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Universidade Católica de Angola

Instituto Superior Politécnico Católico do Huambo


ISPOC

Trabalho em grupo de Pesquisa na


Cadeira de Direito Processual Penal II,
5º Ano do Curso de Direito Penal
Turma 511 – M; Período manha, grupo nº 4
Professor:

Huambo, Janeiro de 2023

1
Universidade Católica de Angola
Instituto Superior Politécnico Católico do Huambo
ISPOC

O RECURSO

Trabalho em grupo de Pesquisa na


Cadeira de Direito Processual Penal II,
5º Ano do Curso de Direito Penal
Turma 511 – M; Período manha, grupo nº 4
Professor:

Huambo, Janeiro de 2023

2
Índice
Siglas e Abreviaturas ..................................................................................................................... 5
Introdução ..................................................................................................................................... 6
Capítulo I ....................................................................................................................................... 7
O Recurso .................................................................................................................................. 7
Estrutura do Recurso ................................................................................................................ 7
Recurso independente e Recurso Subordinado........................................................................ 8
Capítulo II ...................................................................................................................................... 9
Recursos Ordinários .................................................................................................................. 9
Decisões Recorríveis e Irrecorríveis .......................................................................................... 9
Legitimidade e Interesse em Agir.............................................................................................. 9
Âmbito, Limitação e Fundameno do Recurso ......................................................................... 10
Tramitação do Recurso ........................................................................................................... 11
Regime de Subida.................................................................................................................... 11
Patrocínio Judiciário ................................................................................................................ 13
Capítulo III ................................................................................................................................... 13
Recursos Extraordinários ........................................................................................................ 13
Recurso para Unificação da Jurisdição .................................................................................... 14
Recurso de Revisão ................................................................................................................. 14
Recurso de Cassação ............................................................................................................... 15
Conclusão .................................................................................................................................... 17
Bibliografia .................................................................................................................................. 18

3
Grupo nº 4
Elementos do Grupo








4
Siglas e Abreviaturas
A quo – Tribunal de que cuja decisão se recorre;
Ad quem – Tribunal a quem se recorre;
Al. – Alínea;
Art.º - Artigo;
Cód. Proc. Penal – Código de Processo Penal;

5
Introdução
No presente trabalho, fruto das aulas ministradas na cadeira de Direito Processual Penal
II, procuraremos de forma rigorosa tratar sobre o Recurso em sede de Direito Processual
Penal, de salientar que por Recurso entende-se como sendo o pedido de reapreciação de
uma Decisão Judicial, apresentado a um órgão judiciário superior em relação àquele de
que cuja decisão é alvo de reapreciação, ou seja, o Recurso é um meio de impugnação,
um expediente destinado a emendar erros ou vícios das decisões judiciais através da
intervenção de um outro tribunal hierarquicamente superior que corrija tais erros ou
vícios.
Tal abordagem em virtude dos recursos, reveste-se de especial importância no sentido de
que servirá de baluarte para nós estudantes de Direito Processual Penal,
consequentemente penalistas, pois nos mostrará as directrizes e balizas inerentes à
compreensão dos recursos com o propósito de sabermos acudir e responder às decisões
judiciais contestadas com ou sem quaisquer fundamentos e gritantemente insustentáveis
que muitas vezes levam ao naufrágio da condição humana inobservado a lei ou falhando
na realização da justiça consequentemente do próprio Direito.
O mesmo trabalho será escrutinado em quatro capítulos por excelência, sendo que no
primeiro abordaremos sobre os recursos numa visão geral; no segundo capítulo
trataremos doutrinal e legalmente sobre os Recursos Ordinários desde as suas
modalidades, prossecução e tramitação; e no terceiro capítulo trataremos dos recursos
extraordinários e terminaremos com uma conclusão que refletirá o escopo de toda
abordagem feita.

