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Escritas de si: relato de experiência sobre as vivências em

Educação Matemática I
Barreiras – Bahia, julho de 2022
Universidade Federal do Oeste da Bahia – Centro das Ciências Exatas e das Tecnologias -
Área de Educação Matemática
CET0367 – Educação Matemática I: aspectos históricos e metodológicos

PESPECTIVA E OBSERVAÇÕES ACERCA DO COMPONENTE CURRICULAR:


EDUCAÇÃO MATEMÁTICA I

Gabriela Inaiá Lustosa Guedes Souza


gabriela.guedes@ufob.edu.br

Antes do início das aulas eu pensei que a disciplina trataria apenas da evolução da
educação matemática, o surgimento dela e etc. E então, seria apresentado para nós alguns
modelos de ensino. Entretanto, já nos primeiros encontros, o professor passou uma visão
sobre qual é o papel das universidades através do artigo da Maria Helena Silva Costa
Sieutje - Refletindo sobre os três pilares de sustentação das universidades: ensino-
pesquisa-extensão. Onde ela aborda o ensino, a pesquisa e a extensão, essa reflexão foi
muito importante para mim, porque a partir dessas discussões comecei a perceber que
existiu e existe um longo caminho para a universidade percorrer, mesmo ela já tendo
passado por diversas transformações.
A universidade carrega grandes responsabilidades, principalmente quando se
remete a formação de professores, como é o meu caso, é preciso formar profissionais que
pensem, que organizem suas aulas, que saibam que cada aula vai ter um impacto, para que
o aluno possa aproveitar as aulas de matemática e a mesma passe a ser uma matéria que
traga curiosidade e não medo. É incrível como uma discussão sobre os pilares da
universidade me fizeram perceber o quão valioso é ter e poder estudar numa universidade e
participar de vivências como essa proporcionadas pela disciplina.

Sendo assim, após essa explanação o professor começou a introduzir conceitos


sobre a educação matemática como campo profissional e científico, para fazer o estudo
sobre esse tema, o professor sugeriu a leitura do capítulo um – A Educação Matemática
Como Campo Profissional e Científico - do livro de Fiorentini e Lorenzato, a partir dessa
leitura, me senti, de fato num curso de licenciatura, porque eu vejo o quanto é importante
pesquisas na área de educação matemática, pois ser professor de matemática não é algo
simples e ver o surgimento das primeiras pesquisas sobre educação matemática e
acompanhar a evolução desses estudos através dos registros citados no livro de Fiorentini e
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Lorenzato foi imprescindível para uma estudante de licenciatura que busca ser uma
profissional responsável.

Mais adiante nas aulas de Educação Matemática houve uma distinção que chamou
minha atenção, no livro - A Formação Matemática do Professor: Licenciatura e Prática
Docente Escolar- escrito por Plínio Cavalcanti Moreira e Maria Manuela M. S. David, no
livro os autores denotam a diferença que existe entre a matemática escolar e a matemática
acadêmica.

Sobre as características entre a matemática acadêmica e a escolar, no contexto de


demonstrações:

Uma das distinções importantes entre a matemática acadêmica e a matemática


escolar é a que se refere ao papel e aos significados das definições e das
demonstrações em cada um desses campos do conhecimento matemático.
Embora em ambos exista certamente a necessidade de bem caracterizar os
respectivos objetos, de validar as afirmações a eles referidas e de explicar as
razões pelas quais certos fatos são aceitos como verdadeiros e outros não, a
formulação das definições e das provas e o papel que desempenham em cada um
dos contextos são, todavia, bastante diferentes. (Moreira e David, 2010, p. 22)

Tal distinção, na minha compreensão enquanto estudante, se deve ao ambiente em


que o professor está trabalhando, as técnicas, a forma como a matemática vai ser
apresentada deve estar em consonância com o ambiente em que ela está sendo colocada em
prática, a universidade e a escola são ambientes com propostas diferentes, embora, ambas
busquem conhecimento.
Vejo que muitos desafios aguardam os professores de matemática, pois ensinar
matemática é algo desafiador, porque requer quebrar alguns preconceitos como: “a
matemática não é para qualquer pessoa”, “não preciso de todos esses conteúdos
matemáticos no meu dia-a-dia, para que estudar isso”, “matemática é impossível”. Porém,
nós graduandos e futuros professores de matemática precisamos buscar estratégias para
contornar esses problemas e tabus sobre a matemática.
Por isso, para que a matemática deixe de ser algo assustador para o aluno e passe a
ser um conhecimento presente em diversas áreas, são utilizados métodos que auxiliam no
ensino e desperte o interesse do aluno, alguns desses métodos foi explanado em sala de
aula e através de seminários realizados por mim e por meus colegas, trouxe um pouco do
objetivo de cada um e como ele funciona, em especial, a modelagem matemática, tema na
qual eu e um outro colega ficamos responsáveis por apresentar, foi um método de
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investigação, na qual eu me identifiquei muito e pretendo utilizá-lo quando eu estiver


