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AO JUÍZO DA VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE JUNDIAI/SP

QUALIFICACAO, vem à presença de Vossa Excelência,

por meio de sua Advogada, infra assinado, ajuizar

AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS C/C


PEDIDO LIMINAR

em face de QUALIFICACAO, pelos fatos e motivos

que passa a expor.

DOS FATOS

Nos autos do processo nº, restou acordado que o Autor

pagaria aos Requeridos, a título de prestação alimentícia, o equivalente a

quantia de 30% (trinta por cento) de seus rendimentos líquidos (valor

bruto descontados INSS, IRPF e contribuições sindicais) inclusive sobre

ferias acrescidas de 1/3, 13º salário, participação nos lucros (PLR) e verbas
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rescisórias a ser depositado na conta corrente em nome da Genitora.

O valor foi homologado em 17 de agosto de 2015, conforme

decisão em anexo, todavia, faz-se necessário o presente pedido

exoneração de alimentos pelos fundamentos jurídicos a seguir expostos.

DA MAIORIDADE CIVIL

O Código Civil, ao dispor sobre a possibilidade de revisão do

valor dos alimentos fixados, prevê em seu art. 1.699 que:

Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier

mudança na situação financeira de quem os supre, ou

na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar

ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração,

redução ou majoração do encargo.

Assim, a obrigação alimentar deve permanecer somente

enquanto o alimentando permanece com a necessidade de sustento, o

que se presume existir somente até o advento da maioridade.

A maioridade é entendida como presunção de capacidade,

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devendo o credor evidenciar a sua necessidade na continuidade dos

alimentos, conforme leciona a doutrina sobre o tema:

"A aquisição da maioridade (...) faz com que se


presuma a desnecessidade dos alimentos, cometendo
ao alimentando provar a exceção de que ainda
subsiste o seu crédito alimentar, e somente em casos
especiais subsistiria a obrigação alimentar e esta
exceção é ônus do credor, (...)." (MADALENO, Rolf.
Manual de Direito de Família. Forense, 2018. Versão

kindle, p. 9472)

Pleito que deve ser conferido liminarmente, uma vez que o

alimentado já exerce atividade remunerada, conforme registro em carteira

de trabalho anexo e concluiu o ensino técnico profissionalizante, bem

como mora com o autor, indicando a desnecessidade do alimentando na

pensão, sendo necessária a comprovação da continuidade da verba

alimentar, conforme precedentes sobre o tema:

AÇÃO DE ALIMENTOS. MAIORIDADE. Como a


maioridade afasta a presunção de necessidade da

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alimentada, é seu ônus comprovar que ainda

depende da verba alimentar. No caso, não

comprovada a necessidade de receber os alimentos

paternos, é de ser mantida a decisão recorrida.

RECURSO DESPROVIDO. (Agravo Nº 70080575186,

Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,

Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em

20/03/2019).

ALIMENTOS. MAIORIDADE DOS FILHOS. AUSÊNCIA

DE PROVA DA CONTINUIDADE DOS ESTUDOS E

NECESSIDADE DO PENSIONAMENTO. EXONERAÇÃO

ALIMENTAR MANTIDA. A jurisprudência tem

amparado os alimentos aos filhos até a maioridade

civil, com prorrogação até os 24 anos de idade, caso o

alimentando siga estudando em curso superior ou

técnico, como comprovada a impossibilidade de

prover a subsistência por seus próprios esforços.


Inexistindo provas de que os Requerentes deram
continuidade aos estudos (CPC, art. 373, inciso I), a
exegese dos arts. 1.694 e 1.695 do Código Civil

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respalda a manutenção do indeferimento dos

alimentos por eles pretendidos. SENTENÇA

MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. (TJSC, Apelação

Cível n. 0024163-20.2009.8.24.0023, da Capital, rel.

Des. João Batista Góes Ulysséa, Segunda Câmara de

Direito Civil, j. 01-02-2018)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXONERAÇÃO

ALIMENTAR.PLEITO DE REFORMA DA SENTENÇA.

INVIABILIDADE. FILHA QUE ATINGIU A MAIORIDADE

E NÃO COMPROVOU CABALMENTE SUA

DEPENDÊNCIA FINANCEIRA. NECESSIDADES QUE

DEVEM SER COMPROVADAS. SENTENÇA

CONFIRMADA. Maioridade atingida que, por si só,

não enseja a exoneração da prestação dos alimentos.


Caso dos autos em que a apelante não se
desincumbiu de demonstrar que precisa dos
alimentos para suprir suas necessidades, até

mesmo porque conta com 25. (TJRS, Apelação

70077649143, Relator(a):José Antônio Daltoe Cezar,

Oitava Câmara Cível, Julgado em: 19/07/2018,

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Publicado em: 24/07/2018)