6
Capítulo I
O Recurso
Como anteriormente se aludiu, nos parâmetros introdutórios, o Recurso define-se como
sendo o pedido de reapreciação de uma Decisão Judicial proferida por um tribunal em
primeira instância (Tribunal A quo), apresentado a um órgão judiciário hierarquicamente
superior (Tribunal Ad Quem), em relação àquele de que cuja decisão se impugna, ou
seja, os recursos são expedientes destinados a emendar erros ou vícios das decisões
judiciais através da intervenção de um outro tribunal hierarquicamente superior que
corrija tais erros ou vícios.
Deve assim ser posto o acento tônico do recurso na ideia de “Remédio Judiciário” para
defeitos das decisões que surgem como modo de tornar a decisão mais perfeita ou
esmerada.
Mas não se conclua que todos os vícios ou defeitos da decisão judicial só podem se
corridos pela via do recurso. É que, sendo o Recurso o expediente mais elaborado e solene
de reapreciação das decisões, normalmente destinado a responder às imperfeições mais
graves e profundas que em regra têm que ver com questões de mérito ou de subsistência,
pois nada justificaria que um mecanismo tão pesado fosse também o único meio de
correção de vícios que não representem a mesma dignidade, tanto mais que, apar dos
recursos como meio de impugnação de decisões judiciais, encontramos também a
reclamação que se manifesta como meio de impugnação de uma decisão judicial, dirigida
a mesma entidade ou órgão judiciário que decidiu, diferentemente do recurso que como
já avançamos visa impugnar decisões judiciais diante dos órgão ou entidades
hierarquicamente superiores àquele que decidiu.
“O Recurso, interposto, admitido e processado, prolonga (prorroga) a relação Processual
e, da início àquilo a que se chama vulgarmente «Instância de Recurso».

Estrutura do Recurso
Os sujeitos
Os sujeitos do recurso são o tribunal, o recorrente, o recorrido e, em princípio, os co-
arguidos no processo.
No que se refere ao tribunal há que considerar a possibilidade de intervirem dois ou mais
Tribunais. Com efeito, os recursos Ordinários são interpostos de um tribunal - dito
tribunal recorrido ou tribunal a quo - para outro tribunal superior - dito tribunal de recurso
ou tribunal ad quem.
Já os recursos extraordinários podem ser dirigidos ao mesmo tribunal que proferiu a
decisão embora não seja sempre assim e na sua decisão possam intervir mais de um
tribunal.
Outros sujeitos do recuso são o recorrente, o recorrido e os demais co-arguidos. Esta
terminologia, corrente no processo civil, não é inteiramente correta, pois verdadeiramente
a «parte» ou seja, o Ministério Público, o assistente e o arguido, nunca é recorrida;
recorrida é sim a decisão do tribunal a quo. Neste sentido, em processo penal nunca se

7
refere a sujeitos recorrido, mas tão somente aos sujeitos processuais afectados pela
interposição do recurso.1
Objecto
Duas soluções são possíveis a respeito do objecto do recurso:
1º Objecto do Recurso é a questão sobre que incidiu a decisão recorrida;
2º Objecto do Recurso é a decisão recorrida;
O nosso sistema processual penal, inclina-se para a segunda - objecto do recurso é a
decisão, mas a lei não deixa de fazer algumas concessões, como sucede com o recurso
extraordinário de revisão.
A considerar a nossa lei que o objecto do recurso é a decisão, prende-se com o facto de
que não é possível juntar nas alegações de recurso ordinário novos elementos de prova
que não tiveram sido consideradas na decisão recorrida.
Finalidade
O conteúdo normal do recurso, que corresponde à sua finalidade é a substituição da
decisão recorrida por outra. Em todo caso, há recursos em que essa finalidade não se
atinge directamente, mas apenas se torna possível pela invalidação da decisão recorrida e
submissão a novo julgamento.
Recurso independente e Recurso Subordinado
Consoante a posição dos sujeitos, a sua iniciativa perante o recuso, este pode classificar-
se em recurso independente ou recurso subordinado
Será independente ou principal, o Recurso que tem autonomia; o recorrente interpõe o
recurso sem aguardar a iniciativa de outro sujeito. É o que sucede como regra.
Recurso subordinado é o que é interposto depois de já interposto um recuso independente,
tendo a sua existência condicionada à deste. No recurso subordinado um dos sujeitos
processuais interpõe um recurso independente. O Requerimento de interposição do
recurso é notificado aos restantes sujeitos processuais afectados pelo recurso. Se este
quiser então recorrer da parte da decisão que lhe foi desfavorável, pode interpor um
recurso subordinado.2
Em Angola, o Tribunal de Recurso, isto é, o Tribunal para o qual se recorre é no foro
comum, o Tribunal da Relação de acordo com a vertente territorial, ou seja, zona de
jurisdição.3 Os recursos em processo penal classificam-se em:
 Recursos Ordinários;
 Recursos Extraordinários;

