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2ª edição 2023
SUMÁRIO
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
EPÍLOGO
SINOPSE
Jordan ‘Destroyer’ McKenna, o vencedor dos últimos
Undergrounds, é considerado um dos melhores lutadores da atualidade e
uma grande aposta, está no auge da sua carreira e falta pouco para
conseguir realizar um dos seus maiores sonhos: Ser aceito de volta no UFC.
Katherine Blake, uma ex lutadora, está aos poucos vencendo os
demônios do passado e vivendo o presente, mas tudo muda quando é
chamada de volta para casa depois que seu pai tem um enfarto e assim
acaba como treinadora de Jordan McKenna. Kath jurou nunca mais pisar
num ringue, mas é incapaz de dizer não a seu pai. Juntando as suas coisas
ela se vê obrigada a treinar um lutador que é considerado divertido antes de
entrar no ringue e letal lá dentro.
Jordan nunca pensou que teria que aceitar ordens de uma mulher,
mas se vê numa sinuca de bico e sem opções, quando conhece a sua nova
treinadora Katherine, a mulher dos seus sonhos, ele a deseja intensamente.
Já Katherine fez uma promessa a si mesma de nunca mais namorar
lutadores.
No meio de muitas emoções, sentimentos e revelações eles se veem
obrigados a conquistar o amor e a lutar por ele.
As minhas leitoras que estão sempre comigo, na saúde e na doença,
na alegria e na tristeza. Sou praticamente casada com vocês!
AGRADECIMENTOS
O Lutador surgiu do nada na minha cabeça, em 2017, num momento
crítico, que eu precisava de algo leve para me distrair. Tive que deixar
outros projetos de lado para dar uma atenção total a ele, mas eu nunca me
arrependeria de trazer ao mundo a Katherine e o Jordan. Ambos tocaram
meu coração e me fizeram ter sorrisos e crises de riso enquanto eu escrevia.
Me afastaram do desespero e da depressão, infelizmente não dei a atenção
que eles mereciam quando lançado, não divulgando muito e deixando ao
acaso, por isso muitas leitoras sequer conheciam esse livro.
Isso já vinha me incomodando então tive que dar uma cara nova
para eles e trazer mais uma vez essa história para que mais pessoas
conheçam e se apaixonem.
Quero agradecer também as minhas betas de 2017 que apontaram
erros, se derreteram e torceram pelo casal assim como eu. Jheny, Babi e a
querida Marcia que me ajudou a trazer mais uma vez essa história ao
mundo, obrigada!
E, principalmente, agradecer a Deus, Ele sabe de tudo. Eu precisava
escrever um livro mais leve e não sabia até que comecei a escrever, foi uma
experiência nova e maravilhosa.
PRÓLOGO
JORDAN
— Acelera isso, garoto. Eu poderia dizer que você bate como uma
garotinha, mas seria uma ofensa a elas. — Escuto o treinador Blake gritar
em cima do som dos meus punhos batendo no saco e sorrio.
Se tem uma pessoa que pega no meu pé é ele. Desde que apareci em
sua academia há cinco anos, um moleque de vinte e um anos, revoltado com
a vida e só querendo bater em algo, ele me colocou debaixo de sua asa.
Como eu, ele também estava frágil depois que uma das suas filhas foi
brutalmente atacada e a outra se mudou para Nova Iorque para estudar. E
assim o Treinador se tornou um pai para mim.
Kristen, sua filha, é um doce de menina, ela superou o seu ataque
depois de ter ficado em coma por dois anos. Dois anos sofridos. Eu lembro
que a visitava pelo menos uma vez por semana quando ela acordou, pouco
depois que eu cheguei. Atualmente é uma recém-formada professora
infantil. Antes do acidente ela estava no seu terceiro ano da faculdade,
então não demorou muito para ela se formar depois que voltou. Sua irmã
Katherine, eu só a vi poucas vezes e quase não nos falamos, era como se ela
tivesse um muro gigante que nos separava. A separava de todos. Eu não
tenho ideia do que aconteceu, durante todos esses anos ninguém nunca
tocou no assunto.
Tomando uma respiração rápida eu dou uma série de socos.
Esquerda. Direita. Esquerda. E em seguida um chute, fazendo o saco se
movimentar alguns centímetros. Olho divertido para o treinador, mas ele
não parece muito interessado.
— Se quer vencer o Martelo essa temporada você ainda tem muito o
que melhorar. — Ele diz com desdém e passa a mão pelo peito. —
Movimente mais o corpo, você pode melhorar Destroyer. Lutar no
Underground é totalmente diferente de qualquer coisa e você sabe bem
disso. Precisa estar cem por cento. Lá é mais bruto que qualquer outro
lugar.
Foi só falar do Martelo que a raiva veio na borda. Não era para eu
estar treinando para o Underground e sim para o UFC, mas fui suspenso por
culpa dele. Eu acabaria com ele no octógono. Sempre fui considerado um
cara de boa com a vida até entrar no octógono e eu gostava disso. Até ele
foder com a minha vida, ou melhor, com a minha noiva.
Brianna era a luz da minha vida, depois de meses só treinando eu
estava preparado para o meu primeiro Underground, eu tinha meus
objetivos e muita raiva, por que não juntar o útil ao agradável? Cheguei à
final no meu primeiro Underground, o primeiro novato a chegar tão longe.
Isso me manteve na mídia e com isso vieram às fãs, Brianna era uma delas,
mas diferente das demais, ela queria que eu fosse dela e lutou com todas as
forças para conseguir. Ela estava em todas as minhas lutas na primeira
fileira assistindo e torcendo por mim, estava em todas as festas e bares, aos
poucos ela conquistou o seu espaço e entrou no meu coração. Passamos os
últimos três anos juntos, eu a tinha pedido em casamento porra!
Só fui descobrir sua traição quando eu estava lutando pelo cinturão
no meu primeiro UFC, eu tinha acabado de entrar quando a vi beijando
Adam, mais conhecido como Martelo, na primeira fileira para a luta. Fiquei
tão fora de mim que acabei com o meu adversário fazendo ele ficar em
coma. Eu nunca esqueceria a reação da sua esposa grávida ao ver seu
marido ser levado inconsciente para o hospital. Nunca me perdoaria por
isso.
Como se não fosse o bastante eles vieram na minha festa da vitória.
Eu devia saber que era uma armação, mas estava tão cego e com tanta raiva
que me deixei levar. Conclusão: Fomos suspensos por uma temporada e
assim eu voltei para o Underground. Precisava da minha vingança. Não
consegui patrocinadores para o UFC depois que o período de pena acabou e
não queria entrar por mim mesmo. Ninguém confiava o suficiente para
apostar em mim.
— Ele está indo bem, velho. — Samuel, meu melhor amigo e agente
diz sorrindo antes de voltar para o seu telefone.
O Treinador bufa.
— Sim, como um maricas.
Quando soltei o saco depois de meia hora, ele estava vazando areia e
totalmente detonado. Sorri com isso e me virei para dar uma resposta ao
velho, mas todo ar saiu de mim quando o vi caindo no chão em um som que
nunca sairia da minha cabeça.
1
KATH
Os caras olham pra mim querendo rir, e eu mesmo rio depois que ela
foi embora. Que porra aconteceu comigo. Eu parecia um garoto que acabou
de descobrir que o mundo não era só vídeo game, depois de ver peitos pela
primeira vez. Mas é impossível não ficar possessivo ao lado de Katherine,
ela traz o meu lado mais selvagem à borda e nem sabe. Quando eu a vi
abraçando Kellan perdi completamente a minha mente.
Eu já conhecia Kellan, ele havia treinado comigo algumas vezes e
era amigo do treinador. Só não tinha ideia que ele estava se casando.
— Vocês falam algo e eu acabo com vocês. — Resmungo para os
caras que riem mais ainda.
— Cara, a mulher dele está grávida.
Passo a mão pelo rosto sem acreditar no vexame que eu causei. Não
quero nem imaginar quando Katherine descobrir que eu não precisava de
ajuda com os golpes de pé, não pude resistir a não deixar que suas mãos
macias e femininas me tocassem. Eu senti alguns leves calos fazendo a
minha pele se arrepiar.
— Vamos sair daqui.
Chamo Kristen para almoçar comigo mais tarde.
— E aí, como foi o treino? — Pergunta enquanto come uma batata
frita, e depois jogando na minha cara enquanto como minha salada e massa.
— Tua irmã é boa. — Dou de ombros. Não me leve a mal, mas não
quero falar de Katherine para Kristen.
— Sim, é. — Ela diz olhando para baixo.
Eu tento controlar a minha curiosidade, mas não consigo.
— Por que vocês duas estão tão afastadas? Já faz tempo que não se
veem, era para uma estar agarrada a outra.
Kristen suspira.
— É complicado... Só... — Ela parece estar procurando a palavra
certa. E não olha nos meus olhos quando diz a frase que fica na minha
cabeça pelo resto do meu dia. — Foi Kath a culpada por eu ficar em coma.
Fico olhando a ringue Girl desfilar pelo octógono com uma placa de
segundo round e evito bufar. Ela está claramente interessada em Jordan e
isso me irrita de tal maneira que eu preciso me controlar para não subir no
octógono e bater com a placa nela. Fico pensando em como era para ele no
UFC, o assédio das fãs que era ainda maior lá, na internet não tem nada
sobre o porquê ele saiu do UFC no auge da carreira e voltou para o
Underground.
O sino toca e eu fico olhando cada movimento do seu concorrente,
ele não é habilidoso e isso é um eufemismo, ele é desleixado. De que
adianta ter a força se não sabe usá-la corretamente. Já está ofegante depois
de cinco minutos do primeiro round enquanto Jordan está respirando
normalmente.
— Essa luta já está no papo. Festa! — Tinna grita animada e eu rio.
De repente eu fico séria. O concorrente lhe dá um golpe no queixo e
em seguida uma série de golpes na barriga ao mesmo tempo em que o sinal
toca. Não tem como Jordan não ter visto esse golpe chegar, qualquer pessoa
que não entende de luta saberia se defender e até mesmo contra-atacar.
— Acho que ele não gostou de saber que você vai sair quando ele
ganhar Kath. — Sirius sussurra para mim e minha garganta se forma numa
bola.
Ele está seriamente apanhando para eu não sair? Saio do meu lugar
e vou até ele com uma toalha e uma garrafa de água em mãos. Vejo que do
outro lado o treinador do concorrente o elogia como se tivessem acabado de
ganhar um milhão de dólares.
— O que porra você está fazendo? — Mantenho a minha voz baixa,
mas cheia de raiva.
Jordan vira para mim depois de secar o rosto com a toalha, tirar o
protetor de boca e beber um gole da água.
— Não sei do que você está falando. — Responde, mas seu olhar é
divertido.
Minha barriga da uma volta. Ele não devia ser tão sensual suado e
machucado, mas ainda assim era. Ele nem finge me ouvir falando sobre seu
oponente, parece fascinado pelos meus seios.
Ele não vai fazer o que eu peço como treinadora. É, medidas
extremas para situações extremas. Aproximo a minha boca da sua orelha,
meus cabelos tampam o que eu falo no seu ouvido.
— Se você ganhar essa luta eu vou ficar tão molhada...
Não consigo nem terminar de falar, o sino toca e eu entrego o seu
protetor de dentes então pego a toalha e a garrafa de água vazia.
— Ele tem ponto fraco com o rosto. — Dou três tapas pesados no
seu peito antes de descer voltando para o meu lugar.
De onde estou vejo Jordan ainda parado com o que eu disse. Isso até
que ele olha para mim intensamente. A marca da minha mão está no seu
peito direito e eu sorrio. Quando o sino toca de novo a luta recomeça e
Jordan não perde tempo dando uma sequência de socos e chutes que me
deixam orgulhosa. O seu combatente tenta levar a luta para o chão, mas ele
não consegue me fazendo vibrar.
— O que você disse pra ele? — Sirius me pergunta, mas eu não tiro
o olhar de Jordan.
— Só o que ele precisava ouvir. — Respondo.
Ele ri alto.
— Então você vai dormir com ele?
Minha ficha cai da minha ação não profissional, eu dei a entender
que dormiria com ele e apaguei a linha que nos separava. Quando a luta da
noite acaba eu estou com a cabeça longe. Sigo Tinna e os caras para a sala
de Jordan e quando entro dou graças a Deus por não o ver. Ele está tomando
um banho. Tinna me olha e parece perceber o que eu estou sentindo. Eu
havia prometido a mim mesma depois de tudo que aconteceu que eu não me
envolveria com nenhum lutador.
Jordan entra na sala e seus olhos caem para mim, que desvio como a
covarde que eu sou.
— Vamos para casa. — Ele diz sorrindo para os caras. — Essa luta
foi moleza.
Eu vejo o seu sorriso, mas consigo ver a decepção dos seus olhos. O
caminho de volta para o hotel é silencioso, todos parecem perceber o clima
estranho que está e ninguém diz nada. Entramos e eu o sigo para seu quarto,
além de precisarmos conversar eu ainda tenho que fazer a sua reabilitação.
Pego na mesa um óleo de arnica e sem dizer nada eu massageio suas costas
tirando os nós, então o peito e por fim os braços. Estou tão ofegante quanto
ele, nós nos desejamos, mas não é tão simples assim.
Não sei bem como começar, só sei que preciso colocar os pontos nos
is antes que seja tarde demais.
— Não precisa ficar toda tensa ao meu lado Kit Kat, só precisa olhar
nos meus olhos e dizer que não quer ficar comigo. — Ele assegura, dando
de ombros.
— Esse é o problema. Eu quero isso. — Ele abre um sorriso e me
pega pela cintura me puxando para ele. Seus lábios estão a poucos
milímetros dos meus e eu posso sentir o seu hálito de bala de hortelã. —
Mas eu não posso.
Ele acaricia minha cintura com a ponta dos dedos calejados e eu
tremo. Digo a mim mesma que estou assim porque não tenho um homem há
muito tempo, mas meu corpo e meu cérebro sabem que é mentira.
Desde que o vi pela primeira vez sabia que ele seria um problema
maiúsculo. Ele parecia ter um imã que me atraia diretamente para ele, por
isso evitava falar sobre ele com meu pai ou a buscar informações na
internet. Jordan McKenna era tudo que eu precisava ficar longe, mas ainda
assim mal conseguia manter os poucos centímetros que afastavam nossos
lábios.
— Jordan a comida está pronta... — Sam entra no quarto e eu me
afasto de Jordan como se queimasse.
Eu aceno mal escutando o que Sam fala e fujo dali, tínhamos
decidido jantar e depois sairmos. Tinna já está sentada conversando com
Sirius, eu começo a caminhar para me sentar no banco ao seu lado, mas
Sam chega primeiro que eu se sentando. Mordendo a raiva me sento ao seu
lado, na ponta da mesa — ao meu lado — Jordan se senta com um
sorrisinho no rosto.
— Vamos comer, estou faminto!
Eu cruzo as pernas com suas palavras, eu e ele sabemos bem que ele
não está se referindo a comida. Ele se serve com uma montanha de
macarrão e lambe os lábios, um pensamento nada profissional vem na
minha cabeça imaginando a sua boca pelo meu corpo.
— Não vai comer Kit Kat? — Jordan pergunta lambendo os lábios.
— Não estou com tanta fome assim. — Dei de ombros e Jordan
fingiu uma tosse para ocultar o seu riso.
Depois de terminarmos de comer Tinna e eu fomos para o quarto
trocar de roupa, poderia ir assim, mas queria uma barreira a mais entre mim
e Jordan. Coloquei calças jeans escuras e apertadas com um cropped e a
mesma bota.
— Você sabe que não vai sair inteira essa noite, né? — Tinna
perguntou escondendo um sorriso.
— Que ele faça o seu melhor.
Tomara que ele não faça o seu melhor. Não tenho certeza se estou
pronta para ele. Quando entramos na limusine que nos levaria para uma
boate eu imaginava que Jordan tentaria alguma coisa e aí eu estaria pronta
para ele, só que eu não contava que ele me ignorasse. Nem um elogio eu
recebi, não posso dizer que fiquei feliz com isso porque seria mentira.
Talvez ele estivesse percebido a merda que acabaríamos fazendo ou então
ele prefere as meninas que ele tem. Fáceis e sem desafio.
— Vamos Kath! — Tinna me puxa para dentro da boate, recebo
alguns olhares, mas ignoro, o único olhar que eu quero, está me ignorando.
