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Esta é uma obra de ficção.

Nomes, personagens, lugares e acontecimentos


descritos, são produtos de imaginação do autor. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

Esta obra segue as regras do Novo Acordo Ortográfico.


"Esse livro é escrito pelo ponto de vista dos protagonistas,
retratando suas falas e percepções, assim, apesar de seguir as normas do
novo acordo ortográfico da língua portuguesa, a maior parte é escrito em
linguagem coloquial e com uso de gírias e expressões idiomáticas."

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São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte


dessa obra, através de quaisquer meios — tangíveis ou intangíveis — sem o
consentimento escrito da autora.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº.


9.610. De Fevereiro de 1998 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Edição Digital | Criado no Brasil.

Copyright © Julia Menezes

2ª edição 2023
SUMÁRIO
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
EPÍLOGO
SINOPSE
Jordan ‘Destroyer’ McKenna, o vencedor dos últimos
Undergrounds, é considerado um dos melhores lutadores da atualidade e
uma grande aposta, está no auge da sua carreira e falta pouco para
conseguir realizar um dos seus maiores sonhos: Ser aceito de volta no UFC.
Katherine Blake, uma ex lutadora, está aos poucos vencendo os
demônios do passado e vivendo o presente, mas tudo muda quando é
chamada de volta para casa depois que seu pai tem um enfarto e assim
acaba como treinadora de Jordan McKenna. Kath jurou nunca mais pisar
num ringue, mas é incapaz de dizer não a seu pai. Juntando as suas coisas
ela se vê obrigada a treinar um lutador que é considerado divertido antes de
entrar no ringue e letal lá dentro.
Jordan nunca pensou que teria que aceitar ordens de uma mulher,
mas se vê numa sinuca de bico e sem opções, quando conhece a sua nova
treinadora Katherine, a mulher dos seus sonhos, ele a deseja intensamente.
Já Katherine fez uma promessa a si mesma de nunca mais namorar
lutadores.
No meio de muitas emoções, sentimentos e revelações eles se veem
obrigados a conquistar o amor e a lutar por ele.
As minhas leitoras que estão sempre comigo, na saúde e na doença,
na alegria e na tristeza. Sou praticamente casada com vocês!
AGRADECIMENTOS
O Lutador surgiu do nada na minha cabeça, em 2017, num momento
crítico, que eu precisava de algo leve para me distrair. Tive que deixar
outros projetos de lado para dar uma atenção total a ele, mas eu nunca me
arrependeria de trazer ao mundo a Katherine e o Jordan. Ambos tocaram
meu coração e me fizeram ter sorrisos e crises de riso enquanto eu escrevia.
Me afastaram do desespero e da depressão, infelizmente não dei a atenção
que eles mereciam quando lançado, não divulgando muito e deixando ao
acaso, por isso muitas leitoras sequer conheciam esse livro.
Isso já vinha me incomodando então tive que dar uma cara nova
para eles e trazer mais uma vez essa história para que mais pessoas
conheçam e se apaixonem.
Quero agradecer também as minhas betas de 2017 que apontaram
erros, se derreteram e torceram pelo casal assim como eu. Jheny, Babi e a
querida Marcia que me ajudou a trazer mais uma vez essa história ao
mundo, obrigada!
E, principalmente, agradecer a Deus, Ele sabe de tudo. Eu precisava
escrever um livro mais leve e não sabia até que comecei a escrever, foi uma
experiência nova e maravilhosa.
PRÓLOGO
JORDAN
— Acelera isso, garoto. Eu poderia dizer que você bate como uma
garotinha, mas seria uma ofensa a elas. — Escuto o treinador Blake gritar
em cima do som dos meus punhos batendo no saco e sorrio.
Se tem uma pessoa que pega no meu pé é ele. Desde que apareci em
sua academia há cinco anos, um moleque de vinte e um anos, revoltado com
a vida e só querendo bater em algo, ele me colocou debaixo de sua asa.
Como eu, ele também estava frágil depois que uma das suas filhas foi
brutalmente atacada e a outra se mudou para Nova Iorque para estudar. E
assim o Treinador se tornou um pai para mim.
Kristen, sua filha, é um doce de menina, ela superou o seu ataque
depois de ter ficado em coma por dois anos. Dois anos sofridos. Eu lembro
que a visitava pelo menos uma vez por semana quando ela acordou, pouco
depois que eu cheguei. Atualmente é uma recém-formada professora
infantil. Antes do acidente ela estava no seu terceiro ano da faculdade,
então não demorou muito para ela se formar depois que voltou. Sua irmã
Katherine, eu só a vi poucas vezes e quase não nos falamos, era como se ela
tivesse um muro gigante que nos separava. A separava de todos. Eu não
tenho ideia do que aconteceu, durante todos esses anos ninguém nunca
tocou no assunto.
Tomando uma respiração rápida eu dou uma série de socos.
Esquerda. Direita. Esquerda. E em seguida um chute, fazendo o saco se
movimentar alguns centímetros. Olho divertido para o treinador, mas ele
não parece muito interessado.
— Se quer vencer o Martelo essa temporada você ainda tem muito o
que melhorar. — Ele diz com desdém e passa a mão pelo peito. —
Movimente mais o corpo, você pode melhorar Destroyer. Lutar no
Underground é totalmente diferente de qualquer coisa e você sabe bem
disso. Precisa estar cem por cento. Lá é mais bruto que qualquer outro
lugar.
Foi só falar do Martelo que a raiva veio na borda. Não era para eu
estar treinando para o Underground e sim para o UFC, mas fui suspenso por
culpa dele. Eu acabaria com ele no octógono. Sempre fui considerado um
cara de boa com a vida até entrar no octógono e eu gostava disso. Até ele
foder com a minha vida, ou melhor, com a minha noiva.
Brianna era a luz da minha vida, depois de meses só treinando eu
estava preparado para o meu primeiro Underground, eu tinha meus
objetivos e muita raiva, por que não juntar o útil ao agradável? Cheguei à
final no meu primeiro Underground, o primeiro novato a chegar tão longe.
Isso me manteve na mídia e com isso vieram às fãs, Brianna era uma delas,
mas diferente das demais, ela queria que eu fosse dela e lutou com todas as
forças para conseguir. Ela estava em todas as minhas lutas na primeira
fileira assistindo e torcendo por mim, estava em todas as festas e bares, aos
poucos ela conquistou o seu espaço e entrou no meu coração. Passamos os
últimos três anos juntos, eu a tinha pedido em casamento porra!
Só fui descobrir sua traição quando eu estava lutando pelo cinturão
no meu primeiro UFC, eu tinha acabado de entrar quando a vi beijando
Adam, mais conhecido como Martelo, na primeira fileira para a luta. Fiquei
tão fora de mim que acabei com o meu adversário fazendo ele ficar em
coma. Eu nunca esqueceria a reação da sua esposa grávida ao ver seu
marido ser levado inconsciente para o hospital. Nunca me perdoaria por
isso.
Como se não fosse o bastante eles vieram na minha festa da vitória.
Eu devia saber que era uma armação, mas estava tão cego e com tanta raiva
que me deixei levar. Conclusão: Fomos suspensos por uma temporada e
assim eu voltei para o Underground. Precisava da minha vingança. Não
consegui patrocinadores para o UFC depois que o período de pena acabou e
não queria entrar por mim mesmo. Ninguém confiava o suficiente para
apostar em mim.
— Ele está indo bem, velho. — Samuel, meu melhor amigo e agente
diz sorrindo antes de voltar para o seu telefone.
O Treinador bufa.
— Sim, como um maricas.
Quando soltei o saco depois de meia hora, ele estava vazando areia e
totalmente detonado. Sorri com isso e me virei para dar uma resposta ao
velho, mas todo ar saiu de mim quando o vi caindo no chão em um som que
nunca sairia da minha cabeça.
1
KATH

Somente quando algo de ruim acontece é que voltamos a pensar nos


e se. E se eu não tivesse ido embora. E se eu fosse mais forte. E se eu
estivesse com meu pai. E se; e se; e se. Não é primeira vez que eu penso nos
E se.
Quando minha mãe me ligou, minha ficha não caiu na hora. Meu
pai, meu herói, tinha tido um ataque cardíaco. Logo ele, um homem atlético
que não aparentava estar nos seus cinquenta anos. Eu queria chorar, mas
nenhuma lagrima saiu. Minha lagrimas secaram há muito tempo, mas isso
não quer dizer que ainda não doa para caralho. Sem pensar duas vezes
larguei tudo para trás, precisava estar perto do meu pai. Eu não aguentaria
perder mais alguém importante na minha vida.
Com os meus vinte e quatro anos  quase vinte e cinco  eu
estava orgulhosa do que conquistei. Eu morava num apartamento pequeno,
mas legal, trabalhava em dois empregos que eu amava. Eu era reabilitadora
esportiva de um clube e treinadora de auto defesa num centro comunitário,
pelo menos três vezes por mês.
Recém-formada em reabilitação esportiva, mesmo querendo
distância de tudo eu não conseguia me afastar do que eu nasci para ser.
Quando conserto um lutador ou ajudo uma mulher a se defender isso
aquece o meu coração, suprindo o desejo de voltar. Sempre fui uma menina
regrada e persistente, eu não aceito um não, eu não aceito perder.
Acabar a faculdade é como se o mundo te desse um baque. Se Tinna
não tivesse uma prima que é esposa do dono do clube esportivo e me
indicasse para um estágio quando eu ainda estava no meu segundo ano eu
provavelmente estaria fazendo malabarismo no sinal. Ao contrário do que a
maioria das pessoas acredita as portas do mundo não estão abertas quando
você deixa a faculdade, mas a verdade é que as portas estão fechadas com a
porra de vários cadeados. Eles querem experiência, mas não querem dar.
Meu pai resolveu pagar a faculdade para mim, eu sabia as lutas que eu
podia lutar e quando aceitar. Eu precisava de espaço, deixar Seattle foi
minha maneira de deixar os pesadelos para trás. Exceto que eles não me
deixaram.
Fecho a minha mala no mesmo instante que Tinna, minha melhor
amiga, entra no meu quarto. Dividimos o apartamento desde que me mudei
para Nova Iorque há cinco anos, naquela época eu não sabia o que fazer da
vida, me sentia perdida e sem rumo. Assim que eu cheguei tinha ido para
um bar perto do hotel que eu ficava. Tinna estava lá, ela tinha sido traída
pelo namorado e estava sem lugar para morar, conversamos por horas e eu
descobri que ela cursava faculdade de Gastronomia e Nutrição, quando
contei a minha história para ela foi como se nos conhecêssemos há anos e
assim demos a volta por cima e decidimos morar juntas e batalhar pelos
nossos sonhos.
— O que você está fazendo? — Ela pergunta.
— Meu pai... ele teve um ataque cardíaco, eu preciso voltar para
casa.
Sem precisar dizer mais nada Tinna me abraça com toda força, mas
eu não desmorono.
— Nem pense em se culpar. Você não tem culpa de nada. — Ela me
conhecia como a palma da sua mão.
Quantas vezes eu deixei de ir para casa no Natal ou Ano Novo,
quantas vezes eu só liguei, pois não aguentava estar em casa aonde as
lembranças vinham mais fortes. Eu sabia que nenhum deles me culpava
pelo que houve, mas era minha culpa. Quantas vezes eu pensei em
simplesmente desaparecer, mas meus pais já perderam uma filha por um
tempo. Não mereciam perder outra.
A última vez que os vi foi na minha formatura, há duas semanas,
eles vieram orgulhosos de mim e me fizeram esquecer pelo menos um
pouco de tudo que aconteceu. Kristen não tinha vindo e isso doeu como o
inferno porque eu tinha certeza de que ela me culpava por ter perdido dois
anos de sua vida, por minha culpa.
— Vá, em uma semana começa o verão, nós acabamos de nos
formar e precisamos de um descanso. — Ela incentiva.
Tinna tinha cabelos longos e castanho-escuros lisos, que a deixavam
parecendo ainda menor, sua pele era cor de café com leite e seu sorriso era
doce e sincero. O seu tamanho não a deixava pequena em nada. Tinna tinha
o maior coração que alguém podia ter.
— Você vai ficar bem sem mim?
Ela bufa uma risada.
— Querida, eu com certeza vou aproveitar a minha entrada livre no
clube quando não estiver trabalhando pra minha prima no verão, e, só saio
da piscina se um negão me levar.
Eu rio um pouco e a abraço. Tinna é minha melhor amiga e com ela
eu não me sinto tão quebrada, mas eu sentia falta de Kristen. Quando entro
no avião eu respiro fundo olhando a janela e me despedindo de Nova
Iorque.
2
JORDAN

Olho para o treinador enquanto ele está dormindo, o médico disse


que é normal e explicou que ele irá se recuperar totalmente, mas isso não
acalma o nosso medo. Sônia, sua esposa está sentada ao seu lado segurando
a sua mão e Kristen está olhando para a janela, encolhida no canto. Sua
mãe, pela manhã, recebeu um telefonema de Katherine dizendo que estava
vindo. Senti que os ânimos mudaram rapidamente, sua mãe estava
emocionada, mas Kristen ficou totalmente quieta e sem reação.
Kristen se tornou uma irmãzinha para mim, apesar de ter a minha
idade. Quando ela acordou do coma ela se sentia perdida como se a vida
tivesse andado sem ela, e foi isso que aconteceu. Katherine havia se
mudado, seus pais estavam vivendo, mas nunca a esqueceram. Ela não
conhecia mais nada e eu me tornei sua ancora, seu melhor amigo e seu
irmão. Era como se nos completássemos. Nós temos uma relação
totalmente fraternal e eu amo isso. Nunca olhei Kristen como mulher e nem
ela a mim como homem. O Treinador dizia que nós fomos irmãos em outra
vida.
— Está tudo bem tampinha? — Pergunto me aproximando de
Kristen.
— Só estou um pouco nervosa, já faz quase um ano que não vejo
Kath. — Aceno e a abraço.
— Vai dar tudo certo.
Me lembro quando a vi pela primeira vez há três anos, era Natal e seu
pai havia me convidado para a ceia, como de costume. Ela tinha chegado
atrasada vestindo jeans e uma camisa preta de manga.
— Me desculpe o atraso, eu estava com Kristen. — Ela havia dito
com os olhos cheios de emoção.
Depois de abraçar seus pais ela finalmente percebeu que havia
vários convidados. Sônia sempre foi muito doce e convidava todos os
lutadores do Treinador que não tinham família para passar as datas com
eles, e eu era um desses. Juntos nós éramos uma família.
Quando ela me olhou era como se meu mundo tivesse sido
bombardeado, Katherine era a musa dos meus sonhos. Ela tinha longos
cabelos castanho-claros — quase loiros — presos num rabo de cavalo alto
revelando o seu pescoço fino e delicado, mas seus olhos eram aço puro,
como uma gata arisca e pronta para atacar. Olhos castanhos escuros repletos
de escuridão. Sua boca devia ser um pecado. Ela parecia um anjo vingador.
Pelo resto da noite eu a admirei, assim como alguns lutadores, mas
ela nos ignorou totalmente só dando atenção para seus pais. Na manhã
seguinte eu esperava vê-la no café da manhã, mas descobri que ela tinha
pegado o primeiro voo depois da festa e partido.
A porta se abre e eu fico novamente frente a frente da mais bela
mulher que eu já vi. Como de costume ela está com os cabelos presos, usa
jeans que marcam todo o seu delicioso corpo. Katherine Blake era o pecado
sobre pernas. Ela nem tenta chamar atenção, ela a domina.
Seu olhar encontra o meu antes de desviar e focar no seu pai. Eu a
vejo engolir em seco antes de se aproximar deixando sua mala ao lado da
porta. Sua mãe a abraça, assim que a vê, e as duas sussurram algo antes dela
se abaixar para beijar a testa do seu pai. Ela acaricia seu rosto com
delicadeza.
— Como ele está? — Pergunta com a voz fraca.
— Estável. O médico disse que foi mais um susto e ele logo vai se
recuperar. — Sonia acaricia o rosto de seu marido e Katherine concorda
olhando para os vários vasos de flores que seu pai recebeu e se aproxima
dos porta-retratos que Sonia trouxe.
Há fotos de todos que o amam. A vejo engolir em seco ao ver uma
foto dela, muito mais nova, treinando com seu pai, o olhar dela é
concentrado no saco enquanto seu pai a olha sorrindo orgulhoso. Essa foto
também está no escritório dele. Vejo a foto da sua formatura que seus pais
foram a duas semanas. Nesse mesmo dia Kristen veio a mim, ficou
chorando em meus braços.
Katherine se vira e observa sua irmã, respirando fundo ela vai até
sua irmã que está nos meus braços e eu vejo dor em seu olhar por sua irmã
não ir até ela.
— Vá abraçar sua irmã. — Sussurro em seu ouvido e ela acena.
Sem uma dizer nada para a outra as duas se abraçam pelo o que
parecem anos. Eu vejo Sonia chorando ao lado do seu marido e fico em
silencio só as olhando, juntas. Kristen não comentava muito sobre sua irmã,
mas pelas fotos em casa e na academia, as duas eram bem próximas.
Uma hora depois Kristen e Sonia saem para buscar algo de comer e
finalmente ficamos sozinhos.
— Não fomos devidamente apresentados todos esses anos. Sou
Jordan. — Estendo a mão e ela aceita em um aperto firme.
— Eu sei quem você é. Mas vamos às apresentações. Katherine,
mas pode me chamar de Kath.
Cruzo os braços sem saber direito o que fazer com os braços. Vejo
que ela olha para eles. Não sou convencido, mas sei que tenho um corpo
atraente. Treino como um condenado com o Treinador.
Sempre quis uma chance de ter uma conversa com ela, e agora eu
mal conseguia pensar no que falar.
— Então, você se formou agora, né?
— Sim, Reabilitação Esportiva.
Eu guardo a resposta espertinha dentro de mim, Katherine parece ser
séria o bastante para não rir dos meus trocadilhos. Penso nela massageando
os meus músculos e quase gemo.
— Bem legal. Pretende ajudar seu pai na academia? — Pergunto
mesmo sabendo a resposta.
Ela abre a boca para negar, mas uma coisa chama a minha atenção.
O Treinador está acordado olhando para a gente com uma sobrancelha
erguida. Um alívio se espalha em mim, desde ontem estamos esperando ele
acordar.
— Seu vigarista, fica ouvindo a conversa dos outros? — Brinco
indo para ele.
Posso ouvir Katherine andando ao meu lado e parando no outro lado
da cama.
— Minha menina, que saudade. — Ele diz olhando para ela.
— Papai se queria atenção era só ligar. — Ela brinca com os olhos
cheios d’água e ele solta uma risada antes de colocar a mão no coração com
dor.
— Como se só uma ligação fizesse você voltar. — Responde com
um sorriso triste.
Sonia e Kristen voltam com cafés e se emocionam ao verem ele
bem. Elas chamam o médico que entra e faz uma avaliação nele e por fim
olha para nós.
— Ele precisa de repouso e nada que faça o seu coração ficar
acelerado...
O Treinador o corta.
— Doutor eu sou treinador e o Underground está chegando, preciso
treinar o Jordan...
— Não tem condições disso. — O médico olha para mim. — Sou
um grande fã seu, mas você precisa arrumar outro treinador.
— Nem fodendo! — Blake rosna com raiva. — Ele não confia em
ninguém e eu não confio em ninguém, para treiná-lo...
Seu olhar vai para Katherine que olha para ele antes de olhar para trás
dela como se tivesse procurando alguém, quando percebe que não tem
ninguém ela franze as sobrancelhas para o pai.
— Nem fodendo! — Diz ao mesmo tempo em que seu pai diz: —
Parabéns Jordan, você tem uma nova treinadora barra Reabilitadora
Esportiva. Ganhou um combo dois em um. De nada!

Desde pequeno eu sempre fui desconfiado com tudo e com todos, a


vida me ensinou a não confiar em ninguém. Apesar do meu jeito leve de
levar a vida, nunca confiava nas pessoas cegamente, porém quando eu
encontrei George Blake, de alguma forma, eu sabia que poderia confiar
nele. O que ele dizia para eu fazer, eu fazia sem qualquer hesitação, ele
conquistou minha confiança e me acolheu como um filho no momento em
que eu mais precisei.
Mas agora eu realmente estou repensando a sua Gabrieladez.
Katherine me treinar? É mais fácil eu comer ela antes que ela mande em
mim, na certa ela não sabe nem o nome dos movimentos ou o que um
treinador faz. Ser filha de um treinador não faz dela uma treinadora.
— Nem me olhe desse jeito. Eu estou lúcido e você... bem, você é
você. Irá confiar em alguém de fora para lhe treinar, numa das lutas mais
importantes pra você? — Suspiro, ele realmente está quase me
convencendo. Provavelmente treinaria sozinho e seria derrubado ainda no
começo do underground. Um lutador é muito mais do que só estar no
ringue, é preciso de apoio e os olhos de um especialista para dizer onde
pode-se melhorar, compartilhar os conhecimentos e técnicas, além de ver a
luta com outros olhos.
— Minha filha. Meu sangue. Ela nunca lhe trairia e você pode se
surpreender com o que ela pode fazer.
Olho para Katherine que parece emocionada por seu pai falar assim
dela.
— Papai...
— Kath você sabe que eu te amo e faria qualquer coisa por você. Eu
agora preciso de você, não fuja mais.
Ela acena e assim eu consigo uma nova treinadora. Uma treinadora
gostosa que eu quero comer. Porra!
3
KATH
Eu estou louca. Repito essa frase pelo menos umas cinco vezes para
confirmar. Eu realmente estou louca por aceitar esse emprego de verão e
tem uma razão, na verdade uma série delas:
Ele é alto.
Forte.
Olhar penetrante.
Sorriso de menino.
Uma combinação boa demais para ser real. Eu descobri há muito
tempo que quanto mais perfeito, mas fodido ele é. Eu havia reparado em
Jordan há muito tempo e eu percebia os seus olhares para mim. Ele me
desequilibrava e eu não queria isso. Não namore com um lutador. Essa era
uma das minhas regras. Uma das minhas principais regras. A outra era de
nunca mais entrar no Underground, mas olha só o que um ataque cardíaco
faz você fazer. Obrigada papai.
Se eu não conhecesse bem o meu pai acharia que ele estava me
empurrando para Jordan, mas era improvável, tenho quase que certeza,
absoluta, de que ele e Kristen tem um caso.
Kristen. Ela não olhou para mim e eu nunca me senti tão merda em
toda a minha vida. Dava para ver em seus olhos que ela não me queria
perto. Uma vez fomos tão próximas que parecíamos uma só. Eu sempre fiz
tudo que Kristen queria simplesmente para agradá-la. Ela era a minha irmã
mais velha. Minha heroína. Minha melhor amiga. Eu faria qualquer coisa
por ela. Kristen nunca teve uma saúde plena, ela vivia sempre doente desde
que me entendo por gente.
Sua saúde era fraca e ela vivia em hospitais quando mais nova.
Tinha coisas que ela queria fazer e não podia, então eu fazia por ela e
contava a ela como era o sentimento. Isso era a melhor parte do meu dia.
Seja subindo numa arvore e quebrando o braço, como aconteceu uma vez.
Mesmo com dor eu contei de como meu coração ficou acelerado e como o
vento batia mais forte no meu rosto, enquanto eu subia, ou como os galhos
eram finos e o meu medo era de quebrá-lo — como aconteceu.
Eu contei o meu primeiro beijo e minha primeira vez para ela.
Kristen estava internada e não podia se infectar com qualquer bactéria.
Mesmo envergonhada eu lhe contei tudo, dos meus encontros, minhas
brigas com Liam, as nossas voltas. Também lhe contei que nunca o amei.
Kristen era o meu diário e eu a aventureira dela.
— Não acredito que você conseguiu um emprego de verão tão
rápido assim! — Tinna grita do outro lado da linha animada. — Eu achando
que estava bem por ver meninos de sunga, mas você ganhou na loteria em
ficar num lugar cheio de lutadores!
Eu suspiro.
— Vai ser horrível. —Respondo enquanto coloco algumas roupas no
meu armário. Depois da primeira luta daqui a uma semana nós vamos para
Denver para a próxima e assim por diante.
— Claro, vai ser horrível, ficar olhando um lutador gato batendo no
saco e treinando sem camisa. Jesus sua vida é uma droga. — Ela ironiza.
— Foda-se.
— Ah querida, bem que você está precisando.
Antes que eu possa responder ela já desligou o celular. Olho para
meu quarto cheio de medalhas e sorrio. Eu sempre gostei de competir.
Desde pequena eu treinava na academia do meu pai. Eu era faixa preta em
Judô; Muay Thai; Boxe e Capoeira. Participei de várias competições desde
que comecei a falar. O MMA surgiu a pedido de Kristen quando eu tinha
dezessete anos. Somente aos dezoito que eu comecei a participar de
competições para valer e assim eu conheci Liam.
Termino de guardar as minhas coisas e suspiro. Eu tenho mais
roupas de treino do que roupas normais. Esportes sempre fizeram parte da
minha vida e sempre continuariam a fazer. Vejo algumas das minhas antigas
roupas de malhar e suspiro, elas terão que servir até Tinna me enviar as
outras. Mando uma mensagem para ela que responde dizendo que irá
arrumar e colocar no correio como urgente. Com o dinheiro que vou receber
não preciso me preocupar tão cedo com grana. A habitação e alimentação
estão inclusos no contrato, mas também há uma clausula que diz que eu não
posso sair até o final do Underground. Assino o contrato e me deito,
amanhã acordarei cedo para treinar Jordan ‘Destroyer’ McKenna.

A academia continua a mesma que eu me lembro, nada foi mudado


além de alguns equipamentos. Mamãe acordou cedo hoje e me preparou um
café da manhã reforçado. Ela estava tão feliz de eu estar em casa que eu
sabia que doeria mais ainda a deixar novamente. Meu pai sairá amanhã do
hospital e aí as atenções dela se voltarão para ele com certeza.
Nunca vi um casal mais apaixonado do que eles. Papai conheceu a
minha mãe no seu primeiro Underground. Foi paixão à primeira vista.
Mamãe largou tudo para segui-lo durante as competições, com o tempo ela
engravidou e papai decidiu criar raízes. Ele usou grande parte do dinheiro
que recebeu das lutas e comprou uma academia e uma casa em Seattle,
ainda lutando por muitos anos e em seguida treinando.
Ando para a parede de fotos e sorrio olhando uma por uma. Lembro
que eu sonhava estar nela quando era pequena. E eu estou. Papai colocou
uma foto de cada vitória e derrota minha em forma de orgulho.
— Toda manhã ele toma café olhando para as suas fotos.
Me viro e vejo Jordan com uma calça de moletom preta e um casaco
com capuz da mesma cor. Engulo em seco o olhando assim tão de perto,
seus olhos são âmbar e seus cabelos castanhos cortados curtos dos lados, e
um pouco maior em cima. Ele tem um queixo marcado sem nenhuma barba.
Pelo menos um metro e noventa ao lado do meu um e setenta e cinco. Suas
mãos estão com ataduras para proteger os metacarpos. Seu sorriso é doce,
mas agora está muito, e quando digo muito, quero dizer MUITO, malicioso.
Só então percebo que eu estava checando-o, descaradamente.
— Bem, você é grande. — Aponto o irrelevante. — Hoje eu olharei
o seu treino e amanhã começamos a partir daí. Vou usar o dia de hoje
também para ver algumas lutas suas.
Sua mandíbula fica tensa, mas ele assente. Parece que ele não gosta
de receber ordens de mulheres. Que pena. Caminho com ele em direção à
outra sala separada da academia que eu imagino ser especialmente para ele.
Tem alguns lutadores batendo em sacos pelo caminho e eles param para me
olhar, ou porque me acham bonita ou porque sabem quem eu sou.
— Oi meninos. — Cumprimento-os passando por eles com a minha
prancheta em mãos.
Entramos na sala e eu vejo que só tem a gente.
— Sam, meu agente deve chegar lá pras dez e Sirius, meu parceiro
de treino, deve chegar daqui a pouco.
Eu aceno e contenho a minha boca para não fazer uma piada.
— Ok. Primeiro aeróbico, certo? — Ele acena, mas escuto o seu
bufar. — Faça seu treino e eu farei o meu, mas pode deixar que eu estarei te
olhando.
Ele resmunga algo que eu não entendo, mas vai buscar uma corda
no armário. Caminho ao seu lado e puxo outra. Começamos a pular um
olhando para o outro.
— Acelere. — Eu digo, ou ele é lento ou não sabe pular corda.
Ele bufa, mas acelera. Eu faço o mesmo. Ficamos vinte minutos
assim antes de eu mudar a corda para trás e para frente, de um lado para o
outro. Com ele sempre me acompanhando. Eu posso não lutar a muito
tempo, mas eu treino todo santo dia durante esses cinco anos, como a porra
de uma campeã.
Não sou uma menina musculosa, mas sou seca. Meu percentual de
gordura é de cinco por cento. Tenho seios medianos e uma bunda um pouco
maior do que eu queria. Não vou fingir que não estou satisfeita com o meu
corpo porque eu estou. Eu batalhei para chegar até aqui, não para ficar
bonita ou gostosa. Para ficar forte.
Terminamos o pré-treino correndo pela esteira. Retiro o meu casaco
por causa do calor e continuo a correr, tenho que confessar que Jordan está
a todo vapor, mas se tem algo que eu aprendi é nunca ficar em cima, ele
precisa dar sempre o seu melhor.
Passo a minha toalha pelo meu rosto e pego minha garrafa d’água.
Olho o meu relógio e já passou quase uma hora, agora são seis da manhã.
— Quer começar o treino? — Pergunto e ele assente.
E assim começamos o treino. Sinto meus mamilos ficando duro só
de olhá-lo levantando pneus de caminhão e em seguida balançando a corda.
Ele soca o saco de areia como se fosse a pessoa que ele mais odeia na terra.
— Mais forte. Você bate como uma garotinha. — Eu grito e escuto
ele rosnando e socando mais forte. — Você pode fazer melhor que isso.
Sequência. Direita, esquerda, direita.
Ele faz como eu digo e eu repito a mesma ordem pelo menos doze
vezes.
— Ao contraio. Esquerda, direita, esquerda.
Ele para e me olha com seus olhos âmbar.
— Você precisa fortalecer o outro braço igualmente. — Respondo
séria com a prancheta tampando meus mamilos excitados.
Ele resmunga outra coisa e faz o que eu digo.
— Mais forte!
Ele começa a dar tudo de si e eu sorrio. Pego a minha prancheta e
escrevo.
Perigosamente gostoso.
Forte pra caralho.
Dedicado.
Decidido.
Divertido.
Ele soca tão forte que o saco começa a sair um pouco de areia.
Então ele para vindo até a mim todo molhado de suor e perigosamente
gostoso.
— Você treinou com o meu pai a técnica do papel?
Ele sorri pela primeira vez. A técnica do papel nada mais é do que
furar o papel estendido usando os metacarpos, é muito mais difícil do que
parece.
— Passei semanas só com o papel.
— Eu o furei em quatro dias.
Nós nos olhamos e ele devora o meu corpo.
— Como eu estou indo treinadora?
Eu estreito meus olhos para a ironia das suas palavras
— Pode melhorar e muito. Não vejo nada de especial que meu pai
falava tanto.
Me viro e ele segura meu braço.
— Qual o seu problema comigo? — Ele franze as sobrancelhas.
Eu olho para o meu braço que ele ainda segura. Seu dedo calejado
acariciando a minha pele.
— Me solte se ainda quiser continuar com a sua mão direita.
Ele me solta ao mesmo tempo que a porta se abre e dois homens
entram.
— Cara... — Um deles geme passando a mão pela barba ao me ver.
O outro dá um tapinha na nuca dele e continuam se aproximando.
— Sou Samuel, mas pode me chamar de Sam.
Eu pego a sua mão e aperto.
— Katherine, mas prefiro que me chamem de Kath.
—Posso entender o porquê. — O outro diz fazendo piada com o
meu apelido que significa gata. Evito rolar meus olhos, mas lhe lanço um
olhar cortante. — Sou Sirius. — Ele pega minha mão e a beija.
— Eu iria fazer uma piada sobre seu nome com o meu sobrenome,
mas aí pareceria que eu estou te dando bola, algo que eu não estou. Prazer
em conhecer vocês. — O que eu posso fazer, Harry Potter é minha série de
livros favoritos.
Uma coisa que eu aprendi no meio dos esportes é que você tem quer
o mais sincera e clara possível com os lutadores, só assim para não ficarem
no pé das pessoas. Jordan solta uma gargalhada alta e masculina e Sam faz
seu máximo tentando não rir.
Ambos os homens são bonitos, cabelos castanhos enrolados e olhos
esverdeados. Sam e Sirius parecem parentes, mas eu não pergunto.
— As crianças estão prontas para treinar?
Eles acenam e os dois sobem ao ringue. Sam entrega para Sirius
luvas de treino para receber os socos de Jordan. Sam para ao meu lado.
— Vocês chegaram há muito tempo?
— Sim, já faz um tempo.
Ele acena.
— Seu pai deve estar muito feliz de você ter aceitado. O nosso cara
não confia facilmente em ninguém. — Ele levanta a cabeça apontando para
Jordan que diminuiu o ritmo e está olhando para a gente.
— Mais força Jordan. Anda! — Grito mandando.
Sirius ri e Jordan bate mais forte.
— Pernas. MMA não é boxe. Use as pernas como arma também! —
Grito me aproximando.
Sirius se ajeita para colocar a luva na posição e eu percebo de cara o
ponto fraco de Jordan quando ele acerta o primeiro chute alto.
— Droga. — Resmungo. Como meu pai deixou passar que ele não
consegue bater tão forte com as pernas.
— O que? — Sam pergunta, parando ao meu lado.
Em vez de responder eu coloco a minha prancheta no canto e entro
no octógono.
— Jordan pare — falo ao seu lado.
— O que? — resmunga.
Vou até Sirius e coloco a sua luva na posição certa. E me viro para
Jordan.
— Vire o quadril quando usar o chute. Role com ele. Use-o como
extensão do corpo. Do mesmo jeito que você faz com o punho para o soco.
Explico e em seguida mostro como fazer. Bato com tanta força que
sai poeira. Repito e em seguida chuto mais alto. Meu pai já devia ter
corrigido isso pelo tempo que está treinando ele.
— Rode o quadril. — Repito e dou um passo para trás para ele
fazer.
Ele faz, mas sem mexer o quadril. Olho para Samuel que parece
divertido. Ótimo, seu agente está cagando se ele sabe ou não sabe dar um
chute. Fico atrás dele e seguro o seu quadril. Jordan fica tenso ao meu
toque. Suas costas estão suadas, eu posso sentir o leve cheiro do
desodorante e do sabonete junto ao seu cheiro masculino.
— Lentamente. — Resmungo e ele faz. Eu ajudo rodando o seu
quadril. Fico com a mão no quadril pelo menos umas três vezes até me
afastar para ver se ele consegue fazer. E funciona. — Está melhorando.
Mantenha o movimento e aumente a força, mas tome cuidado para não
torcer algo.
— Se eu torcer você conserta. — Ele diz, mas a sua voz está rouca.
— Continue — o corto.
Desço do octógono e Sam não olha para mim.
— O que foi?
Ele nega.
— Nada.
Dando de ombros eu pego a minha prancheta e coloco a primeira
folha como última e começo a escrever os pontos bons e mais fracos de
Jordan, onde temos que trabalhar. Respiro pesado quando ele começa a
fazer os abdominais olhando intensamente para mim. Tenho que colocar a
prancheta contra o meu peito para que ele não veja meus mamilos duros.
Quando o treino acaba, depois de quatro horas, ele me olha
esperando eu falar algo. Seus olhos são intensos.
— Vá tomar um banho e depois volte aqui, vou massagear suas
mãos para retirar os nós. — Resmungo com desdém. Ele acena e vai para o
banheiro junto com Sirius.
Sam me olha depois de quinze minutos.
— O que foi, cara? — Pergunto e ele levanta as mãos.
— É só... você lembra muito o seu pai com o jeito de ensinar, só que
de uma forma mais prazerosa e...
— Termine essa frase e vamos para o ringue. — Jordan diz saindo
do banheiro com os cabelos molhados. Ele está sem camisa e com um novo
par de calças.
Evito olhar o tanquinho dele e volto a minha atenção para Sam.
— Sim, eu tenho uma boceta e vocês um pênis. Grande descoberta.
Quer uma estrela?
Ele passa a mão pelos cabelos castanhos e suas bochechas estão
coradas. Jordan rindo, me pega pela cintura e me leva para o banco mais
próximo. Eu sinto o cheiro do seu perfume e saio dos seus braços para
evitar me aproximar mais para cheirar. Vou para a minha bolsa pegar os
óleos. Me sento confortável ao seu lado e ele me entrega a sua mão aberta.
Eu começo pelos dedos massageando procurando e tirando os pequenos nós
nos dedos. Ele geme de leve e eu dou graças a Deus por ele estar de olhos
fechados e Sam estar do outro lado do salão se não veriam meus mamilos
duros.
Passo para a palma de sua mão e em seguida seu pulso, ele tem um
grande pulso firme para combinar com as suas grandes mãos e braços. Sua
mão é calejada como a de qualquer lutador, mas só de tocá-la eu me arrepio
e oro para ninguém perceber como meu corpo está uma bagunça. Seguro a
sua mão e rodo seu pulso reparando as veias grossas que ele tem no braço.
Algumas mulheres são vidradas em tanquinhos ou rosto, eu sou totalmente
vidrada em veias. Me chame de estranha.
Massageio seu antebraço e em seguida seu bíceps que endurece
quando meus dedos o tocam. Ele está sentindo tanto quanto eu. Quando
passo para a outra mão eu estou tão concentrada que não reparo quando ele
abriu os olhos. Meus olhos encontram os seus e eu sinto tanto calor, mas
tanto.
— Bem. — Eu limpo a garganta. — Está pronto, você treina mais
duas horas mais tarde?
— Quatro. — Ele diz com um sorriso presunçoso.
— Oito horas por dia? — Pergunto surpresa e ele acena. — Sete
horas por dia já é pesado demais!
Ele dá de ombros.
— Eu não cheguei aonde estou fazendo corpo mole.
Isso me lembra dos três Undergrounds que ele ganhou. Eu sei por
que papai me ligou todas as vezes emocionado.
Eu aceno.
— Vamos precisar então realmente de mim, quem era a sua
reabilitadora esportiva antes?
— A gente contratava por cidade.
Eu franzo a sobrancelha.
— Isso é ruim, depois de todo esse tempo pensei que você já tinha
uma equipe formada. — Ele voltou a dar de ombros. — Vocês têm um
nutricionista, né?
— Claro.
— E cadê ele?
Jordan franze a sobrancelha de um jeito fofo.
— No consultório dele.
— hã... Jordan, acho que não estamos falando a mesma língua. Você
treina oito horas por dia, e não tinha uma reabilitadora para te ajeitar todo
dia. Você, pelo o que parece, também não tem uma nutricionista.
Cozinheira?
Ele nega.
— Bom, não são só os músculos que ganham a luta. Tem a
alimentação e outros fatores.
Ele recebe a reclamação sereno. Sabe que eu estou certa.
— Vamos fazer assim eu continuo sendo a sua treinadora e também
vou fazer tudo que você precisa depois dos treinos, mas apesar de saber
cozinhar eu não posso fazer tudo.
— Sam vai cuidar da nutricionista e cozinheira, quem fazia as
refeições antes era a sua mãe. — Ele conta e eu aceno. Minha mãe sempre
viajava com meu pai durante as temporadas.
— Uma pessoa da conta, é só encontrar uma nutricionista que saiba
cozinhar. — Brinco e ele sorri. — Que horas é para eu voltar?
— Às duas.
Eu aceno.
— Estarei aqui, quer começar o novo treinamento hoje ou amanhã?
Ele somente me olha.
— Tá bom. — Rolo meus olhos e pego o meu celular na bolsa o
destravando e colocando na sua frente. — Coloque o seu número aqui e se
puder o de Sam e Sirius.
Ele resmunga alguma coisa mas coloca. Ele demora mais tempo e
eu me pergunto se ele esqueceu o número de um dos seus colegas. Com
essa era tecnológica nós simplesmente deixamos de decorar os números e
simplesmente salvamos no celular. Depois de mais cinco minutos ele me
entrega. Eu o guardo e Sam se aproxima de nós com dois isotônicos azuis.
— Vocês precisam repor líquidos.
Eu aceno em agradecimento e abro bebendo um longo gole
refrescante. Sirius se aproxima já arrumado.
— Vocês querem sair pra comer algo? Estou cheio de fome.
— Bem, eu já tomei café da manhã, mas um lanche vai bem. —
Respondo então me olho. — Preciso parar em casa para tomar um banho.
Eu estou há anos falando com papai para fazer um banheiro feminino...
Jordan limpa a garganta.
— Ele fez, já tem uns cinco anos. — Meu olhar cai para o chão e ele
toca o meu ombro.
— Ah, que bom. — Tento dar um sorriso. — Para qual lado?
Ele sai comigo e eu vejo mais caras na academia. Entro no banheiro
sozinha e me olho no espelho. Estou com um top preto que deixa meus
seios bem presos e uma calça preta de cintura alta. Separo as minhas roupas
e entro na água gelada tentando abaixar o meu fogo. Eu realmente preciso
transar, já perdi a conta de quanto tempo foi a última vez. Repito a mim
mesma que é só por isso que Jordan parece tão comível quando eu estou
perto. Ele não é nem o meu tipo.
Meu tipo de homem são os que, normalmente, não são tão fortes ou
brigões, eu quero um homem calmo, sereno... quem eu quero enganar? Eu
desejo um homem com pegada, força e que me trate como se eu fosse seu
sol e sua lua.
Depois do banho eu coloco um vestido e sandálias baixas. Quando
saio encontro os meninos me esperando. Jordan trocou de roupa e está de
jeans e camiseta. Me aproximo deles quando vejo algo, ou melhor alguém.
Kellan West, meu melhor amigo de infância e adolescência, também o meu
parceiro de treino. Às vezes nos falamos pelo celular, mas estamos tão
longe que nunca é a mesma coisa.
— Kellan? — Grito e ele para me olhando surpreso. Eu corro para
ele e o abraço apertado.
— Meu Deus Kath, que saudade de você garota. — Ele diz quando a
gente se separa.
— Como que está Gaby?
Gaby é a sua namorada. Eles já estão juntos há dois anos, mas se
conheciam a vida toda. Éramos todos amigos.
— Nós estamos noivos. — Ele me mostra o anel. — E ela está
grávida!
— Ai meu Deus! — Eu o abraço de novo. — Estou tão feliz por
você.
— O que você está fazendo aqui? Eu soube do seu pai, falei com a
sua mãe ontem pela manhã.
Nós começamos a conversar e antes que eu perceba Jordan tem um
braço em volta da minha cintura.
— Estamos com fome. — Ele diz e olha para Kellan. — Você
chegou tarde, ela é minha!
Eu o olho de boca aberta.
— O que?! — Grito ao mesmo tempo em que Kellan ri.
— Você está saindo com ele, Kath?
Eu olho para Sam e Sirius que estão rindo a distância.
— Bem, vocês estão convidados para o meu casamento. — Ele diz e
eu não posso evitar rir quando as bochechas de Jordan coram.
Eu posso escutar a risada alta de todos os homens na academia.
Todos perceberam a crise de ciúmes de Jordan com um homem que está
noivo. Dou três tapinhas no peito dele com força o suficiente para ele
resmungar tentando se afastar.
— Com certeza estarei lá. Estou morando com os meus pais até o
Underground começar então pode enviar o convite pra lá caso eu já tenha
viajado.
— Nós estaremos lá. — Jordan me corrige na cara de pau.
Kellan acena e me abraça mais uma vez olhando divertido para
Jordan antes de sair. Quando finalmente estamos sozinhos eu o olho com
raiva.
— Qual o seu problema?!
Ele fica boquiaberto e olha para Sam em busca de ajuda que finge
não ver. Quando percebe que não tem jeito me olha.
— E que papo é esse de eu ser sua?! — Continuo puta da vida, com
a respiração acelerada, e querendo socar a cara dele com força.
— Bem... — Ele limpa a garganta. — Está no contrato que você é
minha durante toda a temporada, até acabar a última luta do Underground...
— Que eu sua Treinadora! — O corrijo e vejo que tem vários
lutadores e frequentadores da academia nos olhando. — Voltem às suas
coisas! — Eu grito e eles voltam sem nem reclamar. Eu penso que sou
fodona por eles me obedecerem, mas então vejo o olhar zangado que Jordan
mandou para eles.
Ele acena e eu rolo os olhos me aproximando dos rapazes e pegando
a minha bolsa.
— Deixa o lanche pra uma próxima, pois se for agora irei fazer
lanche de lutador.
Saio do ginásio escutando o rosnado de Jordan e a risada de Sirius.
— Você provocou a gata com vara curta. — Escuto Sam dizer e
sorrio deixando o local.
Quando entro em casa estou sozinha, tem uma nota dizendo que
mamãe está no hospital com papai. Tomo um banho e faço algo para comer,
o que acaba sendo tapioca com frutas dentro. Como eu tenho uma amiga e
colega de quarto nutricionista eu aprendo um monte de receitas fit.
Para matar o tempo eu vou ao shopping comprar umas roupas novas
e em seguida vou ao hospital. Quando entro no quarto meus pais estão se
beijando, como costumavam fazer anos atrás. Eu sorrio entrando.
— Kath filha. Como foi o seu primeiro treino? — Papai pergunta
quando me vê.
— Hoje eu vi seu treinamento normal, anotei seus pontos positivos e
percebi que ele tem alguns pontos fracos que eu vou ter que trabalhar.
Os olhos de papai brilham quando eu falo com ele. Continuamos a
conversar e eu conto a ele que Kellan vai se casar, mas deixo de fora a parte
do ataque de ciúme de Jordan. Papai disse que ele que aconselhou Kellan a
pedir Gaby em casamento depois que descobriram a gravidez, algumas
semanas atrás.
Às treze horas eu vou para casa e tomo um banho rápido colocando
outra roupa de academia. Decido que amanhã mudarei os horários dele, o
tempo de um treino para o outro é pouco e isso só o faz se cansar mais,
assim correndo mais risco de lesão. Quando entro na academia estou
adiantada vinte minutos. Cumprimento as pessoas e vou para a sala
reservada de treinamento. Ao entrar minha boca cai aberta ao ver Jordan
dando chutes e golpes certeiros com o pé, perfeitamente. Uma raiva cresce
por mim. Ele estava brincando comigo o dia todo? Ah, Jordan, você não
sabe com quem se meteu.
4
JORDAN

Os caras olham pra mim querendo rir, e eu mesmo rio depois que ela
foi embora. Que porra aconteceu comigo. Eu parecia um garoto que acabou
de descobrir que o mundo não era só vídeo game, depois de ver peitos pela
primeira vez. Mas é impossível não ficar possessivo ao lado de Katherine,
ela traz o meu lado mais selvagem à borda e nem sabe. Quando eu a vi
abraçando Kellan perdi completamente a minha mente.
Eu já conhecia Kellan, ele havia treinado comigo algumas vezes e
era amigo do treinador. Só não tinha ideia que ele estava se casando.
— Vocês falam algo e eu acabo com vocês. — Resmungo para os
caras que riem mais ainda.
— Cara, a mulher dele está grávida.
Passo a mão pelo rosto sem acreditar no vexame que eu causei. Não
quero nem imaginar quando Katherine descobrir que eu não precisava de
ajuda com os golpes de pé, não pude resistir a não deixar que suas mãos
macias e femininas me tocassem. Eu senti alguns leves calos fazendo a
minha pele se arrepiar.
— Vamos sair daqui.
Chamo Kristen para almoçar comigo mais tarde.
— E aí, como foi o treino? — Pergunta enquanto come uma batata
frita, e depois jogando na minha cara enquanto como minha salada e massa.
— Tua irmã é boa. — Dou de ombros. Não me leve a mal, mas não
quero falar de Katherine para Kristen.
— Sim, é. — Ela diz olhando para baixo.
Eu tento controlar a minha curiosidade, mas não consigo.
— Por que vocês duas estão tão afastadas? Já faz tempo que não se
veem, era para uma estar agarrada a outra.
Kristen suspira.
— É complicado... Só... — Ela parece estar procurando a palavra
certa. E não olha nos meus olhos quando diz a frase que fica na minha
cabeça pelo resto do meu dia. — Foi Kath a culpada por eu ficar em coma.

