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FICHA TÉCNICA
Capa: LA Creative
Sua única e melhor amiga pode ser a única saída para que Nataniel
não perca sua vaga na equipe e possa continuar vivendo seu sonho de
participar das maiores corridas de Fórmula 1 do mundo.
O problema? Ele precisa convencer Luna a embarcar em uma mentira
onde sentimentos antigos e até então nunca revelados correrão o risco de
serem finalmente explorados pelos dois.
T
PLAYLIST
NOTA DA AUTORA
SOBRE A SÉRIE
PRÓLOGO
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Epílogo
QUEM SOU EU
MEUS LIVROS
Antes de mais nada, obrigada por escolher essa leitura. Espero muito que
você goste dessa história e se divirta um pouco com Nataniel e Luna.
Antes que você comece a leitura quero deixar alguns avisos importantes.
O primeiro é simples, essa é uma história de ficção, portanto os temas
abordados podem ser reais, mas estão sendo retratados dentro de uma
narrativa criada com o intuito de entreter. Assim, mesmo que a história se
passe dentro do universo de fórmula 1, lembre-se que as situações não são
reais, os acontecimentos, regras, diálogos e todo o enredo por trás da vida de
Nataniel é uma ficção.
Em todo caso, agradeço a você que chegou até aqui, que disponibilizou
um tempinho para ler essa história que é tão única para mim. Desejo uma boa
leitura e uma boa corrida, nos encontramos no pódio ao final.
Você já deve ter notado algumas semelhanças nesse título, é por isso
que estou aqui para esclarecer que essa história faz parte de uma série de
livros independentes chamada “for you”.
— O que posso dizer? Obrigado por salvar minha pele, mas não há
nada além disso que eu possa falar.
Sei que meu amigo não gosta da minha resposta vaga, principalmente
depois que o fiz sair de casa para resolver minha fiança por atentado ao
pudor. Nenhuma novidade até aí.
— Sabe que a Durant não vai gostar caso isso caia na mídia, não é?
— Sabe que está parecendo uma criança mimada, não é? Onde está
Antônia para cuidar desse problema?
— Resolvendo a documentação em sigilo para que você não tenha
ainda mais problemas. Acredito que ouvir meu sermão seja o mínimo
perto do que você merecia agora.
A última coisa que eu queria era precisar ligar para o meu amigo no
meio da noite para pedir socorro. Não estava exatamente em perigo, mas
acabei em uma situação comprometedora demais. Depois que pedi seu
carro emprestado, para desviar a atenção dos paparazzis, logo me vi
saindo com uma mulher e acabamos transando no carro, no meio de uma
rodovia movimentada.
Não vi outra opção senão ligar para o meu amigo. Antônia, sua
namorada, atualmente cuida de toda a relação da imagem dele perante a
mídia, e sinceramente, não pensei em outra pessoa para me livrar dessa
situação caótica em que me meti.
Poderia ligar para Luna, mas com certeza ouviria um sermão ainda
maior do que o de Charles, e no momento o que mais preciso é de uma
boa noite de sono, não uma completa tortura com reclamações e
cobranças sobre responsabilidades e minha vida pública.
Charles vira de costas para mim, seu corpo inteiro tremendo com a
risada que solta após ouvir minhas palavras.
— Você precisava ver a sua cara de desespero, foi hilário.
— Não estou preocupado com meu carro, mas ainda acho que mereço
um pedido de desculpas por você ter levado uma garota para lá. No
entanto, Antônia está resolvendo tudo, nada vai cair na mídia se
depender daquela baixinha. — O tom de voz amoroso ao falar da
namorada é realmente cansativo. Ela é uma garota legal, mas só de ver
meu amigo completamente apaixonado é uma visão um tanto
desagradável. — Você precisa falar com a Charlotte, porque se mais uma
notícia sua vazar, sabe que vai ter consequências com a equipe.
— Eu sei, eu sei, fique tranquilo, não vou levar nenhuma garota para
o seu carro novamente. E se levar, prometo não ser pego transando no
meio de uma rodovia.
Amigos.
Cruzo os braços e apoio meu quadril no guarda corpo do camarote,
olhando a minha volta todas as pessoas que sempre me acompanham em
uma noitada regada a bebidas e mulheres. Mesmo que eu me refira a eles
como amigos, sei que quando sairmos daqui nenhum deles se preocupará
em me procurar. É sempre assim.
E eu não me importo.
Depois que Charles largou a vida de solteiro para viver com Maria
Antônia, encontrei novas parcerias para curtir a noite na realeza
monegasca[1]. A música alta explodindo nas caixas de som me distrai de
qualquer pensamento negativo com relação a nova vida do meu amigo,
cada um vive a vida como quiser. Se ele acha interessante ter uma
mulher comandando seus passos, não serei eu a dizer que ele está errado.
Mesmo sabendo que ele está.
Desço os poucos degraus do reservado que estou e resolvo dar uma
volta pelo espaço, me misturando aos corpos suados e extasiados dos
frequentadores da casa noturna escolhida hoje.
Estamos entre corridas, portanto tive alguns dias de folga para apenas
aproveitar minha casa.
— Espera, você não foi para casa ainda? — resmunga, ainda tentando
formular alguma frase coerente. Sei que em alguns minutos ela irá
levantar da cama e provavelmente fazer uma xícara de café, um hábito
que já estou acostumado a presenciar quando a acordo durante a
madrugada com ligações e visitas espontâneas.
— Estava numa festa.
— Por quê?
— Não sei, precisava sair daquele quarto de uma vez. Foi ótimo, mas
não estava no clima de fingir algo que não sinto.
— Nate…
— Você não pode achar que passar um tempo com uma mulher irá
fazê-lo assinar um contrato de casamento.
— Café?
Luna sabe que não precisa trabalhar naquele lugar, no entanto, como
uma forma de orgulho próprio ela se nega a pedir demissão.
— Preciso estar lá às oito, mas provavelmente não irei dormir mais
essa noite. Talvez ler e adiantar alguns documentos seja uma forma
interessante de terminar a madrugada.
— Não te acordei para que você fosse trabalhar.
— E por que me acordou, então, Nate? — Ela tenta forçar a voz para
soar brava, mas assim como eu conheço seus hábitos, minha amiga
também sabe que eu nunca conseguiria voltar para casa de uma noite
fora sem ligar ou aparecer em seu apartamento.
Dou de ombros, mesmo sabendo que ela não vai conseguir me ver.
— Faz sentido.
Vejo John saindo pela porta principal da boate, acenando para mim e
caminhando na minha direção, finalmente pronto para ir embora.
— E você, por favor Nate, não desvie do caminho e vá para casa, ok?
— Certo. Bom café, sweetie.
Ela bufa mais uma vez antes de desligar o telefone e a linha ficar
muda, me obrigando a guardar o aparelho dentro do bolso e entrar no
carro. John logo chega ao lado do passageiro e dou partida, indo deixá-lo
em sua casa para em seguida ir para a minha.
São poucas as noites que posso sair sem ter problemas na mídia, na
grande maioria das vezes, quando saio de algum clube a primeira coisa
que enxergo é alguma câmera apontada para o meu rosto, dentre tudo o
que aconteceu hoje, posso dizer que foi uma noite bem-sucedida.
Contudo, não.
Não seria tão simples assim e com certeza, não seria com uma garota
que nem ao menos me recordo do nome. Não me importo que mais
notícias como essas rondem a internet, mas posso sentir que logo meus
empresários pegarão no meu pé por estar mais uma vez estampando uma
página de fofoca qualquer.
Realmente, não quero nem imaginar o que a equipe pensará, sei que
terei problemas, não adianta esquentar a cabeça com isso agora de
qualquer maneira.
Apenas desligo o aparelho, jogo em algum canto do quarto e relaxo na
cama, finalmente me rendendo ao sono pesado de uma madrugada
recheada de ação e mais uma noite regada a prazeres e diversão.
Desligo o motor da McLaren P1 logo que consigo uma vaga próxima
o bastante do edifício espelhado onde Luna trabalha. Me senti
extremamente culpado por ter arruinado sua noite de sono no meio da
madrugada, então decidi surpreendê-la com uma carona após o trabalho.
Muitos curiosos circulam o carro, tirando fotos ou apenas observando
o belo modelo azul perolado que costumo dirigir pelas ruas de Mônaco.
Me sinto uma criança orgulhosa quando vejo o carro que dirijo, mesmo
sabendo que minha equipe poderia disponibilizar o modelo que eu
quisesse, fiz questão de comprar com meu próprio dinheiro o carro que
sempre sonhei em ter.
É como um filho que nunca terei.
Caminho rapidamente em direção as portas duplas de vidro do prédio,
passando rapidamente pela recepção sem muito alarde e logo subo o
elevador até o quarto andar, onde sei que minha amiga possui uma
pequena sala.
— Não sabia que as coisas estavam tão ruins por aqui. Por que
continua nesse lugar?
Ela ergue o rosto para mim, surpresa ao me ver caminhando em sua
direção com as mãos dentro dos bolsos das calças. Luna abre um sorriso
cansado, mas responde com a mesma calma de antes:
— Eu gosto de trabalhar aqui, Nate.
— Bom garoto.
— Como consegue andar com um carro que atrai tanta atenção quanto
você?
Luna continua com a cabeça abaixada pelo tempo que eu levo para
dar a volta no veículo e fechar a porta do motorista, acelerando o carro o
mais rápido que eu posso com todas as pessoas em volta de nós.
Naquele dia o sol estava brilhando no céu e o único lugar que era
possível sentar e se refrescar, era embaixo da árvore. Então mais uma
vez eu estava lá, apenas folheando enormes livros velhos que havia
encontrado dentro de casa; apenas passando as páginas e sentindo a
textura do papel em meus dedos, era o que eu fazia todos os dias e o que
me fazia feliz. Nataniel apareceu do seu lado do quintal com um boné
virado para trás, segurando dois copos de água e seguiu caminhando na
minha direção. Quando menos esperei, ele sentou ao meu lado, me
entregou um copo de água e disse:
— Talvez esse possa ser o nosso lugar.
Para uma garota de 10 anos que vivia sozinha dentro de casa, aquele
momento foi como um sonho se realizando. Desde então, todos os dias
nos sentávamos sob a árvore e compartilhávamos nossos maiores sonhos
e conquistas.
Foi onde ele me contou sobre o seu sonho de ser piloto de Fórmula 1.
Foi onde eu contei sobre meu sonho de ir para Harvard.
Foi onde ele apenas sentava em silêncio ao meu lado e me fazia
companhia.
Foi onde, aos 16 anos, eu me apaixonei pelo meu melhor amigo.
Por muitos anos eu suprimi essa paixão, a cada ano que passava Nate
crescia mais e chamava mais atenção do público feminino. Aos poucos
ele foi entendendo o poder que tinha sob as meninas e começou a usar
isso ao seu favor, toda a semana era obrigada a vê-lo com uma garota
diferente nos braços.
— Você.
Tento sentir remorso por ter jogado tudo em cima dele, mas existe um
limite que eu não estou disposta a ultrapassar na nossa amizade. Tudo
precisa estar sobre controle na minha vida e a última coisa que eu quero
é acabar em mais um tabloide como a futura senhora Taylor.
— Isso diz muito mais sobre o caráter deles do que sobre mim,
sweetie.
— Jamais!
Antes que ele possa continuar o assunto, seu telefone começa a tocar
alto pelo restaurante, e com um olhar apologético ele se levanta da mesa
e vai até o banheiro para atender. Já estou acostumada com isso, acho
que viver sob os olhos atentos da mídia criaram uma espécie de
armadura em Nate, então ele tem suas estratégias para evitar ser
fotografado em momentos pessoais, como por exemplo, uma ligação
importante onde ele precisa de um pouco de privacidade.
— O que isso quer dizer? — Viro meu rosto para ele, encarando os
olhos castanhos opacos mais uma vez, preocupada com o bem-estar do
moreno.
— Quer dizer que eu não vou conseguir dormir hoje à noite até
entender o que está acontecendo, mas de uma coisa eu tenho certeza, seja
lá o que vão inventar dessa vez, tem poder o suficiente para fazer Joshua
e Dave considerarem o meu assento na equipe.
Capítulo 4
— Eu preciso que você entenda a situação em um todo, Nataniel.
Consigo ouvir a voz da minha publicitária ao fundo, Charlotte tem a
estranha mania de começar a falar e simplesmente não parar mais.
Normalmente isso é uma qualidade quando temos várias fontes de
imprensa para soltar declarações, mas quando essa situação se vira para
mim, não me sinto tão confortável assim.
Ser o ponto de atenção não me incomoda, muito pelo contrário.
Sempre gostei de tudo que a fama me proporcionou. Todo o dinheiro, as
novas amizades, os carros, as mulheres… É uma lista infinita de coisas
que sou grato por ter conquistado após tantos anos de trabalho duro.
