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TRABALHO ESCRAVO

Amanda Karen Costa de Araújo – RU 3936266

Ana Luiza Sander Vicente – RU 3926472

Para a realização do presente trabalho, acerca do tema “Trabalho Escravo”,


conforme orientado, após efetuar a leitura do material existente no AVA e do capítulo 27.9, do
livro “Resende, Ricardo. Direito do Trabalho”, passamos a responder os seguintes quesitos:

1. Informar se existem normas no ordenamento pátrio sobre o combate ao trabalho


análogo à escravidão. Se existente, relacionar quais são.

Existem, no ordenamento pátrio, vários dispositivos constitucionais que inibem o


trabalho escravo.
A maioria deles estão dispostos no art. 5º da CRFB/1988. O próprio caput do
dispositivo por exemplo, garante a todos, brasileiros e estrangeiros, o direito à vida e à
liberdade.
Também ressalta-se, no ponto, o inciso II do art. 5º da CRFB/88 o qual assegura que
ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude da lei.
Outro ponto interessante de descacar é que, conforme o inciso XVVII do referido
artigo não haverá pena de morte, salvo em caso de guerra declarada; de caráter perpétuo; de
trabalhos forçados; de banimento; cruéis. Assim, podemos concluir que, se nem mesmo o
Estado pode impor tais penas, quanto menos o empregador poderá submeter o empregado à tais
condições.
O art. 243 da CRFB/88 também dispõe sobre o combate ao trabalho escravo. Veja-
se:
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde
forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de
trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma
agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no
que couber, o disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional

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nº 81, de 2014) Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico
apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e
da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial
com destinação específica, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 81, de 2014)

O trabalho escravo é crime tipificado pelo Código Penal Brasileiro, em seu artigo
149, que assim dispõe:
Art. 149 – Reduzir alguém à condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a
trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes
de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida
contraída com o empregador ou o preposto.
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à
violência.

Todas estas situações descritas no tipo ofendem diretamente a dignidade da pessoa


humana. O empregador não poderá, sob hipótese alguma, submeter seus empregados a tais
situações, sob pena de incorrer em crime de redução à condição análoga à de escravo, e ainda,
nos crimes relativos à violência, como lesão corporal e tentativa de homicídio

2. Informar se existem convenções ou recomendações da OIT (organização Internacional


do Trabalho) sobre o combate ao trabalho análogo à escravidão. Se existente,
relacionar quais são, e indicar aquelas que foram ratificadas pelo Brasil.
Existem várias convenções e recomendações da OIT ratificadas pelo Brasil que
visam combater o trabalho escravo, são elas:
 Convenção das Nações Unidas sobre Escravatura, de 1926, ratificada pelo Brasil em
1966 Esta convenção visa abolir completamente a escravidão em todas as suas formas.
Foi emendada pelo Protocolo de 1953 e pela Convenção Suplementar sobre a Abolição
da Escravatura de 1956.
 Convenção no 29 sobre o Trabalho Forçado ou Obrigatório, da Organização
Internacional do Trabalho, de 1930, ratificada pelo Brasil em 1957 Segundo o artigo
primeiro desta convenção, todo país-membro da Organização Internacional do Trabalho
que ratificá-la comprometese a abolir a utilização do trabalho forçado ou obrigatório, em
todas as suas formas, no mais breve espaço de tempo possível.
 Convenção no 105 sobre Abolição do Trabalho Forçado, da Organização Internacional
do Trabalho, de 1957, ratificada pelo Brasil em 1965 Por força desta Convenção, os
países signatários comprometem-se a abolir toda forma de trabalho forçado ou
obrigatório, e dele não fazer uso como medida de coerção ou de educação política ou
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como punição por ter ou expressar opiniões políticas ou pontos de vista ideologicamente
opostos ao sistema político, social e econômico vigente; como método de mobilização e
de utilização da mão de obra para fins de desenvolvimento econômico; como meio de
disciplinar mão de obra; como punição por participação em greves; como medida de
discriminação racial, social, nacional ou religiosa.
 Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos das Nações Unidade, de 1966, ratificado
pelo Brasil em 1992 Proíbe, em seu artigo 8º, a escravidão e o tráfico de escravos, em
todas as suas formas, e a servidão. Também dispõe que ninguém será obrigado a
executar trabalhos forçados ou obrigatórios.
 Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais das Nações Unidas, de
1996, ratificado pelo Brasil em 1992 Segundo este Pacto, os Estados Partes reconhecem
o direito de toda pessoa de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis, que
assegurem, entre outros, a segurança e a higiene no trabalho, o descanso, o lazer, as
férias periódicas e a limitação razoável das horas de trabalho.
 Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica, de
1969, ratificada pelo Brasil em 1992 Este pacto assegura, entre outros, o direito à vida e
à integridade pessoal, e proíbe a escravidão e servidão. Segundo a Convenção, ninguém
deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório.
 Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano ou
Declaração de Estocolmo de 1972 Já no primeiro artigo, esta Declaração assegura que o
homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao gozo de condições de
vida adequadas num meio ambiente de tal qualidade que lhe permita levar uma vida
digna de gozar do bem-estar.