A frase que Kristen disse fica na minha cabeça, mesmo depois do


almoço. Decido correr e em seguida vou treinar. Eu tentei saber mais sobre
isso, mas Kristen fugiu não revelando mais nada. Depois de usar o spadball
que é uma bola de treino para boxe eu decido treinar um pouco meus chutes
antes de Katherine voltar.
Fico imaginando como será viajar de cidade em cidade com Katherine
ao meu lado. Termino a minha sequência de chutes e me viro para pegar
uma bebida e é quando eu a vejo. Se olhar pudesse matar eu já estaria só no
pó.
— Bons chutes. — Sua voz sai calma, mas seu olhar entrega a sua
raiva. Ela está puta.
Coço a cabeça sem saber o que dizer. Ela espera calmamente, mas
eu não consigo pensar em nada. Então como de costume digo merda.
— Eu só queria ver o que você podia fazer.
Ela acena e eu posso ver o olhar dela de dor antes dela voltar a sua
atenção para a prancheta.
— Faça o seu treino.
Se senta e eu faço. Pelas próximas quatro horas quando eu termino
estou acabado. Minha glicose está baixa e eu estou tão quente como se
estivesse na porra de um forno. Suor pinga de mim como uma bica.
Katherine realmente está certa eu preciso de uma cozinheira. Sei que
quando acabar aqui, e tiver chegado em casa, terei um prato de massa com
batata doce que Sam providenciará pra mim. Antes do ataque cardíaco do
Treinador quem fazia algumas das minhas refeições era Sonia e eu adorava
o seu tempero.
— Toma. — Ela me estende duas garrafas de isotônico. Eu estou tão
ofegante como um cachorro, mas ela não diz nada sobre isso. — Sente-se
no banco, vou massagear suas costas.
Caio com um baque mudo no banco mais próximo, estou acabado,
mas não perderia a chance de ter as suas mãos em mim. Termino em menos
de um minuto cada isotônico e começo a me sentir melhor. Olho em volta e
nem Sirius, nem Sam vieram ao treino. Quando suas mãos tocam as minhas
costas eu me esqueço de tudo.
Katherine com certeza sabe o que está fazendo quando aperta
fortemente as minhas costas com as suas pequenas mãos. Gemo baixo e ela
continua tentando afrouxar meu pescoço, bíceps e tríceps. Fico esperando
ela ter que ficar na minha frente para pegar no meu peito e reparo que ela
está tão quente quando eu, apesar desse top ser um pouco mais grosso eu
posso ver perfeitamente os seus mamilos duros.
O restante da massagem é como um borrão, enquanto ela roda pelo
meu corpo pegando cada maldita parte e amaciando. O cheiro do seu
perfume é delicioso e ela percebe quando me aproximo para cheirá-la, mas
não diz nada.
— Pronto. — Ela diz quando acaba e vira de costas para mim
pegando as suas coisas e saindo da sala. Porra, ela realmente está puta.
Tomo um banho e decido ver o Treinador Blake no hospital. Meus
passos estancam ao vê-la correndo na esteira com força total. Seus seios
sobem e descem num leve movimento e eu reparo que eu não sou o único a
olhá-la. Katherine chama a atenção onde passa. Como um paspalho fico
olhando-a por pelo menos dez minutos até ela me ver e levantar a
sobrancelha sem diminuir o compasso.
Decido me aproximar e paro na sua frente enquanto ela corre.
— Você realmente vai me ignorar?
Ela aperta o botão vermelho da esteira que para automaticamente.
— Não estou te ignorando, só dando um tempo para eu não chutar a
sua cara!
Não posso evitar e sorrio.
— Continue com esse sorriso, garotão. Não vai durar muito.
Ela pega a sua bolsa na recepção, sorri para as atendentes e sai pela
roleta da academia sem olhar para trás.
— Cara é verdade que ela é sua nova treinadora? — Um dos novos
lutadores da academia pergunta.
— Sim.
Ele dá duas batidinhas no meu ombro.
— Boa sorte.
— Eu com certeza vou precisar.
À noite chega e eu chamo os caras para ver lutas na televisão para
saber o ponto fraco dos meus concorrentes e como lutam. Essa era uma das
partes favoritas do meu dia e eu sinto a falta do treinador. Decido convidar
Katherine.
Olho para o whatsapp e vejo as três fotos que enviei do celular dela
para o meu quando ela me emprestou o celular hoje mais cedo para eu
colocar meu número e sorrio. Tenho uma foto dela de óculos espelhados
sorrindo para a tela, outra dela fazendo biquinho com os cabelos presos
num coque e o ultimo e mais especial, ela de biquíni na praia, de costas com
seus longos cabelos soltos.
Jordan: Treinadora?
Ela demora dois minutos para responder, mesmo estando online.
Marrentinha: Por que caralhos você enviou minhas fotos pra
você?!?!?
Jordan: Eu só queria uma foto sua para colocar no contato.
Minto na cara de pau.
Marrentinha: O whatsapp já tem foto!
Marrentinha: Quando penso que não posso estar com mais raiva...
é melhor eu nem tocar em você essa semana.
Eu solto uma gargalhada.
Jordan: Eu e os caras vamos ver uns vídeos para anotarmos os
pontos dos concorrentes. Quer vir?
Ela não responde, mas visualiza.
Jordan: Vai ser bom para se enturmar com a galera...
Mais alguns minutos e eu estou quase desistindo quando ela
responde:
Marrentinha: Me passa o endereço.
Sorrindo, eu lhe mando o endereço, então corro para limpar a minha
casa. Tenho uma empregada limpando minha casa a cada quinze dias, mas
não sou tão organizado quanto com minhas lutas. Por isso minha casa está
cheia de tralha espalhada.
Uma hora depois a campainha toca. Katherine está de jeans e
camiseta simples. Seus cabelos estão num coque bagunçado. Estou
checando-a descaradamente, não consigo evitar.
Ela levanta uma sobrancelha para mim antes de entrar na minha
casa. Fico esperando ela dizer algo, sua opinião sobre a minha casa de
alguma forma é importante. Às vezes parece que eu já a conheço, ouvi
tantas vezes Blake falar de sua filha como se ela fosse uma princesa
guerreira, ouvi de suas conquistas e suas derrotas, é como se eu fosse um
velho amigo dela, exceto que eu não a conheci realmente.
— Casa bonita. — Ela sorri de leve e me olha.
Eu caminho com ela para a sala e mantenho meus olhos nela quando
a vejo parando na minha parede de fotos de torneios. Há fotos minhas
abraçando os ganhadores da luta e comemorando com eles. Quando se luta
com um amigo não há rivalidade até o sino tocar e quando toca novamente
ela acaba. Se eu lutei com um amigo e ganhei é porque foi realmente
merecido assim como ao contrário. É preciso ter maturidade para aceitar.
Katherine passa o olhar pelas fotos e eu vejo um flash de saudade
nos olhos dela. Pelo o que eu vi na academia ela lutou em várias
modalidades desde pequena e somente em um Underground feminino aos
dezoito anos em peso médio no qual ela ganhou. Não soube muito disso, o
treinador não parecia querer conversar sobre esse torneio, assim como
Sonia e Kristen.
Kristen.
As palavras dela voltam a me assombrar, eu não conheço Katherine
bem, mas sei que se eu a empurrar para isso ela me acertará um soco e pode
até desistir de ser a minha treinadora.
Não sou um cara que gosta de exclusividade em tudo, mas sou
muito difícil de confiar nas pessoas, mas quando eu confio é para sempre.
Eu espero que Katherine possa se abrir comigo um dia e contar a sua versão
da história. Nunca fui de acreditar quando me contam só um lado da
história e não ia começar agora.
A campainha toca e em seguida a porta da frente se abre, os caras
têm copias da chave da minha casa, assim como o treinador e Kristen, mas
sempre tocam antes para não me pegarem nu ou transando.
— Olá pessoal. — Katherine para ao meu lado e fuzila Sam com um
olhar. — Péssimo chute, né?
Ela dá três tapas no meu braço antes de se afastar se sentando no
sofá. Meu braço queima com a força dos seus tapas. Por que sempre três?
Sirius pensa bem e decide não fazer nenhuma piada. Do jeito que
Katherine está eu não duvido que ela espume pela boca e rode a cabeça
como o exorcista. Mantendo distância, eles se sentam nas cadeiras deixando
para mim somente o sofá ao seu lado.
— Porra. — Resmungo me sentando.
— O que? — Ela pergunta distraída depois de ter tirado a sua
prancheta da bolsa.
— Nada. — Eu e os caras respondemos juntos.
Sem querer conversar ligo a tevê colocando no primeiro de quinze
vídeos. Vídeo a vídeo Katherine me surpreende, falando os pontos mais
fracos dos concorrentes, antes de mim. Mas quem conseguiria pensar em
algo com ela mordendo a ponta da caneta enquanto assiste os vídeos?
— Conseguiu ver algum vídeo meu hoje? — Pergunto enquanto os
caras foram buscar comida para a gente.
— Sim. Você é bom. — Ela responde com desdém. — E tem um
grande número de fãs. — Continua.
Porra. Ela com certeza viu. Em cada luta antes de subir no octógono
eu escolho uma fã e beijo sua boca enquanto outras também tentam me
beijar. Não sou nenhum santo, gosto da atenção na maioria das vezes e amo
os meus fãs que estão comigo na vitória e na derrota. Além do dinheiro das
lutas já participei de algumas campanhas e parcerias que foram sucesso
graças a meus fãs.
— Sim. — Limpo a garganta e tento mudar de assunto. — Você já
definiu o novo treinamento?
Ela se vira totalmente para mim.
— Bem, a maioria do treinamento do meu pai está bom, mas
podemos adicionar corridas e mais parceiros de luta. Também um horário
maior entre as duas sessões. Você às vezes divide o treino em 3-2-3 certo?
Eu aceno concentrado.
— Sobre sua alimentação, você não pode depender de restaurantes.
— Ela aponta para a porta que Sam e Sirius saíram. — Mas para a sua sorte
eu tenho a solução dos seus problemas.
Eu rio e me inclino no sofá.
— É? Qual é?
— Minha melhor amiga é nutricionista e uma ótima cozinheira. Sem
falar que ela está de férias e...
— Feito. Assim que o Underground começar ela pode vir quando
estivermos em Denver.
A boca de Katherine cai aberta.
— Eu nem terminei de fazer a propaganda dela ainda.
Eu rio e toco o rosto dela de leve com as pontas dos dedos.
— Você manda, treinadora. — Ela bufa. — E também é uma
maneira de me desculpar por mais cedo sobre os chutes. Não estava
duvidando do seu profissionalismo ou qualquer coisa assim.
— Então por que você queria que eu te ajudasse? — Ela pergunta
com os seus lindos olhos cerrados.
— Porque eu queria suas mãos sobre meu corpo.
Me aproximo um pouco o rosto do seu e ela não se afasta me
deixando animado a prosseguir.
— Querida, cheguei! — Sirius grita abrindo a porta da frente.
Katherine pula para trás se afastando de mim como se eu a queimasse.
Depois de comermos, eu e Katherine uma salada com ovos e os
caras pizza, Katherine se levanta.
— Eu preciso ir, ainda tenho que fazer umas coisas...
— Poxa, vamos ver um filme? — Sirius protesta.
Recebo uma mensagem de Kristen dizendo que ela está
estacionando o carro aqui na frente e decido não dizer nada para Katherine.
— Eu te levo até a porta. — Respondo me levantando.
Caminhamos juntos em passos perigosamente lentos até que ela para
me olhando.
— Isso. — Ela aponta para nós dois com o dedo indicador. — Não
vai acontecer, se você precisa de mulheres para acabar com o estresse tudo
bem, mas a próxima vez que me tratar como algo a mais que sua treinadora
eu vou embora.
Suas palavras são cortantes e se não fosse pelos seus olhos eu
acreditaria. Ela abre a porta pronta para fugir quando dá de cara com
Kristen. As duas são quase gêmeas se não fosse por poucas diferenças como
por exemplo Katherine ser mais alta e ter um corpo mais atlético enquanto
Kristen é mais cheinha.
— Oh. — As duas dizem juntas. Vejo que a mão de Kristen treme
de leve e percebo que Katherine reparou também.
— Oi Kath. — Ela cumprimenta a irmã sem fazer nenhum
movimento para se abraçarem.
— Oi Kris, bom te ver de novo.
Em vez de responder Kristen vem para meus braços me dando um
abraço.
— Oi. — Cumprimento bagunçando seus cabelos de leve e olho
para Katherine que já está virando as costas e caminhando para a rua. Uma
coisa que eu nunca entenderei são as mulheres.
— Vamos entrar? — Kristen pergunta e eu aceno, ainda olhando
Katherine descer rua abaixo para a casa dos seus pais.
— Vamos.
5
KATH
— Porque eu queria suas mãos sobre meu corpo.
Volto para casa ainda trêmula. Como ele ousa achar que pode
brincar comigo desse jeito? Que tipo de sádico dá em cima da irmã da
mulher que ele está claramente tendo um caso. Kristen nunca foi muito de
namorar, sempre tímida e doente ela mal podia sair de casa sem pegar um
resfriado.
Desde Liam eu não me sentia assim tão quente por um homem,
minto. Eu nunca me senti assim por ninguém. Eu não posso me sentir assim
por Jordan. Eu tomei dois anos da vida da minha irmã, não posso dormir
com o seu namorado também.
Quando chego em casa estou cansada demais para contar a novidade
para Tinna e decido ligar para ela depois do treino. Preciso por minha
cabeça no lugar, só estou aqui para ajudar o meu pai e nada mais. Não é
como se fosse surgir um amor de verão. O que eu sinto por Jordan é a mais
pura necessidade física, nada mais.
— Oi querida, quer que eu prepare algo para você? — Mamãe
pergunta assim que eu entro.
— Não, mãe. Não estou com fome.
Ela sorri e me olha.
— Nunca me canso de dizer o quanto você está linda.
Me aproximo dela beijando as suas bochechas. Senti tanta saudade
dela nesse tempo que eu estive fora.
— Kristen apareceu lá.
Mamãe suspira.
— Vocês precisam conversar sobre tudo. Não foi culpa sua e Kristen
não te culpa pelo o que houve.
Eu passo a mão pelo meu rosto.
— É tão difícil, mãe. Nós duas estamos quebradas pelo o que houve.
— O tempo cura tudo. — Ela diz acariciando meu rosto novamente.
— Tomara, mãe. Tomara.
Na manhã seguinte eu estou decidida a ser cem por cento
profissional com Jordan. Ele não reclama dos meus comandos e eu gosto
disso. Nós só falamos o mínimo possível e só assuntos relevantes. Uma
semana se passa e finalmente teremos a primeira luta, que será aqui mesmo
em Seattle. Nós treinamos pesads e Jordan tem se alimentado como um
touro para manter as calorias perdidas no treino. Ele não disse nada, mas
estava muito mais cansado e suado com as minhas reformas no seu
treinamento. Durante os seis dias nós corremos antes ou depois do seu
último treino, em silencio, e é a minha parte favorita do dia.
Os meus toques nele são mínimos, pois sei que não sou forte o
suficiente para aguentar colocar minhas mãos nos seus músculos quentes.
Tenho intercalado em alguns dias de massagem e outros com elásticos que
ele pode fazer sozinho. A única parte do seu corpo que eu toco todo dia
como prevenção são os seus punhos retirando qualquer nó de suas mãos.
O dia de hoje está sendo uma loucura, todos estamos nervosos com
a abertura do Underground. Uma série de preocupações passam pela minha
cabeça. Será que eu serei boa o suficiente ou será que eu fodi tudo ao querer
fazer as coisas a minha maneira? Sem falar que eu sou a única treinadora
mulher da história do Underground masculino e quem sabe até mesmo do
feminino.
— Se você pensar mais a sua cabeça irá estourar. — Jordan diz me
tirando dos meus pensamentos.
Nós estamos numa sala fechada do Underground esperando ele ser
chamado. Termino de colocar as ataduras nos seus punhos e em seguida
suas luvas vermelhas. As luvas de MMA são um pouco diferentes das de
Boxe ou Muay Thai que servem para diminuir o atrito e o impacto do golpe.
Já as luvas de MMA protegem mais as mãos do atleta do que o oponente,
além de deixar os dedos livres para casos de maior contato entre os atletas.
— Só não sei a reação dos outros quando descobrirem que sua
treinadora é uma mulher. — Respondo com sinceridade.
— Você está achando que eu vou sofrer bullying?
Dou de ombros.
— Não tenho certeza, mas posso apostar minha bunda que terá
frases machistas no meio disso. — Bufo.
Jordan explode em gargalhadas.
— Por que você está tão calmo?
Ele me olha com os seus lindos olhos âmbar e sorri mostrando suas
covinhas.
— Só não me importo com as opiniões alheias. — Dá de ombros. —
E algo me diz que você também não.
Isso é verdade.
— Espera, eu sou a treinadora. Eu devia te acalmar e não ao
contrário. — Brinco me sentindo mais leve.
Sam entra no quarto junto com Sirius.
— Eles vão te chamar agora, cara. — Sirius diz enquanto Sam me
joga o manto vermelho de Jordan.
Eu vou para atrás dele e o ajudo a colocar por causa das luvas. Puxo
seu capuz para a cabeça e estamos tão próximos que eu posso sentir o seu
hálito. Menta, do chiclete que ele mascava e o isotônico que ele havia
acabado de tomar.
— Boa sorte. — Sussurro caminhando para a porta sem olhar para
trás.
Sento-me no meu lugar, a direita na primeira fila, frente a frente ao
octógono. Há dois lugares vagos, um em cada lado e eu sei que são de Sam
e Sirius. Descobri que os dois são primos e foram criados como irmãos.
Sirius está solteiro para negócios como enfatizou e Sam me disse que era
uma escolha já que não tinha tempo para mais nada. Eu pude conversar com
eles e ambos eram divertidos.
Já houve as lutas menores da noite, eu vibrei com as lutas femininas,
sentia tanta falta de subir no octógono nas competições. Volto dos meus
pensamentos quando o barulho da multidão fica maior agora que as lutas
menores acabaram e começaram as grandes apostas e os melhores do
Underground. O público já está animado e eu sinto a energia mudar depois
que o primeiro concorrente de Jordan é anunciado. Entre algumas vaias e
gritos ele subiu no octógono.
Animals de Maroon 5 começa a cantar nos alto-falantes ao mesmo
tempo em que Jordan é anunciado pelo locutor:
— Senhoras e Senhores. E agoraaaaaa, o maior destruidor de
calcinhas, o cara que vocês estavam esperando. Ganhador das últimas três
edições. O único, o inigualável. Jordan ‘Destroyeeeer’ McKennaaaaa!
A multidão vai a loucura enquanto Jordan caminha saltitando e
dando socos no ar com um sorriso de menino no rosto. Meus ouvidos param
de funcionar direito com os gritos histéricos das meninas. Algumas usam
camisetas escrito frases obscenas a respeito de Jordan, enquanto outras nem
camisas usam. Eu o espero beijar alguma delas, como ele faz muitas vezes
em suas lutas, mas ele só sorri passando por elas. Algo em mim pula em
alegria. Eu gostei disso.
— Eu te amo, Destroyer! Eu te amo! Me beije! — Uma mulher
escandalosa grita aos prantos atrás de mim a todo vigor.
Jordan olha para mim com um sorriso grande como se achasse
engraçado que atrás de mim houvesse fãs loucas. Maravilha.
— Destroyer, que você me destrua na cama. — Outra grita.
Uma risada me escapa e Jordan balança a cabeça. Ele retira o seu
manto e de repente a minha boca fica seca. Não sei se é porque estou
nervosa ou por causa do corpo dele, mas não posso evitar ficar ofegante só
de olhá-lo. Jordan é o pecado sobre pernas. Eu já havia reparado em suas
tatuagens durante a semana, mas agora em meio aos holofotes elas se
destacam ainda mais. Ele tem chamas por todo o seu braço, XX em cima do
seu coração e algumas espalhadas pelo seu corpo.
A primeira luta acaba em um round me fazendo ficar mais animada.
A cada soco que Jordan dá eu pulo animada. Ele é como uma máquina.
O octógono do Underground é todo fechado com grade de seis
metros por dois metros de altura, a grade serve para que os combatentes não
caiam para fora. Além disso, os ângulos mais abertos evitam que o lutador
fique “preso”, tornando a luta mais justa e dinâmica. É o mesmo tipo usado
no UFC e outras competições. Um ringue de boxe tem sempre quatro
cantos, já no de luta livre, é utilizado um ringue em forma de um hexágono,
ou seja, um anel de seis lados e seis cantos. Segundo os projetistas, os oitos
lados utilizados no MMA não favorecem nenhuma especialidade marcial,
deixando a luta com nível justo para os oponentes.
— Nosso cara está mandando bem. — Sam diz ao meu lado, mas eu
não posso tirar os olhos de cada movimento de Jordan.
As organizações de MMA funcionam da seguinte forma, são com
três assaltos de 5 minutos, e em caso de decisão de título e luta principal
com cinco assaltos de 5 minutos. Eu contava esses cinco minutos enquanto
assistia Jordan lutar, eu quase tive pena do seu oponente. Durante os
assaltos eu lhe dava dicas e o consertava, já que ele tinha rasgado o seu
supercílio.
Enquanto ele toma seu isotônico eu vou falando com ele.
— Você está ótimo, mas se mantenha focado na luta. Somente nela.
— Eu lhe digo antes que o sino toque novamente anunciando o próximo
round e assim eu fico indo e vindo durante as lutas, lhe passando conselhos
e lhe elogiando. Algo acontece com o ego da pessoa quando ela é elogiada e
é exatamente isso que queremos.
Quando o sino toca avisando que a última luta acabou eu estou
mole. Quando seus olhos intensos caem sobre mim depois de dar o último
soco eu estou totalmente sem ar. Jordan é realmente o destruidor de
calcinhas.

Quando as lutas acabam eu não consigo dizer uma palavra enquanto


somos levados em uma BMW para a casa de Jordan. Ele tem o supercílio
ainda mais cortado pelos outros socos que recebeu e seus músculos estão
tensos. Droga, eu precisarei tocá-lo. Assim que entramos em sua casa,
Jordan pega a minha mão e me leva pelas escadas sem dizer nada. Sua
adrenalina está no auge depois da luta. Eu tento dizer algo, mas ainda estou
trêmula de vê-lo assim. Depois da luta ele não quis tomar um banho lá
então eu podia sentir o seu cheiro misturado com o suor e sangue.
— Jordan você precisa tomar um banho gelado e...
As palavras saem de mim quando ele me puxa para dentro do seu
quarto e me coloca contra a porta.
— Diga que também me quer. — Ele pede colocando seu rosto a
centímetros do meu.
— Eu...
— Não minta, porra. — Ele rosna e eu nunca o vi tão sério assim,
no pouco tempo que eu o conheço. — Você tem noção de como foi difícil
me manter concentrado na luta com você pulando com esses melões? —
Ele pega o meu seio direito com a sua mão e dá um aperto de leve. Eu estou
tão molhada que poderia salvar um país de uma seca.
— Jordan...
Ele toca o meu nariz com o seu.
— Diga sim. Por favor. — Implora me olhando com os seus olhos
de uísque.
— Eu... si...
Uma batida atrás de mim me faz congelar.
— Jordan? — Meu coração acelera ao ouvir a voz de Kristen atrás
da porta. — Os caras me falaram que você está aqui com Kath. Está
recebendo uma massagem?
Eu tento sair de perto dele, mas sua mão se mantém firme em meu
seio. Eu o empurro de leve tentando conseguir espaço para sair, mas ele se
nega. Meu corpo roça no seu e eu posso sentir a sua masculinidade contra a
minha barriga.
— Nem pense que isso acabou. — Ele rosna de leve mordendo o
nódulo da minha orelha antes de se virar caminhando até o seu banheiro.
Ainda ofegante eu tento me controlar e abro a porta para Kristen que
me olha um pouco surpresa.
— Ele está tomando banho. Eu estava preparando as coisas. — Digo
deixando a porta aberta e pegando a minha bolsa que caiu no chão.
Retiro de dentro dela um óleo de arnica para massageá-lo e um kit
de primeiros socorros para consertar o seu supercílio.
— Com a porta fechada? — Ela pergunta descrente.
— Ele não tem muita noção da sua força depois da luta, acho que
ele só queria encostá-la. — Minto sem olhá-la, ajeitando os travesseiros. —
Eu não te vi na luta.
Kristen parece realmente desconfortável de estar no mesmo cômodo
que eu e isso dói. E eu quase aceitei transar com o cara que ela gosta. Que
tipo de irmã eu sou?
— Não gosto muito de ir a lutas. — Ela responde, mas então
completa ácida. — Jordan se distrai muito fácil.
Eu não posso culpá-la de estar com raiva de ter encontrado seu
namorado num quarto de porta fechada com outra mulher.
A porta da suíte se abre e Jordan sai somente com uma toalha na
cintura bem abaixada. Mostrando seu maravilhoso V.
— Katherine como quer que eu fique?
Meus olhos se arregalam.
— O que?!
Ele sorri de lado e eu posso ver o contorno do seu cumprimento
contra a toalha branca. Do modo que ele está, Kristen só pode ver suas
costas e de certa forma eu gosto disso. Eu precisava ficar longe dele. Jordan
era como um veneno num frasco bonito que a gente não poderia deixar de
querer.
— Para a massagem. — Ele esclarece.
— Ah, sim. Claro. Certo. — Aceno tentando olhar só para seus
olhos. — Sentado, você não está muito machucado.
Ele se senta na ponta da cama e eu me aproximo um pouco.
— Quer ver o supercílio agora ou depois da massagem?
Ele abre a boca para dizer algo, mas Kristen diz primeiro.
— Eu coloco um curativo e limpo o ferimento enquanto você faz
suas coisas.
Eu aceno pegando o óleo e colocando sobre minhas mãos, em
seguida as esquentando antes de colocar minhas mãos sobre os longos e
fortes ombros. Assim que meus dedos tocam sua pele ele relaxa um pouco.
Em nenhum momento eu olho para Kristen enquanto trabalho nos seus
músculos duros. Depois de tirar os nós de seus ombros e suas costas, eu
pego suas mãos e trabalho nelas.
Kristen já acabou o curativo, mas só se afasta para buscar isotônicos
e águas para ele. A massagem de reabilitação não é algo que se pode
apressar mesmo eu querendo correr para o mais longe possível de Jordan.
— Já acabamos por hoje. — Eu não olho para nenhum dos dois
enquanto me levanto recolhendo as coisas. Finjo que não vi o pau duro de
Jordan dentro da toalha enquanto eu acariciava suas mãos e finjo também
que não foi para mim.
— Gostou da luta, treinadora?
Ele quer seriamente conversar agora?
— Sim, você foi ótimo. — Respondo tentando ser o mais
profissional possível. — Se está tudo certo é melhor eu ir. Se mantenha
hidratado e coma uma refeição completa depois de tantas calorias que
perdeu hoje. Amanhã eu passo um feedback para você.
Ele acena com os seus olhos digitalizando cada parte do meu corpo.
Eu estava usando hoje uma regata preta com jeans escuros e saltos altos
para fazer uma presença, não era uma roupa considerada sexy, na verdade
eu estava mais vestida do que todas as mulheres do Underground juntas.
Mas o jeito que Jordan me olhava era como se eu estivesse nua.
— Boa noite. — Digo quando abro a porta e escuto Jordan
chamando meu nome novamente. Respirando fundo eu me viro para ele. —
Sim?
— Te vejo amanhã cedo no jato.
Droga, amanhã passaremos horas juntos dentro de uma lata
flutuante. Simplesmente maravilhoso.
— Até amanhã. — Respondo fechando a porta depois que saio por
ela.
Desço as escadas e vejo os meninos na sala, olho o meu relógio e já
são quase quatro da manhã.
— O cara está pronto para outra. — Brinco e eles sorriem de leve.
— Normalmente Kristen não vem depois da luta. — Sam começa e
eu paro os meus passos sabendo onde ele quer chegar. — Jordan queria que
você...
— Sam, do mesmo jeito que eu respeito vocês eu também quero
respeito. Minha relação com Jordan é totalmente profissional e vacas irão
voar antes que eu durma com ele, estão me ouvindo?
Eles têm a decência de parecerem envergonhados. Saindo de lá eu
ainda estou trêmula. Tomo um banho gelado, mas nada me acalma. Preciso
dormir, às nove horas precisamos estar no jato para Denver. Quando me
deito, na minha cama, o meu celular toca, é Jordan. Eu desligo o celular e
fico olhando para o teto até que quando o sol entra pela janela eu consigo
tirar um cochilo e nem preciso dizer com qual lutador eu sonhei.
Quando entro no jato particular as quinze para as nove eu estou
quase dormindo em pé de tão cansada. Normalmente eu durmo de seis a
sete horas por noite, mas duas horas é pouco até para mim. Planejo tirar um
cochilo enquanto estamos no avião por dois motivos: Não quero falar com
ninguém e preciso estar disposta para quando chegarmos. Jordan irá
precisar da treinadora dele.
Onde meu pai estava com a ideia quanto sugeriu que eu fosse uma
treinadora, eu não sei, mas precisava fazer a vontade dele. Ambos os meus
pais me deixaram ir quando eu pedi, mesmo que doesse neles. Eu precisava
fazer isso por eles e talvez por mim também. Mamãe fala que o tempo cura
tudo, mas já se passaram anos desde o que aconteceu e o jeito que Kristen
me olha acaba comigo toda vez.
O jato é puro luxo, e eu reparo melhor quando estou andando até o
fundo, o mais distante possível de todos. Murmuro um bom dia para eles,
que conversam com o piloto lá na frente, e corro para trás sem querer abrir
minha boca até chegarmos em Denver. Puxo os meus fones de ouvido
colocando minha playlist romântica-depressiva e rapidamente caio no sono
encolhida numa poltrona macia. Em alguma parte do voo o jato passa por
uma leve turbulência me fazendo acordar então eu percebo três coisas: a)
tem um corpo quente agarrado ao meu fazendo cafuné na minha cabeça. b)
estou sem um lado do meu fone de ouvido e c) estou deitada numa cama.
— Shi, volte a dormir. Foi só uma turbulência.
Com um cafuné digno de um prêmio eu atendo ao pedido do lutador
e volto a cair dos braços de Morfeu, isso se o lutador me soltasse antes.
6
JORDAN

Situações extremas para metidas extremas, certo? Meu pau precisa


de uma medida extrema já! Durante a luta eu mal conseguia me controlar,
eu sentia seu olhar em mim a cada movimento meu e a cada olhar que eu
lhe roubava via seus dois melões pulando enquanto ela comemorava cada
soco meu. Se há sensação melhor que isso eu ainda não tive.
Quando a coloquei contra a parede, literalmente, eu não imaginava
que ela iria aceitar. Porra, eu consegui ouvir o sim saindo dela. Algumas
pessoas podem achar que era a testosterona no auge, junto com outros
hormônios por causa da luta, mas eu já me sentia assim desde que a vi pela
primeira vez. Só de pensar em suas curvas eu já fico duro. Tenho quase
noventa e nove por cento de certeza que se Kristen não nos tivesse
interrompido Katherine seria minha agora.
Quando ela fugiu de mim assim que entrou no jato eu sabia que ela
estava tão mexida quanto eu. Me aproximei depois que avião fechou as
portas e me mantive ao seu lado. Era como um imã que fez ela se arrastar
para o meu lado como um gatinho. Provavelmente ela dormiu tão pouco
quanto eu. Depois que ela foi embora qualquer ereção que eu tinha acabou,
Kristen é uma grande amiga, mas ela estava sendo um pé no saco ao querer
que eu narrasse toda a luta para ela enquanto eu queria estar em outro lugar.
Katherine estava encolhida nos meus braços e eu sabia o quando
suas costas doeriam depois que ela acordasse, afinal, ela não era uma
mulher tão pequena, deveria ter pelo menos um e setenta e cinco. Ao meu
lado ela continuava pequena, mas era quase do tamanho de Sam.
— Senhor, seu quarto já está preparado como o senhor gosta. — A
aeromoça diz com um sorriso safado para mim. Se fosse em um outro dia
eu não pensaria duas vezes antes de ir para trás com ela, eu já havia ido
várias vezes, mas agora...
— Obrigado.
Pego Katherine nos braços vendo a surpresa da aeromoça antes de
me dirigir para o quarto. A cama é macia e Katherine se estica nela sem
acordar. Retiro seus sapatos e massageio os seus pés, ela tem uma
tornozeleira de ouro com um pingente de uma luva de boxe. Me deito ao
seu lado querendo dormir somente um pouquinho nos seus braços e paro
para pensar como seria tê-la em meus braços todas as noites.
Poucas horas depois eu acordo e reparo que estou sozinho na cama.
Me levanto colocando os meus tênis e em seguida saio do quarto. Vejo
Katherine rindo com Sam e Sirius e fico irritado por não ter sido convidado.
— Mas eu já tive meus tempos de rebelde. Quando entrei na
faculdade eu saía todas as noites, não sei como conseguia ir para as aulas na
manhã seguinte. — Ela ri de leve enquanto eles a escutam. — Uma vez eu
fiquei tão doida que fiquei pelada numa festa e pulei na piscina. — Ela ri
alto. — A minha sorte é que todos estavam tão bêbados como eu e não
tiraram fotos.
— Que bonito. — Respondo me sentando ao seu lado. — Quer dizer
que a miss certinha teve seus tempos de rebelde.
Ela me olha com seus lindos olhos de chocolate.
— Todos nós tivemos. — Dá de ombros e eu sorrio.
— Conte-me mais aventuras.
Ela parece pensar um pouco então abre um sorriso grande.
— Eu espanquei o ex-namorado da minha melhor amiga quando o
vi pela primeira vez.
Sirius ri alto e todos acompanhamos. Fico imaginando a cena dela
batendo num homem com o dobro do seu tamanho e uma sensação de
orgulho me atinge. Katherine não precisa de um herói para salvá-la, ela é
sua própria heroína.
— Conte isso direito, por favor, com todos os detalhes de
preferência. — Sam implora secando as lagrimas nos olhos.
— Bem, quando eu fui para Nova Iorque eu não conhecia ninguém.
Entrei num bar perto do campus e fui encher a cara para esquecer tudo. —
Ela limpa a garganta. — Lá eu conheci Tinna que estava tão na merda
quando eu. Seu namorado havia a deixado e ela estava sem onde morar. Nós
passamos a noite inteira enchendo a cara e eu a convidei para dividir o
apartamento comigo.
— Tinna a nutricionista que contratamos? — Sam pergunta e
Katherine assente.
— Sim. Ela é maravilhosa. — Ela sorri ao lembra-se de sua amiga.
— Aí fui ajudá-la com a mudança, fomos lá na casa do seu ex que era um
bosta e ele começou a xingá-la. Ele não soube de onde vieram os socos até
ser tarde demais, a próxima coisa que ele viu foi o chão.
— Nem fodendo que você o nocauteou! — Sirius exclama surpreso.
Eu coloco meu braço pelo ombro de Katherine que fica tensa na
hora.
— Nossa treinadora é fodona. — O clima se alivia e ela relaxa nos
meus braços.
Entre risos e brincadeiras nós nos conhecemos mais, Katherine é
realmente uma caixinha de surpresa, se eu já a achava bonita, agora também
acho ela inteligente, gentil, forte e destemida. Um pacote completo de
mulher dos sonhos.
O ar quente de Denver bate na gente assim que as portas do jato se
abrem, eu seguro a mão de Katherine a ajudando a descer as escadas e ela
não reclama. Vejo de longe alguns paparazzos e suspiro. Pelo bom humor
de Katherine ela ainda não viu as matérias e os assuntos do Twitter sobre a
luta de ontem e eu quero mantê-la no escuro tanto quanto possível.
Entramos no aeroporto esperando a sua amiga chegar já que seu voo
já devia ter pousado vinte minutos antes de nós. Katherine está nervosa e
feliz por ver sua amiga, uma ligação que eu não a senti ter com sua irmã.
— Kath?
Uma pequenina mulher a abraça apertado.
— Que saudade de você sua piranha! — Exclama fazendo Kath rir.
— Aproveitou um pouco das férias?
Tinna sorri maliciosa para ela antes de olhar para Sam e Sirius,
então ela olha para mim e suspira.
— Tenho certeza de que vou aproveitar agora. — Seu olhar não é
malicioso para mim, mas ela me checa por completo. — Estou no paraíso
de qualquer nutricionista. Olha esse corpo!
Katherine ri alto e Tinna perde o sorriso.
— Você já viu suas redes sociais de ontem pra hoje?
Eu tento fazer sinal para ela não falar, mas Katherine retira o seu
celular do bolso e arregala os olhos quando o liga e vê uma série de
notificações.
— Não acredito. — Ela ofega.
Durante a luta todos ficaram sabendo que Katherine era a filha de
Blake e que estava assumindo o meu treinamento, eu sabia que daria merda,
mas não esperava que eles achariam o Instagram dela a fazendo ficar com a
fama de Treinadora Gata. Fizeram algumas matérias dizendo que ela
poderia ser a minha namorada e o posto de treinadora era um disfarce, saiu
também que ela era uma garota de programa me acompanhando durante as
lutas. No Twitter os meus fãs não perdoaram me marcando em várias
publicações.
— Você precisa fazer alguma coisa. — Ela diz me olhando enquanto
caminhamos até uma limusine que estava a nossa espera. Eu estou levando
a sua mala e ela está tão pasma que nem repara nisso.
— Eu vou fazer. — Afirmo.
Nós entramos no carro e o clima está tenso. Mas faço questão de me
sentar ao seu lado. Ela está abrindo um KitKat emburrada com a situação.
Durante essa semana nenhuma vez eu a vi comendo chocolate, na verdade
eu não a vi comer nada que não fosse saudável e isso quer dizer que ela
realmente está chateada. Sam já está ao telefone dando uma nota para uma
revista, mas eu não acho que é o bastante. Saco o meu celular e entro no
meu Instagram.
— Dá um sorriso. — Peço e ela me olha fazendo um bico zangada
como se não acreditasse que eu queria uma foto agora enquanto eu faço
uma cara triste.
Na legenda eu escrevo:
‘’Essa é a cara da minha treinadora quando vê notícias falsas sobre
ela e essa é a minha quando ela se vingar me colocando para treinar o
dobro!
É preciso saber a hora de parar de dizer mentiras a respeito de uma
pessoa tão boa e legal como a Katherine. Não vou dizer que ela seria a
minha primeira escolha de treinadora, mas posso dizer que não me
arrependo de tê-la ao meu lado. Treinador Blake que me desculpe, mas sua
filha está saindo melhor do que a encomenda :P Nunca estive me sentindo
tão pronto para as lutas como agora. Obrigada Kit Kat por acreditar em
mim e me dar a honra de ser treinado por você’’.

Posto marcando o Instagram dela junto. Na mesma hora vem uma


série de comentários, em sua maioria aceitando enquanto outras fãs malucas
a chamam de coisas ofensivas. Faço questão de responder vendo de canto
de olho Katherine lendo. Passo o restante do caminho de carro até o hotel
respondendo comentários e sorrio quando vejo algumas meninas dizendo
que irão criar um fã clube para Jortine.
— Obrigada. — Ela sussurra quando os outros já desceram do carro.
Então me dá um beijo na mandíbula.
— Não tem de que, Kit Kat.

— Direto! — Katherine grita do outro lado na academia do hotel


que foi fechada para o nosso treino. — Cruzado!
Quando chegamos ao hotel eu ameacei Sam e Sirius se eles não
fingissem que era normal eu ter nos colocado numa suíte com três quartos.
Eu queria ficar com Katherine o mais próximo de mim. Seu quarto com
Tinna era ao lado do meu enquanto os caras dividiam outro. Depois de
instalados nós descemos para a academia do hotel e eu estava tentando me
concentrar enquanto Katherine fazia ioga com a porra daquelas calças
apertadas que deixavam pouco para imaginação. Eu podia dizer que ela
estava sem calcinha se não fosse pela porra de um lacinho rosa que estava
aparecendo a partir de sua posição.
— Não estou ouvindo sons de socos! — Ela cantarola então levanta
o olhar para mim perdendo seu equilíbrio e caindo.
Eu não posso evitar, caio na gargalhada. Katherine se levanta
bufando algo e vai colocar ataduras em suas mãos e em seguida um par de
luvas de boxe extras.
— Se você está rindo é porque não treinou o suficiente.
Perco o meu ar quando ela se aproxima de mim com as luvas em
mãos. Porra, meu sonho molhado está se realizando.
— Vai lutar comigo? — Dou um sorriso de lado.
Ela dá de ombros.
— Se você não tivesse dispensado Sirius hoje teria com quem
treinar.
Nem fodendo que eu iria deixar Sirius vendo-a se alongar com essa
roupa apertada marcando todo o seu corpo.
— Tudo bem.
Ela começa a trotar e eu perco o meu raciocínio. Seus seios saltam
de leve chamando a minha atenção para eles. Nem percebo o soco vindo até
ser tarde demais.
— Que porra?
Ela bufa.
— Mantenha a guarda.
Me rodando ela me acerta alguns socos e jabs de leve e eu respondo
de volta. Ela consegue se defender da maioria dos socos e eu sei que se
fosse uma luta de verdade ela me daria mais trabalho que alguns lutadores.
Ela me lança então uma série de socos e puxa minha perna me fazendo cair.
Eu paro qualquer movimento quando ela monta em mim, eu posso
sentir completamente o seu corpo quente contra o meu e é por isso que eu
não me defendo do Ground and Pound que vem a seguir. Esse golpe é
quando um lutador fica por cima — montado — e praticamente finaliza o
combate com socos diretos no rosto do adversário.
Eu consigo sair do golpe, mas ela me finaliza com uma chave de
braço e não consigo evitar o gemido que sai de mim ao sentir meu
antebraço preso entre as suas pernas.
— Está machucando? — Ela pergunta com a voz falha puxando o
meu braço mais forte me fazendo trincar meus dentes. Ela é boa.
— Faça seu melhor, Baby.
Ela me solta e fica de pé para continuarmos a luta em pé. Me
levanto com um salto e sorrio de lado para ela. Katherine não está para
brincadeira e me acerta um soco cruzado que me deixa tonto, eu aproveito
para levarmos a luta até o chão novamente. Consigo montar o seu quadril
num Ground and Poud como o que ela fez comigo, mas ao invés de
distribuir socos eu pego as suas mãos e coloco para cima.
Katherine olha para a minha boca e morde seu lábio como se só
estivesse esperando eu tomar a atitude. Uma gota de suor desce pelo meu
queixo e cai sobre o seu decote me fazendo olhar seus seios duros
apontando pela roupa.
Eu estou me preparando para beijá-la quando ela se curva perdendo
o ar e fazendo uma careta de dor. Meu estomago roda e eu estou ao lado
dela, será que eu a machuquei com meu peso? Começo a me desesperar
quando a sua face fica pálida.
— Katherine está tudo bem? O que houve?
Ela olha para mim ainda com a cara de dor, mesmo tentando
disfarçar.
— Essa agitação toda me deu cólica. — Ela tenta parecer forte, mas
eu sei o quando deve doer. Minha irmãzinha tinha cólicas tão fortes que às
vezes eu precisava levá-la ao hospital.
Retiro as minhas luvas e em seguida as suas a ajudando a ficar em
pé. Ela fica, mais curvada.
— Vá treinar com o saco de velocidade. — Ela me olha tentando
ficar ereta. — Vou tomar um remédio, você pode terminar sem mim?
— Porra nenhuma que eu vou ficar aqui sem você.
Vamos juntos para o elevador e eu fico ao seu lado sentindo o cheiro
dos seus cabelos. Eu não sei o porque as mulheres fazem isso, elas usam
creme e essas coisas com cheiro de frutas que só as deixam mais apetitosas
para nós. Kath tem os cabelos com um leve cheiro de chocolate, como os
seus olhos. Enquanto o elevador sobe eu mando uma mensagem para Sirius
que está aproveitando a folga que eu lhe dei na rua.
Abro a porta da nossa suíte e posso sentir um cheiro delicioso de
comida, a sala da suíte tem uma cozinha americana onde vejo Tinna
preparando algo enquanto conversa com Sam.
— Vocês chegaram cedo. — Ela diz então olha Katherine
caminhando para o quarto delas, na certa para buscar o remédio. — Tudo
bem com ela?
— Ela está morrendo de cólicas.
Sam tosse um pouco vermelho com a minha afirmação e Tinna o
ignora.
— Coitada, Katherine sente muita dor. O anticoncepcional diminui
um pouco a dor, já fazia meses que ela não tinha cólicas tão fortes.
— O que eu posso fazer? — Pergunto me sentindo impotente
enquanto ela está do outro lado da porta com dores.
— Uma compressa quente, filmes e chocolates resolvem o
problema. — Brinca piscando para mim antes de voltar a cozinhar. Sam só
tem olhos para ela.
Peço para ela esquentar uma compressa enquanto espero sem ter
mais nada o que fazer para ajudá-la. As mulheres sofrem tanto com diversas
coisas e nós nem damos valor. Cólicas, menstruações, variações de humor,
assédios, agressões, ganham menos que os homens, são repreendidas, entre
muitas outras coisas. Deus fez certo em me fazer homem porque se eu fosse
mulher já estaria na cadeia por bater em geral.
Tomo um banho rápido para acabar com o suor e quando saio do
meu quarto escuto a porta da frente sendo aberta. Sirius entra com um saco
de KitKat que eu havia pedido para ele comprar, sabia que ela ia gostar.
Sem respondê-lo eu pego o saco, a compressa e saio ouvindo os três rindo.
Paro na porta do quarto de Katherine e fico na dúvida se bato na porta ou
entro direto. Decido pela última, talvez ela esteja dormindo.
Coloco a minha cabeça para dentro e a vejo esticada na cama com o
braço tampando a sua visão. Está vestindo uma calça de moletom e uma
regata sem sutiã, eu mantenho meus olhos para cima, para não a deixar
desconfortável.
— Kit Kat?
Ela tira o braço do rosto e eu sorrio levantando o saco e a
compressa. Me aproximo e coloco a compressa na sua barriga e ela solta
um suspiro de alivio.
— Já tomou o remédio? — Pergunto pegando seu pé e começo uma
massagem, não há muito que eu possa fazer por ela agora.
— Não precisa! — Ela tenta puxar o pé, mas está com muita dor
para movimentos bruscos.
— Não tem problema. — Respondo pressionando mais o pé e ela
geme com a massagem. — Já tomou o remédio? — Repito a pergunta e ela
acena. — Bom.
Ela fica me olhando enquanto eu acaricio os seus pés e quando ela
relaxa eu pego o controle da tevê e me deito ao seu lado a puxando para se
deitar no meu peito. O cheiro dos seus cabelos molhados é quase tão
delicioso quanto ela.
— O que está fazendo?
— Vendo um filme com você. — Respondo e coloco um filme
chamado Simplesmente Acontece.
Katherine não reclama e eu a olho.
— O que? Eu gosto desse filme. — Ela responde me dando um
pequeno sorriso.
— Você já viu? Podemos escolher outro?
Ela nega e foca a sua atenção no filme. Me divirto com o começo e
rio junto com ela pelo lance da camisinha ficar presa dentro da menina.
Estico a minha mão e pego um Kit Kat dentro do saco e dou para ela.
Katherine me olha como se eu tivesse lhe dado a porra de um diamante.
— É o meu chocolate preferido! — Exclama e sorri para mim. —
Obrigada.
— Tem um saco grande deles aqui. — Balanço o saco plástico
fazendo-a lamber os lábios sem perceber.
Ela parte o Kit Kat e pega uma tira a devorando com prazer, como
tinha feito antes no carro, quando estava chateada. Me sinto ficar duro e
tento focar minha atenção no filme, mas isso se torna impossível.
— Você quer um? — Ela oferece lambendo os lábios.
— Não, pode mandar ver treinadora.
Ela levanta uma sobrancelha para mim.
— Estou sendo uma péssima treinadora comendo chocolate na sua
frente quando você não pode?
Eu passo o meu dedo pelo canto do seu lábio onde tem um farelo do
doce e o coloco na boca.
— Prefiro olhar você comer. — Suas bochechas coram antes dela
voltar a sua atenção para o filme.
Acaricio seus cabelos e ela relaxa ao meu lado, posso sentir que ela
fica tensa às vezes e imagino que sejam as cólicas. Em pleno século vinte
um ainda não inventaram métodos para nunca ter cólica? Tipo, nunca
mesmo.
Nós estamos com os corpos colados e se encaixando perfeitamente.
No meio do filme ela adormece e eu continuo vendo o filme, até que é
interessante. Quando o filme está no final Katherine acorda e passa a mão
pela boca vendo se não tem baba seca e eu finjo que não vi.
— Acabei dormindo. — Ela diz com a voz rouca. — A melhor
parte.
O filme acaba e eu fico olhando para a tela ainda tentando assimilar
o que aconteceu.
— Gostou do filme? — Me pergunta ao mesmo tempo que eu digo.
— Está melhor?
Ela sorri se sentando e eu percebo que os bicos de seus seios estão
marcando através da blusa.
— Sim, o remédio fez efeito. O chocolate também ajudou, obrigada.
— Ela pisca.
— Eu gostei do filme. — Respondo a sua pergunta. — Só acho que
foi burrice eles perderem tanto tempo quando se tivessem sido sinceros já
estariam juntos há muito mais tempo.
Katherine parece surpresa com a minha observação, mas logo se
recupera.
— Bem, você está certo. Mas quem sabe o que teria acontecido se
eles tivessem ficado juntos desde o começo, poderiam ter se separado ou o
amor acabado.
— Ou poderiam ter vivido felizes para sempre.
Ela engoliu seco e desviou o olhar de mim.
— Vou me deitar mais um pouco, você deveria ir treinar com Sirius.
Eu abro a boca para falar que eu queria ficar com ela, mas Katherine
foge entrando no banheiro e fechando a porta. Ela sabe tão bem quanto eu
que temos algo, e eu não tenho certeza se é só desejo ou algo mais. Mas eu
pretendo descobrir.
7
KATH

Tenho que me manter no controle antes que eu acabe atacando um


certo lutador. Quando senti seus braços por volta de mim foi como o
paraíso, mas o paraíso pode se transformar no inferno num piscar de olhos.
Eu sei bem disso. Por isso me afastei dele, mesmo que minha vontade fosse
agarrá-lo e fazê-lo meu. A cólica me afastou pelo resto dos dias de Jordan,
ele não sabia como agir comigo e eu me aproveitava disso, o treinava de
longe e só o tocava para fazer meu trabalho, era melhor assim.
Hoje é a sua luta e finalmente a minha cólica e menstruação
acabaram e eu já me sinto eu de novo. Nossa última noite em Denver. Não
pude sair para curtir com Tinna por causa da cólica e fiquei triste com isso.
Tive que expulsá-la toda noite para sair com Sirius e Sam. Jordan dizia que
não tinha vontade de sair e ficava comigo, vimos alguns filmes ou só
ficávamos cada um no seu celular. Ele era tentador demais para eu manter
uma conversa sem pensar como seria montá-lo novamente ou como meu
corpo ficaria pequeno debaixo dele, como no ringue.
— Você hoje não vai fugir de mim Kath, depois da luta vamos sair
para festejar. — Tinna exclama saindo do quarto comigo atrás dela
terminando de colocar meu brinco.
Tinna ontem saiu com Sam e Sirius e voltou com camisetas
customizadas com a cara de Jordan, ela comprou uma para mim e eu estou
vestindo hoje assim como ela e os caras. Sam tirou os seus ternos e está
vestindo a camiseta e jeans, um milagre.
Eu hoje quis estar bonita, depois de passar a semana inteira horrível
e cheia de dor eu preciso de olhares apreciativos. Vesti uma saia preta
rodada de couro com botas até o tornozelo e para completar a camisa que
Tinna me trouxe, era de ombro caído mostrando parte do meu sutiã de renda
preta. A foto era de Jordan na gaiola do UFC com os braços levantados e
gritando, uma foto que tinha tanta emoção.
— Sim, eu vou rebolar até o chão e fazer lap dance no primeiro que
me pagar uma bebida. — Ironizo e me preparo para rir quando escuto uma
respiração atrás de mim.
— Porra. — Jordan diz e eu me arrepio. — Não brinque com isso
Kit Kat.
Me viro pronta para lhe dar uma resposta divertida, mas paro
quando vejo a sua expressão. Ele está me comendo com os olhos. Não. Me
devorando. Seu olhar intenso passa dos meus pés e param na minha cabeça.
Ele passa a mão pela boca como se estivesse secando uma baba antes do
seu olhar subir para o meu rosto.
— Kit Kat... só porra.
Eu rio divertida, nunca deixei alguém sem palavras antes. Sinto o
meu ego subir lá em cima. Ele começou a me chamar de Kit Kat quando me
viu comer um quando houve o lance das notícias depois da primeira luta. E
estranhamente eu gosto que ele me chame assim.
— Você não pode sair assim. — Pronto, meu sorriso sumiu.
— Como é que é?
Ele passa a mão pelo rosto como se estivesse tentando se orientar.
— Não vou conseguir me concentrar nas lutas pensando que algum
filho da puta está pensando em você nua.
Escuto a risadinha de Tinna no outro lado da sala e eu coro. Não
estou sendo profissional nesse momento, e nem ele.
— Jordan eu vou com essa roupa e você vai ganhar essa luta para
que eu e Tinna possamos sair para comemorar, então pare de ser infantil!
Ele me olha dos pés a cabeça novamente.
— Não saia de perto de Sirius e Sam. — Então se vira caminhando
para a porta.
— Você esqueceu que eu posso colocar a bunda de qualquer pessoa
no chão, sem ajuda! — Grito irritada por ele duvidar que eu fosse capaz de
me defender.
Ele para e me olha tentando entender o que eu estou falando então
abre um sorriso.
— Não duvido que não seja capaz, mas você lutar quer dizer que
tem a chance de algum filho da puta ver a sua calcinha.
Ele passa pela porta e eu fico lá parada por um instante.
— Nossa Kath ele é tão quente e está de quatro por você!
Olho para Tinna.
— O que acabou de acontecer aqui?
Ela sorri de lado com as bochechas coradas.
— Simples, vocês só acabaram de ter uma preliminar muito estranha
e não vão aguentar muito antes de acabarem lutando na cama.