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE

ALIMENTOS AJUIZADA PELO PAI EM FACE DE SUAS

DUAS FILHAS - MAIORIDADE CIVIL - EXONERAÇÃO

(...) ÔNUS DAS FILHAS DE PROVAR QUE PERSISTE A

NECESSIDADE DOS ALIMENTOS - PRIMEIRA APELADA

QUE NÃO ESTUDA, NÃO TENDO COMPROVADO A

EFETIVA NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO DA

PERCEPÇÃO DOS ALIMENTOS - (...). Acolhimento

parcial. - Advento da maioridade que não faz cessar

automaticamente o direito do filho à percepção dos

alimentos, os quais deixam de ser devidos em razão

do poder familiar e passam a ter fundamento nas

relações de parentesco (art. 1694, CC), exigindo-se,


porém, a prova de que persiste a necessidade de
percepção dos alimentos. - Primeira Apelada que
atingiu a maioridade, mas não provou, como sua
irmã, estar frequentando estabelecimento de
ensino ou nenhuma outra situação excepcional
que pudesse justificar a manutenção da verba

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alimentar. - Cabível a exoneração da obrigação

alimentar em relação à Apelada Jaiara, mantida,

porém, em relação à Apelada ***. - Reforma parcial da

sentença. - Recurso conhecido e parcialmente

provido. (TJRJ, APELAÇÃO 0002152-37.2016.8.19.0040,

Relator(a): CAETANO ERNESTO DA FONSECA COSTA,

SÉTIMA CÂMARA CÍVEL, Julgado em: 07/03/2018,

Publicado em: 13/03/2018)

Portanto, com base na documentação probatória que junta

em anexo, imperioso o reconhecimento da desnecessidade do

alimentando, para fins de exonerar o autor do pagamento da pensão

alimentícia em tela.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

Nos termos do Art. 300 do CPC/15, "a tutela de urgência será

concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do


direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo."

No presente caso tais requisitos são perfeitamente

caracterizados, vejamos:
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A PROBABILIDADE DO DIREITO resta caracterizada diante

da demonstração inequívoca de que o alimentado completou maioridade,

já trabalha com registro em carteira, concluiu o ensino técnico

profissionalizante e mora com o autor, seu pai.

Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para

aguardar o desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco:

"Se o fato constitutivo é incontroverso não há


racionalidade em obrigar o autor a esperar o tempo
necessário à produção da provas dos fatos
impeditivos, modificativos ou extintivos, uma vez que
o autor já se desincumbiu do ônus da prova e a
demora inerente à prova dos fatos, cuja prova
incumbe ao réu certamente o beneficia." (MARINONI,
Luiz Guilherme. Tutela de Urgência e Tutela da

Evidência. Editora RT, 2017. p.284)

Já o RISCO DA DEMORA, fica caracterizado pelo fato de que

o filho Kayke não mora mais com sua mãe, não sendo necessário o

pagamento de pensão alimentícia a mãe, ou seja, tal circunstância confere

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grave risco de perecimento do resultado útil do processo, conforme

leciona Humberto Theodoro Júnior:

"um risco que corre o processo principal de não


ser útil ao interesse demonstrado pela parte", em
razão do "periculum in mora", risco esse que deve ser
objetivamente apurável, sendo que e a plausibilidade
do direito substancial consubstancia-se no direito
"invocado por quem pretenda segurança, ou seja, o
"fumus boni iuris" (in Curso de Direito Processual Civil,
2016. I. p. 366).

Por fim, cabe destacar que o presente pedido NÃO

caracteriza conduta irreversível, não conferindo nenhum dano ao réu .

Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de

fundado receio de dano irreparável, sendo imprescindível a concessão da

tutela, nos termos do Art. 300 do CPC.

DA JUSTIÇA GRATUITA

O Requerente atualmente é engenheiro mecânico, tendo sob


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sua responsabilidade a manutenção de sua família, razão pela qual não

poderia arcar com as despesas processuais.

Para tal benefício o autor junta declaração de hipossuficiência

e comprovante de renda, os quais demonstram a inviabilidade de

pagamento das custas judiciais sem comprometer sua subsistência,

conforme clara redação do Art. 99 Código de Processo Civil de 2015.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser

formulado na petição inicial, na contestação, na

petição para ingresso de terceiro no processo ou em

recurso.

§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da

parte na instância, o pedido poderá ser formulado por

petição simples, nos autos do próprio processo, e não

suspenderá seu curso.

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se

houver nos autos elementos que evidenciem a falta

dos pressupostos legais para a concessão de

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gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,

determinar à parte a comprovação do preenchimento

dos referidos pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de


insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural.

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da

Constituição Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a

gratuidade de justiça ao requerente.

DO PEDIDO

Diante de todo o exposto requer:

1. A concessão da gratuidade de justiça, nos termos do art.


98 do CPC/15;

2. O deferimento da antecipação de tutela, para fins de


imediata exoneração dos alimentos, com comunicação
imediata ao empregador, nos termos do Art. 300 do
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CPC/15;

3. A citação dos requeridos para, responder a presente


ação, querendo;

4. A intimação do órgão do Ministério Público para que


acompanhe o presente feito;

5. A produção de todas as provas admitidas em direito;

6. A procedência da presente ação para fins de


EXONERAÇÃO DE PAGAMENTO DE ALIMENTOS;

7. A condenação do réu ao pagamento de sucumbência e

honorários advocatícios nos parâmetros previstos no art. 85, §2º

do CPC;

8. Manifesta o interesse na realização de audiência

conciliatória nos termos do art. 319, VII, do CPC;

Dá-se à causa o valor de R$ 3.000,00

Jundiaí, 26 de janeiro de 2021.

FRANCINE HELOISE E SILVA SIMONI

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