Você está na página 1de 4

• Antiguidade crianças deficientes eram deixadas ao relento para que

morressem.
• Idade Média, de 476 até 1453, com o fortalecimento do cristianismo, a
situação modificou-se um pouco, já que todos passaram a ser igualmente
considerados filhos de Deus e possuidores de uma alma
• A Inquisição Católica e a consequente Reforma Protestante. Manifestações
populares em toda a Europa, aliadas a manifestações dentro da
própria Igreja, começaram a questionar o abuso do poder do clero.
Esse processo passou a colocar em risco o poder hegemônico da Igreja
que, na tentativa de se proteger de tal insatisfação, inicia um dos períodos
mais negros da história da humanidade: a caça e extermínio daqueles aos
quais passou a chamar de hereges e “endemoniados”, sendo estes
últimos geralmente materializados na figura do doente ou do deficiente
mental (Aranha, 2001).
• No início do século XVI a Revolução Burguesa muda o modo religioso de
ver o homem e a sociedade e traz também uma mudança no sistema
de produção: o capitalismo mercantil. A deficiência passou então a ser
vista como produto de infortúnios naturais e um atributo do indivíduo.
O deficiente era considerado improdutivo, do ponto de vista
econômico, passando a ser tratado pelos métodos da medicina
disponíveis na época
• No século XVII, a organização sócioeconômica foi se encaminhando para
o capitalismo comercial, fortalecendo o modo de produção capitalista
e consolidando a burguesia no poder. Esta passou a defender a
concepção de que os indivíduos não eram essencialmente iguais e a
necessidade de se respeitar as diferenças, utilizando disso para
legitimar a desigualdade social
• Somente no século XIX, com o trabalho do médico Jean Itard,
considerado o primeiro teórico de Educação Especial, as pessoas com
deficiência intelectual passaram a ser consideradas passíveis de serem
educadas

Definição e conceitos importantes da condição clinica –

• Caracteriza-se a incapacidade intelectual por uma função intelectual


significativamente abaixo da média (frequentemente expresso como um
quociente de inteligência < 70 a 75), combinada com limitações no
funcionamento adaptativo (isto é, comunicação, orientação, habilidades
sociais, autoproteção, uso de recursos comunitários e manutenção da
segurança pessoal), junto com demonstração de necessidade de apoio. A
conduta envolve educação, aconselhamento familiar e apoio social.
• a deficiência intelectual não é um transtorno médico, nem um
transtorno mental, embora possa ser codificada em uma classificação
médica das doenças ou em uma classificação de transtornos mentais.
Também não é uma condição estática e permanente. Refere-se a um
estado particular de funcionamento que começa na infância, é
multidimensional e é afetado positivamente pelos apoios
individualizados2 (AAMR, 2006)
• Deficiência intelectual é considerada um distúrbio do desenvolvimento
neurológico.
• Distúrbios de neurodesenvolvimento são condições neurológicas que
aparecem precocemente na infância, geralmente antes da idade escolar, e
prejudicam o desenvolvimento do funcionamento pessoal, social,
acadêmico e/ou profissional. Normalmente envolvem dificuldades na
aquisição, retenção ou aplicação de habilidades ou conjuntos de
informações específicas.
• Transtornos no desenvolvimento neurológico podem envolver disfunções
em um ou mais dos seguintes: atenção, memória, percepção, linguagem,
resolução de problemas ou interação social
• Deficiência intelectual deve envolver o início precoce na infância de
deficits em ambos dos seguintes: Função intelectual (p. ex., de raciocínio,
planejamento e resolução de problemas, pensamento abstrato,
aprendizagem na escola ou com a experiência). Função adaptativa (isto é,
capacidade de atender os padrões apropriados à idade e condição
sociocultural para o funcionamento independente nas atividades de vida
diária).
• Basear a gravidade apenas com o quociente de inteligência (QI) (p. ex.,
leve de 52 a 70 ou 75; moderado de 36 a 51; grave de 20 a 35 e
profundo < 20) é considerado inadequado. A classificação deve também
levar em conta o nível de suporte necessário para todas as atividades,
variando de intermitente para elevado. Essa abordagem focaliza os pontos
fortes e as necessidades de uma pessoa, relacionando-os às exigências
do ambiente da pessoa, expectativas e atitudes da família e comunidade.
• o diagnóstico da deficiência intelectual é fortemente marcado pela
associação entre o modelo médico, que compreende a deficiência como
adoecimento, e o modelo psicométrico, que regido por padrões estatísticos
visam reduzila a um score, excluindo da análise os modos de
funcionamento psicológico singulares. Tal associação conduz à
representação da pessoa com deficiência intelectual como um adulto
infantilizado, sem autonomia, dependente, contido e sem capacidade de se
responsabilizar por seus próprios atos, o que constitui uma violação de seus
direitos como pessoa (DECLARAÇÃO DE MONTREAL, 2004)
• adulto com deficiência intelectual não deve ser considerado principalmente
como menos desenvolvido que outros, mas desenvolvendo-se de forma
qualitativamente diferente. A