atuando na profissão.
A modelagem matemática me encantou, pois o professor se insere na realidade dos
alunos e o coordena na busca de soluções de um problema apresentado no início da aula,
problema esse que faz parte do contexto social em que o aluno está inserido, e no processo
de criação de ferramentas para a solução do problema, os alunos tem a autonomia e o
protagonismo, no que se refere a busca da solução. Dessa forma, o aluno manuseia e
participa fervorosamente contribuindo para o despertar da curiosidade, do raciocínio logico
e do pensamento crítico.
Ainda voltado para a conduta do professor e a técnica adotada por ele como
educador, essas estratégias de ensinar matemática tem relação direta em como o aluno vai
receber aquele conhecimento, o que denota a importância das tendências associadas ao
objetivo que o professor almeja e de acordo com a realidade da turma, pois cada aluno é
único. Por isso, eu gostaria de ressaltar uma citação de Fiorentini em seu artigo - Alguns
Modos de Ver e Conceber o Ensino, que fala justamente sobre a diferença de dois
professores que ensinam usando métodos distintos, no recorde abaixo ele explícita isso.

Da mesma forma, o professor que acredita que o aluno aprende Matemática


através da memorização de fatos, regras ou princípios transmitidos pelo
professor ou pela repetição exaustiva de exercícios, também terá uma prática
diferenciada daquele que entende que o aluno aprende construindo os conceitos a
partir de ações reflexivas sobre materiais e atividades, ou a partir de situações-
problema e problematizações do saber matemático. (Fiorentini, 1995, p. 5)

Essa concepção das tendências me transportou para vários cenários, alguns em que
eu percebi essas tendências sendo utilizadas. A tendência formalista clássica, por exemplo,
é uma tendência que foi bastante utilizada pelos meus professores quando eu estava no
ensino fundamental e médio, principalmente nas áreas de exatas, e essa é uma tendência
que eu não me identifico, pois o aluno ele precisa compreender e não memorizar e aceitar.
A matemática é indispensável, no entanto, alguns professores acabam criando uma imagem
de que ela é estática e que não há tanta utilidade aprender conceitos matemáticos.
Portanto, essa disciplina abriu portas para um mundo totalmente novo para mim,
professora em formação, ela me permitiu questionar sobre: Qual é o meu papel como
professora? Ou melhor ainda, qual é o meu papel como professora em formação? Eu tenho
o privilégio de estar cercada por professores como ótimas visões e com estratégias que
buscam melhorar cada vez mais o ensino da matemática. Então, o meu papel é aprender e
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estudar com esses professores, para que ao ministrar minhas aulas, os meus futuros alunos
possam ver a matemática como algo palpável e esta passe a ser um catalisador para
despertar a curiosidade dos estudantes dentro do âmbito escolar e no seu cotidiano
também. Pois, “Se corretamente observada, ela possui não somente a verdade, mas também
a suprema beleza - uma beleza fria e austera, sem os belos ornamentos da pintura ou da
música, mas sublimemente pura" (RUSSELL, ensaio -1919).

Referências

FIORCNTINI, Dario. Alguns Modos de Ver e Conceber O Ensino da Matemática no


Brasil. Revista Zeteriké, ano 3, nº 4, r, p. 1-38, 1995

FIORENTINI, Dario; LORENZATO, Sérgio. Investigação em educação matemática:


percursos teóricos e metodológicos. 1ª Ed. Campinas: Autores Associados, 2006, 226
páginas.

MOREIRA, Plínio; DAVID, Maria. A formação matemática do professor: licenciatura e


prática docente escolar. Belo Horizonte, Autêntica Editora, 2010. 120 páginas.

SIEUTJES, Maria. Refletindo sobre os três pilares de sustentação das universidades:


ensino-pesquisa-extensão. Rio de janeiro, junho, 1999.

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