— Esqueça tudo e vamos curtir essa noite, já faz séculos que não saímos.
Merecemos esse tempo nosso!
Eu aceno, pois ela está certa. Já faz meses desde a última vez que
saímos, estávamos muito ocupadas estudando para as provas finais ou
trabalhando no clube. Olho para a área vip que estamos, Sirius já está
agarrado com uma dançarina que está só com roupas intimas minúsculas,
desvio o olhar para Sam que está com Jordan no outro lado da sala
conversando virados para a gente. Não tenho dúvidas que estão falando
sobre nós.
— Sim, vamos nos divertir. — A pego pelo braço e desço as escadas
com ela para a pista de dança.
— É assim que se fala!
Mexo o meu corpo com a batida da música, mesmo sem vê-lo tenho
certeza de que ele está me olhando. Ele quer brincar? Estou dentro. Pego
Tinna pela cintura e dançamos agarradas e rindo, me viro de costas para ela
e rebolo em seguida ela faz o mesmo comigo. Ela chega perto da minha
orelha e sussurra segurando o riso:
— Sam e Jordan estão a ponto de vir pra cá.
— Que bom.
Nós viramos e um par de caras se aproxima, aceito a mão de um e
vou dançar perto dele, mas com uma distância segura. Quando a música
muda para outra, eu me viro para procurar Tinna, mas ela está aos beijos
com o desconhecido. Sorrindo continuo a dançar até que sinto mãos em
minha cintura, depois de tanto massageá-las eu as conheço com perfeição.
— Está tentando me fazer ciúmes? — Sussurra no meu ouvido e eu
não respondo. — Pois está conseguindo. — Ele morde o lóbulo da minha
orelha antes de me soltar.
Olho para trás e vejo duas mulheres em seus braços dançando com
ele e minha raiva sobe. Ele só queria brincar comigo. Sempre assim. Saio
dali caminhando em direção ao banheiro para lavar o rosto e refazer a
maquiagem.
Quando entro me surpreendo ao sentir o cheiro fresco do banheiro,
com certeza ele vale o preço que pagam para entrar. Há uma faxineira ali e
depois de cumprimentá-la eu me olho no espelho reparando meu reflexo.
Cabelos castanhos claros com algumas mechas mais claras, olhos
castanhos, cintura fina, barriga trincada de tanto malhar, peitos medianos,
bunda média e uma boa altura.
Depois do que aconteceu a minha cabeça ficou meio pirada e eu
pensava que ele só estava comigo para brincar, mas então percebi que eu
sou bonita e tenho o meu valor, não preciso de macho para dizer se eu sou
ou não bonita. Estando gorda ou magra, eu me sinto bonita. Mas isso não
quer dizer que não doa ver uma pessoa brincando com você. Por que as
pessoas querem que as outras sofram?
A porta se abre eu não preciso me virar para vê-lo. Seu cheiro
masculino e forte incendeiam o cômodo.
— Kit Kat...
Me viro para ele sem reação.
— Essa brincadeira tem que parar.
Ele me olha por um momento e suspira. Jordan se vira para ir
embora, mas para no meio do caminho e eu começo a tremer.
— Quer saber? Foda-se.
Ele me puxa para ele e aproxima os lábios do meu, uma raiva me
bate quando eu sinto o cheiro de perfume de mulher nele e eu lembro das
duas meninas que ele estava dançando na pista depois de ter colocado as
mãos na minha cintura e sussurrado no meu ouvido como se eu fosse
especial. Sem pensar mais eu levanto meu joelho e acerto seu saco.
Escuto o ofego da moça no banheiro.
— Porra. — Ele grunhe colocando as mãos entre as pernas. Seu
rosto está vermelho e eu sei que ele está com dor.
— Não esquenta, a sua luta é só daqui a alguns dias. — Dou os
meus três famosos tapinhas nele e sigo para a porta do banheiro com o
coração despedaçado.
Era um misto de sensações, ao mesmo tempo que eu o queria eu
também não queria. Jordan mexeu com a minha cabeça e se eu desse espaço
não duvidaria que ele mexeria com o meu coração, só para quebrá-lo depois
como a maioria dos lutadores.
Mal chego ao corredor quando uma mão agarra o meu braço e fico
surpresa de Jordan estar em pé. Ele acaricia meu rosto com as pontas dos
dedos e eu fico paralisada.
— Eu sei que você está com medo de que isso acabe mal, mas uma
vez que você for minha eu nunca a deixarei ir. Não prometo não lhe ferir,
mas prometo nunca fazer algo que intencionalmente te machuque.
Então seus lábios estão no meu e eu perco qualquer raciocínio.
Coloco as mãos nos ombros de Jordan, para me equilibrar, e retribuo o beijo
com a mesma paixão. Todo o sentimento e desejo que tínhamos acumulado
estava sendo passado através de um beijo. Um toque. Suas mãos calejadas
passaram por minhas costas enquanto sua língua brincava com a minha,
sentia o hálito de uísque que só me deixou com mais desejo. Minha mão foi
para o seu abdome, eu sempre quis tocá-lo assim, sem ser profissional e
aproveitaria esse momento ao máximo.
Eu queria fazer tanta coisa com Jordan, com ele eu esqueceria o
passado, as promessas, os sinais vermelhos... tudo. Só precisava dele ao
meu lado.
Nossos lábios e nossos olhares se encontram, então eu percebi que
estava perdida. Estava começando a me apaixonar por Jordan ‘Destroyer’
McKenna, um lutador. Lutador. Essa era a palavra-chave. Eu não poderia
me apaixonar por um sem ter o meu coração quebrado, ou no caso de
Jordan, destruído.
8
JORDAN
Os lábios de Katherine estão inchados quando saímos do corredor
de mãos dadas, ela me olha sem saber muito o que fazer, assim como eu ela
está perdida pelo beijo. A distância vejo Sam e Tinna discutindo e me
aproximo, quando estamos a alguns passos Katherine solta a minha mão e
não olha para mim. Sei que ela não tem vergonha de mim, mas quer parecer
profissional. Ninguém a trataria diferente por ela estar comigo, se tratassem,
eu iria deixar todo mundo com o nariz torto.
— Você não pode querer mandar em quem eu beijo ou deixo de
beijar, o meu trabalho é fazer comida e não ser um monge! — Escuto Tinna
gritar com ele. Olho em volta e as pessoas estão mais ligadas em dançar do
que ficar ouvindo um casal discutir.
— A partir do momento que você trabalha não pode ficar fodendo
com qualquer um! — Katherine fica tensa ao meu lado e eu quero bater em
Sam.
— Você quer é me foder! Sirius está lá transando no meio da área
vip e você não diz nada, agora eu que estou só beijando uns caras quer dar
piti. Pelo amor, né?
Sam parece encabulado e sem resposta e eu decido entrar para salvar
um pouco da dignidade que ainda lhe resta.
— Ei cara, vai com calma. — Coloco a mão no seu ombro e o
arrasto para o outro lado da área vip, preciso conversar com ele. Não gosto
que destratem as mulheres.
Paro no caminho e olho para trás vendo Katherine fazendo o mesmo
com a amiga, nossos olhos se encontram e ela morde os lábios vermelhos e
inchados antes de voltar a sua atenção para Tinna.
— O que está acontecendo? — Pergunto e Sam me olha.
Conheci Samuel quando ainda éramos moleques, ele namorava a
minha irmã. No começo eu não ia muito com a cara dele, afinal, que
homem gosta de saber do homem que tiraria a inocência da sua irmã? Aos
poucos ele me conquistou também com a sua amizade.
Depois que Sandy morreu ele ficou ao meu lado na minha fase
destrutiva e me usou para esquecer a dor de perder o amor de sua vida. Ele
me levou até o treinador Blake e disse a ele que estava entregando um
campeão. Seu pai fazia parte da máfia então facilitou para ele conseguir
fazer eu entrar no Underground mesmo sendo uma bomba relógio prestes a
explodir.
Nossa meta era clara, eu ganharia o Underground e assim ganharia
também dinheiro, chamaria a atenção para patrocinadores para eu concorrer
no UFC e faria minha carreira lá. Tudo era um plano sólido. Tínhamos o
Treinador, Sonia, sua mulher, que fazia nossas refeições e acreditava que eu
iria longe, Sam para a parte burocrática e a imagem e Sirius, seu primo, que
gostava de levar uns tapas, mas não gostava de lutar profissionalmente para
me ajudar. E eu estraguei tudo por uma mulher. Ninguém nunca me julgou,
mas eu sabia que a culpa era minha e isso era o suficiente.
— Cara, ela é tão pequenina e doce, me lembra tanto...
— Sandy. — Completo quando ele não consegue dizer mais nada.
— Ela não é igual a Sandy, minha irmã era calma e serena. Tinna é uma
explosão num pacote pequeno. — Isso arranca uma risada dele. — Eu sei
que você sente falta dela, porra, eu também sinto, mas você precisa seguir
em frente. Já faz cinco anos.
Ele passa a mão pelos cabelos.
— Eu só estou meio doido e as ideias estão meio confusas, aí junta
com você babando por Kath, eu tentando controlar os boatos que ela é uma
prostituta ou amante. E também tem as propostas que estou recebendo, não
acho que você vai gostar muito...
Ele deixa a questão solta e pede ao barman mais bebida. Vou
conversar com ele amanhã sobre essas novas propostas.
— Então, onde você estava? — Pergunta me tirando dos
pensamentos. Não respondo, o que aconteceu é entre Katherine e eu.
— Na pista. — Respondo tomando um gole do uísque que o barman
me serve.
— Não te vi lá. — Responde desconfiado.
— Talvez você estive mais interessado em quantas bocas Tinna
beija. — Rebato e ele fecha a boca.
Sirius chega entre a gente sorrindo feito louco.
— Estou apaixonado!
— Outra vez? — Sam e eu dizemos em uníssono. Sirius se apaixona
por mulheres com a mesma distância que toma banho.
Ele levanta uma sobrancelha para a gente, completamente bêbado.
— Querem falar de mim? Um quer ficar com a pequenina e o outro
com a treinadora. Não fode. — Ele bufa e se afasta da gente reclamando.
Sam e eu trocamos um olhar antes de explodir em gargalhadas.
Tomamos umas bebidas e conversamos sobre tudo e nada, eu ainda estou
meio alto com os hormônios liberados da luta.
— E aí, tá comendo ou não a treinadora? — Pergunta rindo e eu
escuto um limpar de garganta.
Que não seja ela, que não seja ela, que não seja ela...
— Meninos só vim avisar que estou voltando pro hotel. Tinna saiu
com um cara e encontra a gente amanhã. Boa noite.
Eu vejo em seu rosto que ela ouviu a conversa e não ficou nenhum
pouco feliz, na verdade eu acho que se não estivéssemos virados ela já teria
dado um soco em nossas costas.
Eu não esperava que ela me desse uma joelhada no saco quando eu
tentei beijá-la no banheiro. Sabia que ela me queria, mas tinha medo disso
mudar tudo. Isso ia mudar tudo, mas nem toda mudança é ruim. Ela deveria
saber disso depois de tantas que ela fez em sua vida.
— Eu também vou, estou meio cansado da luta.
Sam abre a boca para dizer algo, mas o olhar que eu mando o deixa
calado.
— Vamos? — Coloco a mão nas costas de Kath e a guio para a saída
da boate. Amanhã cedo estamos embarcando para Vegas.
Entramos na limusine, não antes de eu ver um paparazzo nos
fotografando. Olho para Kath, mas ela parece distraída, perdida no seu
próprio mundo. Sento-me ao seu lado e subo a divisória entre nós e o
motorista.
— Quer uma água? Precisamos nos hidratar para amanhã, voar de
ressaca é uma merda.
Ela acena me olhando ainda não sabendo o que fazer. Decido testá-
la de leve. Vou para cima dela e ela prende a respiração me olhando com
desejo, atrás dela tem um frigobar escondido. Pesco duas garrafas de água e
lhe entrego. Ela parece mortificada por não ter percebido a minha atenção.
Ela pega a água que lhe ofereço com as mãos trêmulas e sorri sem
jeito. Katherine não é tímida assim, ela é forte e pode encarar um lutador
com o dobro do seu peso sem recuar, como ela fez várias vezes comigo,
agora com assuntos do coração ela é muito frágil. Uma metamorfose
ambulante.
— Kit Kat quando chegarmos ao hotel temos que conversar.
Ela em vez de me responder coloca os seus lábios vermelhos em
volta da garrafa e bebe como se estivesse com sede há séculos. Quando a
garrafa está vazia ela a coloca no lixo dentro da porta.
— Vamos conversar? — Ela acena olhando lá para fora. — Porque
você está assim, Kit Kat?
Ela finalmente se vira para mim, me olhando com seus lindos olhos
de gato.
— Você é muito intenso Jordan, por isso. Eu preciso estar sóbria
para quando falar com você.
Eu aceno, também não fico no meu normal quando estou ao seu
lado.
— Quer conversar quando chegarmos ou deixar para amanhã?
Ela parece pensar um pouco e por fim suspira rendida.
— Prefiro que seja hoje.
Sem dizer mais nada esperamos, ansiosamente, chegar até o hotel.
Percebo que ela tem as pernas juntas apertadas. Ela está tão ansiosa quanto
eu. Passamos direto pela recepção e entramos no elevador, algumas pessoas
entram conosco fazendo Katherine ter que dar um passo para trás, para
mim. Sua bunda toca minha ereção e eu coloco a mão na sua cintura a
mantendo parada ali. Katherine tem as mãos fechadas em punhos e quando
entra mais uma pessoa no próximo andar ela se esfrega em mim. Abaixo
minha cabeça em sua orelha e sopro de leve antes de começar a brincar com
o lóbulo de sua orelha.
É uma tortura deliciosa o tempo em que ficamos dentro do elevador
até chegar no nosso andar. A cobertura. O salário no Underground, que é
por lutas, rende um belo dinheiro para os campeões. Eu invisto parte desse
dinheiro, porque nunca sei o dia de amanhã. Hoje eu posso ser o campeão,
mas quem garante que eu continuarei assim. O destino está rodando e eu
posso acabar saindo do Underground. Eu poderia me bancar no UFC até os
patrocinadores começarem a aparecer, mas não tenho coragem para isso,
para esse novo passo. Deixar a minha zona de segurança e novamente
arriscar tudo, não quero ver o olhar de derrota naqueles que eu amo,
novamente.
Passo o cartão magnético e abro a porta dando espaço para Katherine
entrar, em seguida eu faço o mesmo. Mal fecho a porta e ela me empurra
contra a parede puxando meus cabelos para colar nossos rostos.
— Maldito, você me deixou tão molhada que dói.
Então seus lábios estão nos meus. Uma sensação única me invade.
Essa mulher precisa ser minha. Pego na sua bunda com minhas mãos e
aperto suas nádegas enquanto ela geme contra meus lábios me deixando
doido. Aos poucos ela se afasta.
— Precisamos conversar antes. — Ela limpa a garganta.
— Sim, precisamos.
Ela anda com um leve gingado nos quadris me levando a loucura e
se senta no sofá da sala. Me sento ao seu lado e coloco uma almofada no
meu colo para esconder a minha ereção. Ela me deixa louco.
— Posso começar? — Ela pergunta mordendo o lábio, nervosa.
Aceno e ela suspira. — Não era para isso acontecer entre a gente Jordan,
por uma série de motivos. Eu sou sua treinadora, isso seria somente sexo e
eu não quero isso... não com você.
— Nem eu, você é mais que isso Katherine.
Ela olha para as unhas, mas tem um sorriso triste nos lábios como se
esperasse que eu dissesse que ela só seria uma transa.
— E o mais importante, eu não namoro lutadores. — Ela solta e eu
paro. O quê?
— Por quê?
Ela me olha com um sorriso triste.
— Não dá certo. Nunca dá.
Eu respiro fundo tentando manter a calma. Ela deve ter sido
magoada por um lutador e agora deve achar que todos são iguais. Que
maravilha!
— Kit Kat eu por acaso pareço um lutador normal? — Pergunto
com sinceridade e ela solta uma risada.
— Bem, não. Nunca vi um lutador que trouxesse flores para o seu
adversário ou mandasse ele te ligar quando a luta acabar. — Ela ri
novamente.