3. Relacionar, quais são os indicadores, para os fins de fiscalização do trabalho, de


submissão de trabalhador a trabalhos forçados ou análogos à escravidão.

A Instrução Normativa MTP nº 2/2021, ao dispor sobre a fiscalização para a


erradicação de trabalho em condição análoga à de escravo, estabeleceu um rol
exemplificativo de indicadores de submissão do trabalhador a trabalhos forçados.
Veja-se:
Anexo II da IN nº 2/2021

1 – São indicadores de submissão de trabalhador a trabalhos forçados:


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1.1 trabalhador vítima de tráfico de pessoas;

1.2 arregimentação de trabalhador por meio de ameaça, fraude, engano,


coação ou outros artifícios que levem a vício de consentimento, tais como
falsas promessas no momento do recrutamento ou pagamento a pessoa que
possui poder hierárquico ou de mando sobre o trabalhador;

1.3 manutenção de trabalhador na prestação de serviços por meio de


ameaça, fraude, engano, coação ou outros artifícios que levem a vício de
consentimento quanto a sua liberdade de dispor da força de trabalho e de
encerrar a relação de trabalho;

1.4 manutenção de mão de obra de reserva recrutada sem observação das


prescrições legais cabíveis, através da divulgação de promessas de emprego
em localidade diversa da de prestação dos serviços;

1.5 exploração da situação de vulnerabilidade de trabalhador para inserir no


contrato de trabalho, formal ou informalmente, condições ou cláusulas
abusivas;

1.6 existência de trabalhador restrito ao local de trabalho ou de alojamento,


quando tal local si-tuar-se em área isolada ou de difícil acesso, não atendida
regularmente por transporte público ou particular, ou em razão de barreiras
como desconhecimento de idioma, ou de usos e costumes, de ausência de
documentos pessoais, de situação de vulnerabilidade social ou de não
pagamento de remuneração;

1.7 induzimento ou obrigação do trabalhador a assinar documentos em


branco, com informações inverídicas ou a respeito das quais o trabalhador
não tenha o entendimento devido;

1.8 induzimento do trabalhador a realizar jornada extraordinária acima do


limite legal ou incompatível com sua capacidade psicofisiológica;

1.9 estabelecimento de sistemas de remuneração que não propiciem ao


trabalhador informações compreensíveis e idôneas sobre valores recebidos e
descontados do salário;

1.10 estabelecimento de sistemas remuneratórios que, por adotarem valores


irrisórios pelo tempo de trabalho ou por unidade de produção, ou por
transferirem ilegalmente os ônus e riscos da atividade econômica para o
trabalhador, resultem no pagamento de salário base inferior ao mínimo legal
ou remuneração aquém da pactuada;

1.11 exigência do cumprimento de metas de produção que induzam o


trabalhador a realizar jornada extraordinária acima do limite legal ou
incompatível com sua capacidade psicofisiológica;

1.12 manutenção do trabalhador confinado através de controle dos meios de


entrada e saída, de ameaça de sanção ou de exploração de vulnerabilidade;

1.13 pagamento de salários fora do prazo legal de forma não eventual;

1.14 retenção parcial ou total do salário;

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1.15 pagamento de salário condicionado ao término de execução de serviços
específicos com duração superior a trinta dias.

4. Explicar se existe diferença entre os termos: “trabalho forçado” e o “análogo à


escravidão”, citar qual a posição doutrinária.

O art. 6º da Instrução Normativa MTP nº 2/2021, estabelece a caracterização


administrativa da figura da redução do trabalhador a condições análogas à de escravo nos
seguintes termos:
Art. 23. Considera-se em condição análoga à de escravo o trabalhador
submetido, de forma isolada ou conjuntamente, a:
I – Trabalho forçado;
II – Jornada exaustiva;
III – Condição degradante de trabalho;
IV – Restrição, por qualquer meio, de locomoção em razão de dívida contraída
com empregador ou preposto, no momento da contratação ou no curso do
contrato de trabalho;
V – Retenção no local de trabalho em razão de:
a) cerceamento do uso de qualquer meio de transporte;
b) manutenção de vigilância ostensiva; ou
c) apoderamento de documentos ou objetos pessoais.

Neste sentido podemos entender que os termos “trabalho forçado” e “análogo à


escravidão” são sinônimos, uma vez que “trabalho forçado” é uma condição para que seja
categorizado o crime “análogo à escravidão”.
A este respeito, José Cláudio Monteiro de Brito Filho tece brilhantes considerações:
“É que ainda se espera, no caso desse ilícito penal, a materialização da
‘escravidão’ a partir de uma imagem clássica, com a pessoa acorrentada e sob
constante ameaça de maus-tratos e outras formas de violência. Reforçando a
ideia, o que se espera é a violação de um princípio básico, que é a liberdade.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: novembro de 2023.

NETO, Francisco Ferreira J.; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros P. Direito do


Trabalho, 9ª edição. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2018. E-book. ISBN
9788597018974. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597018974/. Acesso em: 09
nov. 2023.
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RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho. Grupo GEN, 2023. E-book. ISBN
9786559648719. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559648719/. Acesso em: 09 nov.
2023.

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