1
Germano Marques da SILVA, Direito Processual Penal Português, Do Procedimento (Marcha do
Processo), Vol. III, Universidade Católica Editora, Lisboa, 2014, Pag 299 e 300.
2
Idem
3
Vasco António Grandão RAMOS, Direito Processual Penal – Noções Fundamentais, 2ª Edição, Escola
Editora, 2015, Pag 329
8
Capítulo II
Recursos Ordinários
Nos termos do art.º 459º do Cód. Proc. Penal, entende-se por recursos ordinários aqueles
interpostos para os Tribunais da Relação e para os Tribunal Supremo de Decisões não
transitadas em julgado.
A decisão não transita em julgado quando ainda se não tornou firme, imutável, definitiva,
isto é, enquanto ainda é possível alterá-la ou revogá-la por outra decisão de um tribunal
hierarquicamente superior através de recurso interposto para o efeito.

Decisões Recorríveis e Irrecorríveis


A norma do art.º 460º do Cód. Proc. Penal apresentamos o objecto do recurso que são
todas as decisões judiciais que não forem excluídas por lei; neste sentido, a regra ou
princípio geral é o da admissibilidade de recurso, salvo nos casos expressamente
excetuados por lei.
Assim para sabermos se em determinado caso pode ou não haver recurso, temos de ver
se o caso se encontra exceptuado por lei, nomeadamente no art.º 461º do Cód. Proc.
Penal.
A irrecorribilidade das decisões judiciais em matéria penal resulta sempre de dispositivos
excludentes da lei porque o princípio geral é de que todas as decisões judiciais são
recorríveis. Como já se avançou, existem casos que surgem como binômio negativo ao
princípio geral, sendo os casos que não admitam recuso e tais casos vem estabelecidos no
art.º 461º do Cód. Proc. Penal e são os seguintes:
a) Despachos de mero expediente - Os despachos de mero expediente se destinam a
regular a tramitação processual e o normal desenvolvimento dos outos, nada tendo
a ver, portanto, com os interesses que as partes defendem na causa, ou seja, são
despachos que têm como objectivo gerir processualmente os outos, o que torna
naturalmente inútil a sua impugnação uma vez que não está em causa um interesse
juridicamente carecido de tutela;
b) Das decisões de polícia de audiência;
c) Das decisões que ordenem actos discricionários;
d) Do despacho que designar dia para a audiência em instituição contraditória ou dia
para julgamento;
e) Nos demais casos previstos na Lei.

Legitimidade e Interesse em Agir


Em matéria de recursos, entende-se por legitimidade a faculdade conferida a alguém para
impugnar uma determinada decisão judicial em razão da sua qualidade ou posição
relativamente à mesma.

9
A legitimidade diz-nos, pois e em essência, que pode impugnar e relativamente a quais
decisões, nos fala da legitimidade para recorrer. Da norma do art.º 463º resulta os sujeitos
processuais com legitimidade para recorrer, neste sentido, são:
a) O Ministério Público de quaisquer decisões, ainda que o Recurso seja interposto
no exclusivo interesse do arguido;
b) O arguido, o assistente e a parte civil das decisões contra eles proferidos;
c) Os participantes processuais a quem sejam imposta uma Sansão ou que sejam
condenados a pagar quaisquer importâncias e, em geral as pessoas lesadas nos
seus direitos por decisão judicial proferida no processo.
Apar da Legitimidade surge a obrigatoriedade de interpor recurso e tal nos consagra o nº
2 do art.º 463º que esclarece a obrigatoriedade do Ministério Público recorrer das
decisões dos Tribunais de 1ª instância ou de outros Tribunais autuando como tal nos casos
dos artigos 40º nº 2, e 513º nº 1.
De modo geral não pode interpor recurso quem não tiver interesse de agir