E junto a tudo isso, posso fazer o que mais amo, dirigir carros velozes
em corridas selecionadas pelo mundo inteiro. É a vida dos sonhos, eu
diria.
Mas quando precisamos resolver os problemas que a mídia cria em
cima da minha vida, isso me deixa completamente transtornado.
Principalmente porque me sinto uma criança de cinco anos precisando
ouvir sermão dos adultos quando minha equipe decide fazer uma reunião
preparatória.
— Eu estou entendendo, Charlotte, só não consigo entender o que
uma coisa tem a ver com a outra — rebato, já cansado de ouvir a mesma
ladainha sobre minha vida pessoal.
Ela respira fundo e começa a caminhar de um lado ao outro da sala de
reuniões do prédio da Durant Racing Team. Ontem à noite recebi a
ligação dela comunicando sobre o encontro que teríamos hoje cedo para
discutirmos nosso plano de ação para o compromisso agendado com os
sócios majoritários da escuderia.
— Nada mais.
Pode parecer pouco, mas convencer os Durant que estou em um
caminho de redenção pode ser mais difícil do que imaginamos, e acabo
tendo a certeza disso quando entramos na sala e encontro não somente
Joshua e Dave, os donos da equipe, como também Ocean, a única pessoa
que poderia ser capaz de acalmar os ânimos dos acionistas na reunião.
— Nate, como está? — Ocean levanta para me cumprimentar,
passando os braços pelo meu pescoço e me dando um abraço apertado.
— Não sei em que situação você se meteu, mas para eles terem pedido
para eu estar aqui, certamente você está na merda — elu sussurra.
— Meus pais estão de acordo com tudo que vou dizer, Nate e eu
escolhi ser a pessoa a te passar essas informações porque sei que será
mais fácil ouvir vindo de mim do que de qualquer outra pessoa —
continua falando. — Essa é a terceira e última advertência que você está
oficialmente recebendo.
Meu sonho estava indo por água abaixo, e se eu não fizesse algo para
mudar isso, perderia a chance de me tornar um campeão mundial de
Fórmula 1.
Noto pela minha visão periférica que Serguei faz algumas anotações
em sua agenda, provavelmente escrevendo os pontos cruciais que Ocean
passou sobre minha futura mudança, e talvez, de forma precipitada,
cogitando outras equipes que possam ter uma vaga para mim quando a
temporada de contratações abrir.
— Você está nervoso? — ela pergunta antes que eu possa dizer algo.
— Me sinto tão mal por não estar aí com você.
— Estou bem.
— A semana foi insuportável, os sócios começaram a mais uma vez
pegar no meu pé, principalmente depois daquele dia — ela murmura.
— Não deixou que pisassem em você, não é? — Enquanto falo com
ela, decido caminhar um pouco pelo lugar, observar as outras equipes e
os carros dos pilotos concorrentes é sempre uma boa ideia. Passo
rapidamente pela Montanare[3], mas não dou muita atenção, visto que os
carros deles não estão no mesmo patamar que os nossos, então não há
motivos para observar nada.
— Claro que não, mas o que eu quero dizer é que eu poderia ter
mandado eles a merda e ter ido com você na corrida. — Luna suspira
resignada no outro lado da linha.
— Você não faria isso.
— Eu sei.
Mesmo sabendo que ela se sente mal por não estar aqui comigo, sei
que a morena jamais largaria seu trabalho para vir até aqui. Aquela vaga
é muito importante para ela e por orgulho ela não vai dar motivos para
que continuem falando besteiras sobre ela.
Eu sou assim, não me importo com o que os outros vão pensar sobre a
minha vida, mas ver a forma que minha amiga se refere a mim, me
mostra mais uma vez que estou sendo um filho da puta em envolvê-la
nessa situação.
— Luna!
— Tanto faz, Luana.
Ela odeia as notícias, mas ver que não tiveram nem ao trabalho de
descobrir seu nome de verdade, a tira do sério de uma forma fofa demais.
Fofa?
— Nate…
— Hm? — murmuro enquanto caminho de volta para o meu box,
logo encontrando a minha equipe no meio do caminho. Eles
provavelmente estavam indo atrás de mim no mesmo momento.
— Traz o carro para casa — finaliza com sua usual fala de boa sorte.
— Sempre.
Otty é uma das poucas mulheres que temos na equipe de frente, gosto
de me referir como infantaria, onde estão basicamente os engenheiros
que estão na ativa durante as corridas, os mecânicos que estão sempre
prontos para resolver qualquer dano ao carro e os chefes de equipe, que
estão ali para basicamente dar pitaco em tudo que todos fazem.
Além do mais, ela é uma mulher fácil de conversar, então sempre nos
entendemos muito rápido quando temos milésimos de segundos para
tomar uma decisão quando estou dentro do cockpit.
Faço exatamente o que ela me pediu, com sangue nos olhos e uma
vontade de socar a cara de alguém, vou até minha saleta onde tenho o
mínimo de privacidade antes de enfrentar perguntas inúteis de jornalistas
que sabem tanto quanto eu sobre o que aconteceu.
Jogo minha cabeça para trás, gargalhando de ver esse homem gigante
com medo de uma mulher com menos de 1,60m de altura. Sigo
caminhando com ele até encontrarmos Charlotte pronta com dois
celulares em mãos e um repórter a sua frente, me aguardando.
A maratona de perguntas me deixa mais irritado ainda. Sem
criatividade, as mesmas perguntas de sempre e nenhuma novidade. Eu já
me sinto na corda bamba, prestes a explodir com tudo que aconteceu
hoje, não tenho paciência e nem humor para continuar respondendo as
mesmas perguntas idiotas de sempre.
“O que aconteceu na corrida?”
“O que aconteceu com o carro?”
— Não estou culpando vocês, apenas não vou lidar com isso —
finalizo.
— Você precisa enfrentar toda essa mentira em algum momento —
ela rebate, cruzando os braços, mas mantendo uma distância segura de
mim.
Jamais iria erguer a mão para uma mulher, não fui criado assim e não
suporto agressões contra qualquer tipo de pessoa. Contudo, Charlotte
sabe que se tentar se aproximar de mim, a possibilidade de eu me fechar
ainda mais é forte.
Então, eu faço o que sei fazer de melhor: ignoro tudo e todos e vou
embora.
Ela bebe um gole, sem tirar os olhos do meu e aos poucos, aproximo
meu rosto do dela. Sinto o cheiro doce do seu perfume misturado ao
amargo da bebida em sua boca, mesmo não sendo a melhor combinação,
não me importo e apenas grudo sua meus lábios nos seus, buscando os
últimos resquícios de álcool em sua boca ao misturar nossas línguas em
uma dança sensual.
Suas mãos se apoiam no meu pescoço e lentamente ela derruba um
pouco da bebida na minha camisa, molhando a gola e fazendo um
arrepio subir pela minha coluna ao sentir o gelado em contato direto com
a minha pele.
— Ops, foi sem querer — ela ronrona perto do meu ouvido. — Talvez
possamos ir em algum lugar mais calmo e limpar essa bagunça.
Aperto seu quadril com força e ouço-a gemer em meu ouvido, mas
não consigo me concentrar no momento quando uma tontura surreal se
padece do meu corpo, tomando todo o meu controle para não cair em
cima dela.
Gentilmente tiro sua mão do meu pau, imediatamente sentindo falta
do seu contato, e afasto seu corpo do meu. Um olhar apologético é tudo
que consigo dar em resposta antes de girar sobre meus pés e correr até o
banheiro, precisando urgentemente jogar água gelada no meu rosto para
não cair como um puto bêbado no chão da balada.
— Luna…
— Estou aqui — murmura. — Estou sempre aqui.
— Eu fiz a maior merda da minha vida — balbucio. — Você vai me
odiar.
Ela fica em silêncio por um tempo. Uma eternidade.
— Nada do que você faça me fará o odiar.
— Você vai, e eu sinto muito — sinto um soluço interromper minha
frase —, sinto muito. Eu sinto mesmo.
— Você está sozinho aí? — ela pergunta, preocupada.
— John.
— Peguei um avião.
— Você está brava? — ele murmura bem baixinho, ainda sem olhar
nos meus olhos.
Eu, com certeza, não estava pronta para abrir um site qualquer de
fofocas e ver uma declaração onde Nataniel afirmava ter assumido um
relacionamento comigo. O site não parecia confiável, e as palavras que
usaram em nome dele, menos ainda, então fui buscar em outras
plataformas.
— Nataniel foi visto com diversas mulheres nos últimos meses, você
sabia disso?
Não noto que estava prendendo a respiração até o momento que dois
seguranças do estabelecimento se aproximam para tirar a multidão de
imprensa da minha volta, criando um casulo entre mim e todas as
câmeras até que eu possa estar caminhando em segurança para dentro
das portas de vidro da recepção, e então, finalmente soltando a minha
respiração.
— O que houve? — Nate fala comigo, mas apenas fecho meus olhos
e encosto minhas costas na madeira gelada, respirando fundo algumas
vezes para retomar o controle do meu corpo. — Luna, fala comigo!
— Fizeram algo com você? — Sua voz soa mais próxima de mim. —
Está machucada? — Sinto os dedos gelados acariciarem minhas mãos,
subindo pelos meus braços e ombros, tentando garantir que estou inteira.
Fico em silêncio.
Eu não sou ingênua, já tinha uma breve noção de que isso estava
acontecendo. Mesmo que sim, eu esteja quase todas as semanas no
furacão que é a internet, na grande maioria das vezes são apenas fofocas
e deduções sobre uma ou outra aparição que eu tenha feito com Nataniel.
E nos últimos dias a situação tomou uma proporção muito maior do
que eu jamais imaginava e a gota d’água foi há poucos minutos na rua do
hotel.
— Você mentiu para todo mundo? — Encaro-o por alguns segundos.
— Isso é tão errado.
— Sim, é errado, mas então, o que me diz? — pergunta em
expectativa, no entanto, tudo que passa pela minha cabeça é um filme da
Luna adolescente fazendo o impossível para esquecer a paixonite pelo
melhor amigo.
Hoje não consigo vê-lo de outra forma, mas tenho medo que com um
namoro de mentira as coisas possam voltar a serem como eram antes.
Tenho total controle sobre a forma que me sinto com relação a Nate, mas
as vezes não sei se tenho o mesmo controle com relação a mim.
— Basicamente — confirma.
Abro a boca para contradizer mais uma vez a ideia estúpida que ele
teve, mas não tenho a oportunidade pois ele logo complementa:
Desfiro um tapa suave em suas mãos, fazendo com que ele pare de
mexer em meus pés e junto as pernas em posição de índio. Ele vira o
rosto para mim, os cabelos castanhos caindo levemente em seus olhos e
os cílios grossos adorando os orbes castanhos brilhantes.
O desgraçado é bonito. E eu me odeio por pensar isso.
— Se vamos fazer isso, precisamos de regras — falo e ergo a mão em
sua frente, sinalizando o número um. — Primeiro, é tudo mentira.
— Isso já está bem claro — murmura, mas o interrompo.
Dou de ombros, mas lembro que ele não está me olhando então
respondo em voz alta:
— Nada mal, esperava que seria pior.
— Ainda é cedo para termos uma conclusão, mas por enquanto está
tudo bem.
Ele desvia o olhar rapidamente da frente do barco e me olha de canto
de olho.
— Por que eu sinto que você está reticente demais com isso?
— Não, vamos ir até o fim — afirmo, mesmo sem ter certeza que meu
coração estará intacto até o final disso. — Por falar nisso, você não
pretende me fazer de corna durante nosso “namoro”, não é?
— Como assim?
Ergo o queixo e sinto seus lábios cada vez mais pertos do meu,
perigosamente pertos. Nataniel passa a língua neles, umedecendo a boca
antes de acordar de um transe e responder:
— Prende a respiração!
Antes que eu possa pensar muito, ele segura meu quadril com suas
mãos e pula no mar comigo em seu colo, a água gelada cobrindo meu
corpo e arrepiando até os pequenos fios de cabelo encharcados do mar.
Mesmo depois que afundamos, ele não me soltou, continuou com as
mãos abraçadas ao meu quadril. Voltamos juntos a superfície em busca
de ar, nossos corpos colados um no outro.
— Se você me deixar afundar, eu te mato, Nataniel.
Abro a boca, soltando a respiração que não havia notado que estava
prendendo, os olhos dele atraídos com rapidez pelos meus lábios e seus
olhos fixos na minha boca.
Mas então, ele solta uma das mãos da minha pele e passa nos seu
cabelos castanhos, bagunçando os fios molhados e respigando água em
meu rosto, me fazendo fechar os olhos e quebrar o contato visual.