Fico olhando a ringue Girl desfilar pelo octógono com uma placa de
segundo round e evito bufar. Ela está claramente interessada em Jordan e
isso me irrita de tal maneira que eu preciso me controlar para não subir no
octógono e bater com a placa nela. Fico pensando em como era para ele no
UFC, o assédio das fãs que era ainda maior lá, na internet não tem nada
sobre o porquê ele saiu do UFC no auge da carreira e voltou para o
Underground.
O sino toca e eu fico olhando cada movimento do seu concorrente,
ele não é habilidoso e isso é um eufemismo, ele é desleixado. De que
adianta ter a força se não sabe usá-la corretamente. Já está ofegante depois
de cinco minutos do primeiro round enquanto Jordan está respirando
normalmente.
— Essa luta já está no papo. Festa! — Tinna grita animada e eu rio.
De repente eu fico séria. O concorrente lhe dá um golpe no queixo e
em seguida uma série de golpes na barriga ao mesmo tempo em que o sinal
toca. Não tem como Jordan não ter visto esse golpe chegar, qualquer pessoa
que não entende de luta saberia se defender e até mesmo contra-atacar.
— Acho que ele não gostou de saber que você vai sair quando ele
ganhar Kath. — Sirius sussurra para mim e minha garganta se forma numa
bola.
Ele está seriamente apanhando para eu não sair? Saio do meu lugar
e vou até ele com uma toalha e uma garrafa de água em mãos. Vejo que do
outro lado o treinador do concorrente o elogia como se tivessem acabado de
ganhar um milhão de dólares.
— O que porra você está fazendo? — Mantenho a minha voz baixa,
mas cheia de raiva.
Jordan vira para mim depois de secar o rosto com a toalha, tirar o
protetor de boca e beber um gole da água.
— Não sei do que você está falando. — Responde, mas seu olhar é
divertido.
Minha barriga da uma volta. Ele não devia ser tão sensual suado e
machucado, mas ainda assim era. Ele nem finge me ouvir falando sobre seu
oponente, parece fascinado pelos meus seios.
Ele não vai fazer o que eu peço como treinadora. É, medidas
extremas para situações extremas. Aproximo a minha boca da sua orelha,
meus cabelos tampam o que eu falo no seu ouvido.
— Se você ganhar essa luta eu vou ficar tão molhada...
Não consigo nem terminar de falar, o sino toca e eu entrego o seu
protetor de dentes então pego a toalha e a garrafa de água vazia.
— Ele tem ponto fraco com o rosto. — Dou três tapas pesados no
seu peito antes de descer voltando para o meu lugar.
De onde estou vejo Jordan ainda parado com o que eu disse. Isso até
que ele olha para mim intensamente. A marca da minha mão está no seu
peito direito e eu sorrio. Quando o sino toca de novo a luta recomeça e
Jordan não perde tempo dando uma sequência de socos e chutes que me
deixam orgulhosa. O seu combatente tenta levar a luta para o chão, mas ele
não consegue me fazendo vibrar.
— O que você disse pra ele? — Sirius me pergunta, mas eu não tiro
o olhar de Jordan.
— Só o que ele precisava ouvir. — Respondo.
Ele ri alto.
— Então você vai dormir com ele?
Minha ficha cai da minha ação não profissional, eu dei a entender
que dormiria com ele e apaguei a linha que nos separava. Quando a luta da
noite acaba eu estou com a cabeça longe. Sigo Tinna e os caras para a sala
de Jordan e quando entro dou graças a Deus por não o ver. Ele está tomando
um banho. Tinna me olha e parece perceber o que eu estou sentindo. Eu
havia prometido a mim mesma depois de tudo que aconteceu que eu não me
envolveria com nenhum lutador.
Jordan entra na sala e seus olhos caem para mim, que desvio como a
covarde que eu sou.
— Vamos para casa. — Ele diz sorrindo para os caras. — Essa luta
foi moleza.
Eu vejo o seu sorriso, mas consigo ver a decepção dos seus olhos. O
caminho de volta para o hotel é silencioso, todos parecem perceber o clima
estranho que está e ninguém diz nada. Entramos e eu o sigo para seu quarto,
além de precisarmos conversar eu ainda tenho que fazer a sua reabilitação.
Pego na mesa um óleo de arnica e sem dizer nada eu massageio suas costas
tirando os nós, então o peito e por fim os braços. Estou tão ofegante quanto
ele, nós nos desejamos, mas não é tão simples assim.
Não sei bem como começar, só sei que preciso colocar os pontos nos
is antes que seja tarde demais.
— Não precisa ficar toda tensa ao meu lado Kit Kat, só precisa olhar
nos meus olhos e dizer que não quer ficar comigo. — Ele assegura, dando
de ombros.
— Esse é o problema. Eu quero isso. — Ele abre um sorriso e me
pega pela cintura me puxando para ele. Seus lábios estão a poucos
milímetros dos meus e eu posso sentir o seu hálito de bala de hortelã. —
Mas eu não posso.
Ele acaricia minha cintura com a ponta dos dedos calejados e eu
tremo. Digo a mim mesma que estou assim porque não tenho um homem há
muito tempo, mas meu corpo e meu cérebro sabem que é mentira.
Desde que o vi pela primeira vez sabia que ele seria um problema
maiúsculo. Ele parecia ter um imã que me atraia diretamente para ele, por
isso evitava falar sobre ele com meu pai ou a buscar informações na
internet. Jordan McKenna era tudo que eu precisava ficar longe, mas ainda
assim mal conseguia manter os poucos centímetros que afastavam nossos
lábios.
— Jordan a comida está pronta... — Sam entra no quarto e eu me
afasto de Jordan como se queimasse.
Eu aceno mal escutando o que Sam fala e fujo dali, tínhamos
decidido jantar e depois sairmos. Tinna já está sentada conversando com
Sirius, eu começo a caminhar para me sentar no banco ao seu lado, mas
Sam chega primeiro que eu se sentando. Mordendo a raiva me sento ao seu
lado, na ponta da mesa — ao meu lado — Jordan se senta com um
sorrisinho no rosto.
— Vamos comer, estou faminto!
Eu cruzo as pernas com suas palavras, eu e ele sabemos bem que ele
não está se referindo a comida. Ele se serve com uma montanha de
macarrão e lambe os lábios, um pensamento nada profissional vem na
minha cabeça imaginando a sua boca pelo meu corpo.
— Não vai comer Kit Kat? — Jordan pergunta lambendo os lábios.
— Não estou com tanta fome assim. — Dei de ombros e Jordan
fingiu uma tosse para ocultar o seu riso.
Depois de terminarmos de comer Tinna e eu fomos para o quarto
trocar de roupa, poderia ir assim, mas queria uma barreira a mais entre mim
e Jordan. Coloquei calças jeans escuras e apertadas com um cropped e a
mesma bota.
— Você sabe que não vai sair inteira essa noite, né? — Tinna
perguntou escondendo um sorriso.
— Que ele faça o seu melhor.
Tomara que ele não faça o seu melhor. Não tenho certeza se estou
pronta para ele. Quando entramos na limusine que nos levaria para uma
boate eu imaginava que Jordan tentaria alguma coisa e aí eu estaria pronta
para ele, só que eu não contava que ele me ignorasse. Nem um elogio eu
recebi, não posso dizer que fiquei feliz com isso porque seria mentira.
Talvez ele estivesse percebido a merda que acabaríamos fazendo ou então
ele prefere as meninas que ele tem. Fáceis e sem desafio.
— Vamos Kath! — Tinna me puxa para dentro da boate, recebo
alguns olhares, mas ignoro, o único olhar que eu quero, está me ignorando.
— Esqueça tudo e vamos curtir essa noite, já faz séculos que não saímos.
Merecemos esse tempo nosso!
Eu aceno, pois ela está certa. Já faz meses desde a última vez que
saímos, estávamos muito ocupadas estudando para as provas finais ou
trabalhando no clube. Olho para a área vip que estamos, Sirius já está
agarrado com uma dançarina que está só com roupas intimas minúsculas,
desvio o olhar para Sam que está com Jordan no outro lado da sala
conversando virados para a gente. Não tenho dúvidas que estão falando
sobre nós.
— Sim, vamos nos divertir. — A pego pelo braço e desço as escadas
com ela para a pista de dança.
— É assim que se fala!
Mexo o meu corpo com a batida da música, mesmo sem vê-lo tenho
certeza de que ele está me olhando. Ele quer brincar? Estou dentro. Pego
Tinna pela cintura e dançamos agarradas e rindo, me viro de costas para ela
e rebolo em seguida ela faz o mesmo comigo. Ela chega perto da minha
orelha e sussurra segurando o riso:
— Sam e Jordan estão a ponto de vir pra cá.
— Que bom.
Nós viramos e um par de caras se aproxima, aceito a mão de um e
vou dançar perto dele, mas com uma distância segura. Quando a música
muda para outra, eu me viro para procurar Tinna, mas ela está aos beijos
com o desconhecido. Sorrindo continuo a dançar até que sinto mãos em
minha cintura, depois de tanto massageá-las eu as conheço com perfeição.
— Está tentando me fazer ciúmes? — Sussurra no meu ouvido e eu
não respondo. — Pois está conseguindo. — Ele morde o lóbulo da minha
orelha antes de me soltar.
Olho para trás e vejo duas mulheres em seus braços dançando com
ele e minha raiva sobe. Ele só queria brincar comigo. Sempre assim. Saio
dali caminhando em direção ao banheiro para lavar o rosto e refazer a
maquiagem.
Quando entro me surpreendo ao sentir o cheiro fresco do banheiro,
com certeza ele vale o preço que pagam para entrar. Há uma faxineira ali e
depois de cumprimentá-la eu me olho no espelho reparando meu reflexo.
Cabelos castanhos claros com algumas mechas mais claras, olhos
castanhos, cintura fina, barriga trincada de tanto malhar, peitos medianos,
bunda média e uma boa altura.
Depois do que aconteceu a minha cabeça ficou meio pirada e eu
pensava que ele só estava comigo para brincar, mas então percebi que eu
sou bonita e tenho o meu valor, não preciso de macho para dizer se eu sou
ou não bonita. Estando gorda ou magra, eu me sinto bonita. Mas isso não
quer dizer que não doa ver uma pessoa brincando com você. Por que as
pessoas querem que as outras sofram?
A porta se abre eu não preciso me virar para vê-lo. Seu cheiro
masculino e forte incendeiam o cômodo.
— Kit Kat...
Me viro para ele sem reação.
— Essa brincadeira tem que parar.
Ele me olha por um momento e suspira. Jordan se vira para ir
embora, mas para no meio do caminho e eu começo a tremer.
— Quer saber? Foda-se.
Ele me puxa para ele e aproxima os lábios do meu, uma raiva me
bate quando eu sinto o cheiro de perfume de mulher nele e eu lembro das
duas meninas que ele estava dançando na pista depois de ter colocado as
mãos na minha cintura e sussurrado no meu ouvido como se eu fosse
especial. Sem pensar mais eu levanto meu joelho e acerto seu saco.
Escuto o ofego da moça no banheiro.
— Porra. — Ele grunhe colocando as mãos entre as pernas. Seu
rosto está vermelho e eu sei que ele está com dor.
— Não esquenta, a sua luta é só daqui a alguns dias. — Dou os
meus três famosos tapinhas nele e sigo para a porta do banheiro com o
coração despedaçado.
Era um misto de sensações, ao mesmo tempo que eu o queria eu
também não queria. Jordan mexeu com a minha cabeça e se eu desse espaço
não duvidaria que ele mexeria com o meu coração, só para quebrá-lo depois
como a maioria dos lutadores.
Mal chego ao corredor quando uma mão agarra o meu braço e fico
surpresa de Jordan estar em pé. Ele acaricia meu rosto com as pontas dos
dedos e eu fico paralisada.
— Eu sei que você está com medo de que isso acabe mal, mas uma
vez que você for minha eu nunca a deixarei ir. Não prometo não lhe ferir,
mas prometo nunca fazer algo que intencionalmente te machuque.
Então seus lábios estão no meu e eu perco qualquer raciocínio.
Coloco as mãos nos ombros de Jordan, para me equilibrar, e retribuo o beijo
com a mesma paixão. Todo o sentimento e desejo que tínhamos acumulado
estava sendo passado através de um beijo. Um toque. Suas mãos calejadas
passaram por minhas costas enquanto sua língua brincava com a minha,
sentia o hálito de uísque que só me deixou com mais desejo. Minha mão foi
para o seu abdome, eu sempre quis tocá-lo assim, sem ser profissional e
aproveitaria esse momento ao máximo.
Eu queria fazer tanta coisa com Jordan, com ele eu esqueceria o
passado, as promessas, os sinais vermelhos... tudo. Só precisava dele ao
meu lado.
Nossos lábios e nossos olhares se encontram, então eu percebi que
estava perdida. Estava começando a me apaixonar por Jordan ‘Destroyer’
McKenna, um lutador. Lutador. Essa era a palavra-chave. Eu não poderia
me apaixonar por um sem ter o meu coração quebrado, ou no caso de
Jordan, destruído.
8
JORDAN
Os lábios de Katherine estão inchados quando saímos do corredor
de mãos dadas, ela me olha sem saber muito o que fazer, assim como eu ela
está perdida pelo beijo. A distância vejo Sam e Tinna discutindo e me
aproximo, quando estamos a alguns passos Katherine solta a minha mão e
não olha para mim. Sei que ela não tem vergonha de mim, mas quer parecer
profissional. Ninguém a trataria diferente por ela estar comigo, se tratassem,
eu iria deixar todo mundo com o nariz torto.
— Você não pode querer mandar em quem eu beijo ou deixo de
beijar, o meu trabalho é fazer comida e não ser um monge! — Escuto Tinna
gritar com ele. Olho em volta e as pessoas estão mais ligadas em dançar do
que ficar ouvindo um casal discutir.
— A partir do momento que você trabalha não pode ficar fodendo
com qualquer um! — Katherine fica tensa ao meu lado e eu quero bater em
Sam.
— Você quer é me foder! Sirius está lá transando no meio da área
vip e você não diz nada, agora eu que estou só beijando uns caras quer dar
piti. Pelo amor, né?
Sam parece encabulado e sem resposta e eu decido entrar para salvar
um pouco da dignidade que ainda lhe resta.
— Ei cara, vai com calma. — Coloco a mão no seu ombro e o
arrasto para o outro lado da área vip, preciso conversar com ele. Não gosto
que destratem as mulheres.
Paro no caminho e olho para trás vendo Katherine fazendo o mesmo
com a amiga, nossos olhos se encontram e ela morde os lábios vermelhos e
inchados antes de voltar a sua atenção para Tinna.
— O que está acontecendo? — Pergunto e Sam me olha.
Conheci Samuel quando ainda éramos moleques, ele namorava a
minha irmã. No começo eu não ia muito com a cara dele, afinal, que
homem gosta de saber do homem que tiraria a inocência da sua irmã? Aos
poucos ele me conquistou também com a sua amizade.
Depois que Sandy morreu ele ficou ao meu lado na minha fase
destrutiva e me usou para esquecer a dor de perder o amor de sua vida. Ele
me levou até o treinador Blake e disse a ele que estava entregando um
campeão. Seu pai fazia parte da máfia então facilitou para ele conseguir
fazer eu entrar no Underground mesmo sendo uma bomba relógio prestes a
explodir.
Nossa meta era clara, eu ganharia o Underground e assim ganharia
também dinheiro, chamaria a atenção para patrocinadores para eu concorrer
no UFC e faria minha carreira lá. Tudo era um plano sólido. Tínhamos o
Treinador, Sonia, sua mulher, que fazia nossas refeições e acreditava que eu
iria longe, Sam para a parte burocrática e a imagem e Sirius, seu primo, que
gostava de levar uns tapas, mas não gostava de lutar profissionalmente para
me ajudar. E eu estraguei tudo por uma mulher. Ninguém nunca me julgou,
mas eu sabia que a culpa era minha e isso era o suficiente.
— Cara, ela é tão pequenina e doce, me lembra tanto...
— Sandy. — Completo quando ele não consegue dizer mais nada.
— Ela não é igual a Sandy, minha irmã era calma e serena. Tinna é uma
explosão num pacote pequeno. — Isso arranca uma risada dele. — Eu sei
que você sente falta dela, porra, eu também sinto, mas você precisa seguir
em frente. Já faz cinco anos.
Ele passa a mão pelos cabelos.
— Eu só estou meio doido e as ideias estão meio confusas, aí junta
com você babando por Kath, eu tentando controlar os boatos que ela é uma
prostituta ou amante. E também tem as propostas que estou recebendo, não
acho que você vai gostar muito...
Ele deixa a questão solta e pede ao barman mais bebida. Vou
conversar com ele amanhã sobre essas novas propostas.
— Então, onde você estava? — Pergunta me tirando dos
pensamentos. Não respondo, o que aconteceu é entre Katherine e eu.
— Na pista. — Respondo tomando um gole do uísque que o barman
me serve.
— Não te vi lá. — Responde desconfiado.
— Talvez você estive mais interessado em quantas bocas Tinna
beija. — Rebato e ele fecha a boca.
Sirius chega entre a gente sorrindo feito louco.
— Estou apaixonado!
— Outra vez? — Sam e eu dizemos em uníssono. Sirius se apaixona
por mulheres com a mesma distância que toma banho.
Ele levanta uma sobrancelha para a gente, completamente bêbado.
— Querem falar de mim? Um quer ficar com a pequenina e o outro
com a treinadora. Não fode. — Ele bufa e se afasta da gente reclamando.
Sam e eu trocamos um olhar antes de explodir em gargalhadas.
Tomamos umas bebidas e conversamos sobre tudo e nada, eu ainda estou
meio alto com os hormônios liberados da luta.
— E aí, tá comendo ou não a treinadora? — Pergunta rindo e eu
escuto um limpar de garganta.
Que não seja ela, que não seja ela, que não seja ela...
— Meninos só vim avisar que estou voltando pro hotel. Tinna saiu
com um cara e encontra a gente amanhã. Boa noite.
Eu vejo em seu rosto que ela ouviu a conversa e não ficou nenhum
pouco feliz, na verdade eu acho que se não estivéssemos virados ela já teria
dado um soco em nossas costas.
Eu não esperava que ela me desse uma joelhada no saco quando eu
tentei beijá-la no banheiro. Sabia que ela me queria, mas tinha medo disso
mudar tudo. Isso ia mudar tudo, mas nem toda mudança é ruim. Ela deveria
saber disso depois de tantas que ela fez em sua vida.
— Eu também vou, estou meio cansado da luta.
Sam abre a boca para dizer algo, mas o olhar que eu mando o deixa
calado.
— Vamos? — Coloco a mão nas costas de Kath e a guio para a saída
da boate. Amanhã cedo estamos embarcando para Vegas.
Entramos na limusine, não antes de eu ver um paparazzo nos
fotografando. Olho para Kath, mas ela parece distraída, perdida no seu
próprio mundo. Sento-me ao seu lado e subo a divisória entre nós e o
motorista.
— Quer uma água? Precisamos nos hidratar para amanhã, voar de
ressaca é uma merda.
Ela acena me olhando ainda não sabendo o que fazer. Decido testá-
la de leve. Vou para cima dela e ela prende a respiração me olhando com
desejo, atrás dela tem um frigobar escondido. Pesco duas garrafas de água e
lhe entrego. Ela parece mortificada por não ter percebido a minha atenção.
Ela pega a água que lhe ofereço com as mãos trêmulas e sorri sem
jeito. Katherine não é tímida assim, ela é forte e pode encarar um lutador
com o dobro do seu peso sem recuar, como ela fez várias vezes comigo,
agora com assuntos do coração ela é muito frágil. Uma metamorfose
ambulante.
— Kit Kat quando chegarmos ao hotel temos que conversar.
Ela em vez de me responder coloca os seus lábios vermelhos em
volta da garrafa e bebe como se estivesse com sede há séculos. Quando a
garrafa está vazia ela a coloca no lixo dentro da porta.
— Vamos conversar? — Ela acena olhando lá para fora. — Porque
você está assim, Kit Kat?
Ela finalmente se vira para mim, me olhando com seus lindos olhos
de gato.
— Você é muito intenso Jordan, por isso. Eu preciso estar sóbria
para quando falar com você.
Eu aceno, também não fico no meu normal quando estou ao seu
lado.
— Quer conversar quando chegarmos ou deixar para amanhã?
Ela parece pensar um pouco e por fim suspira rendida.
— Prefiro que seja hoje.
Sem dizer mais nada esperamos, ansiosamente, chegar até o hotel.
Percebo que ela tem as pernas juntas apertadas. Ela está tão ansiosa quanto
eu. Passamos direto pela recepção e entramos no elevador, algumas pessoas
entram conosco fazendo Katherine ter que dar um passo para trás, para
mim. Sua bunda toca minha ereção e eu coloco a mão na sua cintura a
mantendo parada ali. Katherine tem as mãos fechadas em punhos e quando
entra mais uma pessoa no próximo andar ela se esfrega em mim. Abaixo
minha cabeça em sua orelha e sopro de leve antes de começar a brincar com
o lóbulo de sua orelha.
É uma tortura deliciosa o tempo em que ficamos dentro do elevador
até chegar no nosso andar. A cobertura. O salário no Underground, que é
por lutas, rende um belo dinheiro para os campeões. Eu invisto parte desse
dinheiro, porque nunca sei o dia de amanhã. Hoje eu posso ser o campeão,
mas quem garante que eu continuarei assim. O destino está rodando e eu
posso acabar saindo do Underground. Eu poderia me bancar no UFC até os
patrocinadores começarem a aparecer, mas não tenho coragem para isso,
para esse novo passo. Deixar a minha zona de segurança e novamente
arriscar tudo, não quero ver o olhar de derrota naqueles que eu amo,
novamente.
Passo o cartão magnético e abro a porta dando espaço para Katherine
entrar, em seguida eu faço o mesmo. Mal fecho a porta e ela me empurra
contra a parede puxando meus cabelos para colar nossos rostos.
— Maldito, você me deixou tão molhada que dói.
Então seus lábios estão nos meus. Uma sensação única me invade.
Essa mulher precisa ser minha. Pego na sua bunda com minhas mãos e
aperto suas nádegas enquanto ela geme contra meus lábios me deixando
doido. Aos poucos ela se afasta.
— Precisamos conversar antes. — Ela limpa a garganta.
— Sim, precisamos.
Ela anda com um leve gingado nos quadris me levando a loucura e
se senta no sofá da sala. Me sento ao seu lado e coloco uma almofada no
meu colo para esconder a minha ereção. Ela me deixa louco.
— Posso começar? — Ela pergunta mordendo o lábio, nervosa.
Aceno e ela suspira. — Não era para isso acontecer entre a gente Jordan,
por uma série de motivos. Eu sou sua treinadora, isso seria somente sexo e
eu não quero isso... não com você.
— Nem eu, você é mais que isso Katherine.
Ela olha para as unhas, mas tem um sorriso triste nos lábios como se
esperasse que eu dissesse que ela só seria uma transa.
— E o mais importante, eu não namoro lutadores. — Ela solta e eu
paro. O quê?
— Por quê?
Ela me olha com um sorriso triste.
— Não dá certo. Nunca dá.
Eu respiro fundo tentando manter a calma. Ela deve ter sido
magoada por um lutador e agora deve achar que todos são iguais. Que
maravilha!
— Kit Kat eu por acaso pareço um lutador normal? — Pergunto
com sinceridade e ela solta uma risada.
— Bem, não. Nunca vi um lutador que trouxesse flores para o seu
adversário ou mandasse ele te ligar quando a luta acabar. — Ela ri
novamente.
Eu passo a mão pelos cabelos e sorrio vendo o seu riso. Quando
comecei a lutar, desde novo, Sandy falava que não gostava da seriedade dos
lutadores, eles a assustavam. Quando eu tive uma luta no Muay Thai, com
Sirius, quando tinha dezessete anos, decidi fazer algo para ser diferente e
tirar essa impressão que Sandy tinha de que todos os lutadores eram
homens brutos e frios. Eu havia dado um tapinha na bunda de Sirius de
brincadeira, ele sabia que eu ia fazer algo para não deixar Sandy tensa e só
sorriu para mim. De lá para cá, mesmo depois da morte dela eu continuei
com isso, sentia que podia ouvir sua risada em cada palhaçada que eu fazia
antes do sino tocar.
— Querida, você precisa entender que nem todo lutador é igual.
Quem te machucou não foi eu, eu nunca faria isso.
Ela me olha com os olhos lacrimejados, mas pisca fazendo as
lágrimas voltarem.
— Eu sou sua treinadora Jordan, o que eles iam pensar? Você tem
fãs malucas que querem me matar, não sei se posso aguentar tudo isso.
Eu pego seu rosto em minhas mãos e acaricio.
— Sim, você pode. Você é forte, lembra?
Ela se inclina e me dá um selinho.
— E se não der certo?
— Gata, não tem como dar errado.
Eu a beijo e ela geme em meus braços, sei que essa noite não
poderemos fazer mais nada, mas não deixo de passar minha mão por todo o
seu corpo sobre a roupa. Katherine faz o mesmo comigo acariciando o meu
estomago e faço uma nota mental para andar sem camisa mais vezes. Minha
mão passa pela lateral do seu seio e eu não tenho certeza se posso colocar as
mãos neles ou passarei dos limites dessa noite. Continuamos a trocar mais
carícias inocentes, eu me sentia como um adolescente, mas nunca fui tão
feliz.
Escutamos o barulho da porta sendo aberta e Katherine se afasta de
mim rapidamente e tenta disfarçar. Sirius entra carregando Sam e seria
cômico se não fosse trágico, ambos estão chapados e mal aguentando em
pé.
— Vai ajudar eles. — Ela me diz baixo e limpa a garganta. — Eu
também preciso dormir para amanhã.
Eu aceno, sei que precisamos dormir, mas tenho que ajudar meus
amigos antes de ir pra cama, porém não queria deixá-la. Ela começa a
levantar então me olha.
— Não conte a ninguém sobre nós, não ainda.
— Tudo bem.
Eu não preciso contar para ninguém, eu só a quero comigo.
Qualquer outra coisa é bônus.
— Boa noite. — Beijo a sua bochecha e sinto ela se arrepiar.
— Boa noite, Campeão.
9
JORDAN

Na manhã seguinte eu estava esperando, ansiosamente, ficar sozinho


com Katherine no avião, mas meus planos foram por água abaixo quando
Sam nos reuniu assim que entramos no avião. Tinna estava de óculos
escuros e provavelmente numa ressaca, assim como Sirius e Sam. Katherine
e eu éramos os únicos inteiros. Eu estava com sono, pois passei a noite
pensando como seria em Vegas com ela ao meu lado.
— Então, vamos começar porque depois eu quero dormir. — Sam
boceja e nos olha. — Quer a notícia boa ou ruim primeiro?
— A boa. — Respondo.
— Seu próximo concorrente é John, o Triturador.
Abro um sorriso e vejo que Katherine não entende.
— Ele é um amigo. — Respondo a ela que levanta uma sobrancelha.
— E isso é uma coisa boa por quê?
Sam bate palmas fazendo Tinna saltar. Provavelmente estava
dormindo.
— Porque teremos uma ótima luta. — Ela continua sem entender e
ele explica. — Jordan gosta de fazer brincadeiras com seus amigos antes da
luta.
Ela abre um sorriso.
— Eu nunca vi até agora você fazendo isso, vai ser divertido.
Eu quero muito beijá-la, mas sei que ela ficaria puta.
— Agora vamos a notícia ruim? — Ele pergunta e eu aceno. —
Alguns veículos estão interessados de como é a relação profissional de
vocês e os treinos...
— Não. — Respondo antes dele terminar.
— Cara, temos que pelo menos pensar. A proposta é boa e quem
sabe assim você consegue patrocinadores e volta para o UFC.
Katherine abre a boca, mas eu nego.
— Vamos pelo menos ouvir. — Ela pede e eu nada digo.
— Eles estão interessados em uma minissérie com alguns capítulos,
talvez seis ou sete sobre o treinamento de vocês e como equilibram a vida e
essas merdas. Eles estão mesmo interessados em como você treina
obedecendo uma mulher e como a trata. Dará uma boa visibilidade sobre
você.
Olho para Katherine.
— O que acha?
Ela morde o lábio.
— Eu não sei ao certo, mas acho que seria uma boa você ter mais
visibilidade, chamando a atenção da mídia.
— Podemos começar com uma entrevista, se correr bem,
fechamos contrato. — Sam oferece e eu aceno.
— Vamos ver como vai ser essa entrevista.
Ele acena animado.
— Ainda bem que vocês não dormiram juntos, precisam ser o mais
profissionais possível.
Simplesmente ótimo.

Passamos o dia treinando e Katherine não me deu um olhar, eu sei


que ela está pensativa e decido não a pressionar. Quando o segundo treino
acaba, eu ainda estou com fôlego.
— Quer correr comigo? — Pergunto e ela assente.
— Seria ótimo.
Coloco o capuz e saímos do hotel pelos fundos, na frente tinha
algumas fãs malucas. Corremos pelas ruas da brilhante Las Vegas, o ar
daqui é seco e com muita poeira por causa do deserto, corremos cerca de
uma hora em silencio até que decidimos voltar. A entrevista será amanhã e
a luta dois dias depois.
— Você não vai dizer nada?
Ela me olha.
— O que quer que eu diga, Jordan? Simplesmente não é a hora certa
de entramos numa relação.
Eu paro e ela também pulando para manter o seu corpo quente, tento
não olhar para os seios dentro do seu moletom, mas é impossível.
— Você sabe que eu quero você, Kit Kat.
Ela franze os lábios.
— Eu também, mas agora não dá. Vamos ser profissionais. Por
favor.
Eu fico olhando para ela e vejo a aflição. Odeio que ela esteja assim
por minha causa, mas ela tem razão.
— Tudo bem, mas assim que as lutas acabarem você é minha.
Ela sorri.
— Não esperava por menos.
Voltamos a correr até que ela para numa mercearia.
— Pode ir indo na frente, preciso comprar KitKat se não vou
enlouquecer.
Eu escondo um sorriso com uma tosse.
— Vou com você.
— Boa noite, então vamos conversar com a celeridade do momento
Jordan ‘Destroyer’ McKenna. Vencedor de três Undergrounds e chegou as
finais do UFC uma vez. Como você lida com as fãs loucas?
Olho para a entrevistadora Donna, e sorrio. Katherine está ao meu
lado e estamos no sofá da nossa suíte com uma equipe fazendo uma
entrevista conosco.
— Eu adoro dar atenção para as fãs e elas podem ser bem criativas.
— Solto uma risada lembrando as coisas mais malucas que elas já fizeram.
— Na maioria das vezes bem, elas estão ao meu lado na vitória e na derrota.
Donna sorri. Ela é muito bonita, mas é mais do mesmo. Loira
escultural e invejosa. Vi o jeito que ela olhou para Katherine e não gostei
nada. Katherine estava com jeans escuros e uma camiseta branca de ombro
canoa e saltos pretos de matar. Já eu estava de jeans e uma camiseta preta
simples.
— Aposto que elas estão loucas por você ter uma treinadora mulher
e tão nova. — Ela pesca e olha para Katherine antes de voltar a sua atenção
para mim. — Já vimos que você a defendeu no Instagram e algumas fãs não
gostaram. O que você tem a dizer sobre isso?
— Bem, eu nunca gostei que eles falem mal de ninguém,
principalmente uma pessoa que eu gosto e respeito tanto. Katherine tem
sido uma ótima treinadora e se eu ganhar o Underground esse ano será
totalmente por conta dela.
Katherine sorri para mim e eu pisco.
— E você Katherine, o que tem a dizer sobre os comentários
ofensivos que você recebeu, não só de algumas fãs como de alguns
lutadores...
— Lutadores? — A corto e a entrevistadora abre um sorriso como
se tivesse ganhado um milhão de dólares. Tem lutadores falando mal de
Katherine sem eu saber?
— Sim, você não sabia? — Ela pega o seu celular e pesquisa algo
neles. — Alguns disseram, abre aspas, ‘’essa treinadora é só uma prostituta
que ele come antes e depois das lutas’’, ‘’essa mulher é só uma distração’’,
‘’ela só ocupou o lugar de treinador, mas ele deve estar sozinho agora que o
velho está fora...’’ Entre muitos outros. O que tem a dizer sobre essas
afirmações?
Olho para Katherine que está com as mãos em punhos em seu colo e
com raiva. A minha vontade é segurar a sua mão, mas isso só pioraria os
boatos.
— Aposto que eles foram derrotados por mim, certo? — Me encosto
do sofá e tento fazer graça.
Donna ri alto.
— Sim, já ia falar sobre isso. — Ela mente. — Então vamos a
pergunta mais pedida: Vocês estão num relacionamento sério? Vimos que
Katherine está em muitas fotos suas no Instagram, mesmo que seja ao
fundo, ela está. Seria um sinal? O que você tem a dizer sobre isso
Katherine?
Eu olho para ela, é a chance de dizer que estamos sim numa relação.
— Nós além de uma relação profissional estamos tendo uma grande
amizade. — Amizade? — Jordan é a pessoa mais divertida e legal que eu já
conheci. Somos ótimos amigos.
Amigos? Amigos que querem foder ela quis dizer.
— Continuando com você Katherine. Como foi pra você de um dia
pro outro assumir o posto de treinador de Jordan, quando era seu pai quem
ocupava essa posição?
— Foi realmente assustador, em um dia eu era uma recém-formada
em Reabilitação Esportiva e no outro uma treinadora de um atleta de tão
alto nível. Posso dizer que está sendo uma experiência maravilhosa e se eu
pudesse voltar no tempo teria feito exatamente as mesmas coisas.
— E os treinamentos continuaram os mesmos? — Donna pergunta e
eu rio.
— Ela mudou tudo e me faz dar pouco mais que o meu máximo em
todo treino. — Eu olho diretamente para câmera e faço um bico. —
Treinador você criou um monstro.
Katherine dá um tapa e mim e ri. Percebo que ela está mais calma.
— Não foi só eu, é um trabalho em equipe. Alimentação, com Tinna
Marlin, seu companheiro de treino Sirius Colt e Sam Colt seu agente e
empresário. E principalmente a vontade e devoção de Jordan que é o mais
importante para tudo se juntar com perfeição.
Eu sorrio para ela que pisca para mim.
— E como é colocar as mãos todo dia pelo corpo de Jordan, já tirou
uma casquinha? — Donna pergunta e eu vejo as bochechas de Katherine
ficarem vermelhas.
— Nem todos os tratamentos são corpo a corpo, às vezes eu posso
alongá-lo ou ajeitá-lo sem colocar as mãos nele. — Ela responde
profissionalmente, mas falando de um jeito mais fácil para as pessoas
entenderem. Ela com certeza não pode falar em termos técnicos que
ninguém iria entendê-la.
A jornalista sorri, mas com certeza ela queria outra resposta para
colocar em uma manchete sensacionalista.
— A última pergunta para Jordan. Se Katherine não fosse sua
treinadora o que ela seria?
Eu sei que é uma pergunta para causar e sei que deveria dar algo
simples, mas não posso evitar ou me arrepender da minha resposta.
— Seria minha mulher. Kit Kat é uma mulher em um milhão. Se ela
não fosse minha treinadora eu já estaria atrás dela implorando por uma
chance.
Tanto Katherine quanto Donna parecem estar em choque com a minha
resposta. Donna é a primeira a se recuperar e sorri para as câmeras.
— Além de lutador e palhaço, Jordan McKenna também é
romântico. Eu também quero ser uma mulher em um milhão para você.
O câmera dá um sinal que acabou e abaixa a câmera. Katherine solta
um ar preso e se recusa a me olhar.
— Essa foi uma ótima entrevista. — Donna corta o silencio. —
Querem sair para tomar uma bebida? — Convida.
Eu abro a boca para negar, mas Sam aparece na nossa frente e sorri.
— Claro que aceitamos. John vai nos encontrar lá.
Donna se levanta ajeitando o vestido social dela que parece ser um
número menor do que ela usa.
— Encontro vocês as nove então.
Depois que ela vai embora Katherine me olha.
— Por que você disse aquilo?
— Eu estava brincando, Blake não criou um monstro. — Pisco
tentando ganhar tempo.
— Não isso, sobre... — Ela bufa. — Deixa. Esquece.
Se levanta e sai. Minha vontade é ir atrás dela, mas eu sei onde
pararíamos se eu fosse atrás dela.
Sam limpa a garganta.
— Então você vai aceitar o reality?
— Deixe Katherine decidir.
Ele acena animado antes de ficar sério.
— Me jogando a parte mais difícil, né? — Pergunta antes de seguir
para o quarto de Katherine e bater na porta.
Boa sorte para ele convencê-la.

Fico olhando a distância Katherine dançar com Tinna e Josy a


esposa de John e sorrio. Katherine está o pecado com um vestido branco
apertado marcando todo o seu corpo. Ela não precisa de maquiagem para
ser bonita, mas hoje ela caprichou e eu acho que isso tem a ver com Donna
dando em cima de mim durante a entrevista. Gosto que ela seja ciumenta.
— Elas parecem estar se divertindo. — John comenta.
— Sim. — Me viro para ele vejo o seu olhar divertido. — Nem
começa.
— Só ia dizer que ela é bonita demais para você. — Me joga um
guardanapo de brincadeira.
— Cara eu estou na merda. — Confesso passando a mão pelo cabelo.
— Ela está mexendo com a minha cabeça.
Ele fita sua esposa e depois para mim.
— Quando conheci Josy soube que ela era para mim e a agarrei
assim que tive a chance. Não deixe ela escapar. — Ele aponta com o dedo
para Katherine que está rebolando de costas para mim só para me provocar.
— Tire o olho dela. — Rosno e ele ri.
— Qual é a piada? — Donna pergunta se sentando. Ela está usando
um vestido vermelho assim como seus lábios.
— Coisas de homem. — John pisca para mim e eu sorrio.
— Vocês são amigos e estão bem com a luta depois de amanhã?
— Sim. — Respondemos em uníssono.
Se ela estava tentando criar alguma intriga não daria certo. Como
depois de amanhã será a primeira luta contra um amigo, Katherine irá ver e
eu quero que seja especial, nós dois já armamos como vamos fazer e será
um grande show.
— Vocês se conhecem há muito tempo?
— Sim, há uns quatro anos. —Respondo sem tirar os olhos de
Katherine.
As meninas voltam e eu sorrio ao ver que Katherine está claramente
insatisfeita que Donna se sentou ao meu lado. Tinna está com sua bebida
em mãos, mas não Katherine.
— Cansou? — John pergunta beijando o pescoço de sua esposa.
Ela troca um olhar com Katherine.
— Algo como isso.
Um garçom vem e traz um drinque Lua Azul para Katherine, ela
sorri e aceita. Quem enviou para ela? Olho em volta e Donna aproxima a
boca do meu ouvido.
— Você é ciumento assim com todo mundo ou é só com ela?
Me viro para ela pronto para dar uma resposta, mas então me lembro
que ela é uma repórter e com certeza escreveria sobre isso se eu desse um
show hoje.
— Não, só queria saber quem era. Hoje em dia não sabemos o que
alguém pode colocar nas bebidas.
Ela sorri não convencida.
— Quando se paga uma bebida para alguém o barman entrega a
bebida diretamente ao garçom. Todo mundo sabe disso. — Prossegue ela.
— Verdade, eu esqueci.
Ela sorri e volta a puxar assunto com todos na mesa, vejo Sirius já
arranjando uma mulher na pista e Sam não muito distante com outra, mas
com os olhos em Tinna que o ignora conversando e rindo com todos. Eu
não consigo me concentrar, com Katherine com esse vestido perto de mim.
Mais do que nunca precisamos nos manter afastados.
Na volta para o hotel já passa das três e Katherine está levemente
bêbada ao meu lado, ela está mais solta e passou a mão na minha bunda
enquanto estamos dentro do elevador. Se fosse outra hora eu riria, mas o
meu pau ficou imediatamente duro pelo seu olhar travesso.
— Kit Kat... — Eu começo quando entro na nossa sala de estar do
hotel. Tinna e os caras ficariam mais um pouco lá e eu tenho certeza de que
era um plano de Katherine pelo risinho que ela deu para Tinna.
Ela me olha com seus intensos olhos cor de chocolate.
— Eu quero você Jordan. Quero tanto que dói. — Ela coloca a
cabeça no meu ombro e me abraça. — Fiquei puta com aquela repórter
dando em cima de você.
— Tão possessiva. — Respondo passando a mão pelas costas dela
que estremece.
— Sou mesmo. — Ela responde e beija o meu peito. — Vamos fazer
isso, por favor.
Ela nem precisa pedir duas vezes. A pego no colo e a levo para o
lugar que eu sempre quis que ela estivesse, meu quarto. A mão de Katherine
passa pelo meu rosto com delicadeza. Delicadeza que eu nunca senti antes.
A coloco sobre a cama e ela sorri para mim.
— Eu quis isso desde o dia que te vi naquele hospital.
— Eu te queria desde que te vi pela primeira vez. — Respondo me
abaixando para beijar os seus doces lábios.
Katherine passa a mão pelo meu rosto enquanto nossos lábios e
línguas trabalham em harmonia. Suas mãos descem para a minha camiseta
que ela retira com a minha ajuda, sinto seus dedos sobre a minha pele e
tremo de desejo. Minhas mãos vão para a barra do vestido. Katherine se
senta de joelhos na cama e levanta os braços para eu terminar de retirar o
seu vestido.
Somente de roupas intimas nós nos olhamos com desejo, ela é mais
bonita do que eu já imaginei, e sua beleza não é só exterior. Ela olha para
meu corpo, sorri para mim e eu me derreto.
Me levantando da cama eu vou até o aparelho de som e coloco uma
das minhas playlists. Say You Love Me, de Jessie Ware começa a tocar.
— O que está fazendo? — Katherine pergunta passando as mãos nos
cabelos castanhos claros sem perceber o quanto parece sexy fazendo isso.
Os primeiros acordes começam a tocar pelo quarto e eu caminho até
a cama e ela me olha surpresa quando eu estendo a mão.
— O quê? Por quê? — Ela parece sem palavras.
— Porque você é especial para mim.
Ela pega a minha mão e eu a puxo para o centro do quarto onde ela
coloca as mãos nos meus ombros sem tirar o olhar do meu.
A música diz sobre se estar preparado para amar e dizer o que sente
antes que machuque. Katherine não está pronta para dizer o que sente e nem
eu, mas através da música eu quero que ela saiba que não é sua uma noite
que eu quero com ela.
Porque eu não quero me apaixonar
Se você não quer tentar
Mas tudo o que eu estive pensando
É que talvez você seja meu
Baby, parece que estamos fugindo das palavras para dizer
E o amor está flutuando para longe

Ela olha dentro dos meus olhos enquanto a música toca e nos
abraçamos. Percebo que a letra a deixou sóbria e ela tem os olhos um pouco
arregalados. Abaixo minha cabeça e tomo seus lábios nos meus. Katherine
se derrete em meus braços e acaricia meus cabelos enquanto eu as suas
costas. Quando estamos sem ar ela se afasta e olha para mim.
— Eu não sei se quero me apaixonar. — Sussurra.
— Já é tarde Kit Kat, eu já estou apaixonado por você.
No fundo eu sempre soube que Katherine seria a minha única. Nós
voltamos a nos beijar e eu não sei direito quem começou a puxar, mas
acabamos na cama. Minhas mãos passam por seus seios e ela estremece,
mas as suas palavras ficam na minha cabeça, ela não sabe se quer se
apaixonar. Nós não escolhemos o momento que a paixão vem, ela
simplesmente chega e coloca uma bandeira no seu coração avisando que ele
já foi tomado.
— Jordan. — Ela geme tentando pegar minha mão e colocar
novamente em seus seios, mas eu a deixo na sua cintura.
— Vamos somente nos beijar essa noite. — Ela parece querer
argumentar, mas ao ver o meu olhar determinado ela acena.
— Talvez seja melhor. — Sussurra para ela mesma.
Só dormirei com Katherine quanto ela assumir os seus sentimentos
por mim. Mesmo sua boca dizendo algo, os seus olhos a entregam.
10
KATH
As arquibancadas estão lotadas de gente, sem dúvida seria a maior
luta até aqui e provavelmente só perderia para a final. Depois de nos
beijarmos até cairmos no sono, nos acordamos com o despertador avisando
que teríamos que treinar. Eu estava com tanta vergonha por ontem, eu me
joguei para ele e Jordan não me quis daquele jeito, talvez eu fosse só uma
diversão que quando se entregou perdeu a graça, então me lembrei que
dançamos juntos. Eu estava apaixonada por Jordan, mas ele nunca saberia.
Assim que a temporada acabasse eu iria embora sem olhar para trás, mesmo
que meu coração ficasse com ele.
Apesar de sempre amar lutar, quando se tratava de sentimentos fugir
sempre foi a melhor opção para mim.
— Ele está com a força toda! — Sirius gritou animado ao meu lado
e eu sorri. Tínhamos acabado de sair da sala que ele estava esperando para
ser chamado.
Eu sorri, durante o treino diurno dele ele foi perfeito, a cada sorriso
que ele me dava entre um exercício e outro fazia meu coração saltar, pelo
olhar dele ele queria o mesmo que eu. Eu daria de tudo para nos beijarmos
durante o treino, mas ele precisava estar concentrado, o Underground já
estava no meio. A luta dessa noite era decisiva para quem iria para as
próximas lutas.
— Desculpem o atraso, o voo atrasou. — Sinto o meu sangue gelar
quando olho para o lado e vejo Kristen se aproximando da gente.
— Droga. — Escutei Tinna ao meu lado murmurar, eu havia
contado a ela sobre a minha noite com Jordan.
Ela abraça Sam que larga o seu celular e me olha como se pedisse
desculpas por ela vir sem avisar. Ela abraça Sirius que tenta me dar um
sorriso, mas sai como uma careta. Todos eles sabem da minha noite com
Jordan.
Quando saímos juntos do quarto naquela manhã eu não imaginava
que Sirius, Tinna e Sam estariam na sala desesperados. Eles pensaram que
eu não tivesse chegado no hotel já que não estava na minha cama e meu
celular dando desligado. Jordan me abraçou e disse com uma voz firme para
eles:
— Nós dormimos juntos, conversamos até tarde.
Ninguém contestou, mas eu sabia que eles pensavam que a gente
transou e por incrível que pareça eu não liguei. Nunca fui de me importar
com o que os outros pensavam de mim, mas eles eram meus amigos e
companheiros de viagem, não era como se eu fosse vê-los uma vez e nunca
mais.
— Oi Kath, oi Tinna. — Ela nos cumprimenta de longe e mal
olhando para mim.
Eu posso não me importar com a opinião de desconhecidos, mas ver
o olhar da minha irmã me dói. Ela tem algo com Jordan e eu estava com ele
na noite passada, não ela. Eu dancei a luz da lua com ele. Eu o beijei até
dormimos. Eu olho para o outro lado para evitar ela ver as lagrimas nos
meus olhos. Ela já perdeu tantas coisas, não merece perder algo para mim
novamente.
— Senhoras e senhores a luta que todos estavam esperando!
Destroyer e Triturador!
Algo está diferente. O estádio fica escuro e uma luz vai para um
lado e outra para o outro. Então os pés começam a bater por todo o estádio
no ritmo de We Will Rock You, do Queen. Jordan sai de lá trotando e
socando o ar e eu vejo que John faz o mesmo, os dois tem um olhar
divertido enquanto se aproximam um do outro ainda socando o ar. Algumas
mulheres gritam como se o mundo estivesse acabando e eu quero ser uma
delas.
Eles param na frente um do outro e todo o som para, então eles se
abraçam e dão um selinho. Um grito me escapa e eu bato palmas. Foi com
certeza um show. Eles riem enquanto as fãs histéricas gritam e sobem no
octógono.
— Foi ou não foi um show pessoal! Que haja mais amigos de Jordan
nessa temporada. Precisamos de mais shows aqui. — O locutor brinca
quando as luzes se acendem.
Todo mundo grita e bate palma.
— Jordan come o meu cu! — Uma fã maluca grita atrás de mim.
O olhar de Jordan vai direto para mim, ele sorri e pisca para mim
antes de se virar para olhar os amigos. Sirius e Sam ainda estão batendo
palmas, esse realmente foi um show para entrar na história. Ele ri dos seus
amigos, mas quando seus olhos caem em Kristen que está de braços
cruzados e claramente não a vontade ele fica sério e desvia o olhar para
mim mais uma vez antes de olhar para John, eles trocam um olhar de
entendimento antes que a luta comece.
Eu tento acompanhar a luta, mas sinto o olhar de Kristen em mim.
Olho para irmã que eu tanto amo, mas me odeia.
— Eu sei o que você está fazendo e quero que pare. Jordan é meu.
— Ela diz baixo, mas eu consigo ler os seus lábios.
Dou um passo para trás como se tivesse tomado um soco.
— Kristen...
— Ele é a única coisa que eu tenho desde que eu acordei, não vou
deixar você tirá-lo de mim! — Ela grita, mas a sua voz não é quase ouvida
devido as outras vozes gritando ao mesmo tempo.
Sinto mãos no meu ombro e vejo que são de Sirius, Sam segura
Tinna contra ele que parece querer atacar Kristen. Ela olha para eles e sai
como se nada tivesse acontecido, mas eu posso ver o seu olhar triste por
eles terem ficado comigo.
O primeiro round acaba e eu tento me manter profissional quando
me aproximo de Jordan. Entrego uma água e seco o seu rosto com uma
toalha e passo vaselina num corte na sobrancelha enquanto ele esvazia a
garrafa.
— Kit Kat? — Jordan pergunta.
— Depois Jordan. — Respondo somente e minha voz falha.
— O que Kristen lhe disse?
Eu o olho e ele pode ver meus olhos marejados.
— Só o que eu precisava ouvir. — Eu limpo a garganta. — Não
consegui prestar atenção nos movimentos de John, mas continue como está
que vai bem.
Pego o protetor de sua mão e coloco novamente em sua boca antes
de recolher as coisas no momento em que o sino toca e o segundo round
começa.
— Kath, não é culpa dele... — Sam começa quando volto para o
meu lugar.
— Não quero ouvir Sam, pode dizer ao programa que aceitamos ter
o reality de quatro episódios. — Respondo fria. Agora mais do que nunca
eu preciso ser fria. Quando estiver sozinha eu posso quebrar e depois me
montar novamente.
— Porra. — Sirius exclama e eu olho para o octógono vendo Jordan
levando a maior surra de John que também olha para ele surpreso quando é
afastado pelos juízes.
Jordan é rápido em desviar, mas ele não consegue se manter focado
na luta, vejo que ele me procura com o olhar e minha primeira ideia é sair,
mas a descarto. Um treinador nunca pode abandonar ou não observar o seu
atleta.
— Vamos Jordan! — Eu grito, mas nada funciona.
O sino do segundo round toca e eu me aproximo dele sem nada em
mãos. Ele não está merecendo nada.
— Qual é o seu problema. A sua guarda está baixa.
Ele me olha com os seus lindos olhos cor de âmbar.
— O que está acontecendo Katherine? Eu estou por um fio de
abandonar a luta se você não falar comigo. — Pelo seu olhar eu sei que é
verdade.
Suspiro e passo a mão pelo meu cabelo.
— Nada demais, só é estranho ter Kristen perto de mim. — Minto.
Ele me olha com raiva, sabe que eu estou mentindo. — Quando essa luta
acabar nós conversamos, só não se deixe apanhar à toa. Por favor.
Ele acena e o sino toca. Mesmo com Jordan lutando melhor no
último round ainda não foi o suficiente.
— O vencedor da noite foi John, O triturador! — O locutor grita
levantando a mão dele.
Jordan e John se abraçam e conversam baixo.
— Ele caiu um ponto ou dois, mas pode recuperar em Boston. —
Sam diz esperançoso. Então me olha. — Tenha paciência com ele, Jordan
não tem culpa por Kristen gritar com você e te tratar assim. Escute ele.
Eu aceno por falta de coisa melhor a fazer. Tinna volta comigo para
o hotel na frente, sei que tenho que encarar Jordan essa noite para consertá-
lo, mas preciso ajeitar o meu coração primeiro.
— Não precisa falar nada, se precisar falar eu estou aqui. — Tinna
diz segurando a minha mão por todo o caminho.
— Só... ela é minha irmã e eu não posso fazer isso com ela. —
Choro e Tinna me segura até chegarmos ao hotel.
Ela me estende óculos escuro, os paparazzi estão atrás de Jordan e
de mim depois daquela entrevista, eles querem provar que temos algo. Não
quero que Jordan saiba que eu estive chorando. Entramos no quarto e eu
tomo um banho colocando uma roupa leve, depois que eu o massagear só
quero dormir e esquecer que me apaixonei por Jordan.
Ele tinha todos os quesitos para eu querer me afastar. Era um
lutador. Treinado pelo meu pai. E paixão de Kristen, minha irmã. Tinha uma
bandeira vermelha por todo ele, só que seu charme o encobriu.
Meu celular toca e eu vejo que é meu pai. Eu tremo mas decido
atender, ele me ligou umas três vezes até agora, fora as vezes que eu o vejo
falando com Jordan e os meninos.
— Filha, ele levou uma surra hoje. Foi por Kristen, não foi? —
Papai diz quando eu atendo. — Falei para ela não ir.
— Ele só se distraiu, papai. — Respondo tentando soar profissional.
Ele suspira.
— Eu vi a matéria de vocês e acho que ela também viu e ficou com
ciúmes. Kristen estava perdida quando acordou se não fosse Jordan ela
ainda estaria.
Uma lágrima me escapa, mas não faço nenhum som.
— Sou muito grato por ele ter acolhido ela e ter cuidado, mas esse
não era o trabalho dele.
— Está tudo bem, eles se gostam. — Respondo.
Papai para um momento e depois suspira.
— Ele sofreu tanto pela morte da irmã. Jordan e Kristen se
completaram.
Mais lágrimas caem dos meus olhos, até papai sabe que Kristen e
Jordan estão juntos e provavelmente queria deixar claro para eu não
estragar a vida de Kristen. Novamente.
— O que eu quero dizer com isso é... — Continua.
A porta se abre e Jordan entra ainda suado e com os shorts pretos de
luta. Sua respiração está ofegante.
— Papai eu preciso desligar. — Desligo assim que termino de falar
e tento secar as minhas patéticas lagrimas. — Eu já vou ao seu quarto
cuidar de você, Jordan.
Ele continua a se aproximar e se ajoelha a minha frente.
— Kit Kat o que houve para você estar assim? Você nunca chora.
Foi Kristen?
Eu tento brigar com ele, mas um soluço me escapa. Ele me pega nos
braços e me abraça. Eu não me importo que ele está completamente suado,
só preciso ficar perto dele. Me lembro das palavras de Kristen e choro mais.
— Me diga o que houve, baby. Por favor.
— Eu me apaixonei pelo último homem que devia. — Respondo e
ele me abraça mais apertado.
— Não chore, isso acaba comigo.
Ele me pega nos braços e me leva até seu quarto, não olho por cima
do ombro porque tenho certeza de que todos me viram junto dele. Jordan
fecha a porta atrás dele e me coloca sobre a cama antes de começar a retirar
a minha camiseta.
— O que está fazendo?! — Grito e ele ri.
— Você está coberta de suor, vamos tomar um banho juntos.
Sem me esperar responder, abre os meus shorts e os desce me
deixando só de roupa intima.
— Jordan! —Bato na sua mão e ele ri.
— Vamos tomar um banho e depois conversamos. — Ele tenta e eu
nego.
— Preciso fazer uma massagem em você. — Olho para ele que está
cheio de roxos. — Provavelmente terei que me sentar nas suas costas para
colocá-la no lugar.
Ele sorri.
— Provavelmente será preciso, mas antes vamos tomar um banho.
Ele me pega nos braços e nos leva para a o banheiro dentro do
quarto. Ele retira os seus shorts e entra no chuveiro comigo. Eu tremo com
a sua pele tocando a minha, Jordan liga o chuveiro no quente, mesmo que
ele precise de um banho gelado. Eu digo isso para ele que responde:
— Não vou deixar você tomar banho gelado.
Ele cuida de mim como eu nunca fui cuidada, lava meus cabelos e
passa sabonete pelo meu corpo, eu repito o processo com ele sem chegar
perto da sua masculinidade. Ele me seca e em seguida faz o mesmo com
ele, indo para o seu guarda-roupas ele me entrega uma camiseta sua.
Entrando no banheiro, sozinha eu retiro as minhas roupas intimas molhas e
coloco sua camisa com seu cheiro. Quando volto ao quarto vejo Jordan
deitado de bruços só com uma cueca preta. Ele olha para mim com seus
lindos olhos âmbar e pisca.
— Você disse que iria se sentar nas minhas costas.
Minhas bochechas coram, ele sabe que eu estou sem roupas por
baixo. Tomo uma respiração e subo na cama, vejo os seus olhos se
arregalarem e ele me olhar surpreso. Monto nas suas costas e pego o óleo de
arnica que estava no seu criado mudo.
— Algo me diz que essa massagem vai ser quente. — Ele solta e
sorri como um menino travesso. — Muito quente.
Eu sorrio incapaz de resistir a ele e aqueço minhas mãos com o óleo
antes de começar a esfregar as suas costas duras retirando os nós e
colocando os músculos no lugar. A cada gemido dolorido que Jordan solta
eu me sinto mais quente, sinto-me poderosa que ele possa sentir o que faz
comigo. Vou para o seu pescoço e ele solta outro gemido e minha respiração
fica mais rápida, me sinto molhada e sei que ele percebeu já que eu estou
com as pernas entre a sua cintura.
— Porra Kit Kat, você está molhada. — Ele geme então se vira com
rapidez me surpreendendo. — Monta no meu rosto.
Minha boca cai aberta e minha boceta se aperta pelas suas palavras
tão vulgares. Suas mãos vão para a minhas pernas e eu sigo seu olhar para
baixo. A sua camisa subiu e ele pode ver a minha boceta em cima do seu
abdômen e sem ter noção de tudo eu me inclino para frente e para trás
sentindo seu tanquinho roçar no meu clitóris.
— Porra. — Eu digo colocando as minhas mãos no seu peito e
continuando a me mover lentamente. O seu olhar intenso só me deixa mais
necessitada. — O que você está fazendo comigo?
Ele geme e me empurra com as suas mãos para baixo, em cima do
seu pau preso pela cueca boxe.
— Roce em mim, Kit Kat. Por favor.
Impossível de resistir a seu pedido, eu deixo fora da porta do quarto
toda insegurança, medo, dor e o passado. Nesse momento só existe nós dois
e não há nada que eu queria mais. Mordendo o lábio eu me posiciono bem
aberta em cima da sua ereção e começo a friccionar rodando e me movendo
para frente e para trás. Nós gememos juntos e ele segura as minhas pernas
empurrando sua ereção para cima.
— Tão gostoso. — Murmuro levantando as mãos para tocar os meus
seios que precisam de atenção.
— Perfeito. — Ele responde ainda me olhando mexendo nos meus
seios sob a camiseta.
Ele levanta um pouco a bainha e eu olho para baixo vendo a minha
boceta depilada se movimentando sobre ele e gemo alto só de olhar. Sinto
quando Jordan vem em sua cueca boxe, suas bochechas coram
envergonhado, mas eu me abaixo beijando seus lábios e sinto suas mãos
vindo para a minha bunda onde ele enfia um dedo na minha boceta entrando
e saindo, me levando a loucura. Rompo meus lábios dos seus para gemer,
mas ele os toma de novo. Inserindo outro dedo ele continua com sua tortura
enquanto o seu polegar se move em movimentos constantes sobre o meu
clitóris.
— Jordan! — Eu gemo alto.
Ele afasta os lábios dos meus e me olha intensamente.
— Senta no meu rosto Kit Kat.
E ele não precisa pedir mais uma vez, gemo quando seus dedos
saem de mim só para circularem o meu clitóris antes que eu comece a subir
até seu rosto. Minhas bochechas coram quando seus olhos vão para a minha
boceta bem a sua frente.
— Tire a camisa, quero ver seus lindos seios.
Eu a retiro e Jordan me segura pela cintura e vai me abaixando até
que sua boca quente está na minha boceta me fazendo arrepiar. Coloco
minhas mãos na cabeceira da cama e gemo quando sua língua encontra o
meu clitóris.
— Tão gostosa. — Ele diz antes de enfiar a língua dentro de mim e
começar a me foder.
Ele continua com a sua deliciosa tortura me levando a loucura e eu
não tenho dúvidas que todo mundo deve ter ouvido. Rapidamente eu sinto
estar vindo e aperto os meus seios enquanto olho para baixo vendo os seus
olhos em mim. Jordan acelera os movimentos e eu tremo com o meu
orgasmo tão próximo, seguro seus cabelos e monto em sua língua que me
leva ao ápice me fazendo estremecer e ficar sensível.
Com as pernas tremulas eu saio dele e me deito ao seu lado tentando
controlar a sua respiração.
— Isso foi...
— Maravilhoso. — Completo suspirando.
Sua mão encontra a minha e ele entrelaça nossos dedos.
— Sei que nós temos que falar sobre hoje, mas podemos deixar para
amanhã? — Ele boceja entre a pergunta e eu aceno bocejando também.
— Sim.
Ele se levanta, corre para o banheiro e volta minutos depois nu e
limpo. Se deita ao meu lado puxando o cobertor sobre nós e me abraça
apertado.
— Boa noite, Kit Kat.
— Boa noite, Campeão.
11
JORDAN

