular muito associada aos mecanismos
sem degeneração ou inflamação. de nocicepção

Até 2018 era necessário a presença de dor em mais de 3 • SINTOMAS SOMÁTICOS


segmentos corporais – Mapa de pontos – para
diagnostico de fibromialgia. Atualmente: Não existem • TRANSTORNOS PSIQUIATRICOS
mais o mapa de pontos para diagnóstico com critérios Ansiedade/depressão/TEPT/TAB
cardinais. • PROBLEMAS NEUROCOMPORTAMENTAIS
SÍNDROME FIBROMIALGICA • CEFALÉIA EM ENXAQUECA
POLISSINTOMATOLOGIA
Existe um espectro de aplicação clínica para os sintomas • DORES ABDOMINAIS
- os critérios mais novos ampliam o espectro. Nem todos
• PROBLEMAS GENITOURINÁRIOS:
os pacientes irão possuir todos os sintomas porém a
Dismenorreia, vulvalgia, disúria (dor ao urinar),
maioria possui os sintomas cardinais
cólicas menstruais muito dolorosas – sintomas
SINTOMAS CARDINAIS (mais frequentes):
vaginais associados a fibromialgia.
• DOR CRÔNICA GENERALIZADA** Da cabeça
Maximização catastrófica -> Pouca regulação emocional
aos pés. -> Dor neuropática do tipo persistente
e catastrofização dos sintomas que ficam exacerbados.
Ex: parestesia
PRECIPITADA por EVENTO ESTRESSANTE – Fisiológico
• FADIGA mental e física**
(infecção viral sistêmica) ou psicológico (evento
• DISTURBIOS DO SONO** – Insônia, sono não estressante, burnout)
restaurador, dificuldade para acordar.
Infinidade de descritores de dor*: Em queimação,
• SINTOMAS FUNCIONAIS* Alterações agulhada, choque, calor/frio...
cognitivas* – Déficit funcional e cognitivo – O
Aspectos clínicos – de característica de dor:
paciente não consegue ler um texto, trabalhar.
O mais comum é uma mistura de DOR AGUDA
Sonolência durante o dia. Déficit de memória
NOCICEPTIVA (ex: dor no ombro) + FENOMENOS DE
de trabalho e operacional*
DOR NEUROPÁTICA (Ex: formigamento no braço,
Outros sintomas: agulhadas no dedo...