Não pensei que fosse surtir efeito, mas os homens apenas acenam
com a cabeça e seguem o caminho para longe da lancha. Nate volta a me
encarar com um olhar de desculpas no rosto, contudo, apenas ergo o
braço e aperto sua mandíbula.
— Sei quem você é, Nataniel Taylor. Nunca se desculpe por ser quem
é.
Somente depois de ter certeza que estou seca e segura, ele volta a
pegar a outra toalha e passa a secar o seu corpo, tendo o cuidado de me
fazer sentir bem antes de cuidar de si mesmo.
E mais uma vez, meu medo de me apaixonar pelo meu melhor amigo
volta a tomar conta de mim.
Capítulo 8
Nataniel foi para Miami no meio da semana.
Minha vida foi tão corrida nos últimos dias que mal consegui falar
com ele, ou com ninguém. Minha mãe me ligou pelo menos umas cinco
vezes, mas ainda não consegui retornar sua ligação. No escritório parece
que cada vez mais tentam me desafiar, me passando casos impossíveis e
completamente fora da minha alçada profissional.
Eu não desisto fácil. Continuo dando o meu melhor para vencer cada
um deles, mesmo que para isso eu precise trabalhar durante todo o final
de semana, sem folga, sem tempo para nada.
Só me lembrei de comer porque Nataniel enviou algumas comidas
pelo aplicativo de comida. Como não liguei de volta durante os dias de
treino e qualificatória, ele se preocupou e enviou alguns mimos durante o
dia. Cada entrega vinha com alguma mensagem diferente.
“Ocupada demais para um cupcake?”
“Nenhum advogado jamais ganhou uma causa enquanto passava
fome.”
“Enquanto você não me ligar de volta, vou continuar mandando
comida.”
Foram tantas mensagens – e tanta comida – que perdi as contas depois
da quinta entrega.
Na noite anterior consegui parar por alguns minutos para acompanhar
a corrida e comemorei em silêncio com um belo pedaço de torta –
enviada por Nate – quando ele conquistou uma linda vitória no Grande
Prêmio de Miami. Merecida e fabulosa. Ele estava incrível em cima
daquele pódio, jogando champanhe em Charles e em outro piloto que
havia conquistado o terceiro lugar. A festa parecia não ter fim na equipe
Durant com seus dois pilotos conquistando uma vitória na mesma
corrida. Infelizmente não pude ligar para comemorar com ele, pois
segundos depois que desliguei a televisão, recebi uma ligação
extremamente importante do procurador responsável pelo caso que estou
trabalhando e ficamos horas tentando encontrar um meio termo no
processo. A madrugada de domingo mais uma vez foi a minha fiel
companheira em uma noite cheia de trabalho e problemas para serem
resolvidos o quanto antes.
Naquela segunda-feira eu realmente não pensei muito antes de sair de
casa, a noite foi tão intensa de trabalho que acordei em cima da hora e
precisei sair correndo para não me atrasar ainda mais no trabalho. Na
atual situação que estou no escritório, o que menos preciso são motivos
para falarem ainda mais das minhas funções ali dentro.
Quando bato a porta de casa ao sair noto uma caixa quadrada ao lado
da minha entrada, provavelmente alguma encomenda que eu tenha feito
online há algumas semanas, mas não tenho tempo de ver os dados do
remetente, muito menos de ver o conteúdo da caixa. Apenas deixo-a ali e
corro para fora do apartamento o mais rápido que minhas pernas
dormentes permitem.
Entro apressada pelas portas de vidro do prédio do escritório, mas não
deixo de notar o olhar de algumas pessoas sobre mim. Já estou quase me
acostumando com a atitude delas, mas não deixa de ser muito
desagradável.
Dentro do elevador enquanto subo para meu andar, pego meu telefone
e noto algumas chamadas perdidas da minha colega de trabalho, Melissa,
mas não tenho tempo para retornar a ligação quando as portas se abrem e
encontro meu chefe de braços cruzados em frente a porta do meu
escritório. É realmente exaustivo trabalhar dobrado e ainda não ter
reconhecimento algum de tudo que faço pela empresa. No entanto,
engulo as reclamações e entro na sala em silêncio, sendo seguida de
perto por ele.
— Motivo importante para o atraso? — ele pergunta, já dentro do
meu espaço pessoal, completamente desagradável e desconfortável. —
Espero que sim, no entanto, não importa. Preciso que você me entregue o
relatório dos últimos dois casos que finalizou no mês anterior.
— Hoje?
Antes de iniciar a busca por todos os arquivos, opto por desligar meu
celular para não ter problemas de concentração, afinal, cada segundo é
precioso para que eu consiga entregar tudo isso ao meio-dia.
Aceno com a cabeça, mas não tenho certeza se ela viu, contudo,
escolho finalizar o trabalho e colocar todas as folhas dentro de uma
pasta. Mel fica em silêncio, mas sei que continua na minha sala porque
ouço seus dedos teclando com força no celular em suas mãos.
— O que aconteceu?
Acho que esse é um dos principais motivos pelo qual não queria
embarcar nessa história de namoro de mentira. Eu sabia que ele não
mudaria da água para o vinho e também sabia que eu sairia como a corna
da relação. Não me admira que eu tenha sido alvo de tantos olhares
durante o dia inteiro no meu trabalho.
— Você está bem? — Mel pergunta com a voz suave, acho que
sentindo tanta pena de mim que não consegue formular uma frase
melhor.
Como dizer que ele é livre para fazer o que quiser, se estamos
supostamente namorando? Como dizer que conheço meu melhor amigo,
sei que ele jamais teria feito o que fez se soubesse que correria o risco de
ser filmado? Como dizer que me sinto péssima apenas pelo fato de saber
que terei meu rosto estampado em mais fofocas por um motivo que nem
ao menos é verdade?
Meu carro parece voar pelas ruas antigas de Mônaco e antes que eu
consiga entrar na minha garagem, vejo a chamada que recebo com o
nome do meu amigo na tela. Atendo a ligação pelo viva-voz enquanto
chego no apartamento e estaciono o carro na vaga.
— Em uma nota de 0 a 10, quão brava você está? — ele responde
meu “oi” direto com uma pergunta.
— Obrigado, Ocean.
— Vá resolver seus problemas e pelo amor de Deus, Nate, me deixe
trabalhar em paz. Não quero ver sua cara na minha frente todos os dias
quando abro meu celular.
Sinto um sorriso brincar nos meus lábios ao ouvir suas palavras. Pelo
menos um pouquinho da nossa antiga amizade permanece viva mesmo
depois que Ocean adquiriu mais poder dentro da equipe.
— Nos vemos na Inglaterra, love — murmuro antes de tirar o celular
do ouvido e desligar a ligação.
Mais uma vez meu celular vibra em minhas mãos, mas dessa vez uma
notificação de mensagem de Luna brilha na tela. Ao abrir, me deparo
com uma foto dela deitada em meu sofá com Pandora enroscada em seu
colo. A gata de pelagem branca parece feliz demais agarrada na minha
melhor amiga, os olhos azuis sempre tão expressivos se encontram
fechados em um sono seguro e confortável.
Inferno, nunca pensei que teria ciúmes de um gato.
O voo de Miami para Monte Carlo foi mais demorado do que eu
havia planejado. Além do atraso inicial, levei mais de três horas para ser
liberado na imigração, alguma confusão com a documentação do meu
visto de trabalho na Europa.
O problema é que eu já havia deixado Luna sozinha tempo demais
para lidar com a possível ameaça junto as fofocas que saíram enquanto
eu estava na América. Conheço muito bem o que se passa dentro daquela
cabecinha, e como a boa advogada que é, ela tentará identificar todos os
cenários imagináveis até ter uma solução para o problema.
Cada minuto que se passa, me sinto mais e mais ansioso para o que
irei encontrar quando abrir a porta de madeira do apartamento. Luna
ainda estará lá? Terá ela ido ao trabalho mesmo eu pedindo que fique em
casa? Talvez ela tenha ficado, mas esteja com tanta raiva de mim que
queira finalizar nosso acordo.
Inferno!
— Pretende ficar aqui então?
— Nataniel, vai me dizer que não ficou repassando na sua cabeça
todos os discursos possíveis para me convencer a ficar aqui até toda a
situação se acalmar?
Dou de ombros.
— Tudo bem, vou ficar aqui por enquanto. Preciso voltar no meu
apartamento e buscar minhas coisas, mas imaginei que você ia querer ir
comigo, então esperei.
— Então trate de arrumar suas coisas no seu novo quarto, pois temos
uma mudança para fazer, garoto! — fala alto, acordando a pequena gata
embolada em seus braços.
Só que não seria apenas em troca do que ela está fazendo por mim.
Luna não tem noção do que poder que tem sobre mim.
Mas não foi exatamente isso que me tirou a atenção nessa manhã. O
problema foi exatamente no momento que me virei para sair do quarto e
acabei de frente para a porta aberta do banheiro, onde a visão do meu
melhor amigo de costas dentro do box se fez presente.
O corpo malhado, mas não forte demais, coberto por gotículas de
água. As costas bronzeadas flexionadas e sua cabeça atirada para trás,
com o rosto embaixo do jato de água.
E mais do que isso, o movimento repetido e ritmado de seu braço
direito em frente ao seu corpo. Não tive a visão livre do que ele estava
fazendo, mas não precisei pensar muito quando um gemido rouco saiu
pelos seus lábios grossos.
O cabelo castanho antes escorrendo pela sua nuca, agora cobrindo
parcialmente seu rosto quando ele abaixa a cabeça para frente e para
baixo, o movimento de seu braço cada vez mais rápido e forte.
Um urro gutural e rouco arranha sua garganta ao mesmo tempo que os
movimentos do seu braço cessam, o clímax sendo atingido e o
relaxamento imediato do seu corpo embaixo do chuveiro.
Me sinto paralisada olhando Nataniel massagear com calma o seu pau
enquanto relaxa após gozar no chuveiro. Meu corpo não se move, minha
respiração se torna acelerada e sinto minha pele esquentar ao ter a visão
do meu amigo nu na minha frente.
Ele continua respirando com força, ainda massageando seu membro e
por algum motivo, não se vira. Dificilmente ele saiba que eu estou aqui,
mas de qualquer forma, me sinto uma intrusa ao observar um momento
íntimo dele sem a sua permissão.
Não que eu espere sua permissão para algo assim, nossa relação
sempre foi completamente platônica e não temos nenhum indício de
mudar as coisas.
Somente acordo para a realidade quando ouço um miado forte vindo
da porta do quarto e viro meu rosto para encontrar Pandora arranhando a
madeira, provavelmente em busca de alguém para alimentá-la.
Uma parte minha gostaria que fosse em mim, mas outra parte muito
mais sensata e real sabe que essa possibilidade é nula. Nate nunca
demonstrou sentir nada além de um amor fraternal e em muitos anos, eu
vi todas as nuances de seus sentimentos durante a nossa longa amizade.
Mesmo que nunca tenha visto ele se apaixonar por alguém, também
sei que a forma que ele me olha não é como um homem olha para uma
mulher.
É somente a forma como um irmão mais velho olha para sua caçula.
E eu preciso controlar meu coração mais uma vez antes que eu
estrague tudo entre nós dois, antes que seja tarde demais.
Não tenho coragem de encará-lo após ter visto-o naquela situação tão
íntima, então continuo montando nosso café da manhã e ignoro sua
presença.
Mas conhecendo ele, já deveria saber que essa não seria uma missão
fácil, pois segundos depois sinto seu corpo atrás de mim. Os braços
fortes e bronzeados rodeiam o meu corpo quando ele apoia as duas mãos
no balcão a minha frente.
— Por acaso você dormiu comigo essa noite? — pergunta com a voz
rouca bem próxima do meu ouvido.
— Para não me dar bom dia! — ele fala mais alto e morde minha
orelha antes de depositar um beijo estalado na minha nuca. — Dormiu
bem, pequena?
Meu corpo imediatamente relaxa quando entendo que tudo não passou
de uma brincadeira, solto um longo suspiro antes de respondê-lo:
— Com uma cama Alaska King [5]só para mim, como você acha?
Ergo meus olhos rapidamente da comida e vejo que ele mantém o seu
olhar fixo em mim, analisando cada reação do meu rosto. Me sinto ainda
mais envergonhada vendo-o me examinar minuciosamente, como se no
fundo ele soubesse como fui uma completa depravada essa manhã.
— Não brinque com fogo, Luna.
— Foi uma surpresa e tanto encontrar meu quarto tão arrumado hoje.
Esse é um assunto que eu posso falar, claro, se eu esquecer
completamente o que aconteceu logo depois que finalizei a arrumação.
— Você deveria arrumar suas próprias coisas, sabe disso. Sua sorte é
que eu tenho uma obsessão por arrumação e não consigo viver meu dia
sabendo que você deixou a cama toda bagunçada antes de sair.