Acordo pela manhã com um sorriso no rosto lembrando da nossa


noite, Katherine se entregou de corpo e alma para mim e mostrou com o
corpo o quanto ela me deseja. Nunca irei tirar da minha mente as
expressões que ela fez ou como seu corpo respondeu ao meu, em outro
momento eu poderia ficar envergonhado por ter gozado nas calças, mas
nunca, nunca conseguiria resistir a sentir sua boceta quente e molhada
montando o meu pau enquanto gemia como uma gatinha olhando para mim.
Duvido que qualquer pessoa pudesse resistir. Minha vontade era entrar nela,
mas quero que esse momento seja especial e não uma foda qualquer. Quero
que Katherine admita sem qualquer pressão o que sente por mim.
Nunca gostei de perder, mas perderia todas as minhas lutas para ter
Katherine em meus braços novamente. Ela estava tão triste durante a luta
que eu me preocupei. Então eu a vi. Kristen. Que é como uma irmã para
mim e eu a amo, mas se ela estiver brigando com Katherine eu não deixarei
barato. Não sei o que houve entre as duas, mas não deixarei Katherine se
afastar de mim por causa dela. Quando ela chorou nos meus braços foi
como se meu coração tivesse sido perfurado. Era tanta dor, tantos
sentimentos.
Coloco a mão no lado da cama para puxá-la para mim, mas está
vazia. Abro os olhos e vejo que estou sozinho na cama, por um instante eu
penso que ela foi ao banheiro ou algo assim, mas a porta está aberta. Me
sento e passo as mãos pelo cabelo sem entender. Seu cheiro doce ainda está
por toda a cama e ela ainda está quente, não faz muito tempo que ela saiu.
Pulo da cama, tomo uma ducha e decido ir atrás dela, quando estou
saindo do banheiro reparo as suas roupas intimas no balcão e sorrio. Coloco
uma bermuda e vou para a sala. A encontro sentada num banco alto da
cozinha conversando com Tinna enquanto tomam café da manhã. Volto para
o quarto e pego um Kit Kat na minha mala e sorrio.
Entro na cozinha e a conversa para, Katherine olha para o café em
vez de para mim e reparo que suas bochechas estão coradas. Ela já está
vestida para o treinamento.
— Bom dia Tinna. — Beijo sua bochecha e ela suspira teatralmente.
— Bom dia Jordan.
Eu me aproximo de Katherine e a abraço pelas costas sentindo-a
ficar tensa.
— Bom dia, Kit Kat. — Sussurro em seu ouvido e coloco um Kit
Kat na sua frente. — Senti sua falta.
Ela limpa a garganta antes de responder.
— Bom dia, Campeão.
Eu pego o seu rosto e o viro para mim antes de colar seus lábios nos
meus num selinho. Eu queria muito mais do que isso, mas conheço
Katherine o suficiente para saber que ela se fecharia.
— Quero um lutador pra mim. — Tinna suspira alto e eu rio.
— Desculpe, mas eu sou da Kit Kat.
Katherine me olha com seus lindos olhos de chocolates cerrados
antes de tomar mais um gole do seu café e abrir o Kit Kat o partindo em
tiras. Morde um pedaço e oferece para Tinna que nega.
— Não vai me oferecer? — Pergunto.
Ela levanta uma tira pra mim que enfio na boca e mastigo. Eu amo
comer doces, mas durante as temporadas só como o que me dá força, nada
mais.
— Delicioso. — Ela e eu sabemos que não estou falando do doce.
— Bem, isso aqui está quente demais para essa hora da manhã.
Sente para tomar café, Destroyer. — Tinna brinca se afastando e indo para o
fogão preparar algo para eu comer.
Desde que ela chegou suas comidas me dão mais energia para
enfrentar o treino de Katherine. Sem falar que as refeições dela são
saborosas e nutritivas, depois de Katherine, Tinna foi a melhor contratação
que eu fiz.
— Ovos ou um shake? — Ela pergunta.
— Shake.
Ela acena e coloca alguns ingredientes e bate no liquidificador,
depois passa para a minha garrafa e me entrega.
— Um shake de proteínas com tâmaras, elas são maravilhosas, tem
muitas vitaminas e o melhor de tudo. — Ela se aproxima como se fosse
sussurrar. — Tem gosto de caramelo.
De canto de olho vejo Katherine lambendo os lábios olhando para o
shake e eu sorrio tomando um gole. Tomei shake de tâmaras uma vez e me
lembrei que Sonia, mãe de Katherine, que tinha feito e dito que ela adorava
tomar durante os treinos.
— Kath pelo amor de Deus, eu não sei se você está comendo Jordan
com os olhos ou o shake! — Tinna exclama e cai na risada. Ela se vira
enchendo um copo grande e entrega a amiga. — Sabia que você ia querer.
— Obrigada. — Ela responde e me olha.
— Quer tomar lá embaixo enquanto treinamos?
Eu aceno querendo ficar tão sozinho quanto ela. Pelo seu olhar sei
que ela quer conversar. Descemos pelas escadas para nos aquecer, estou
com a minha mochila com alguns equipamentos para o treinamento.
Amanhã embarcamos para Boston, era para ser hoje, mas haverá uma festa
hoje especial para os lutadores do Underground.
Entramos na academia do hotel que está reservada para nós e eu
ouvi o suspiro de Katherine.
— Precisamos conversar.
— Pode dizer o que te incomoda, Kit Kat.
Ela morde o lábio com força quase tirando sangue, então abre a boca
para falar o que está incomodando, mas em seguida a fecha e repete o
processo mais umas três vezes antes de tomar mais um longo e demorado
gole do shake. Ela está enrolando.
— Vamos, linda. Sem medo, me diga o que está te incomodando?
Ela suspira e solta o ar, seria adorável se ela não estivesse tão nervosa.
Seu pé direito está batendo no chão em movimentos constantes, mas eu não
acho que ela perceba isso.
Começo a ficar com medo do que a está incomodando. Será que são
os boatos da mídia ou quem sabe ela não quer que o seu pai saiba que ela
quer ficar comigo. Mil e uma coisas passam pela minha cabeça, mas eu não
esperava ouvir o que ela diz:
— O que você tem com Kristen?
Não posso deixar de suspirar mais calmo, então repito mentalmente
a sua pergunta e uma gargalhada me escapa. Katherine começa a ficar com
as bochechas vermelhas e olhos serrados, ela está puta da vida.
— Sério que é isso que está lhe incomodando?
— Olha só, se vai ficar rindo da minha pergunta nem precisa falar
nada. — Ela se vira marchando para fora com raiva e eu corro atrás dela.
— Eu só fiquei surpreso. Kristen é como uma irmã mais nova para
mim. — A puxo para dentro da sala em direção as cadeiras e me sento ao
seu lado. — Ela acordou do coma perdida e com a memória fraca, ela não
se lembrava de quase nada de sua infância ou adolescência. Aos poucos sua
memória foi voltando, mas ela estava perdida. Não queria conversar com os
pais sobre isso e eu estava lá.
Vejo os olhos de Katherine se encherem d’água.
— Foi nesse tempo que vocês começaram a sair?
Eu aceno.
— Sim, ela precisava de um amigo para ouvi-la e eu precisava ser a
âncora de alguém. Eu tinha uma irmã, Sandy. Ela morreu atropelada
enquanto voltava da igreja. O motorista estava completamente embriagado.
Eu fiquei devastado, assim como Sam, que era seu namorado. — Katherine
segura minha mão. — Eu amava a minha irmãzinha e movia céu e terra
para fazê-la sorrir. — Pego meu celular e mostro a ela uma foto de Sandy
sorrindo para mim.
— Ela era linda. Tão parecida com você.
Sandy tinha cabelos escuros e olhos âmbar doces, ainda dói lembrar
dela, mas com o tempo acabei aceitando que nada a traria de volta e o que
eu poderia fazer era manter a memoria dela viva.
— Sim, ela era linda. — Fico perdido nas memórias e limpo a
garganta antes de continuar. — Eu entrei numa fase destrutiva querendo
acabar com tudo, Sam me levou até seu pai e ele me acolheu como um
filho. Lá eu treinei incansavelmente até entrar para o Underground.
Precisava extravasar a minha raiva. Pouco depois conheci Kristen e assim
nos tornamos melhores amigos.
— Quando o sentimento de vocês mudou para mais que a amizade?
— Ela pergunta tentando tirar sua mão da minha. — Eu não posso fazer
isso com ela, tirar o homem que ela está apaixonada...
— Espera, o que?
Acho que acabei de entrar num mundo paralelo ou Katherine está
seriamente maluca. Apaixonada? Kristen?
Coloco a minha mão na testa de Katherine para confirmar que ela
não está febril para estar delirando.
— Jordan! — Ela bate na minha mão.
— Só estou confirmando que você não está doente. Kit Kat, Kristen
é como uma irmã para mim, não há nada além disso. — Tento me manter
sério mesmo querendo rir novamente.
Ela olha para o chão antes de olhar para mim com os olhos cansados
e tristes.
— Não pode acontecer nada entre nós Jordan, eu não posso fazer
mal a Kristen novamente.
Novamente. Me lembro que Kristen havia dito que era culpa de
Katherine ela ter entrado em coma.
— O que aconteceu para Kristen entrar em coma?
Sinto Katherine ficar tensa antes que seus ombros caiam.
— Não quero falar sobre isso, dói demais.
Eu aceno, alguma hora ela terá que me contar tudo assim como
estou contando a ela sobre minha vida aos poucos.
— Tudo bem, só quero te dizer que eu e Kristen não temos nenhum
tipo de relacionamento romântico e nunca teremos. Ela sabe disso e não
acho que pense em mim desse jeito. — Afirmo e vejo ela se acalmar um
pouco. — Nós somos amigos, você é a única mulher que eu quero Kit Kat.
Ela acena e se aproxima me dando um beijo, seguro sua cintura e a
coloco no meu colo. O beijo tem gosto doce, pelo shake que ela está
tomando, e termina mais rápido do que eu queria.
— Precisamos treinar, depois eu tenho que ir com Tinna comprar
um vestido para a noite.
Terá uma festa e eu estou ansioso para ver Katherine com um
vestido longo.
— Vista vermelho. — Peço e ela acena se levantando e se afastando
de mim.
Ela vai até o seu copo e termina de tomá-lo em poucos goles antes
de se abaixar para mexer na mochila. Evito gemer ao me lembrar dessa
linda bunda que ela tem. Ela se levanta com as bandagens e caminha até a
mim. Estendo as minhas mãos e ela as enfaixa com rapidez.
— Vamos treinar, campeão.
Eu adoro quando ela me chama de campeão. Quatro horas depois
Katherine sai com Tinna para se embelezarem. Eu não queria ir nessa festa,
todo mundo sabe que o Underground é da máfia, a Cosa Nostra, mas
ninguém diz. O Underground é uma ótima maneira de lavar o dinheiro e
lucrar ainda mais. Se eu não tivesse o Treinador Blake, provavelmente eu
estaria nas academias deles, como muitos lutadores ficam.
São academias de ponta com as melhores coisas, lá além de treinar
são constantemente avaliados por eles para assim verem as apostas. O
Underground tem menos regras e mais ação que qualquer outra competição
de luta. Alguns só entram para ganhar dinheiro, pois é uma coisa que rende
um bom dinheiro quando se ganha ou se você apostar que irá perder
também.
Nem todas as pessoas são ruins, não posso generalizar, mas há as
suas frutas podres e são elas que eu quero distante de Katherine.
Meu celular toca quando eu saio do banheiro e vejo que é Kristen.
Atendo, preciso falar com ela.
— Oi. — Ela diz tímida quando eu atendo.
— Ainda está em Vegas? — Seria melhor falar pessoalmente com
ela.
— Sim, mas eu irei para casa amanhã. O meu voo foi cancelado.
Voltei para o hotel assim que sua luta acabou. — Ela suspira. — Se está me
ligando para falar de Kath eu realmente não estou interessada e não é um
bom momento. — Sua voz treme no final.
— O que? — Começo a ficar preocupado.
Ela funga.
— Só voltei a ver o passado e não foi a melhor coisa pra mim nesse
momento.
— Está tudo bem?
Ela suspira.
— Vou ficar, só é difícil quando eu lembro que perdi dois anos de
minha vida por... — Ela não termina a frase e volta a chorar. — Eu já perdi
tantas coisas, não posso te perder Jordan.
— Você não vai me perder.
— Promete?
Eu abro a boca para prometer, mas fecho. Eu sempre cumpro minhas
promessas e não quero prometer algo para Kristen se não tenho certeza
absoluta de que irei cumprir. Não seria justo.
— Você não vai me perder, mas Kristen, Katherine faz parte da
minha vida agora, não tem como vocês acertarem seja lá o que houve entre
vocês?
Eu escuto a geladeira sendo aberta e posso imaginá-la colocando a
cabeça dentro para sentir o gelado no rosto. Kristen sempre faz isso.
— Se eu a encarar todo o passado irá voltar, Jordan. É melhor
deixarmos enterrado, já superamos, não tem por que cavar.
— Está enterrado, mas não do jeito certo Kristen, vocês precisam
colocar os pontos nos is e finalmente se libertarem.
Ela fica em silêncio um momento.
— Você está tendo algo com ela?
— Eu quero. — Respondo sincero. — Você sabe que eu te amo, mas
eu estou apaixonado por ela.
Escuto Kristen se sentar e suspirar.
— Ela realmente não vai embora novamente, não é?
— Não se eu puder impedir.
— Jordan são tantas coisas que precisam ser ditas, não tenho certeza
como as coisas ficarão.
Eu me sento também.
— Você pode tentar voltar a falar com ela como era antes, Katherine
chorou a noite toda com o modo como você a tratou.
— Ela chorou? — Pergunta e eu a escuto fungando. Kristen sempre
foi muito emotiva.
— Sim, acho que está na hora de vocês se sentarem e conversarem.
— Eu estou indo embora amanhã Jordan. Talvez quando o
Underground acabar.
Pode parecer egoísmo, mas eu não conseguiria ficar ao lado de
Katherine as semanas que faltam sem poder tocá-la ou fazê-la minha por
completo e para isso ela precisava estar liberta de toda a dor e as bagagens
do passado. Por fim tomo a minha decisão.
— Você vai ao baile conosco e na volta vocês duas conversarão.

Termino de colocar o smoking que me aperta me deixando


desconfortável e saio do quarto. Sam e Sirius já estão prontos vestidos
como eu. Sam iria com Tinna e Sirius com Kristen. Eu não tenho ideia de
como Katherine irá reagir, só espero que seja madura e encare os problemas
de frente sem querer fugir.
Perco qualquer raciocínio quando ela sai de seu quarto ao lado de
Tinna. Katherine usa um vestido vinho até os pés com a cintura e costas
nuas, num decote sensual, mas sem parecer vulgar, com os cabelos presos
de lado em cachos. Se eu achava ela bonita, hoje ela está perfeita. Katherine
é aquele tipo de mulher que acorda linda, mesmo com a cara inchada ou
com baba de dormir — não que eu tenha visto — Ela me olha e sorri ao ver
como eu fiquei momentaneamente parado.
— O que acham? — Ela dá uma voltinha mostrando a suas costas
nuas e torneadas com um decote que acaba no seu quadril.
— Vocês com certeza serão as mulheres mais lindas da festa. —
Sam afirma e eu vejo que ele está devorando Tinna que usa um vestido
verde longo.
— Olha só Kath, você deixou Jordan sem palavras. Isso é inédito!
— Sirius brinca a fazendo rir.
— Acho que vou usar essas roupas para treiná-lo de agora em
diante. — Brinca de volta e ele entra na brincadeira.
— Ou quando quisermos ver um filme, pois parece que ele tem uma
matraca que nunca para de falar.
Eu dou um soco no ombro dele.
— Eu, né?
Ele abre a boca para soltar outra quando o telefone da recepção toca.
Sam troca um olhar comigo indo atendê-lo. Eu me aproximo de Katherine a
pegando pela mão e a levo para o meu quarto.
— Você está deslumbrante. — Passo a mão pelo rosto dela
observando cada detalhe do seu rosto.
— Obrigada.
— Eu preciso te dizer uma coisa, não sei se você irá ficar feliz ou
me socará, mas eu fiz algo.
Seus olhos cerram enquanto ela me encara tentando descobrir o que
eu aprontei.
— O que fez?
— Eu conversei com Kristen no telefone e ela está disposta a
conversar com você. Parece que tem mais coisas do que aconteceu. —
Katherine estanca os passos antes de se jogar nos meus braços e me abraçar.
— Obrigada. Mas ela já não foi embora? — Em seguida ela começa
a abanar seu rosto com as mãos com medo de chorar e borrar a maquiagem.
— Sobre isso...
Alguém bate na porta do quarto e eu escuto a voz de Kristen.
— Jordan?
A sobrancelha de Katherine se arca e ela me olha como um
predador. Tenho medo de que eu dê um passo em falso e ela me ataque.
— Ela quer conversar agora? — Katherine sibila e eu nego.
— Depois da festa.
— Então ela vai na festa. — Ela diz e me olha decepcionada e eu
não entendo nada, não era ela que queria resolver as coisas com a irmã.
— Sim, na volta vocês conversarão aqui. Amanhã cedo nós estamos
viajando para outra cidade e ela de volta para casa.
Ela parece pensar sobre isso e acena, mas continua triste
caminhando até a porta, novamente Kristen bate nela.
— Katherine. O que foi? — Pergunto passando o dedo por seu lindo
rosto.
— Eu só pensei que esse seria o nosso primeiro encontro e... — Ela
sussurra e suspira.
Percebo então o que ela quis dizer.
— Kit Kat, eu vou com você. Não há nada no mundo que me fizesse
ir com outra pessoa. — Respondo em voz normal, não vou ficar
escondendo o que digo como uma criança que está aprontando ou fazendo
algo errado. Katherine é o meu jogo certo, minha única.
Ela então abre um sorriso e me dá um selinho antes de caminhar até
a porta mais confiante, mas para pouco antes de abrir.
— Não importa como essa noite acabe, hoje vou ficar com você. —
Ela sussurra e eu sorrio feliz.
Quando ela abre a porta eu estou focado no movimento que a bunda
dela faz quando ela anda para reparar em qualquer outra coisa, e só olho
para cima quando Katherine para poucos passos depois da porta do meu
quarto. Olho para cima e vejo Kristen perto da porta com as bochechas
vermelhas.
— Oi. — Ela cumprimenta envergonhada.
Ela está usando um vestido preto simples e seus cabelos presos num
coque alto, ela não é tão alta como Katherine, nem mesmo de salto. Seus
olhos são azuis como os de sua mãe, mas não chega aos pés da beleza de
Katherine, pelo menos não para mim.
— Oi. — Responde Katherine sem saber bem o que fazer.
— Então é melhor irmos. — Sirius se levanta e estende o braço para
uma Kristen surpresa.
Estendo o braço para Katherine que aceita sorrindo feliz e com os
olhos brilhando. De canto de olho vejo Kristen olhando para a gente, antes
de desviar quando percebe que eu a vi. Durante a viagem dentro da
limusine Tinna e Sirius tentam puxar assuntos com todos deixando um
clima mais a vontade.
Ao chegarmos ao salão do hotel onde será a festa precisamos parar
para sermos fotografados e mais jornalistas se juntam quando nos
reconhecem, a matéria que fizemos foi um sucesso absoluto. O salão está
cheio de gente rica e metida, sou parado para cumprimentar alguns com
olhos gordos em Katherine, faço questão de colocar a mão em suas costas
nuas para que todos vejam que ela é minha. A levo para a pista de dança
querendo ficar sozinho com ela.
— Tomara que acabe logo. — Eu resmungo e vejo seu sorriso triste.
Então sussurro no seu ouvido. — Para poder ficar agarrado em você na
cama e acordar ao seu lado, preciso ver seus olhos quando acordo Kit Kat.
Ela coloca os braços no meu pescoço e me dá um selinho sem se
importar que o vejam. O quanto antes falarei para Sam enviar uma nota
dizendo que eu e Katherine estamos juntos. Posso até fazer outro post no
Instragam. Sam tem andado sumido desde ontem, sempre ao telefone
resolvendo as coisas. Preciso que ele dê uma parada antes que fique doente.
Vejo ele na pista com Tinna e sorrio. Essa pequenina o pegou de jeito.
— Estou feliz de estar aqui com você Jordan. — Katherine diz com
um sorriso grande para mim. Cara, ela é tão linda.
— Poderíamos estar numa barraca comendo hot dog e ainda sim
seria mágico.
Eu rio alto chamando a atenção de algumas pessoas e Katherine
bufa uma risada olhando em volta com vergonha. Vejo exatamente quando
o seu sorriso sai do rosto e ela fica pálida, viro minha cabeça e vejo um
homem loiro alto parado na pista de dança olhando de boca aberta para ela.
Katherine pragueja a minha frente quando ele começa a se aproximar.
— Kath? — Ele pergunta de longe ainda andando, cada vez mais
perto.
— Kit Kat, quem é ele? — Pergunto e ela me olha com os olhos
saltados.
— Meu ex-namorado.
Eu abro a boca para dizer algo, mas ela me deixa na pista e corre em
direção ao banheiro. Me viro e vejo o marmanjo vindo para mim com uma
expressão de surpresa. Se Katherine fugiu dele, algo aconteceu. Não me
importo se serei expulso do Underground, se esse cara fez algum mal a
Katherine eu vou dar uma surra nele na frente de todos esses grã-finos sem
hesitação alguma.
Olho em volta e vejo Kristen brincando com Sirius no outro lado do
salão e Sam e Tinna ainda dançando perdidos no seu próprio mundo.
— Quem é você? — Pergunto quando ele para na minha frente.
— Quem é você? — Ele joga de volta.
O cara pode ser musculoso, mas ainda sou mais forte e mais alto —
por poucos centímetros — e não há sensação melhor do que um concorrente
olhar para cima para poder falar com você.
— Eu sou Liam, ex-namorado de Kath e queria falar com ela. Faz
tantos anos que não nos vemos. — Ele suspira passando as mãos pelo
cabelo, em seguida pela barba rala.
— Eu o seu atual e último namorado, futuro marido e o cara que vai
lhe dar uma surra se chegar perto da minha mulher. — Respondo com
calma e ele arregala os olhos antes de assentir.
— É bom saber que Kath arrumou um homem.
Eu abro a boca para responder, mas escuto uma taça quebrando. Me
viro e vejo Kristen olhando pálida para Liam.
— Raibow? — Ele pergunta com a voz falha e Kristen tenta se
afastar.
Uma mulher vestida de preto se aproxima de nós, ela tem uma
prancheta na mão e com certeza trabalha no evento.
— Senhores por que não conversam em uma sala mais reservada
com os seus acompanhantes?
Ela sem esperar a resposta segue para uma sala distante e abre a
porta para nós. Reparo que várias pessoas olham curiosas, esperando o que
vem a seguir. Eles entram primeiro e eu olho para a mulher.
— Minha acompanhante foi ao banheiro e...
— Vou trazê-la quando estiver pronta. Até lá, tentem não quebrar
nada. — Ela diz saindo dali bufando. Entro na sala e vejo Kristen encolhida
no canto de uma parede olhando para a janela.
Liam a olha de longe antes de tomar coragem e se aproximar dela.
Os dois falam baixo e eu não consigo entender muita coisa.
— Você sabe o que está acontecendo? — Sirius pergunta ao meu
lado e eu nego.
— Não tenho ideia, só sei que ele é ex de Katherine, que fugiu
quando o viu.
Sirius assente tomando mais um gole da sua taça de champanhe
ainda olhando para eles.
— Não é melhor chamar Sam?
— Melhor esperar Katherine chegar, qualquer coisa eu mando uma
mensagem para ele.
Ele sorri de lado.
— Alguém tem que estar curtindo, né? Já sei que dormirei no sofá.
— Suspira e eu sorrio lembrando das palavras de Katherine.
— Pode dormir no quarto das meninas ou no seu, Katherine vai
dormir comigo.
Sirius solta uma risada.
— Então são dois ganhando. — Suspirando teatralmente ele olha
para cima. — Quando foi que a roleta girou e eu fiquei sobrando?
— Não faço ideia. — Bato no seu ombro. — Quando Katherine
apareceu foi como uma enxurrada.
— Sam está sabendo disso? — Ele pergunta e eu nego, ele também
nega com a cabeça antes de terminar o seu champanhe.
— Boa sorte.
— Por quê?
— Porque Sam assinou contrato com o reality essa manhã e ia dar a
notícia depois da confusão que, com certeza, ocorreria com Kath e Kristen,
para aliviar o clima.
— Porra. Esse dia não tem como ficar pior.
Então Katherine entra pela porta com os olhos saltados ao ver
Kristen e Liam abraçados.
Sirius bate no meu peito.
— É, é melhor eu ligar para Sam e talvez para o motorista da
limusine para irmos embora antes que ocorra um barraco aqui.
12
KATH
Jogo uma água na nuca tentando me controlar, já fazia mais de cinco
anos que eu não via Liam Preston. Meu primeiro namorado, o homem que
tirou a minha virgindade. Também o homem que me traiu com quase todas
as meninas que participavam do Underground feminino.
Conheci Liam no meu primeiro Underground, ele tinha acabado de
mudar de cidade com os pais e não conhecia quase ninguém aqui, ele
começou a treinar na academia no meu pai e nos demos bem logo de cara,
eu o levava sempre na minha casa para jantar e meus pais o amavam. Liam
era o cara perfeito na época para mim, o que uma jovem lutadora ia querer
mais do que namorar um lutador?
Descobri sua traição depois de ver ele beijando Alanis Shane, minha
rival e arqui-inimiga. Eu fiquei com tanta raiva que terminei com ele assim
que estávamos sozinhos. Passei horas chorando com Kristen me
consolando, então semanas depois chegou o grande dia. Eu lutaria com
Alanis e ensinaria a ela a nunca mais mexer comigo.
Ela não estava pronta para lutar comigo, duvidava que ela estivesse
pronta para lutar com qualquer pessoa. O que ela tinha de força ela não
tinha de inteligência e prática. Eu limpei o chão com ela no primeiro round.
Queria que demorasse mais para eu ter a minha vingança, porém ela não
aguentou mais de um round e bateu no chão desistindo da luta. Eu ri
enquanto ela era ajudada a sair do octógono chorando.
Mas minha alegria durou pouco. Uma semana depois, eu tinha
acabado de sair do treino e estava voltando para casa, era de noite e estava
chovendo. Encontrei Kristen caminhando para a lojinha e tinha lhe
chamado.
— Pegue um casaco, está frio. — Eu tinha dito, apesar de ela ser
minha irmã mais velha, Kristen tinha uma saúde muito frágil e um resfriado
a derrubaria por dias.
— Não vou voltar agora. Quero um chocolate da esquina. — Ela
respondeu sorrindo. Rolando os meus olhos eu tirei o meu próprio casaco e
joguei nela que soltou um gritinho.
— É melhor não estar suado, Katherine Grace Blake.
Eu ria enquanto caminhava de volta para casa.
— É melhor me trazer um Kit Kat, Kristen Marie Blake.
Ouvi o seu riso enquanto abria a porta de casa e parei, Kristen sempre
esquecia do meu Kit Kat. Joguei a mochila para dentro e gritei para meus
pais que ia atrás de Kristen para comprar um Kit Kat e pude ouvir meus
pais rindo. Corri até a esquina e parei com a cena que estava na minha
frente. A cena que eu nunca esqueceria.
Quatro garotas estavam chutando o corpo de Kristen no chão
enquanto ela gritava pedindo ajuda. Algumas delas a chamando de ladra de
homem e vadia, porém Kristen não era isso, ela era uma santa. Estava no
seu terceiro ano da faculdade, era a melhor aluna da sala e sempre adiantada
na escola. Então a minha ficha caiu, elas pensaram que Kristen era eu. O
maldito casaco que eu lhe dei.
O restante daquela noite foi um borrão para mim, só me lembro que
me aproximei das garotas por trás e batia com toda a minha força em quem
chegava na minha frente. Elas correram quando não conseguiram me cercar,
então eu caí ao lado do corpo mole de Kristen, ela estava cheia de sangue e
eu não podia tocá-la, pois sabia que ela poderia ter quebrado algo.
Só lembro que papai parou ao meu lado e em seguida sons de
ambulância foram ouvidos. Ela ficou na UTI por dias, então foi transferida
para um quarto. Kristen conseguia respirar, mas não acordou por dois anos.
Ela perdeu dois anos de sua vida por minha culpa. Chegou a um ponto que
a esperança dela acordar estava acabando, vê-la daquele jeito era um
constante lembrete do que fiz com ela. Que ela nunca seria professora, que
nunca namoraria ou construiria uma família.
E se eu não tivesse namorado Liam, ele não teria me traído, eu não
teria humilhado Alanis e ela não teria se vingado batendo na minha irmã
pensando que era eu. Tantos e se, mas nunca pudemos mudar o passado. O
passado sempre vai estar lá para nos lembrar das nossas escolhas erradas.
— Está tudo bem?
Volto ao presente e olho para uma linda mulher de cabelos pretos e
de olhos tão azuis, que eu jamais vi igual. Respiro fundo e aceno, em
seguida nego.
— Quer conversar? Eu já estive na sua situação antes.
Eu a olho e aceno.
— Acabei de ver meu ex-namorado, que me traiu com outra mulher
e eu acabei batendo nela. Ela acabou deixando minha irmã em coma, pois
pensou que estava me batendo, e por último e não menos importante, a
minha irmã me culpa por ter ficado em coma e ter perdido dois anos de sua
vida. — Fungo, contando a história da minha vida a uma estranha. — Ver
ele só fez todas as lembranças voltarem com força total.
— Nossa. — Ela diz, então se aproxima tocando o meu braço. —
Sei que deve ser duro para você se sentir culpada por algo que aconteceu,
mas você não tem culpa, não foi você que bateu na sua irmã, ela devia saber
disso também.
Eu fungo novamente e ela me estende um papel para eu limpar as
lágrimas que caiam dos meus olhos.
— Sei que vai ser dolorido, mas você deve encarar de frente o que
aconteceu e conversar sobre isso, não deixe de falar. — Ela sorri
tristemente. — Muita dor poderia ter sido evitada se eu não tivesse ficado
em silencio.
— Obrigada. — Respondo me sentindo melhor por ter desabafado.
— Tudo bem, me chamo Bella.
— Eu sou Kath.
Nós sorrimos uma para outra e ela coloca a mão no queixo como se
estivesse pensando.
— Você não é a treinadora do Destroyer?
Sorrio sem graça.
— Sim.
— Meu marido é o organizador do Underground daqui de Vegas. Eu
vi a luta e adorei a brincadeira, apesar de Destroyer ter perdido, estamos
torcendo para ele.
Alguém bate na porta do banheiro e em seguida um homem loiro
lindo entra. Abro a boca para brigar com ele por entrar no banheiro das
meninas, mas ele me ignora completamente parando na frente de Bella.
— Amor, fiquei preocupado, você estava demorando.
Bella sorri apaixonada para ele.
— Kath precisava de alguém para conversar. — Ela pisca para mim
e ele me olha.
— Prazer, Apollo King.
Eu aceno.
— Kath Blake.
Ele então abre um sorriso.
— Você não é a treinadora do Destroyer? Achei magnífico esse
empoderamento, estava falando com Bella que já está na hora das mulheres
dominarem mais. Quer se juntar a nós?
Eu abro a boca para negar quando outra mulher entra. Ela está
vestida de preto e tem uma prancheta na mão.
— Olá senhor e senhora King. — Ela diz com normalidade mesmo
que conversemos em um banheiro. — Katherine Blake? — Eu aceno e ela
prossegue. — Seu acompanhante está junto com os seus amigos numa sala
reservada conversando sobre alguns assuntos, sua presença foi solicitada.
Apollo levanta uma sobrancelha para a mulher.
— Fale informalmente Gabriela.
A mulher suspira e me olha.
— Com todo respeito, mas estava quase tendo uma luta aqui dentro.
Liam e Jordan estavam se encarando, então a outra senhorita Blake deixou
cair uma taça no chão e por um momento eu achei que ela desmaiaria.
Então achei melhor levar todos para uma sala reservada para resolverem as
suas desavenças e voltarem para a festa. — Minhas bochechas coram
quando ela termina de falar. — A mídia está aqui e seria um escândalo.
— Isso foi interessante. — Apollo começa e coça a cabeça sem
saber ao certo o que dizer.
Gabriela olha para nós e acena.
— Vou estar esperando por você lá fora para levá-la. — Então sai.
Bella me dá um sorriso encorajador.
— Kath, vai lá e enfrente os seus medos. Não esqueça a culpa não é
sua. Abra o seu coração e depois vá para a nossa mesa para conversarmos.
— Ela pega a minha mão. — Gostei muito de conhecer você. Caso as
coisas fiquem mais complicadas tenha cuidado com o que diz para não ferir
ninguém com as palavras.
— Obrigada.
Ela sorri e me abraça.
— Caso a gente não se veja mais hoje, nós estaremos em Boston
para a próxima luta. Lá podemos conversar e você poderá me dizer como as
coisas ficaram.
Eu aceno feliz que fiz uma nova amiga.
— Eu irei adorar isso.
— Eu também.
Ela sorri feliz saindo do banheiro com Apollo que acena com a
cabeça antes de me deixarem sozinha no banheiro. Eu precisava mesmo
desabafar com alguém de fora. Se eu estivesse errada, temia que Tinna
nunca me falaria porque ela é minha amiga, mas Bella é uma pessoa de
fora. Suas palavras foram libertadoras, eu precisava enfrentar os meus
medos para finalmente viver o presente.
Saio da porta e Gabriela me dá um sorriso encorajador antes de
caminhar até o outro lado do salão numa sala reservada. Ela me para antes
de eu entrar.
— Escolhi essa sala, pois ela tem uma porta que dá direto lá pra
fora. Basta saírem por aí que terá uma limusine esperando por vocês.
Eu aceno.
— Obrigada.
— Mandarei os seus agradecimentos a senhora King, ela que
mandou fazer isso. Essa mulher tem um bom coração.
Entro na sala e me deparo com Liam e Kristen abraçados. Eles
nunca se gostaram, me lembro que ela sempre falava algo rude para ele
quando estava lá em casa.
— Liam, o quer falar comigo?
Ele limpou a garganta e se afastou de Kristen.
— Eu te vi e já faz tanto tempo... — Ele passa a mão pelos cabelos.
— Só queria conversar, ver como você estava.
Me aproximo de Jordan que coloca a mão na minha cintura me
mantendo encostada nele.
— O bom dos ex-namorados é manter distância. — Olho para
Kristen. — Vamos para o hotel conversar? — Quero finalmente ter a chance
de me desculpar e ouvir toda a raiva que ela tem de mim para quem sabe
superar.
Kristen limpa a garganta.
— Acho melhor Liam ir junto, ele faz parte disso tudo afinal.
O que? Como assim?
Sem querer ficar mais tempo eu aceno, quero colocar as coisas em
pratos limpos. Jordan deixa uma mensagem para Sam avisando que
voltamos para o hotel na limusine que Bella ofereceu. Ao entrarmos no
quarto do hotel, eu me sento e retiro os sapatos e os grampos que prendem o
meu cabelo de lado os deixando completamente soltos.
Jordan se encosta na parede enquanto Kristen se senta na cadeira a
frente. Sirius está na cozinha procurando algo para comer e ignorando
totalmente a gente e por último Liam está encostado na porta como se a
qualquer momento fosse fugir. Não entendi o porquê ele estar aqui, mas se
Kristen queria é porque é importante.
— Vamos começar do começo? — Ela pergunta com as mãos e os
lábios trêmulos.
Eu aceno.
— Sim, eu queria te pedir desculpas Kris, não devia ter te
emprestado o meu casaco, era para eu ter ido comprar as coisas para você.
— Jordan se aproxima e se senta ao meu lado colocando o braço no meu
ombro para me dar força.
— Eu sei que você não teve culpa. — Kristen suspira e olha para
Liam e depois de volta para mim. — Você nunca teve culpa de nada.
— Mas eu lutei com Alanis a humilhando e fazendo ela se vingar.
— Fungo e Jordan me aperta contra ele.
Os olhos de Kristen se enchem d’água.
— Me desculpe. — Ela pede com lágrimas descendo dos olhos. —
Eu devia ter contato assim que eu acordei, mas vocês me explicaram o que
achavam que tinha acontecido, não podia contar a verdade. — Ela tampa os
olhos com as mãos e chora mais. Liam se aproxima e coloca a mão no
ombro dela.
— O que Kristen está tentando dizer é...
— Deixe eu falar, eu preciso falar Liam!
Eu olho para os dois e começo a suspeitar de algo, não eu não podia
pensar nisso. Kristen nunca faria isso comigo.
— Kristen? — Eu não preciso fazer mais perguntas, pois ela chora
ainda mais. — Quando começou? — Tento manter a calma.
Jordan olha para mim então para ela. O reconhecimento das palavras
não faladas brilham nos seus olhos e a mão dele se fechou em punho.
— Kris, você não faria isso com a sua irmã. Não teria um caso com
o namorado dela. — Ele realmente acreditava que podia ser um engano.
Assim como ele, eu também pintava Kristen como uma santa.
— Kath me desculpa. — Ela chora mais. — Eu amava Liam e ele a
mim, mas também gostava de você. Alanis nos viu juntos e ameaçou contar
a você, então Liam chamou ela pra sair, nós decidimos fazer você ver ele e
ela juntos para assim você terminar com ele. — Um soluço escapa da
garganta dela e pela primeira vez eu quero bater na minha irmã mais velha.
Lágrimas de tristeza e humilhação passam por mim. Como as duas
pessoas que eu mais confiava nessa época puderam aprontar comigo isso?
— Você a venceu no Underground e a humilhou, ela não gostou
disso, mas superou. Ela não queria atacar você naquela noite, era eu.
Sempre fui eu. — Kristen se levanta. — Me desculpe por favor, quando eu
acordei todos tinham pensado que foi sua culpa e já estavam superando, eu
não queria remoer mais essa história.
— Remoer essa história? — Eu grito me levantando num rompante.
— Eu até hoje me sinto uma merda e achava que a culpa era minha, tudo
que você tinha a fazer era se desculpar por ser uma puta mimada!
— Ei. — Liam tentou acalmar, mas eu lhe dou um soco na cara com
toda a força que tinha. Os anéis do meu dedo tiraram sangue do seu rosto,
mas eu não me importava e continuei me aproximando de Kristen que
chorava dando passos para trás, ela estava tão encolhida que parecia ainda
menor.
— Eu te contava tudo da minha vida, fazia qualquer coisa por você.
Tudo que você pedia eu fazia, eu lutei por você, eu beijei por você, eu vivi
por você!
Ela chora mais, porém eu não me importo, quero magoá-la tanto
quanto ela me magoou.
— E enquanto isso você ficava com o meu namorado nas minhas
costas! Como você pode Kristen, se você gostava dele tudo que tinha que
fazer era dizer e eu o entregaria para te ver feliz. Eu te idolatrava. — Minha
voz falha. — Eu convivi dia a dia com o olhar dos nossos pais. Eles nunca
me acusaram, mas eu podia sentir a mágoa. Por sua culpa.
— Kath me perdoa. — Ela implora soluçando. — Eu era nova e não
podia fazer as coisas que queria. Eu ficava feliz de ouvir você realizando as
coisas para mim, mas nunca foi a mesma coisa. Quando Liam apareceu... eu
só pensei em mim.
Eu lhe acerto um tapa com mão aberta sem querer tirar sangue dela.
Escuto atrás de mim Liam e Jordan discutindo. Liam querendo defendê-la,
mas eu não consigo parar. Kristen colocou a mão sobre o rosto e chorou
mais.
— Você é uma putinha egoísta que sempre pensou no seu próprio
nariz. — Grito na sua cara. — Eu fiz tudo por você e você acabou comigo.
Por sua culpa eu desisti de lutar, por sua culpa eu não confiava em homem
nenhum, por sua culpa eu precisei me afastar dos meus pais. Da minha
vida!
Pego o seu cabelo e o puxo a derrubando no chão.
— Eu tenho nojo de ter o mesmo sangue que você, eu te odeio.
— Kath, não faz isso comigo. Me perdoa. — Ela implora colocando
as mãos numa oração. — Eu nunca quis te magoar.
— Não, Kristen. — Limpo as lágrimas que caem dos meus olhos. —
Quem ama não magoa ou faz mal. Você devia ter vindo a mim, mas não
veio. Foi uma escolha. Você escolheu o seu destino e ele te puniu. Passou
dois anos como uma morta. — Cuspo e ela faz um som horrível na
garganta.
Olho para trás e vejo que Liam tem a cara inchada de tantos socos
que levou, Jordan não está tão machucado, porém eu vejo que sua
mandíbula estava levemente roxa.
— Katherine você está bem? — Ele me pergunta enquanto me
abraça. Vejo Kristen sendo levantada por Liam.
— Kath por favor, eu mudei. — Kristen implora. — Não me odeie.
Eu olho para ela demonstrando todo o ódio que eu sinto nesse
momento. Mais tarde eu posso me arrepender de alguma coisa, mas agora
eu só quero colocar para fora tudo que está guardado dentro de mim.
— Você não mudou Kristen, continua sendo a mesma menina
mimada e mesquinha que sempre foi. Na luta de ontem você disse que
Jordan era seu e queria que eu me afastasse. Que eu já tirei muito de você,
quando na verdade você tirou tudo de mim.
Ela soluça e eu também.
— Eu não sinto mais nada por você. Porque não vai dar em cima de
outro homem e entra em coma novamente. É isso que você merece, eu te
odeio... — Jordan tampa a minha boca enquanto os joelhos de Kristen
cedem e ela cai no chão.
— Kit Kat pare, depois você irá se arrepender dessas palavras. —
Jordan sussurra no meu ouvido e eu paro olhando para uma Kristen perdida
no chão.
Ele me coloca dentro do seu quarto e me olha.
— Vou coloca-los para fora e já volto. Me espere.
Eu fico remoendo, pelo o que parece horas, tudo que foi dito e me
arrependo de algumas coisas. Como eu pude dizer que queria que Kristen
entrasse em coma novamente. Peço perdão a Deus. Colocando o rosto entre
as mãos eu choro por tudo que aconteceu, por todos os anos que eu passei
separada dos meus pais porque tinha vergonha que a culpa fosse minha que
eles tivessem perdido uma filha. Chorei por tudo de ruim que Kristen fez.
Chorei pelos nossos momentos de irmãs perdidos numa nuvem de mentira.
Chorei pelo o que poderia ter sido e pelos e se.
Jordan entrou no quarto pouco depois e me pegou nos braços me
levando até o banheiro. Retirou nossas roupas e me abraçou enquanto a
água quente caia sobre a gente junto com o meu choro.
— Kit Kat eu sei que está doendo. Dói em mim também porque ela
te magoou.
— Ela era minha melhor amiga. — Sussurro, derrotada. — E ela me
traiu. Ela sabia que eu não me importaria que tivesse ficado com Liam, eu
terminaria com ele para fazê-la feliz.
Ele segura o meu rosto o acariciando.
— Kit Kat se Kristen realmente me quisesse você desistiria de mim
por ela?
Eu olho dentro dos seus olhos e nego.
— Eu nunca desistiria de você, nem por ela, nem por ninguém.
Ele me beija de leve e passa o sabonete pelo meu corpo, em seguida
me ajuda a retirar a maquiagem. Eu estou acabada, exausta mental e
fisicamente. Kristen sugou todas as minhas energias. Quando estamos
deitados lado a lado eu finalmente estou mais calma e as lágrimas pararam.
— Você acha que se não tivéssemos encontrado Liam, ela teria me
contado? — Pergunto na escuridão e Jordan fica em silêncio. Por um
segundo eu me pergunto se ele dormiu, mas então ele suspira.
— Eu não tenho ideia, não conheço aquela Kristen. Nunca pensei
que ela pudesse ser tão egoísta assim. Mesmo depois de acordar ela nunca
tentou uma reaproximação com você?
Nego.
— Isso é o que mais me dói.
Ele acaricia minhas costas.
— Será que um dia você irá perdoá-la?
Dou de ombros.
— Não faço ideia. Estou tão magoada, Jordan. Como contarei isso
por telefone aos meus pais? Meu pai acabou de ter um enfarte, não posso
fazer isso com ele, mas quem garante que Kristen não inventará coisas e
eles acreditarão nela. — Uma lágrima me escapa. — Kristen sempre foi a
filha dos sonhos, como eles acreditariam em mim, a filha rebelde que fugia
e voltava com braços quebrados ou com a polícia a tira colo?
Ele beija a minha testa.
— Eles vão acreditar em você, pois se tem uma coisa que você não
é, é mentirosa.
— Obrigada Jordan. — Sussurro e me aconchego nos seus braços.
— Eu tinha dito que dormiria com você hoje, mas...
— Não precisa dizer nada, só vamos dormir.
— Boa noite, campeão.
— Boa noite, lutadora.
13
JORDAN