Âmbito, Limitação e Fundameno do Recurso


O princípio geral é que o recurso interposto de uma decisão judicial abrange a sua
plenitude, salvo se for fundado em motivos estritamente pessoais do recorrente ou for
limitado a uma parte autônoma da decisão. 4
Por força do princípio do conhecimento amplo, o tribunal conhecera de toda a decisão,
salvo quando o recorrente tiver expressamente limitado o Recurso a uma parte dela e a
limitação seja admissível.
Nos temos do art.º 476º do Cód. Proc. Penal a fundamentação consiste na exposição das
razões ou motivos que justificam a impugnação, na síntese sob a forma de conclusões,
das razões ou motivos alegados e na formulação do pedido.
E sempre que a lei não limite o poder de cognição do Tribunal superior, o Recurso pode
ter como fundamento todas as questões de que da decisão impugnada, o Tribunal
recorrido pudesse conhecer 5
Mesmo nos casos que a lei limitar o poder de cognição do Tribunal superior à matéria de
direito, o Recurso pode ter como fundamento nos termos do nº 3 do art.º 476º:
a) A insuficiência da matéria de facto provada;
b) A contradição insanável entre os fundamentos alegados;
c) A contradição insanável entre os fundamentos e a decisão recorrida;
d) O erro notório na apreciação da prova;
e) A inobservância de requisitos, cominado com nulidade que não possa ser sanada
nem suprida.
Nos termos dos nºs 5 e 6 do art.º 476º,temos:

4
Código De Processo Penal - art.º 464 nº 1 e 2;
5
Ibidem – art.º 476 nº 2;
10
Na impugnação da matéria de facto, o recorrente deve especificar concretamente:
a) Os factos que considerar incorretamente julgados;
b) As provas que determinem decisão diferente da que foi proferida;
c) As provas que devam ser renovadas e sua motivação;
E na impugnação da matéria de direito, o recorrente deve indicar:
a) As normas jurídicas violadas;
b) O sentido em que o Tribunal recorrido as interpretou ou aplicou e o sentido em
que deviam ter sido interpretadas ou aplicadas;
c) As normas jurídicas que deveriam ser aplicadas em caso de erro na determinação
das normas aplicáveis;
Contudo, nos marcos do art.º 477º, a falta de fundamentação determina que o recuso não
seja admitido.
Tramitação do Recurso
Interposição do Recurso
O recurso pode ser interposto por requerimento ou simples declaração oral na acta. A
interposição do recurso é a manifestação de vontade de recorrer da decisão que constitui
o seu objecto.
Nos termos do art.º 475º do Cód. Proc. Penal, o Recurso pode ser interposto oralmente
por simples declaração na acta, sempre que:
a) A decisão é proferida em audiência;
b) Sé tratar de uma decisão oral consignada em acta;
Nos termos dos nºs 3, 4 e 5 da mesma disposição legal aludida anteriormente, o prazo de
interposição é de 20 dias e conta-se da data em que o interessado dever considerar-se
notificado da decisão objecto de recuso. Ainda nos esclarece o art.º 475º no seu nº 4, que
se a decisão tiver sido proferida oralmente e consignada em acta, o prazo conta-se da data
em que foi proferida, se o interessado estiver presente ou como tal dever ser considerado;
e no seu nº 5 , o art.º 475º diz-nos que o requerimento de interposição é obrigatoriamente
fundamentado ou motivado, mas, se o recurso tiver sido interposto por declaração oral,
as alegações com a fundamentação ou motivação podem ser apresentadas no prazo de 20
dias a contar da data em que foi proferida a decisão.

Regime de Subida
Se o juiz recorrida julgar reunidas todas as condições legais e se decidir pela sua
admissibilidade terá que dizer no respectivo despacho como subirá (se nos próprios autos
ou em separado), quando subirá (imediatamente ou em diferido)

 Quanto ao modo de subida


Nos termos do nº 1 do artigo 469º, diz-nos que sobem nos próprios autos, isto é, com o
próprio processo a que dizem respeito, os recursos interpostos das decisões que puserem
termo ao processo e os recursos que com eles devam subir; já no seu nº 2 diz-nos que
sobem em separado, isto é, à parte desse mesmo processo, constituindo um dossier
11
autônomo, os recursos não compreendidos no número anterior que devam subir
imediatamente.

 Quanto ao momento de subida


Nos termos do nº 1 do artigo 470º, sobem imediatamente, ou seja, logo que interpostos
e realizados os respectivos actos de expedientes, os recursos interpostos:
a) Das decisões que ponham termo à causa;
b) Das decisões posteriores às referidas na alínea anterior;
c) Das decisões que apliquem medida de coação ou garantia patrimonial nos termos
do Código;
d) Das decisões que condenem alguém a pagar qualquer quantia;
e) Do despacho em que o juiz não reconheça o impedimento contra ele deduzido;
f) Do despacho que recusar ao Ministério Público legitimidade para prossecução do
Processo;
g) Do despacho que não admitir a constituição de assistente ou intervenção da parte
civil;
h) Do despacho que indeferir o requerimento para abertura de instrução
contraditória;
i) Do despacho que pronunciar o arguido por factos de que não foi acusado;
Sobem ainda imediatamente os recursos cuja retenção se tornaria absolutamente inútil.
E sobem em diferido, os recursos que não devam subir imediatamente e são instruídos e
julgados com o Recurso da decisão final que puser termo ao processo, isto nos termos do
nº 3 do art.º 470º