— Precisa de algo, senhor? — Opto por ignorar a forma com que ele
se direcionou a mim. Estou cansada de tentar mudar a maneira com que
eles me tratam aqui, portanto, irei apenas ignorar.
— O que quero dizer é que você mais do que ninguém sabe o que é
trabalhar o triplo do que qualquer outro aqui dentro para provar o seu
valor. Continue fazendo o seu trabalho, Srta. Thomas e tenha certeza que
estamos atentos a tudo o que acontece aqui dentro.
Ele finaliza sua lição motivacional – na qual ele desesperadamente
precisa trabalhar – e sai da minha sala, me deixando ainda mais confusa.
Ainda não entendi se foi uma espécie de reconhecimento ou uma
ameaça.
E sinceramente, estou completamente sem paciência para tentar
desvendar mais esse mistério. Volto minha atenção ao caso anterior que
estava trabalhando e coloco minha atenção completamente no trabalho
até a hora do fim do expediente.
Mesmo que o relógio marque exatamente cinco horas da tarde, sei que
meu dia está longe de acabar. Contando tudo que ainda preciso fazer para
finalizar meu expediente, já sei que a noite será longa. Me sinto frustrada
em lembrar que Nate vai chegar tarde e por isso, sei que ficarei sozinha a
noite inteira trabalhando nos processos que o Sr. Diaz me passou.
Quando finalmente chego na casa do meu amigo e consigo organizar
todo o meu material em cima da bancada, passo um café bem forte, me
aconchego em um dos enormes moletons da equipe de Fórmula 1 de
Nate e coloco minha mente focada no trabalho extra que preciso entregar
até amanhã.
A cada som de carro na rua, espero alguns minutos para tentar escutar
algum som do elevador.
A cada voz vinda do corredor, espero ouvir o som das chaves da
porta.
A cada miado de Pandora, espero vê-la correr até a porta para receber
seu dono.
E a cada hora que passa madrugada adentro, minto para mim mesma
que estou acordada para me concentrar apenas no meu trabalho e não em
esperar que Nataniel volte para casa.
Mesmo quando o relógio marca quatro horas da manhã e sinto o sono
tomando conta do meu corpo, mais uma vez me concentro totalmente no
trabalho que preciso fazer e não no aperto que sinto dentro do meu peito
ao ver que a cada batida do relógio me vejo ainda sozinha na cozinha
silenciosa.
E uma frase.
“Estamos de olho em você.”
Sinto minha respiração falhar ao clicar no link, mesmo sabendo que
eu não deveria fazer isso, mas é mais forte do que eu. Meu telefone é
direcionado para uma pasta de um drive anônimo onde contém várias
fotos e vídeos.
Todas as imagens de mim.
Desde coisas simples como eu entrando no meu carro e indo ao prédio
do meu escritório, até algumas mais estranhas como imagens de mim
andando pelo quarto de Nataniel durante a noite. As imagens não têm
uma qualidade muito boa e nem são muito nítidas, mas não preciso de
muito para ver que são por causa das lentes de alto alcance.
Digito uma mensagem para ele, pedindo para me ligar pois preciso
conversar com ele. Em menos de dois minutos recebo sua resposta:
Jogo o celular dentro da tote bag e saio de casa, mesmo com medo de
estar sendo seguida, preciso resolver isso. Não consigo lidar com uma
situação assim. Decido passar no escritório e deixar todos os processos
que analisei durante a noite, mas pela primeira vez, não me sinto segura
ali dentro. Então apenas deixo tudo organizado em cima da mesa do Sr.
Diaz e volto a caminhar em direção ao meu carro.
Sei que mais uma vez terei que ouvir uma lição de moral enorme do
meu chefe, mas nesse momento os chiliques dele são as minhas últimas
preocupações.
Cada passo que dou tenho a sensação de estar sendo espiada. É um
medo psicológico ridículo, visto que até mais cedo eu nunca havia me
sentido dessa forma. Como se o fato de eu estar ciente que existe alguém
me seguindo diariamente fosse mudar a forma que eu me sinto quando
estou na rua.
Talvez esse tenha sido o objetivo dessa pessoa, me deixar com medo.
Me fazer abandonar tudo isso.
E não vai ser dessa vez que irei jogar a toalha para uma pessoa que
não tem nem mesmo a coragem de mostrar sua cara ao tentar infernizar a
minha vida.
Já tive alguns casos de ex-maridos ou até mesmo pessoas obcecadas
pela vítima, em todas elas o medo era o maior inimigo. As ameaças eram
sérias demais, contudo, poucas consequências foram resultado delas. Em
mais de oitenta por cento dos casos a vítima se tornava uma pessoa
reclusa, deixando de viver sua vida pelo medo de algo maior acontecer.
— Como assim?
Engulo em seco.
Eu sabia que ele queria que eu fosse com ele em alguma corrida.
Fazer as malas.
— Você já pensou em ser minimalista? — Nataniel pergunta com a
voz arrastada, Pandora ronrona no colo do moreno.
No entanto, tenho três bolsas, quatro pares de sapato e dois looks para
colocar ali dentro.
— Se quiser, pode usar as camisetas da equipe no paddock. Assim,
não precisa de tantas roupas diferentes — ele fala tentando ajudar, mas
ergue as mãos quando o encaro com ódio nos olhos. — Não está mais
aqui quem falou.
— Me relembre o cronograma — peço e enquanto ele passa a lista de
tudo que teremos que fazer, faço uma nota mental com cada look
destinado a cada ocasião.
Por ser três semanas intensas do campeonato, temos um ou outro baile
beneficente, jantares com sócios, entrevistas em programas de TV e
aparições aqui e ali.
— Inglaterra, Singapura e Brasil. — Ele vai contando nos dedos a
cada país que fala.
— Como vou montar roupas para três semanas com basicamente três
estações em casa país? Sem mencionar a cultura em cada um dos
lugares, afinal, precisamos ser respeitosos com os países que estamos.
Além do mais, bailes, eventos e jantares. Tudo isso em apenas duas
malas! É impossível! — Desisto completamente e me sento no chão em
posição de índio enquanto Nate me encara de cima da cama. — Você não
pode ir sozinho em todos esses eventos e eu ficar no hotel?
— Bela peça, planos para usar? — ele pergunta com a voz baixa.
O tom entediado imediatamente sendo substituído pela rouquidão
grossa de sua voz, os olhos escuros brilhando em minha direção. Ele não
desvia o olhar do meu em nenhum momento.
— Me devolva isso — peço debilmente, mas ele apenas balança a
cabeça para os lados, ainda segurando firmemente a calcinha.
Se ele ainda não tinha revirado meu estômago antes, pode ter certeza
que ele acabou de destruir qualquer chance de me manter viva nessa
viagem.
Capítulo 12
Não pensei direito quando planejei que Luna viesse nas corridas
comigo. Em todas as vezes que ela apareceu pelo paddock nós nos
encontrávamos alguns minutos antes e acabávamos vindo juntos.
Completamente linda.
Nós não temos frescuras um com o outro, mas é a primeira vez que
dividiremos a mesma cama por tanto tempo. Acho que precisamos de
tempo para nos acostumar com a presença constante um do outro.
Solto sua mão bem em frente a porta para que ela possa posar para
alguns cliques que foram solicitados e entro no ônibus, deixando-a por
poucos minutos livre para se soltar um pouco mais.
— Ela parece feliz. — Charlotte me encontra logo que passo pela
porta de vidro para dentro do espaço refrigerado e bem estruturado. —
Está tudo bem entre vocês?
— Enquanto ela estiver com aquele sorriso no rosto, tudo está bem —
digo e aponto para morena que termina de posar para algumas fotos e
conversa brevemente com os fotógrafos.
Poucos instantes depois ela entra pelas portas duplas do trailer e em
poucos passos me encontra junto à Charlotte. Luna parece radiante pela
atenção recebida, e o antigo olhar de nervosismo completamente
desaparecido agora.
Puxo seu corpo para perto de mim quando noto alguns olhares
curiosos dos funcionários da equipe. Qualquer motivo para tocar em
Luna é o suficiente para me deixar completamente louco.
— Ou talvez eles já tenham cansado de nós dois até lá. — Ela passa
os braços finos em volta da minha cintura, sinto seus dedos mexerem na
barra da minha camisa. — É por isso que estamos tão grudados agora?
Para mostrar que somos um casal apaixonado?
Ingênua, minha pequena.
— Com certeza. — E se depender de mim, continuará assim.
Luna solta uma risada com o rosto colado em meu peito. Ergo o rosto
e vejo Serguei me chamando com as mãos, provavelmente está na hora
de entrar na sala de coletiva, então deposito um beijo suave no topo da
cabeça da minha amiga e afago suas costas.
— Preciso ir agora, fique por aqui ou volte lá para fora e seja a estrela
do paddock.
Por isso, sei que Charlotte irá cuidar para que ela fique em segurança
em todos os momentos em que eu esteja longe, inclusive quando estiver
dentro do carro.
— Estava, sim!
Balanço a cabeça para os lados e continuo deitada de barriga para
cima, encarando o teto com toda a minha força de vontade. A sensação é
estranha demais, não consigo relaxar o meu corpo e muito menos encarar
Nataniel.
O que não parece ser um problema para ele, já que sinto seu olhar
preso em mim o tempo inteiro.
— É tão estranho — comento, dando voz aos meus pensamentos.
— Não é ruim.
— Se você quiser, eu durmo no sofá, sweetie — sugere.
É por isso que eu odeio amar ele. Mesmo sabendo que ele precisa
descansar o máximo possível para os treinos de amanhã, ele prefere ter
uma péssima noite de sono a me deixar sentir um pingo de desconforto.
Engulo o aperto no meu peito e viro meu corpo para o lado, deitando
frente a frente com ele. Os olhos castanhos presos em meu rosto e o
sorriso de canto deslizando pelos lábios avermelhados.
Concordo, acenando.
Franzo as sobrancelhas.
— Você realmente pensava que eu não estava por perto todos os dias?
— Você não estava por perto, Nataniel. Estava sempre se enturmando
com as outras pessoas da escola. — Não era minha intenção soar tão
mesquinha, mas lembro como se fosse ontem os momentos em que ele
me deixava para sair com outras garotas, ou mesmo praticar algum
esporte com algum dos rapazes da nossa turma.
Para evitar que ele veja o sorriso em meu rosto, viro meu corpo
novamente para cima, encarando o teto bege do quarto de hotel. Nate
continua na mesma posição, virado para mim e olhando a cada
movimento que eu faço.
Aos poucos, sinto meu corpo relaxando na cama, minha respiração se
tornando cadenciada e cada vez mais suave. Estar junto com meu melhor
amigo nunca foi desconfortável, e mesmo agora, dividir uma cama com
ele também não deveria ser.
Fico em silêncio.
Eu imaginava que a ideia inicial não havia sido apenas de Nate, mas
ouvir que tudo não passou de um esquema entre eles é como ter uma faca
revirada no meu estômago.
— Você o ama — Charlotte declara.
— Claro, ele é meu melhor amigo.
É ótimo poder respirar e não precisar cuidar cada movimento que faço
enquanto estou na mira das câmeras, mas é também preocupante pois
caso a situação de Nate nas mídias esteja realmente se consolidando
como um cara concentrado no trabalho e não em festas e mulheres,
significa que nosso acordo pode estar perto do fim.
E sinceramente, eu não sei o que seria pior.
— Não, não.
— Sim, sim — rebato, abrindo um sorriso pela sua atitude infantil.
— Todas as vezes que falei isso, o que aconteceu? — Ele leva a mão
até o ouvido e faz uma concha, esperando ouvir minha reação. — Não
estou ouvindo, Luna.
— Você sabe o que estou querendo dizer. Isso — aponto o dedo para
nós dois —, o que estamos fazendo, Nate?
Ele abaixa o rosto e se vira para mim, segura as minhas mãos rente ao
seu peito e respira fundo.
— Estamos fazendo o que combinamos que faríamos — ele diz.
— Não parece ser só isso.
E não ter ela nos dois dias de treino foi como me afogar dentro de um
tanque de água. O carro parecia me sufocar. Os gritos de Otty, minha
engenheira, no meu ouvido me fizeram apenas desligar o rádio e dirigir
as escuras. Os fãs gritando por fotos e autógrafos me deram gatilhos de
raiva o tempo inteiro e tudo que eu queria era voltar naquela porra de
quarto de hotel e implorar seu perdão.
Mas ela apenas me ignorava todas as vezes que me via. Luna é boa
nisso. Boa até demais.
Na noite anterior ela já estava dormindo quando cheguei e já havia
saído de manhã quando acordei. Ela se manteve ocupada nos dois
últimos dias, não tendo absolutamente nenhum segundo de tempo livre
para conversar comigo.
Eu sou um filho da puta.
Sinto vontade de dar um soco em mim mesmo por fazê-la pensar que
o que eu disse tem algum fundo de verdade. O único fato de tudo que
falei é que não sei lidar com ciúmes.
