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Há ou não há racismo em 2023?

O racismo consiste no preconceito e na discriminação com base em


percepções socias que se baseiam em diferenças biológicas entre pessoas e
povos. Muitas das vezes toma forma em ações sociais e práticas que
consideram que diferentes raças devem ser superiores ou inferiores com base
em características ou qualidades herdadas. Embora o racismo se associe ao
preconceito contra os negros, ele pode se manifestar contra qualquer raça ou
etnia.Se recuarmos na história, a crença da existência de raças superiores e
inferiores foi utilizada muitas vezes para justificar a escravidão, o apartheid, o
holocausto, o colonialismo, o imperialismo, entre outros.
A declaração dos direitos do homem, elaborado no século XVIII, consagra a
ideia da igualdade de todos os seres humanos, independentemente da sua
raça, religião, nacionalidade, idade ou sexo.
● “art2º : Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as
liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma,
nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de
opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de
nascimento ou de qualquer outra situação.
● Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto
político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade
da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela,
autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

● Após um século marcado por confrontos e divisões étnicas e raciais,


nomeadamente na Segunda Guerra Mundial ou em guerras pela
independência das colónias europeias, e num palco geopolítico mundial
mais estável após a Guerra Fria, a Humanidade encara o século XXI
como um ponto de viragem, com um espírito ressurgido de humanismo.
Todavia, com feridas étnicas ainda não saradas, aliadas a tensões
migratórias pré-existentes, e com a crise económica que promove a
degradação das condições económicas nos países ocidentais, cedo se
tornou evidente que tais problemas estavam longe de serem resolvidos
e o início do século XXI não iria ser marcado pelo ressurgimento do
esperado sentimento humanista. O debate em torno do racismo iria
marcar este século, da mesma forma que marcou o passado.
Infelizmente o racismo ainda é uma luta presente nos dias atuais, apesar
dos esforços significativos para combater o racismo e promover a
igualdade, a discriminação racial e as desigualdades persistem em
muitas partes do mundo e em diferentes setores da sociedade, como
exemplo recente temos o caso bastante mediático de; George Floyd, afro-
americano de 46 anos, morreu durante uma detenção em 25 de Maio de 2020,
quando um polícia pressionou o joelho contra o seu pescoço durante cerca de 9
minutos. O caso provocou uma onda de protestos, com manifestações contra o
racismo e a violência policial, nos EUA e no resto do mundo.A frase “I can’t
breathe" (“Não consigo respirar”) repetida mais de vinte vezes por George
Floyd durante a detenção, passou a ser o slogan destes protestos e do
movimento Black Lives Matter. A 20 de abril deste ano, Derek Chauvin foi
considerado culpado de todas as acusações e da morte de George Floyd. Este e
muitos outros casos relatados, são motivo de vergonha e de reflexão
para todos nós. O racismo deve ser combatido diariamente, primeiro em
atitudes individuais e depois com compromissos firmes de organizações
e governos em todo o mundo por forma assegurar e promover a
igualdade e a justiça no acesso à educação, ao emprego, à habitação e
à saúde.Todos os países deveriam tomar medidas rápidas e robustas,
na lei e na prática, para promover a igualdade e combater o racismo, a
discriminação racial, a xenofobia e a intolerância. Na minha opinião, a
escola tem um papel fulcral na consciencialização da igualdade e os
jovens devem ser os agentes impulsionadores da mudança de
comportamentos por forma a existir uma maior inclusão social.Não
adianta negarmos a sua existência, o negacionismo e a persistência na
desvalorização do fenómeno do racismo não o resolve, pelo contrário,
conduz à radicalização de posições. O primeiro passo é aceitarmos que
o racismo existe para depois a sociedade criar na mente e no coração
de todos nós o desejo de igualdade, de diversidade e de integração.

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