Acordo pela manhã quando os primeiros raios de sol surgem pela


janela do hotel. Penso no que aconteceu ontem e olho para Katherine nua
dormindo ao meu lado. Minha menina sofreu tanto por culpa das omissões
de Kristen, como ela pode fazer isso com a própria irmã?
Me levanto e visto uma bermuda, antes de sair do quarto eu fico
olhando mais um pouco para Katherine, ainda não seria hoje que
acordaríamos lado a lado. Vou para a cozinha e vejo Tinna e Sam se
pegando no balcão, limpo a garganta disfarçando uma risada e eles se
soltam. As bochechas de Tinna coram fortemente.
— Bom dia. — Digo pegando os suplementos alimentares e fazendo
um shake para mim junto com uma banana.
— Bom dia. — Eles respondem juntos.
— Não ouvi vocês chegarem ontem. — Tomo um gole da minha
bebida. Se eles tivessem ouvido o que aconteceu com certeza não estariam
calmos assim.
— Acabamos dormindo em outro quarto do hotel. — Sam responde
dando de ombros e Tinna soca o seu ombro com toda a força que ela possui.
— Sim, eu percebi isso. — Me sento e olho para Sam. — Vamos ter
uma mudança, vamos para Seattle hoje e a noite ou no dia seguinte vamos
para Boston.
Sam levanta as sobrancelhas.
— Por que isso agora? Você precisa estar treinando para as
próximas lutas mais que tudo.
Vejo seus olhos irem para trás e reparo que Katherine entrando na
cozinha já vestida e pronta para a viagem. Seus cabelos estão molhados e
me sinto ficar duro ao imaginá-la tomando banho no meu banheiro.
— Bom dia. — Ela cumprimenta a todos se sentando ao meu lado.
Seus olhos e nariz estão vermelhos pelo o seu choro e eu odeio que
ela esteja sofrendo tanto.
— Está tudo bem? — Tinna pergunta preocupada.
— Sim, depois eu te conto.
Os olhos de Tinna então se arregalam.
— Ontem você conversou com Kristen, eu esqueci totalmente. Me
desculpe. — Ela olha rapidamente para Sam e suas bochechas coram.
Uma risada escapa de Katherine.
— Tá tudo bem.
— Sim, está tudo bem. — Repondo a abraçando e dando-lhe um
selinho. — Bom dia.
— Bom dia.
Um arranhar de garganta nos faz lembrar que ainda temos pessoas
conosco. Sam está com a boca aberta e afrouxa o nó de sua gravata.
— Me digam que vocês não estão juntos.
Então eu me lembro das palavras de Sirius. Sam havia assinado o
contrato para o reality.
— Porra. — Murmuro escondendo a minha cabeça no pescoço de
Katherine, que se arrepia.
— O que? — Ela pergunta e Sam limpa a garganta.
— Você depois da luta autorizou o reality e eu estava resolvendo as
coisas e finalmente assinei, ontem.
Tiro a minha cabeça do pescoço de Katherine para ver a expressão
que varia de incrédula para raiva.
— Você está brincando, certo?
Sam levanta as mãos como se isso fosse lhe proteger, caso Katherine
lhe batesse.
— Você disse que tudo bem.
Katherine dá um pulo da cadeira me fazendo tomar um susto. Seria
cômico se não fosse trágico.
— Eu estava com raiva, você nunca deve acreditar plenamente nas
palavras de uma pessoa com raiva. — Ela bufa antes de cair sentada ao meu
lado novamente. — As coisas que eu disse para Kristen...
Acaricio os seus braços.
— Está tudo bem, ela sabe que você só falou num momento de
raiva. — Tento consolá-la.
— Pelo jeito o babado foi forte. — Tinna murmura e eu vejo Sam
assentir igualmente curioso.
Sirius entra na cozinha sem camisa e com uma cara de sono.
— Vocês perderam foi a porradaria, foi Kath com Kristen de um
lado enquanto do outro eram Jordan e Liam. — Diz sem ligar muito
enquanto coloca o café numa caneca para ele.
Sam passa as mãos pelos cabelos.
— E por que não me avisaram? Isso pode prejudicar a sua imagem
se sair na mídia Jordan!
Sirius ri um pouco e eu olho para ele.
— Eu te liguei, primo. Quatro vezes, você estava ocupado com a
pequenina aí.
Novamente Sam puxa a gravata enquanto Tinna finge procurar algo
na geladeira. Terminamos o café da manhã num clima descontraído até Sam
perguntar se Tinna e Sirius queriam ir com ele direto para Boston ou ir
comigo e com Katherine para Seattle para voltar de madrugada.
— Como assim ir para Seattle? — Katherine pergunta me olhando
emocionada.
— Kit Kat você precisa conversar com os seus pais e com Kristen,
colocar um ponto final nisso tudo.
Ela acena e toca o meu rosto beijando o meu queixo.
— Obrigada.
Pouco depois embarcamos para Seattle, Kath está ansiosa ao meu
lado, tento acalmá-la conversando, mas quando não funciona eu a pego pelo
rosto e beijo seus lindos lábios. Aos poucos ela se derrete e fica mais calma.
Antes de embarcarmos eu havia mandado uma mensagem para Sonia, mãe
de Kath para saber se Kristen falou algo, mas para a minha surpresa ela diz
que ainda não a viu. Adianto mais ou menos o assunto para ela ir
acalmando George, o treinador Blake. Não conto com detalhes, só digo que
Kath descobriu que ela não teve culpa nenhuma de Kristen ter sido agredida
e quando chegássemos ela lhes contaria melhor.
Pegamos um táxi até a sua casa, nós só trouxemos uma mochila com
algumas roupas para o treino. Queria que dormíssemos na minha casa, mas
precisamos pegar o avião à noite para Boston, são cinco horas de viagem.
Katherine mexe o pé e morde o lábio nervosamente enquanto bato na porta
da casa de seus pais.
— Tudo vai dar certo. — A incentivo a dar um passo para frente.
A porta se abre e Sonia aparece com um grande sorriso no rosto.
— Entrem, entrem. Devem estar cansados da viagem, fiz um
lanchinho.
Ela nos abraça e assim entramos. Treinador Blake se levanta da
poltrona e abraça apertado Katherine antes de virar a atenção para mim e
me dar vários tapas no braço, seu modo mais carinhoso comigo.
— Soube que tomou uma surra de John. — Ele diz e Katherine
balança a cabeça como se seu pai não tivesse jeito.
— Ele ainda está como um dos primeiros no ranking, ele só perdeu
uma luta até agora. — Me defende e eu sorrio.
Treinador bufa e se senta novamente na poltrona.
— Não aguento mais ficar em casa, quero ir à academia treinar,
voltar a ver as lutas. Não aguento mais papeladas.
Sônia coloca a mão sobre o ombro dele.
— George, em breve você estará novinho. Ouviu o médico, precisa
de repouso e livre de qualquer perturbação.
Sinto Katherine ficar tensa ao meu lado. Sua mãe também vê e dá
um sorriso tranquilizador.
— Já contei por alto o que Jordan me falou, nós somos pais e
precisamos saber. George já está medicado e está tudo bem.
Treinador acenou e olhou carinhoso para a filha.
— Vamos comer algo, conversar de como está indo o treinamento
então falamos sobre Kristen, tudo bem?
Ela acena sorrindo feliz.
— Acho ótimo.
E assim é, comemos, conversamos, Katherine conta do treinamento
que ela escolheu para mim e como foram as lutas até agora. Os olhos do
Treinador brilham a cada palavra que ela diz, e eu fico olhando sorrindo
para ela. Katherine é tão bonita e eu me sinto a porra do campeão dela
quando ela fala que ama me ver levantando os braços quando a luta acaba e
eu sou indicado campeão.
— Querida chegou o convite do casamento do Kellan com a Gaby
para você! — Sonia fiz de repente se lembrando e vai buscar. Eu e
Katherine trocamos um olhar, não preciso dizer nada para saber que eu irei
lhe acompanhar. Ela esconde um sorriso, lembrando do ataque de ciúme por
trás disso.
Quando dou por mim já são cinco da tarde, Katherine me olha e eu
sei que está na hora. Me preparo para levantar-me, para dar privacidade a
eles, mas ela segura a minha mão.
— Kristen tinha um caso com Liam e armaram para eu pegar ele
com Alanis. Alanis e seu bando não bateram nela por causa de mim, mas
por causa dela mesma.
Olho para George que coloca os dedos no rosto e Sonia que limpa
algumas lágrimas que caem. Sei que eles nunca acusaram Katherine pelo o
que houve, mas vi que eles estavam realmente surpresos pela revelação.
Sonia acariciava o ombro de seu marido. Katherine segurava a minha mão
apertada.
Sonia suspira.
— Eu sempre soube que Kristen tinha uma queda por Liam, por isso
o tratava mal. Eu tinha conversado com ela sobre isso e ela me garantiu que
tinha superado. — Ela olha para Katherine. — Dias antes do que houve eu
vi Liam olhando para Kristen de um jeito diferente, eu tinha comentado
com George e tínhamos combinado de conversar com vocês no sábado, mas
aí tudo aconteceu... — Ela coloca as mãos no rosto. — Se tivéssemos
conversados naquele mesmo dia tudo poderia ser diferente.
George a consola e eu acaricio a mão de Katherine, ela se encosta
em mim. Ele levanta uma sobrancelha para a gente.
— Vocês estão tendo algo?
Os lábios de Sonia tremem em diversão.
— Amor, isso não é coisa que se pergunte! — O repreende ainda
divertida. As bochechas de Katherine coram fortemente mostrando o quanto
ela está envergonhada. — Mas se eles quiserem contar...
Explodo em gargalhadas e Katherine tampa o rosto com as mãos,
totalmente envergonhada com a indiscrição dos seus pais. Acho que ela
esqueceu que eu os conheço há cinco anos e nada que eles falarem irá me
envergonhar.
— Mãe! — Ela grita.
Sonia ri.
— Querida na sua idade eu já estava com Kristen nos braços e você
na barriga.
— Isso não tem como piorar. — Ela responde.
Treinador Blake limpa a garganta.
— Na verdade tem sim, quero que você e Kristen se sentem e
conversem sobre tudo. Não quero minhas filhas brigadas. Kristen errou e já
pagou pelos seus erros, vamos deixar o passado, para vocês seguirem em
frente.
Katherine funga.
— Estou tão magoada papai, por causa disso tudo eu fui embora, me
afastei de vocês. Perdi cinco anos longe.
Os olhos do Treinador se amolecem.
— Você não nos perdeu, filha. Estivemos sempre aqui.
Ela se levanta e se senta no colo do seu pai o abraçando. Sonia
acaricia os cabelos da filha e se levanta.
— Vamos comigo na cozinha Jordan.
Aceno os deixando sozinhos. Sonia seca as lágrimas quando
entramos na cozinha.
— Eu não esperava isso de Kristen, sinto que falhei com elas. — Eu
a abraço.
— Você não falhou, Kristen simplesmente escolheu o caminho mais
fácil.
Ela olha para mim e suspira um pouco mais calma.
— Vocês precisam voltar quando?
— Mais tarde iremos, é uma viajem de cinco horas para Boston e
precisamos acordar cedo amanhã para o treino.
Sonia acena.
—A temporada está quase acabando, quando voltarem para casa
elas conversarão. É tempo suficiente para estarem mais calmas.
Eu aceno concordando.
— Antes de ir embora eu gostaria de falar com Kristen.
Sonia me olha surpresa.
— Ela ainda não voltou para casa. Me mandou uma mensagem
antes de vocês chegarem, avisando que iria ficar com uns amigos por alguns
dias.
Isso é estranho, Kristen não tem muitos amigos e os que tem moram
aqui mesmo em Seattle. Tenho uma suspeita de com quem ela está, mas
guardo para mim, eles já têm problema demais e eu jamais faria algo para
piorar a doença do Treinador Blake.
Sonia separa alguns biscoitos de aveia que ela fez e eu a ajudo a
levar para a sala. Sorrio quando vejo Katherine e seu pai conversando
enquanto assistiam uma luta.
— Já decidiu o que vai fazer no seu aniversário, querida? — Sonia
pergunta e as bochechas de Katherine ficam vermelhas.
— Aniversário? — Pergunto interessado e Katherine abre a boca
tentando falar algo, mas eu prossigo. — Como eu não estava sabendo
disso?
Treinador Blake sorri.
— Kath não é grande fã de aniversários. — Ele olha para cima
como se estivesse lembrando de algo. — Seu aniversário é sexta feira, no
dia da sua próxima luta.
Interessante. Olho para ela e sorrio já pensando no que posso fazer
para ela. Sonia se levanta pegando uma caixa e dentro dela um álbum de
fotos. Katherine bufa.
— Sério, mamãe?
— Ah, querida. Jordan precisa ver como você sempre foi bonita!
Pego o álbum e vejo fotos dela bebê e sorrio vendo-a sem dentes e
sorrindo para a câmera com luvas nas mãos.
— Ela adorava roubar as minhas luvas e desfilar com elas por aí. —
Treinador diz orgulhoso. — A luta está na veia.
Passo algumas fotos e vejo Katherine adolescente socando um saco,
ela quase não mudou nada até agora, só conseguiu um pouco mais de
pernas e bunda. Começo a ficar duro e me ajeito na cadeira escutando os
seus pais contarem das fotos, viro a página para outra foto e fico tenso. A
foto é de Katherine abraçada com Liam, Kristen e Kellan, tem uma legenda
embaixo com a letra que eu acho que é de Katherine.
‘’Melhores amigos para sempre’’
Olho para Katherine que olha para a foto e sorri triste, então reparo
o que ela está olhando. Uma mão de Liam está nos ombros de Katherine
enquanto a outra está claramente no quadril de Kristen que sorri corada para
a câmera.
— Eu nunca reparei o que estava na minha frente. — Ela murmura e
eu vejo seu pai fechar as mãos, irritado.
— Kristen vai te pedir desculpas pelo que ela fez e eu juro que se
ver Liam novamente eu mesmo irei dar um soco na sua cara.
Katherine solta uma risada e eu faço o mesmo.
— Ela já fez isso, velho.
Ele olha para a filha nenhum pouco surpreso e acena.
— Mas eu também farei. Kristen também merece uns tapas naquela
bunda. Não criei filha minha para fazer essas coisas. — Ele pega as mãos
de Katherine e as segura. — Nós nunca te culpamos filha e quero dizer que
não vou deixar você se afastar de nós novamente.
— Eu fico feliz com isso, pai. Também não quero mais fugir.
— E não vai mesmo. — Coloco meus braços no seu ombro e beijo
sua bochecha. — Só terei que ver como farei com dois treinadores
carrascos.
Katherine me dá um soco no ombro e o Treinador sorri orgulhoso
sabendo que a filha está dando duro.
— Você está mais em forma do que há anos, Jordan. Continue
assim.
— Pode deixar Treinador.
Sonia bate palmas.
— Filha por que você não começa a lutar na próxima temporada?
Nem preciso dizer que eu e o Treinador ficamos pálidos e olhamos
para Katherine implorando para ela negar, mas seus olhos brilham.
— Ótima ideia, mamãe.
Mais tarde quando nos despedimos no aeroporto vejo Treinador dar
um tapa na bunda de Sonia e resmungar porque ela disse aquilo para
Katherine e sorrio me imaginando velho ao lado da mulher que eu amo.
Olho para Katherine que está perdida nos seus próprios pensamentos
e a abraço apertado até ela me bater querendo se soltar. Então caminhamos
para o jato que já está preparado para a gente. Nos sentamos nas poltronas e
Katherine segura a minha mão na sua. Assim como os nossos corpos, as
nossas mãos se completam como peças de um quebra cabeça.
— Obrigada. — Ela sussurra beijando o meu queixo.
— Não me agradeça por levar você para visitar os seus pais,
qualquer um faria isso.
Ela sorri me puxando para um beijo lento e delicioso, sua língua
brinca com a minha enquanto suas mãos acariciam os meus cabelos curtos.
— Obrigada por existir.
— Eu que agradeço por você por ter me dado uma chance, Kit Kat.
14
KATH

No caminho do aeroporto até o hotel, Jordan e eu trocamos carinhos e


brincadeiras. Apesar de todos os músculos, ele ainda tinha uma parte
infantil que eu amava. Eu estava a cada dia mais apaixonada por ele e sabia
que logo  se já não estive  o amaria. É impossível não o amar.
Ao entrarmos no hotel a primeira pessoa que eu vi foi Tinna, mas
ela não tinha um sorriso no rosto feliz por me ver, na verdade ela estava
com os olhos arregalados. Ela tentou correr para mim, mas a próxima coisa
que eu vi foi três câmeras vindo seguidos de Donna, a jornalista, com um
sorriso brilhante.
Olho para Jordan e vejo que ele está olhando para mim e tem a
mesma expressão. Vamos matar Sam. Eu tento dar um sorriso, mas sai mais
como uma careta. Jordan sabe que eu não vou ficar como sua namorada na
frente das câmeras, pois sei que isso só vai gerar mais boatos. Eu não quero
ser chamada de prostituta ou qualquer outra coisa e querendo ou não, esse
reality é uma ótima forma de mostrar o quão profissional eu sou.
— Jordan, finalmente chegaram! Sam me falou que foram fazer uma
visita a George Blake, seu antigo treinador para ver como ele estava. Que
doce.
Jordan sorri para ela, quem olha assim parece que ele gosta da sua
presença, mas eu o conheço o suficiente para saber que ele está por um fio
de mandar todos se foderem. Lembro das palavras de Sam, dizendo que
esse reality poderia ser a chance de Jordan voltar ao circuito do UFC.
— Sim, Jordan queria um dia de descanso. — Respondo sorrindo e
um bocejo me escapa.
Olho o meu relógio e já são onze e meia, mas ficamos cansados da
viagem. Donna faz um sinal para cortar e os câmeras abaixam as câmeras e
vão filmar alguns ‘takes’ na entrada.
— As filmagens começam amanhã as sete da manhã, é importante
fazermos umas filmagens de vocês acordando. — Ela olha para mim dos
pés a cabeça. — Claro que antes você pode dar um jeito e passar uma
maquiagem.
Minha mão se fecha em um punho e a minha vontade é esmagar a
sua cara perfeita. Ela seriamente acabou de me chamar de feia?
— Já que iremos começar a partir de amanhã, boa noite. — Jordan
diz e ele tem a mandíbula tensa. Meu interior se alegra que ele ficou irritado
com Donna.
Colocando a mão nas minhas costas ele me guia até o elevador,
quando estamos sozinhos eu suspiro.
— Ainda bem que serão somente quatro episódios, quanto tempo
será que eles ficarão com a gente? — Pergunto o abraçando. Jordan acaricia
meus cabelos com uma mão enquanto a outra segura as nossas bolsas.
— Não faço a menor ideia. — Ele levanta o meu rosto para ele. —
Mas você irá dormir ao meu lado toda noite, não me importo que eu tenha
que acordar mais cedo e ir para o meu quarto, durante a noite você é toda
minha. É a última coisa que vejo quando vou dormir e a primeira quando
acordo. Sempre.
Lambo meus lábios secos enquanto esfrego de leve meus mamilos
duros no seu peito.
— E você dizendo que não é romântico. — Brinco e ele bufa.
— Quando eu disse que não sou romântico? Eu te dei um saco cheio
de KitKat.
Eu rio.
— Melhor prova de amor, não há.
Ele me aperta.
— Não duvide, eu posso mandar fazer um buque de KitKat.
Eu suspiro alto teatralmente.
— Seria um sonho?
Ele ri e assim entramos na nossa suíte, Sam já estava lá e quando
nos vê vai para trás do sofá, como se fossemos pegar ele.
— Vocês autorizaram e deviam ter falado comigo.
— Quanto tempo eles ficarão nos seguindo? — Jordan pergunta
estalando os dedos, a cada barulho Sam se encolhe. Ele tem nervoso de
estalos!
— Eles falaram que um mês, depois voltam para gravar as últimas
semanas antes da final, pois o episódio final será ao vivo.
Eu aceno e olho para Jordan.
— Podemos fingir que temos uma relação profissional. — Tento
acreditar nas minhas próprias palavras, mas é inútil.
— Kit Kat, é impossível. — Eu acaricio seu rosto e vejo Sam
olhando para gente como se fossemos uma equação a qual ele não consegue
resolver.
Pego a mão de Jordan e o levo para o que eu acho ser a sua suíte.
Olho para as janelas e sorrio vendo a neve começar a cair, quando
chegamos ao hotel só estava frio.
As mãos de Jordan vão para a minha cintura.
— Kit Kat eu sei que você está preocupada com a sua imagem, mas
acredite em mim, ninguém vai falar um ‘ai’ para você.
Eu acredito em suas palavras, mas tenho medo de me machucar
novamente.
— Vamos fazer assim, por favor. — Me viro e fico na ponta dos pés
para beijar os seus lábios. — Por favor.
Ele coloca as mãos na minha bunda, mas não é algo puramente
sexual, é mais que isso. Sua cabeça vai para o meu pescoço onde ele me
cheira e depois beija de leve.
— Podemos dormir? Estou bem cansado. — Pergunta e eu aceno.
Ele se separa de mim só para colocar o despertador para tocar às seis
da manhã, o nosso horário mesmo de acordar.
Jordan retira a sua roupa e faz o mesmo com a minha me puxando
para o chuveiro onde tomamos um banho quente e relaxando, só curtindo a
presença um do outro. Antes de dormir Jordan me dá um dos seus casacos e
uma calça de moletom, pois está realmente frio. Nos aconchegamos e
finalmente caímos no sono.

Acordo assim que o despertador toca e olho para Jordan que dorme
profundamente ao meu lado. Dou-lhe um beijo na bochecha e escrevo uma
nota para ele:

Bom dia, amo, dormir e acordar ao seu lado. Não esqueça que sou
sua treinadora e devo ser dura. Toda vez que eu brigar com você minha
vontade será de beijá-lo.
Sua, Kit Kat

Me levanto da cama detestando sair, não por causa do frio, mas


porque queria acordar ao lado de Jordan e sentir seus braços me apertando
como ele sempre faz. Vou para o meu quarto e depois de um banho eu fico
olhando as minhas opções, olho para a janela e vejo que não está mais
nevando, porém está frio, mesmo com o aquecedor ligado. Decido colocar
um macacão preto de costas nuas com um casaco, quando se malha com o
tempo bom ou não, sempre haverá calor e suor.
Saio do quarto e vou caminhando para a cozinha, encontro Sam e
Sirius já acordados e arrumados.
— Já acordaram? — Pergunto o óbvio ainda meio adormecida.
— Pra falar a verdade mal consegui dormir, estou ansioso. Essa será
uma grande chance para Jordan. — Em outras palavras, ‘’não estrague tudo,
Kath’’.
— Será tudo perfeito, prometo.
Sirius bufa.
— Vocês falam isso, mas sou eu que vou aparecer na tevê
apanhando.
Eu rio e tampo a minha boca para não acordar Tinna ou Jordan.
Olho para o relógio e vejo que já são seis e quarenta. Uma porta se abre e
eu suspiro de alivio quando Tinna sai de lá arrumada como se fosse desfilar.
— Uau. — Exclamo e ela dá uma voltinha fazendo a sua saia de
pregas dar uma levantada.
— Que porra é essa? — Sam ruge passando as mãos pelos cabelos.
— Tinna você prometeu que se comportaria.
Ela bufa pegando algumas coisas na mesa para fazer o shake de
Jordan.
— Eu estou comportada!
Ele abre a boca para argumentar, mas ela liga o liquidificador que
abafa o som. Eu explodo em gargalhadas junto com Sirius.
— Perfeito! — A voz de Donna me tira dos eixos.
Olho para trás vendo ela junto com a sua equipe, Sam tem a
decência de corar. Ele os deixou entrar e filmarem a gente sem a gente
saber?
— Há quanto tempo você está aí? — Pergunto com a voz mais
calma que consigo.
Ela sorri.
— Desde que vocês se juntaram aqui. Precisava de um take. — Ela
bate palmas. Às sete da manhã ela está maravilhosa como sempre e eu me
pergunto o que ela faz. — Jordan não acordou?
— Não.
Ela volta a bater palmas e eu quero bater em sua cara.
— Perfeito. Vá acordar ele como normalmente acorda.
Me levanto a contragosto e finjo não ver as câmeras seguindo os
meus passos. Paro na porta de Jordan e bato forte.
— Acorda, Princesa. Hora de treinar! — Grito e escondo um sorriso
pensando no que ele fará quando estivermos a sós. Bato novamente e a
porta se abre revelando Jordan vestindo somente as calças de moletom
perigosamente baixa.
— Bom dia treinadora. — Ele pisca e deixa a porta aberta voltando
para o quarto caminhando em direção ao banheiro.
Bufando eu volto para a cozinha, tinha certeza absoluta de que
Jordan foi dormir com um casaco. Ele queria me provocar e conseguiu.
Olho para Tinna que esconde um riso com uma tosse e estende um copo de
Shake de Tâmara.
— Pega leve com o Destroyer. — Sam brinca e eu bufo.
— Se ele queria um treinador mole, que contratasse outro. —
Respondo orgulhosa que me mantenho em uma postura profissional e de
durona.
— Com você é tudo duro, né? — Sirius diz e me engasgo com o
shake antes de dar um soco no ombro dele.
Balanço a cabeça divertida depois. O ar muda quando eu vejo
Jordan entrar na cozinha, ele começa a vir até mim, mas lembra das
câmeras e sorri se sentando ao meu lado.
— Bom dia a todos.
Tinna lhe entrega a sua garrafa com shake e Jordan pisca agradecido
para ela.
— Está pronto para treinar? — Pergunto quando acabamos o café.
— Eu estou.
Donna nos dá algumas dicas e fazem uns takes antes de entrarmos
sozinhos no elevador para a cena final dessa primeira parte. Quando
finalmente estamos no elevador eu o olho.
— Eu vou acabar matando-a. — Resmungo e ele ri me abraçando.
— É só ignorar, vamos treinar, correr e pensar que a noite vamos
ficar agarradinhos.
Eu coloco a minha cabeça no seu pescoço.
— Não me provoque. — Levanto a cabeça para olhá-lo e suspiro. —
Eu vou ser dura com você lá embaixo, quero parecer fodona.
— Kit Kat, você é fodona. — Pisca para mim dando um passo assim
que as portas do elevador se abrem.
Entramos na academia do hotel em Boston e começamos a nos
aquecer, Jordan correu trinta minutos na esteira antes de pegar as cordas e
pular. Sei que as câmeras estão nele e tento me concentrar. Tenho a minha
prancheta contra o meu peito, olhando seus movimentos e anotando os
pontos que podemos melhorar e pequenas anotações do tipo:
Como seria lamber todo esse suor dele?
Eu daria tudo para tê-lo só para mim.
Perigoso, sensual e travesso. Essas são as palavras para descrever
Jordan McKenna.
Coloco essas notas nas ultimas folhas assim como a primeira que fiz
sobre ele e sorrio lembrando. Volto aos pensamentos quando percebo que
Donna está babando por ele.
— Mais rápido Jordan. — Incito com a voz fria e desprovida de
emoção. — Isso é pular corda, não fazer uma equação.
Ele rosna e eu escondo um sorriso. Quando finalmente acabamos o
pré-treino, começamos a pegar firme de verdade. Jordan é dedicado e pega
ainda mais pesado quando eu começo os meus comentários, sei que ele está
dando mais que o seu máximo só para me ver feliz e eu quero largar tudo só
para beijá-lo. Engulo em seco quando ele tira a camisa que já estava
molhada de suor e termina de colocar as fitas em suas mãos, protegendo o
metacarpo. Um suspiro me solta quando ele soca o saco de areia com toda a
força com movimentos seguidos.
— Sequência. — Grito acima do som e ele obedece fazendo as
sequências que eu mando. — Esquerda, direita, esquerda. Chute.
A voz de Kurt de Nirvana explode pelos sons da academia a todo
vapor, enquanto eu o treino ao som de Smells Like Teen Spirit.

Eu sou pior no que faço de melhor


E por essa dádiva eu me sinto abençoado
Nosso pequeno grupo sempre foi assim
E sempre será até o fim

Sempre fui uma garota eclética com sons, mas tenho um fraco por
rock. É uma sensação única quando você soca ao som de um rock que te dá
vontade de gritar cantando junto. Jordan vai para o saco de velocidade e dá
um sorriso para mim antes de girar os punhos lá.
— Então, como é ser treinadora do Destroyer? — Donna pergunta
me tirando dos pensamentos.
— É sempre um desafio, mas esqueço tudo quando vejo ele dando
tudo de si no octógono. Nunca conheci lutador tão bem treinado, preparado
e focado.
Ela sorri e aponta para as câmeras irem filmar Jordan.
— Conseguimos marcar para levar Jordan para treinar na academia
do Underground essa semana, sei que ele gosta de treinar só, mas queremos
pegar um pouco desse mundo. A partir de amanhã vocês vão treinar lá.
Eu abro a boca para falar, mas ela me ignora caminhando até Jordan
o fazendo parar. Para o seu sangue não esfriar ele trota enquanto ela fala
com ele. Imagino que seja a mesma coisa que ela falou para mim.
Aproveito para mandar uma mensagem para Sirius descer.
Passo o resto do treino tentando ser o mais profissional possível,
Sirius dá um show com Jordan, ambos trabalham em harmonia e eu me
pergunto por que Sirius nunca concorreu em uma competição.
— Estou acabado. — Jordan diz quando sai do seu quarto
caminhando para a cozinha. Ele já tinha tomado um banho, assim como eu
e Sirius.
— A comida está pronta. — Tinna exclama mostrando um ótimo
prato com todas as calorias que ele precisa.
Nos sentamos e as câmeras não param. Donna saiu e eu aproveito
para mandar uma mensagem para Sam:
Eu: Porque Donna está aqui?
Sam: Eu não sabia que ela iria controlar todo o show, deveria ser o
diretor, mas parece que ela implorou.
Em outras palavras Donna o fodeu para ficar mais perto de Jordan.
A raiva me toma, não vou ficar de braços cruzados vendo ela dar em cima
dele. Se Donna acha que eu sou uma mosca morta, ela está muito enganada.
Eu: Trate de deixar bem claro para ela que Jordan não está
disponível.
Sam: Ele já falou com ela, mas se ela fizer alguma coisa me diga
que eu falarei com a produção.
Eu: Obrigada.
— Tudo bem? — Jordan pergunta ao meu lado e eu aceno.
— Maravilha.
Ele acena sabendo que não é assim, mas deixa. Sabe que eu não
direi uma palavra sobre qualquer cosia enquanto as câmeras estiverem aqui.
Quando acabamos ele me chama para dar uma corrida antes do
almoço. Eu aceito e saímos do hotel, o ar está frio, porém não chove.
Escondo um sorriso vendo Donna cruzar os braços, ela está de saltos e não
pode correr conosco. Porém o meu sorriso morre quando eu vejo que os
câmeras vem atrás da gente.
Nós começamos a correr até o parque então trocamos um olhar.
— No três. — Jordan diz e eu aceno. — Um, dois...
— Três! — Eu grito já correndo. Escuto o riso de Jordan enquanto
fugimos dos câmeras.
Nós damos a volta pelo parque e andamos o resto do caminho até
uma sorveteria. As bochechas de Jordan estão vermelhas pelo ar gelado.
— Nós não deveríamos. — Falo quando ele se senta pegando um
cardápio de sorvetes.
— Nós não vamos ficar gripados por um sorvete, Kit Kat.
Eu me sento e coloco as minhas mãos embaixo do meu queixo.
— Você nunca sai da dieta.
Ele sorri.
— Por você eu saio. — Ele olha para o cardápio não vendo a minha
cara vermelha, e não era pelo frio. — Olha, tem sorvete de KitKat. Amo
esse sabor.
Minhas bochechas coram quando eu percebo as segundas intenções
de suas palavras. Nós pedimos o sorvete e enquanto comíamos eu tinha que
usar toda a minha força para não agarrar Jordan e o beijar. Ele gemia a cada
colherada me fazendo ficar molhada e necessitada.
— É melhor voltarmos para o hotel. — Me levanto, mas não antes
de ver o sorriso travesso de Jordan.
Nós andamos pelas ruas lentamente como se não quiséssemos
chegar ao hotel. Jordan segurava a minha mão enquanto caminhávamos
como um verdadeiro casal. Sabíamos que era perigoso alguém nos
reconhecer e tirar uma foto, mas nesse momento nada mais importava para
mim. Quando estávamos a algumas quadras do hotel Jordan parou.
— Você sabe que amanhã treinaremos no centro do Underground,
certo? Está pronta para vê-lo? Se você não quiser podemos mandar tudo se
foder, é só dizer as palavras Kit Kat...
Meu coração se aquece ao ver que Jordan está preocupado comigo.
Antes que ele termine de falar eu pego seu pescoço e colo meus lábios nos
seus, Jordan retribui segurando a minha nuca com uma mão e com a outra
acariciando minhas costas.
— Liam é meu passado.
Ele cola as nossas testas.
— Odeio que ele foi o seu primeiro amor, sua primeira vez.
Eu pego o seu rosto em minhas mãos e o acaricio.
— Ele não foi o meu primeiro amor. — Você é. Eu queria dizer, mas
não tinha coragem.
Ele sorri.
— Mas isso não vai me impedir de acabar com ele no octógono.
— Eu não esperaria nada menos.
15
JORDAN

Na manhã seguinte entrei na academia de cara feia prestando


atenção em tudo a minha volta. Katherine andava ao meu lado com um
sorriso escondido e os braços cruzados sobre o peito com a sua prancheta.
Depois de dormimos agarrados mais uma vez e resistir a ela que estava
realmente tentando ficar comigo. Aí me perguntam por que resistir? Eu
quero que essa noite seja especial para ela. Katherine se entregou a Liam e
ele a traia com a sua própria irmã. Sei que ela confia em mim, mas quero
que ela se entregue por completo, não só pelo desejo. Podem me chamar de
mulherzinha, eu não ligo.
A minha cara feia fica ainda pior quando eu vejo alguns lutadores
parando para observar Katherine. E aí vem o motivo de eu estar tão
zangado. Além de estar de cabelos soltos, ela está usando a porra de um
short saia curtíssimo e um top, deixando sua barriga chapada de fora.
Depois dela ter acordado as cinco da manhã novamente como combinamos
para fugir ao seu quarto eu achei que ela estaria nervosa para estar num
lugar com tantos lutadores e testosterona junta, mas ela se ofendeu com a
minha pergunta e respondeu:
— Eu estou acostumada com lutadores a vida toda, eles podem
olhar e liberar a porra de milhões de feromônios, mas o único que eu quero
está negando fogo!
Nem preciso dizer que tive que esconder um sorriso, e para provar o
meu ponto eu tinha pegado a sua mão e colocado em cima da minha ereção
dura como pedra.
— Tenho estado assim a noite toda. — Tinha dito e ela engoliu em
seco acariciando o meu pau. — Não faça isso. — Retirei a sua mão.
— Por quê?
— Porque eu quero que seja único e especial.
Em vez de responder ela bufou e saiu do quarto praguejando sobre
eu ser lutador e precisar ser bruto.
Nunca fui um cara de estereótipos, eles na verdade atrapalham as
pessoas as colocando cegas como burros de carga que só olham em uma
direção. Eu posso ser um lutador e não ser grosso, ogro, bruto, machista,
homofóbico e assim por diante. Assim como um escritor pode sair para
festas e curtir. A sociedade nos impôs a colocarmos estereótipos em tudo e
isso é triste.
— Melhore essa cara. — Katherine murmura então me olha. Nós
estamos no canto do salão e ela amarra meus punhos com as fitas de
proteção. — Vai, coloca pra fora o que você está guardando. Já está ficando
vermelho!
Eu passo a mão pela minha barba por fazer.
— Você deixou o resto da sua roupa em casa?!
Katherine explode em gargalhadas chamando a atenção de alguns
lutadores que param de lutar para comê-la com os olhos. Nessa hora não me
importo que tenham câmeras nos filmando, mando um olhar sério de aviso
para eles, que sorriem antes de voltarem a atenção para seus afazeres.
— Jordan para com isso. — Ela nega com a cabeça e ri novamente.
Ela se abaixa para pegar na mochila a corda e eu vejo alguns
lutadores olhando para a sua bunda e evito praguejar já que as câmeras
estão filmando tudo. Donna não estava aqui e eu não duvidaria que ela
aparecesse a qualquer momento. Katherine me estende uma corda, mas tem
outra com ela. Sem dizer nada ela pula comigo ainda mais rápido que eu
sem parar. Ela é uma máquina. Já estávamos suados, porém continuamos o
aquecimento do pré-treino antes do treino para valer.
Sirius chega e eu escuto os gritos de Katherine enquanto treino com
ele. Reparo os olhares de inveja de alguns lutadores e percebo que seus
treinadores estão batendo um papo em vez de guiá-los. Nesse quesito nem
Treinador Blake e nem Katherine erraram nunca, eles sempre se mantêm
atentos para eu dar o meu melhor e o máximo. De canto de olho eu vejo
Katherine e Donna conversando, parece até uma minientrevista e eu
percebo que ela está estressada apesar do sorriso no rosto. Em pouco tempo
de convivência com Katherine eu sei ler as suas expressões melhor do que
ninguém.
Pouco depois as câmeras voltam a me filmar e eu dou o meu melhor,
mas sem entregar todos os movimentos já que vejo alguns lutadores de olho
em mim. Assim como eu estou analisando, eles fazem o mesmo comigo.
— Jordan você pode dar uma passadinha aqui pra dizer o que você
acha dessa academia?
Suspirando e ignorando o riso de Sirius eu desço do octógono e vou
até as câmeras, pela próxima meia hora respondo as perguntas de Donna e
falo um pouco do meu treinamento, nada demais, só para bater a meta do
dia. Quando finalmente termino procuro Katherine com os olhos e a
encontro perto de um bebedouro conversando com um lutador, ambos
sorriem e conversam animados. Ignorando tudo a minha volta eu caminho
em passos largos até ela.
Katherine desperta em mim o meu lado mais primitivo e cru. Eu
amo cada parte dessa mulher e não quero ninguém com um pau ou com um
desejo por minha mulher, perto dela. Podem me chamar de possessivo, eu
não ligo. O que é meu, é meu e pronto. Posso ser um cara divertido e de
boas com a vida, mas não mexa com o que é meu.
Eu demoro muito tempo para confiar e mais ainda para amar, e
posso dizer com certeza que não é um sentimento ralo. Quando eu amo é
para sempre, ou até que traiam a minha confiança.
Em poucos passos eu estou ao seu lado contendo a vontade de
colocar a mão na sua cintura.
— Coé mano. — Levanto o queixo e ele ri antes de sair. Olho para
Katherine quando estamos sozinhos. — O que vocês estavam conversando?
Ela levanta uma sobrancelha para mim.
— Não venha todo homem das cavernas para cima de mim, Jordan.
— Ela me repreende tomando outro gole da sua água.
Eu aproximo minha boca da sua orelha.
— Eu quero é entrar na sua caverna. — Brinco tentando amenizar o
clima e funciona. Katherine cospe a água que está bebendo e tosse
engasgada.
— Jordan! — Ela grita antes de me bater e negar com a cabeça. —
Você não tem jeito!
Na volta para o hotel nós trocamos sorrisos e brincadeiras,
ignoramos as câmeras e continuamos com a nossa vida. Almoçamos todos
juntos ouvindo as minhas piadas e brincadeiras. Tinna entrou no clima e
soltou algumas sem graça que fez Katherine rir mais que tudo.
— Se eu soubesse que você gostava de piadas ruins, não daria o
meu melhor repertorio a você. — Brinco empurrando os seus ombros e ela
faz o mesmo.
— Então, onde vamos comemorar o seu aniversário? — Tinna
pergunta mudando de assunto e Katherine para ganhar tempo toma
lentamente o seu copo de água. — Nem tente me enrolar, não é todo dia que
se faz vinte e cinco anos. Quero FES-TE-JAR.
— Tinna você não tem jeito. — Ela nega com a cabeça e me olha.
— Bem, podemos ir comemorar depois que você ganhar.
Eu sorrio vendo a sua confiança em mim.
— Com certeza vamos comemorar Kit Kat. — Você nem imagina o
quanto, completo mentalmente.

Os dias que se seguiram passaram do mesmo jeito, entre treinos e


corridas formavam a melhor parte do meu dia, só por estar ao lado dela. À
noite depois que as câmeras deixavam o hotel, Katherine vinha a mim e me
beijava até dormirmos, durante todas esses vezes ela não tentou nada
demais, como se já soubesse que eu não iria deixar. Ela não estava feliz
com isso, mas pelo menos gostava de ficar ao meu lado sem querer uma
coceira em troca.
Ontem à noite nós chegamos à cama e Katherine olhou para mim
mordendo o lábio, amanhã seria seu aniversário e eu a teria para mim, já
tinha organizado tudo e seria perfeito para nós dois. Eu e ela sabíamos que
no momento que eu entrasse nela, ela seria minha para sempre.
— Jordan. — Ela olhou para mim enquanto se ajoelhava na cama e
retirava a minha camiseta que ela vestia deixando seus seios rosados
aparecem para mim. Ela estava nua por baixo da minha camiseta. Porra.
Tentei não olhar para seu centro, focalizando apenas no seu rosto, mas era
difícil.
— Katherine...
Ela molhou os lábios e ficou de quatro engatinhando até mim com
os seus seios balançando a cada passo que ela dava. Seus olhos
demonstravam tudo que ela queria fazer comigo e eu não sabia se teria
força o suficiente para negar.
— Eu preciso de você dentro de mim. — Implorou quando parou na
minha frente e me montou.
— Kit Kat amanhã você será minha. — Toquei seu rosto a
acariciando com delicadeza.
Ela tomou meu dedo na boca e o chupou. Essa menina não estava
normal hoje.
— Kit Kat... porra. — Gemi deixando minha cabeça cair para trás
quando ela roçou sua bocetinha nua em cima do meu pau dentro das calças.
Eu podia sentir a quentura e de como ela estava molhada.
— Jordan estamos jogando esse jogo há dias. Eu não aguento mais
estar dolorida e ter que cuidar de mim mesma.
Eu engoli seco e ela mordeu o lábio, divertida, antes de colar sua
boca na minha, enquanto se mexia contra meu pau. Saber que ela estava se
tocando só me deixou ainda mais aceso e eu sabia que me arrependeria se
simplesmente a comesse como uma qualquer.
Tomando a minha decisão eu a peguei pela cintura e a joguei na
cama, agarrei seus lindos seios e os amassei e torturei em minhas mãos,
Katherine levantava o quadril querendo ficar de encontro ao meu pau, mas
eu a impedi antes de colar minha boca em seu seio chupando e mordendo
ele enquanto brincava com o outro. Seus gemidos pareciam como os de um
gatinho. Minha gatinha.
— Aí, Jordan. — Ela gemeu pegando meus cabelos e pressionando
contra os seus seios me fazendo sorrir contra eles antes da uma mordidinha
de leve fazendo ela se arrepiar.
Fui descendo beijos por sua barriga, intercalando com mordidinhas
de leve, Katherine gemia e ondulava o quadril conforme eu chegava perto
do prato principal. Sem nenhuma cerimônia ela abriu as pernas para
acomodar meus ombros largos entre elas. Meus olhos foram para a sua
boceta depilada e molhada.
— Porra Kit Kat, você está encharcada!
Com o primeiro toque da minha língua Katherine gemeu e levantou
o quadril querendo mais. Eu estava amando vê-la assim tão entregue e sem
reservas para mim.
Coloquei seu pequeno broto inchado na minha boca e chupei
enquanto dava batidinhas com a minha língua. Olhei para cima só para ver
seu rosto entregue ao prazer, de olhos fechados e com as suas mãos
agarrando seus seios com força. Meu pau estava babando dentro da calça e
eu o empurrava contra o colchão para ter qualquer alivio, mas era só olhá-la
que eu sabia que meu alivio só viria quando eu estivesse dentro dela.
— Tão gostosa. — Eu disse lambendo toda a sua entrada antes de
mergulhar minha língua dentro dela. Katherine cheirava a baunilha e
mulher, e nesse momento não podia ter cheiro melhor.
Enquanto minha língua entrava e saia da sua entrada, levei meus
dedos ao seu clitóris e o pressionei antes de movimentá-los em pequenos
círculos rápidos.
— Jordan! — Katherine gritou quando seu corpo começou a
convulsionar e eu sabia que ela estava chegando ao seu prazer.
Querendo que ela se entregasse ao prazer totalmente eu retirei meus
dedos do seu clitóris e substitui pelos meus lábios enquanto a fodia com
meus dedos olhando para ela. Katherine tinha os olhos banhados em
lagrimas de tanto prazer e largou seus seios para segurar a minha cabeça
enquanto rebolava a boceta na minha cara.
— Isso Kit Kat. — Gemi enquanto a sugava com força.
Com um gemido alto Katherine veio, mas eu não parei enquanto seu
corpo tremia com a força do seu orgasmo. Quando finalmente o seu corpo
se acalmou ela se sentou na cama com o peito arfante e me olhou com um
sorriso tão grande que me fez sorrir. Sentia seu gosto nos meus lábios e
entre a barba, mas não me importava. Eu passaria o dia inteiro com o rosto
entre as pernas dela se isso significasse esse lindo sorriso.
Ela se aproximou e tomou meus lábios nos seus e me beijou tão
docemente e apaixonadamente que me fez sorrir entre o beijo, Katherine
estava tão apaixonada quanto eu. Ela pegou uma das minhas mãos,
enquanto ainda me beijava, e levou aos seus seios que ainda estavam duros
suplicantes por atenção. Enquanto sua outra mão descia pelo meu abdômen
até o elástico da minha calça. Ela conseguiu colocar o meu pau para fora e
se afastou um pouco para olhar suas mãos me masturbando.
Meus olhos estavam em seus seios e depois foram para o seu centro
que eu já começava a ver uma nova onda de excitação.
— Kit Kat você está me matando. — Eu gemi quando ela se
abaixou ficando de quatro e em seguida colocando o meu pau na boca.
Eu tentava não me mexer para não a machucar, mas estava difícil e
só piorou quando eu olhei o espelho do guarda roupa que mostrava ela toda
aberta para mim. Meus olhos foram para a sua linda bocetinha e eu ofeguei
quando vi que ela brincava com o seu clitóris enquanto me chupava.
— Porra Kit Kat.
Passei minha mão pela sua bunda e ela gemeu contra o meu pau me
fazendo sorrir.
— Você quer que eu te ajude com isso? — Perguntei divertido e ela
acenou com a cabeça enquanto movia os dedos pelo clitóris mais depressa
sabendo que eu estava vendo através do espelho. — Menina malvada.
Coloquei dois dedos meus na boca antes de enfiá-los em sua boceta
e começar a fodê-la enquanto ela se tocava. Seus gemidos contra o meu pau
só me deixavam mais excitado, eu estava surpreso de não ter gozado nas
calças enquanto lambia ela. Katherine engoliu o meu pau e fez um som de
engasgo me fazendo gemer. Eu não sei o que acontece com nós, homens,
mas apreciamos muito ver uma mulher com o pau na boca e melhor ainda
se ela se engasgar as vezes. Pode parecer ridículo ou imoral, mas saber que
você fez isso com ela e ela gostou dá uma nova onda de prazer.
— Eu vou gozar. — Avisei porque não era um homem estúpido de
fazer isso sem avisar antes. A mulher pode estar tão entregue quanto
possível, mas é escolha dela se quer ou não engolir minha porra.
Katherine fez um som de apreciação enquanto três jatos grossos
saem de mim. Foram tantos dias sem conseguir me aliviar, vivendo somente
contando os dias para ela.
— Porra.
Gemo quando ela se senta lambendo os lábios como se gostasse do
meu sabor, mas vamos combinar que não é bom. Não importa o quanto os
filmes pornôs tentem fazer isso algo maravilhoso como um sundae de
morango. Todo homem já provou o gosto da sua porra, seja só dando uma
lambida no dedo para saber o gosto ou beijando a boca de uma mulher que
tem sua porra na língua. Isso é um fato. O que Katherine e muitas outras
mulheres gostam é a emoção que tem por trás do ato, seja deixando um
homem louco ou então demonstrando o quanto podem ser boas dando
prazer.
Sorrio agradecido para Katherine e sem me importar com o meu
gosto nela eu a beijo.
— Obrigada.
Ela bufa enquanto eu nos coloco deitados nos cobrindo, agora que
nosso sangue está esfriando eu percebo que está frio. Me levanto e vou
aumentar o aquecedor antes de me deitar novamente ao seu lado. Katherine
se aconchega a mim.
— Quando isso finalmente vai acontecer? — Pergunta num
sussurro. Sua cabeça está na curva do meu pescoço fazendo eu ficar
arrepiado com a sua respiração quente em mim.
— Amanhã, Kit Kat.
Ela levanta a cabeça e me olha.
— Não vai esperar ser meia-noite, né? — Ela franze o nariz. —
Você está tipo uma virgenzinha.
Eu rio a apertando contra mim.
— Eu só quero fazer algo especial, porque será a nossa primeira vez
juntos.
Ela sorri com as bochechas coradas.
— Agora você está fazendo eu me sentir mal por te atacar. — Ela
me dá um tapa.
— Kit Kat, pode me atacar sempre que quiser.
Ela ri e se aconchega mais em mim.
— Boa noite, Campeão.
— Amanhã quando eu vencer, quero que você me mande a porra de
um beijo, não me importo com quem veja. Eu preciso disso.
Katherine coloca a mão sobre o meu coração.
— Você terá seu beijo, Jordan.
16
KATH
Acordo com um sorriso no rosto no dia seguinte, mas meu sorriso
some quando eu percebo que perdi o horário de sair do quarto antes que os
câmeras chegassem. Tento me levantar, mas os longos braços e pernas de
Jordan me prendem embaixo dele como se eu fosse um ursinho. Eu quero
rir, mas tento me manter séria.
— Jordan. — Sussurro, mas ele continua adormecido.
Lambo os meus lábios e me viro um pouco para ver melhor o seu
rosto, Jordan já estava há vários dias sem retirar a barba e isso dava um ar
mais misterioso e sensual, mas eu sabia que bastava ele abrir um sorriso
para seu rosto se transformar no de um menino. Seus cabelos também
estavam um pouco maiores a já estavam batendo na testa, com as pontas
dos dedos eu retirei os cabelos do seu rosto e fiquei o admirando. Eu não
queria admitir ainda, mas Jordan me fez ter mais sentimentos por ele do que
qualquer outra pessoa. Ao seu lado eu não via o lado ruim das coisas, muito
pelo contrário, eu enxergava a beleza de cada pequena coisa.
— Jordan. — Tento novamente, porém ao invés de acordar ele me
pressiona ainda mais contra ele e joga a perna por cima de mim me
mantendo totalmente presa.
Eu tento sair de seus braços, mas paro quando sinto algo duro me
cutucando. Cerro os meus olhos olhando para o seu rosto e lhe acerto um
tapa quando eu vejo seus lábios tremerem de leve.
— Você está acordado!
Então ele solta uma risada gostosa e beija minha bochecha.
— Bom dia, Kit Kat. — Seu rosto vai para a curva do meu pescoço
enquanto ele acaricia minhas costas com as suas grandes mãos calejadas.
— Nós perdemos o horário. — Resmungo quando ele beija a curva
do meu pescoço.
— Odeio que você tenha que se preocupar com isso. Que tal
chutarmos a porra do balde e assumir a nossa relação?
Eu levanto a minha cabeça para olhá-lo melhor e franzo a testa com
as suas palavras.
— Jordan...
Ele sorri para mim, mas não é um sorriso feliz.
— Não pode culpar um homem por querer assumir que já foi
domado.
Eu lhe acerto um soco antes de me levantar. Caminho para o
banheiro e sei que ele está a poucos passos de mim. Como é mesmo aquele
ditado? Se está na chuva é pra se molhar. Tomamos banho juntos entre
caricias e beijos. Jordan não tentou nada demais e eu sorri com isso, sabia
que para ele era difícil, considerando a grande ereção que ele apresentava.
Depois do banho eu coloquei o pijama de ontem a noite e Jordan
saiu primeiro do quarto para ver como andavam as coisas e voltou pouco
depois.
— Eles receberam uma chamada do diretor, o verdadeiro diretor,
que os mandou fazer uns takes no ginásio sobre os outros lutadores
arrancando trechos deles.
Eu sorri e beijei de leve a sua boca antes de correr para o meu
quarto, não passou nem vinte minutos depois que eu me arrumei e sai do
quarto, e dei de cara com Donna.
— Eu sei de onde você saiu. Não tem medo do que pode acontecer
se descobrirem?
Eu abri a boca para mandá-la cuidar da própria vida quando Tinna
veio para o meu lado, apesar de ser muito mais baixa que Donna, Tinna
ainda parecia mais forte.
— Acho que é melhor você pensar bem no que fala se não quiser ser
substituída, porque vamos combinar que você não sabe mandar nem em si
mesma, quem dirá num show que renderá milhões de dólares para o canal.
— Você está se achando a rainha só porque está fodendo o agente de
Jordan? Cresça! — Donna cospe.
— Pelo menos eu estou fodendo alguém... alguém que me quer. —
Rebateu.
Donna abriu a boca, mas fechou e saiu dali rosnando. Tinna riu e se
virou para mim.
— Essa mulher é um saco.
— Me diga mais sobre isso. — Respondi, e ela apontou para a
cozinha.
Depois de me empurrar um prato com frutas ela colocou as mãos
entrelaçadas abaixo do queixo.
— Me conte tudo e não me esconda nada, quase não conseguimos
nos falar há dias. Você ocupada com o treinamento, massagens e de dormir
com Jordan e eu... trabalhando.
Eu ri e balancei.
— Trabalhando e fodendo Sam como coelhos, né? Vamos combinar.
As bochechas de Tinna ficaram coradas.
— Cale a boca. — Ela tomou um gole do seu suco e levantou uma
sobrancelha para mim. — O que faremos hoje para o seu aniversário?
Eu terminei de engolir um pedaço do mamão e dei de ombros.
— Na verdade o meu aniversário é amanhã e...
— A luta vai acontecer depois da meia noite, portanto é seu
aniversário. — Me cortou e eu rolei os olhos.
— Tanto faz, como eu estava dizendo amanhã estaremos em Nova
Iorque e seria legal se fossemos para um clube.
Os olhos de Tinna brilharam de excitação.
— Vamos comemorar então hoje e amanhã. Sam disse que
receberam entradas hoje para a área vip do Abaixo de Zero.
Eu levantei uma sobrancelha surpresa. Essa rede de casas noturna
era considerada uma das melhores dos Estados Unidos e já tinha filiais em
várias cidades, inclusive Nova Iorque. Tinna e eu fomos uma vez, porém
não conseguimos entrar na área vip.
— Eu sei, vai ser um sonho realizado! — Ela exclamou animada e
eu também fiquei.
— Parece que estamos na estrada há séculos, né?
Tinna assentiu.
— Mas você nunca esteve tão feliz assim antes.
Eu sorri contra a minha caneca de café.
— Isso é verdade.
Tinna roubou uma das frutas do meu prato e piscou para mim.
— Nem pense que você vai escapar de um dia de salão hoje, depois
do seu treino com Jordan.
Eu sorri e olhei para as minhas unhas curtas e sem esmaltes.
— Eu irei adorar.