Ergo meu braço e aperto sua mão entre as minhas, atraindo seu olhar
para nossas mãos unidas em cima do lençol claro da cama. Esfrego meu
polegar na sua pele clara e ergo meus olhos para ela, que continua
encarando nossas mãos.
Puta que pariu, imagino como deve ser o seu gosto. Doce.
Caralho, Nataniel.
— Negativo.
— Porra! — grito e bato meu punho no volante. A emoção de um
piloto é poder lutar e conquistar a primeira posição, nada que vem tão
facilmente soa tão bom como uma bela corrida.
— Você não tem ideia do orgulho que estou sentindo agora! — ela
grita nos meus ouvidos, arrancando risadas das pessoas que estão à nossa
volta. — Meu deus, que corrida incrível!
Ela solta uma gargalhada quando seguro sua cintura e a giro no meu
colo, rodopiando com a morena em meus braços no meio de todas as
equipes, torcidas e qualquer um que tenha acesso a uma televisão ou
celular.
Ergo o braço para John e peço dois copos, apontando o dedo para
Luna e outro para mim. E em poucos instantes ele aparece ao nosso lado
e deixa uma taça de vidro cheia de um líquido azul para ela e um copo de
uísque para mim.
— Fique aqui, vou buscar outra bebida — falo no ouvido de Luna, ela
apenas assente e continua dançando e bebendo, mas dentro da segurança
do camarote.
O que permite que eu respire aliviado em saber que ela não vai se
meter em problemas enquanto estiver aqui dentro.
— Estava com sede, filho da puta? — John fala assim que me vê
enchendo novamente o copo com o líquido.
— Só faça.
John bufa ao meu lado, mas logo se vira para preparar um novo drink
para Luna.
Ela gira seu corpo no lugar e logo encontra meus olhos fixos nela.
Parecendo sentir que estou admirando cada movimento que ela faz, a
morena ergue os dois braços para cima e fecha os olhos. Começa a
rebolar devagar, mexendo os braços e a cabeça para os lados.
Sinto meu pau endurecer dentro das calças quando ela sobe
empinando a bunda para trás e realçando os seios marcados pelo decote
do vestido.
Luna ergue as mãos para pegar o copo com a nova bebida e dá vários
goles, me encarando por cima do vidro. Os olhos já brilhantes e as
pupilas levemente dilatadas.
— Vem comigo — ela pede e segura minha mão com o braço livre,
me levando para o meio da pista da dança, fora do nosso camarote.
Pressiono mais uma vez seu corpo em direção ao meu, sentindo sua
pele esquentar sob meus dedos. Ela faz menção de se virar de novo, mas
travo seu corpo no lugar e aproximo a boca novamente ao seu ouvido.
Casais se beijando.
Se esfregando um no outro.
— Então é por isso que você gosta de sair à noite? — Ela ergue o
rosto para cima, deixando-me perto demais de seus lábios.
— É por isso que eu trouxe você aqui — murmuro.
Ela abre um sorriso e vira o corpo de frente para o meu, suas mãos
deslizando lentamente pelo meu peito e o sorriso malicioso rasgando os
lábios brilhosos.
— E alguma vez ela ouviu algo que você falou? — rebato, arrancando
uma risada do meu amigo. — Vamos embora, não quero que tenham
fotos dela nesse estado amanhã de manhã.
— Tinha.
Me levanto da cama e viro o corpo para vê-lo deitado de lado, apenas
me olhando da cabeça aos pés. Sigo seu olhar e vejo meu corpo coberto
apenas pela lingerie preta da noite anterior, o tecido fino e transparente
não cobre muita coisa. Ter o olhar dele atento aos detalhes do meu corpo
me faz suar frio, sinto meus pelos arrepiarem e minha pele esquentar
como se o seu olhar fosse uma carícia em mim.
— Você deveria colocar uma roupa — ele murmura, os olhos fixos no
pedaço de tecido entre minhas pernas. — Agora.
Curvo meu corpo para frente e balanço a cabeça para os lados.
— Vá logo se trocar! — ele diz entre risos, mas sem tirar o braço dos
olhos, tapando a visão do meu corpo.
Antes que Nataniel continue a falar, giro meu corpo na cadeira e dou
um enorme tapa em seu braço, atraindo a atenção de algumas mulheres à
nossa volta.
Dois homens apenas vestidos com calças jeans azuis e tênis brancos
se aproximam de nós, um deles se agacha na minha frente a aperta as
minhas coxas com firmeza, enquanto o outro vai nas minhas costas e
massageia minha nuca.
Pelo canto de olho consigo ver Nate se revirando em seu assento, mas
o olhar vidrado nas mãos dos homens passeando pelo meu corpo. Me
sinto uma deusa sendo ovacionada por dois homens gloriosamente
seminus. O que estava agachado na minha frente possuí um corte de
cabelo bem rente a cabeça, simples, mas o que me faz admirar sua
aparência são as tatuagens que cobrem seu corpo inteiro. Desde o
pescoço, o peito, os braços e até as mãos.
Minha imaginação voa para saber até onde vão o restante delas.
Os gritos das mulheres no teatro vão a loucura quando uma luz branca
e forte predomina em nós dois, chamando atenção para a loucura que ele
está fazendo em público.
Não dou oportunidade para ele mudar de ideia mais vez e puxo seu
rosto em direção ao meu, buscando sua boca com a minha. O toque
quente e elétrico dos seus lábios junto aos meus incendeia o meu corpo
por inteiro. Nataniel solta um grunhido de prazer e respira fundo junto de
mim.
Suas mãos seguram meu quadril com firmeza e ele inclina o tronco
em direção ao meu, tocando os lugares certos para aquecer e eletrificar o
meu corpo.
— Você sabe.
Nataniel fica em silêncio.
O susto do homem foi tão grande que ele apenas virou as costas e saiu
correndo do almoxarifado, deixando-nos sozinhos com as luzes fortes
iluminando toda a dimensão o que estávamos prestes a fazer. Arrisco
descer meu olhar pra Nate, encontrando-o de olhos fechados e com a
testa franzida.
Com certeza uma luta interna sendo travada em sua mente.
— Me desculpa — ele pede, abrindo os olhos e encontrando meu
olhar preocupado. — Não posso fazer isso.
Aceno com a cabeça e deposito um selinho em seus lábios carnudos
uma última vez antes de descer de seu colo e me virar para ir embora
desse lugar.
— Não me odeie — ele pede com a voz baixa às minhas costas.
Eu não posso dizer que não esperava que isso fosse acontecer.
Conheço ele há tempo suficiente para entender que sua vontade de estar
comigo não é forte o bastante para confrontar o medo do futuro.
Ele é assim.
E eu o amo exatamente dessa forma.
— Eu jamais te odiaria.
A primeira coisa que vejo assim que abro o meu e-mail dentro do
enorme jatinho particular de Nataniel, é uma mensagem da minha colega
de trabalho, Melissa.
“Eu realmente acho que você deveria se impor assim que voltar. As
pessoas estão falando demais e nenhum dos sócios faz absolutamente
nada para acabar com os rumores. O boato da semana é que a única
razão para você ter a vaga de responsável pela equipe junior é porque
namora um piloto de Fórmula 1. Sinceramente, são coisas tão babacas e
infantis que não sei como tomam forma.
Sei o que faz com que ele tenha medo de se jogar de cabeça no que
quer que seja isso, mas no fundo do meu coração, não entendo o porquê
ele ainda não tentar lutar contra seus fantasmas.
Ele parece notar que não quero falar sobre o assunto, pois não insiste
e apenas muda o tópico para algo um pouco mais neutro entre nós dois.
— Recebi notícias de Pandora, a demônia está infernizando os outros
gatos do hotel. Aparentemente tiveram que colocá-la em isolamento
ontem à tarde para evitar que os outros animais ficassem muito
animados.
Alguns meses depois que meu pai faleceu minha mãe não foi capaz de
voltar ao normal, nunca mais foi a mãe amorosa e carinhosa que era
antes. Como uma forma de sobreviver ao luto ela passou a sair cada vez
mais e algum tempo depois, a presença constante de homens dentro de
casa era demais para mim.
Eles sempre pareciam caras legais, me tratavam bem, cuidavam da
casa e dela. Mas em alguns meses, tudo começava a desabar. As brigas,
discussões, agressões e pouco tempo, minha mãe estava mais uma vez no
fundo do poço.
E o ciclo viciante começava mais uma vez. Saídas, festas, bares,
bebidas, novos homens e um novo namorado.
Por anos nossa vida foi assim e a única forma que eu tinha de lidar
com toda a constante de mudanças, depressões e tristezas era quando eu
podia escapar pela janela do meu quarto e me sentar aos pés da enorme
árvore que dividia os jardins de nossas casas.
De que jeito eu vou permitir que ela entre ainda mais nesse furacão?
Eu precisaria ser mais idiota ainda para deixá-la se machucar por eu ser
egoísta o suficiente para tê-la para mim sem pensar nas consequências.
Sinto meu corpo voltar a vida aos poucos e pisco algumas vezes,
notando o silêncio no corredor que estou. Todos que estavam aqui em
cima já desceram, algo que nem mesmo vi acontecer. Dou alguns passos
para finalmente sair daqui e encontro Charlotte e Serguei subindo ao
mesmo tempo.
— Não sei quais eram os seus planos, mas você vai levar a merda
desse corpo até Luna e resolver essa situação de uma vez por todas! Não
me importo quantos sapos você precisa engolir, mas vai resolver isso
hoje! — ele finaliza o discurso.
— Você está linda — é tudo que consigo dizer para Luna quando a
encontro na recepção do hotel usando um longo vestido bege todo
cravejado de diamantes. O recorte da roupa faz loucuras na minha mente,
completamente fechado na frente, prendendo no seu pescoço e deixando
os ombros todos abertos.
Luna ergue sua mão para mim e eu busco seu contato com a minha
pele, trazendo o seu corpo para o meu lado.
— Me desculpa por ser um idiota antes — digo em seu ouvido
enquanto caminhamos para a parte de fora do hotel, onde um motorista
contratado por Charlotte nos espera para nos levar até o hotel onde o
baile ocorrerá.
— Não quero falar sobre isso hoje, Nate.
Ela estava tão cansada quanto eu de tantas desculpas nos últimos dias.
— Uma trégua pela noite? — pergunto, esperançoso.
— O que vai fazer com isso? — pergunto, vendo-o procurar algo com
os olhos.
Imito o seu gesto e largo minha taça intocada na mesa ao lado da sua,
umedeço os meus lábios antes de pensar no que falar.
Seu olhar se mantém focado em nossas mãos juntas, ele parece lutar
internamente para aceitar suas próprias escolhas.
— Eu sempre te amei, isso não é nenhuma surpresa.
Começo a falar, mas não tenho coragem de ver sua reação, então
fecho os meus olhos e deixo as palavras fluírem da minha boca:
Os soluços se tornam cada vez mais altos e fortes, e o choro que antes
era somente algumas lágrimas caindo pelo meu rosto, se tornam um
pranto desesperado. Ela parece sentir o meu desespero e me abraça com
força, me confortando o máximo que consegue.
Acho que nunca chorei tanto quanto nos últimos dias. Depois do
baile, Charlotte organizou tudo para que eu fosse direto para o aeroporto
e embarcasse para Monte Carlo durante a madrugada.
Uma peça de roupa simples apareceu em meus braços antes de entrar
no carro alugado e uma única instrução:
— Isso não será um problema, Sr. Diaz. Desde que cheguei aqui
sempre fiz o meu trabalho de forma excepcional, e o senhor sabe disso,
pois não estaria aqui me pedindo para continuar na empresa, se não
soubesse.
Ele aponta um dedo na minha direção e estala a língua.
— Era exatamente essa garota que eu queria de volta aqui. A mesma
que bateu a mão no peito na primeira entrevista e lutou com unhas e
dentes pela vaga, mesmo sabendo que era a que tinha menos experiência
entre todos os candidatos que foram entrevistados. Por meses você se
deixou apagar pelas críticas e cobranças dentro da empresa, todo o brilho
e força de vontade pareciam ter sumido da sua vida.
Semicerro os olhos para ele e cruzo meus braços.
— Isso era um teste?
Dizendo isso, ele sai da minha sala, me deixando ainda mais perdida
em meus próprios pensamentos. Estou enfurecida por ter sido tratada
como lixo durante meses por causa de uma brincadeira de mal gosto
dele, mas no fundo eu sinto uma pitada de orgulho por saber que eu
nunca deixei de ser reconhecida.
Nunca foi fácil receber os casos mais difíceis, ouvir lamúrias de
funcionários que se acharam no direito de me diminuir diariamente, levar
mais trabalho para casa do que qualquer outra pessoa. E no final, ser
lembrada que estar na carreira que eu escolhi é lutar diariamente por
algo, seja por reconhecimento, por um caso, por um cliente ou mesmo
por si próprio.