Eu passo a mão pelos cabelos e sorrio vendo o seu riso. Quando
comecei a lutar, desde novo, Sandy falava que não gostava da seriedade dos
lutadores, eles a assustavam. Quando eu tive uma luta no Muay Thai, com
Sirius, quando tinha dezessete anos, decidi fazer algo para ser diferente e
tirar essa impressão que Sandy tinha de que todos os lutadores eram
homens brutos e frios. Eu havia dado um tapinha na bunda de Sirius de
brincadeira, ele sabia que eu ia fazer algo para não deixar Sandy tensa e só
sorriu para mim. De lá para cá, mesmo depois da morte dela eu continuei
com isso, sentia que podia ouvir sua risada em cada palhaçada que eu fazia
antes do sino tocar.
— Querida, você precisa entender que nem todo lutador é igual.
Quem te machucou não foi eu, eu nunca faria isso.
Ela me olha com os olhos lacrimejados, mas pisca fazendo as
lágrimas voltarem.
— Eu sou sua treinadora Jordan, o que eles iam pensar? Você tem
fãs malucas que querem me matar, não sei se posso aguentar tudo isso.
Eu pego seu rosto em minhas mãos e acaricio.
— Sim, você pode. Você é forte, lembra?
Ela se inclina e me dá um selinho.
— E se não der certo?
— Gata, não tem como dar errado.
Eu a beijo e ela geme em meus braços, sei que essa noite não
poderemos fazer mais nada, mas não deixo de passar minha mão por todo o
seu corpo sobre a roupa. Katherine faz o mesmo comigo acariciando o meu
estomago e faço uma nota mental para andar sem camisa mais vezes. Minha
mão passa pela lateral do seu seio e eu não tenho certeza se posso colocar as
mãos neles ou passarei dos limites dessa noite. Continuamos a trocar mais
carícias inocentes, eu me sentia como um adolescente, mas nunca fui tão
feliz.
Escutamos o barulho da porta sendo aberta e Katherine se afasta de
mim rapidamente e tenta disfarçar. Sirius entra carregando Sam e seria
cômico se não fosse trágico, ambos estão chapados e mal aguentando em
pé.
— Vai ajudar eles. — Ela me diz baixo e limpa a garganta. — Eu
também preciso dormir para amanhã.
Eu aceno, sei que precisamos dormir, mas tenho que ajudar meus
amigos antes de ir pra cama, porém não queria deixá-la. Ela começa a
levantar então me olha.
— Não conte a ninguém sobre nós, não ainda.
— Tudo bem.
Eu não preciso contar para ninguém, eu só a quero comigo.
Qualquer outra coisa é bônus.
— Boa noite. — Beijo a sua bochecha e sinto ela se arrepiar.
— Boa noite, Campeão.
9
JORDAN
Ela olha dentro dos meus olhos enquanto a música toca e nos
abraçamos. Percebo que a letra a deixou sóbria e ela tem os olhos um pouco
arregalados. Abaixo minha cabeça e tomo seus lábios nos meus. Katherine
se derrete em meus braços e acaricia meus cabelos enquanto eu as suas
costas. Quando estamos sem ar ela se afasta e olha para mim.
— Eu não sei se quero me apaixonar. — Sussurra.
— Já é tarde Kit Kat, eu já estou apaixonado por você.
No fundo eu sempre soube que Katherine seria a minha única. Nós
voltamos a nos beijar e eu não sei direito quem começou a puxar, mas
acabamos na cama. Minhas mãos passam por seus seios e ela estremece,
mas as suas palavras ficam na minha cabeça, ela não sabe se quer se
apaixonar. Nós não escolhemos o momento que a paixão vem, ela
simplesmente chega e coloca uma bandeira no seu coração avisando que ele
já foi tomado.
— Jordan. — Ela geme tentando pegar minha mão e colocar
novamente em seus seios, mas eu a deixo na sua cintura.
— Vamos somente nos beijar essa noite. — Ela parece querer
argumentar, mas ao ver o meu olhar determinado ela acena.
— Talvez seja melhor. — Sussurra para ela mesma.
Só dormirei com Katherine quanto ela assumir os seus sentimentos
por mim. Mesmo sua boca dizendo algo, os seus olhos a entregam.
10
KATH
As arquibancadas estão lotadas de gente, sem dúvida seria a maior
luta até aqui e provavelmente só perderia para a final. Depois de nos
beijarmos até cairmos no sono, nos acordamos com o despertador avisando
que teríamos que treinar. Eu estava com tanta vergonha por ontem, eu me
joguei para ele e Jordan não me quis daquele jeito, talvez eu fosse só uma
diversão que quando se entregou perdeu a graça, então me lembrei que
dançamos juntos. Eu estava apaixonada por Jordan, mas ele nunca saberia.
Assim que a temporada acabasse eu iria embora sem olhar para trás, mesmo
que meu coração ficasse com ele.
Apesar de sempre amar lutar, quando se tratava de sentimentos fugir
sempre foi a melhor opção para mim.
— Ele está com a força toda! — Sirius gritou animado ao meu lado
e eu sorri. Tínhamos acabado de sair da sala que ele estava esperando para
ser chamado.
Eu sorri, durante o treino diurno dele ele foi perfeito, a cada sorriso
que ele me dava entre um exercício e outro fazia meu coração saltar, pelo
olhar dele ele queria o mesmo que eu. Eu daria de tudo para nos beijarmos
durante o treino, mas ele precisava estar concentrado, o Underground já
estava no meio. A luta dessa noite era decisiva para quem iria para as
próximas lutas.
— Desculpem o atraso, o voo atrasou. — Sinto o meu sangue gelar
quando olho para o lado e vejo Kristen se aproximando da gente.
— Droga. — Escutei Tinna ao meu lado murmurar, eu havia
contado a ela sobre a minha noite com Jordan.
Ela abraça Sam que larga o seu celular e me olha como se pedisse
desculpas por ela vir sem avisar. Ela abraça Sirius que tenta me dar um
sorriso, mas sai como uma careta. Todos eles sabem da minha noite com
Jordan.
Quando saímos juntos do quarto naquela manhã eu não imaginava
que Sirius, Tinna e Sam estariam na sala desesperados. Eles pensaram que
eu não tivesse chegado no hotel já que não estava na minha cama e meu
celular dando desligado. Jordan me abraçou e disse com uma voz firme para
eles:
— Nós dormimos juntos, conversamos até tarde.
Ninguém contestou, mas eu sabia que eles pensavam que a gente
transou e por incrível que pareça eu não liguei. Nunca fui de me importar
com o que os outros pensavam de mim, mas eles eram meus amigos e
companheiros de viagem, não era como se eu fosse vê-los uma vez e nunca
mais.
— Oi Kath, oi Tinna. — Ela nos cumprimenta de longe e mal
olhando para mim.
Eu posso não me importar com a opinião de desconhecidos, mas ver
o olhar da minha irmã me dói. Ela tem algo com Jordan e eu estava com ele
na noite passada, não ela. Eu dancei a luz da lua com ele. Eu o beijei até
dormimos. Eu olho para o outro lado para evitar ela ver as lagrimas nos
meus olhos. Ela já perdeu tantas coisas, não merece perder algo para mim
novamente.
— Senhoras e senhores a luta que todos estavam esperando!
Destroyer e Triturador!
Algo está diferente. O estádio fica escuro e uma luz vai para um
lado e outra para o outro. Então os pés começam a bater por todo o estádio
no ritmo de We Will Rock You, do Queen. Jordan sai de lá trotando e
socando o ar e eu vejo que John faz o mesmo, os dois tem um olhar
divertido enquanto se aproximam um do outro ainda socando o ar. Algumas
mulheres gritam como se o mundo estivesse acabando e eu quero ser uma
delas.
Eles param na frente um do outro e todo o som para, então eles se
abraçam e dão um selinho. Um grito me escapa e eu bato palmas. Foi com
certeza um show. Eles riem enquanto as fãs histéricas gritam e sobem no
octógono.
— Foi ou não foi um show pessoal! Que haja mais amigos de Jordan
nessa temporada. Precisamos de mais shows aqui. — O locutor brinca
quando as luzes se acendem.
Todo mundo grita e bate palma.
— Jordan come o meu cu! — Uma fã maluca grita atrás de mim.
O olhar de Jordan vai direto para mim, ele sorri e pisca para mim
antes de se virar para olhar os amigos. Sirius e Sam ainda estão batendo
palmas, esse realmente foi um show para entrar na história. Ele ri dos seus
amigos, mas quando seus olhos caem em Kristen que está de braços
cruzados e claramente não a vontade ele fica sério e desvia o olhar para
mim mais uma vez antes de olhar para John, eles trocam um olhar de
entendimento antes que a luta comece.
Eu tento acompanhar a luta, mas sinto o olhar de Kristen em mim.
Olho para irmã que eu tanto amo, mas me odeia.
— Eu sei o que você está fazendo e quero que pare. Jordan é meu.
— Ela diz baixo, mas eu consigo ler os seus lábios.
Dou um passo para trás como se tivesse tomado um soco.
— Kristen...
— Ele é a única coisa que eu tenho desde que eu acordei, não vou
deixar você tirá-lo de mim! — Ela grita, mas a sua voz não é quase ouvida
devido as outras vozes gritando ao mesmo tempo.
Sinto mãos no meu ombro e vejo que são de Sirius, Sam segura
Tinna contra ele que parece querer atacar Kristen. Ela olha para eles e sai
como se nada tivesse acontecido, mas eu posso ver o seu olhar triste por
eles terem ficado comigo.
O primeiro round acaba e eu tento me manter profissional quando
me aproximo de Jordan. Entrego uma água e seco o seu rosto com uma
toalha e passo vaselina num corte na sobrancelha enquanto ele esvazia a
garrafa.
— Kit Kat? — Jordan pergunta.
— Depois Jordan. — Respondo somente e minha voz falha.
— O que Kristen lhe disse?
Eu o olho e ele pode ver meus olhos marejados.
— Só o que eu precisava ouvir. — Eu limpo a garganta. — Não
consegui prestar atenção nos movimentos de John, mas continue como está
que vai bem.
Pego o protetor de sua mão e coloco novamente em sua boca antes
de recolher as coisas no momento em que o sino toca e o segundo round
começa.
— Kath, não é culpa dele... — Sam começa quando volto para o
meu lugar.
— Não quero ouvir Sam, pode dizer ao programa que aceitamos ter
o reality de quatro episódios. — Respondo fria. Agora mais do que nunca
eu preciso ser fria. Quando estiver sozinha eu posso quebrar e depois me
montar novamente.
— Porra. — Sirius exclama e eu olho para o octógono vendo Jordan
levando a maior surra de John que também olha para ele surpreso quando é
afastado pelos juízes.
Jordan é rápido em desviar, mas ele não consegue se manter focado
na luta, vejo que ele me procura com o olhar e minha primeira ideia é sair,
mas a descarto. Um treinador nunca pode abandonar ou não observar o seu
atleta.
— Vamos Jordan! — Eu grito, mas nada funciona.
O sino do segundo round toca e eu me aproximo dele sem nada em
mãos. Ele não está merecendo nada.
— Qual é o seu problema. A sua guarda está baixa.
Ele me olha com os seus lindos olhos cor de âmbar.
— O que está acontecendo Katherine? Eu estou por um fio de
abandonar a luta se você não falar comigo. — Pelo seu olhar eu sei que é
verdade.
Suspiro e passo a mão pelo meu cabelo.
— Nada demais, só é estranho ter Kristen perto de mim. — Minto.
Ele me olha com raiva, sabe que eu estou mentindo. — Quando essa luta
acabar nós conversamos, só não se deixe apanhar à toa. Por favor.
Ele acena e o sino toca. Mesmo com Jordan lutando melhor no
último round ainda não foi o suficiente.
— O vencedor da noite foi John, O triturador! — O locutor grita
levantando a mão dele.
Jordan e John se abraçam e conversam baixo.
— Ele caiu um ponto ou dois, mas pode recuperar em Boston. —
Sam diz esperançoso. Então me olha. — Tenha paciência com ele, Jordan
não tem culpa por Kristen gritar com você e te tratar assim. Escute ele.
Eu aceno por falta de coisa melhor a fazer. Tinna volta comigo para
o hotel na frente, sei que tenho que encarar Jordan essa noite para consertá-
lo, mas preciso ajeitar o meu coração primeiro.
— Não precisa falar nada, se precisar falar eu estou aqui. — Tinna
diz segurando a minha mão por todo o caminho.
— Só... ela é minha irmã e eu não posso fazer isso com ela. —
Choro e Tinna me segura até chegarmos ao hotel.
Ela me estende óculos escuro, os paparazzi estão atrás de Jordan e
de mim depois daquela entrevista, eles querem provar que temos algo. Não
quero que Jordan saiba que eu estive chorando. Entramos no quarto e eu
tomo um banho colocando uma roupa leve, depois que eu o massagear só
quero dormir e esquecer que me apaixonei por Jordan.
Ele tinha todos os quesitos para eu querer me afastar. Era um
lutador. Treinado pelo meu pai. E paixão de Kristen, minha irmã. Tinha uma
bandeira vermelha por todo ele, só que seu charme o encobriu.
Meu celular toca e eu vejo que é meu pai. Eu tremo mas decido
atender, ele me ligou umas três vezes até agora, fora as vezes que eu o vejo
falando com Jordan e os meninos.
— Filha, ele levou uma surra hoje. Foi por Kristen, não foi? —
Papai diz quando eu atendo. — Falei para ela não ir.
— Ele só se distraiu, papai. — Respondo tentando soar profissional.
Ele suspira.
— Eu vi a matéria de vocês e acho que ela também viu e ficou com
ciúmes. Kristen estava perdida quando acordou se não fosse Jordan ela
ainda estaria.
Uma lágrima me escapa, mas não faço nenhum som.
— Sou muito grato por ele ter acolhido ela e ter cuidado, mas esse
não era o trabalho dele.
— Está tudo bem, eles se gostam. — Respondo.
Papai para um momento e depois suspira.
— Ele sofreu tanto pela morte da irmã. Jordan e Kristen se
completaram.
Mais lágrimas caem dos meus olhos, até papai sabe que Kristen e
Jordan estão juntos e provavelmente queria deixar claro para eu não
estragar a vida de Kristen. Novamente.
— O que eu quero dizer com isso é... — Continua.
A porta se abre e Jordan entra ainda suado e com os shorts pretos de
luta. Sua respiração está ofegante.
— Papai eu preciso desligar. — Desligo assim que termino de falar
e tento secar as minhas patéticas lagrimas. — Eu já vou ao seu quarto
cuidar de você, Jordan.
Ele continua a se aproximar e se ajoelha a minha frente.
— Kit Kat o que houve para você estar assim? Você nunca chora.
Foi Kristen?
Eu tento brigar com ele, mas um soluço me escapa. Ele me pega nos
braços e me abraça. Eu não me importo que ele está completamente suado,
só preciso ficar perto dele. Me lembro das palavras de Kristen e choro mais.
— Me diga o que houve, baby. Por favor.
— Eu me apaixonei pelo último homem que devia. — Respondo e
ele me abraça mais apertado.
— Não chore, isso acaba comigo.
Ele me pega nos braços e me leva até seu quarto, não olho por cima
do ombro porque tenho certeza de que todos me viram junto dele. Jordan
fecha a porta atrás dele e me coloca sobre a cama antes de começar a retirar
a minha camiseta.
— O que está fazendo?! — Grito e ele ri.
— Você está coberta de suor, vamos tomar um banho juntos.
Sem me esperar responder, abre os meus shorts e os desce me
deixando só de roupa intima.
— Jordan! —Bato na sua mão e ele ri.
— Vamos tomar um banho e depois conversamos. — Ele tenta e eu
nego.
— Preciso fazer uma massagem em você. — Olho para ele que está
cheio de roxos. — Provavelmente terei que me sentar nas suas costas para
colocá-la no lugar.
Ele sorri.
— Provavelmente será preciso, mas antes vamos tomar um banho.
Ele me pega nos braços e nos leva para a o banheiro dentro do
quarto. Ele retira os seus shorts e entra no chuveiro comigo. Eu tremo com
a sua pele tocando a minha, Jordan liga o chuveiro no quente, mesmo que
ele precise de um banho gelado. Eu digo isso para ele que responde:
— Não vou deixar você tomar banho gelado.