• DISTURBIOS AUTONOMICOS 20 a 30% dos pacientes relatam PARESTESIA = alteração


– Períodos de hipotensão não ortostática - de percepção do estímulo provocada ou espontânea*
síndrome vasovagal -> geram uma resposta Pode ser espontânea! Ex: Sentir uma luva no braço,
parassimpática decorrente de uma ativação alfinetadas, agulhadas....
simpática muito grande (após a hipotensão).
DISISTESIA = alteração na percepção/interpretação do
– Xerostomia: Sensação de boca seca
estímulo somente provocada
- Fenômeno de Reynauld: Variação da resposta
ao frio com vasocontrição autonômica INTENSIDADE DA DOR
periférica (nervos autonômicos estão nos vasos Atividades laborais podem aumentar as dores (ex
sanguíneos, principalmente nas artérias). É um trabalhos domésticos), assim como o estresse físico e
fenômeno comum em doenças autoimunes mas mental.
ocorre na fibromialgia sem a
presença/comprovação de doença autoimune. Piora da intensidade dos sintomas no frio
 Principal fator agravante da fibromialgia: Dessa forma ocorre o aumento da percepção
OBESIDADE – Inflamação crônica – excesso de nociceptiva.
tecido gorduroso, pouca fibra muscular e baixo
O paciente com fibromialgia passa a sentir dor com
condicionamento físico.
estímulos não álgicos (naturais) – O mais comum são os
 2º pior: Sobrecarga
MECANORRECEPTORES (fibras A betha), normalmente
eles não causam dor mas, com o processo de
EPIDEMIOLOGIA – Cada país utiliza um critérios hipersensibilização periférica, os primeiros nociceptores
diagnósticos diferente. que transmitem a resposta dolorosa são as FIBRAS A
Brasil (2001): Prevalência de fibromialgia de 2,5% - Alta Betha que passam a estimular, por conexões
frequência e prevalência! secundárias as FIBRAS C.
Além do estimulo agudo há também uma resposta do
COMORBIDADES PSIQUIATRICAS
estímulo mais tardio, principalmente através dos
A incidência de transtornos psiquiátricos nos
mecanorreceptores -> Após isso se perpetuar o
fibromialgicos é em torno de 60%.
fenômeno ocorre também nos outros nociceptores
Depressão é a mais frequente, presente em 35% dos
(tempertatura por exemplo).
pcts.
Frio = aumento da dor na fibromialgia.
COMPONENTE IMUNOLÓGICO*
Mecanismos de ativação periférica:
A ativação de principalmente CÉLULAS T e MASTÓCITOS
-> Aumento dos mecanismos nociceptivos periféricos =
e a liberação de HISTAMINA na placa motora do
estímulos antes não dolorosos passam a ser transmitidos
músculo (próxima aos vasos) - no fuso neuromuscular
e percebidos como estímulos dolorosos.
(terminação nervosa da placa motora) e nas lâminas de
Rexted (conexão do neurônio 1 com o neurônio 2) SNC – Medula: Ocorre um balanço de
neurotransmissores fazendo com que o mecanismo
*Alterações bioquímicas que facilitam a condução do
central descendente de analgesia, que age na parte
estímulo doloroso e diminuem o mecanismo
periférica, diminua
analgésico.
Aumento do GLUTAMATO, SUBSTÂNCIA P, do fator de
Liberação de histamina -> ativação de células T ->
crescimento.
liberação de citocinas inflamatórias -> Causa
Diminuição de SEROTONINA, NORADRENALINA e
hipersensibilização mastocitária e dendrítica no corpo
GABA
da raiz dorsal aumentando a liberação de substancia P
e de modulares excitatórios (glutamato+CGRP) -> Gera HIPERSENSIBILIZAÇÃO CENTRAL NA FIBROMIALGIA
aumento da sensibilização central tornando mais fácil a (mecanismo de sensibilização central)
transmissão de impulsos dolorosos. Ao mesmo tempo
SNC: Reorganização de neuroplasticidade – formação
há a diminuição de serotonina e noradrenalina
de rede memória de dor
(modulação do portão da dor) e dopamina mais acima.
 INFRA TALAMICA
HIPERSENSIBILIZAÇÃO PERIFÉRICA NA FIBROMIALGIA
 SUPRA TALAMICA – Formação de rede de
(mecanismo de sensibilização periférica)
memória de dor e alterações sensoriais do
Quando há liberação das substâncias pró álgicas
complexo da aderência. Diminuição
(substancia P + modulares excitatórios glutamato e
dopaminérgica em córtex pré-frontal e
CGRP) elas também influenciam os vasos sanguíneos
reorganização, principalmente no giro
causando alteração da contratilidade vascular.
cingulado, amigdala e insula -> Geram os
No processo de hipersensibilização periférica da
sintomas cognitivos.
fibromialgia ocorre alteração vascular que se manifesta
como vasodilatação/ edema neurovasogenico.
Ocorre também o aumento da perpetuação da
liberação de bradicinina pelas células endoteliais do
vaso – A bradicinina e o tromboxano A2 são
substâncias pró álgicas que aumentam a nocicepção ->
gerando um aumento da estimulação aferente, CRISES DE FIBROMIALGIA
principalmente de fibras c. Gatilhos estressores -> Períodos de agudização