Como advogada, é o melhor elogio que alguém poderia ter.
— Então é assim que vai ser, Luna — falo para mim mesma antes de
ligar meu computador e colocar a mão na massa, me sentindo confiante e
poderosa como há tempos não sentia.
Apenas gostaria de me sentir assim em todas as áreas da minha vida.
Capítulo 20
Uma semana sem nenhum contato com Luna.
Puta que pariu, foram os dias mais tediosos que eu já vivi.
Depois que Charlotte foi ao meu encontro no baile e me disse que
Luna havia embarcado para Monte Carlo, o peso de tudo que ela havia
me dito realmente bateu com força.
Até aquele momento eu não havia entendido a seriedade da situação,
de como eu estou machucando-a a cada escolha escrota que eu faço com
o intuito de protegê-la.
Ainda não tenho certeza se realmente vou manter essa mentira por
muito tempo, talvez esteja na hora de colocar todas as cartas na mesa e
finalmente libertar minha melhor amiga dessa situação na qual a
coloquei.
Eu tenho total consciência de tudo que fiz ela abdicar ao aceitar fingir
ser minha namorada em público. Sei que ela muito provavelmente está
mais sozinha do que nunca, sem poder conhecer pessoas novas, fazer
amizades ou até mesmo sair sozinha sem correr perigo.
É uma situação de merda.
E como o belo filho da puta que sou, apenas pedi para ela aceitar algo
que seria impossível viver, mas não pensei em nada além de limpar o
meu nome naquele momento.
Então…
— Estão dizendo que meu namoro com Luna não significa nada? —
pergunto, um pouco chocado pela revelação.
Engulo em seco.
— Como o caso foi diferente e nós — ele aponta para Dave e Ocean
— gostamos de você como pessoa, estamos apostando que você será
uma adição incrível para os próximos anos.
Ele me estende a pasta de direita, a mais grossa. Ao abrir a capa bege,
a primeira folha marca o título “renovação de contrato” e abaixo, nas
dezenas de linhas digitadas na folha branca, em negrito consta a
informação mais importante:
“Renovação multianual sem contrato pré-estabelecido”
— Está tudo dentro dos conformes, Nate, pode assinar que iremos
oficializar o contrato mais tarde — Charlotte chama a minha atenção ao
falar sobre os termos contratuais que acabou de ler.
— Já começou bem, meu filho. Ocean não consegue ter pulso firme
quando elogios estão em cena — Dave comenta, abraçando Joshua pelos
ombros.
Estar entre eles é como estar em família. Não há equipe que eu tenha
mais orgulho do que a minha e eu sou eternamente grato por tê-los
sempre ao meu lado.
A energia de comemoração e gargalhadas toma conta da sala, os sons
altos das conversas animadas e os gritos de alegria poderiam ser ouvidos
de qualquer sala no andar.
Luna.
Há uma semana não tenho nenhum contato com ela, pela primeira vez
desde que tínhamos dez anos de idade ficamos mais que um ou dois dias
sem nos falar.
Não penso duas vezes antes de atender a ligação, mesmo ainda
estando no meio da reunião com os Durant. Todos parecem entender meu
nervosismo, pois assim que coloco meu celular no ouvido, sinto as
conversas baixando de volume para apenas um murmurar baixo entre
eles.
Ela parece se esforçar muito, mas consigo ouvir sua respiração ainda
forte e pesada voltando a seguir um ritmo constante.
— Isso, garota, continue respirando. Estou aqui com você —
murmuro, voltando a inspirar e expirar audivelmente para que ela possa
me ouvir e imitar meus movimentos.
Posso ouvir as vozes abafadas na ligação, a movimentação de um dia
comum no tribunal, onde ela provavelmente está e teve a crise de
ansiedade.
— Você está sozinha, Luna? — pergunto, pronto para pegar minhas
coisas e entrar no primeiro voo disponível de volta a Mônaco, sem
pensar em mais nada além dela.
— Estou bem — ela murmura bem baixinho, mas consigo suspirar
aliviado quando noto que sua respiração voltou ao normal. — Me
desculpe, eu não sabia o que fazer.
— Me ligue sempre que precisar de mim, não importa a hora, a
situação ou o que quer que eu esteja fazendo. Você sempre será a minha
prioridade.
Ela fica em silêncio do outro lado da ligação, talvez tenha sentido
tanto medo que não pensou em tudo que acarretaria quando me ligasse
novamente. Luna apenas murmura uma concordância e se despede de
mim, desligando a chamada sem realmente falar nada.
— Nate… — o murmúrio baixo me faz olhar mais uma vez para ela,
pronto para fazer minha presença visível, mas Luna continua em um
sono profundo.
Além disso, como tenho total ciência que sou péssimo na cozinha,
abro o aplicativo de entregas e peço um café da manhã caprichado para a
morena, já que pela imagem intocada de sua cozinha, posso deduzir que
ela não comeu nada além de tomar uma garrafa de café ontem à noite.
Saber que aos poucos vamos voltando a ser o que éramos me deixa
tranquilo, mesmo que meu corpo não pense da mesma forma, pois me
sinto completamente duro apenas por ouvi-la gemer para a comida.
A cena é fofa.
— Posso dar frutas para ela? — Luna pergunta, procurando pedaços
pequenos de maçãs sem semente.
— Aprendi a ler suas expressões, garoto, não adianta mentir para mim
— ela fala, passando os dedos pela cabeça da gata.
Afinal, como ela pode ter pensado por um único segundo que eu a
rejeitaria? Que eu não sinto um tesão fodido por cada pedaço do seu
corpo? Como ela pode pensar que eu não a quero por inteira depois que
senti o gosto de seus lábios nos meus?
Seus olhos ardem como fogo, a respiração quente batendo com força
no meu rosto, meus dedos firmes em seu cabelo ao segurar sua cabeça.
Resvalo meus lábios nos seus e falo:
Grudo nossos lábios mais uma vez, com um pouco mais de força
dessa vez, e Luna arqueja, gemendo com prazer. Minha língua em uma
dança sensual com a dela, sugando tudo de si.
— Gostosa demais.
Luna vira o rosto para mim, ainda inclinada com as pernas abertas.
Apenas tempo suficiente para me ver chupar seu gosto dos meus dedos
melados e lubrificados.
— Você é perfeita — digo, puxando o seu corpo para o sofá, Luna se
deita, me permitindo ter a visão completa de toda a sua pele exposta, os
seios rosados inchados e com as marcas dos meus dentes, a pele clara,
porém bronzeada, criando um contraste lindo com seu cabelo castanho
escuro e os lábios vermelhos, ainda mais inchados pelas mordidas dos
nossos beijos.
Ela ergue as mãos e inclina seu corpo em uma altura ideal que a
permita puxar minhas calças de moletom para baixo, deixando meu
membro duro e solto apontado em direção ao meu umbigo.
Estoco devagar e com força, deixando que ela se acostume com o meu
tamanho. Logo ela começa a gemer e rebolar no meu pau, então passo a
acelerar os movimentos, penetrando com força enquanto seus gemidos
explodem em meus ouvidos, me incentivando a estocar ainda mais
rápido.
— Isso é tão bom — ela fala, a voz entrecortada por cada penetração.
— Eu poderia ficar aqui o dia todo.
Ela solta uma risadinha, mas logo sua boca se abre, um grito mudo
nos lábios vermelhos. Luna parece uma miragem em meus braços, o
rosto vermelho coberto pelas gotículas de suor que se espalham por todo
seu corpo. As unhas grandes pintadas de branco apertam meus braços,
deixando marcas que irei desfilar por aí com o maior orgulho.
Continuo estocando, sentindo-me cada vez mais perto de gozar. Luna
parece estar no mesmo caminho, pois sua respiração acelera e sinto seu
coração batendo descompassado dentro do peito.
Quando seu corpo começa a tremer em meus braços e sinto o
momento que ela está prestes a se desfazer, os olhos revirando e a boca
entreaberta, me permito me soltar, encontrando o meu próprio prazer no
mesmo instante em que digo:
— Goza comigo, sweetie.
Capítulo 22
Os braços de Nate continuam enroscados em meu corpo, a respiração
profunda batendo suavemente na minha nuca. O calor que emana de sua
pele aquecendo cada pedaço da minha alma.
Essa semana que passou foi insuportável sem ele, desde os meus dez
anos nunca passei tanto tempo sem a sua presença. Isso me desconcertou
demais, me pressionou a tentar viver sozinha e independente, quando no
fundo do meu coração eu só queria estar ao seu lado novamente.
Não me importava mais se era como sua amiga ou mais. Eu só
precisava dele.
— O que está pensando? — ele pergunta, a voz rouca e grossa pelo
sono pesado de minutos atrás.
— Em como senti sua falta — respondo.
Ele deposita vários beijos pelo meu pescoço e ombros, me abraçando
ainda mais rente ao seu corpo.
— Já está com saudades? — O tom de voz malicioso e a risadinha no
final da frase já mostram que ele não está muito inclinado a conversas
sérias, então embarco na onda e me permito aproveitar estar ao seu lado.
— Não imagina o quanto.
Suas mãos me seguram com força na cama enquanto ele vira seu
corpo e se coloca em cima de mim, sua nudez tocando em cada parte da
minha pele, sem exceções. Me sinto incendiar com o mínimo contato de
sua pele.
— Ainda quero sentir seu gosto mais uma vez, mas por agora, preciso
de você, sweetie.
Ele abaixa o rosto e gruda seus lábios nos meus, a pressão de sua boca
na minha faz a minha respiração se tornar entrecortada e pesada. Agarro
seu pescoço com os braços, puxando-o para ainda mais perto de mim.
Com os joelhos, Nataniel separa as minhas pernas e sem desgrudar
nossos lábios, ele passa os dedos delicadamente nas minhas dobras, me
fazendo suspirar de prazer.
O estímulo na minha vagina em conjunto com seus lábios na minha
boca é tão afrodisíaco e logo estou tão excitada que seus dedos passam a
fazer um som molhado ao deslizar pelo meu clitóris.
— Você toma pílula? — ele pergunta, os lábios tão grudados aos
meus que sua voz sai somente um enrolado de palavras. Aceno com a
cabeça, em concordância.
— Confio em você.
Não preciso falar mais nada, ele me aperta ainda mais em seus braços
e desliza seu membro para a minha entrada, me preenchendo
intensamente de uma vez só. Sinto o ar ficar preso na minha garganta
enquanto meu corpo parece tentar se acostumar com sua grossura, mas
logo que relaxo, passo a gemer algo com as estocadas.
Diferente do dia anterior em que precisávamos extravasar anos de
desejo e tesão um pelo outro, hoje Nate mantém um ritmo suave. Como
se ele não tivesse nenhuma pressa para me possuir, tendo todo o tempo
do mundo.
O vai e vem constante e lento me faz ver estrelas. Grudo minhas
unhas em suas costas e abro ainda mais minhas pernas, sentindo sua
pélvis entrar em contato com meu clitóris a cada batida de nossas peles.
O orgasmo vem crescendo dentro de mim, cada vez mais forte e mais
intenso do que a vez anterior. Uma de suas mãos continua firme no
colchão, evitando que seu peso caia totalmente em cima de mim,
enquanto a outra passa a estimular meus seios sensíveis.
— Eu… Ah… — Não consigo formular uma palavra, apenas deixo
meu corpo ser completamente tomado pelo dele. Seus lábios tomando
qualquer murmúrio que saia pela minha boca enquanto seu membro me
possui como sempre sonhei.
Ele olha mais uma vez para toda a minha paramentação, garantindo
que estou com tudo seguro e firme.
Sei que com os anos os carros se tornaram cada vez mais seguros e
todas as medidas possíveis para que nada ocorra estão sendo
administradas nesse momento, mas a sensação de tocar no veículo é
assustadora. Diferente de um automóvel comum, a primeira e grande
diferença é estar completamente exposta, a única proteção contra o
exterior é o halo, uma barra curva em cima do carro que é destinada a
proteger o piloto – ou no caso, eu – de qualquer impacto ou colisão com
a cabeça.
É onde entra a segunda diferença, esse carro não tem portas, então
precisamos praticamente escalar para entrar. Ele me ajuda a sentar, o que
é bem confortável contando que eu preciso ficar praticamente deitada
dentro do cockpit. É uma posição estranhamente prática onde minha
bunda fica totalmente abraçada pelo assento e minhas pernas se mantém
esticadas para frente, como se eu estivesse pronta para me deitar na
cama.
Nate ergue o corpo para dentro do carro, puxando quatro tipos de
cintos de segurança, me prendendo pelo quadril, braços e pelo capacete.