Ele cuida de mim como eu nunca fui cuidada, lava meus cabelos e
passa sabonete pelo meu corpo, eu repito o processo com ele sem chegar
perto da sua masculinidade. Ele me seca e em seguida faz o mesmo com
ele, indo para o seu guarda-roupas ele me entrega uma camiseta sua.
Entrando no banheiro, sozinha eu retiro as minhas roupas intimas molhas e
coloco sua camisa com seu cheiro. Quando volto ao quarto vejo Jordan
deitado de bruços só com uma cueca preta. Ele olha para mim com seus
lindos olhos âmbar e pisca.
— Você disse que iria se sentar nas minhas costas.
Minhas bochechas coram, ele sabe que eu estou sem roupas por
baixo. Tomo uma respiração e subo na cama, vejo os seus olhos se
arregalarem e ele me olhar surpreso. Monto nas suas costas e pego o óleo de
arnica que estava no seu criado mudo.
— Algo me diz que essa massagem vai ser quente. — Ele solta e
sorri como um menino travesso. — Muito quente.
Eu sorrio incapaz de resistir a ele e aqueço minhas mãos com o óleo
antes de começar a esfregar as suas costas duras retirando os nós e
colocando os músculos no lugar. A cada gemido dolorido que Jordan solta
eu me sinto mais quente, sinto-me poderosa que ele possa sentir o que faz
comigo. Vou para o seu pescoço e ele solta outro gemido e minha respiração
fica mais rápida, me sinto molhada e sei que ele percebeu já que eu estou
com as pernas entre a sua cintura.
— Porra Kit Kat, você está molhada. — Ele geme então se vira com
rapidez me surpreendendo. — Monta no meu rosto.
Minha boca cai aberta e minha boceta se aperta pelas suas palavras
tão vulgares. Suas mãos vão para a minhas pernas e eu sigo seu olhar para
baixo. A sua camisa subiu e ele pode ver a minha boceta em cima do seu
abdômen e sem ter noção de tudo eu me inclino para frente e para trás
sentindo seu tanquinho roçar no meu clitóris.
— Porra. — Eu digo colocando as minhas mãos no seu peito e
continuando a me mover lentamente. O seu olhar intenso só me deixa mais
necessitada. — O que você está fazendo comigo?
Ele geme e me empurra com as suas mãos para baixo, em cima do
seu pau preso pela cueca boxe.
— Roce em mim, Kit Kat. Por favor.
Impossível de resistir a seu pedido, eu deixo fora da porta do quarto
toda insegurança, medo, dor e o passado. Nesse momento só existe nós dois
e não há nada que eu queria mais. Mordendo o lábio eu me posiciono bem
aberta em cima da sua ereção e começo a friccionar rodando e me movendo
para frente e para trás. Nós gememos juntos e ele segura as minhas pernas
empurrando sua ereção para cima.
— Tão gostoso. — Murmuro levantando as mãos para tocar os meus
seios que precisam de atenção.
— Perfeito. — Ele responde ainda me olhando mexendo nos meus
seios sob a camiseta.
Ele levanta um pouco a bainha e eu olho para baixo vendo a minha
boceta depilada se movimentando sobre ele e gemo alto só de olhar. Sinto
quando Jordan vem em sua cueca boxe, suas bochechas coram
envergonhado, mas eu me abaixo beijando seus lábios e sinto suas mãos
vindo para a minha bunda onde ele enfia um dedo na minha boceta entrando
e saindo, me levando a loucura. Rompo meus lábios dos seus para gemer,
mas ele os toma de novo. Inserindo outro dedo ele continua com sua tortura
enquanto o seu polegar se move em movimentos constantes sobre o meu
clitóris.
— Jordan! — Eu gemo alto.
Ele afasta os lábios dos meus e me olha intensamente.
— Senta no meu rosto Kit Kat.
E ele não precisa pedir mais uma vez, gemo quando seus dedos
saem de mim só para circularem o meu clitóris antes que eu comece a subir
até seu rosto. Minhas bochechas coram quando seus olhos vão para a minha
boceta bem a sua frente.
— Tire a camisa, quero ver seus lindos seios.
Eu a retiro e Jordan me segura pela cintura e vai me abaixando até
que sua boca quente está na minha boceta me fazendo arrepiar. Coloco
minhas mãos na cabeceira da cama e gemo quando sua língua encontra o
meu clitóris.
— Tão gostosa. — Ele diz antes de enfiar a língua dentro de mim e
começar a me foder.
Ele continua com a sua deliciosa tortura me levando a loucura e eu
não tenho dúvidas que todo mundo deve ter ouvido. Rapidamente eu sinto
estar vindo e aperto os meus seios enquanto olho para baixo vendo os seus
olhos em mim. Jordan acelera os movimentos e eu tremo com o meu
orgasmo tão próximo, seguro seus cabelos e monto em sua língua que me
leva ao ápice me fazendo estremecer e ficar sensível.
Com as pernas tremulas eu saio dele e me deito ao seu lado tentando
controlar a sua respiração.
— Isso foi...
— Maravilhoso. — Completo suspirando.
Sua mão encontra a minha e ele entrelaça nossos dedos.
— Sei que nós temos que falar sobre hoje, mas podemos deixar para
amanhã? — Ele boceja entre a pergunta e eu aceno bocejando também.
— Sim.
Ele se levanta, corre para o banheiro e volta minutos depois nu e
limpo. Se deita ao meu lado puxando o cobertor sobre nós e me abraça
apertado.
— Boa noite, Kit Kat.
— Boa noite, Campeão.
11
JORDAN
Acordo assim que o despertador toca e olho para Jordan que dorme
profundamente ao meu lado. Dou-lhe um beijo na bochecha e escrevo uma
nota para ele:
Bom dia, amo, dormir e acordar ao seu lado. Não esqueça que sou
sua treinadora e devo ser dura. Toda vez que eu brigar com você minha
vontade será de beijá-lo.
Sua, Kit Kat
Sempre fui uma garota eclética com sons, mas tenho um fraco por
rock. É uma sensação única quando você soca ao som de um rock que te dá
vontade de gritar cantando junto. Jordan vai para o saco de velocidade e dá
um sorriso para mim antes de girar os punhos lá.
— Então, como é ser treinadora do Destroyer? — Donna pergunta
me tirando dos pensamentos.
— É sempre um desafio, mas esqueço tudo quando vejo ele dando
tudo de si no octógono. Nunca conheci lutador tão bem treinado, preparado
e focado.
Ela sorri e aponta para as câmeras irem filmar Jordan.
— Conseguimos marcar para levar Jordan para treinar na academia
do Underground essa semana, sei que ele gosta de treinar só, mas queremos
pegar um pouco desse mundo. A partir de amanhã vocês vão treinar lá.
Eu abro a boca para falar, mas ela me ignora caminhando até Jordan
o fazendo parar. Para o seu sangue não esfriar ele trota enquanto ela fala
com ele. Imagino que seja a mesma coisa que ela falou para mim.
Aproveito para mandar uma mensagem para Sirius descer.
Passo o resto do treino tentando ser o mais profissional possível,
Sirius dá um show com Jordan, ambos trabalham em harmonia e eu me
pergunto por que Sirius nunca concorreu em uma competição.
— Estou acabado. — Jordan diz quando sai do seu quarto
caminhando para a cozinha. Ele já tinha tomado um banho, assim como eu
e Sirius.
— A comida está pronta. — Tinna exclama mostrando um ótimo
prato com todas as calorias que ele precisa.
Nos sentamos e as câmeras não param. Donna saiu e eu aproveito
para mandar uma mensagem para Sam:
Eu: Porque Donna está aqui?
Sam: Eu não sabia que ela iria controlar todo o show, deveria ser o
diretor, mas parece que ela implorou.
Em outras palavras Donna o fodeu para ficar mais perto de Jordan.
A raiva me toma, não vou ficar de braços cruzados vendo ela dar em cima
dele. Se Donna acha que eu sou uma mosca morta, ela está muito enganada.
Eu: Trate de deixar bem claro para ela que Jordan não está
disponível.
Sam: Ele já falou com ela, mas se ela fizer alguma coisa me diga
que eu falarei com a produção.
Eu: Obrigada.
— Tudo bem? — Jordan pergunta ao meu lado e eu aceno.
— Maravilha.
Ele acena sabendo que não é assim, mas deixa. Sabe que eu não
direi uma palavra sobre qualquer cosia enquanto as câmeras estiverem aqui.
Quando acabamos ele me chama para dar uma corrida antes do
almoço. Eu aceito e saímos do hotel, o ar está frio, porém não chove.
Escondo um sorriso vendo Donna cruzar os braços, ela está de saltos e não
pode correr conosco. Porém o meu sorriso morre quando eu vejo que os
câmeras vem atrás da gente.
Nós começamos a correr até o parque então trocamos um olhar.
— No três. — Jordan diz e eu aceno. — Um, dois...
— Três! — Eu grito já correndo. Escuto o riso de Jordan enquanto
fugimos dos câmeras.
Nós damos a volta pelo parque e andamos o resto do caminho até
uma sorveteria. As bochechas de Jordan estão vermelhas pelo ar gelado.
— Nós não deveríamos. — Falo quando ele se senta pegando um
cardápio de sorvetes.
— Nós não vamos ficar gripados por um sorvete, Kit Kat.
Eu me sento e coloco as minhas mãos embaixo do meu queixo.
— Você nunca sai da dieta.
Ele sorri.
— Por você eu saio. — Ele olha para o cardápio não vendo a minha
cara vermelha, e não era pelo frio. — Olha, tem sorvete de KitKat. Amo
esse sabor.
Minhas bochechas coram quando eu percebo as segundas intenções
de suas palavras. Nós pedimos o sorvete e enquanto comíamos eu tinha que
usar toda a minha força para não agarrar Jordan e o beijar. Ele gemia a cada
colherada me fazendo ficar molhada e necessitada.
— É melhor voltarmos para o hotel. — Me levanto, mas não antes
de ver o sorriso travesso de Jordan.
Nós andamos pelas ruas lentamente como se não quiséssemos
chegar ao hotel. Jordan segurava a minha mão enquanto caminhávamos
como um verdadeiro casal. Sabíamos que era perigoso alguém nos
reconhecer e tirar uma foto, mas nesse momento nada mais importava para
mim. Quando estávamos a algumas quadras do hotel Jordan parou.
— Você sabe que amanhã treinaremos no centro do Underground,
certo? Está pronta para vê-lo? Se você não quiser podemos mandar tudo se
foder, é só dizer as palavras Kit Kat...
Meu coração se aquece ao ver que Jordan está preocupado comigo.
Antes que ele termine de falar eu pego seu pescoço e colo meus lábios nos
seus, Jordan retribui segurando a minha nuca com uma mão e com a outra
acariciando minhas costas.
— Liam é meu passado.
Ele cola as nossas testas.
— Odeio que ele foi o seu primeiro amor, sua primeira vez.
Eu pego o seu rosto em minhas mãos e o acaricio.
— Ele não foi o meu primeiro amor. — Você é. Eu queria dizer, mas
não tinha coragem.
Ele sorri.
— Mas isso não vai me impedir de acabar com ele no octógono.
— Eu não esperaria nada menos.
15
JORDAN
Quando acabei o treino com Jordan ele fez um sinal para os câmeras
saírem enquanto eu pegava os óleos para consertá-lo. Durante a semana
tivemos que manter a linha de profissionais quando duas vezes eu tive que
sentar nas suas costas para coloca-la no lugar, ou retirar os nós dos braços
sem ficar com a respiração ofegante.
— Está pronta para montar em mim, Kit Kat? — perguntou com um
sorriso de menino no rosto.
— Hoje não será preciso, espertinho.
— Droga. — Fingiu estar chateado.
Sem poder evitar, passei a mão pela sua barba e contornei os seus
lábios com as pontas do dedo.
— Vou retirá-la hoje. — disse e eu o olhei corada.
— Eu gosto dela, você podia só a aparar.
Ele sorriu novamente mostrando as suas covinhas e colocou as suas
mãos livre de tala, na minha cintura.
— Seu pedido é uma ordem.
Eu bufei de brincadeira e me sentei a sua frente pegando as suas
mãos e as colocando no meu colo. Passei óleos na minha e comecei a
pressionar cada nó que ele tinha nas mãos e pulsos.
— O que você vai fazer depois daqui? — perguntou enquanto
olhava eu massagear sua mão.
— Vou ao salão com Tinna, dar uma repaginada.
Ele bufou.
— Você já é perfeita, Kit Kat.
Eu sorri como boba.
— Obrigada, mas eu preciso fazer as unhas, sobrancelhas, fazer uma
hidratação nos cabelos e essas coisas.
Ele rolou os olhos.
— Bobagem, eu gosto de você assim do jeitinho que é.
Eu levantei uma sobrancelha para ele.
— Então se gosta de mim ‘natural’, eu deixarei todos os meus pelos
do corpo crescerem. — Brinquei e ele coçou os cabelos.
— Também não é pra tanto, baby. Mas eu não me importaria de ter
que passar por um pouco de pelo para chegar a sua...
— Jordan! — Gritei e dei um soco nele. Então cai na risada. Só ele
mesmo. — Palhaço.
Ele sorriu para mim e piscou.
— Seu palhaço. — Eu sorri novamente e ele tocou meus lábios com
a ponta dos dedos calejados. — Adoro o seu sorriso.
— Obrigada. Eu também amo o seu.
No meu jeito torto eu declarei os meus sentimentos por ele, bastava
saber se Jordan seria inteligente para perceber e a julgar pelo seu sorriso ele
percebeu.
Eu demorei mais tempo do que imaginava no salão de beleza, por
esse motivo Jordan teve que treinar só com Sirius que já conhecia a nossa
rotina de cor. Quando sai do salão já passava das nove horas da noite. Eu
estava relaxada depois de uma massagem, com as minhas unhas do pé e
das mãos pintadas de café, sobrancelhas desenhadas, pele tão limpa e
cheirosa, cabelos tão macios e sedosos que eu me sentia como a própria
Gisele Bündchen.
— Vamos logo começar a nos arrumar, ainda temos maquiagem e
roupas para escolher. — Tinna disse assim que saímos do elevador. Eu
estranhei não ver os garotos na nossa sala acoplada. — Quando eles
terminaram o treino, foram ao barbeiro.
Eu assenti enquanto ia à cozinha pegar uma garrafa de água antes de
irmos para o nosso quarto. Quarto esse que eu não dormi nenhuma vez
desde que chegamos em Boston. Demorou mais duas horas para estarmos
prontas, Tinna me convenceu a usar cílios postiços e eu conseguia vê-los se
olhasse para cima. Decidi passar batom vinho e arriscar um pouco mais na
roupa. Afinal eu estava fazendo vinte e cinco anos e não cinquenta.
Escolhi um short preto de cintura rodada e um top vinho,
completando o look com um salto preto e bijuterias. Meus cabelos estavam
com alguns cachos que foram feitos no salão e que deram ao meu rosto um
ar doce e angelical, ao contrário da minha roupa que dizia uma coisa
totalmente diferente.
— Nós estamos muito lindas, na moral. — Tinna exclamou depois
de tirar fotos nossas e colocar no Instagram.
Eu aproveitei que eu estava tão arrumada e pedi para ela tirar uma
foto minha de rosto para eu colocar de perfil e sorri com o resultado. Em
menos de um minuto eu recebi comentários me elogiando, inclusive de
antigos ficantes de Nova Iorque que perguntavam quando eu estaria de
volta e isso me fez parar para pensar. Será que eu voltaria para lá, agora que
eu sabia a verdade sobre Kristen, será que eu teria coragem de abandonar os
meus pais novamente, e Jordan?
— Tô sentindo um baixo astral aqui, pode ir se animando Kath!
Eu sorri para a minha melhor amiga, amiga essa que eu negligenciei
mais uma vez, mas não acho que ela esteja com raiva de mim já que
também passava bastante tempo com Sam.
— Eu ainda não transei com Jordan. — Confesso e ela abre a boca e
fecha pelo menos umas três vezes antes de caminhar até a cama.
— Acho que preciso me sentar. Kath, eu acho que a cabeleireira
acabou puxando o seu cabelo durante a escova para você falar abobrinha
agora.
Eu ri e me sentei ao seu lado.
— Eu queria que acontecesse, mas Jordan está com uma ideia louca
de que tudo tem que ser perfeito e essas coisas.
Ela estala os dedos.
— Por isso que ele alugou um quarto no outro andar para a gente. —
Ela sorri grandemente. — Ele está muito, muito, muito apaixonado por
você, Kath.