Quando acabei o treino com Jordan ele fez um sinal para os câmeras
saírem enquanto eu pegava os óleos para consertá-lo. Durante a semana
tivemos que manter a linha de profissionais quando duas vezes eu tive que
sentar nas suas costas para coloca-la no lugar, ou retirar os nós dos braços
sem ficar com a respiração ofegante.
— Está pronta para montar em mim, Kit Kat? — perguntou com um
sorriso de menino no rosto.
— Hoje não será preciso, espertinho.
— Droga. — Fingiu estar chateado.
Sem poder evitar, passei a mão pela sua barba e contornei os seus
lábios com as pontas do dedo.
— Vou retirá-la hoje. — disse e eu o olhei corada.
— Eu gosto dela, você podia só a aparar.
Ele sorriu novamente mostrando as suas covinhas e colocou as suas
mãos livre de tala, na minha cintura.
— Seu pedido é uma ordem.
Eu bufei de brincadeira e me sentei a sua frente pegando as suas
mãos e as colocando no meu colo. Passei óleos na minha e comecei a
pressionar cada nó que ele tinha nas mãos e pulsos.
— O que você vai fazer depois daqui? — perguntou enquanto
olhava eu massagear sua mão.
— Vou ao salão com Tinna, dar uma repaginada.
Ele bufou.
— Você já é perfeita, Kit Kat.
Eu sorri como boba.
— Obrigada, mas eu preciso fazer as unhas, sobrancelhas, fazer uma
hidratação nos cabelos e essas coisas.
Ele rolou os olhos.
— Bobagem, eu gosto de você assim do jeitinho que é.
Eu levantei uma sobrancelha para ele.
— Então se gosta de mim ‘natural’, eu deixarei todos os meus pelos
do corpo crescerem. — Brinquei e ele coçou os cabelos.
— Também não é pra tanto, baby. Mas eu não me importaria de ter
que passar por um pouco de pelo para chegar a sua...
— Jordan! — Gritei e dei um soco nele. Então cai na risada. Só ele
mesmo. — Palhaço.
Ele sorriu para mim e piscou.
— Seu palhaço. — Eu sorri novamente e ele tocou meus lábios com
a ponta dos dedos calejados. — Adoro o seu sorriso.
— Obrigada. Eu também amo o seu.
No meu jeito torto eu declarei os meus sentimentos por ele, bastava
saber se Jordan seria inteligente para perceber e a julgar pelo seu sorriso ele
percebeu.
Eu demorei mais tempo do que imaginava no salão de beleza, por
esse motivo Jordan teve que treinar só com Sirius que já conhecia a nossa
rotina de cor. Quando sai do salão já passava das nove horas da noite. Eu
estava relaxada depois de uma massagem, com as minhas unhas  do pé e
das mãos  pintadas de café, sobrancelhas desenhadas, pele tão limpa e
cheirosa, cabelos tão macios e sedosos que eu me sentia como a própria
Gisele Bündchen.
— Vamos logo começar a nos arrumar, ainda temos maquiagem e
roupas para escolher. — Tinna disse assim que saímos do elevador. Eu
estranhei não ver os garotos na nossa sala acoplada. — Quando eles
terminaram o treino, foram ao barbeiro.
Eu assenti enquanto ia à cozinha pegar uma garrafa de água antes de
irmos para o nosso quarto. Quarto esse que eu não dormi nenhuma vez
desde que chegamos em Boston. Demorou mais duas horas para estarmos
prontas, Tinna me convenceu a usar cílios postiços e eu conseguia vê-los se
olhasse para cima. Decidi passar batom vinho e arriscar um pouco mais na
roupa. Afinal eu estava fazendo vinte e cinco anos e não cinquenta.
Escolhi um short preto de cintura rodada e um top vinho,
completando o look com um salto preto e bijuterias. Meus cabelos estavam
com alguns cachos que foram feitos no salão e que deram ao meu rosto um
ar doce e angelical, ao contrário da minha roupa que dizia uma coisa
totalmente diferente.
— Nós estamos muito lindas, na moral. — Tinna exclamou depois
de tirar fotos nossas e colocar no Instagram.
Eu aproveitei que eu estava tão arrumada e pedi para ela tirar uma
foto minha de rosto para eu colocar de perfil e sorri com o resultado. Em
menos de um minuto eu recebi comentários me elogiando, inclusive de
antigos ficantes de Nova Iorque que perguntavam quando eu estaria de
volta e isso me fez parar para pensar. Será que eu voltaria para lá, agora que
eu sabia a verdade sobre Kristen, será que eu teria coragem de abandonar os
meus pais novamente, e Jordan?
— Tô sentindo um baixo astral aqui, pode ir se animando Kath!
Eu sorri para a minha melhor amiga, amiga essa que eu negligenciei
mais uma vez, mas não acho que ela esteja com raiva de mim já que
também passava bastante tempo com Sam.
— Eu ainda não transei com Jordan. — Confesso e ela abre a boca e
fecha pelo menos umas três vezes antes de caminhar até a cama.
— Acho que preciso me sentar. Kath, eu acho que a cabeleireira
acabou puxando o seu cabelo durante a escova para você falar abobrinha
agora.
Eu ri e me sentei ao seu lado.
— Eu queria que acontecesse, mas Jordan está com uma ideia louca
de que tudo tem que ser perfeito e essas coisas.
Ela estala os dedos.
— Por isso que ele alugou um quarto no outro andar para a gente. —
Ela sorri grandemente. — Ele está muito, muito, muito apaixonado por
você, Kath.
— Ele realmente alugou um quarto para vocês? — pergunto com o
coração saltando umas batidas e sorrio.
— Sim, isso é tão legal! — Ela pula na cama de leve para não
amassar sua roupa e suspira sonhadora. — Eu quero um amor assim.
Eu empurro seu ombro de brincadeira.
— E como vão as coisas com Sam?
Ela suspira.
— Ele é maravilhoso.
— E por que fala isso como se fosse algo ruim?
Ela me olha com as bochechas coradas contrastando com a sua pele
pálida e cabelos escuros.
— Não é ruim. — Ela movimenta as palmas das mãos na perna
como se tivesse me explicando. — Mas também não é bom.
— Por quê?
Ela me olha como se eu fosse estúpida.
—Porque nós combinamos que nosso lance só seria durante o verão
e depois disso cada um para seu lado. Não é como se fossemos nos casar e
ter gêmeos. — Ela então suspira. — O ruim é que eu fico pensando que ele
achará outra mulher no verão que também o achará perfeito.
— Entendi, você não quer o osso, mas também não quer largar ele.
— Kath! — Ela grita e suspira. — Como é difícil não se apaixonar
quando se está convivendo, é como se já fossemos casados há séculos. Com
Jordan também é assim?
Eu molho os meus lábios esquecendo que estou com batom matte e
suspiro para Tinna.
— É como se nos conhecêssemos desde sempre. — Eu olho para as
minhas unhas. — É como se nos completássemos.
Tinna assente se levantando animada.
— Isso é tão intenso, eu já consigo visualizar os bebês sexys que
vocês terão.
Eu rio e me levanto também.
— Vamos logo sair daqui.
Ao sairmos do quarto, perco qualquer raciocínio que eu tinha
quando olho Jordan com a barba aparada como eu tinha falado e os cabelos
raspados dos lados e somente aparados em cima. Eu não imaginava que ele
conseguisse ficar ainda mais bonito, mas Destroyer conseguiu.
— Acho que vou engravidar aqui a qualquer momento. — Sirius
comenta e eu finalmente o olho.
— Valeu, cavalo marinho.
Ele pisca.
— Só cavalo, baby. Só cavalo.
Eu rio e olho rapidamente para Sam que está devorando Tinna com
o olhar. Por fim olho novamente para Jordan, é tão bom não precisar
esconder o quanto eu o quero já que não tem câmeras aqui. Tenho a
impressão de que Jordan queria realmente que esse dia fosse perfeito para
nós.
— Você está maravilhosa, Kit Kat. — Ele diz com a voz rouca se
aproximando de mim.
— Já vi que eu estou sobrando, estou esperando vocês na limusine.
Já era para estarmos no Underground.
Depois que ele sai, Tinna e Sam não tardam a segui-lo nos deixando
a sós.
— Você está lindo. — Passo a mão pela sua barba e ele sorri contra
os meus dedos.
— Mal posso esperar para essa noite chegar ao final e ter você só
para mim.
Eu sorrio de volta.
— Eu também.

Os telespectadores estão muito animados hoje no octógono, parece


que quanto mais perto da final chega, mais a excitação cresce. Depois de ter
deixado Jordan acompanhado de Sirius, nós saímos de lá para ocuparmos os
nossos lugares. Passei algumas dicas para Jordan que ouviu atento e
totalmente concentrado, hoje ele enfrentaria Liam e eu estava num misto de
emoções, mas nada me prepararia tanto quanto ver Kristen do outro lado do
octógono sentada. Ela não estava aqui para Jordan, eu pude ver isso de cara.
Ela havia voltado com Liam.
— É muita cara de pau dela estar aqui. — Tinna diz cruzando os
braços e olhando para Kristen do outro lado do salão.
— Ignorem, daqui a pouco já é seu aniversário e a luta de Jordan. —
Sam nos aconselhou dando um pequeno sorriso antes de voltar a resolver
coisas pelo celular.
Poucos minutos depois Sirius veio até nós sorrindo.
— O cara está preparado.
Olho para a entrada que Jordan sairá e depois para o locutor que
sobe ao octógono.
— Senhoras e Senhores, o primeiro e único. O quebrador de muros,
o inigualável, Jordan ‘Destroyer’ McKennaaaaaaaa.
Olho para a entrada e um sorriso vem quando as luzes se focam em
Jordan que está com um manto vermelho de cetim, caminha trotando e as
suas mãos já estão com as suas luvas. As mulheres vão a loucura quando o
veem e gritam desesperadas quando ele passa no lado delas, uma mais
atrevida pula em cima dele e começa a beijar seu peito e tentar chegar à
boca. Minhas mãos se fecham em punhos e eu respiro mais rápido querendo
chegar até ela e socar o seu lindo rosto de vadia.
Jordan consegue se afastar com a ajuda dos seguranças e pisca para
as câmeras antes de subir no octógono. Sirius percebendo que eu estou com
raiva se levanta e pega o manto de Jordan que me olha sem compreender a
minha cara de brava. Ele não percebeu ainda que seu peito e mandíbula
estão cheios de marca de batom vermelho.
— Senhoras e Senhores, o rugido desse leão está começando a ser
ouvido. Liam o ‘Lioooon’ Preston. — O locutor anuncia e apesar de não ter
tanta algazarra quanto Jordan, Liam tem um número significativo de fãs.
Quando os dois se encaram eu vejo o olhar de Liam ir para Kristen e
sorrir de leve antes de olhar sério para Jordan, seu olhar desce para as
marcas de batom e ele me surpreende quando olha e aponta a sua luva para
mim, como se tivesse me dedicando a luta. O que porra está acontecendo?
— Ele não acabou de dedicar a luta para você. — Sam diz quase
como implorando.
— Sim primo, ele fez. — Sirius confirma e Tinna suspira.
— Jordan vai acabar com ele.
Eu passo a mão pelos meus cabelos.
— Por que ele fez isso?
— Talvez ele ache que esse possa ser um pedido de desculpas. —
Tinna da de ombros e Sirius nega.
— Acho que ele quer entrar nas suas calcinhas.
Eu lhe acerto um soco e olho para o outro lado do octógono onde
vejo Kristen olhando para Liam e depois para mim, minha expressão cai ao
ver o olhar triste dela. Apesar de tudo ela é minha irmã. Me arrependo das
coisas horríveis que disse a ela.
— Porra, hoje não vai ser uma luta fácil. — Sam resmunga.
— Por quê? — pergunto tentando pensar em outra coisa.
— Martelo irá lutar depois de Jordan e se ele ganhar, a próxima luta
eles irão se enfrentar.
Eu o olho sem entender, sei que Jordan não gosta muito desse
Martelo, mas não sei o porquê. Abro a boca para perguntar o motivo, mas
paro quando o sino toca dizendo que é o inicio da luta.
Jordan não dá tempo nem de rodarem um pouco e já parte para cima
de Liam acertando um soco no rosto. Liam não se recupera totalmente, mas
acerta um soco nas costelas de Jordan. Ótimo, hoje terei que tocar nele. Eles
continuam entre socos e chutes até que o primeiro round acaba, sem ter
opção e com as câmeras me filmando eu caminho até Jordan com uma
toalha em mãos e pego o protetor bucal lhe dando uns goles de água.
— Você está indo bem. — Solto a contragosto. — Ele não é tão bom
com socos de esquerda, use isso e você está feito.
Jordan termina de beber a água e me olha com uma sobrancelha
erguida.
— Kit Kat, o que houve para você estar zangada?
— Nada demais, se concentre na luta.
O sino volta a tocar e depois de colocar o protetor bucal de volta em
sua boca eu volto para o meu lugar.
— Kath, Jordan não tem culpa das fãs o beijarem. Tecnicamente ele
é solteiro. — Sam começa e eu aceno.
— Eu não estou com raiva dele. — respondo.
Eu estou com raiva de mim, se eu tivesse assumido desde o começo
que estávamos juntos, talvez, essas meninas o respeitassem e não o
atacassem. Talvez Donna pararia de olhar para Jordan como se ele fosse sua
próxima refeição. A culpa é minha.
Nem reparo que o segundo sinal toca dizendo que eles estavam em
pausa para o terceiro round. Pego uma toalha e me aproximo de Jordan que
eu percebo estar reparando nas minhas pernas e sorrio. Lembro de Jordan
dizendo que era para eu mandar um beijo para ele quando ele ganhasse, mas
eu tenho outra ideia. Sem dizer nada eu começo a esfregar as marcas de
batom de sua pele com força e retiro o seu protetor bucal o olhando
intensamente.
— Você é meu!
Pego o seu queixo e o puxo para mim, grudando os nossos lábios em
uma dança sensual. Ignoro os assobios que a plateia faz e continuo a beijá-
lo. O sino toca dizendo que é o ultimo round. Eu coloco o protetor de volta
na boca de Jordan e sorrio da sua cara feliz e um pouco atordoada.
— Vença para nós, campeão.
E é isso que ele faz, Jordan luta com garra como se tivesse dizendo
o quão feliz ele estava de eu tê-lo assumido para todos. Ignorei as caras
feias de algumas Maria Tatame e me concentrei somente nele. Como o
previsto Jordan ganhou a luta e agora poderíamos sair daqui. Depois de ser
nomeado vencedor da luta Jordan aceitou os cumprimentos de Liam, que
aceitou a derrota com maturidade e desceu do octógono de encontro a mim,
entregando as luvas para Sirius e pegando a toalha que ele lhe entregou.
Enquanto andava pegou a garrafa de isotônico que Tinna lhe jogou.
Quando paramos frente a frente, vários flashes viraram para nós, eu
sabia que seria chamada de coisas horríveis amanhã, mas eu não ligava.
Nada no mundo tiraria a minha felicidade hoje.
— Kit Kat...
— Jordan, querido. — Donna nos cortou se aproximando com a
produção do reality. — Que modo mais interessante de anunciar um
namoro.
— Sim, mas não foi combinado. — Jordan responde colocando a
mão ainda com ataduras na minha cintura.
Donna volta a sua atenção para mim.
— E de onde surgiu essa vontade de contar a todos o seu
relacionamento, há quanto tempo isso vem acontecendo?
Eu sorrio, mas a minha vontade é mandá-la cuidar do seu próprio
nariz.
— Tenho que admitir que sou um pouco ciumenta e vendo as
meninas atacando e querendo um pedaço de Jordan trouxe esse lado em
mim. — Jordan sorri grande e acaricia a minha cintura.
— E há quanto tempo vocês veem guardando segredo de todos?
Não sei por que, mas a cara dela de algum jeito mostra que ela já
sabia sobre nós.
— Há pouco tempo. — Jordan diz e sorri. — Agora precisamos ir
comemorar o aniversário da Kit Kat.
— Ah, sim. Divirtam-se. — Ela espera ser convidada, mas Jordan e
eu ficamos em silencio.
Ela faz um sinal para as câmeras cortarem e nos olha.
— Vocês podiam ter avisado, imagina se não tivéssemos gravado!
— Reclama e eu rolo os olhos seguindo Jordan para a saída.
Nós estamos quase lá quando me viro para ver se encontro Kristen,
mas em vez dela vejo Bella junto com Apollo.
— Kath, quase não lhe achei. — Ela me abraça e sorri grande. —
Amei a revelação do namoro de vocês.
— Foi inesperado. — Eu rio e olho para Apollo. — Bom te ver
novamente.
— Você também.
— Espero que tenha conseguido resolver tudo. — Ela pergunta
preocupada e eu aceno.
— Aos poucos está se resolvendo.
Jordan aparece ao meu lado e olha para os dois. Ele sorri para Bella
e aperta a mão de Apollo.
— Fazendo amizades Kit Kat?
Eu sorrio para ele.
— Esses são Bella e Apollo King.
— King de Vegas? — Pergunta e eu dou uma cotovelada nele, mas
fico mais calma quando eles riem.
— Esse mesmo. Boa luta, cara.
— Obrigado. —Responde.
Bella e eu trocamos um olhar.
— Vocês vão ao Abaixo de Zero? — Ela pergunta e eu aceno feliz
que vamos nos encontrar lá.
— Sim, vamos comemorar o meu aniversário.
Bella sorri entusiasmada.
— Parabéns!
— Obrigada!
Nós conversamos mais um pouco e marcamos de nos encontrar lá
daqui a uma hora, depois de termos trocarmos os números dos celulares.
Voltamos para o hotel depois que Jordan tomou banho só para tirar o suor e
eu o massageei para enfim poder trocar de roupa.
— Kit Kat você sabe que eles são da máfia, né? — Jordan pergunta
quando eu acabo.
Eu o olho um pouco surpresa, eu sabia que o Underground não era
tão limpo quanto os outros campeonatos e rolavam apostas altas, mas eu
não sabia que a máfia estava ligada a ela.
— Os King cuidam dos negócios quando o Underground está lá,
mas todos eles são parte da Cosa Nostra.
Eu pisco.
— Então Bella é uma... mafiosa? —Pergunto e ele acena, e eu dou
de ombros. — Acho que não temos que julgar os outros, desde que não
estejam fazendo nada contra ninguém para mim está tudo bem. Bella e
Apollo ficaram preocupados comigo lá em Vegas antes da bomba explodir,
ela me deu conselhos e ficou comigo até eu me acalmar.
Jordan sorri e toca meu rosto.
— Se ela te ajudou e você gosta dela eu vou tratá-los como amigos.
— Por quê? — pergunto curiosa.
— Porque você é preciosa para mim e eu acredito em tudo que você
acredita.
Eu o beijo de leve antes de entrar no quarto para trocar de roupa
enquanto ele toma outro banho. Coloquei um vestido preto apertado com
umas partes em renda e sorri com o resultado.
Na boate passamos pela fila na porta indo direto para a entrada que
tinha a logo da boate, uma seta vermelha para baixo e um floco de neve. O
nome era bem chamativo e combinava bastante com o clima frio de Boston,
porém ao entrarmos dentro eu percebi o porquê da seta vermelha para
baixo. Esse lugar era nitroglicerina pura. Só de entrar, eu já sentia a energia
das pessoas e do lugar acabando com qualquer frio, com essas pessoas
quentes.
A mão de Jordan foi para a minha cintura enquanto caminhávamos
até a área vip, nós não tínhamos pulseiras ou qualquer coisa e nem
precisamos. Os seguranças somente nos olharam e nos deixaram entrar.
Assim que entramos na área vip um grupo de caras com suas parceiras veio
cumprimentar Jordan sobre a luta e pedir foto. Em nenhum momento ele
soltou a minha cintura fazendo eu entrar junto nas fotos com ele.
Depois que terminamos as fotos eu olhei em volta e sorri ao ver
Bella numa mesa com dois casais, uma loira escultural e uma morena
maravilhosa. As três juntas deixaram a minha autoestima um pouco para
baixo, mas isso acabou quando vi Jordan me olhando dos pés a cabeça e
sorrindo.
— Não me canso de dizer que você é a mulher mais bonita do
mundo para mim.
Tinna me cutucou e eu a olhei.
— Esse lugar ainda é melhor que a filial de Nova Iorque! — Eu
sorrio animada porque é verdade, esse lugar é sem igual.
O Abaixo de Zero é localizado no subsolo de um imenso prédio,
mas isso não tira a beleza do lugar, só dá um ar mais secreto e prazeroso,
algo diferente e único.
— Esse lugar é sem igual. —Respondi olhando em volta
deslumbrada.
Sirius já estava perdido na pista de dança pegando alguma menina e
eu balancei a cabeça divertida. Sam e Tinna foram com a gente
cumprimentar Bella e o pessoal. Nunca vou esquecer que ela me ajudou a
enfrentar os meus problemas de frente sem nem me conhecer.
Assim que paramos Bella nos apresentou a todos da mesa.
— Gente essa é a Kath, que eu havia falado. Jordan vocês já
conhecem. — Ela olha para Tinna e Sam que se apresentam.
— Eu já conheço Dominic e Jace, como estão? — Sam pergunta e
bate as mãos com as dele.
Sam conhece esse pessoal, será que eles fazem parte da máfia?
Bella olha para os seus amigos.
— Esses aqui são meu irmão Dominic e a sua esposa Isis — Ela diz
apontando para a loira e o homem ao seu lado moreno de olhos azuis
intensos. — E esses são Carina e Jace, seu marido.
— Prazer conhecer vocês. —Digo e elas sorriem.
— Nossa, você é a treinadora fodona. — Carina, a morena diz
sorrindo. — Quase que eu morro do coração quando você agarrou o
Destroyer e mostrou quem é que manda! Melhor parte da luta!
Eu rio e me sento. Olho para Jordan que está divertido.
— Kit Kat sabe impressionar. — Ele beija a minha bochecha.
— Você treina há muito tempo? Ser treinadora e ainda mulher deve
ser um saco ouvir comentários machistas, né? — Isis pergunta e eu reparo
que seus olhos têm cores diferentes. Isso a torna ainda mais bonita e
exótica.
— Treino desde que me entendo por gente. —Respondo e sorrio. —
Eu prefiro ignorar o que não me faz bem e provar que eles estão errados.
Ela sorri como se eu tivesse falado a sua língua.
— Eu muitas vezes faço isso, mas tem hora que não aguento e
explodo mostrando quem manda na porra toda.
Dominic lhe dá um sorriso apaixonado como se concordasse
totalmente.
— A Kit Kat a cada treino mostra quem manda, ela me quebra mais
que as lutas. — Jordan brinca e os caras riem como se entendessem bem.
— É preciso muita dedicação mesmo. — Isis responde e toma um
gole da sua bebida. — Eu luto às vezes, mas quase não tenho mais tempo
pra praticar por causa dos meus filhos.
Eu fico surpresa por ela ter filhos, eu diria que ela não tem mais que
vinte e dois anos.
— Se eu não viajasse amanhã poderíamos lutar juntas. — Ofereço e
ela acena interessada como se precisasse disso para ser feliz. Ela claramente
está a muito tempo sem lutar.
Lembro de quando fiquei um tempo sem, depois do que houve com
Kristen, eu subia pelas paredes. Treinar e lutar é como uma droga do bem e
eu não conseguiria mais ficar muito tempo sem.
— Vocês vão muito cedo?
Olho para Sam que estava falando algumas coisas baixas no ouvido
de Tinna que estava corada.
— A coisa está quente aqui. — Carina comenta e seu marido ri.
— Não fale assim, pequena.
Ela pisca e fala alguma coisa no seu ouvido fazendo ele ficar
vermelho. Jace tem uma cara de mal e sério, pela cicatriz no rosto, mas
quando sorri é tão bonito de se ver. Ele e Carina se completam totalmente.
— Me chamaram? — Sam pergunta e Isis pergunta que horas
iremos amanhã e ele acena. — Nós iremos à uma hora da tarde, houve uns
atrasos e eles precisarão de mais uns takes aqui em Boston para completar.
— Acho que dá tempo se treinarmos de manhã. — Falo e ela acena
animada. Vejo Jordan e Dominic trocando um olhar preocupado e Isis e eu
rolamos os olhos antes de rir.
— Homens. — Ela diz e eu aceno.
— Eu bem que queria ir com vocês, mas amanhã tenho pediatra com
os gêmeos. — Carina diz triste.
— Nós embarcamos amanhã cedo. —Bella diz e olha para mim. —
Se voltar a Vegas vamos sair, eu não tenho muitas amigas e gostei de você.
— Eu adoraria. — Também gostei muito dela. Não me importava se
ela fazia parte da máfia. Vemos por aí tantos fanáticos religiosos que
comentem crimes terríveis, sempre há luz na escuridão como também há
sombras na luz.
Continuamos a conversar e Carina e Tinna se entendem bem falando
de roupas e saídas. Isis e eu entramos no assunto de luta e ela me conta que
é faixa preta em várias artes me deixando animada para lutarmos amanhã,
afinal, não é sempre que eu encontro alguém com o mesmo treinamento que
o meu. Nós trocamos números e eu pego o de Carina também.
— Você aprendeu muitos tipos de luta, alguém da sua família
também trabalhava em academias? — pergunto e o clima da mesa muda.
Isis limpa a garganta.
— Eu fazia parte de um curso preparatório do governo que ensinava
as crianças a serem soldados, eu basicamente lutava e aprendia técnicas
todos os dias então não demorou muito para eu pegar a prática de todas as
artes e subir de nível.
Eu aceno.
— Deve ter sido difícil ter que aprender tantas coisas juntas desde
pequena em vez de brincar.
Ela acena e suspira.
— Você não faz ideia.
Eu sorrio querendo dar um clima mais fácil.
— Então vamos ter uma luta digna amanhã.
Ela sorri sedutora.
— Você pode apostar.
Dominic olha para Jordan.
— Acho que sua menina vai precisar de um descanso de alguns dias
depois que lutar com Isis.
Jordan bufa divertido e passa o braço pelo meu ombro.
— Ou a sua vai precisar ir à emergência para colocar os ossos no
lugar.
Eu e Isis socamos nossos homens ao mesmo tempo.
— Ainda bem que eu não luto, porque não aguentaria Jace nesse
torneio de quem mija mais longe. — Carina resmunga e eu rio.
— Se fosse sobre canto, a minha menina ganhava. — Apollo diz
orgulhoso e Bella o beija.
— Carina também canta muito bem. — Jace contrapõe e é vez de
Isis e eu rirmos.
— Eu não sei vocês, mas eu estou indo dançar. — Carina se levanta
e me olha. — Desculpe o desespero, mas não é sempre que consigo sair por
causa dos gêmeos. Hoje eles estão com o pai de Jace então posso ficar
sossegada.
— Nem me fale, os nossos estão com o bisavô. — Isis diz também
se levantando.
— Eu não tenho filhos, mas também preciso desesperadamente
dançar. — Tinna diz se levantando.
— Eu também. —Respondo me levantando e Bella faz o mesmo.
— Filhos só depois que eu me formar. — Informa e Apollo ri.
Descemos a área vip vendo os meninos irem para a sacada ficar
olhando para a gente. Isis revira os olhos ao meu lado.
— Eu não dou nem duas músicas para eles virem até a gente.
— Apostado. — Dizemos eu, Carina e Bella. Olhamos para Tinna
que dá de ombros.
— Eu sou solteira.
Carina ri.
— Jura, não parecia isso quando vi a mão de Sam entre as suas
pernas.
Eu me engasgo olhando para Tinna que fica totalmente sem jeito.
— Cale a boca.
Rindo nós achamos um espaço na pista de dança e começamos a nos
remexer e balançar ao som do remix do DJ que nos deixa ainda mais
animadas. Luzes de várias cores passam pela gente e aquelas preta e branca
também. O pesadelo de quem tem epilepsia. A segunda música está
acabando quando Dominic pega Isis e a beija enquanto dança com ela, Jace
não tarda a chegar e em seguida Tinna desaparece na pista com Sam.
Apollo estende a mão e Bella aceita sorrindo, então eles somem também.
Olho em volta tentando avistar Jordan quando o vejo parado me olhando há
alguns metros de distância. Ele é o único parado na pista e está me dando
aquele sorriso de menino travesso, eu o espero vir até mim, mas ele
continua parado. Ele é mais alto que a maioria das pessoas e mais forte,
criando um espaço a sua volta.
Sorrindo travessa eu olho para ele e começo a dançar o mais sexy
que eu consigo, não se passam nem trinta segundos e eu sinto seu corpo
colado ao meu.
— Você está me levando a loucura, Kit Kat. — Ele sussurra no meu
ouvido acima da música.
Eu me viro e coloco meus braços em volta do seu pescoço e
aproximo minha boca da sua orelha.
— Eu estou esperando por você Campeão.
Ele sorri e pega minha mão me puxando para longe da pista de
dança, nós saímos da boate e eu já sinto meu coração acelerado imaginando
o que vem a seguir. Eu sabia que esse dia finalmente chegaria e eu estou
mais animada do que tudo na vida, agradeço aos céus por ter o controle de
natalidade em dia, com o implante de hormônios no meu braço. Quando nós
entramos no nosso quarto do hotel as luzes estão apagadas. Jordan não fala
nada enquanto andamos até a porta do quarto dele.
— Pode abrir a porta Kit Kat.
Eu o olho e sorrio para tentar esconder o meu nervosismo.
— Não irá sair um homem velho vestido de fralda cantando ‘feliz
aniversario’, né?
Jordan joga a cabeça para trás e ri alto.
— Acho que você vai ter que pagar pra ver.
Eu beijo os seus lábios de leve e acaricio o seu rosto.
— Seja o que for eu tenho certeza que amarei, só porque você fez.
Tomando uma longa respiração eu abro a porta e paro colocando a
mão sobre a boca, não sei como Jordan conseguiu organizar tudo em tão
pouco tempo, mas havia balões, pétalas de rosas e música tocando pelo
quarto. Eu não podia acreditar nisso, ninguém nunca fez algo assim para
mim.
Jordan consegue quebrar qualquer padrão que a sociedade impõe,
não é porque ele é lutador que será descerebrado ou burro.
— Gostou Kit Kat?
Eu aceno e o vejo só para sorrir quando percebo que ele está
filmando a minha reação com o seu celular.
— Eu amei. — Aproximo meu rosto do seu e o beijo.
Ele pega uma mão minha e sorri com suas lindas covinhas.
— Você ainda não recebeu um dos meus presentes.
Eu deixo ele me guiar até a cama, então reparo o ursinho de pelúcia
com um Kit Kat junto. Eu rio e pego ele o abraçando apertado.
— Estou apaixonada! — Exclamo apertando o ursinho contra mim e
sorrio para Jordan que está tirando fotos minhas. Percebo em seu olhar que
ele quer registrar esse momento.
Nos imagino velhinhos vendo essas fotos e sorrindo lembrando
desse momento. Eu coloco a minha cabeça no seu peito e digo:
— Tire uma foto nossa.
Ele me obedece e tira várias selfies nossas, inclusive de nós nos
beijando. O celular logo é esquecido quando eu me viro para ele e beijo
seus lábios com delicadeza começando a retirar suas roupas, as minhas vão
em seguida. Suas mãos calejadas passando por minha pele me arrepia, seu
toque é quente e possessivo, parecendo marcar minha pele.
Ele levanta meu cabelo e começa a beijar minha nuca, sua mão
passando levemente por meus mamilos.
— Jordan...
Me viro para ele e desço beijos do seu peito, até ficar de joelhos a
sua frente. Ele parece tão poderoso, mas ao mesmo tempo perdido em
prazer. Seu pau está tão duro que parece até doer. Quando minhas mãos
tocam sua ereção, ele fecha os olhos e prende a respiração. Mesmo estando
de joelhos a frente desse homem enorme, eu me sinto mais que poderosa,
invencível.
Meus lábios o tomam e suas mãos logo agarram meu cabelo, mas
ele não tenta me puxar para ele, me deixa comandar. Chupo seu pau
olhando em seu rosto, mal consigo toma-lo antes que ele me levante e tome
meus lábios. Ele cola nossas testas.
— Você é tudo que eu consigo pensar, tudo que eu sempre quis.
— Jordan... — não consigo falar, emocionada com suas palavras.
— Eu sei que te fiz esperar muito, mas queria que você tivesse o que
merece. Porque essa será a nossa primeira ultima vez, porque Kit Kat, não
imagino mais você fora da minha vida.
Seus lábios tomam os meus e eu sinto o gosto salgado das minhas
lagrimas. Eu amava esse homem. Amava sua bondade, a sua força e como
queria me dar o melhor sempre.
Ele me deita na cama e seus lábios descem pelos meus seios,
chupando e mordendo, me contorço embaixo dele, sentindo a ereção dura,
pronta para mim. Envolvo minhas pernas em sua cintura e levanto o
quadril, sentindo a sua ponta entrar em mim. Jordan levanta o olhar e morde
o lábio enquanto começa a entrar, sua ereção dura e grande me alargando,
me preenchendo, mas tão gostoso que não consigo mais conter meus
gemidos.
Ele investe forte contra mim, me fazendo arranhar suas costas e
morder seu ombro.
— Me avise se eu te machucar. — Ele resmunga, antes da coisa
ficar séria.
Seus braços ao lado da minha cabeça, seu corpo grande e forte
contra o meu e depois de me lançar aquele sorriso doce ele mostra que é o
Destroyer dentro e fora dos ringues. A cama balança conforme ele investe
com força dentro de mim, me levando a loucura. Nunca senti nada assim
antes, nunca foi tão intenso e gostoso.
Nossos olhares se encontram e ele volta a tomar meus lábios.
— Gostosa demais!
Solto um gritinho quando ele atinge um ponto dentro de mim que
me faz ver estrelas, mas não é o suficiente para ele. Ainda estou tremendo
do orgasmo quando ele me se afasta e me coloca de quatro, jogando meus
cabelos por cima do ombro e beijando meu pescoço.
— Toda minha.
Então ele me fode, me fazendo cair com a cabeça no colchão, para
tentar ocultar meus gritos. O som de nossos corpos se fundindo, a musica
no fundo, nossos gemidos e respirações ofegantes.
Ele aperta minha bunda, me batendo com tanta força que sei que
amanha terei a marca de suas mãos, mas não reclamarei. Sua mão alcança
meu seio e ele belisca, rindo quando eu protesto. Ela então desce até meu
clitóris que ele dedilha com precisão, seus dedos calejados tornando ainda
mais intenso.
— Jordan... — Tento avisar.
— Goza no meu pau, KitKat.
E eu venho, com tanta força que caio na cama, isso o deixa louco,
ele investe mais uma vez antes de vim bem fundo dentro de mim. Sinto seus
beijos pelas minhas costas e bunda antes que suas mãos grandes abram as
bandas da minha bunda para ver a sua porra escorrendo da minha boceta.
Levanto a cabeça porque não posso perder esse olhar. O olhar do homem
que vai lutar pela sua mulher até o fim de seus dias.
— Acho que ainda tenho folego para mais algumas. — Brinco.
Ele acerta um tapa na minha bunda e eu vejo seu pau já semi-duro.
— Que bom que seu homem consegue dar conta. Vamos apostar
quem pede arrego primeiro?
Eu rio e ele nos ajeita para ficarmos lado a lado na sua cama, nossa
cama.
— Eu não vou mais me conter, KitKat.
— Nem eu, Lutador. — Beijo seu peito e quando levanto o olhar
para ele Jordan já faz um golpe que acaba em cima de mim, e minha risada
se transforma num longo gemido quando ele está dentro de mim
novamente.
Quando nos entregamos ao prazer novamente eu o olho e sei que
Jordan será o único homem do mundo que eu irei amar. Sabe quando você
precisa dizer algo como se sua vida dependesse disso, sou eu nesse
momento. Levanto a minha cabeça do peito de Jordan e olho seu lindo rosto
que tem um sorriso satisfeito.
— Jordan.
Ele me olha e acaricia meu rosto com as pontas dos dedos calejados.
— Eu te amo, Jordan. — As palavras saem da minha boca junto
com um peso. O sorriso fenomenal que Jordan me dá só me deixa mais
leve, tão leve que eu me sinto nas nuvens.
— Acho que já estava na cara, mas eu te amo Kit Kat. Mais que
qualquer coisa na minha vida.
Eu sorrio adormecendo nos seus braços sabendo que tudo seria
perfeito daqui para frente agora que assumimos os nossos sentimentos e o
relacionamento.

Na manhã seguinte eu não posso evitar o meu sorriso no rosto


enquanto seguimos o trafego da cidade até o ginásio. Para ver como eu
estava relaxada, eu não fiquei de cara feia com os câmeras e fingi que eles
não existiam enquanto eu saia do quarto de Jordan junto com ele e ia tomar
café. O ursinho que ele me deu já estava na minha mala, pronto para a
viagem e eu não poderia querer qualquer outra coisa, esse presente foi
perfeito.
— Você está nervosa? — Jordan pergunta, antes que entremos no
ginásio do Underground.
— Não, por quê?
Ele coça a cabeça como se estivesse tentando escolher as palavras
certas e por fim suspira.
— Acho que todos que estão nesse meio já ouviram falar da esposa
do Capo, ela... bem, ela não joga pra perder.
Eu levanto a sobrancelha, eu já desconfiava, já que Bella havia dito
que era irmã de Dominic, uma Raffaelo e não precisava estar tão dentro
desse meio para saber o que o nome Raffaelo significava. Eu provavelmente
deveria me virar e ir embora, fugindo da máfia Cosa Nostra que todos
acreditam estar extinta, mas eles estão bem vivos, podres de ricos e bonitos.
— Bem, eu não ligo. Hoje ela vai tomar uma surra. — Dou de
ombros e entro escutando a risada de Isis que provavelmente ouviu o final
da nossa conversa.
— É bom saber que tem alguém para lutar comigo depois de tanto
tempo. — Ela diz e me abraça, em seguida me puxando para o outro lado
do ginásio.
Reparo vários lutadores pararem de treinar para nos olhar e dou de
ombros. De canto de olho vejo Dominic e Jordan se cumprimentando.
Apesar de terem mais ou menos a mesma altura, Jordan é bem mais
musculoso que ele já que ele treina tanto.
— Nossos homens são maravilhosos. — Isis comenta e eu aceno.
— Mas nós também somos. — Tento levantar a minha auto estima e
ela ri.
— Gosto de você.
Eu me afasto um pouco e começo a me aquecer esticando meus
músculos e ela faz o mesmo. Estamos vestidas praticamente iguais, com
calças legging pretas e tops da mesma cor. Retiro os meus tênis e ela faz o
mesmo, então colocamos as luvas. A música explode pelos autos falantes e
eu sorrio para Isis que está tão animada quanto eu.
Ela chega para frente primeiro e tenta me acertar, mas eu desvio e
acerto a sua coluna. Troto um pouco pelo octógono evitando olhar em
qualquer direção que não seja a minha oponente. Decido atacar lhe dando
uma série de socos e ela faz o mesmo, apesar de não estarmos usando a
nossa força máxima os socos que Isis me deu eram doloridos.
Nós continuamos distribuindo socos e recebendo até que caímos no
chão onde lutamos para ficar por cima, Isis é forte, mas eu também sou. Ela
tenta me dar um mata leão, mas eu consigo me livrar dele e a coloco na
mesma posição. Olho para Jordan que está sorrindo orgulhoso e depois para
Dominic que está olhando para a sua mulher esperando-a desistir, mas Isis
não faz isso. Ela é uma máquina.
Ela consegue se livrar do meu golpe e voltamos a ficar em pé.
— Você é boa. —Falo e ela sorri.
— Você também.
Nós batemos nossas lutas e continuamos a lutar até que estamos
ambas cansadas. Nós abraçamos quando a luta acaba.
— Quem ganhou? — Um homem pergunta e eu me viro para ver
quem perguntou. O homem é realmente lindo, ele tem cabelos castanhos
arrepiados e olhos cor chocolate como os meus, ele é alto como Jordan, e
tem músculos secos.
— Empate, Miguel. — Isis responde descendo do octógono e indo
em direção ao seu marido que a abraça e beija não se importando que ela
esteja super suada.
— Não acredito que foi um empate. — Ele argumenta. — Você é
que não está querendo dar o braço a torcer de ser derrotada.
Eu rio me aproximando de Jordan que me ajuda a tirar as luvas e me
estende uma garrafa d’água. Reparo que tem vários lutadores se afastando
depois de terem olhado a nossa luta, eles comentam animados entre si. Há
tanto preconceito ainda com mulheres lutando e eles acham surpreendente
nos ver lutando tão bem, quando na verdade é uma coisa normal.
— Pega leve com ela, Isis não teve muito tempo para treinar por
causa dos bebês. — Dominic a defende e Isis me olha.
— Mas foi uma boa luta, certo?
— Claro, você é muito bem treinada.
Ela sorri, mas sai um pouco triste.
— Para alguma coisa os treinos serviram.
Miguel aperta a mão de Jordan e sorri para ele.
— Cara, eu adoro as suas lutas, já fui em várias.
— Valeu cara...
Ele não termina a frase e xinga baixo, eu sigo a sua atenção e vejo
que tinham duas câmeras posicionadas em cada lado do octógono a uma
distância que nem percebemos. Donna junto com um homem se aproximam
sorrindo grande como se tivessem ganhado um milhão de dólares.
— Isso foi esplêndido! Vai ficar maravilhoso no show. — Donna
bate palmas quando para na nossa frente. — Nós não quisemos atrapalhar
para não perder a essência e conseguimos felizmente pegar a luta inteira de
vocês.
O homem estende a mão para mim que a contragosto aceito.
— Sou Phil, o diretor desse programa, nós não nos vimos antes por
que Donna pediu para comandar por um tempo. — Seu olhar diz que ele
não gostou que Donna tivesse mandando em tudo. Ele cumprimenta o resto
das pessoas e olha para Isis. — Você se importaria de assinar um contrato
nos autorizando a usar essas imagens sem colocar tarja no seu rosto?
Isis olha para Dominic que dá de ombros colocando a resposta em
suas mãos, então ela me olha e sorri.
— Seria o máximo mostrar a todos como somos fodas.
O diretor, Phil, bate palmas.
— Perfeito. O trailer foi ao ar ontem durante a luta e já começa
sexta, um dia antes da luta. — Então ele nos olha e olha o relógio. — Já era
para vocês estarem prontos para ir para Nova Iorque. Eu e Donna ficaremos
mais um pouco para resolver a burocracia das autorizações...
— Tudo certo. — Jordan o corta e eu vejo que ele tem um sorriso no
rosto por poder ficar sozinho comigo no avião sem câmeras junto com a
gente.
Nós nos despedimos e eu vejo Jordan e Dominic trocar sorrisinhos.
Quando estamos no carro eu o olho, Jordan está mexendo no seu celular.
— Que sorrisinhos foram aqueles com Dominic? — pergunto e ele
sorri novamente.
— Só estávamos dizendo o quanto nós somos sortudos de termos
vocês.
— Ownnnnn, que coisa linda. — Eu beijo seus lábios e olho para o
que ele está postando.
Jordan colocou uma foto minha lutando com Isis, porém essa foto
está cortada só para mim e um pedaço do braço de Isis. Na legenda está
escrito: ‘’Pensem duas vezes antes de tentarem me beijar antes da luta.’’. Eu
caio na gargalhada e pego meu celular colocando um monte de carinhas
rindo e um emoji de soco.
— Kit Kat. — Jordan diz contra meus cabelos e eu me afasto. — O
que foi?
— Estou suada. — Argumento e ele ri me puxando contra ele.
— Eu não ligo, até porque nós vamos tomar banho juntos antes de ir
de qualquer jeito.
Horas depois estamos embarcando para Nova Iorque, a cidade onde
eu morei por vários anos. Eu não faço ideia do que vou encontrar por lá,
mas sei que agora tudo vai ser diferente já que eu não preciso mais me
esconder com Jordan.
Pego o meu celular e coloco para ver o trailer do reality que mostra
eu gritando com Jordan para ele melhorar no treino e em seguida mostra ele
olhando para a minha bunda: ‘’será que irão aguentar a tentação até o fim
do campeonato?’’ está escrito.
— Você fica olhando para a minha bunda? — pergunto e ele sorri
com suas lindas covinhas.
— Em minha defesa, você tem uma ótima bunda. — Eu rio e
desligo o meu celular quando a voz da aeromoça avisa que vamos decolar.
— Está tudo bem? — Jordan pergunta quando nos sentamos na
parte de trás do jato, Sam e Tinna estão mais a frente e Sirius está
desmaiado ainda da ressaca de ontem no único quarto do jato.
— Sim, agora está. — Eu beijo seus lábios e colo nossas mãos antes
de fechar os meus olhos e poder relaxar sem ninguém me filmando.
— Eu te amo. — Jordan sussurra beijando minha testa e colocando
um cobertor por cima da gente.
— Eu também te amo.
17
JORDAN

As luzes de Nova Iorque me deixam mais animado, Katherine


apertou a minha mão assim que pousamos e eu sorri para ela. Ela estava
ainda mais feliz do que eu, que não teríamos câmeras na nossa cola por
algumas horas. Durante o voo Sam confessou que conversou com o diretor
dizendo para os câmeras ficarem com eles.
Em vez de irmos ao hotel e ficarmos lá pra almoçar, decidimos ir a
um restaurante e depois ao parque do Brooklyn, o Deno's Wonder Wheel
Amusement. Lembro de todas as vezes que fui ao parque com minha
irmãzinha, ela era a luz da minha vida e só Deus sabe como eu sinto a falta
dela, mas essa dor parecia não ser tanta quando Katherine estava comigo.
— Ei, está tudo bem? — Katherine pergunta, acariciando o meu
rosto de leve enquanto estamos no carro.
Sam alugou um carro para a gente, no banco da frente ele dirigia
com Tinna ao seu lado e atrás estava Katherine, Sirius e eu.
— Sim, só pensando. — Respondo e ela assente, sem perguntar
mais.
— Só vou avisar que se começarem de romance, eu não quero saber
e pegarei qualquer mãe solteira disponível... ou casada. — Eu rio do
comentário de Sirius.
Sirius sempre foi um grande amigo, mas também é um galinha
assumido que não tem medo de nada. Nunca entendi por que ele nunca quis
lutar em competições, sabia que ele se sairia bem.
— Cale a boca. — Katherine brinca e ele balança a cabeça
divertido.
— Eu vou destruir você no carrinho bate-bate.
Katherine bufa.
— Isso se você não destruir o carrinho com o seu peso, né?
Tinna explode em gargalhadas e nós a seguimos. Apesar de ser uma
viagem um pouco longa até lá, nós estamos com mais conforto do que seria
no metro, ainda mais em dia de semana.
— Vamos ver, vamos ver. — Ele comenta e eu rio. Esse parque
traria mais diversão do que já tivemos, eu poderia apostar.

— Sai! — Katherine grita antes que seu corpo trema com o impacto
da batida que Sirius lhe dá.
Eu rio antes de revidar acertando seu carrinho por trás fazendo ele
rosnar. Tive que pagar uma boa grana para eles fecharem o carrinho bate-
bate para a gente, e também para podermos ir já que Sirius e eu temos
pouco mais de cem quilos. Katherine vira o seu carrinho e acerta Tinna
quando tentava pegar Sam.
— Sua vaca! — Tinna exclama inconformada. — Não acredito que
você bateu em mim!
— Desculpe amiga, foi sem querer...
E Sam bate nela como vingança. Nós continuamos assim até que
cansamos e decidimos ir para outros brinquedos. É raro podermos sair
assim para nos divertirmos, ainda mais no meio da temporada.
— Vamos para aquele? — Tinna aponta para a porra do brinquedo
que gira e pula ao mesmo tempo e as pessoas de dentro tem que ficar
sentadas sem cinto se segurando somente nas grades de trás.
Solto uma gargalhada quando vejo uma menina caindo de lá e
parando no meio do brinquedo com a calça caindo.
— Não ria! — Katherine me repreende. — Poderia ser um de nós.
— Kath os seus braços são realmente muito fortes para você soltar,
olhe os meus braços finos. — Tinna novamente faz a gente rir.
Nós pagamos as entradas para o brinquedo só para a gente ir. Tenho
medo de machucar alguma criança se eu cair em cima dela. Nos sentamos e
Katherine fica ao meu lado, além de colocar as mãos no ferro ela ainda
passa uma das suas pernas entre as minhas como se isso fizesse ela se sentir
segura, mas provavelmente só vai me fazer cair para deixá-la confortável.
O brinquedo começa a rodar de leve e Kath morde o lábio no
primeiro solavanco.
— Acho que não foi uma boa ideia, estou sentindo que eu vou
acabar caindo.
Eu rio, quero beijá-la, mas ai quem cairia seria eu. Vejo que Tinna e
Sam estão na mesma e Sirius estava com duas meninas junto com ele no
brinquedo, como ele conseguiu duas mulheres tão rápido? Perco qualquer
raciocínio quando o brinquedo começa a rodar e pular com o som de Hanna
Montana no fundo, mas não foi isso que prendeu a minha atenção e sim os
seios de Katherine pulando a cada solavanco. Isso me fez lembrar das
nossas noites e em especial quando ela montou no meu rosto. Droga, eu não
posso ficar duro no meio de um monte de gente. Olho para frente e vejo que
tem varias pessoas nos filmando, mas eu acho normal, afinal, esse
brinquedo é o que parece ter mais acidentes divertidos, e vamos combinar
que vendo um cara grande e musculoso tentando se segurar para não cair no
centro do brinquedo é hilário.
Além do som da música da Hanna Montana tocando eu posso ouvir
as acompanhantes de Sirius gritando enquanto ele olha os seios delas como
um menino ganhando um pirulito. Katherine grita divertida com um sorriso
lindo no rosto, seus cabelos castanhos claros estão caindo na cara, mas nem
isso tira o seu sorriso, me fazendo sorrir também.
Outra música começa, dessa vez Carrousel de Melanie Martinez e
Katherine canta junto enquanto o brinquedo dá um solavanco e começa a
rodar para o outro lado. O meu estomago protesta, mas eu aguento. As luzes
coloridas do parque só me deixam mais tonto, escuto o riso alto de
Katherine e percebo que ela está rindo de mim.
Quando o brinquedo finalmente para eu respiro algumas vezes para
me sentir melhor e Katherine me abraça.
— Eu também fiquei um pouco tonta.
Eu a olho e vejo que ela está tentando esconder o sorriso.
— Sua safada, não ria de mim.
Katherine acena e me puxa para um beijo leve nos lábios.
— O que você acha de irmos nas barracas de prendas e tentar a
sorte? — Ela pergunta quando caminhamos até o resto do nosso grupo,
agora composto por mais duas mulheres.
— Vamos! — Tinna exclama já puxando Sam que bufa.
Nós chegamos a uma barraca de acertar as garrafas, nós todos
sabemos que esses jogos são feitos para errarmos, mas mesmo assim eu
quis ganhar algo para Katherine.
— Oi Kath, oi Tinna. — O homem as cumprimenta e elas sorriem.
— Oi Taylor, como vai? — Katherine responde.
— Bem, já faz um tempo que vocês não vêm aqui.
— Verdade, nós estamos no meio de um trabalho de verão. —Tinna
completa e ele acena.
— Então vamos à diversão. Três chances, se derrubar de primeira
ganha um urso grande, de segunda um pequeno e de terceira um
chaveirinho, duvidas? — O homem, Taylor, pergunta sorrindo para
Katherine. Eu coloco a minha mão na cintura dela.
— Não, entendemos.
Tinna vai primeiro e ganha um urso pequeno. Sam vai depois e não
ganha nada, Sirius ganha um chaveiro e as meninas que estão com ele,
preferem falar sacanagem a realmente jogar.
— Quer ir primeiro, Kit Kat? — pergunto e ela nega.
— Pode ir.
Eu tento a primeira vez, mas ainda sobram duas garrafas, uma de
cada lado. Por fim eu ganho um chaveiro, quando Taylor me traz eu rio. O
chaveiro é um Kit Kat.
— Para você. — Eu lhe entrego e ela me olha como se eu tivesse lhe
dado um diamante.
— Obrigada. — Ela beija os meus lábios e passa meu nariz no seu
antes de se afastar. — Segura pra mim, rapidinho?
Eu seguro e ela pega uma bola e se afasta um pouco e se curva numa
posição engraçada como se tivesse jogando beisebol e acerta as latas com
força no centro, todas as garrafas caem fazendo algumas pessoas passarem
a aplaudirem.
— Como você fez isso? — Sirius pergunta coçando a cabeça. — Eu
tenho mais força que você e não consegui.
— Prática. — Tinna finge espirrar e Katherine empurra o seu ombro
de brincadeira. — Katherine e eu vínhamos muito aqui, então ela pegou o
jeito e as dicas.
Taylor que parecia já saber que ela ganharia aponta para a
prateleira atrás dele com vários ursos diferentes. Eu estou pensando em
como ganharei um urso para Katherine quando ela me entrega um.
— Para mim? — pergunto surpreso e ela acena.
Minha boca dói um pouco do grande sorriso que eu dou. O urso está
usando um calção de luta e luvas vermelhas.
— Agora nós temos os nossos ursos. — Katherine diz pegando o
seu chaveiro de Kit Kat da minha mão e me entregando o urso.
— E eles vão ficar lado a lado por muito tempo. — Respondo
beijando os seus doces lábios.
— Chega de pegação, ainda temos muitos brinquedos para ir.
Dou um dinheiro para Taylor, amigo das meninas, ficar com o meu
urso até voltarmos para buscá-lo. Nós seguimos para vários brinquedos e eu
começo a reparar que ainda tem algumas pessoas tirando fotos e gravando,
esse reality está me dando muito mais visualização do que só o Instagram e
o Underground.
Nos vamos a outros brinquedos e quando a noite chega nós estamos
cansados e decidimos encerrar na roda gigante. Katherine segura minha
mão quando a roda começa a subir.
— Com medo? — pergunto e ela nega.
— Não, só que esse, tecnicamente, é nosso primeiro encontro e
encerrá-lo aqui em cima só torna tudo mais perfeito.
Eu beijo sua mão.
— Teremos muitos outros encontros.
Seus olhos brilham de felicidade.
— Eu nunca senti isso antes, Jordan. É tudo tão novo, mas ao
mesmo tempo tão intenso.
— Eu sei bem como é, e eu amo esse sentimento.
— Eu também.
Depois de pegarmos o meu urso nós paramos para comer e por fim
voltamos para o hotel. Katherine monta em mim na cama depois que
tomamos banho e nos amamos sem importar com quem pudesse ouvir, só
curtindo o momento. Olho para os nossos ursos lado a lado e sorrio antes de
adormecer.