O preparo físico que ele precisa ter para conseguir se manter aqui
dentro é algo indescritível, algo que eu não tenho. Academia três vezes
na semana não contam realmente como uma rotina de um atleta de alto
rendimento.
— Não vamos correr por mais de uma hora, serão apenas algumas
voltas para você sentir a adrenalina.
Assinto, o capacete pesando em minha cabeça, mas me sentindo tão
segura e presa que nem se eu tentasse me desamarrar, conseguiria.
Assim que tudo está pronto e organizado, ele finalmente pula para
dentro do seu assento, mais uma vez me surpreendendo pela agilidade e
rapidez com que termina de se prender nos cintos de segurança e estar
completamente pronto para partir.
A velocidade unida a força que o corpo sofre a cada vez que ele
acelera o carro após uma curva, me fazem ofegar. Sinto meu corpo
esquentar por dentro do macacão pesado, o gosto do suor do meu rosto
pingando nos meus lábios.
A força que meu corpo está fazendo para se manter no lugar e
simplesmente não ceder à pressão é inacreditável. Em poucos instantes
vejo que estamos nos aproximando da reta de largada, onde em dias de
corrida é um espaço completamente lotado de pessoas.
Desde os funcionários das equipes, até jornalistas e celebridades,
todos querendo chegar o mais próximo possível dos carros. Claro que
não estamos no carro oficial de Nate, como ele mesmo disse, mas
enxergar o privilégio que tenho ao estar dentro desse carro com meu
melhor amigo é simplesmente surreal demais .
— Está preparada? — Nate grita.
Entramos na reta e ele abre a asa móvel do carro, nossa velocidade
parece aumentar exponencialmente em segundos. Mais uma vez meu
corpo sofre o solavanco, mas como eu já estava esperando por isso,
consigo me manter ereta com a velocidade alta. Solto um grito alto e se
eu estivesse solta, com certeza ergueria meus braços para cima e apenas
teria a sensação do vento na minha pele.
O que não é o caso, então apenas grito até explodir os meus pulmões,
caindo na gargalhada assim que sinto a necessidade de respirar de novo.
Em segundos as risadas são substituídas por lágrimas de emoção. As
sensações dentro de mim mudam na mesma velocidade que Nataniel
parece dirigir esse carro.
Nunca me senti tão leve em toda a minha vida.
— Meu deus, isso é incrível demais — digo pelo rádio, ouvindo seu
murmúrio de concordância em resposta. — Obrigada, obrigada,
obrigada.
— Por que você precisa ir? — Nataniel esfrega os olhos com as mãos.
A imagem do moreno nu em minha cama é quase suficiente para me
fazer ficar em casa mais um pouco.
No entanto, nossa lua de mel precisa terminar por um tempo.
Recebi uma ligação de Mel, minha colega de trabalho, pedindo que eu
fosse com urgência até o escritório. Ela não quis me adiantar nada sobre
o assunto, mas eu tenho certeza que coisa boa definitivamente não vai
ser.
Não é do meu feitio fazer isso ou mesmo pensar isso, mas eu cansei
de sofrer tanto por algo que eu quero e não posso ter. Ao menos assim,
tenho o meu melhor amigo de volta.
E de quebra, alguns orgasmos diários.
O que eu não esperava era encontrar meu chefe, o Sr. Diaz, junto a
ela.
— O que está acontecendo? — pergunto, preocupada com a seriedade
da situação. — Tivemos algum caso reaberto?
— Não, não é nada do tipo, pode ficar tranquila — Sr. Diaz tenta me
acalmar, mas logo levanta sua mão e estende em direção a minha sala,
mostrando que devemos segui-lo até lá. — Vamos conversar em
particular.
Sigo minha amiga e meu chefe até a minha sala, no instante que
entramos no escritório ele dá a volta e tranca a porta, aumentando ainda
mais a minha preocupação. Mel se senta em uma das cadeiras em frente
à minha mesa e deposita um envelope branco no tampo de madeira. Ergo
meus olhos para os dois, meu chefe se mantém em pé de braços
cruzados, apenas analisando minha reação, enquanto minha amiga parece
tão ou mais nervosa do que eu.
Com as mãos trêmulas, pego o envelope e abro, puxando três folhas
brancas de dentro.
— Nós só tivemos conhecimento disso nessa madrugada, os técnicos
de informática estavam com algumas suspeitas, mas como não havia
nenhum dado aos processos, ninguém investigou mais. — Meu chefe
aponta com o queixo para o papel, indicando que eu devo abrir e ler de
uma vez. — Até que recebi um e-mail da publicitária do seu namorado.
No momento que leio a primeira linha do documento, um peso sai das
minhas costas.
— Eu não entendo nada de informática, como vocês já sabem, mas
havia alguns meses que estava notando alguns arquivos faltando na
nuvem do escritório. Como se alguém estivesse apagando os arquivos
antigos e colocando outros no lugar, pois a quantidade sempre se
mantinha igual — Sr. Diaz começa a falar.
— Talvez ele tenha entrado aqui por sua causa, não sabemos
realmente. Contudo, ele é ingênuo, aqueles adolescentes que se acham
importante atrás da tela de um computador, mas não conseguem nem
limpar o próprio quarto sem pedir ajuda aos pais.
— Agradeço, Sr. Diaz, mas esse caso eu irei passar para um advogado
externo, realmente é algo que não quero lidar e não tenho mais saúde
mental para pensar sobre — digo, ele apenas concorda comigo e acena
com a cabeça, sabendo que não há mais nada que ele pode fazer por
mim, apenas diz:
— Defender a mim mesma requer uma atenção que não estou disposta
a dar nesse momento — respondo, dando de ombros. — Normalmente
eu realmente agarraria essa oportunidade com unhas e dentes,
principalmente sabendo quão público esse caro poderá se tornar.
Solto uma risada nervosa, sentindo meu peito bater com força.
Ele tirou o maior peso das minhas costas em apenas uma frase.
Me atiro em seus braços mais uma vez, grudando meus lábios nos
seus, sem pressa alguma de soltá-lo, não poderia estar mais grata por tê-
lo ao meu lado novamente.
— Não preciso trocar de roupa, nem pegar nada. Tudo que eu preciso
está aqui comigo — murmuro com a boca colada na sua, sentindo o seu
sorriso pelas minhas palavras.
Engasgo com as palavras sujas que ele usa, mas sinto o meu corpo
esquentando sem que ele tenha ao menos tocado em mim. O moreno
inclina o corpo para frente, passando as mãos pelas minhas coxas e
erguendo o vestido curto que estou usando. Em um movimento rápido e
único, ele tira a peça do meu corpo, me deixando somente de calcinha e
sutiã.
Olho por cima do meu ombro e vejo sua mão presa em seu membro,
movimentando com firmeza para cima e para baixo.
— Rebola para mim, sweetie.
Fazendo exatamente como ele pediu, deslizo meu corpo para cima e
para baixo, busco apoio na cabeceira da cama e seguro com firmeza os
cantos de madeira, usando como alavanca para cavalgar em seu rosto.
Engatinho por cima do seu corpo e sinto seu gozo melando minha
barriga. Sorrio por saber que ele aproveitou o momento tanto quanto eu.
Nataniel puxa uma toalha da mesa de cabeceira e limpa seu corpo, em
seguira abre minhas pernas com o braço livre e limpa minha vagina.
— Você me deixou foder sua bocetinha e chupar todo o seu gozo, mas
tem vergonha de me ver limpando nossa bagunça?
— Ainda não estou acostumada com você falando essas putarias para
mim.
Ele joga a toalha no chão e puxa o meu corpo para o seu, me
abraçando com cuidado e depositando um beijo no topo da minha
cabeça.
— Pois trate de se acostumar, seu homem pode ser insaciável de vez
em quando — ele murmura baixinho enquanto faz carinho no meu braço.
Dou uma breve olhada por uma das dezenas de janelas do quarto,
encontrando o céu sem uma única nuvem e o sol da manhã brilhando na
imensidão azul.
— Não podemos fazer os dois? Aqui parece ser tão lindo, mas
também quero conhecer as ilhas da redondeza.
— Seu pedido é uma ordem.
Nate apenas coloca a cabeça para fora do banheiro e dá uma
piscadinha para mim.
Não posso negar que esse clima entre nós é delicioso, mesmo que
uma parte de mim ainda se prenda na realidade absurda que ele irá
mudar de ideia com relação a relacionamentos.
Eu aceito suas inseguranças, seus medos e seus traumas. Apenas não
consigo entender a profundidade que isso teve dentro dele.
Viro meu corpo, passo os braços pelo seu pescoço e deixo um beijo
suave em seus lábios antes de me afastar e pegar a minha pequena bolsa
de praia.
Encontro uma cadeira para deixar minha bolsa e me deito para tomar
um pouco de sol enquanto Nate mergulha na piscina. Talvez ser um final
de semana de baixa temporada seja o motivo para o lugar estar
completamente vazio, dando total privacidade para nós dois.
O que não impede que qualquer hóspede que passe pelo gramado que
circula a construção nos veja, mas o clima intimista é algo que aprecio
muito. Principalmente porque sei que no momento que colocarmos
nossos pés fora dessa fortaleza, muitas pessoas vão se meter entre nós
dois.
— Talvez.
Nate segura os meus joelhos com firmeza, lentamente abrindo as
minhas pernas e se encaixando ainda mais perto de mim. Seu rosto
exatamente na altura da minha intimidade e os olhos castanhos
concentrados em mim.
Ele ergue uma mão, fazendo uma carícia desde a parte interna do meu
joelho até a minha virilha, esquentando a minha pele por cada pedaço
que ele toca. Sinto meus pelos se arrepiarem pelo toque molhado em
contato com o calor do meu corpo.
Nataniel abaixa a cabeça e segue o mesmo percurso com os lábios,
passando a boca úmida por toda a extensão da minha coxa, desde o
joelho até perigosamente perto do meu centro.
Arfo, inclinando o meu corpo para trás.
Arqueio o corpo para cima quando ele faz movimentos circulares com
a língua, encontrando todos os lugares sensíveis que mais necessitam de
atenção.
— Isso foi incrível — sussurro para ele, minha voz ainda um pouco
frágil e rouca.
— Minha garota gosta de experimentar coisas novas e perigosas? —
ele pergunta, mas não espera a minha resposta antes de falar novamente:
— Se depender de mim, seu desejo será uma ordem.
— Mas está! Por que simplesmente não aceita o que temos? — Ele
vira o rosto, me encarando. Sua pele se tornando mais e mais vermelha,
talvez o nervosismo tomando conta de seu corpo por completo.
— Eu não sou como você! Eu não sou como as mulheres que você
sai! Eu estou há anos na sua vida e agora você espera que eu apenas lide
com a ideia de que não sei mais o que somos? — falo, mas sem erguer o
tom de voz.
Algo que desde que nos conhecemos, nunca fizemos.
“Ela te pegou de jeito mesmo, bastardo infeliz. Ok, mas vou precisar
de carona no final, estava contando com você.”
Ainda não comentei com ele sobre o término definitivo com Luna,
meu amigo não entenderia o meu lado, a minha história. Ele apenas
enxerga a possibilidade do casal de ouro que eu e Luna formaríamos
caso assumíssemos um relacionamento de verdade entre nós.
“Já imaginava, me avise quando precisar.”
E hoje, mesmo não indo para a festa com ele, não o deixarei na mão.
Prezo muito pela segurança da noite, portanto, seguirei o nosso
combinado.
Mesmo que todo o resto já tenha mudado dentro de mim.
Mas por outro lado, não consigo suportar a ideia de que por tão pouco
tudo pode mudar e todo o respeito, carinho e amor que temos um pelo
outro poderia simplesmente morrer por algo inútil. Sei como são as
brigas entre casais e como o amor se transforma em ódio em um piscar
de olhos.
Mesmo sabendo que a perdi, sei que ela continua me amando, mesmo
de longe. E o mesmo acontece comigo, jamais deixarei de amá-la.
E é por isso que não posso permitir que a gente se envolva mais do
que já fizemos até hoje.
Sentirei falta do seu corpo, do seu gosto, do seu beijo, mas saberei
que ela está bem, feliz e me amando a distância.
O tempo parece voar, pois quando menos espero, recebo uma nova
mensagem do meu amigo.
“Porra, você precisa estar aqui. A mulherada tá caindo de boca em
geral. Estou com duas. Nos espere em frente ao porto.”
— Sua chance de dar meia volta e aproveitar a noite com outra pessoa
— digo, mas ela abre um sorriso malicioso e segura a minha mão.
— Não, estou no lugar certo — ela ronrona, tentando chamar a minha
atenção em vão.
Chama.
Chama.
Chama.
Mas Luna não atende.
Olho o visor e vejo que são duas horas da manhã, o que normalmente
é tarde, não posso negar. Contudo, Luna nunca rejeitou uma ligação
minha, mesmo nos horários mais estranhos possíveis.