— Ele realmente alugou um quarto para vocês? — pergunto com o
coração saltando umas batidas e sorrio.
— Sim, isso é tão legal! — Ela pula na cama de leve para não
amassar sua roupa e suspira sonhadora. — Eu quero um amor assim.
Eu empurro seu ombro de brincadeira.
— E como vão as coisas com Sam?
Ela suspira.
— Ele é maravilhoso.
— E por que fala isso como se fosse algo ruim?
Ela me olha com as bochechas coradas contrastando com a sua pele
pálida e cabelos escuros.
— Não é ruim. — Ela movimenta as palmas das mãos na perna
como se tivesse me explicando. — Mas também não é bom.
— Por quê?
Ela me olha como se eu fosse estúpida.
—Porque nós combinamos que nosso lance só seria durante o verão
e depois disso cada um para seu lado. Não é como se fossemos nos casar e
ter gêmeos. — Ela então suspira. — O ruim é que eu fico pensando que ele
achará outra mulher no verão que também o achará perfeito.
— Entendi, você não quer o osso, mas também não quer largar ele.
— Kath! — Ela grita e suspira. — Como é difícil não se apaixonar
quando se está convivendo, é como se já fossemos casados há séculos. Com
Jordan também é assim?
Eu molho os meus lábios esquecendo que estou com batom matte e
suspiro para Tinna.
— É como se nos conhecêssemos desde sempre. — Eu olho para as
minhas unhas. — É como se nos completássemos.
Tinna assente se levantando animada.
— Isso é tão intenso, eu já consigo visualizar os bebês sexys que
vocês terão.
Eu rio e me levanto também.
— Vamos logo sair daqui.
Ao sairmos do quarto, perco qualquer raciocínio que eu tinha
quando olho Jordan com a barba aparada como eu tinha falado e os cabelos
raspados dos lados e somente aparados em cima. Eu não imaginava que ele
conseguisse ficar ainda mais bonito, mas Destroyer conseguiu.
— Acho que vou engravidar aqui a qualquer momento. — Sirius
comenta e eu finalmente o olho.
— Valeu, cavalo marinho.
Ele pisca.
— Só cavalo, baby. Só cavalo.
Eu rio e olho rapidamente para Sam que está devorando Tinna com
o olhar. Por fim olho novamente para Jordan, é tão bom não precisar
esconder o quanto eu o quero já que não tem câmeras aqui. Tenho a
impressão de que Jordan queria realmente que esse dia fosse perfeito para
nós.
— Você está maravilhosa, Kit Kat. — Ele diz com a voz rouca se
aproximando de mim.
— Já vi que eu estou sobrando, estou esperando vocês na limusine.
Já era para estarmos no Underground.
Depois que ele sai, Tinna e Sam não tardam a segui-lo nos deixando
a sós.
— Você está lindo. — Passo a mão pela sua barba e ele sorri contra
os meus dedos.
— Mal posso esperar para essa noite chegar ao final e ter você só
para mim.
Eu sorrio de volta.
— Eu também.
— Sai! — Katherine grita antes que seu corpo trema com o impacto
da batida que Sirius lhe dá.
Eu rio antes de revidar acertando seu carrinho por trás fazendo ele
rosnar. Tive que pagar uma boa grana para eles fecharem o carrinho bate-
bate para a gente, e também para podermos ir já que Sirius e eu temos
pouco mais de cem quilos. Katherine vira o seu carrinho e acerta Tinna
quando tentava pegar Sam.
— Sua vaca! — Tinna exclama inconformada. — Não acredito que
você bateu em mim!
— Desculpe amiga, foi sem querer...
E Sam bate nela como vingança. Nós continuamos assim até que
cansamos e decidimos ir para outros brinquedos. É raro podermos sair
assim para nos divertirmos, ainda mais no meio da temporada.
— Vamos para aquele? — Tinna aponta para a porra do brinquedo
que gira e pula ao mesmo tempo e as pessoas de dentro tem que ficar
sentadas sem cinto se segurando somente nas grades de trás.
Solto uma gargalhada quando vejo uma menina caindo de lá e
parando no meio do brinquedo com a calça caindo.
— Não ria! — Katherine me repreende. — Poderia ser um de nós.
— Kath os seus braços são realmente muito fortes para você soltar,
olhe os meus braços finos. — Tinna novamente faz a gente rir.
Nós pagamos as entradas para o brinquedo só para a gente ir. Tenho
medo de machucar alguma criança se eu cair em cima dela. Nos sentamos e
Katherine fica ao meu lado, além de colocar as mãos no ferro ela ainda
passa uma das suas pernas entre as minhas como se isso fizesse ela se sentir
segura, mas provavelmente só vai me fazer cair para deixá-la confortável.
O brinquedo começa a rodar de leve e Kath morde o lábio no
primeiro solavanco.
— Acho que não foi uma boa ideia, estou sentindo que eu vou
acabar caindo.
Eu rio, quero beijá-la, mas ai quem cairia seria eu. Vejo que Tinna e
Sam estão na mesma e Sirius estava com duas meninas junto com ele no
brinquedo, como ele conseguiu duas mulheres tão rápido? Perco qualquer
raciocínio quando o brinquedo começa a rodar e pular com o som de Hanna
Montana no fundo, mas não foi isso que prendeu a minha atenção e sim os
seios de Katherine pulando a cada solavanco. Isso me fez lembrar das
nossas noites e em especial quando ela montou no meu rosto. Droga, eu não
posso ficar duro no meio de um monte de gente. Olho para frente e vejo que
tem varias pessoas nos filmando, mas eu acho normal, afinal, esse
brinquedo é o que parece ter mais acidentes divertidos, e vamos combinar
que vendo um cara grande e musculoso tentando se segurar para não cair no
centro do brinquedo é hilário.
Além do som da música da Hanna Montana tocando eu posso ouvir
as acompanhantes de Sirius gritando enquanto ele olha os seios delas como
um menino ganhando um pirulito. Katherine grita divertida com um sorriso
lindo no rosto, seus cabelos castanhos claros estão caindo na cara, mas nem
isso tira o seu sorriso, me fazendo sorrir também.
Outra música começa, dessa vez Carrousel de Melanie Martinez e
Katherine canta junto enquanto o brinquedo dá um solavanco e começa a
rodar para o outro lado. O meu estomago protesta, mas eu aguento. As luzes
coloridas do parque só me deixam mais tonto, escuto o riso alto de
Katherine e percebo que ela está rindo de mim.
Quando o brinquedo finalmente para eu respiro algumas vezes para
me sentir melhor e Katherine me abraça.
— Eu também fiquei um pouco tonta.
Eu a olho e vejo que ela está tentando esconder o sorriso.
— Sua safada, não ria de mim.
Katherine acena e me puxa para um beijo leve nos lábios.
— O que você acha de irmos nas barracas de prendas e tentar a
sorte? — Ela pergunta quando caminhamos até o resto do nosso grupo,
agora composto por mais duas mulheres.
— Vamos! — Tinna exclama já puxando Sam que bufa.
Nós chegamos a uma barraca de acertar as garrafas, nós todos
sabemos que esses jogos são feitos para errarmos, mas mesmo assim eu
quis ganhar algo para Katherine.
— Oi Kath, oi Tinna. — O homem as cumprimenta e elas sorriem.
— Oi Taylor, como vai? — Katherine responde.
— Bem, já faz um tempo que vocês não vêm aqui.
— Verdade, nós estamos no meio de um trabalho de verão. —Tinna
completa e ele acena.
— Então vamos à diversão. Três chances, se derrubar de primeira
ganha um urso grande, de segunda um pequeno e de terceira um
chaveirinho, duvidas? — O homem, Taylor, pergunta sorrindo para
Katherine. Eu coloco a minha mão na cintura dela.
— Não, entendemos.
Tinna vai primeiro e ganha um urso pequeno. Sam vai depois e não
ganha nada, Sirius ganha um chaveiro e as meninas que estão com ele,
preferem falar sacanagem a realmente jogar.
— Quer ir primeiro, Kit Kat? — pergunto e ela nega.
— Pode ir.
Eu tento a primeira vez, mas ainda sobram duas garrafas, uma de
cada lado. Por fim eu ganho um chaveiro, quando Taylor me traz eu rio. O
chaveiro é um Kit Kat.
— Para você. — Eu lhe entrego e ela me olha como se eu tivesse lhe
dado um diamante.
— Obrigada. — Ela beija os meus lábios e passa meu nariz no seu
antes de se afastar. — Segura pra mim, rapidinho?
Eu seguro e ela pega uma bola e se afasta um pouco e se curva numa
posição engraçada como se tivesse jogando beisebol e acerta as latas com
força no centro, todas as garrafas caem fazendo algumas pessoas passarem
a aplaudirem.
— Como você fez isso? — Sirius pergunta coçando a cabeça. — Eu
tenho mais força que você e não consegui.
— Prática. — Tinna finge espirrar e Katherine empurra o seu ombro
de brincadeira. — Katherine e eu vínhamos muito aqui, então ela pegou o
jeito e as dicas.
Taylor que parecia já saber que ela ganharia aponta para a
prateleira atrás dele com vários ursos diferentes. Eu estou pensando em
como ganharei um urso para Katherine quando ela me entrega um.
— Para mim? — pergunto surpreso e ela acena.
Minha boca dói um pouco do grande sorriso que eu dou. O urso está
usando um calção de luta e luvas vermelhas.
— Agora nós temos os nossos ursos. — Katherine diz pegando o
seu chaveiro de Kit Kat da minha mão e me entregando o urso.
— E eles vão ficar lado a lado por muito tempo. — Respondo
beijando os seus doces lábios.
— Chega de pegação, ainda temos muitos brinquedos para ir.
Dou um dinheiro para Taylor, amigo das meninas, ficar com o meu
urso até voltarmos para buscá-lo. Nós seguimos para vários brinquedos e eu
começo a reparar que ainda tem algumas pessoas tirando fotos e gravando,
esse reality está me dando muito mais visualização do que só o Instagram e
o Underground.
Nos vamos a outros brinquedos e quando a noite chega nós estamos
cansados e decidimos encerrar na roda gigante. Katherine segura minha
mão quando a roda começa a subir.
— Com medo? — pergunto e ela nega.
— Não, só que esse, tecnicamente, é nosso primeiro encontro e
encerrá-lo aqui em cima só torna tudo mais perfeito.
Eu beijo sua mão.
— Teremos muitos outros encontros.
Seus olhos brilham de felicidade.
— Eu nunca senti isso antes, Jordan. É tudo tão novo, mas ao
mesmo tempo tão intenso.
— Eu sei bem como é, e eu amo esse sentimento.
— Eu também.
Depois de pegarmos o meu urso nós paramos para comer e por fim
voltamos para o hotel. Katherine monta em mim na cama depois que
tomamos banho e nos amamos sem importar com quem pudesse ouvir, só
curtindo o momento. Olho para os nossos ursos lado a lado e sorrio antes de
adormecer.
— Você precisa manter a cabeça fria hoje, Jordan. Você sabe que ele
irá te provocar, mas você não pode se abater. — Sirius diz quando estamos
sozinhos esperando eu ser chamado.
Katherine queria ficar mais, porém entendeu que eu precisava desse
tempo. Minha mente voltou ao passado lembrando de tudo que eu estava
construindo antes de ser destruído. Ouvi dizer que Brianna ainda está com
Martelo e eu quero que ela veja o seu marido, sim eles se casaram,
destruído por mim. Essa é a minha hora, essa é a minha vez.
— Eu estou pronto. — Respondo mais centrado.
Sam entra no cômodo e sua cara não está nas melhores. Meus
pensamentos vão logo para Katherine, será que ele fez algo com ela. Me
levanto num pulo, mas Sam me para.
— Calma, cara. Está tudo bem com ela. — Ele advinha meus
pensamentos. — Mas houve uma mudança de planos.
— De que tipo? — Sirius pergunta e Sam engole seco.
— Parece que Phil conseguiu convencer o comandante do
Underground daqui a não deixar você e Martelo lutarem hoje, afinal ele
quer uma grande luta ao vivo.
— O que? — rosno irritado.
— Você só conseguirá lutar com ele nas semifinais.
A mão de Sirius vai para meu ombro.
— Você vai destruir ele, só vamos esperar o momento certo.
18
KATH
Estou no meu lugar e estranho Sirius e Sam não terem vindo ainda
para seus lugares, a luta começará a qualquer momento e Jordan será
chamado. Por incrível que pareça algumas pessoas me pediram para tirar
fotos com elas, parece que aparecer na televisão deixa você mais famosa e
um pouco menos odiada. Eu digo um pouco porque já perdi as contas de
quantas meninas que vi me olhando de cara feia e comentando. Até um puta
eu acho que ouvi. Ao fundo algumas músicas eletrônicas tocam, e hoje o
público está realmente agitado, bem mais que o normal.
— O que será que está acontecendo? — Tinna me pergunta e eu dou
de ombros.
— Não tenho ideia.
Ela morde o lábio e olha em volta, então acena para um grupo de
meninas e vai até lá. Eu quero bater na minha amiga por ser tão cara de pau,
mas em vez disso eu rio, rio de nervoso. Pouco depois ela volta e a sua cara
não é das melhores.
— Descobriu o que é? — pergunto e ela acena, mas mantém os
lábios dentro da boca. — Não vai me contar?
Ela olha em volta como se estivesse esperando alguém salvá-la de
me responder.
— Christina!
Ela arregala os olhos quando grito o seu nome.
— É melhor Jordan te explicar depois, não podemos acreditar na
primeira versão.
Eu aceno a contragosto e ela pega o seu celular, evitando de me
olhar. Sei que ela ouviu algo que não gostou, pois seu pescoço está
avermelhado.
— É melhor essa versão estar realmente errada. — Ela resmunga
para si mesma.
Minha vontade é ir lá naquelas meninas perguntar, mas prefiro
perguntar a Jordan depois que a luta acabar. O rock começa a tocar e o
primeiro lutador que irá lutar com Jordan é apresentado a todos. O cara é
exibido e eu não duvido nada que seja KO. com Jordan no primeiro round,
ainda. Em seguida Jordan é chamado. Sirius e Sam se sentam junto com a
gente e sorriem tranquilamente para mim, mas não funciona muito bem.
Odeio que todos saibam de alguma coisa menos eu.
— E agora ele. O campeão dos últimos Undergrounds, O Deus do
octógono e das câmeras. Jordaaaaaaan ‘Destroyer’ McKennaaaaaaaaaa.
Durante a luta Jordan parece um pouco avoado procurando alguém
na plateia, no primeiro instante eu penso ser eu, mas ele olha para mim
rapidamente antes de continuar a procurar algo ou alguém.
— Você sabe que é só um passatempo, né? — Uma mulher loira diz
parando na minha frente. Ela não é uma fã de Jordan já que está usando
uma camiseta escrito ‘’Adam, Martelo, Jenser’’ com a foto do que eu acho
ser o mesmo na frente.
— Como é?
Ela ri com os dentes brancos.
— Você ouviu muito bem. Era comigo que ele iria se casar, mas eu
não quis.
Olho para Sirius e Sam que estão claramente desconfortáveis com a
situação. Sam tem os braços em volta da cintura de Tinna a mantendo no
lugar.
Eu encaro de volta a mulher, que claramente é uma ex de Jordan.
Dou um passo para frente deixando meus peitos baterem com o dela. Não
vou recuar diante dela e se me estressar, ainda vai voltar para casa com o
olho em cinquenta tons de roxo.
— Olha só, eu não tenho certeza de quem você é, mas se você não
tem uma aliança no dedo então pode baixar a bola.
Acho que a menina se dá conta que eu sou maior, mais forte e estou
irritada com ela, porque rapidamente ela se vira e sai desfilando. Vejo um
homem a pegando pelo braço e gritando na cara dela, que acena e abaixa a
cabeça. Em seguida eles se beijam, beijar é apelido para o que eles estão
fazendo. Eu não tenho muito tempo para pensar no assunto porque o sino
toca e em seguida a voz do locutor vem.
— É nocauteeeeeeeeeeeee!
Jordan continua a todo vapor e eu evito olhá-lo, me concentrando
nos seus oponentes. Eu não tenho motivos para ficar irritada com ele, mas
mesmo assim eu estou. Pensar que ele ia se casar com aquela mulher me
causa uma dor inimaginável, que ele queria dividir a vida com ela e por
algum motivo as coisas não deram certo. Dói pensar isso.