 Efeitos da Interposição
Quanto aos efeitos de recuso, há que considerar a suspensão ou paralisação do caso
julgado ou trânsito em julgado da decisão impugnada. Quanto aos efeitos da interposição
do recurso, a lei distingue entre efeito devolutivo ou meramente devolutivo e efeito
suspensivo.6
O efeito meramente devolutivo consiste na atribuição ao tribunal Ad quem do poder de
conhecer da decisão impugnada. Devolve-se o conhecimento da questão, que foi objecto
da decisão judicial recorrida do tribunal que a decidiu para outro tribunal que a decidirá
de novo7.
Quanto ao efeito suspensivo surge a necessidade de se distinguir o efeito suspensivo do
processo e efeito suspensivo da decisão recorrida.
O efeito suspensivo do processo consiste no não prosseguimento do procedimento, a não
ser no que diga respeito ao próprio recurso. Assim, atribui-se efeito suspensivo do
processo:

6
Germano Marques da SILVA, Direito Processual Penal Português, Do Procedimento (Marcha do
Processo), Vol. III, Universidade Católica Editora, Lisboa, 2014, Pag 327
7
Vasco António Grandão RAMOS, Direito Processual Penal – Noções Fundamentais, 2ª Edição, Escola
Editora, 2015, Pag 335
12
1. Aos recursos interpostos de decisões finais condenatórias;
2. Ao recurso Do despacho de pronúncia;
O efeito suspensivo do processo em razão da pendência de recurso de decisão
condenatória significa que essa decisão não pode ser executada sem a prévia decisão do
recurso.8 O processo não passa à fase da execução da decisão condenatória, nos termos
do artigo 471º nº 1 al. a).
Também tem efeito suspensivo do processo o recurso interposto Do despacho de
pronúncia, querendo dizer isto que, nos casos em que este recurso é admissível, o processo
só prossegue para efeitos do julgamento do recurso não passando, entretanto, à fase de
julgamento enquanto o recurso não for decidido nos termos do artigo 471º nº 1 al. b).
Nos termos do art.º 479º nos consagra a admissão ou rejeição do recurso, na seguinte
vertente:
1. Interposto recurso, o processo é concluso ao juiz para o admitir ou rejeitar, salvo sendo
interposto oralmente, nos termos do nº 2 do artigo 475.o, caso em que o requerimento de
interposição é apreciado antes de terminada a audiência ou a diligência judicial em que a
decisão impugnada foi proferida.
2. Na hipótese a que se refere o número anterior, a admissão ou rejeição do recurso é
consignada na respectiva acta;
3. Se o juiz admitir o e recurso fica-lhe o efeito e o regime de subida;
4. A decisão que admitir o recurso, fixar o efeito e o regime de subida não vincula o
Tribunal superior competente para julgar;
5. O juiz só́ pode rejeitar o recurso, se este for interposto fora de prazo, a decisão
impugnada for irrecorrível, o recorrente não tiver legitimidade ou quando o recurso não
estiver fundamentado;
6. Do despacho que não admitir o recurso pode o recorrente reclamar, nos termos dos
artigos 467º e 468º.
Patrocínio Judiciário
Em matéria de recursos, a representação dos interessados em juízo obedece à regra da
obrigatoriedade. Isto significa que, quem pretender litigar nessa sede, tem que ser
representado por mandatário forense de modo a poder garantir, suficiente e eficazmente,
a defesa dos seus interesses9.

Capítulo III
Recursos Extraordinários
Constituem recursos extraordinários, os expedientes impugnatórios que têm por escopo
enfrentar decisões judiciais definitivas, isto é, já transitadas em julgado.

