Você está na página 1de 4

Estágio Curricular Supervisionado I – CIS 441

Coordenador: Prof. Antônio Carlos Miranda

Ana Carolina de Sousa Vieira


102270

Relatório de Estágio
Escola Estadual Raimundo Alves Torres - ESEDRAT
Supervisor: Bartomelio Martins

Viçosa 2023
A escola ESEDRAT é um colégio público estadual, que se localiza em Viçosa, tendo
sua cede na rua do Pintinho. A escola tem um espaço privilegiado, composto não só pelas
salas de aula, como por espaços recreativos que vão desde a sala de vídeo, até a sala de artes
e área verde. Os alunos, majoritariamente, preferem a área verde do que as salas de aula.
Embora todos esses espaços sejam abertos para que os professores deem aula, a verdade é
que, os alunos não tendem a se comportar, dificultando uma utilização total e integral de
todas as áreas que compõem a escola. São oferecidos pela escola o ensino fundamental II,
ensino médio integral, regular, profissional e técnico.
Sabe-se que, a classe docente que compõem a escola, distribui-se de forma bastante
heterogênea, incluindo professoras e professores comprometidos com o ensino e preocupados
com o desenvolvimento pleno dos indivíduos. Uma relação que é estabelecida no dia a dia, já
que assim como os alunos, os professores também passam a maior parte dos seus dias na
escola. Entre um café e outro, uma sala e outra, todos se conhecem sem exceção. Além disso,
o perfil dos docentes é bem variado em termos de metodologia de ensino, uma vez que a
formação educacional se dá de forma bastante ampliada, e não fechada ou pronta, o que gera
nos professores, um desejo de construir junto com os alunos a educação que eles buscam e
querem.
Além disso, é possível perceber que, na sala dos professores, não há muita distinção
de tratamento. Dessa forma, embora cada profissional tenha sua área específica de atuação, os
professores estão continuamente dialogando, para o melhor aproveitamento das horas aula.
Quando acontecem reuniões gerais, elas também ocorrem na sala dos professores, que
também pode ser entendida como a sala do bate papo. Os cafés da manhã, os almoços e cafés
da tarde, mostram um corpo docente variado Enquanto alguns professores conversam, outros
ficam vidrados no telefone ou em alguma atividade e compromisso da vida. A sala dos
professores mostra o quanto os docentes trabalham para além da sala de aula e, apesar das
inúmeras diferenças que vão desde ao gênero, raça e classe, eles conseguem se respeitar. Vez
ou outra aparece um aluno batendo na porta pedindo um café ou alguns biscoitos, e alguns
professores acabam cedendo às tentativas incansáveis que alguns deles têm, para conseguir o
que esperam.
Os diretores não costumam ficar na sala dos professores, nem mesmo para os lanches,
mas sempre que há necessidade de algum diálogo aberto, eles estão lá. De forma geral, eles
circulam pelos corredores da escola, e são recebidos com muito carinho pelos alunos. A
direção é composta por um diretor e um vice-diretor, ambos homens e brancos - um recorte
importante já que a escola é composta, majoritariamente, por alunos e alunas negras(os). No
corpo docente, embora a maioria dos professores também sejam brancos, há professores e
professoras negras(os) na escola. Assim como, uma presença bastante significativa de
professoras que dão desde aulas de redação, até química, biologia, português, educação física,
geografia e artes.
Ainda, a quantidade de estagiários e bolsistas na escola é bastante flutuante, e
normalmente somos todos muito bem recebidos em qualquer um dos espaços, inclusive na
sala dos professores. Participar dos momentos coletivos com eles é uma descoberta cotidiana,
já que estão sempre se auto-atualizando e compartilhando, entre eles, informações, ideias e
projetos. Quando surgem assuntos políticos, a maioria deles emite uma opinião,
principalmente quando o assunto diz respeito à precarização do ensino e da carreira docente,
tanto quanto à gestão do governador de Minas Gerais, Romeu Zema.
O diretor, o vice-diretor, as coordenadoras e psicopedagogas estão sempre
desempenhando tarefas dentro das salas destinadas a eles, assim como reuniões. Muitos
alunos, quando estão com algum conflito, procuram as psicopedagogas para conversar, elas
são sempre muito solícitas a eles. Com o diretor e vice-diretor, embora os alunos também
tenham uma relação de proximidade, percebe-se que a relação se dá com certas limitações, já
que ambos representam uma figura de maior hierarquia na escola. As secretarias quase nunca
estão em contato com os estudantes, apenas no momento em que entram na secretaria para
pegar a chave de alguma sala, e a pedido de algum professor.
Da mesma forma, a relação dos bolsistas e estagiários com o diretor e o vice
acontecem esporadicamente, apenas no momento em que é necessário a assinatura da ficha de
observação, é que se tem um maior contato. Fora isso, a relação estabelecida é mais distante,
embora não menos importante. Com as psicopedagogas, os estagiários e bolsistas têm maior
envolvimento, principalmente na proposição de alguma atividade intercultural, alguma
palestra ou atividades diferenciadas com as turmas. São elas que analisam as propostas e
veem se estão de acordo com as diretrizes da escola ou com as urgências que perpassam o
meio educacional. Além disso, a relação mantida com as secretárias também é bastante
rápida, ocorrendo quando há necessidade de se abrir o portão para entrada ou saída da escola.
As cozinheiras quase nunca são vistas por nós, uma vez que ficam o tempo todo
encarregadas, não só do preparo do alimento, como da limpeza dos pratos, copos, panelas e
vasilhas. A sobrecarga e a responsabilidade de cozinhar para mais de 300 estudantes todos os
dias, parece-me tamanha, embora seja possível reconhecer a disposição e o amor que elas têm
não só com o preparo, como com o cuidado com os alunos. Os almoços são sempre deliciosos
e, as tias da cozinha, como são conhecidas pelos alunos, parecem reinventar a cozinha com o
que tem. Mesmo não sendo possível manter uma relação de contato direto com elas, estão
sempre sendo elogiadas na sala dos professores, e reconhecidas pelo trabalho de base que
também sustenta a escola e a dinâmica de ensino-aprendizagem. Sem as tias da cozinha nada
na escola seria possível.
Assim como os professores, alunos e demais funcionários e gestores da escola, as
cozinheiras ficam o período integral na escola, tendo a responsabilidade de preparar todas as
refeições e servi-las. As auxiliares estão sempre pelos corredores catando copos deixados ou
esquecidos, assim como limpando a sujeira deixada pelos estudantes, que muitas vezes não
têm consciência que, ao não fazerem, alguém terá de fazer. No momento da refeição, a fila
que é feita, parece não chegar ao fim com o número exorbitante de alunos e alunas. A hora do
lanche é um misto de caos, conversas simultâneas, risos e bagunça, assim como é o melhor
momento do dia para os alunos.
Percebe-se que são inúmeras as relações estabelecidas na escola e que elas estão,
intrinsecamente ligadas umas às outras, fazendo com que a escola funcione e se mantenha.
Sem todo o corpo que torna a escola funcional, nada seria possível, nem mesmo a vontade de
fazer dar certo. O que observo é um caminho e um espaço orgânico, que vai se modulando a
partir da dinâmica de cada dia, e se readaptando conforme haja modificações das atividades
estudantis. Em todo o processo, não há como pensar em funções que não estejam interligadas,
porque elas fazem parte de um todo em construção. A escola não se faz sozinha e cada
profissional que dedica a vida para a construção de um ensino melhor, é responsável por isso.
Não há escola sem aluno, assim como não há escola sem todos esses profissionais, sejam eles
docentes ou não.

Você também pode gostar