Como de costume Jordan é anunciado vencedor da noite depois de
vencer os seus oponentes e continua em primeiro lugar. Eu estou
começando a segui-lo, mas eu paro quando vejo que quem é que está sendo
chamado é Martelo, o namorado da mulher. Depois que outro homem é
apresentado uma chuva de vaias começam.
— Era para ser Destroyer contra Martelo! — Alguém atrás de mim
grita.
— Eu paguei para ver essa luta do século! — Outro grita acima das
vaias da multidão.
— Destroyer merece vingança por Martelo ter tomado a sua mulher!
Eu paro os meus passos e meu cérebro raciocina, por isso que
Jordan queria tanto lutar contra Martelo. Será que ele ainda gosta daquela
mulher?
— Kit Kat? — Jordan me chama e eu vejo que ele ainda está do
mesmo jeito. Ele toca a minha cintura me levando para dentro da sala que
ele fica. — Está tudo bem?
— Quem era aquela garota? A loira.
Ele coça a cabeça, então suspira.
— Uma ex-namorada.
Eu cruzo os braços e dou graças a Deus por não ter ninguém aqui
para ver o meu ataque de ciúme.
— Só isso? — Ele acena e eu continuo. — É por isso que você quer
tanto enfrentar Martelo? Por causa dela?
Ele anda pelo cômodo e eu não posso evitar reparar os seus
músculos tensos. Era para estarmos a caminho do hotel onde eu lhe daria
uma massagem para relaxá-lo. Que péssima profissional eu estou sendo. Me
viro e começo a andar até a porta.
— Aonde está indo?
Eu me viro para ele e suspiro.
— Para o hotel, precisamos lhe fazer uma massagem de reabilitação.
Seus músculos estão tão tensos que acho que precisarei sentar em você.
Ele me dá aquele sorriso de menino sapeca.
— Pode sentar em mim sempre que você quiser.
Durante o trajeto me mantenho perdida em meus próprios
pensamentos. Os outros foram na frente e já devem ter chegado ao hotel,
mas nós ainda estamos no caminho. Nova Iorque é um caos absoluto.
— Kit Kat você está bem? — Jordan me pergunta pela terceira vez
enquanto estou sentada em suas costas colocando tudo em seu devido lugar.
— Sim.
— Que bom...
— Só acho engraçado que você nunca me falou que tinha uma ex.
Uma ex que você iria se casar e que é a atual mulher do cara que você mais
detesta.
Saio de cima dele e espero ele se sentar. Jordan está segurando o
riso.
— O que é engraçado?
Ele me puxa para ele.
— Você estar tão ciumenta. Brianna é meu passado e está bem
enterrado. O meu caso é com Martelo. Ele atrapalhou a minha vida, por
culpa dele eu fui suspenso do UFC e não consegui patrocinadores. Eu
estava no começo da minha carreira e vi uma grande oportunidade se perder
por causa dele.
Eu abro a boca surpresa com sua revelação.
— O que aconteceu?
Ele suspira.
— Não é algo que eu me orgulho, na verdade me sinto um monstro
sempre que me lembro. — Eu seguro sua mão, tentando lhe transmitir
minha força. Então ele começa a falar. — Só fui descobrir a traição dela
enquanto eu lutava pelo cinturão no meu primeiro UFC. Eu estava sendo
uma grande aposta e as marcas estavam começando a me procurar. Brianna
e ele armaram para mim, se beijaram pouco antes da luta começar. Eu...
Eu aperto sua mão.
— Está tudo bem, pode continuar.
Ele acena.
— Eu fiquei com tanta raiva, Kit Kat. Me senti traído, usado. Eu
estava tão fora de mim que acabei com o meu concorrente. Porra, ele ficou
em coma.
Eu fico tonta com a revelação, sei que Jordan é um lutador
maravilhoso e não consigo imaginá-lo fazendo tanto dano a alguém.
— A mulher dele estava grávida, Kit Kat. Grávida. Nunca vou
esquecer a sua cara.
Eu passo a minha outra mão pelo seu peito tentando acalmá-lo e
faço a pergunta que eu mais temo.
— Ele ficou bem?
Ele acena e eu suspiro.
— Sim, ele é John. — Jordan ri um pouco da minha expressão
surpresa. — Sim, é um pouco chocante.
— Muito. Estou feliz que ele está bem. É essa a sua raiva de
Martelo? Então realmente não tem a ver com Brianna.
Ele nega.
— Tem mais uma coisa, fizeram uma festa da minha vitória, eu não
queria participar, mas Sam insistiu, já que seria bom para mim. Martelo e
Brianna foram à festa.
— Puta merda!
Ele acena concordando.
— Resumindo nós brigamos e acabamos suspensos da temporada,
quando a pena acabou ninguém acreditava em mim e nem queriam investir.
Seu pai só continuou comigo porque ele me conhecia, por isso que eu não
acredito cegamente nas pessoas.
Eu colo nossas testas.
— Você pode confiar em mim, Campeão.
— Eu sei disso, Kit Kat.
Nós estamos rindo das piadas que Sirius está contando, mesmo
algumas não sendo tão engraçadas. Depois da nossa conversa decidimos
sair para comemorar, Tinna havia marcado de encontrar alguns amigos
nossos, aqui nessa casa noturna, e decidimos curtir. Uma noite de bebedeira
não faria tanto mal a Jordan. Durante todas as festas que fomos até agora
Jordan nunca bebeu álcool, somente água.
— Kath? — Me viro e vejo um ex peguete meu junto com os nossos
amigos da faculdade, e olho para Tinna em busca de ajuda, mas ela está
ocupada falando algo no ouvido de Sam que nega. Vejo que a expressão da
minha amiga cai antes dela esconder.
— Oi, gente. Quanto tempo. — Cumprimento um a um e me
apresento ao resto. Josué vem tentar beijar o canto da minha boca,
claramente bêbado, mas eu desvio.
Em um milésimo de segundo Jordan está atrás de mim com a mão
protetoramente na minha cintura.
— Acho que você deve ter internet para saber que estamos juntos.
Eu escondo um riso, assim como o resto do grupo.
— Agora que já sabemos quem está namorando quem, que tal
curtimos a nossa ultima noite em Nova Iorque. — Tinna diz se levantando e
cumprimentando a todos.
— E você, está namorando também? — Brendon, um ex peguete
dela pergunta piscando.
Sam abre a boca para dizer algo, mas ela o corta.
— Não, estou solteiríssima.
Sirius ri e bate no ombro do seu primo.
— Quis exigir de menos dá nisso.
Sam o fuzila.
— E Amber como está?
Os dois ficam de brincadeirinha e eu me levanto junto com Tinna e
chamo nossas amigas para dançar na pista de dança. No meio da noite eu
estou bem mais solta, porém não bêbada, ainda. Enquanto converso com o
grupo de pessoas que eu convivi por anos, percebo que realmente nada me
prende aqui em Nova Iorque. Apesar de serem meus amigos, cada um tem a
sua vida agora. Olho para Tinna e me pergunto como ela se sentiria se eu
lhe pedisse para morar comigo em Seattle. Nós podíamos conseguir
emprego facilmente lá depois de em nosso currículo ter que fomos parte da
equipe de uma estrela como Jordan é. Se eu escolhesse viver em Seattle eu
ainda poderia ficar com Jordan, se ele me quisesse depois da temporada.
— Está tudo bem, Kit Kat?
Eu o olho e sorrio percebendo a maluquice que eu estava pensando,
é claro que ele quer ficar comigo. Ele já está planejando o nosso futuro.
— Tudo perfeito.
Colo meus lábios nos seus sentindo que agora tudo vai dar certo.
Não sei direito quem deu a ideia, mas isso não desfazia o que
fazíamos aqui esperando Tinna, Sirius e Sam se tatuarem. Tinna queria uma
borboletinha; Sirius escrever Amber — foi uma má ideia, mas ele estava
certo de que queria isso— e Sam um dragão que ele viu no mostruário, eu
não tinha certeza se ele poderia aguentar uma tatuagem grande como a que
ele queria, mas ele estava certo de que conseguiria.
— E você Kit Kat, não vai entrar nessa onda?
Me viro para Jordan ficando de costas para as amostras de desenhos
na parede.
— Eu nunca fiz uma tattoo. — Olho para o seu braço esquerdo que
tem chamas por todo ele. Toco a sua pele com a ponta dos dedos. — Porque
você escolheu fazer essa tattoo?
Ele me dá um sorriso sem graça.
— Eu estava ganhando músculos, e vamos combinar que a maioria
dos lutadores só é levado a sério se ostentarem pelo menos uma tattoo.
Então eu fui há um estúdio e não tinha ideia do que fazer, só sabia que sairia
de lá com o braço feito.
— E por que as chamas?
— Porque eu pego fogo quando entro no octógono. — Me responde
com desdém e eu sorrio.
— Você me faz pegar fogo.
Ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e sorri para
mim, antes de me beijar. Algumas pessoas que estavam sentadas
resmungam, mas eu ignoro.
Quando nos separamos eu não consigo parar de sorrir. Nos sentamos
e Jordan começa a folhear um caderno de desenho com desdém. Eu olho
para meus pés tentando passar o tempo. Não quero olhar meu celular onde
tem gente falando varias coisas de mim.
— Kit Kat, acho que também vou fazer uma tatuagem.
Olho para o caderno que ele está segurando e mais precisamente no
desenho que ele está apontando. A minha primeira reação é rir, mas paro
quando ele me olha com a testa franzida.
— É sério? — Ele acena e eu engulo seco. — Jordan é muito sério
querer colocar algo de outra pessoa no seu corpo, é pra sempre.
Olho para o gatinho preto que ele está me apontando. O gatinho sou
eu.
— Nós somos para sempre, Kit Kat.
Escuto alguns sons das pessoas que estavam conosco emocionadas e
não posso evitar ficar também.
Ele sorri mais uma vez para mim e se levanta indo até o balcão onde
ele conversa com um tatuador. Me levanto também e vejo que o tatuador
está desenhando um outro gato, um pouco diferente do que ele me mostrou,
mas o que chama a minha atenção é que os olhos do gato parecem os meus.
Olho para o tatuador que está olhando para os meus olhos.
— Ele tem razão, seus olhos são de gato.
— Obrigada. — Respondo, envergonhada. Olho o desenho e
imagino ele em Jordan. — É lindo. — Tomo coragem, por que não fazer
algo no impulso pela primeira vez? — Eu também vou querer uma.
— Kit Kat não precisa fazer uma só porque eu irei fazer.
— Eu quero. — Olho para o tatuador que nos olha divertido. — Eu
quero um par de luvas de box. Pequenas. — Me viro para Jordan. — Será
que poderíamos fazer pequenas, não me imagino com uma tatuagem muito
grande.
— Claro que sim.
Jordan se senta primeiro e retira a camisa apontando para seu
quadril do lado esquerdo. Ele e o tatuador voltam a conversar enquanto eu
olho o quarto em volta. A tatuagem começa e eu fico ao seu lado segurando
a sua mão, apesar de saber que Jordan já deve estar mais que acostumado
com tatuagens. Quando ele termina eu me aproximo para olhar e levo um
susto quando leio ‘’Kit Kat’’ embaixo do gato.
— Jordan, você é maluco? — exclamo num misto de raiva e
emoção. Ele fez uma tatuagem com os meus apelidos, gato e Kit Kat.
Ele me mostra as suas covinhas e olha para a tattoo.
— Perfeita.
Mordo o lábio e olho para o tatuador.
— Vai querer Jordan em baixo? — pergunta divertido e eu vejo a
expressão surpresa de Jordan.
Nego e ele suspira aliviado. Então quer dizer que ele pode ter meu
apelido e eu não ter o dele?
— Na verdade eu pensei em outra coisa.
Na hora de escolher o lugar o certo seria eu fazer na direita, mas eu
queria que a minha tatuagem e a de Jordan ficassem juntas, lado a lado. A
minha tatuagem era do mesmo tamanho da de Jordan, porém eu a coloquei
na altura da minha cintura, assim ela ficaria lado a lado com a dele. Sei que
pode parecer clichê, mas é como eu me sinto com Jordan.
Nada no mundo poderia comprar o olhar vidrado de Jordan quando
viu a tatuagem feita para ele. Seus olhos até se encheram d’água e ele
resmungou de leve. Eu havia escrito ‘’Campeão’’ abaixo das luvas de boxe,
pois Jordan sempre seria o meu campeão.
19
JORDAN
A vida tem horas que parece um conto de fadas, semanas se
passaram e eu me sinto mais apaixonado por Katherine a cada dia, é como
se tivéssemos nascido para ficarmos juntos. Descobri várias coisas novas
sobre ela durante as nossas conversas noturnas e me sinto mais próximo do
que nunca.
Finalmente estamos chegando às semifinais e as câmeras vão nos
deixar por uma semana inteira, só filmando durante as lutas. Acontece que
o reality está sendo um sucesso absoluto e isso fez os produtores nos
oferecerem mais dinheiro para gravar no um mês que estava no contrato,
como nossas férias, depois de dias resolvendo chegamos ao acordo de uma
semana de férias das câmeras, nós já estávamos muito acostumados com
elas então não fazia muita diferença, afinal, o Underground estava quase no
fim. Faltam somente três semanas para acabar.
Katherine e eu ainda não falamos sobre o que será daqui para
a frente e isso me deixa aflito, quero implorar para ela ficar comigo, mas sei
que ela tem uma vida em Nova Iorque e não quero ser a pessoa a tomar
tudo dela sem dar algo em troca. Havia conversado com Sam sobre me
mudar para Nova Iorque, porém seria impossível para eu achar uma nova
academia ou um novo treinador. Conversei bastante com George, pai de
Katherine, nas últimas semanas. Ele está cada dia mais forte e melhor, disse
que seu médico estava vendo se poderia autorizar ele a assistir a minha luta
final, onde eu estarei lutando para ser o campeão mais um ano no
Underground.
Uma coisa que ainda me dói é ver que Katherine e Kristen não
voltaram a se falar, é triste ela ter uma irmã viva e elas não se falarem.
Decido ligar para Kristen enquanto Katherine está no salão com Tinna. As
duas tem conversado muito esses dias e eu tenho percebido Tinna olhando
anúncios de apartamento. Não quero ter esperanças, mas já estou tendo.
Não vou falar nada, vou esperar Katherine falar comigo.
Kristen atende no quinto toque.
— Oi Jordan.
— Oi Kris, como você está?
Ela suspira.
— Bem, apesar de tudo. — Então eu a escuto fungar. — Eu me sinto
um monstro, como eu pude jogar tudo para Kath? Meus pais já me
perdoaram, mas ela me odeia Jordan.
Eu passo a mão pelo rosto.
— Ela não te odeia, só está magoada. Vocês precisam se entender
Kris, você tem sido minha amiga há anos e eu não quero perder a sua
amizade, mas não posso ficar falando com você se isso magoar Katherine.
Vocês precisam conversar e resolver as suas diferenças. Ela está
arrependida de tudo que disse para você.
— Eu não sei o que fazer.
— Que tal você vir para a próxima luta?
— Eu vou pensar.
— Tudo bem, fique bem.
Eu desligo e suspiro. Queria perguntar se ela está com Liam, afinal,
vimos ela na luta dele contra mim, mas seria inapropriado e ela poderia
pensar algo diferente. Katherine chega horas depois, linda com os cabelos
soltos e hidratados, não que ela precise. Ela se senta no meu colo e suspira.
— Dia puxado? — Brinco e ela me dá um soco, sem tirar a cara do
meu pescoço.
— Entediante na verdade, e dolorido.
Eu puxo seu rosto para poder olhá-la melhor.
— Dolorido?
Ela ri e enfia a cabeça no meu ombro novamente como se tivesse se
escondendo.
— Depilação.
Ela estica uma das pernas e eu passo a mão por toda ela sentindo a
leveza da pele. Isso me leva a pensar em outras partes que ela também pode
ter feito isso. Subo minha mão para a sua virilha e ela segura a minha mão.
— Não, está dolorida e pinicando.
Eu fico preocupado, já tinha ouvido por minha irmã mais nova o
quanto essas coisas doem. As mulheres sofrem tanto para ficarem
‘perfeitas’ e nós não damos o devido valor. Eu não me importaria se Kit Kat
tivesse a perna tão peluda quanto a minha, desde que ela não sofresse eu
estaria feliz.