8
Ibidem, Pag 328
9
Manuel Simas SANTOS, et al, Noções de Processo Penal, Editora Reis dos Livros, 2ª ed, Pag 501
13
Neste sentido, como compreender que uma decisão que goza da característica da
imutabilidade, veja essa imutabilidade sacrificado, ainda que só a título excepcional por
um expediente que a fragiliza e a torna insegura perante a comunidade de que já a havia
aceite como definitiva. 10
Para tal responde-nos J. A. Reis, pode suceder que a sentença tenha sido proferida em
condições de tal maneira irregulares e viciosas, que o interesse da Justiça deva prevalecer
sobre o interesse social da segurança e certeza.
Postas estás palavras definitivas, vejamos então como são moldados os recursos
extraordinários.
Nos termos do nº 1 do art.º 503º são recursos extraordinários, o recurso para efeitos de
unificação da jurisprudência, o Recurso de revisão e o recurso de cassação. E nos temos
do nº 2, os recursos extraordinários são interpostos para o Tribunal Supremo.

Recurso para Unificação da Jurisdição


Nos temos do art.º 504º nº 1, este Recurso tem lugar, quando, no domínio da mesma
legislação, o Tribunal Supremo profere um acórdão que, sobre a mesma questão de
direito está em oposição com outro acórdão já transitado em julgado proferido por aquele
mesmo Tribunal.
Nas vestes do nº 4 da mesma disposição normativa, têm legitimidade para interpor tal
recurso, o arguido, o Ministério Público, as partes civis para o plenário da Câmara
Criminal do Tribunal Supremo.
O recurso é interposto no prazo de 30 dias a contar do trânsito em julgado do acórdão
proferido em último lugar, e no requerimento de interposição, o requerente deve
identificar o acórdão anterior com o qual o recorrido está em contradição e demonstrar a
oposição que está na origem do conflito de Jurisprudência. 11
Este recurso, não tem efeito suspensivo.

Recurso de Revisão
Trata-se de um recuso extraordinário que visa reparar vícios da sentença já transitada em
julgado ou do despacho que tiver posto termo ao processo.
A ordem jurídica considera, em regra, sanados os vícios que porventura existissem na
decisão com o respectivo trânsito em julgado. Há, porém, certos casos em que o vício
assume tal gravidade que faz com que a lei atenda ser insuportável a manutenção da
decisão.12

 Legitimidade
Têm legitimidade, nos termos do art.º 517º para requerer a revisão:

10
Manuel Simas SANTOS, et al, Noções de Processo Penal, Editora Reis dos Livros, 2ª ed, Pag 530;:
11
Código de Processo Penal - art.º 505º;
12
Opus Citatum
14
a) O Ministério Publico;
b) O assistente, das sentenças absolutórias ou dos despachos de não pronuncia;
c) Os condenados ou seus defensores, das sentenças condenatórias;
d) Em aso de falecimento do condenado, o cônjuge os seus descendentes e
adoptados, os ascendentes e adoptantes, os parentes até ao quarto grau da linha
colateral, herdeiros com interesse legítimo ou pessoa que do condenado tiver,
para tanto, recebida incumbência expressa;

 Tramitação
Fases do recuso de Revisão
O recuso de revisão comporta duas fases: a fase do juízo rescindente e a fase do juízo
rescisório.
A primeira fase abrange a tramitação desde a dedução do pedido até a decisão que
concede ou denega a revisão; a segunda fase começa no momento em que o processo
baixa e termina com o novo julgamento.
Quando a revisão é denegada, não há a fase do juízo rescisório. Na fase de juízo
rescindente é o Tribunal Supremo que detém a jurisdição, a fase é processada
primeiramente no Tribunal onde se proferiu a decisão cuja revisão se pretende e depois
no Tribunal Supremo.