E mais uma vez, a ligação vai para a caixa postal, mas decido não
deixar nenhuma mensagem. Se ela não quer me atender para não ter que
falar comigo, por que ela ouviria uma mensagem de voz?
— Você fez o seu trabalho, mas eu vou subir, não importa o que me
diga.
— Sr. Nataniel, por favor — ele implora, mas o som o elevador se
abrindo é tudo que preciso para seguir meu caminho até Luna.
— Harold, você fez o seu trabalho, mas nada vai me impedir de subir.
— São as minhas últimas palavras antes das portas metálicas se
fecharem entre nós dois.
Como são poucos segundos até o andar de Luna, logo estou em frente
a sua porta e num último resquício de controle, me impeço de entrar
correndo no apartamento e opto por tocar a campainha.
Toco mais de cinco vezes até decidir que ela não vai abrir a porta.
Então coloco a cópia da minha chave na fechadura e abro-a,
encontrando a sala completamente escura de sua casa. Não há nenhum
sinal de vida aqui dentro, nem de Luna e nem de Pandora.
Corro até seu quarto de hóspedes, onde sei que ela guarda suas
bagagens. Abro os armários e não me surpreendo quando os encontro
completamente vazios.
Mas por que dói tanto se colocar em primeiro lugar? É como escolher
entre sofrer de uma forma ou sofrer de outra. Não há uma decisão que
me faça feliz, não importa o quanto eu tente.
Quando vi que ele não iria desistir de jeito nenhum, desliguei o
aparelho.
Eu precisava sair de onde estava, sair da cidade que me fazia lembrar
dele a cada instante. Não pensei duas vezes antes de encher minhas
malas com tudo de mais importante que eu tinha, colocar Pandora na
caixinha de transporte e correr para o aeroporto.
Minha família se manteve humilde, mas isso não significa que eles
não cuidem daquilo que é deles. Eu nasci e cresci nessa casa, e ainda
sim, ela se parece cada dia mais bem cuidada.
Escuto meu nome ser chamado de um lugar muito próximo, mas não
da minha casa. Giro meu corpo no lugar, encontrando Abigail parada em
frente ao seu jardim na casa ao lado.
— Você já pensou que talvez ele não precise mudar? — ela pergunta,
atraindo a minha atenção. — Nataniel nunca deixou de te amar, Luna.
Acima de tudo o que ele acredita, ele nunca deixou o seu lado. Uma
forma de encontrar o equilíbrio entre o que vocês dois querem e estão
dispostos a dar um para o outro é a chave para que tudo dê certo.
A tontura parece voltar com tudo, pois quando me solto do meu pai,
me sinto cair mais uma vez. Minha pressão provavelmente baixando pelo
estresse excessivo dos últimos dias.
Eu não sei o que precisamos para fazer dar certo, eu apenas sei que
preciso estar ao seu lado. E no momento eu irei aceitar o que ele estiver
disposto a me dar, desde que ele esteja comigo.
Sem ele.
Disco o seu número, clicando no botão verde e esperando a ligação se
completar.
Mas isso não acontece, a chamada vai direto para caixa postal.
Tento mais outras duas vezes, e a mesma coisa acontece. A ansiedade
arrisca tomar conta de mim outra vez, principalmente por estar do outro
lado do mundo e sem nenhum tipo de comunicação com ele. O silêncio
na casa indica que meus pais já estão dormindo, então não irei
incomodá-los agora, esperarei para conversar com calma em outro
momento.
Penso em ligar para Charlotte, ela pode saber onde ele está ou mesmo
estar com ele, mas depois lembro que ela sabe sobre toda a confusão
entre nós dois. Não quero falar com ninguém sobre minha decisão antes
de falar a Nataniel.
É somente ele que importa.
Tento mais uma vez ligar para ele, mas a chamada mais uma vez vai
para a caixa postal.
O que me deixa somente uma opção, voltar para casa.
Ao abrir a porta branca do meu quarto na casa dos meus pais, estanco
meus pés antes de sair do cômodo, sentindo-os grudarem com firmeza no
carpete bege do lugar.
— Olá, sweetie.
— O que está fazendo aqui? — ela pergunta, gaguejando um pouco.
— Aonde você estava indo? — rebato, sem responder.
Luna abre a boca para falar algo, mas um vulto branco passa entre nós
dois, me fazendo dar um passo em falso para frente, me aproximando
ainda mais da morena. Pandora parece empenhada em fazer as coisas
darem certo, pois mesmo não intencionalmente, me ajudou a ter Luna a
um toque de distância.
Ela lambe e chupa com vontade, mamando meu pau como eu sempre
sonhei em vê-la. De joelhos para mim, me dando prazer.
— Puta que pariu, garota — rosno, me perdendo em sua boca. Seguro
o seu cabelo, olhando em seus olhos em busca de permissão. Luna não
parece o tipo de mulher que aceita ser subjugada, portanto espero o seu
leve acenar para prender meus dedos nos fios castanhos e foder sua boca
com firmeza.
Meto meu pau na sua boca macia até o seu limite e Luna segura com
força as minhas coxas, apertando a minha pele cada vez que meu pau
alcança sua garganta.
Arrasto meus dedos por cima do tecido fino de renda, sentindo o calor
e umidade de sua boceta, empurro sua calcinha para o lado, encontrando
suas dobras molhadas, pingando de tesão. Meus dedos correm pelos
grandes lábios, arrancando um suspiro sôfrego da morena. Luna abre a
boca e inclina o rosto para trás no momento que meus dedos pinçam seu
clitóris inchado, a respiração dela se torna errática.
Sigo beijando sua pele, descendo do seu queixo para o pescoço e sinto
sua pulsação acelerada, o coração batendo descompassado no peito em
um ritmo similar ao do meu.
Ela se perde em seu próprio prazer enquanto fodo sua boceta com
fervor, sinto o momento que suas paredes internas esmagam o meu pau e
Luna aperta meus ombros com as mãos livres, suas unhas deixando
marcas vermelhas em minhas costas. A morena me puxa para mais perto,
apertando seu corpo junto ao meu, gritando e chamando o meu nome
enquanto goza lindamente para mim.
Seus olhos reviram, sua boca se abre em um grito mudo e seu corpo
treme em meus braços antes de desfalecer por completo.
— Nate… Ah, Nate — ela sussurra meu nome tantas e tantas vezes
que sigo estocando com força em busca do meu próprio clímax. A
imagem da garota se desfazendo em meus braços foi suficiente para
sentir meu gozo saindo jatos quentes dentro dela.
— Eu te amo, sweetie.
— Eu te amo, garoto.
— Traidora!
— Eu fui um covarde todos esses anos. Fingi não enxergar o seu amor
por mim e fingi que nada disso me afetava, apenas criei uma realidade
onde o amor que havia entre nós não existia. — Solto uma risada seca.
— Nunca fui tão infeliz em toda a minha vida.
— Eu entendo o que você passou — ela murmura, erguendo os orbes
castanhos para mim. Tantos sentimentos presos ali dentro me
desestabilizaram.
Quão idiota eu fui por nunca ter dado valor a isso?
— É exatamente isso, no passado. Não posso carregar uma
experiência ruim por toda a minha vida, preciso aprender a me libertar
disso. Criar experiências com você, é somente isso que eu quero.
— Eu não preciso de rótulos, não preciso que você mude quem você é
para estar comigo. Durante essas semanas fomos mais um casal do que
jamais seríamos se as coisas fossem diferentes — ela fala, a voz
embargada e as lágrimas começando a cair pela sua face.
Seguro seu rosto, erguendo-o para cima e aproximo meus lábios dos
seus antes de dizer:
Esse sempre foi o clima na minha casa, meus pais casados há mais de
trinta anos tendo uma convivência digna de livros de romance. Talvez
por isso eu tenha insistido e pressionado tanto Nataniel para tomar uma
atitude, crescer vendo o amor entre os dois me inspirou a um dia
conquistar o mesmo para mim.
O que ainda não estava claro dentro da minha cabeça é que existem
várias formas de amor, de expressar carinho e de cuidar um do outro.
Nem sempre a imagem do casal perfeito e a família de comercial de
margarina será o objetivo, as vezes uma amizade de anos acaba se
tornando o maior conto de fadas que uma mulher poderia sonhar.
— Tem certeza que você está bem? Sei que sua mãe pode ser
exagerada, mas você desmaiou e ainda continua enjoada, sweetie — Nate
se inclina na cadeira, falando bem rente ao meu ouvido para evitar que
meus pais escutem a conversa. — Eu me preocupo com você.
Solto o copo de água em cima da mesa e aperto sua mão por baixo da
madeira, passando o mínimo de conforto a ele.
— Eu estou bem, prometo que se me sentir pior, irei ao médico.
Ele não parece realmente satisfeito com a minha recusa, mas sabe que
é o máximo que conseguirá de mim no momento. Minha saúde está boa,
sei disso porque precisei fazer os exames de rotina no escritório há
menos de dois meses, é apenas estresse.
Não foram dias fáceis e meu psicológico ficou completamente
destruído em pouco tempo. Ainda não tive a chance de me reorganizar
mentalmente e colocar minha vida em ordem.
— Vai mesmo me beijar na frente dos seus pais? — ele rebate, seu
rosto se torando uma mistura de tons vermelhos.
— Filha?
Não faço a menor ideia como Nataniel irá reagir a isso, especialmente
porque ele já está dando um passo enorme em aceitar o que estamos
vivendo sem se prender ao medo e aos traumas do passado.
Não sei como aguentei tanto tempo sem beijar sua boca.
— Ah meu Deus.
O choro que sai da minha garganta é de alívio, de paz e de
tranquilidade. Coloco as mãos nos olhos, tentando diminuir a cascata que
parece se acumular no meu rosto, chorando tudo que estava há anos
preso dentro de mim.
Nataniel continua segurando minhas mãos, mas logo me puxa pela
nuca, grudando seus lábios nos meus com paixão, amor e carinho. Seu
cheiro me acalma, sua presença faz minhas pernas virarem gelatina e seu
beijo me faz sentir a mulher mais importante do seu universo.
— Luna, sweetie — ele me chama, tentando fazer com que o meu
choro diminua, mas tudo que consigo fazer é murmurar um soluço,
arrancando uma risada doce dele. — Isso é você dizendo que aceita se
casar comigo?
Eu vou me casar.
Assim que passo pelo primeiro retardatário, vejo que os carros estão
seguindo com uma distância muito próxima um do outro, o que me
impede de acelerar ainda mais. Por ter um pouco de tempo extra na
frente, me permito passar por todos eles em segurança, mesmo que isso
diminua ainda mais minha distância de Charles.
— A escolha é sua.
Otty já sabe o que vou fazer, mesmo assim, deixa a decisão nas
minhas mãos. Mantenho o ritmo de corrida pelo máximo de tempo que
consigo, e na última volta, quando vejo o carro de Charles se
aproximando de mim pelo espelho retrovisor, dou tudo de mim e acelero
ainda mais.
Charles manda uma piscada para mim, erguendo as duas mãos com
um sinal positivo com os dedos. Ele já sabe, e o filho da puta não poderia
ter ficado mais feliz pela minha decisão.
No mais, obrigada.
Nayany Hächler, leitora compulsiva há anos, sempre amou romances
e ficção. Estudante de Estética e Cosmetologia, trabalhou durante seis
anos como maquiadora profissional. No estresse do dia a dia, sempre
buscou refúgio nos livros e nos diversos mundos criados nas páginas
brancas. Em uma mudança de rumos, buscou realizar o sonho de
escrever um livro; então nasceu o amor pela escrita. Autora
independente, nascida no Rio Grande do Sul, 27 anos e apaixonada pelo
mundo literário.
E esse é apenas o início de um sonho.
Onde me encontrar:
INSTAGRAM @nanyhachler
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[1]
Mônaco possui uma família real. Monegasco é a forma que se refere a quem nasceu em
Mônaco.
[2]
Tipo de vinho.
[3]
Equipe antiga de Charles.
[4]
Em tradução literal: Querida, estou em casa!
[5]
Modelo de cama gigante.
[6]
Em tradução literal: calças de garoto grande. Uma forma de se referir ao fato do personagem
aceitar e lidar com suas responsabilidades.
[7]
Antagonista de Driven To You.
[8]
Tradução: Entendi, baby.
[9]
Situação que acontece em Driven To You.
[10]
Macacão.
[11]
Tom de branco, quase bege.
[12]
Primeira posição no grid.
[13]
Ocean é um personagem não-binário. A introdução de sua história é contada no livro “Driven
To You”, onde Ocean informa que prefere ser chamada com o pronome feminino ou neutro.
[14]
Tradução: Itália, te vejo em poucas horas!
[15]
Doce em inglês.
[16]
Situação extremamente fictícia, pois não é algo viável em corridas normais.