— Eu vou beijar para sarar. — Brinco e ela cai na gargalhada.
— Só você mesmo para me fazer rir.
Ela acaba adormecendo no meu colo e eu a coloco na cama, fico um
pouco com ela antes de ir pra academia malhar junto com Sirius, sua cara
não está das boas e eu tenho certeza de que é por causa da tatuagem. Ele
ainda está zangado que deixamos ele fazer essa burrice, eu até ofereci para
ele ir remover a tatuagem com laser, mas sua cara fechada só piorou. Mas
não foi só por isso, enquanto treinávamos um dia desses sem camisa alguém
tirou uma foto nossa e colocou na internet, na certa a sua menina viu. Sirius
nem sempre foi assim, um pegador nato. Ele era mais calmo e na dele,
depois que Amber o deixou, quando ainda eram jovens, ele decidiu nunca
ter nada sério com alguém.
Falando em sério Sam está na pior. Tinna, desde a nossa passagem
em Nova Iorque, não quer mais saber dele. Parece que ela perguntou
naquele dia que estávamos no bar se eles estavam namorando e Sam negou
e disse que não estava interessado em nada sério agora, principalmente de
uma menina que morava em outra cidade. Ela decidiu então que também
não perderia o seu tempo com ele o deixando como ele está agora.
Durante semanas depois das lutas eu acompanhei as meninas para
festas, Kit Kat dançava com sua amiga e comigo, sempre dando atenção
para ela, até que Tinna encontrasse o cara da noite. Nem preciso dizer que
Sam ficava puto nesses dias, mas não podia fazer nada.
— Está tudo bem, cara? — pergunto quando terminamos o treino e
nos sentamos para nos hidratar. Preciso voltar para o quarto para Kit Kat me
ajeitar, minhas costas estão doendo.
— Sim. — Ele termina a sua garrafa e me olha. — Conversei com
ela. — Ele passa a mão pelo cabelo e suspira. — Amber e eu vamos tentar
algo quando voltarmos para casa.
— Isso é bom, cara! — Eu bato no seu ombro e reparo a hesitação
nele. — Você não quer?
— E se eu ferrar tudo? Ela foi embora porque queria estudar, mas eu
não queria essas coisas, estava satisfeito em lutar e agora ser seu parceiro de
luta e treinador lá na academia.
Quando não estávamos em temporada, Sirius era um professor de
algumas artes na academia do Treinador Blake.
— Você já pensou em entrar nas lutas? — pergunto novamente, eu
sempre tive essa curiosidade do por quê ele nunca lutar.
— Amber sempre teve medo que eu me machucasse em lutas, então
eu jurei a ela que não lutaria mais. — Ele me olha de lado como se
esperasse que eu zoasse com a cara dele.
— Nossa, isso é uma grande promessa. E você manteve mesmo
quando não estavam juntos.
Ele dá de ombros e se levanta, eu faço o mesmo e empurro o seu
ombro.
— Depois diz que quem levou chave de boceta fui eu.
Volto para o quarto ainda rindo, quando entro escuto o chuveiro e
sorrio. Retiro minhas roupas e encontro Kit Kat tomando banho. Seguro
suas costas e ela se encosta em mim.
— Você treinou sem mim? — pergunta se virando e colocando as
mãos no meu peito.
— Você estava dormindo tão bonita, não consegui te acordar.
Ela me dá aqueles três tapas doloridos no ombro quanto está com
raiva.
— Eu sou a sua treinadora, Jordan. Você tinha que me acordar, ou
melhor, eu não ter dormido.
Ela tenta se afastar, mas eu não deixo. Seguro seu rosto em minhas
mãos.
— Eu sei que errei, me desculpe.
Ela suspira e eu sei que ela não está mais com tanta raiva.
— Nós precisamos começar a ser mais profissionais, Jordan.
Eu abaixo minha boca para seu pescoço, lambo e dou mordidinhas a
fazendo se arrepiar. Levanto meu rosto para ela não podendo evitar o
sorriso que me escapa.
— Depois vamos ser profissionais, agora eu só quero te provar.
Ela lambe os lábios e olha para os meus, antes de voltar a sua
atenção para meu rosto.
— E o que estamos esperando?
Sorrindo eu desço beijos para seu ombro e seios, em seguida me
abaixo e beijo sua barriga. Katherine ondula, e sorri mordendo o lábio
quando eu coloco uma de suas pernas no meu ombro e a seguro pela bunda
para mantê-la parada, então me delicio com o seu sabor. Seus gemidos são
ouvidos pelo eco do banheiro, ela segura meus cabelos com força gemendo
o meu nome quando vem. Quando entro nela eu tenho que nos apoiar na
parede para nos manter em pé, estar com Katherine é sempre tão intenso,
como se fosse a primeira vez. Gemo seu nome em seu ouvido quando
venho dentro dela.
Quando acabamos, ambos estamos com a respiração ofegante e um
sorriso no rosto.
— Te quero para sempre na minha vida, Kit Kat. — Digo contra o
seu pescoço.
— Eu também gostaria disso.
20
KATH
Me concentro em Jordan lutando, ele está com o corpo todo suado,
porém está com toda a força. Ele se move como um predador pelo
octógono, estavam certos de dizer que ele é divertido fora do campo e letal
lá dentro. Não há risos ou piada, somente um cara forte e concentrado,
lutando para se tornar o melhor dos melhores e realizar todos os seus
sonhos e objetivos. Dizer que eu tenho orgulho de Jordan seria pouco, eu
amo essa dedicação que ele tem.
Quando o sino toca encerrando eu vibro junto com a plateia, sabemos
quem venceu. O locutor se aproxima e pega a mão deles, então levanta o
braço de Jordan e todos vão a loucura, com essa vitória Jordan entra para a
final do Underground. Eu estou tão feliz, a próxima luta dirá quem irá lutar
com ele e eu estou torcendo que Martelo ganhe, pois quero ver Jordan
acabar com ele em campo.
— Até o final da noite vamos saber quem vai enfrentar o
Destroyer na final do Underground! — O locutor anuncia.
Jordan cumprimenta o seu adversário e até sorri, então desce do
octógono e vem diretamente na minha direção, ele para na minha frente e
me puxa para um abraço e em seguida um beijo que me tira todo o ar.
— Nós estamos na final Kit Kat! — Seus olhos brilham de emoção.
Nos abraçamos novamente e é difícil controlar a emoção, saber que
eu estou fazendo parte disso o ajudando a chegar até aqui me traz uma
enorme sensação de paz. Depois de me afastar de Jordan, abraço Tinna e os
meninos. Donna se aproxima com um microfone em mãos.
— Jordan como está o coração, agora que você vai estar na final?
Jordan aceita o microfone e começa a falar, sem tirar a mão da
minha cintura.
— É uma sensação ótima e vai ser melhor ainda na final, eu tenho
certeza. É maravilhoso ver que meu esforço valeu a pena.
O olhar dela desce para o corpo de Jordan e para na tatuagem.
— Olha, as coisas estão sérias. Quando sai o casório? — Brinca,
mas Jordan sorri.
— Em breve, se Kit Kat aceitar.
Eu fico pálida e não consigo nem respirar, acabamos de começar a
namorar e ele já quer se casar? Acho que viu o meu estado porque ele ri e
me puxa para os seus braços.
— E você Katherine, como é ver que o seu aluno chegou à final com
a sua ajuda?
Eu respiro e sorrio para Jordan.
— Maravilhoso, nós trabalhamos e estamos trabalhando bastante
para chegar até aqui e é uma sensação de dever cumprido.
— E será mais ainda quando o Destroyer ganhar a final, né? —
Continua e eu aceno.
— Com certeza, vamos trabalhar ainda mais para conseguirmos o
cinturão.
Jordan coloca a cabeça no meu pescoço e sussurra.
— Estou doido para ver você só com o meu cinturão.
Minhas bochechas coram e eu dou uma cotovelada em Jordan, que
ri.
— Você não presta!
Continuamos a entrevista e respondemos a outros repórteres, Jordan
está sempre comigo e me dá espaço para falar. Alguns perguntam sobre o
nosso relacionamento e se isso pode atrapalhá-lo na final, mas Jordan nega.
— Eu irei lutar ainda melhor, porque sei que a minha vitória é muito
importante para ela, trabalhamos muito para chegar até aqui.
Eu o beijo sem me importar de ser profissional. Não consigo resistir
a esse homem.
Depois que Jordan toma um banho para tirar o excesso de suor, nós
entramos no carro, vejo que ele está um pouco quieto e mexendo no celular.
Olho para Tinna que está conversando baixo com Sam, acho que estão
fazendo as pazes. Preciso urgentemente falar com ela. Olho para Sirius que
sorri para mim.
— Descobriu que eu sou mais bonito que Jordan e está arrependida?
— Cale a boca. — Brinco e ele pisca. — Vem cá, quando vamos
conhecer a sua namorada?
As bochechas dele coram.
— Não estou namorando!
Tinna ri.
— Está sim, vive no telefone com ela e nem está mais pegando as
meninas nas ultimas festas que fomos.
Ele resmunga algo para si de como somos chatas e Tinna e eu
batemos as mãos. Faço um sinal de que quero falar com ela, e ela acena.
Olho para Jordan que está guardando o celular.
— Está tudo bem?
Pego sua mão e começo a retirar os nós, ele geme com o alivio.
— Sim, vai ficar tudo bem.
Eu aceno e continuo o trabalho até que chegamos ao hotel. Ele
hesita na porta me fazendo olhá-lo.
— O que foi?
Ele coça a cabeça bagunçando mais seus cabelos.
— Kristen está lá em cima, vocês finalmente vão poder conversar.
Minha cara de surpresa deve ter sido um pouco demais, pois Jordan
me segura pela cintura como se eu fosse cair a qualquer momento, o que
não é bem uma mentira.
— Por que ela está aqui?
— Eu a convidei, vocês precisam se acertar.
Olho para a planta do hotel tentando pensar, eu sinto tanta falta dela
e não é de agora. Nós já perdemos tantos anos separadas, não é justo
continuarmos assim agora. Me viro para Jordan e aceno aceitando. Nós
entramos no elevador e ficamos abraçados, em seus braços eu me sinto
segura e protegida, é o efeito que ele tem em mim. Segurando abro a porta
vendo Kristen sentada, ela está sozinha o que me faz crer que todos foram
para seus quartos. Jordan faz um sinal que se vai também mas eu aperto
suas mãos.
— Vocês precisam conversar sozinhas Kit Kat.
Eu aceno e a olho para Kristen que parece tão nervosa quanto eu.
Volto minha atenção para Jordan.
— Vá tomar um banho e depois me chame para te massagear, tenho
que aproveitar que seu corpo ainda está quente.
Ele acena e se vai, sei que tenho pelo menos dez minutos de
conversa com ela antes de Jordan me chamar, eu espero. Me sento ao seu
lado e a olho, Kristen parece estar tão triste quanto eu.
— Oi. —Digo sentindo meu coração acelerado.
— Oi Kath. — Ela suspira e me olha. — Algum dia você vai me
perdoar, eu estou realmente arrependida por tudo.
— Você alguma vez iria contar a verdade?
Ela coloca as mãos na perna secando o suor.
— Se você estivesse lá, com certeza contaria, mas você estava longe
e eu não queria mais sofrimento. Fui egoísta e me arrependo muito. Eu me
sinto tão mal que você me odeia Kath.
Eu não posso ouvir mais e a puxo para meus braços a abraçando
apertado. Ela pode ser a minha irmã mais velha, mas eu que sempre agi
como tal. Kristen sempre foi frágil e doce demais. Acaricio suas costas
enquanto ela chora.
— Algum dia você vai me perdoar? — pergunta sussurrando com a
voz chorosa.
— Eu te perdoo, Kris. Parei para pensar e eu tenho a minha família
de volta, amigos, amor. Não quero guardar mais magoas no meu coração e
eu sinto sua falta.
Ela soluça.
— Eu também sinto a sua. — Ela passa a mão pelo meu rosto
secando as minhas lágrimas e eu faço o mesmo que ela. — Será que um dia
seremos como antes?
Será que um dia eu conseguiria confiar nela assim novamente?
Olhando para a minha irmã tão triste eu não posso negar, sei que isso
destruiria ela, mas também não posso afirmar. O fato é que eu nunca
confiarei cem por cento nela novamente, não importa quando tempo passe.
O perdão é meu para dar, mas a confiança não. A confiança vem do meu
coração e nele eu não posso mandar.
— Quem sabe um dia? — respondo com o melhor que posso.
Nos ficamos em silencio só abraçadas enquanto ela continua
pedindo desculpas.
— Você está com Liam? — pergunto curiosa, apesar de não sentir
nada por ele eu quero saber se essa traição deles pelo menos valeu para
alguma coisa. Eu ficaria feliz por ela se eles ficassem juntos.
Kristen me dá um sorriso triste.
— Algumas coisas as vezes não é pra ser Kath. Começamos tão
errado, não há como corrigir isso.
Eu seguro sua mão e aperto.
— Não se prenda ao passado Kris, busque sua felicidade e seja feliz.
Pouco depois ela vai embora e eu entro no quarto vendo Jordan
sentado na cama, ele usa só uma toalha na cintura e seus cabelos pingam
água.
— Como foi lá?
— Foi tudo bem.
Pego os óleos e conserto o corpo de Jordan e coloco gelo na sua
mandíbula que começa a ficar roxa.
— Como eu fui tão sortuda de ter um namorado tão lindo por fora
quanto por dentro? — pergunto depois de tomar banho e me deitar ao seu
lado. Jordan está cansado da luta e está quase caindo de sono, eu acaricio
seus cabelos.
— Eu é que sou o homem mais sortudo do mundo por ter você
comigo. — Ele me beija de leve e depois boceja. — Desculpa.
Eu bocejo também. O bocejo é uma coisa engraçada e enigmática.
Me aperto mais contra ele e beijo de leve o seu peito.
— A partir de amanhã os câmeras voltam, né? — Resmungo e eu o
sinto assentir.
— Sim, estamos na final Kit Kat.
— Sim, estamos. Estou tão orgulhosa de você.
— Eu estou orgulhoso de nós.
Eu acaricio mais seu cabelo e sinto quanto ele adormece.
— Eu te amo, Campeão.
— Eu te amo, Kit Kat.
2 anos depois...
Poso para a foto com a minha concorrente, sinto a raiva me
tomando, mas não demonstro. Esse é meu segundo UFC, eu consegui
ganhar o primeiro com muito sofrimento e quase desistindo. Ver a minha
família torcendo por mim me deu força para continuar e chegar aonde eu
cheguei. Eles acreditavam mais em mim do que eu mesma.
Olho bem nos olhos de Alanis e me coloco em pose enquanto batem
as fotos. Estou com meus cabelos soltos cheios de cachos que Tinna havia
feito, short preto apertado contra o meu corpo com o elástico da cintura
com as marcas do UFC, o meu top era desse mesmo jeito, consegui essa
roupa exclusiva e sob medida feita para mim pela cunhada de Isis.
Mantemos contatos e até passamos férias na Sicília, na Itália, junto com
eles.
Eu estou mais musculosa do que estive há dois anos, meu estomago
está rasgado com os treinos que faço junto com Jordan, mas eu nunca me
senti tão bonita. Jordan faz questão de me dizer isso sempre que estamos
juntos. Modéstia a parte eu fui nomeada a lutadora mais bonita e sexy do
ano. Jordan adorou, mas pirou também quando eu fui convidada pela revista
a fazer uma sessão de fotos mais sensuais.
— Eu vou acabar com a sua raça, vou limpar o chão com a sua cara
de princesinha. Vai me pagar por aquele dia que eu estava distraída. —
Alanis diz quase babando tentando me causar medo. Eu a olho de cima a
baixo e sorrio. Ela virou meme e vergonha por apanhar tão fácil e parece
que não superou isso ainda.
— Me mostra no octógono e aí a gente conversa. — Respondo e um
coro de ‘’uou’’ começa. Papai, meu treinador, me puxa para trás, mas tem
um sorriso no rosto.
— Não provoca. — Ele começa. — Se mantenha focada e o
cinturão é seu. Nós treinamos para isso.
Eu aceno focada. Papai teve que treinar Jordan e eu juntos, mas nos
fizemos por onde, para ajudá-lo.
