A doença falciforme, também conhecida como anemia falciforme, é uma condição
hereditária caracterizada por uma alteração na estrutura da hemoglobina, a proteína responsável pelo transporte de oxigênio nas células vermelhas do sangue. Essa anomalia genética resulta na formação de hemoglobina defeituosa, conhecida como hemoglobina S (HbS), em vez da hemoglobina normal (HbA).
A causa genética da doença falciforme reside em uma mutação específica no gene
da globina beta (HBB), localizado no cromossomo 11. Nessa mutação, o aminoácido ácido glutâmico é substituído pela valina na posição sexta da cadeia de globina beta, levando à formação da hemoglobina S. Como resultado, as células vermelhas do sangue adquirem uma forma distorcida de foice em condições de baixa concentração de oxigênio, comprometendo sua flexibilidade e causando obstrução nos vasos sanguíneos, o que resulta em dor intensa, danos nos órgãos e risco aumentado de infecções.
A doença falciforme é herdada de maneira autossômica recessiva, o que significa
que um indivíduo precisa herdar duas cópias da mutação (uma do pai e outra da mãe) para manifestar os sintomas da doença. Portadores heterozigotos (que têm uma cópia mutante e uma cópia normal do gene) podem não apresentar sintomas, mas têm risco aumentado de transmitir a mutação para seus descendentes.
Os sintomas da doença falciforme podem variar de leves a graves e incluem anemia
crônica, dores intensas, icterícia, inchaço das mãos e pés, úlceras de pele, danos nos órgãos (como baço, fígado e rins) e maior suscetibilidade a infecções. O diagnóstico da doença falciforme é frequentemente realizado por meio de testes de triagem neonatal, que identificam a presença de hemoglobina anormal nos recém-nascidos. Testes de hemoglobina e eletroforese podem confirmar o diagnóstico e determinar o tipo de hemoglobina presente. Testes genéticos moleculares também podem ser usados para identificar mutações específicas no gene da globina beta.
O tratamento da doença falciforme visa aliviar os sintomas, prevenir complicações
e melhorar a qualidade de vida. Isso pode incluir transfusões sanguíneas regulares, suplementação de ácido fólico, hidratação adequada, uso de analgésicos para controlar a dor, tratamento de infecções e administração de medicamentos para prevenir crises falciformes. O transplante de células-tronco hematopoiéticas é uma opção curativa, mas é um procedimento complexo com riscos significativos.
Em resumo, a doença falciforme é uma doença monogênica causada por uma
mutação no gene da globina beta, apresentando um padrão de herança autossômica recessiva. Seus sintomas variam em gravidade, afetando múltiplos sistemas do corpo. O diagnóstico é realizado por meio de testes de triagem e análises genéticas, enquanto o tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar para controlar os sintomas e prevenir complicações.