Na manhã seguinte acordo com Katherine se levantando da cama,


no primeiro momento eu acho que ela vai se vestir e sair correndo do
quarto, mas em vez disso ela vai ao banheiro, fica um pouco lá e eu posso
ouvir ela fazer xixi e em seguida lavar o rosto e depois escovar os dentes.
Fecho meus olhos quando ela sai do banheiro e volta a se deitar na cama.
— Jordan, você tem que acordar. — Ela murmura, beijando meus
lábios e acariciando meu rosto.
Se há outra maneira de acordar eu não conheço. Minhas mãos vão
para a sua bunda nua, ela veste somente uma camiseta minha e não existe
nada mais bonito. Passo a minha mão pela sua bunda e recebo um tapa no
braço.
— Você estava acordado?
Eu tento puxá-la de volta da cama, mas Katherine bufa jogando um
travesseiro em mim.
— Se levante, nós precisamos treinar.
— Só mais um pouquinho. — Brinco, colocando a cabeça debaixo
do travesseiro. Eu estou acordado, mas não quero sair da cama.
Sinto quando Katherine se levanta e espero um pouco antes de tirar
a cabeça do travesseiro, realmente ela saiu. Quando tiro o travesseiro não
consigo conter a gargalhada alta que sai de mim ao ver Katherine se
preparando para pular em cima de mim na cama.
Eu me preparo para o impacto e ele não tarda a vir, rapidamente
coloco Katherine embaixo de mim e rio mais ainda ao ver a sua cara feia.
— Jordan é sério, precisamos treinar. Já não fizemos isso ontem.
Eu aceno, pois sei que ela está certa. Nos levantamos e vamos até o
banheiro, onde tomamos banhos juntos e nos vestimos antes de sair do
quarto. Os outros já estão acordados e as câmeras estão aqui.
— Bom dia! — Cumprimento a todos e puxo uma cadeira para
Katherine antes de me sentar ao seu lado.
— Bom dia! — Todos respondem em uníssono. Ainda é cedo e
ninguém está realmente acordado ainda.
Tomamos o nosso café e Tinna bate palminhas olhando o seu
celular.
— Minha tia nos convidou para passar o dia no clube, isso inclui
uma área privada para você treinar com Jordan e depois ainda podemos ir
para a piscina.
Katherine abre um sorriso e me olha.
— Seria ótimo treinar lá, o clube é realmente luxuoso.
— Claro.
Olho para Sam que está focado em seu celular, então para Sirius que
está sorrindo de lado.
— Meninas e biquini, nem preciso dizer nada, né?
— Você ainda vai cair de amor, Sirius. — Katherine comenta e ele
se benze.
— Pare de me jogar praga, mulher!
Eu estava treinando meus socos com Sirius enquanto Katherine
olhava cada movimento. Marcamos de depois que voltássemos para o hotel,
veríamos alguns vídeos dos meus atuais concorrentes. Já tínhamos visto
alguns, mas era preciso dar sempre uma atualizada. Katherine se manteve
profissional, mas me dava sorrisos de tempos em tempos, mesmo com as
câmeras filmando tudo. O diretor estava aqui também, parece que Donna
não estava fazendo um trabalho tão bom em comandar.
Paramos para um intervalo e eu reparei que algumas pessoas que
passavam pelas portas de vidro olhavam para a gente e comentavam baixo
algo. Sam estava no outro lado da sala ainda com o celular em mãos. Algo
não estava certo. Me levanto com a minha garrafa de água e bebo enquanto
vou até ele.
— O que está acontecendo, mano?
Sam passa a mão pelos cabelos castanhos e suspira.
— Eu estou tentando abafar vários tabloides de noticias sobre vocês.
Até matérias sensacionalistas que diziam ter nudes de vocês, teve.
— Porra.
— Eu consegui apagar, mas ontem gravaram vocês no parque e os
fãs não ficaram felizes de saber que em vez de treinar, você estava curtindo.
Eles estão até mesmo atacando Kath no Twitter e no Instagram, eu consegui
a senha dela com Tinna e bloqueei as mensagens do Insta.
Olho para Katherine que está alheia a tudo, eu percebi que desde
que saiu aquelas matérias no começo, ela se afastou consideravelmente do
celular. Isso vai deixá-la muito triste, eu odeio que estejam fazendo isso
com ela. Pelos próximos vinte minutos eu escuto o que Sam tem a dizer e
em seguida conto a ele a minha ideia.
Volto para o treino e soco o saco de areia com toda força sabendo
que Sam filmava tudo. Quando termino o meu treino pego meu celular
ainda ofegante e digito junto ao vídeo:
‘’Estou ficando cansado de matérias mentirosas, Katherine é minha
treinadora e namorada, ela me deixa cada dia mais forte, por dentro e por
fora. Respeito é a palavra-chave. #Paz ‘’
Olho para Katherine que está conversando algo com o diretor antes
de olhar para a câmera e falar um pouco do treinamento que ela me faz,
então eu escuto algo que me deixa um pouco surpreso e ansioso.
— Eu irei levá-lo agora para uma massagem nas costas para relaxar
os seus músculos, os donos do clube liberaram a minha antiga sala, eu
trabalhava e estagiava aqui.
— Ótimo. — Phil acena. — Quando acabar de cuidar do campeão
quero vocês na piscina do clube, aquela sua amiga bonita já está lá e eu
quero alguns takes de você de biquíni...
— O que? — Katherine olha para Sam surpresa. — Sério que eles
vão tentar me sensualizar mais ainda?
Phil da de ombros.
— Você está bem em alta atualmente, pense como uma quebra de
estereotipo de que só porque pratica um esporte a mulher será
masculinizada.
A sobrancelha de Katherine se levanta caindo nas palavras do
diretor. Realmente a ideia é ótima, se tivesse esse intuito. Eu posso perceber
que ele quer simplesmente mais audiência.
— Tudo bem.
Depois que ela massageia todos os meus músculos e eu estou bem
mais relaxado, vamos para os banheiros colocar as nossas roupas de banho
e eu oro aos céus pra Katherine maneirar, não quero ninguém olhando para
ela a desejando, que dirá em rede nacional. Sei que é uma atitude possessiva
e eu não posso evitar as vezes de deixar o homem das cavernas escapar.
Chego à piscina e vejo que Sirius já arranjou uma garota e Sam e
Tinna estão conversando dentro da piscina. Ele ainda não sabe, mas está na
cara dele que está de quatro por Tinna. Olho em volta procurando a Kit Kat
e minha boca cai aberta ao vê-la vindo na minha direção vestindo um
biquini vermelho com um roupão do clube. Reparo de canto de olho as
câmeras filmando tudo e eu tento não focar que em breve o corpo inteiro da
minha namorada vai estar na televisão.
— A água está gelada? — Katherine pergunta à Tinna enquanto
começa a retirar o roupão alheia aos olhares e câmeras sobre ela.
Ela retira o roupão, pisca para mim e mergulha na piscina como uma
sereia. Seu biquini era a porra de um fio dental, deixando pouco para a
imaginação. Passo a mão pelo rosto e então pelo meu cabelo. Eu estou tão
duro que poderia quebrar um diamante. Olho para Phil que está sorrindo
para a cena como se tivesse ganhado na loteria.
Bufando eu pulo na piscina puxando o pé de Katherine para dentro
d’água nos colocando no fundo. Ela me olha e sorri antes de grudar os
lábios nos meus. Minhas mãos vão automaticamente para os seus seios e
sua linda bunda, mas ela ri e me empurra apontando para a porra de um
mergulhador com uma câmera. Como diabos eu não percebi ou fiquei
sabendo disso?
Volto para a superfície com Katherine em meus braços e fuzilo Sam
que dá de ombros.
— Está no contrato, cara.
Katherine vira meu rosto para ela e junta nossos lábios rapidamente
antes de colocar a boca no meu pescoço e me abraçar.
— Vamos só curtir o momento e esquecer essas câmeras.
Eu aceno a contragosto e ela se afasta um pouco de mim me jogando
água antes de nadar para Sirius, que tenta afundá-la na água.
— Seu merdinha, eu vou deixar Jordan acabar com você! —
Katherine grita jogando água nele de brincadeira e tentando 1foga-lo, com a
ajuda de Tinna.
Troco um olhar com Sam, que claramente não está feliz, assim
como eu, de nossas meninas brincarem com outro homem. Nós o
afundamos e em seguida começamos uma guerra d’água. Katherine
diversas vezes engole água e tosse me fazendo atingir quem fez isso com
ela. Em seguida brincamos de galo de briga e eu tento ignorar que os
marmanjos vão ver a bunda redondinha da minha mulher.
Brincamos mais um pouco então saímos para lanchar, e a noite eu
volto a treinar junto com Kath e Sirius, aproveitamos para correr e nos
preparar para a próxima luta. Foi muita sorte ainda não ter dado de cara
com Martelo, mas agora que estamos no meio do campeonato não tem
como ele fugir de mim. Eu me vingarei dele.
Os dias passam rapidamente, chegando o dia da véspera da luta e eu
me sinto pronto para qualquer coisa, hoje vai ao ar o primeiro episodio do
reality e assim como eu, Katherine está temerosa do que eles irão colocar, já
que não mostraram para a gente antes. Tudo isso com as câmeras filmando
a nossa reação.
Estamos todos sentados nos sofás, esperando começar o primeiro
episodio. A tevê do quarto é gigante então teremos uma boa visão da série.
Katherine está tensa ao meu lado, mas tenta me dar um sorriso.
— Vai ser bom. — Eu tento acalmá-la e funciona.
— Vai ser ótimo para você conseguir patrocinadores. — Sam diz e
pisca para mim. Ele está fazendo essa propaganda minha a dias.
A chamada do reality começa, que são algumas cenas minhas e de
Katherine treinando, como se tivéssemos em um duelo com as nossas fotos
em preto e branco. Então mostra o seu nome e eu rio alto quando embaixo
do seu nome aparece o apelido que eu lhe dei e no meu o ‘’campeão’’ que
ela me chama.
O episodio começa com Katherine gritando comigo e então aparece
eu treinando. Ela explica um pouco do que estamos fazendo e assim
continua. Eles colocam algumas conversas nossas. Katherine batendo na
porta do meu quarto me acordando. Até o meio do episodio eu estou
gostando, mas tudo cai por terra quando eu apareço olhando para a bunda
dela e outra cena dela me olhando de costas e mordendo o lábio.
Eu troco um olhar com Katherine que está vermelha.
— Então você fica me secando? — Brinco e ela me soca de leve.
O episodio acaba com a luta que eles gravaram e eu sorrio. Apesar
de poucos detalhes eu gostei bastante.
— Gostaram? — Phil pergunta.
— Sim. — Katherine responde e assim como eu ela também curtiu.
Eu meio que esperava que eles sensualizassem muito ela e ainda bem que
isso não aconteceu, ainda.
Nós nos abraçamos e cumprimentamos os câmeras que estão
com a gente todo esse tempo. Eles não são de falar muito, mas cá entre nós,
eles estão trabalhando todo o tempo.
Quando a noite chega eu acaricio o rosto de Katherine.
— Você realmente gostou?
— Sim, eu adorei. — Suas bochechas coram de leve. — Sabe, eu
fiquei pensando que daqui a muitos anos quando eu voltar a ver isso eu irei
sorrir e todas as memórias irão voltar.
— Nós teremos muitas memórias até lá e eu estarei ao seu lado para
relembrarmos cada uma delas.
Seus olhos ficam marejados de emoção e ela me beija com paixão.
— Eu te amo, Campeão.
— Eu também te amo, Kit Kat.

Na manhã da luta Katherine me acorda com beijos. Não há melhor


maneira de acordar.
— Hoje é o grande dia.
Eu sorrio e puxo-a para mim.
— Para ficar melhor. — Eu começo passando a mão por seus seios
dentro da minha camiseta e beijo sua mandíbula. — Só se eu entrar dentro
de você.
Katherine sorri sapeca com os seus lindos olhos castanhos de gato.
— Então me tome.
E é isso que eu faço.
Uma hora depois estamos entrando na cozinha e Tinna esconde o
riso com uma tosse. Sirius está focado no celular com a testa franzida.
— Tudo bem, cara? — pergunto.
— Sim, é só Amber.
Sam se engasga.
— Amber a sua primeira namorada e a mulher que você ama pra
sempre?
Sirius joga uma torrada nele e olha para as câmeras que estão
filmando tudo.
— Não é pra tanto.
— E o que ela queria? — pergunto curioso.
Ele limpa a garganta.
— Ela está se mudando para Seattle e queria saber se eu gostaria de
tomar um café com ela. — Diz a contragosto.
— Acho isso ótimo. — Katherine o incentiva.
Sirius rosna e ela ri.
— Se você acha engraçado porque não toma um café com ela.
Afinal você vai morar lá de qualquer jeito. — Ele diz de brincadeira, mas
na hora o clima da mesa muda.
Phil está acenando por trás das câmeras para continuarmos. Eu olho
para Katherine que está conversando com o olhar com Tinna. Ambas
parecem numa conversa muito importante.
— Bem, não vamos falar sobre isso agora. Temos outras coisas para
nos focar, tipo que hoje você terá a primeira luta da temporada com o
Martelo. — Sam coloca em pauta isso na mesa e eu fico tenso.
Se ele falar demais Katherine vai querer saber por que eu odeio
Martelo e eu não quero a minha menina com ciúme ou vendo pentelho em
ovo.
— Qual é a treta afinal com o Martelo, já ouvi o nome dele algumas
vezes, mas não o conheci. Nós precisamos ver alguns vídeos dele lutando
para sabermos os seus pontos fracos e fortes.
Sam e Sirius riem, e eu quero bater neles.
— Qual é a graça? — Tinna pergunta com uma sobrancelha erguida
querendo defender a amiga.
— É que Jordan já sabe os pontos fracos e fortes, se bobear ele sabe
até os movimentos antes mesmo que ele. — Sirius quando vê a expressão
das meninas volta a rir. — Ele está esperando por essa luta há muito tempo.
De canto de olho eu vejo o diretor pegando o celular e começando a
falar com alguém e eu tenho a impressão de que vai dar merda.

— Você precisa manter a cabeça fria hoje, Jordan. Você sabe que ele
irá te provocar, mas você não pode se abater. — Sirius diz quando estamos
sozinhos esperando eu ser chamado.
Katherine queria ficar mais, porém entendeu que eu precisava desse
tempo. Minha mente voltou ao passado lembrando de tudo que eu estava
construindo antes de ser destruído. Ouvi dizer que Brianna ainda está com
Martelo e eu quero que ela veja o seu marido, sim eles se casaram,
destruído por mim. Essa é a minha hora, essa é a minha vez.
— Eu estou pronto. — Respondo mais centrado.
Sam entra no cômodo e sua cara não está nas melhores. Meus
pensamentos vão logo para Katherine, será que ele fez algo com ela. Me
levanto num pulo, mas Sam me para.
— Calma, cara. Está tudo bem com ela. — Ele advinha meus
pensamentos. — Mas houve uma mudança de planos.
— De que tipo? — Sirius pergunta e Sam engole seco.
— Parece que Phil conseguiu convencer o comandante do
Underground daqui a não deixar você e Martelo lutarem hoje, afinal ele
quer uma grande luta ao vivo.
— O que? — rosno irritado.
— Você só conseguirá lutar com ele nas semifinais.
A mão de Sirius vai para meu ombro.
— Você vai destruir ele, só vamos esperar o momento certo.
18
KATH
Estou no meu lugar e estranho Sirius e Sam não terem vindo ainda
para seus lugares, a luta começará a qualquer momento e Jordan será
chamado. Por incrível que pareça algumas pessoas me pediram para tirar
fotos com elas, parece que aparecer na televisão deixa você mais famosa e
um pouco menos odiada. Eu digo um pouco porque já perdi as contas de
quantas meninas que vi me olhando de cara feia e comentando. Até um puta
eu acho que ouvi. Ao fundo algumas músicas eletrônicas tocam, e hoje o
público está realmente agitado, bem mais que o normal.
— O que será que está acontecendo? — Tinna me pergunta e eu dou
de ombros.
— Não tenho ideia.
Ela morde o lábio e olha em volta, então acena para um grupo de
meninas e vai até lá. Eu quero bater na minha amiga por ser tão cara de pau,
mas em vez disso eu rio, rio de nervoso. Pouco depois ela volta e a sua cara
não é das melhores.
— Descobriu o que é? — pergunto e ela acena, mas mantém os
lábios dentro da boca. — Não vai me contar?
Ela olha em volta como se estivesse esperando alguém salvá-la de
me responder.
— Christina!
Ela arregala os olhos quando grito o seu nome.
— É melhor Jordan te explicar depois, não podemos acreditar na
primeira versão.
Eu aceno a contragosto e ela pega o seu celular, evitando de me
olhar. Sei que ela ouviu algo que não gostou, pois seu pescoço está
avermelhado.
— É melhor essa versão estar realmente errada. — Ela resmunga
para si mesma.
Minha vontade é ir lá naquelas meninas perguntar, mas prefiro
perguntar a Jordan depois que a luta acabar. O rock começa a tocar e o
primeiro lutador que irá lutar com Jordan é apresentado a todos. O cara é
exibido e eu não duvido nada que seja KO. com Jordan no primeiro round,
ainda. Em seguida Jordan é chamado. Sirius e Sam se sentam junto com a
gente e sorriem tranquilamente para mim, mas não funciona muito bem.
Odeio que todos saibam de alguma coisa menos eu.
— E agora ele. O campeão dos últimos Undergrounds, O Deus do
octógono e das câmeras. Jordaaaaaaan ‘Destroyer’ McKennaaaaaaaaaa.
Durante a luta Jordan parece um pouco avoado procurando alguém
na plateia, no primeiro instante eu penso ser eu, mas ele olha para mim
rapidamente antes de continuar a procurar algo ou alguém.
— Você sabe que é só um passatempo, né? — Uma mulher loira diz
parando na minha frente. Ela não é uma fã de Jordan já que está usando
uma camiseta escrito ‘’Adam, Martelo, Jenser’’ com a foto do que eu acho
ser o mesmo na frente.
— Como é?
Ela ri com os dentes brancos.
— Você ouviu muito bem. Era comigo que ele iria se casar, mas eu
não quis.
Olho para Sirius e Sam que estão claramente desconfortáveis com a
situação. Sam tem os braços em volta da cintura de Tinna a mantendo no
lugar.
Eu encaro de volta a mulher, que claramente é uma ex de Jordan.
Dou um passo para frente deixando meus peitos baterem com o dela. Não
vou recuar diante dela e se me estressar, ainda vai voltar para casa com o
olho em cinquenta tons de roxo.
— Olha só, eu não tenho certeza de quem você é, mas se você não
tem uma aliança no dedo então pode baixar a bola.
Acho que a menina se dá conta que eu sou maior, mais forte e estou
irritada com ela, porque rapidamente ela se vira e sai desfilando. Vejo um
homem a pegando pelo braço e gritando na cara dela, que acena e abaixa a
cabeça. Em seguida eles se beijam, beijar é apelido para o que eles estão
fazendo. Eu não tenho muito tempo para pensar no assunto porque o sino
toca e em seguida a voz do locutor vem.
— É nocauteeeeeeeeeeeee!
Jordan continua a todo vapor e eu evito olhá-lo, me concentrando
nos seus oponentes. Eu não tenho motivos para ficar irritada com ele, mas
mesmo assim eu estou. Pensar que ele ia se casar com aquela mulher me
causa uma dor inimaginável, que ele queria dividir a vida com ela e por
algum motivo as coisas não deram certo. Dói pensar isso.
Como de costume Jordan é anunciado vencedor da noite depois de
vencer os seus oponentes e continua em primeiro lugar. Eu estou
começando a segui-lo, mas eu paro quando vejo que quem é que está sendo
chamado é Martelo, o namorado da mulher. Depois que outro homem é
apresentado uma chuva de vaias começam.
— Era para ser Destroyer contra Martelo! — Alguém atrás de mim
grita.
— Eu paguei para ver essa luta do século! — Outro grita acima das
vaias da multidão.
— Destroyer merece vingança por Martelo ter tomado a sua mulher!
Eu paro os meus passos e meu cérebro raciocina, por isso que
Jordan queria tanto lutar contra Martelo. Será que ele ainda gosta daquela
mulher?
— Kit Kat? — Jordan me chama e eu vejo que ele ainda está do
mesmo jeito. Ele toca a minha cintura me levando para dentro da sala que
ele fica. — Está tudo bem?
— Quem era aquela garota? A loira.
Ele coça a cabeça, então suspira.
— Uma ex-namorada.
Eu cruzo os braços e dou graças a Deus por não ter ninguém aqui
para ver o meu ataque de ciúme.
— Só isso? — Ele acena e eu continuo. — É por isso que você quer
tanto enfrentar Martelo? Por causa dela?
Ele anda pelo cômodo e eu não posso evitar reparar os seus
músculos tensos. Era para estarmos a caminho do hotel onde eu lhe daria
uma massagem para relaxá-lo. Que péssima profissional eu estou sendo. Me
viro e começo a andar até a porta.
— Aonde está indo?
Eu me viro para ele e suspiro.
— Para o hotel, precisamos lhe fazer uma massagem de reabilitação.
Seus músculos estão tão tensos que acho que precisarei sentar em você.
Ele me dá aquele sorriso de menino sapeca.
— Pode sentar em mim sempre que você quiser.
Durante o trajeto me mantenho perdida em meus próprios
pensamentos. Os outros foram na frente e já devem ter chegado ao hotel,
mas nós ainda estamos no caminho. Nova Iorque é um caos absoluto.
— Kit Kat você está bem? — Jordan me pergunta pela terceira vez
enquanto estou sentada em suas costas colocando tudo em seu devido lugar.
— Sim.
— Que bom...
— Só acho engraçado que você nunca me falou que tinha uma ex.
Uma ex que você iria se casar e que é a atual mulher do cara que você mais
detesta.
Saio de cima dele e espero ele se sentar. Jordan está segurando o
riso.
— O que é engraçado?
Ele me puxa para ele.
— Você estar tão ciumenta. Brianna é meu passado e está bem
enterrado. O meu caso é com Martelo. Ele atrapalhou a minha vida, por
culpa dele eu fui suspenso do UFC e não consegui patrocinadores. Eu
estava no começo da minha carreira e vi uma grande oportunidade se perder
por causa dele.
Eu abro a boca surpresa com sua revelação.
— O que aconteceu?
Ele suspira.
— Não é algo que eu me orgulho, na verdade me sinto um monstro
sempre que me lembro. — Eu seguro sua mão, tentando lhe transmitir
minha força. Então ele começa a falar. — Só fui descobrir a traição dela
enquanto eu lutava pelo cinturão no meu primeiro UFC. Eu estava sendo
uma grande aposta e as marcas estavam começando a me procurar. Brianna
e ele armaram para mim, se beijaram pouco antes da luta começar. Eu...
Eu aperto sua mão.
— Está tudo bem, pode continuar.
Ele acena.
— Eu fiquei com tanta raiva, Kit Kat. Me senti traído, usado. Eu
estava tão fora de mim que acabei com o meu concorrente. Porra, ele ficou
em coma.
Eu fico tonta com a revelação, sei que Jordan é um lutador
maravilhoso e não consigo imaginá-lo fazendo tanto dano a alguém.
— A mulher dele estava grávida, Kit Kat. Grávida. Nunca vou
esquecer a sua cara.
Eu passo a minha outra mão pelo seu peito tentando acalmá-lo e
faço a pergunta que eu mais temo.
— Ele ficou bem?
Ele acena e eu suspiro.
— Sim, ele é John. — Jordan ri um pouco da minha expressão
surpresa. — Sim, é um pouco chocante.
— Muito. Estou feliz que ele está bem. É essa a sua raiva de
Martelo? Então realmente não tem a ver com Brianna.
Ele nega.
— Tem mais uma coisa, fizeram uma festa da minha vitória, eu não
queria participar, mas Sam insistiu, já que seria bom para mim. Martelo e
Brianna foram à festa.
— Puta merda!
Ele acena concordando.
— Resumindo nós brigamos e acabamos suspensos da temporada,
quando a pena acabou ninguém acreditava em mim e nem queriam investir.
Seu pai só continuou comigo porque ele me conhecia, por isso que eu não
acredito cegamente nas pessoas.
Eu colo nossas testas.
— Você pode confiar em mim, Campeão.
— Eu sei disso, Kit Kat.

Nós estamos rindo das piadas que Sirius está contando, mesmo
algumas não sendo tão engraçadas. Depois da nossa conversa decidimos
sair para comemorar, Tinna havia marcado de encontrar alguns amigos
nossos, aqui nessa casa noturna, e decidimos curtir. Uma noite de bebedeira
não faria tanto mal a Jordan. Durante todas as festas que fomos até agora
Jordan nunca bebeu álcool, somente água.
— Kath? — Me viro e vejo um ex peguete meu junto com os nossos
amigos da faculdade, e olho para Tinna em busca de ajuda, mas ela está
ocupada falando algo no ouvido de Sam que nega. Vejo que a expressão da
minha amiga cai antes dela esconder.
— Oi, gente. Quanto tempo. — Cumprimento um a um e me
apresento ao resto. Josué vem tentar beijar o canto da minha boca,
claramente bêbado, mas eu desvio.
Em um milésimo de segundo Jordan está atrás de mim com a mão
protetoramente na minha cintura.
— Acho que você deve ter internet para saber que estamos juntos.
Eu escondo um riso, assim como o resto do grupo.
— Agora que já sabemos quem está namorando quem, que tal
curtimos a nossa ultima noite em Nova Iorque. — Tinna diz se levantando e
cumprimentando a todos.
— E você, está namorando também? — Brendon, um ex peguete
dela pergunta piscando.
Sam abre a boca para dizer algo, mas ela o corta.
— Não, estou solteiríssima.
Sirius ri e bate no ombro do seu primo.
— Quis exigir de menos dá nisso.
Sam o fuzila.
— E Amber como está?
Os dois ficam de brincadeirinha e eu me levanto junto com Tinna e
chamo nossas amigas para dançar na pista de dança. No meio da noite eu
estou bem mais solta, porém não bêbada, ainda. Enquanto converso com o
grupo de pessoas que eu convivi por anos, percebo que realmente nada me
prende aqui em Nova Iorque. Apesar de serem meus amigos, cada um tem a
sua vida agora. Olho para Tinna e me pergunto como ela se sentiria se eu
lhe pedisse para morar comigo em Seattle. Nós podíamos conseguir
emprego facilmente lá depois de em nosso currículo ter que fomos parte da
equipe de uma estrela como Jordan é. Se eu escolhesse viver em Seattle eu
ainda poderia ficar com Jordan, se ele me quisesse depois da temporada.
— Está tudo bem, Kit Kat?
Eu o olho e sorrio percebendo a maluquice que eu estava pensando,
é claro que ele quer ficar comigo. Ele já está planejando o nosso futuro.
— Tudo perfeito.
Colo meus lábios nos seus sentindo que agora tudo vai dar certo.

Não sei direito quem deu a ideia, mas isso não desfazia o que
fazíamos aqui esperando Tinna, Sirius e Sam se tatuarem. Tinna queria uma
borboletinha; Sirius escrever Amber — foi uma má ideia, mas ele estava
certo de que queria isso— e Sam um dragão que ele viu no mostruário, eu
não tinha certeza se ele poderia aguentar uma tatuagem grande como a que
ele queria, mas ele estava certo de que conseguiria.
— E você Kit Kat, não vai entrar nessa onda?
Me viro para Jordan ficando de costas para as amostras de desenhos
na parede.
— Eu nunca fiz uma tattoo. — Olho para o seu braço esquerdo que
tem chamas por todo ele. Toco a sua pele com a ponta dos dedos. — Porque
você escolheu fazer essa tattoo?
Ele me dá um sorriso sem graça.
— Eu estava ganhando músculos, e vamos combinar que a maioria
dos lutadores só é levado a sério se ostentarem pelo menos uma tattoo.
Então eu fui há um estúdio e não tinha ideia do que fazer, só sabia que sairia
de lá com o braço feito.
— E por que as chamas?
— Porque eu pego fogo quando entro no octógono. — Me responde
com desdém e eu sorrio.
— Você me faz pegar fogo.
Ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e sorri para
mim, antes de me beijar. Algumas pessoas que estavam sentadas
resmungam, mas eu ignoro.
Quando nos separamos eu não consigo parar de sorrir. Nos sentamos
e Jordan começa a folhear um caderno de desenho com desdém. Eu olho
para meus pés tentando passar o tempo. Não quero olhar meu celular onde
tem gente falando varias coisas de mim.
— Kit Kat, acho que também vou fazer uma tatuagem.
Olho para o caderno que ele está segurando e mais precisamente no
desenho que ele está apontando. A minha primeira reação é rir, mas paro
quando ele me olha com a testa franzida.
— É sério? — Ele acena e eu engulo seco. — Jordan é muito sério
querer colocar algo de outra pessoa no seu corpo, é pra sempre.
Olho para o gatinho preto que ele está me apontando. O gatinho sou
eu.
— Nós somos para sempre, Kit Kat.
Escuto alguns sons das pessoas que estavam conosco emocionadas e
não posso evitar ficar também.
Ele sorri mais uma vez para mim e se levanta indo até o balcão onde
ele conversa com um tatuador. Me levanto também e vejo que o tatuador
está desenhando um outro gato, um pouco diferente do que ele me mostrou,
mas o que chama a minha atenção é que os olhos do gato parecem os meus.
Olho para o tatuador que está olhando para os meus olhos.
— Ele tem razão, seus olhos são de gato.
— Obrigada. — Respondo, envergonhada. Olho o desenho e
imagino ele em Jordan. — É lindo. — Tomo coragem, por que não fazer
algo no impulso pela primeira vez? — Eu também vou querer uma.
— Kit Kat não precisa fazer uma só porque eu irei fazer.
— Eu quero. — Olho para o tatuador que nos olha divertido. — Eu
quero um par de luvas de box. Pequenas. — Me viro para Jordan. — Será
que poderíamos fazer pequenas, não me imagino com uma tatuagem muito
grande.
— Claro que sim.
Jordan se senta primeiro e retira a camisa apontando para seu
quadril do lado esquerdo. Ele e o tatuador voltam a conversar enquanto eu
olho o quarto em volta. A tatuagem começa e eu fico ao seu lado segurando
a sua mão, apesar de saber que Jordan já deve estar mais que acostumado
com tatuagens. Quando ele termina eu me aproximo para olhar e levo um
susto quando leio ‘’Kit Kat’’ embaixo do gato.
— Jordan, você é maluco? — exclamo num misto de raiva e
emoção. Ele fez uma tatuagem com os meus apelidos, gato e Kit Kat.
Ele me mostra as suas covinhas e olha para a tattoo.
— Perfeita.
Mordo o lábio e olho para o tatuador.
— Vai querer Jordan em baixo? — pergunta divertido e eu vejo a
expressão surpresa de Jordan.
Nego e ele suspira aliviado. Então quer dizer que ele pode ter meu
apelido e eu não ter o dele?
— Na verdade eu pensei em outra coisa.
Na hora de escolher o lugar o certo seria eu fazer na direita, mas eu
queria que a minha tatuagem e a de Jordan ficassem juntas, lado a lado. A
minha tatuagem era do mesmo tamanho da de Jordan, porém eu a coloquei
na altura da minha cintura, assim ela ficaria lado a lado com a dele. Sei que
pode parecer clichê, mas é como eu me sinto com Jordan.
Nada no mundo poderia comprar o olhar vidrado de Jordan quando
viu a tatuagem feita para ele. Seus olhos até se encheram d’água e ele
resmungou de leve. Eu havia escrito ‘’Campeão’’ abaixo das luvas de boxe,
pois Jordan sempre seria o meu campeão.
19
JORDAN
A vida tem horas que parece um conto de fadas, semanas se
passaram e eu me sinto mais apaixonado por Katherine a cada dia, é como
se tivéssemos nascido para ficarmos juntos. Descobri várias coisas novas
sobre ela durante as nossas conversas noturnas e me sinto mais próximo do
que nunca.
Finalmente estamos chegando às semifinais e as câmeras vão nos
deixar por uma semana inteira, só filmando durante as lutas. Acontece que
o reality está sendo um sucesso absoluto e isso fez os produtores nos
oferecerem mais dinheiro para gravar no um mês que estava no contrato,
como nossas férias, depois de dias resolvendo chegamos ao acordo de uma
semana de férias das câmeras, nós já estávamos muito acostumados com
elas então não fazia muita diferença, afinal, o Underground estava quase no
fim. Faltam somente três semanas para acabar.
Katherine e eu ainda não falamos sobre o que será daqui para
a frente e isso me deixa aflito, quero implorar para ela ficar comigo, mas sei
que ela tem uma vida em Nova Iorque e não quero ser a pessoa a tomar
tudo dela sem dar algo em troca. Havia conversado com Sam sobre me
mudar para Nova Iorque, porém seria impossível para eu achar uma nova
academia ou um novo treinador. Conversei bastante com George, pai de
Katherine, nas últimas semanas. Ele está cada dia mais forte e melhor, disse
que seu médico estava vendo se poderia autorizar ele a assistir a minha luta
final, onde eu estarei lutando para ser o campeão mais um ano no
Underground.
Uma coisa que ainda me dói é ver que Katherine e Kristen não
voltaram a se falar, é triste ela ter uma irmã viva e elas não se falarem.
Decido ligar para Kristen enquanto Katherine está no salão com Tinna. As
duas tem conversado muito esses dias e eu tenho percebido Tinna olhando
anúncios de apartamento. Não quero ter esperanças, mas já estou tendo.
Não vou falar nada, vou esperar Katherine falar comigo.
Kristen atende no quinto toque.
— Oi Jordan.
— Oi Kris, como você está?
Ela suspira.
— Bem, apesar de tudo. — Então eu a escuto fungar. — Eu me sinto
um monstro, como eu pude jogar tudo para Kath? Meus pais já me
perdoaram, mas ela me odeia Jordan.
Eu passo a mão pelo rosto.
— Ela não te odeia, só está magoada. Vocês precisam se entender
Kris, você tem sido minha amiga há anos e eu não quero perder a sua
amizade, mas não posso ficar falando com você se isso magoar Katherine.
Vocês precisam conversar e resolver as suas diferenças. Ela está
arrependida de tudo que disse para você.
— Eu não sei o que fazer.
— Que tal você vir para a próxima luta?
— Eu vou pensar.
— Tudo bem, fique bem.
Eu desligo e suspiro. Queria perguntar se ela está com Liam, afinal,
vimos ela na luta dele contra mim, mas seria inapropriado e ela poderia
pensar algo diferente. Katherine chega horas depois, linda com os cabelos
soltos e hidratados, não que ela precise. Ela se senta no meu colo e suspira.
— Dia puxado? — Brinco e ela me dá um soco, sem tirar a cara do
meu pescoço.
— Entediante na verdade, e dolorido.
Eu puxo seu rosto para poder olhá-la melhor.
— Dolorido?
Ela ri e enfia a cabeça no meu ombro novamente como se tivesse se
escondendo.
— Depilação.
Ela estica uma das pernas e eu passo a mão por toda ela sentindo a
leveza da pele. Isso me leva a pensar em outras partes que ela também pode
ter feito isso. Subo minha mão para a sua virilha e ela segura a minha mão.
— Não, está dolorida e pinicando.
Eu fico preocupado, já tinha ouvido por minha irmã mais nova o
quanto essas coisas doem. As mulheres sofrem tanto para ficarem
‘perfeitas’ e nós não damos o devido valor. Eu não me importaria se Kit Kat
tivesse a perna tão peluda quanto a minha, desde que ela não sofresse eu
estaria feliz.
— Eu vou beijar para sarar. — Brinco e ela cai na gargalhada.
— Só você mesmo para me fazer rir.
Ela acaba adormecendo no meu colo e eu a coloco na cama, fico um
pouco com ela antes de ir pra academia malhar junto com Sirius, sua cara
não está das boas e eu tenho certeza de que é por causa da tatuagem. Ele
ainda está zangado que deixamos ele fazer essa burrice, eu até ofereci para
ele ir remover a tatuagem com laser, mas sua cara fechada só piorou. Mas
não foi só por isso, enquanto treinávamos um dia desses sem camisa alguém
tirou uma foto nossa e colocou na internet, na certa a sua menina viu. Sirius
nem sempre foi assim, um pegador nato. Ele era mais calmo e na dele,
depois que Amber o deixou, quando ainda eram jovens, ele decidiu nunca
ter nada sério com alguém.
Falando em sério Sam está na pior. Tinna, desde a nossa passagem
em Nova Iorque, não quer mais saber dele. Parece que ela perguntou
naquele dia que estávamos no bar se eles estavam namorando e Sam negou
e disse que não estava interessado em nada sério agora, principalmente de
uma menina que morava em outra cidade. Ela decidiu então que também
não perderia o seu tempo com ele o deixando como ele está agora.
Durante semanas depois das lutas eu acompanhei as meninas para
festas, Kit Kat dançava com sua amiga e comigo, sempre dando atenção
para ela, até que Tinna encontrasse o cara da noite. Nem preciso dizer que
Sam ficava puto nesses dias, mas não podia fazer nada.
— Está tudo bem, cara? — pergunto quando terminamos o treino e
nos sentamos para nos hidratar. Preciso voltar para o quarto para Kit Kat me
ajeitar, minhas costas estão doendo.
— Sim. — Ele termina a sua garrafa e me olha. — Conversei com
ela. — Ele passa a mão pelo cabelo e suspira. — Amber e eu vamos tentar
algo quando voltarmos para casa.
— Isso é bom, cara! — Eu bato no seu ombro e reparo a hesitação
nele. — Você não quer?
— E se eu ferrar tudo? Ela foi embora porque queria estudar, mas eu
não queria essas coisas, estava satisfeito em lutar e agora ser seu parceiro de
luta e treinador lá na academia.
Quando não estávamos em temporada, Sirius era um professor de
algumas artes na academia do Treinador Blake.
— Você já pensou em entrar nas lutas? — pergunto novamente, eu
sempre tive essa curiosidade do por quê ele nunca lutar.
— Amber sempre teve medo que eu me machucasse em lutas, então
eu jurei a ela que não lutaria mais. — Ele me olha de lado como se
esperasse que eu zoasse com a cara dele.
— Nossa, isso é uma grande promessa. E você manteve mesmo
quando não estavam juntos.
Ele dá de ombros e se levanta, eu faço o mesmo e empurro o seu
ombro.
— Depois diz que quem levou chave de boceta fui eu.
Volto para o quarto ainda rindo, quando entro escuto o chuveiro e
sorrio. Retiro minhas roupas e encontro Kit Kat tomando banho. Seguro
suas costas e ela se encosta em mim.
— Você treinou sem mim? — pergunta se virando e colocando as
mãos no meu peito.
— Você estava dormindo tão bonita, não consegui te acordar.
Ela me dá aqueles três tapas doloridos no ombro quanto está com
raiva.
— Eu sou a sua treinadora, Jordan. Você tinha que me acordar, ou
melhor, eu não ter dormido.
Ela tenta se afastar, mas eu não deixo. Seguro seu rosto em minhas
mãos.
— Eu sei que errei, me desculpe.
Ela suspira e eu sei que ela não está mais com tanta raiva.
— Nós precisamos começar a ser mais profissionais, Jordan.
Eu abaixo minha boca para seu pescoço, lambo e dou mordidinhas a
fazendo se arrepiar. Levanto meu rosto para ela não podendo evitar o
sorriso que me escapa.
— Depois vamos ser profissionais, agora eu só quero te provar.
Ela lambe os lábios e olha para os meus, antes de voltar a sua
atenção para meu rosto.
— E o que estamos esperando?
Sorrindo eu desço beijos para seu ombro e seios, em seguida me
abaixo e beijo sua barriga. Katherine ondula, e sorri mordendo o lábio
quando eu coloco uma de suas pernas no meu ombro e a seguro pela bunda
para mantê-la parada, então me delicio com o seu sabor. Seus gemidos são
ouvidos pelo eco do banheiro, ela segura meus cabelos com força gemendo
o meu nome quando vem. Quando entro nela eu tenho que nos apoiar na
parede para nos manter em pé, estar com Katherine é sempre tão intenso,
como se fosse a primeira vez. Gemo seu nome em seu ouvido quando
venho dentro dela.
Quando acabamos, ambos estamos com a respiração ofegante e um
sorriso no rosto.
— Te quero para sempre na minha vida, Kit Kat. — Digo contra o
seu pescoço.
— Eu também gostaria disso.
20
KATH
Me concentro em Jordan lutando, ele está com o corpo todo suado,
porém está com toda a força. Ele se move como um predador pelo
octógono, estavam certos de dizer que ele é divertido fora do campo e letal
lá dentro. Não há risos ou piada, somente um cara forte e concentrado,
lutando para se tornar o melhor dos melhores e realizar todos os seus
sonhos e objetivos. Dizer que eu tenho orgulho de Jordan seria pouco, eu
amo essa dedicação que ele tem.
Quando o sino toca encerrando eu vibro junto com a plateia, sabemos
quem venceu. O locutor se aproxima e pega a mão deles, então levanta o
braço de Jordan e todos vão a loucura, com essa vitória Jordan entra para a
final do Underground. Eu estou tão feliz, a próxima luta dirá quem irá lutar
com ele e eu estou torcendo que Martelo ganhe, pois quero ver Jordan
acabar com ele em campo.
— Até o final da noite vamos saber quem vai enfrentar o
Destroyer na final do Underground! — O locutor anuncia.
Jordan cumprimenta o seu adversário e até sorri, então desce do
octógono e vem diretamente na minha direção, ele para na minha frente e
me puxa para um abraço e em seguida um beijo que me tira todo o ar.
— Nós estamos na final Kit Kat! — Seus olhos brilham de emoção.
Nos abraçamos novamente e é difícil controlar a emoção, saber que
eu estou fazendo parte disso o ajudando a chegar até aqui me traz uma
enorme sensação de paz. Depois de me afastar de Jordan, abraço Tinna e os
meninos. Donna se aproxima com um microfone em mãos.
— Jordan como está o coração, agora que você vai estar na final?
Jordan aceita o microfone e começa a falar, sem tirar a mão da
minha cintura.
— É uma sensação ótima e vai ser melhor ainda na final, eu tenho
certeza. É maravilhoso ver que meu esforço valeu a pena.
O olhar dela desce para o corpo de Jordan e para na tatuagem.
— Olha, as coisas estão sérias. Quando sai o casório? — Brinca,
mas Jordan sorri.
— Em breve, se Kit Kat aceitar.
Eu fico pálida e não consigo nem respirar, acabamos de começar a
namorar e ele já quer se casar? Acho que viu o meu estado porque ele ri e
me puxa para os seus braços.
— E você Katherine, como é ver que o seu aluno chegou à final com
a sua ajuda?
Eu respiro e sorrio para Jordan.
— Maravilhoso, nós trabalhamos e estamos trabalhando bastante
para chegar até aqui e é uma sensação de dever cumprido.
— E será mais ainda quando o Destroyer ganhar a final, né? —
Continua e eu aceno.
— Com certeza, vamos trabalhar ainda mais para conseguirmos o
cinturão.
Jordan coloca a cabeça no meu pescoço e sussurra.
— Estou doido para ver você só com o meu cinturão.
Minhas bochechas coram e eu dou uma cotovelada em Jordan, que
ri.
— Você não presta!
Continuamos a entrevista e respondemos a outros repórteres, Jordan
está sempre comigo e me dá espaço para falar. Alguns perguntam sobre o
nosso relacionamento e se isso pode atrapalhá-lo na final, mas Jordan nega.
— Eu irei lutar ainda melhor, porque sei que a minha vitória é muito
importante para ela, trabalhamos muito para chegar até aqui.
Eu o beijo sem me importar de ser profissional. Não consigo resistir
a esse homem.
Depois que Jordan toma um banho para tirar o excesso de suor, nós
entramos no carro, vejo que ele está um pouco quieto e mexendo no celular.
Olho para Tinna que está conversando baixo com Sam, acho que estão
fazendo as pazes. Preciso urgentemente falar com ela. Olho para Sirius que
sorri para mim.
— Descobriu que eu sou mais bonito que Jordan e está arrependida?
— Cale a boca. — Brinco e ele pisca. — Vem cá, quando vamos
conhecer a sua namorada?
As bochechas dele coram.
— Não estou namorando!
Tinna ri.
— Está sim, vive no telefone com ela e nem está mais pegando as
meninas nas ultimas festas que fomos.
Ele resmunga algo para si de como somos chatas e Tinna e eu
batemos as mãos. Faço um sinal de que quero falar com ela, e ela acena.
Olho para Jordan que está guardando o celular.
— Está tudo bem?
Pego sua mão e começo a retirar os nós, ele geme com o alivio.
— Sim, vai ficar tudo bem.
Eu aceno e continuo o trabalho até que chegamos ao hotel. Ele
hesita na porta me fazendo olhá-lo.
— O que foi?
Ele coça a cabeça bagunçando mais seus cabelos.
— Kristen está lá em cima, vocês finalmente vão poder conversar.
Minha cara de surpresa deve ter sido um pouco demais, pois Jordan
me segura pela cintura como se eu fosse cair a qualquer momento, o que
não é bem uma mentira.
— Por que ela está aqui?
— Eu a convidei, vocês precisam se acertar.
Olho para a planta do hotel tentando pensar, eu sinto tanta falta dela
e não é de agora. Nós já perdemos tantos anos separadas, não é justo
continuarmos assim agora. Me viro para Jordan e aceno aceitando. Nós
entramos no elevador e ficamos abraçados, em seus braços eu me sinto
segura e protegida, é o efeito que ele tem em mim. Segurando abro a porta
vendo Kristen sentada, ela está sozinha o que me faz crer que todos foram
para seus quartos. Jordan faz um sinal que se vai também mas eu aperto
suas mãos.
— Vocês precisam conversar sozinhas Kit Kat.
Eu aceno e a olho para Kristen que parece tão nervosa quanto eu.
Volto minha atenção para Jordan.
— Vá tomar um banho e depois me chame para te massagear, tenho
que aproveitar que seu corpo ainda está quente.
Ele acena e se vai, sei que tenho pelo menos dez minutos de
conversa com ela antes de Jordan me chamar, eu espero. Me sento ao seu
lado e a olho, Kristen parece estar tão triste quanto eu.
— Oi. —Digo sentindo meu coração acelerado.
— Oi Kath. — Ela suspira e me olha. — Algum dia você vai me
perdoar, eu estou realmente arrependida por tudo.
— Você alguma vez iria contar a verdade?
Ela coloca as mãos na perna secando o suor.
— Se você estivesse lá, com certeza contaria, mas você estava longe
e eu não queria mais sofrimento. Fui egoísta e me arrependo muito. Eu me
sinto tão mal que você me odeia Kath.
Eu não posso ouvir mais e a puxo para meus braços a abraçando
apertado. Ela pode ser a minha irmã mais velha, mas eu que sempre agi
como tal. Kristen sempre foi frágil e doce demais. Acaricio suas costas
enquanto ela chora.
— Algum dia você vai me perdoar? — pergunta sussurrando com a
voz chorosa.
— Eu te perdoo, Kris. Parei para pensar e eu tenho a minha família
de volta, amigos, amor. Não quero guardar mais magoas no meu coração e
eu sinto sua falta.
Ela soluça.
— Eu também sinto a sua. — Ela passa a mão pelo meu rosto
secando as minhas lágrimas e eu faço o mesmo que ela. — Será que um dia
seremos como antes?
Será que um dia eu conseguiria confiar nela assim novamente?
Olhando para a minha irmã tão triste eu não posso negar, sei que isso
destruiria ela, mas também não posso afirmar. O fato é que eu nunca
confiarei cem por cento nela novamente, não importa quando tempo passe.
O perdão é meu para dar, mas a confiança não. A confiança vem do meu
coração e nele eu não posso mandar.
— Quem sabe um dia? — respondo com o melhor que posso.
Nos ficamos em silencio só abraçadas enquanto ela continua
pedindo desculpas.
— Você está com Liam? — pergunto curiosa, apesar de não sentir
nada por ele eu quero saber se essa traição deles pelo menos valeu para
alguma coisa. Eu ficaria feliz por ela se eles ficassem juntos.
Kristen me dá um sorriso triste.
— Algumas coisas as vezes não é pra ser Kath. Começamos tão
errado, não há como corrigir isso.
Eu seguro sua mão e aperto.
— Não se prenda ao passado Kris, busque sua felicidade e seja feliz.
Pouco depois ela vai embora e eu entro no quarto vendo Jordan
sentado na cama, ele usa só uma toalha na cintura e seus cabelos pingam
água.
— Como foi lá?
— Foi tudo bem.
Pego os óleos e conserto o corpo de Jordan e coloco gelo na sua
mandíbula que começa a ficar roxa.
— Como eu fui tão sortuda de ter um namorado tão lindo por fora
quanto por dentro? — pergunto depois de tomar banho e me deitar ao seu
lado. Jordan está cansado da luta e está quase caindo de sono, eu acaricio
seus cabelos.
— Eu é que sou o homem mais sortudo do mundo por ter você
comigo. — Ele me beija de leve e depois boceja. — Desculpa.
Eu bocejo também. O bocejo é uma coisa engraçada e enigmática.
Me aperto mais contra ele e beijo de leve o seu peito.
— A partir de amanhã os câmeras voltam, né? — Resmungo e eu o
sinto assentir.
— Sim, estamos na final Kit Kat.
— Sim, estamos. Estou tão orgulhosa de você.
— Eu estou orgulhoso de nós.
Eu acaricio mais seu cabelo e sinto quanto ele adormece.
— Eu te amo, Campeão.
— Eu te amo, Kit Kat.