Recurso de Cassação
As decisões penais condenatórias transitadas em julgado poderão ser reapreciadas por via
de recurso de cassação.
Fundamentos – art.º 535º
São fundamentos do pedido de cassação:
a) A violação grave da lei substantiva ou da lei adjectiva;
b) A manifesta injustiça da decisão objecto da cassação.
c) A violação da lei substantiva é grave quando a decisão objecto do recurso tiver
acolhido solução que, claramente, se oponha aos seus preceitos.
A violação da lei adjectiva é grave nos casos de nulidade insanável e insuprível e, em
geral, sempre que a violação tenha impedido a justa decisão da causa
A decisão é manifestamente injusta, para os efeitos da al b) do nº 1 do art.º535, quando
a pena aplicada for manifestamente excessiva e ainda quando a decisão resulte de erro
grosseiro cometido pelo Tribunal ao apreciar a prova produzida.
A Competência para propor ou requerer a cassação cabe a: Art.º 536
A reapreciação, por via de recurso de cassação das decisões penais condenatórias
transitadas em julgado, pode ser proposta pelo Presidente do Tribunal Supremo ou reque-
rida pelo Procurador Geral da República, Bastonário da Ordem dos Advogados de Angola
e o Provedor de Justiça.
Nos termos do art.º 537º, o recurso de cassação pode ser interposto a todo o tempo.
15
Requisitos do pedido – art.º 538º
O pedido deve ser deduzido por escrito, fundamentado e instruído com certidão de teor
da decisão, onde conste a data em que transitou em julgado. Distribuído o pedido, o relator
requisitará imediata- mente o respectivo processo, a ele juntando o requerimento do
Procurador Geral da República ou a proposta do Presidente do Tribunal Supremo,
conforme for o caso. O Presidente do Tribunal Supremo poderá́ , em alter- nativa,
requisitar o processo e nele, cumpridos os termos devidos, formular a proposta de
anulação.
ARTIGO 539.°
(Admissibilidade do recurso)
1. Autuado e distribuído o recurso, colhido o visto do Procurador Geral da República, se
não for o requerente e o de cada um dos juízes que o compõem, com excepção do relator,
este levará o processo à sessão do Plenário para que seja decidida a questão da
admissibilidade do recurso.
2. Os vistos são por vinte e quatro horas.
3. O Plenário poderá́ admitir o recurso imediatamente ou ordenar que se realizem as
diligencias que entender necessárias.

16
Conclusão
Depois de ma abordagem exaustiva a respeito dos recursos em sede de Direito Processual
Penal, estamos em condições de concluir com o mesmo. Neste sentido, como se fez
referência o recurso em sede de Direito Processual Penal é entendido como sendo um
meio de impugnação de uma decisão proferida por um tribunal a que se denomina –
Tribunal A quo, para um outro Tribunal Hierarquicamente superior denominado Tribunal
Ad quem. Os recursos são ordinários e extraordinário e o ponto diferenciador entre eles
prende-se com a manifestação ou não de caso ou trânsito em julgado de uma determinada
decisão, sendo pois que são ordinários os recursos comuns em matéria processual penal
que visam impugnar decisões na transitadas em julgado e extraordinários os recursos
interpostos para impugnar decisões já transitadas em julgado tais recursos extraordinários
classificam-se em recursos de Unificação de Jurisdição, Recurso de Revisão e Recurso
de Cassação; em volta dos recursos em geral a que se fazer referência a sua tramitação
sendo que cada um segue uma tramitação própria que melhor lhe garanta juridicidade e
força vinculativa, tanto mais é que os recursos restem-se na sua tramitação de um modo,
momento e efeito, na medida em que quanto ao modo os recursos sobem nos próprios
autos, isto é, com o próprio processo e em separado, ou seja, sem o processo; quanto ao
momento os recursos sobem imediatamente ou em diferido; na vertente ainda da sua
tramitação e interposição, os recursos revestem-se de um carater de congruência, ou seja,
apelam para deles apenas se sirvam os sujeitos processuais com legitimidade para tal e
ainda para a sua interposição é necessária a apresentação de fundamentos de factos e de
direito para a sua garantia e sustentabilidade. Um ponto que merece também com
brevidade ser frisado é o dado da sua estrutura que como aludimos, os recursos
apresentam uma estrutura fundada em sujeitos, objecto e finalidade; outro sim, cinge-se
com a diferenciação dos recursos independentes dos subordinados sendo este último
sujeito àquele para a sua existência. Portanto, sobre os recursos muito há que se diga,
contudo, apresentamos o seu escopo e o alicerce no âmbito da nossa cadeira de estudo
que é o Direito Processual Penal.

17
Bibliografia
 Código de Processo Penal Angolano;
 RAMOS, V. Grandão, Direito Processual Penal – Noções Fundamentais, 2ª
Edição, Escola Editora, 2015;
 SANTOS, Manuel Simas, HENRIQUES, Manuel Leal, SANTOS, João Simas,
Noções de Processo Penal, Rei dos Livros, 2ª Edição, 2011;
 SILVA, Germano Marques da, Curso de Processo Penal II, Editorial Verbo,
1993;
 SILVA, Germano Marques da, Direito Processual Penal Português, Do
Procedimento (Marcha do Processo), Vol. III, Universidade Católica Editora,
Lisboa, 2014;

18

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