No processo de hipersensibilização periférica


fibromiálgico os nociceptores não álgicos
(químicos/pressão-mecânicos/táteis/temperatura) tem
seu limiar de ativação por estímulo externo diminuídos.
ALTERAÇÕES DO EIXO HIPOTÁLAMO HIPOFISE Mecanismos de sensibilização central – Síndromes
ADRENAL associadas com hipersensibilidade central – critérios
Ocorrem na fibromialgia, nas dores complexas regionais diagnósticos parecidos
e dores neuropáticas. Síndrome Fibromialgia – A diferença é a dor
generalizada
Hipotálamo –Controle da hipófise + vários núcleos que
Síndrome da fadiga crônica
fazem o centro de regulação do sistema autonômico,
Síndrome do intestino irritável
regulação de temperatura corporal, núcleo supra
Cefaléia tensional
quiasmatico que regulação do ciclo circadiano, fome...
Enxaqueca/migrania
Todas as respostas autonômicas são centradas no
Doenças temporo mandibulares
hipotálamo e ele que controla a hipófise.
Síndromes uretrais femininas
Na fibromialgia as alterações autonômicas estão
relacionadas tanto nas aferencias que envolvem Fatores associados:
hipotálamo, córtex pré frontal, tálamo, substancia Dismenorreia primária (sem endometriose)
cinzenta periquedutal (tronco) e núcleos da rafe -> Alergia atópica
resposta autonômica central alterada* pela alteração Movimentos oculares periódicos durante o sono
do circuito de resposta autonômica + Resposta Síndrome das pernas inquietas
autonômica periférica alterada pela alteração dos vasos Estresse pós traumático
sanguíneos associados a substâncias próalgicas e
ALTERAÇÕES COGNITIVAS NA FIBROMIALGIA
diminuição do mecanismo central descendente de
Ocorrem por um desequilíbrio no sistema de percepção
analgesia.
cognitiva.
Hipofíse: Aumento da produção de ACTH que estimula a
Indicação para terapia cognitivo comportamental –
suprarenal.
terapia de atenção focada para melhorar a
Adrenal propriocepção motora e o reconhecimento de
Medula: Produção de adrenalina e noradrenalina pensamentos.
Córtex: Produção de cortisol e testosterona.
Controle do estresse e habilidades para evitar/sair de
Pacientes com fibromialgia possuem um alto nível de situações estressantes.
CORTISOL e um liberação crônica da NORADRENALINA
Técnicas para mudanças cognitivas e comportamentais
(na circulação peridérica) que gerando um aumento
= Geram neuroplasticidade – criando novos botões
crônico da atividade (tônus) simpática isso faz com que
sinápticos e balanço de neurotransmissores.
eles desenvolvam uma adaptação ao estímulo que faz
com que eles passem a ser HIPORRESPONSIVOS a CICLO DE PERPETUAÇÂO DA DOR NAS DORES
estímulos simpáticos. CRÔNICAS
Em situações em que deveriam ter resposta simpática:
taquicardia/aumento da pressão arterial/vasocontrição O tratamento precisa focar em todas as partes do ciclo
periférica/aumento da temperatura corporal eles irão
DOR -> Medo de sentir dor -> Inatividade (diminui
manifestar o oposto: bradicardia/hipotensão/
propriocepção e gera fraqueza/perda de atividade
vasodilatação/diminuição da temperatura corporal).
muscular) -> Ansiedade -> Dificuldade de concentração
Gatilho para resposta simpática: Hipersensibilização ->
-> Problemas de sono -> Baixa produtividade ->
resposta simpática diminuida pela sensibilização dos
Depressão -> DOR
receptores noradrenergicos periféricos.
 A inatividade gera mais dor pelo acúmulo de
Fibromialgia:
substâncias próalgicas – A falta de circulação
 Mecanismo TOP DOWN = Diminuição periférica faz com que acumulem no sangue
analgésica do córtex para a medula substâncias próalgicas – Bradcininca/Subst.P
 Mecanismo UP DOWN = Aumento nociceptivo
da medula para o córtex e periférico.

Não há degeneração de fibras musculares somente


aumento das substâncias pró álgicas no músculo
(Subst. P + Bradcinina)
DOR NOCIPLASTICA sensorial o que causa uma parestesia cutânea
confortável, sem contração muscular e ativa o portão
Conceito recente, por volta de 2 anos.
modulador da dor no nível da medula espinhal
A fibromialgia é uma dor nociplástica.

A dor nociplastica ocorre após o processo de


sensibilização*

É uma dor decorrente de nocicepção alterada* que


ocorre apesar de nenhuma evidência de dano tecidual*
causando a ativação de nociceptores (ex: mecaninco
passa a ser doloroso – fibras A betha) ou evidências de
doença ou lesão do sistema somatossensorial que
causam a dor.

SENSIBILIZAÇÃO CENTRAL

Etapa anterior a dor nociplástica


Causa a cronificação/perpetuação da dor

Processo neurofisiológico de amplificação* da dor no


sistema nervoso central*. Esse processo ocorre
FISIOLOGICAMENTE após lesões* para provocar um
comportamento protetor e maximizar o processo de
cicatrização.

TRATAMENTO DA FIBROMIALGIA

Palavra-chave: MULTIDISCIPLINAR

Menos de 50% com alívio adequado da dor – Resposta


parcial

Após 3 anos menos de 3% com alívio total dos sintomas.

2 abordagens:
1) FARMACOLÓGICO
*ANTIDEPRESSIVOS DUAIS– Inibidores da recaptação de
serotonina e noradrenalina - O mais utilizado é a
DULOXETINA. Na falta de antidepressivo dual utilizar
antidepressivo tricíclico (Amitriptilina).
*ANTICONVULSIVANTE – O mais indicado é a
PRÉGABALINA ação em canais de sódio
(principalmente), de cálcio e no sistema gabaérgico.

2) NÃO FARMACOLÓGICO
Psicoeducação – Ensinar o paciente sobre a doença dele.
*Terapia Cognitivo Comportamental - Técnicas de
relaxamento e atenção focada
*Atividade física
Perda de peso
*Programa nutricional* – Alimentos inflamatórios

Novidades:
Estimulação Elétrica Transcutânea (TENS) - esse tipo de
estimulação tem como objetivo ativar seletivamente
fibras Aβ de diâmetro largo sem ativar ao mesmo
tempo fibras Aγ e C, de pequenos diâmetros e
relacionadas com a dor. É caracterizado por uma alta
frequência, 60 a 100 p.p.s, e por uma baixa amplitude de
estimulação, menor que 100 μs, com intensidade

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