Na manhã seguinte acordo ouvindo vozes lá fora e me lembro que


as câmeras estão novamente aqui nos filmando. Jordan me dá um beijo na
bochecha antes de se levantar para urinar, eu olho pelo quarto ainda meio
dormindo e sorrio quando vejo nossos ursinhos lado a lado na estante do
quarto.
Depois de tomarmos banho e trocarmos caricias nós dois relaxados
vamos para a cozinha onde vemos todos sentados conversando, Sirius e
Tinna discutem sobre quem dança melhor.
— É claro que sou eu, tenho mais gingado. — Sirius exclama e Sam
explode em gargalhadas.
— Acredito que você perde nessa, Tinna tem um swing quando
ela...
Tinna lhe acerta um tapa e ele a pega nos braços a beijando. Eu me
sento e sorrio para eles, ignorando as câmeras.
— Voltaram?
As bochechas de Tinna coram.
— Ontem conversamos e decidimos...
— Nós estamos namorando agora. — Sam acrescenta.
Eu me levanto e vou abraçar ela.
— Estou tão feliz por você!
— Obrigada! Nem conseguimos conversar ontem.
Eu aceno.
— Depois do treino a gente pode conversar com calma.
Nós voltamos a nos sentar e conversamos sobre tudo e nada, o clima
está ótimo. Pouco depois Phil entra com um sorriso no rosto e vem
cumprimentar a gente.
— Por que está tão feliz? — Sirius pergunta curioso.
— O show está sendo um sucesso e eu consegui patrocinadores para
o próximo reality!
— Que legal! — Eu exclamo. Phil trabalha tanto e está sempre
cuidando para que tudo saia perfeito, depois que ele tomou seu lugar o
show melhorou muito sem Donna só querendo filmar Jordan.
Meu pai me ligou para dizer que estava adorando o reality e ele
estava tendo críticas muito positivas.
— E sobre o que é o próximo reality? — Jordan pergunta.
Phil sorri.
— Não posso falar ainda, mas será um estouro! Já viram náufragos?
— Então vai ser tipo filmando pessoas numa ilha? — Tinna
pergunta e Phil dá um sorriso enigmático.
— Isso e muito mais.
— Bem, estou ansiosa para ver e te desejo todo o sucesso. —
Respondo e me levanto o abraçando, assim como os outros fazem.
Ele sorri.
— Bem, ainda tenho mais uma noticia, não é oficial ainda mais eu
queria falar com vocês.
— Diz logo que até eu estou curioso. — Sam exclama.
— Por trás das câmeras tenho ouvido muito sobre patrocinadores
que querem o Jordan de volta ao UFC, inclusive a liga que tem te
acompanhado pelo reality. Seu romance com a Kath só aumentou ainda
mais a visibilidade e eles querem ver mais disso. Se ele ganhar a final
contra Martelo está feito!
Eu abraço Jordan que está em choque. Ele finalmente vai conseguir
seu lugar onde ele tanto sonhou. No quarto a noite eu acaricio seu rosto
enquanto conversamos sobre a sua chance de voltar ao UFC.
— Eu sei que você vai conseguir, Jordan. Estou sentindo que vamos
conseguir os patrocinadores.
Ele me olha e suspira.
— Acho que estive com medo tempo demais de voltar ao UFC,
inventei tantas desculpas a mim mesmo, mas agora é real e vai acontecer,
não importa que seja com ou sem patrocinadores.
Eu beijo seus lábios, orgulhosa de sua força.
— Sem patrocinadores pode ser difícil, mas chegaremos lá. Eu
sempre estarei ao seu lado.
Ele sorri para mim e me aperta contra ele.
— O que eu estou tentando dizer Kit Kat é que eu tenho condições
para entrar num UFC sem patrocinadores, você viu a minha casa, certo? —
Eu aceno um pouco surpresa com o rumo que a conversa está tomando. —
Nunca fui um desses lutadores que sai gastando a grana que ganha, com a
ajuda de Sam nós conseguimos investir bem o dinheiro para nos dar lucros.
Eu levanto a cabeça para o olhar.
— Então por que você não voltou pra o UFC depois que a suspensão
acabou?
Ele parece meio envergonhado quando responde.
— Por medo, Kit Kat. Eu não queria voltar só pra perder mais uma
chance, eu tinha medo de não ser o suficiente.
— Você sempre será mais que suficiente para mim. — Conto e ele
me puxa para um beijo apaixonado.
Durante a semana nós nos preparamos ainda mais, Jordan está
em toda a sua força querendo chegar a seus objetivos. É lindo de se ver e
inspirador. Além dos treinos nós temos corrido, o que faz chegarmos
exaustos no hotel. A final será em Seattle e estamos todos ansiosos.
— Nós vamos conseguir, Campeão. — Digo quando estamos nos
deitando na cama.
— Sim, nós vamos.
Ele puxa meu queixo em sua direção e gruda seus lábios nos meus,
sua mão vai para o meu seio embaixo da minha camisola enquanto eu toco
as suas costas. Jordan gosta de dormir com pouca ou nenhuma roupa e eu
adoro isso. Ele coloca as mãos na minha camisola e sobe me deixando
somente com uma pequena calcinha de renda. Ele se afasta para me olhar e
brincando eu faço pose.
— Maldade, Kit Kat.
Ele pega o meu pé direito e beija o meu calcanhar, seus beijos
sobem para a minha panturrilha e continuam mais acima, é como se ele
estivesse adorando o meu corpo. Eu gemo e levanto o quadril quando ele
beija a minha virilha.
— Sensível?
Eu semicerro meus olhos.
— Está brincando comigo?
Ele ri e a sua risada me faz ficar mais molhada e necessitada,
prevendo a minha reação ele assopra a minha calcinha de renda fazendo o
ar geladinho passar pelos furos da calcinha de renda.
— Jordan se você não parar de brincadeira agora eu vou...
Não termino minha frase porque ele se entrega a paixão e me toma,
colocando a minha calcinha para o lado ele faz delicias com a boca, me
fazendo ver estrelas, só para depois me tomar me fazendo me sentir a
mulher mais bela e amada do mundo. Jordan tinha esse dom de me fazer
especial e perfeita mesmo quando eu não era. Apesar dos seus defeitos ele
também era perfeito para mim. Nós nos completávamos.

Na manhã seguinte depois de treinar Jordan, eu chamo Tinna para


conversarmos no quarto. Pela sua cara ela já sabe qual é o assunto. Temos
morado há tanto tempo juntas que eu não me imagino afastada dela. Mas eu
também não me imagino acordar sem Jordan todas as manhãs.
— Eu sei o que você vai falar. — Tinna me diz se sentando ao meu
lado. Eu abro a boca para falar algo, mas ela levanta um dedo então vai no
seu criado mudo e tira dois Kit Kat, em seguida me entrega um.
— Tentando me subornar? — brinco e ela acena.
— Consegui?
Eu separo uma tira e mordo gemendo com prazer de sentir o
chocolate e o biscoito na minha boca numa sintonia absoluta.
— Definitivamente sim.
Ela brinca com o seu Kit Kat em mãos não me olhando diretamente
e eu percebo que ela está magoada.
— Tinna...
— Você vai me deixar Kath? Vai voltar para Seattle e me deixar
para trás?
Eu largo o meu chocolate e a abraço, Tinna apesar de ser espevitada
sempre foi mais sensível.
— Claro que não. Eu ia te convidar para morar comigo, quando a
temporada acabar poderíamos ver os apartamentos ou casas disponíveis.
Com o dinheiro que ganhamos aqui nós poderíamos pagar uma casa. Não
consigo viver sem você.
— Ufa, pensei que teria que me esconder dentro da sua mala.
Eu rio e a puxo para outro abraço. A amizade é isso, aceitar as
manias dos outros, é querer estar junto, compartilhando as vitorias e as
derrotas. Tinna esteve nos meus piores momentos e eu tenho a felicidade de
tê-la nos melhores, fazendo parte deles. Ter um amigo nas horas difíceis é
difícil, mas ter um amigo ao seu lado na vitória é pior ainda. Eu tenho
orgulho de ter a melhor amiga do mundo, uma irmã de outra mãe.
— Nosso apartamento pode ser rosa?!
Eu rio.
— Que tal branco com os moveis coloridos?
Ela parece pensar.
— Aceito.
— Aceito.
21
JORDAN

Os gritos da plateia entram pelos bastidores, onde eu estava junto


com a minha equipe. Esse era o desafio final, o meu desafio pessoal que
seria a resposta para se todos os meus treinamentos e privações valeram a
pena. Seria a hora decisiva da minha carreira. Foi nesse Underground que
eu encontrei o amor, um amor que eu tive que lutar para dar certo. Foi nesse
Underground que eu conheci o outro lado dos meus melhores amigos e vi as
máscaras caírem. Essa era a minha luta final e eu queria honrar ela da
melhor forma.
Olho para Katherine que está mais arrumada do que nunca numa
calça jeans de couro com saltos de matar e um top com uma foto minha
com as luvas em pé. Eu tinha tanto orgulho da minha garota, por trás de
toda a produção e maquiagem que ela usava hoje, havia olheiras de noites
em claro pesquisando sobre o estilo de luta de Martelo para melhorar as
minhas defesas. Suas doces mãos de fada deviam estar doloridas do quanto
ela me ajeitou durante toda a temporada, eram poucas vezes que ela me
alongava com elástico ou outras coisas. Assim como eu ela gostava do
contato, pele a pele.
— Você está pronto, Campeão? — Kit Kat pergunta enquanto
coloca o meu capuz vermelho sobre a minha cabeça.
— Estou.
Ela passa a mão pelo meu rosto me acariciando com amor.
— Não importa o resultado de hoje, você sempre será o meu
campeão.
Vejo as câmeras filmando o momento, mas assim como eu,
Katherine ignora, nós estamos mais que acostumados a isso e sabemos que
daqui há muitos anos quando estivermos velhinhos sorriremos vendo e
relembrando esses momentos.
— Eu te amo.
Ela sorri e coloca seu nariz no meu.
— Eu também te amo.

Estou sozinho aqui aproveitando os poucos minutos que me faltam


antes de ser chamado no octógono. Escuto os gritos dos fãs clamando por
mim e eu sorrio. Me sinto mais preparado e mais feliz do que já estive, mais
do que isso, me sinto realizado.
Essa noite eu enfrentaria o homem que tentou destruir a minha
carreira e a minha vida pessoal, mas não conseguiu nenhuma dessas coisas.
Mesmo que eu não ganhe eu terei mais coisas que ele. Ao meu lado eu
tenho pessoas que me amam e acreditam em mim. Isso ele nunca saberá o
que é, pois só se importa com títulos e com status. Não é um pecado você se
importar com essas coisas, mas se torna se você só viver para isso e não por
amor ao que faz.
— A noite que todos esperávamos. — A voz do locutor explode nos
alto-falantes e eu me aproximo da porta. — A luta mais esperada do
Underground. Batemos recorde com o número de telespectadores na web,
de pessoas no recinto e de apostas! Com vocês finalmente teremos a
revanche de Destroyer contra Martelo. Quem será o vencedor da noite,
pessoal?
Um coro começa a falar o meu nome e eu quero chorar de emoção,
mas me controlo. Me lembro no meu primeiro Underground, não era muita
gente que acreditava em mim no começo, mas conforme fui ganhando, fui
conquistando visibilidade e fãs. Eles ficaram tristes com a minha derrota na
final, mas também felizes por eu ser o primeiro novato a chegar tão longe
assim.
— No canto esquerdo, o cara que foi dominando na força o seu
lugar, martelando as paredes que o separavam da final e lutando pelo
cinturão. Adam, ‘Marteloooo’ Jenseeeeer!
Uma gritaria começa e eu sei que ele apareceu e está caminhando
para o octógono. Seu número de fãs é bom, mas esse é meu dia e tenho
muito mais. Não sou criança, mas gosto de saber que tenho mais gente
acreditando e torcendo por mim do que por ele.
— E agora... — O locutor começa, mas sua voz é engolida pela
multidão gritando o meu nome. Eu rio emocionado e as câmeras gravam. —
Os ânimos estão meio agitados. — Olho para a tevê no quarto querendo ver
a reação de Martelo, não posso evitar. Sua cara é horrível, ele está puto que
eu seja mais reconhecido do que ele. Tenho que dar o braço a torcer que
esse reality só aumentou ainda mais a minha visibilidade. — E agora ele, o
rei do Underground, destruidor de tudo e o melhor dos melhores. O cara
que quer recuperar a sua honra e ter a sua vingança essa noite. Com vocês
Jordan, ‘Destroyeeeeeeer’ McKennaaaaaaa!
Essa é a minha deixa para sair do quarto que dá direto para o tapete
vermelho até o octógono. Caminho trotando e socando o ar. O rock ao
fundo me acalma e o grito das fãs é revigorante. Eu sorrio para elas e pisco
fazendo algumas desmaiarem. Meus olhos vão para Katherine que também
grita e pula animada, mando um beijo para ela e finalmente subo no
octógono.
Meus olhos se travam com os de Martelo, nada nessa hora podia
parar esse momento. Ele pagaria por todo o mal que ele me fez. O mal pode
ter se transformado em bem, já que trouxe Katherine para mim, mas mesmo
assim eu precisava vencê-lo. Mostrar que ele não é Deus para querer
transformar a vida dos outros só porque quer.
Outra música toca e eu sorrio ao identificar I Love It Loud de Kiss.
Vou para o centro do octógono assim como Martelo e paro na sua frente.
— Quero uma luta limpa, rapazes. — O juiz diz.
Acenamos e batemos nossas luvas. Apesar do Underground, assim
como o UFC e outras organizações serem ‘’sem regras’’ depois de alguns
danos feios e lutas sujas eles colocaram algumas regras como por exemplo:
cortes e dedos no olho, além de reprimir movimentos como puxar o cabelo,
cabeçadas, ataques na região genital, entre outros. Mas isso ainda não me
deixava tranquilo, Martelo nunca foi de seguir regras e eu sabia que ele
trapacearia se percebesse que não tinha chance. E ele não tinha nenhuma
essa noite.
O sino toca e a multidão vai a loucura com o começo da luta.
Martelo me ataca e desfere um soco na minha cara ao mesmo tempo em que
eu dou outro em sua cara com o dobro da força do que eu recebi. Meu
sangue corre mais rápido e eu me sinto a porra de um Deus. Martelo apesar
de ter chegado à final nunca foi dedicado com o esporte, tudo para ele era
dinheiro e é essa ambição que irá acabar com ele. Rodeamos um pouco até
eu partir para cima dele socando a sua barriga e o encurralando no canto e
socando a merda fora dele, ele consegue acertar alguns golpes na minha
cabeça mas nada me para. As palavras e ensinamentos de Katherine vem a
minha cabeça.
Direita, esquerda, direita. Direto, cruzado.
Mal escuto quando o sino avisa que o primeiro round acabou. Pela
primeira vez eu odeio que os assaltos tenham somente cinco minutos cada.
Por mim eu passaria o dia inteiro socando Martelo por toda a merda que ele
jogou em mim.
Me sento num banquinho que Sirius coloca para mim e Katherine
me entrega uma garrafa d’água.
— Você está indo ótimo. — Ela seca a minha testa e eu me afasto
um pouco pela dor. Ela passa um pouco de vaselina na minha sobrancelha e
eu sei que Martelo fodeu meu supercílio. — Dobre os socos da costela, pelo
jeito de andar você o machucou mesmo. Continue assim. — Ela olha para
ele rapidamente do outro lado do octógono recebendo ajuda do seu
treinador e depois volta a sua atenção para mim. — Ele já está ofegante,
você precisa cansá-lo ainda mais. Isso é MMA Jordan, vá para o chão e
acabe com ele. — Ela pega meu rosto entre as mãos. — Não pense na
vingança, isso é uma justiça.
A justiça.
Uma ring girl loira com um cartaz de segundo round passa e pisca
para mim, Katherine passa a mão no meu peito e dá um selinho para marcar
território antes de colocar o protetor de boca de volta na minha boca.
— Boa sorte.
Eu adoro ver ela toda possessiva comigo, é gratificante saber que eu
não sou o único ciumento da relação e o melhor é que nós confiamos um no
outro.
Me levanto e me preparo para encarar novamente Martelo, ele
realmente não parece dos melhores, mas isso não importaria nenhum pouco
quando eu limpasse o chão com ele. Não faria isso por mim como por John
também que pagou por culpa dele. Não tiro a minha responsabilidade, mas
Martelo fez eu fazer aquilo.
Troto em sua direção e sem dar pausa eu parto para cima dele
distribuindo socos cruzados, ele faz o mesmo comigo, mas eu não paro.
Faço o golpe Uppercut que consiste em levantar o meu joelho e acertar o
seu rosto. O seu protetor de boca voa e eu completo socando o seu nariz
antes de ser separado. Mesmo sangrando, Martelo continua a lutar depois de
colocar novamente o protetor de boca.
Os assaltos continuam e eu lamento por Katherine precisar limpar o
sangue que sai do meu rosto, meu nariz está quebrado e sangra. Posso ver a
dor em seus olhos, mas mesmo assim ela sorri para mim enquanto tira o
sangue de mim.
— Pare com essa brincadeira de gato e rato, por favor. Acabe com
isso Jordan. — Ela implora e eu aceno, mostrando em meus olhos a
verdade. Ela sorri para mim e sai quando avisam que o próximo round vai
começar. Olho para fora da grade e vejo Brianna vermelha e cheia de raiva.
Ela sabe que Martelo não vai conseguir ganhar essa luta.
Faço como prometido e levo a luta para o chão, Martelo fica por
cima de mim me socando num Ground and Pound, enquanto eu me
defendo. A multidão não para de gritar e isso me distrai somente um pouco.
Levo um soco forte na cabeça e isso me deixa tonto. Martelo aproveita essa
chance para continuar a sua sequência enquanto eu tento sair. Depois de
mais alguns golpes eu me livro do seu golpe então o finalizo com uma
chave de braço. Ele tenta fugir, mas eu fui bem treinado e minha posição é
perfeita. Eu forço o braço dele um pouco o segurando pelo dedão e ele
geme tentando sair do meu aperto sem sucesso. A minha outra perna segura
seu outro braço afastado de mim o fazendo totalmente submetido. A plateia
vibra gritando alto enquanto começa a contagem.
— Bate no chão. — Eu digo com a voz entre cortada pela luta. Eu
quero ver ele desistindo.
Ele nega e continua tentando se salvar. Eu puxo mais forte o seu
braço e ele grita, mas não solta. Olho para ele uma última vez então forço
com toda a força que possuo. O som de osso quebrado ecoa e todos ficam
em silencio só ouvindo o grito agudo de Martelo. A luta é dada como
acabada e eu me levanto deixando-o no chão. Me viro para onde Katherine
está enquanto ajudam Martelo, mas o seu grito me para.
— Cuidado!
Me viro bem a tempo de ver Martelo tentando me dar um soco com
o seu braço esquerdo e não penso. Acerto meu punho com tanta força na
sua cara que ele toma um nocaute caindo no chão do octógono com um
baque surdo.
Katherine sobe no octógono junto com a minha equipe e me abraça
apertado completamente emocionada, eu não estou muito diferente. Tomo-a
em meus braços e a beijo com paixão, mesmo suado, cansado e ofegante eu
estou a todo vapor, com os hormônios em alta querendo lutar ainda mais.
Abraço todos e converso com as câmeras enquanto os juízes escolhem o
ganhador. Martelo está no outro lado do octógono com seu treinador e sua
equipe, ele e Brianna discutem e eu sabia que seria assim. Ela queria um
vencedor, mas uma coisa que ela nunca vai entender é que não importa o
numero de vitorias que você tenha, isso não lhe faz um campeão, é o
caminho que o faz.
O juiz manda nos aproximarmos e pega o meu braço e o braço bom
de Martelo. A multidão fica em silencio quando o locutor anuncia.
— O vencedor do Underground é Jordaaaaan ‘’Destroyeeeeer’’
MacKennaa! — Ele levanta o meu braço e o público vai a loucura. Eles se
aproximam com o meu cinturão e uma sensação de dever cumprido me
toma.
Depois de colocar o cinturão eu bato minhas luvas com Martelo
apesar de ele não merecer isso e vou dar as minhas entrevistas junto com
Katherine.
— Jordan, nós sentimos um amadurecimento nas lutas durante essa
temporada, você estava mais centrado no prêmio, isso era para poder
enfrentar Martelo na final ou foi o seu treinamento com Katherine Blake?
— Um jornalista pergunta.
— Os treinamentos foram mais vigorosos e com certeza Katherine
me ajudou a chegar até aqui. Essa vitória é de todos os membros da minha
equipe e... — Paro de falar quando vejo o Treinador Blake ali em pé
sorrindo orgulhoso para mim e ao seu lado está Sonia.
Sem me importar com nada eu vou até eles e os puxo para um
abraço apertado.
— Conseguimos, Treinador.
Eles me retornam um abraço quando nos separamos eu posso ver as
lágrimas nos seus olhos. Treinador Blake olha para Katherine que está
dando entrevistas e depois para mim.
— Vocês trabalham bem juntos.
— Aquela menina marrenta? — Brinco e ele ri.
Olho para o lado e vejo Kristen um pouco afastada. Me aproximo e
a abraço.
— Parabéns!
— Obrigada Kris, é muito importante que você esteja aqui.
Sinto a presença de Katherine ao meu lado e a pego pela cintura
aproximando a gente. Ela e a irmã trocam sorrisos.
— Oi Kris, tudo bem? — Katherine pergunta. Eu posso ver o
esforço que ela está fazendo para tudo ficar bem e isso me toca.
— Está sim, e você? Eu amei a luta, parabéns!
— Obrigada!
Pouco depois decidimos ir comemorar na minha casa, Treinador e
Sonia voltam para sua casa e dizem que amanhã podemos comemorar num
almoço, mas Kristen nos acompanha depois de Katherine a convidar.
Convidamos também o grupo de mafiosos lá de Boston e Vegas. Katherine
e as meninas vão conversar e eu e os caras ficamos lá falando um pouco e
observando-as a distância.
As meninas decidem ir dançar em uma pista improvisada e eu sigo
Katherine, quero curtir junto com ela esse momento. Alguns caras param
para eu bater em suas mãos e gritam que eu sou o cara, não posso fazer
muito se não rir. As câmeras estão por todo o lado e isso só parece deixar
todos ainda mais agitados querendo aparecer na série de TV.
— Hoje foi maravilhoso. — Ela diz acariciando meu pescoço
enquanto movemos nossos corpos juntos ao som de batidas eletrônicas.
Meu corpo está mais calmo depois que voltamos para casa e ela me
consertou, um médico precisou ir ver o meu nariz e consertá-lo, ainda bem
que eu não o quebrei segundo o raio x, só desloquei. Foram duas bolsas de
gelo pelo meu rosto até ele desinchar, meu olho esquerdo não estava muito
bom, mas o suficiente para ver.
— Vai ser melhor ainda quando você estiver no nosso quarto só
vestindo o cinturão. — Sussurro no seu ouvido.
— Enquanto eu te monto? — Pergunta ousada mordendo o lóbulo
da minha orelha.
— Pode apostar.
Katherine junta seus lábios contra o meu enquanto praticamente
fodemos na pista de dança. Uma música agitada começa e Katherine se
afasta um pouco dançando com as meninas e requebrando o corpo, depois
daqui teremos uma festa no meu quarto, vou esperar mais uma hora antes
de fugirmos para lá. Me preparo para chamar Katherine para tomarmos
outra dose quando vejo uma roda se formar a poucos metros de mim. Me
aproximo para saber o que está acontecendo enquanto procuro ela, mas todo
ar me deixa ao ver Katherine sentada em cima de uma mulher distribuindo
socos em sua cara como a porra de um lutador de gaiola. O som para e as
pessoas ficam lá só gritando ‘’briga, briga, briga’’ enquanto as câmeras
filmam tudo.
Começo a entrar na roda quando Kris me para, seus olhos estão
cheios de água.
— É ela, Alanis a menina que me deixou em coma. Acho que ela
não sabia que seria a sua festa. — Eu dou uma passo à frente, mas ela
agarra o meu braço. — Não separe, Katherine precisa disso.
Eu fico olhando a minha menina acabar com a garota. Essa mulher,
Alanis é bem mais musculosa e alta que Katherine, mas minha mulher é mil
vezes melhor, mesmo estando de saltos altos e calças de couro. Deixo-a dar
mais uns socos antes de separar.
— Me solte! — Ela grita tentando se livrar do meu aperto enquanto
ajudam Alanis a se levantar. — Essa piranha quase matou a minha irmã, a
deixou em coma!
Todos da festa exclamam e Alanis foge com o rabo entre as pernas
com um lutador dessa noite, foi com ele que ela conseguiu entrar aqui.
— O que porra ela estava fazendo aqui?! — Grito.
— Ela é amiga de alguns lutadores e veio para a festa. — Alguém
grita de volta.
Eu queria mandar todos embora, mas ao invés disso, coloco
Katherine no ombro e a levo para o quarto, trancando a porta atrás de nós.
A coloco na cama e ela está bufando de raiva.
— Era pra você ter deixado eu terminar de acabar com ela!
— Pra que? Pra ser presa por matar alguém?
Ela me fuzila com o olhar.
— Ela deixou minha irmã em coma! — Ela tira os seus sapatos e os
joga pelo quarto.
— E Kristen está bem agora. — Mantenho a minha voz calma para
tentar controlá-la. — Você já teve a sua vingança, Kit Kat. Acho que além
de um nariz quebrado você provavelmente arrancou uns dentes dela.
Katherine bufa um riso e acena.
— Vamos tomar um banho para tirar esse sangue da vaca de você e
depois vamos fazer um amor bem gostoso.
Ela acena e entramos no banheiro. Depois de limpar suas mãos
feridas e retirar as roupas entramos num banho morno para tirar a quentura
que ela está, ela prende o seu cabelo para evitar molhá-lo. Acaricio seus
ombros enquanto a água morna, quase fria cai sobre nós e ela geme.
— Se continuar gemendo será por outro motivo, um bem maior.
Ela se vira e beija os meus lábios.
— E o que estamos esperando? Quero te montar só usando o
cinturão.
Eu sorrio a pegando em meus braços e a levando para a nossa cama,
coloco ela deitada e vou buscar o meu cinturão no outro lado do quarto.
Quando volto Katherine está de joelhos na cama me olhando mordendo o
lábio. Enquanto ela coloca o cinturão eu fico olhando a sua beleza
totalmente hipnotizado.
— Como estou? — Ela pergunta balançando os ombros de
brincadeira fazendo seus seios saltarem.
— Muito boa, muito.
Ela ri e ergue as mãos em punho, então levanta as sobrancelhas
numa expressão atrevida.
— Vamos lutar?
Puxo a toalha do meu corpo me deixando completamente nu e ela
lambe os lábios.
— Sim, vamos lutar.
Sem esperar eu vou para cima dela puxando seu lábio inferior e
depois a puxando para um beijo. Katherine se derrete nos meus braços e eu
aproveito para me separar. Ela estreita os seus doces olhos de gato para
mim e eu não posso evitar babar por ela. A minha mulher é a mais bela do
mundo.
— Sei que você provavelmente vai negar, mas eu posso tirar uma
foto sua assim só com o meu cinturão?
Ela me olha surpresa, mas assente.
— Sim, eu confio em você.
Pego meu celular no bolso da minha calça e Katherine ajeita seus
cabelos apesar de estar perfeita. Ela os coloca sobre o peito os tampando e
eu sorrio, realmente é perigoso essas fotos vazarem e é melhor uma foto
sensual me deixando lembrar e imaginar ela. Bato umas fotos e depois jogo
meu celular no canto.
— Perfeita.
Suas bochechas estão coradas. Passo minhas mãos pelos seus seios
duros enquanto grudo meus lábios com os dela, sentindo seu corpo se
arrepiar. Desço minha mão para entre suas pernas e ela já está molhada.
Katherine se segura em mim e move seu corpo contra minha mão me
deixando ainda mais duro. Sua mão se fecha em meu pau e ela o acaricia
enquanto eu faço o mesmo com ela. Abro meus olhos vendo ela entregue ao
prazer.
Afasto minha mão e seus olhos felinos se abrem raivosos me
fazendo sorrir.
— Kit Kat eu amo isso, mas eu preciso estar dentro de você.
Ela acena em entendimento e eu me deito na cama. Parece uma cena
de outro mundo quando ela lambe os lábios e engatinha até mim vestindo
somente o meu cinturão, então me monta. Um sentimento de posse me toma
e eu a quero sempre assim, tão apaixonada e entregue quanto eu. Ela morde
o lábio enquanto começa a descer lentamente sobre o meu pau.
— Tão gostoso.
Ela coloca as mãos no meu peito enquanto me monta me fazendo
ver estrelas. Seu olhar é intenso e eu amo isso.
— Não vou durar muito. — Aviso com os dentes cerrados tendo que
pensar em qualquer outra coisa para durar apenas um pouco mais.
— Eu também não. — Ela confessa mordendo o lábio e rebolando.
— Porra Kit Kat.
Ela continua rebolando o quadril antes de voltar a me montar. Os
seus seios balançam, assim como o cinturão me fazendo rapidamente
brincar com o seu clitóris para ela vir comigo. Katherine despenca em mim
depois que viemos.
— Eu te amo.
Acaricio suas costas sentindo a sua respiração rápida, assim como a
minha.
— Eu também te amo.
Pela manhã seguinte acordamos mais animados, finalmente vamos
voltar para casa, não aguentava mais ficar em hotéis. Meu coração dispara,
tenho que conversar com Katherine sobre nosso futuro, logo, mas não sei ao
certo como começar. A acordo com beijos e continuo agarrado com ela
enquanto vamos para a sala encontrando todos reunidos lá, inclusive o Phil.
— Como que vai o campeão? — Ele pergunta batendo as mãos com
as minhas e beijando a bochecha da Kit Kat.
— Pronto para outra.
Ele se vira para Kit Kat e a olha.
— Parece que ontem você deu um show. Conseguimos fazer o vídeo
ir ao ar naquela mesma noite, a festa foi transmitida ao vivo e batemos
recorde.
As bochechas de Katherine coram se lembrando que ela bateu em
Alanis. Depois que fizemos amor eu percebi que o seu metacarpo estava
machucado e precisei fazer curativos.
— Hãm, qual foi a repercussão? — Ela pergunta hesitante se
sentando na cadeira da cozinha e se servindo de suco.
Olho para Sam, Sirius e Tinna que tem grandes sorrisos no rosto e
ergo a minha sobrancelha antes de me sentar ao seu lado.
— Essa animação toda não é por causa da luta de ontem, é?
Sam abre a boca, mas Tinna o corta.
— Kath termine o suco, pois tenho certeza que você vai engasgar
com a notícia.
Minha menina para a torrada perto da sua boca e me olha em busca
de resposta, mas eu estou tão no escuro quanto ela.
— Fala logo, estou ficando impaciente. — Digo.
Sam e Phil trocam olhares animados. E Sam começa.
— Essa noite eu não dormi por causa da repercussão de Jordan e
também da luta de Kath. — Ele para e olha para a gente. — Recebi algumas
propostas de patrocinadores e já escolhi a melhor e todas as coisas, só falta
o aval final de vocês. Está tudo pronto para o próximo UFC!
Katherine se vira para mim e me abraça apertado. Todos na mesa
comemoram se abraçando. Eu estou de volta?
— Estou tão orgulhosa de você. Nós conseguimos. — Ela me
aperta, então segura o meu rosto e me enche de beijos. — Ai meu Deus,
vou ser a primeira da fila a te ver em todas as lutas. Prometo!
A beijo de volta tão emocionado quanto ela.
— É... na verdade em algumas lutas não será possível isso. — Sam
começa e nós nos separamos o olhando. Sam olha para Phil.
— Depois de ver como Katherine lutava eu consegui achar na
internet antigos vídeos e somado com o de ontem eu mandei para algumas
marcas e eu não imaginei que eles ficariam tão animados e decidiram
patrocinar os dois. E adivinhem quem é um dos patrocinadores?
Eu o olho.
— Quem?
— Além da Nike, que fez a melhor proposta, temos também as
empresas Raffaelo Loschiavo que está entrando em patrocínio para ambos.
Minha respiração para. Olho para Katherine que está sem falas.
— O que? Mas como? — Ela tenta organizar uma frase, mas não
consegue.
— Kit Kat você vai lutar? — Pergunto acariciando o seu rosto e
junto nossas testas. — Você será perfeita.
Tinna se levanta e abraça a sua amiga apertado então as duas caem
no choro emocionadas. Os rapazes tentam esconder a emoção, mas não
conseguem. Até Phil chora emocionado por ela. Katherine se joga nos meus
braços e me beija.
— Eu vou voltar a lutar! — Seus olhos brilham e é maravilhoso de
se ver. Eu sabia que ela gostava de lutar, mas não imaginava que ela queria
tanto voltar.
— Você fará tudo que sempre quis. Eu te prometo.
22
KATH
Quatro semanas depois...

Termino de colocar o meu vestido e me olho no espelho sorrindo


com o resultado. Tinna está no outro lado da sala terminando de guardar,
com a ajuda de Sam, os doces do casamento.
— Você está linda. — Amber me elogia e eu me viro para ela.
Tinna e eu ficamos morando por duas semanas na casa de Jordan até
acharmos um lugar para nós. Para mim não foi nenhum sacrifício, mas meu
pai não gostou nenhum pouco, ficou jogando várias indiretas para Jordan
colocar logo um anel no meu dedo. Depois que papai foi embora antes
mesmo que Jordan pudesse abrir a boca eu declarei que se ele me pedisse
em noivado eu não aceitaria.
Então Amber apareceu, nós três nos tornamos amigas quase que
imediatamente e como ela estava morando aqui numa casa com três quartos
nós então décimos morar juntas, pois sejamos sinceras, não adianta comprar
uma casa quando quase não estamos nela. Amber ainda está em passos de
bebê com Sirius, mas eu vejo várias vezes ele entrando na nossa casa de
madrugada, não é diferente com Jordan e Sam, e vice-versa.
— Nós já éramos para estar lá, a noiva não pode se atrasar! — Tinna
exclama me entregando o buque. E entregando a Amber uma caixa com
doces enquanto ela segurava outra e Sam outras duas.
Sorrio acenando com a cabeça. Corremos para a igreja e
conseguimos chegar a tempo de ver as madrinhas começando a entrar.
Tomei o meu lugar e caminhei depois de algumas damas com o meu buque
em mão. Pisquei para Jordan que me olhava intensamente ali perto do
padre. A decoração da igreja estava linda, também com a ajuda da minha
mãe tudo ficou perfeito e bem a cara dos noivos. Passei por Kellan que
estava nervoso batendo o pé. Ele olhou para mim e eu fiquei vesga fazendo
ele rir e relaxar um pouco.
Tomei o meu lugar ao lado das outras damas e olhei para entrada
assim como todos os presentes e aguardei Gaby, a noiva, entrar. Seu vestido
de noiva era um pouco larguinho e rodado para não machucar o bebê que
estava com cinco meses. Nunca vi uma noiva tão bonita na minha vida. No
seu olhar eu podia ver o amor por Kellan. Meu vestido assim como das
outras damas era vinho, porém de cortes diferentes. Enquanto as outras
meninas usavam vestidos apertados que com certeza eram desconfortáveis,
eu usava um que da cintura para baixo era rodado e confortável, mas com
um decote bonito. Completei a roupa com uma sandália prata que
combinava com o colar que ganhei de Jordan no avião enquanto voltávamos
para casa. Eu ainda não havia contado que iria morar em Seattle e percebi
que durante o voo ele estava tenso.
— Sabe. — Eu comecei e ele me olhou. — Eu conversei com Tinna
uns dias atrás sobre onde ficaríamos e essas coisas.
Seu olhar até arregalou um pouco enquanto ele ouvia com atenção
as minhas palavras.
— E?
— E decidimos morar em Seattle, não quero mais fugir e minha
melhor amiga irá viver comigo, não há nada melhor.
Soltei um grito quando Jordan me colocou no seu colo.
— Vocês vão morar onde?
Eu ri com a sua animação.
— Por enquanto vamos ficar na casa dos meus pais enquanto vemos
os apartamentos e casas perto de vocês...
— Vocês podem morar comigo. Minha casa é grande e...
— Jordan não é simples assim e...
— Eu topo! — Tinna grita sentada no há algumas cadeiras de
distância da gente. — Kath os meninos me mostraram fotos da casa de
Jordan, vamos ficar uns dias lá até acharmos o nosso cantinho rosa!
— Rosa não! — Jogo de volta, mas ela ri e coloca seus fones como
se não me ouvisse.
Voltando ao presente eu seco minhas lágrimas enquanto eles trocam
juras de amor. Jordan olha para mim e repete sem som as palavras do padre
me fazendo tremer, ele está se declarando para mim aqui. Quando
finalmente os noivos dizem sim todos comemoramos distribuindo abraços
antes de entrarmos no carro em direção a festa.
— Você ficou emocionada, quer casar Kit Kat? — Jordan pergunta
com uma mão na minha perna enquanto dirige.
— Nem começa, Campeão. Acabei de me mudar com as meninas e
não acho que é a hora certa ainda. Isso aí é meu pai falando no seu ouvido.
Ele ri.
— Kit Kat seu pai não precisa falar um ‘ai’ pra eu querer passar a
minha vida inteira com você.
Lágrimas banham meus olhos e eu lhe acerto um soco no ombro.
— Pode parando viu, esse seu charme não vai me comprar.
Ele ri e beija a minha mão.
— Tá bom, só vou voltar a te pedir quando você estiver pronta.

2 anos depois...
Poso para a foto com a minha concorrente, sinto a raiva me
tomando, mas não demonstro. Esse é meu segundo UFC, eu consegui
ganhar o primeiro com muito sofrimento e quase desistindo. Ver a minha
família torcendo por mim me deu força para continuar e chegar aonde eu
cheguei. Eles acreditavam mais em mim do que eu mesma.
Olho bem nos olhos de Alanis e me coloco em pose enquanto batem
as fotos. Estou com meus cabelos soltos cheios de cachos que Tinna havia
feito, short preto apertado contra o meu corpo com o elástico da cintura
com as marcas do UFC, o meu top era desse mesmo jeito, consegui essa
roupa exclusiva e sob medida feita para mim pela cunhada de Isis.
Mantemos contatos e até passamos férias na Sicília, na Itália, junto com
eles.
Eu estou mais musculosa do que estive há dois anos, meu estomago
está rasgado com os treinos que faço junto com Jordan, mas eu nunca me
senti tão bonita. Jordan faz questão de me dizer isso sempre que estamos
juntos. Modéstia a parte eu fui nomeada a lutadora mais bonita e sexy do
ano. Jordan adorou, mas pirou também quando eu fui convidada pela revista
a fazer uma sessão de fotos mais sensuais.
— Eu vou acabar com a sua raça, vou limpar o chão com a sua cara
de princesinha. Vai me pagar por aquele dia que eu estava distraída. —
Alanis diz quase babando tentando me causar medo. Eu a olho de cima a
baixo e sorrio. Ela virou meme e vergonha por apanhar tão fácil e parece
que não superou isso ainda.
— Me mostra no octógono e aí a gente conversa. — Respondo e um
coro de ‘’uou’’ começa. Papai, meu treinador, me puxa para trás, mas tem
um sorriso no rosto.
— Não provoca. — Ele começa. — Se mantenha focada e o
cinturão é seu. Nós treinamos para isso.
Eu aceno focada. Papai teve que treinar Jordan e eu juntos, mas nos
fizemos por onde, para ajudá-lo.
— Onde ele está? — Pergunto olhando em volta, desde que
chegamos aqui eu não o vi ainda e isso me deixa tensa.
A luta de Jordan pelo cinturão masculino é amanhã e eu sei que ele
precisa estar tão focado quanto eu.
— Logo ele aparece.
Termino uma entrevista e vou para o meu quarto e mando
mensagem para ele enquanto Tinna e minha mãe trançam meus cabelos.
— Se mantenha focada, filha. Logo ele aparece. — Mamãe diz as
mesmas palavras de papai e eu a olho curiosa para saber o que está
acontecendo.
Eu estou por poucos minutos para subir no octógono para mostrar
que eu sou capaz, mas eu preciso vê-lo antes, só assim eu me manterei
focada.
— Daqui a pouco ele está aqui, Sam acabou de me mandar
mensagem. — Tinna me acalma.
Tinna e Sam se casaram ano passado e a cerimônia foi maravilhosa.
Tenho tanto orgulho da minha amiga. Amber e Sirius fizeram uma pequena
festa de casamento antes da temporada e aproveitaram o tempo que ainda
tinham para viajar. Quase que eles não conseguiram embarcar com a gente.
Resumindo, eu praticamente moro com Jordan, apesar de raramente bater o
pé para ficarmos na minha casa, sim agora eu moro sozinha. Mas
praticamente não ficamos na minha casa, já que só ficamos metade do ano
em casa enquanto a outra metade estamos na estrada.
Jordan entra no meu camarim e vem até a mim. Ele ainda está mais
bonito do que quando nos conhecemos.
— Hey, Kit Kat. Está pronta para limpar o chão com a cara daquela
vaca mais uma vez?
Eu rio e aceno me levantando.
— Pronta.
— Com certeza está pronta. — Seu olhar bebe o meu corpo e eu
sorrio beijando sua boca antes de me afastar.
— Vai torcer por mim?
Ele toca a minha trança e acena.
— Com certeza, e ainda terá uma surpresa depois da luta.
Coloco meus braços a sua volta.
— Ela envolve KitKat? Preciso de um urgente, assim que
terminarmos a luta.
Tem sido uma tortura não poder comer chocolate durante toda a
temporada. Jordan ri.
— Isso também. — E beija a ponta do meu nariz.
— Está ansioso para amanhã?
— Estou mais ansioso para hoje. — Confessa ao mesmo tempo em
que um dos organizadores bate na porta dizendo que é a minha vez, que a
outra já foi anunciada. — Vai lá mostrar do que é capaz, Kit Kat.
Lhe dou um selinho antes de começarmos a caminhar para fora.
Visto meu roupão de cetim preto e coloco o meu protetor de boca. Um rock
começa a tocar e a multidão vai a loucura gritando o meu nome.
— E agora ela, a rainha do octógono. A mais bela e mortal do UFC,
lutando para ter o seu segundo cinturão. A única, Katherineeeeee ‘Revenge’
McKennaaaaaaaaaaaaaaaa.
Eu paro por um segundo imaginando que ele errou meu nome, olho
para Jordan que nem me olha. Sigo meu caminho ainda meio tonta,
imaginando como soou bem o meu nome com o sobrenome de Jordan.
Quem sabe com isso ele acorda e me pede logo em noivado. Subo no
octógono e tudo passa rápido antes da luta começar.
Nunca fui de fazer jogo, sempre acho que meu pai vai acabar
passando mal e com isso eu vou para cima e termino a luta o mais rápido
que eu consigo, só assim posso respirar direito. Hoje não é diferente.
Abstraio o grito da multidão e foco nela, em Alanis. Nós não conseguimos
lutar ano passado já que ela foi eliminada antes de poder me enfrentar, mas
agora é diferente. Quando eu bati em Alanis, dois anos atrás, ela realmente
estava distraída, eu quero que essa luta prove que ela perdeu para mim e
merece ser subjugada.
Atualmente Kris e eu estamos novamente amigas, ela está
namorando Liam, o que pelo menos provou que a relação deles não foi
somente desejo. Valeu de alguma coisa.
Parto para cima de Alanis demonstrando toda a minha raiva por ela,
mas hoje quero ficar com ela o maior tempo que conseguir. Alanis
realmente é mais alta que eu, mas agora eu sou mais forte e tenho um
propósito.
Durante os intervalos eu luto com garra e força. Meu supercílio está
cortado e também o canto da minha boca, enquanto meu pai me limpa eu a
observo sem conseguir respirar direito enquanto eu faço meu máximo para
manter a minha respiração bem uniforme.
— Acabe com ela nesse round Katherine. — Meu pai diz. — Eu sei
que você é capaz.
O sino toca e a luta continua, a passo para o chão e ela me prende
tentando me dar um mata-leão, mas eu consigo sair e a monto dando-lhe
socos na cara que ela não consegue se defender. O juiz nos separa dando
tempo para ela se levantar e a luta continuar. Assim que ele dá o sinal para
continuarmos eu vou para cima dela e a prendo entre a grade do octógono
distribuindo uma infinidade de sequência de socos até que ela despenca no
chão.
— É nocauteeeeeeeeeeeee, senhoras e senhores!
Eu grito quando Jordan me ergue do chão me abraçando. Os
paramédicos atendem Alanis enquanto o juiz e todos entram. Vejo o
cinturão e meu coração acelera ainda mais, por minhas contas eu com
certeza ganhei de Alanis, mas só vou sossegar quando tiver meu cinturão
em minha cintura. O cinturão é grande e dourado, com a palavra UFC
escrito bem grande. Olho para Jordan trocando um olhar com ele, às vezes
eu o monto só usando nossos cinturões. Ele sorri sabendo o que eu estou
pensando.
— Continue com esse pensamento. — Ele diz no meu ouvido antes
de se afastar.
O juiz pega a minha mão e de Alanis e a plateia vai a loucura. Vejo
Bella, Isis, Carina e as outras meninas junto de Tinna, Amber e Kris e sorrio
para elas. Não sabia que todas estariam aqui hoje. Olhando em volta eu
percebo que há muita gente que eu conheço aqui, os amigos da academia,
colegas da faculdade. Começo a me perguntar o que está acontecendo
quando o juiz ergue a minha mão.
— A vencedora da noite é Katherineeee ‘Revenge’
McKennaaaaaaaa! — Novamente o locutor diz meu sobrenome errado, mas
em seguida algo acontece.
Balões e pétalas de rosas caem do céu me fazendo pular assustada.
Papai coloca o cinturão na minha cintura e eu já não estou entendendo mais
nada. Então ele aparece. Jordan está com um buque de flores e KitKat em
mãos e meus olhos já se enchem d’água quando eu percebo o que está
acontecendo. Ele tem um microfone em mãos.
— A primeira vez que te vi você nem ligou pra mim, era um Natal
de muitos anos atrás. Você chegou já tarde, cumprimentou seus pais com
amor e só me olhou de igual para igual. Pra você eu não era o garoto de
ouro do seu pai ou qualquer outra coisa. Tenho que confessar que desde lá
eu já tinha uma queda por você. Quando nossos olhos se encontraram anos
depois eu soube que você seria a mulher da minha vida. — Minha garganta
se fecha e lágrimas de emoção caem dos meus olhos quando ele me dá esse
buque. — Kit Kat eu quero passar o resto dos dias da minha vida ao seu
lado, com nossos ursinhos juntos até ficarem velhos e empoeirados. — Eu
rio entre as lágrimas. — Quero te chamar de minha esposa e poder contar a
nossos filhos e netos o que é o amor de verdade.
Ele se ajoelha no chão e papai pega o buque de flores — e Kit Kat
— da minha mão.
— Kit Kat você aceita casar comigo? — Antes que ele terminasse a
frase eu já estava acenando com a cabeça e me jogando em seus braços.
— Sim, sim para sempre. — Ele me aperta contra ele antes de
colarmos nossos lábios num beijo apaixonado.
— Eu iria fazer isso amanhã, mas eu queria que fosse hoje. Porque a
sua vitória é a minha vitória. A sua alegria é minha alegria Kit Kat. Eu te
amo mais que tudo.
— Eu também te amo.
EPÍLOGO
JORDAN
Puxo um pouco a minha gravata olhando entre as árvores esperando
Katherine aparecer, depois que ela disse sim todos ajudaram a fazer com
que o nosso casamento acontecesse o mais rápido possível. Na luta final eu
pedi ao locutor para chamá-la com o meu sobrenome, mas eu não
imaginava que eu queria tanto que ela o tivesse até aquele momento.
Agora quatro meses depois estamos nos casando com a festa que ela
tem direito. Depois de noites e noites decidimos nos casar nas Maldivas e já
ficar lá para a lua de mel. Ela estava mais ansiosa do que eu, e, olha que
isso é difícil. Há três meses resolvemos parar com o anticoncepcional e
começar a tentar termos um filho. Katherine finalmente se sentia pronta
para ser mãe e esse era o meu maior sonho, ver o fruto do nosso amor com
a gente. O médico nos alertou enquanto tirava o implante do braço dela que
poderia demorar meses até que ela engravidasse, mas estávamos animados e
tentando bastante.
Um dia divertido foi quando fomos escolher o sabor do bolo de
casamento há pouco mais de dois meses. Eu quis fazer uma surpresa para
Katherine, desde que a temporada acabou e ela estava quase chorando por
um chocolate, mas eu fiz todos sermos firmes e não deixar ela comer,
mesmo quando de madrugada ela me implorava com a voz doce. Na manhã
que fomos experimentar o bolo, Katherine estava de cara feia porque não
pode escolher o sabor que queria diretamente, teria que provar vários.
— Pra isso vocês não reclamam de eu comer, né? Bolo é muito pior
do que um misero KitKat! — Reclamou enquanto entravamos no salão.
Todo o grupo teve que esconder o riso antes que ela nos batesse. — A
próxima temporada é só daqui a seis meses, não estou perdendo o foco.
Treinador bufa uma risada e Katherine o fuzila com olhar.
— Continue rindo treinador que eu vou contar pra mamãe que você
anda saindo da dieta que o médico receitou.
— O que? — Sonia pergunta surpresa e eu rio alto enquanto
entramos.
— Isso foi mal, Kit Kat.
Ela se vira e me dá aqueles três tapas doloridos no ombro.
— O próximo é você.
Ela entra no outro salão e para quando vê as mesas com diversos
bolos e KitKats a sua frente mostrando de que o bolo é feito.
— Bem-vinda ao paraíso, aqui temos mais de duzentos sabores de
KitKat e vinte opções de bolo com recheio de KitKat.
Ela tampa a boca com a mão olhando tudo com os olhos grandes de
fome.
— Eu decidi, em conjunto com todos, tirar algumas, leia-se muitas,
opções de bolo porque eu tenho certeza que ninguém vai querer um bolo de
KitKat de wasabi, chá verde, chá preto, molho shoyu, milho grelhado,
queijo camembert, batata roxa...
— Eu entendi. — Ela afirmou. E se aproximou de uma mesa que eu
queria que ela visse.
— Se divirta, aí tem duzentos sabores diferentes de KitKat. Você
não sabe como foi difícil achar todos esses sabores.
No meio de brincadeiras nos divertimos provando os mais diferentes
tipos de KitKat, em seguida provamos os bolos nos deliciando. No final
todos olhávamos esperando-a escolher.
— Vocês vão me bater se eu quiser a cobertura do tradicional de
chocolate preto e o de chocolate branco?
Eu ri a abraçando apertando.
— Sabia que escolhi a mulher certa.
Ela me cutuca e sussurra no meu ouvido me fazendo não conseguir
parar de rir.
— Será que podemos levar o restante dos bolos escolhidos pra casa?
Dias depois ela teve a sua viagem com as amigas num final de
semana inteiro para ir achar o vestido perfeito. Quando ela me ligou
emocionada dizendo que tinha achado o vestido dos seus sonhos eu
confesso que chorei com a emoção dela, o que posso fazer, sou emotivo
quando se trata dela.
— Não dá pra fugir cara. — Sirius disse ao meu lado.
Eu ri.
— Nunca iria fazer isso.
— Até porque está no meio de uma ilha cercada por tubarões. —
Sam completou me fazendo balançar a cabeça para eles.
As damas começaram a entrar e os meus padrinhos a assobiar. Suas
madrinhas eram Tinna, Kris, Amber, Bella, Isis, Carina, Elena, Penny e
Sara e os meus padrinhos eram seus pares e maridos, apesar de eu ainda não
ir muito com a cara de Liam. Os filhos das amigas de Katherine estão com
avôs e uma avó, e Miguel, um amigo deles, que se tornou meu também, tem
o filho em seus braços junto com sua namorada enquanto ajuda a cuidar dos
outros bebês.
A banda começou a tocar os primeiros acordes e eu reconheci de
cara a melodia então a cantora abriu a boca cantando os primeiros versos de
Say You Love Me, da Jessie Ware. A nossa música.
Minha respiração parou ao vê-la. Katherine estava mais bela do que
já imaginei. Seu longo vestido acentuava seu corpo e suas curvas. Era num
corte sereia e nunca vi mulher mais bela do que ela. Seus cabelos estavam
soltos com cachos e uma coroa de flores em sua cabeça. Lágrimas caíram
dos meus olhos ao vê-la. Katherine brilhava. Ela sorriu para mim
emocionada e até acelerou os passos para chegar mais rápido. Seu pai
entregou a sua mão para mim e a apertou.
— Eu entrego minha filha em suas mãos Jordan, espero que você a
trate como uma rainha.
— Com toda certeza.
Segurei as mãos de Katherine e sem me conter lhe dei um beijo de
leve.
— Você está perfeita.
Katherine secou minhas lágrimas entre sorrisos.
— Você perdeu a aposta, chorou. — Indicou e eu ri.
— Ainda teremos outras apostas, muitas, por muitos e muitos anos.
O padre começou a falar, mas eu não podia deixar de olhá-la.
Katherine estava tão perfeita. Minha mulher poderia estar vestida como
uma princesa ou nua, ela sempre seria a mulher mais bonita que já vi. Mal
ouvi quando ele finalmente falou que eu podia beijar a noiva. Peguei
Katherine nos meus braços e a beijei com fervor.
Nós passamos enquanto nossos amigos jogavam arroz e pétalas de
flores na gente fazendo Katherine sorrir encantada. Quando estávamos
finalmente sozinhos eu a abracei sentindo seu corpo contra o meu.
— Estou doido para ficarmos sozinhos. — Confesso em seu ouvido
e sinto seus lábios no meu pescoço.
— Na verdade vai demorar um tempo até que estejamos sozinhos
novamente.
Levanto a cabeça e ela tem lágrimas nos olhos enquanto ela pega a
minha mão e coloca sobre a sua barriga plana.
— Descobri essa manhã que teremos um bebezinho conosco.
— Você está grávida?
Ela ri e algumas lágrimas caem dos seus olhos.
— Não, estou com gazes presos. É claro que estou grávida! E de
quase três meses segundo o teste de gravidez de farmácia!
— Três meses? — Pergunto surpreso.
— Como eu estou em forma não apareceu realmente. — Ela toca a
barriga. — Você me negou comer KitKat quando eu já estava grávida! —
Ela tenta me acertar um soco, mas eu desvio.
— Eu não sabia, mas depois tivemos a prova dos bolos e todos os
KitKats que você pode comer e ainda levamos para casa. — Eu paro e a
olho. — Nosso bebê já era olhudo desde pequeno.
Ela ri balançando a cabeça. Eu toco a sua barriga plana e acaricio.
— Nós vamos ter um bebezinho, Kit Kat? Eu já o amo.
Eu rio quando mais lágrimas começam a cair dos seus olhos. Seco
uma a uma das suas lágrimas emocionadas.
— Quem é a chorona agora?
Ela finge morder meu dedo.
— Você vai chorar com a surra que eu vou te dar se tiver que sentir
a dor do parto.
Eu suspiro teatralmente.
— Acho que mereço isso.
Katherine ri enquanto coloca os braços envolta do meu pescoço.
— Eu te amo para sempre, Campeão. Você foi a minha melhor
quebra de promessa.
— Eu te amo mais, Kit Kat. Você foi a maior luta e o maior prêmio
que eu já recebi.
— Está me chamando de cinturão? — Ela bufa uma risada.
Eu beijo os seus lábios.
— Você que recebeu um prêmio, meu coração.
Ela sorri emocionada.
— Eu te amo, Jordan.
— Eu também te amo, Kit Kat.

Fim
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