Epidemiologia
• A etiologia da DI é heterogênea. Lesões, infecções e toxinas tornaram-
se causas menos frequentes por causa da melhoria dos cuidados pré-
natais, enquanto que fatores genéticos tem se tornado mais
proeminentes. Influências ambientais (por exemplo, desnutrição, e
experiências de privação emocional e social, por exemplo, em orfanatos
mal administrados) pode também causar ou agravar a DI. Esses fatores,
que influenciam o desenvolvimento e a função do cérebro da criança nos
períodos pré-natal, perinatal ou pós-natal, podem ser divididos em três
grupos: orgânico, genético e sociocultural.
• Muitos estudos têm sido realizados para averiguar a prevalência de DI
em todo o mundo, com estimativas que variam de 1% a 3% (Harris,
2006). Uma meta-análise recente concluiu que a prevalência média de
deficiência intelectual em todos os estudos é de 1%.
• A prevalência é maior no sexo masculino, tanto nas populações de
adultos quanto de crianças e adolescentes. Entre os adultos, a
proporção do sexo feminino para masculino varia entre 0,7: 1 e 0,9: 1,
enquanto que nas crianças e adolescentes, varia entre 0,4:1 e 1:1.
• As taxas variam conforme a renda; a maior prevalência ocorre em
países de baixa e média renda onde as taxas são quase duas vezes
maiores que nos países de alta renda. Correspondendo com as
observações de que o QI se correlaciona melhor com o sucesso
escolar e status socioeconômico do que com fatores orgânicos
específicos. Contudo, estudos recentes sugerem que fatores genéticos
desempenham papel nas inabilidades cognitivas mais leves.
• A prevalência de DI em toda a Ásia é amplamente consistente com as
estimativas dos países ocidentais: 0,06% -1,3% (Jeevanandam, 2009). A
mais recente pesquisa nacional chinesa sobre deficiência, realizada em
2006, estimou uma prevalência de DI de 0,75%. A prevalência em áreas
urbanas foi menor (0,4%) do que em áreas rurais (1,02%) (Kwok et al,
2011
• Trissomia do 21 e X frágil são as causas genéticas mais comuns
diagnosticáveis de deficiência intelectual. Por outro lado, em cerca de
dois terços dos casos leves e um terço dos casos graves, as causas não
são encontradas. Embora os avanços na genética, como análise
cromossômica por microarranjo e o sequenciamento de todo o genoma
das regiões codificadoras (exoma), tenham aumentado a probabilidade
de identificar a causa da deficiência intelectual, uma causa dessa
deficiência em uma pessoa específica frequentemente não pode
ser identificada.

Fatores pré-natais:
• Numerosas anomalias cromossômicas e disfunções metabólicas
genéticas neurológicas podem causar deficiência intelectual (Algumas
causas cromossômicas e genéticas da deficiência intelectual*).
• Infecções congênitas que podem causar deficiência intelectual
incluem rubéola e aquelas por citomegalovírus, Toxoplasma
gondii, Treponema pallidum, vírus da herpes simples ou HIV. Infecção
pré-natal pelo zika vírus causa microcefalia congênita e deficiência
intelectual grave associada.
• Fármacos pré-natais e exposição a toxinas podem causar deficiência
intelectual. A mais comum dessas situações é a síndrome fetal do
alcoolismo. Outros agentes são os anticonvulsivantes como a fenitoína
ou valproato, fármacos quimioterápicos, exposição à radiação, ao
chumbo e metilmercúrio.
A desnutrição grave durante a gestação pode afetar o desenvolvimento
cerebral, levando à deficiência intelectual.

Fatores perinatais
• Complicações relacionadas à prematuridade, sangramento do
sistema nervoso central, leucomalácia periventricular, parto em
posição pélvica ou com uso alto de fórceps, gestação
múltipla, placenta prévia, pré-eclâmpsia e asfixia perinatal
aumentam o risco de deficiência intelectual. O risco é maior
para idade gestacional; deficiência intelectual e baixo peso
compartilham causas semelhantes. Os lactentes com peso
baixo ou extremamente baixo ao nascimento aumentam as
probabilidades de apresentar deficiência intelectual,
dependendo da idade gestacional, eventos perinatais e
qualidade dos cuidados.

Fatores pós-natais:

• A desnutrição e a privação ambiental (falta de apoio físico,


emocional e cognitivo necessários para o crescimento,
desenvolvimento e adaptação social), durante o período do
lactente e infância precoce, podem ser as causas mais comuns
de deficiência intelectual em todo o mundo. Podem também
ocasionar incapacidade intelectual situações como encefalites
virais e bacterianas (incluindo neuroencefalopatia associado à
aids), meningite (p. ex. infecções pneumocócicas, infecção por
Haemophilus influenzae) intoxicação (p. ex., chumbo, mercúrio),
desnutrição grave e acidentes que causam lesões encefálicas
graves ou asfixia.

Você também pode gostar