— Onde ele está? — Pergunto olhando em volta, desde que
chegamos aqui eu não o vi ainda e isso me deixa tensa.
A luta de Jordan pelo cinturão masculino é amanhã e eu sei que ele
precisa estar tão focado quanto eu.
— Logo ele aparece.
Termino uma entrevista e vou para o meu quarto e mando
mensagem para ele enquanto Tinna e minha mãe trançam meus cabelos.
— Se mantenha focada, filha. Logo ele aparece. — Mamãe diz as
mesmas palavras de papai e eu a olho curiosa para saber o que está
acontecendo.
Eu estou por poucos minutos para subir no octógono para mostrar
que eu sou capaz, mas eu preciso vê-lo antes, só assim eu me manterei
focada.
— Daqui a pouco ele está aqui, Sam acabou de me mandar
mensagem. — Tinna me acalma.
Tinna e Sam se casaram ano passado e a cerimônia foi maravilhosa.
Tenho tanto orgulho da minha amiga. Amber e Sirius fizeram uma pequena
festa de casamento antes da temporada e aproveitaram o tempo que ainda
tinham para viajar. Quase que eles não conseguiram embarcar com a gente.
Resumindo, eu praticamente moro com Jordan, apesar de raramente bater o
pé para ficarmos na minha casa, sim agora eu moro sozinha. Mas
praticamente não ficamos na minha casa, já que só ficamos metade do ano
em casa enquanto a outra metade estamos na estrada.
Jordan entra no meu camarim e vem até a mim. Ele ainda está mais
bonito do que quando nos conhecemos.
— Hey, Kit Kat. Está pronta para limpar o chão com a cara daquela
vaca mais uma vez?
Eu rio e aceno me levantando.
— Pronta.
— Com certeza está pronta. — Seu olhar bebe o meu corpo e eu
sorrio beijando sua boca antes de me afastar.
— Vai torcer por mim?
Ele toca a minha trança e acena.
— Com certeza, e ainda terá uma surpresa depois da luta.
Coloco meus braços a sua volta.
— Ela envolve KitKat? Preciso de um urgente, assim que
terminarmos a luta.
Tem sido uma tortura não poder comer chocolate durante toda a
temporada. Jordan ri.
— Isso também. — E beija a ponta do meu nariz.
— Está ansioso para amanhã?
— Estou mais ansioso para hoje. — Confessa ao mesmo tempo em
que um dos organizadores bate na porta dizendo que é a minha vez, que a
outra já foi anunciada. — Vai lá mostrar do que é capaz, Kit Kat.
Lhe dou um selinho antes de começarmos a caminhar para fora.
Visto meu roupão de cetim preto e coloco o meu protetor de boca. Um rock
começa a tocar e a multidão vai a loucura gritando o meu nome.
— E agora ela, a rainha do octógono. A mais bela e mortal do UFC,
lutando para ter o seu segundo cinturão. A única, Katherineeeeee ‘Revenge’
McKennaaaaaaaaaaaaaaaa.
Eu paro por um segundo imaginando que ele errou meu nome, olho
para Jordan que nem me olha. Sigo meu caminho ainda meio tonta,
imaginando como soou bem o meu nome com o sobrenome de Jordan.
Quem sabe com isso ele acorda e me pede logo em noivado. Subo no
octógono e tudo passa rápido antes da luta começar.
Nunca fui de fazer jogo, sempre acho que meu pai vai acabar
passando mal e com isso eu vou para cima e termino a luta o mais rápido
que eu consigo, só assim posso respirar direito. Hoje não é diferente.
Abstraio o grito da multidão e foco nela, em Alanis. Nós não conseguimos
lutar ano passado já que ela foi eliminada antes de poder me enfrentar, mas
agora é diferente. Quando eu bati em Alanis, dois anos atrás, ela realmente
estava distraída, eu quero que essa luta prove que ela perdeu para mim e
merece ser subjugada.
Atualmente Kris e eu estamos novamente amigas, ela está
namorando Liam, o que pelo menos provou que a relação deles não foi
somente desejo. Valeu de alguma coisa.
Parto para cima de Alanis demonstrando toda a minha raiva por ela,
mas hoje quero ficar com ela o maior tempo que conseguir. Alanis
realmente é mais alta que eu, mas agora eu sou mais forte e tenho um
propósito.
Durante os intervalos eu luto com garra e força. Meu supercílio está
cortado e também o canto da minha boca, enquanto meu pai me limpa eu a
observo sem conseguir respirar direito enquanto eu faço meu máximo para
manter a minha respiração bem uniforme.
— Acabe com ela nesse round Katherine. — Meu pai diz. — Eu sei
que você é capaz.
O sino toca e a luta continua, a passo para o chão e ela me prende
tentando me dar um mata-leão, mas eu consigo sair e a monto dando-lhe
socos na cara que ela não consegue se defender. O juiz nos separa dando
tempo para ela se levantar e a luta continuar. Assim que ele dá o sinal para
continuarmos eu vou para cima dela e a prendo entre a grade do octógono
distribuindo uma infinidade de sequência de socos até que ela despenca no
chão.
— É nocauteeeeeeeeeeeee, senhoras e senhores!
Eu grito quando Jordan me ergue do chão me abraçando. Os
paramédicos atendem Alanis enquanto o juiz e todos entram. Vejo o
cinturão e meu coração acelera ainda mais, por minhas contas eu com
certeza ganhei de Alanis, mas só vou sossegar quando tiver meu cinturão
em minha cintura. O cinturão é grande e dourado, com a palavra UFC
escrito bem grande. Olho para Jordan trocando um olhar com ele, às vezes
eu o monto só usando nossos cinturões. Ele sorri sabendo o que eu estou
pensando.
— Continue com esse pensamento. — Ele diz no meu ouvido antes
de se afastar.
O juiz pega a minha mão e de Alanis e a plateia vai a loucura. Vejo
Bella, Isis, Carina e as outras meninas junto de Tinna, Amber e Kris e sorrio
para elas. Não sabia que todas estariam aqui hoje. Olhando em volta eu
percebo que há muita gente que eu conheço aqui, os amigos da academia,
colegas da faculdade. Começo a me perguntar o que está acontecendo
quando o juiz ergue a minha mão.
— A vencedora da noite é Katherineeee ‘Revenge’
McKennaaaaaaaa! — Novamente o locutor diz meu sobrenome errado, mas
em seguida algo acontece.
Balões e pétalas de rosas caem do céu me fazendo pular assustada.
Papai coloca o cinturão na minha cintura e eu já não estou entendendo mais
nada. Então ele aparece. Jordan está com um buque de flores e KitKat em
mãos e meus olhos já se enchem d’água quando eu percebo o que está
acontecendo. Ele tem um microfone em mãos.
— A primeira vez que te vi você nem ligou pra mim, era um Natal
de muitos anos atrás. Você chegou já tarde, cumprimentou seus pais com
amor e só me olhou de igual para igual. Pra você eu não era o garoto de
ouro do seu pai ou qualquer outra coisa. Tenho que confessar que desde lá
eu já tinha uma queda por você. Quando nossos olhos se encontraram anos
depois eu soube que você seria a mulher da minha vida. — Minha garganta
se fecha e lágrimas de emoção caem dos meus olhos quando ele me dá esse
buque. — Kit Kat eu quero passar o resto dos dias da minha vida ao seu
lado, com nossos ursinhos juntos até ficarem velhos e empoeirados. — Eu
rio entre as lágrimas. — Quero te chamar de minha esposa e poder contar a
nossos filhos e netos o que é o amor de verdade.
Ele se ajoelha no chão e papai pega o buque de flores — e Kit Kat
— da minha mão.
— Kit Kat você aceita casar comigo? — Antes que ele terminasse a
frase eu já estava acenando com a cabeça e me jogando em seus braços.
— Sim, sim para sempre. — Ele me aperta contra ele antes de
colarmos nossos lábios num beijo apaixonado.
— Eu iria fazer isso amanhã, mas eu queria que fosse hoje. Porque a
sua vitória é a minha vitória. A sua alegria é minha alegria Kit Kat. Eu te
amo mais que tudo.
— Eu também te amo.
EPÍLOGO
JORDAN
Puxo um pouco a minha gravata olhando entre as árvores esperando
Katherine aparecer, depois que ela disse sim todos ajudaram a fazer com
que o nosso casamento acontecesse o mais rápido possível. Na luta final eu
pedi ao locutor para chamá-la com o meu sobrenome, mas eu não
imaginava que eu queria tanto que ela o tivesse até aquele momento.
Agora quatro meses depois estamos nos casando com a festa que ela
tem direito. Depois de noites e noites decidimos nos casar nas Maldivas e já
ficar lá para a lua de mel. Ela estava mais ansiosa do que eu, e, olha que
isso é difícil. Há três meses resolvemos parar com o anticoncepcional e
começar a tentar termos um filho. Katherine finalmente se sentia pronta
para ser mãe e esse era o meu maior sonho, ver o fruto do nosso amor com
a gente. O médico nos alertou enquanto tirava o implante do braço dela que
poderia demorar meses até que ela engravidasse, mas estávamos animados e
tentando bastante.
Um dia divertido foi quando fomos escolher o sabor do bolo de
casamento há pouco mais de dois meses. Eu quis fazer uma surpresa para
Katherine, desde que a temporada acabou e ela estava quase chorando por
um chocolate, mas eu fiz todos sermos firmes e não deixar ela comer,
mesmo quando de madrugada ela me implorava com a voz doce. Na manhã
que fomos experimentar o bolo, Katherine estava de cara feia porque não
pode escolher o sabor que queria diretamente, teria que provar vários.
— Pra isso vocês não reclamam de eu comer, né? Bolo é muito pior
do que um misero KitKat! — Reclamou enquanto entravamos no salão.
Todo o grupo teve que esconder o riso antes que ela nos batesse. — A
próxima temporada é só daqui a seis meses, não estou perdendo o foco.
Treinador bufa uma risada e Katherine o fuzila com olhar.
— Continue rindo treinador que eu vou contar pra mamãe que você
anda saindo da dieta que o médico receitou.
— O que? — Sonia pergunta surpresa e eu rio alto enquanto
entramos.
— Isso foi mal, Kit Kat.
Ela se vira e me dá aqueles três tapas doloridos no ombro.
— O próximo é você.
Ela entra no outro salão e para quando vê as mesas com diversos
bolos e KitKats a sua frente mostrando de que o bolo é feito.
— Bem-vinda ao paraíso, aqui temos mais de duzentos sabores de
KitKat e vinte opções de bolo com recheio de KitKat.
Ela tampa a boca com a mão olhando tudo com os olhos grandes de
fome.
— Eu decidi, em conjunto com todos, tirar algumas, leia-se muitas,
opções de bolo porque eu tenho certeza que ninguém vai querer um bolo de
KitKat de wasabi, chá verde, chá preto, molho shoyu, milho grelhado,
queijo camembert, batata roxa...
— Eu entendi. — Ela afirmou. E se aproximou de uma mesa que eu
queria que ela visse.
— Se divirta, aí tem duzentos sabores diferentes de KitKat. Você
não sabe como foi difícil achar todos esses sabores.
No meio de brincadeiras nos divertimos provando os mais diferentes
tipos de KitKat, em seguida provamos os bolos nos deliciando. No final
todos olhávamos esperando-a escolher.
— Vocês vão me bater se eu quiser a cobertura do tradicional de
chocolate preto e o de chocolate branco?
Eu ri a abraçando apertando.
— Sabia que escolhi a mulher certa.
Ela me cutuca e sussurra no meu ouvido me fazendo não conseguir
parar de rir.
— Será que podemos levar o restante dos bolos escolhidos pra casa?
Dias depois ela teve a sua viagem com as amigas num final de
semana inteiro para ir achar o vestido perfeito. Quando ela me ligou
emocionada dizendo que tinha achado o vestido dos seus sonhos eu
confesso que chorei com a emoção dela, o que posso fazer, sou emotivo
quando se trata dela.
— Não dá pra fugir cara. — Sirius disse ao meu lado.
Eu ri.
— Nunca iria fazer isso.
— Até porque está no meio de uma ilha cercada por tubarões. —
Sam completou me fazendo balançar a cabeça para eles.
As damas começaram a entrar e os meus padrinhos a assobiar. Suas
madrinhas eram Tinna, Kris, Amber, Bella, Isis, Carina, Elena, Penny e
Sara e os meus padrinhos eram seus pares e maridos, apesar de eu ainda não
ir muito com a cara de Liam. Os filhos das amigas de Katherine estão com
avôs e uma avó, e Miguel, um amigo deles, que se tornou meu também, tem
o filho em seus braços junto com sua namorada enquanto ajuda a cuidar dos
outros bebês.
A banda começou a tocar os primeiros acordes e eu reconheci de
cara a melodia então a cantora abriu a boca cantando os primeiros versos de
Say You Love Me, da Jessie Ware. A nossa música.
Minha respiração parou ao vê-la. Katherine estava mais bela do que
já imaginei. Seu longo vestido acentuava seu corpo e suas curvas. Era num
corte sereia e nunca vi mulher mais bela do que ela. Seus cabelos estavam
soltos com cachos e uma coroa de flores em sua cabeça. Lágrimas caíram
dos meus olhos ao vê-la. Katherine brilhava. Ela sorriu para mim
emocionada e até acelerou os passos para chegar mais rápido. Seu pai
entregou a sua mão para mim e a apertou.
— Eu entrego minha filha em suas mãos Jordan, espero que você a
trate como uma rainha.
— Com toda certeza.
Segurei as mãos de Katherine e sem me conter lhe dei um beijo de
leve.
— Você está perfeita.
Katherine secou minhas lágrimas entre sorrisos.
— Você perdeu a aposta, chorou. — Indicou e eu ri.
— Ainda teremos outras apostas, muitas, por muitos e muitos anos.
O padre começou a falar, mas eu não podia deixar de olhá-la.
Katherine estava tão perfeita. Minha mulher poderia estar vestida como
uma princesa ou nua, ela sempre seria a mulher mais bonita que já vi. Mal
ouvi quando ele finalmente falou que eu podia beijar a noiva. Peguei
Katherine nos meus braços e a beijei com fervor.
Nós passamos enquanto nossos amigos jogavam arroz e pétalas de
flores na gente fazendo Katherine sorrir encantada. Quando estávamos
finalmente sozinhos eu a abracei sentindo seu corpo contra o meu.
— Estou doido para ficarmos sozinhos. — Confesso em seu ouvido
e sinto seus lábios no meu pescoço.
— Na verdade vai demorar um tempo até que estejamos sozinhos
novamente.
Levanto a cabeça e ela tem lágrimas nos olhos enquanto ela pega a
minha mão e coloca sobre a sua barriga plana.
— Descobri essa manhã que teremos um bebezinho conosco.
— Você está grávida?
Ela ri e algumas lágrimas caem dos seus olhos.
— Não, estou com gazes presos. É claro que estou grávida! E de
quase três meses segundo o teste de gravidez de farmácia!
— Três meses? — Pergunto surpreso.
— Como eu estou em forma não apareceu realmente. — Ela toca a
barriga. — Você me negou comer KitKat quando eu já estava grávida! —
Ela tenta me acertar um soco, mas eu desvio.
— Eu não sabia, mas depois tivemos a prova dos bolos e todos os
KitKats que você pode comer e ainda levamos para casa. — Eu paro e a
olho. — Nosso bebê já era olhudo desde pequeno.
Ela ri balançando a cabeça. Eu toco a sua barriga plana e acaricio.
— Nós vamos ter um bebezinho, Kit Kat? Eu já o amo.
Eu rio quando mais lágrimas começam a cair dos seus olhos. Seco
uma a uma das suas lágrimas emocionadas.
— Quem é a chorona agora?
Ela finge morder meu dedo.
— Você vai chorar com a surra que eu vou te dar se tiver que sentir
a dor do parto.
Eu suspiro teatralmente.
— Acho que mereço isso.
Katherine ri enquanto coloca os braços envolta do meu pescoço.
— Eu te amo para sempre, Campeão. Você foi a minha melhor
quebra de promessa.
— Eu te amo mais, Kit Kat. Você foi a maior luta e o maior prêmio
que eu já recebi.
— Está me chamando de cinturão? — Ela bufa uma risada.
Eu beijo os seus lábios.
— Você que recebeu um prêmio, meu coração.
Ela sorri emocionada.
— Eu te amo, Jordan.
— Eu também te amo, Kit Kat.
Fim
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