Você está na página 1de 14

Transtornos Mentais da Infância

● Caracteriza- se por um funcionamento intelectual significativamente inferior à média,


que existe com limitações associadas em duas ou mais das seguintes áreas de
habilidade adaptativa: comunicação, autocuidado, vida no lar, habilidades sociais,
utilização da comunidade, autodireção, saúde e segurança, habilidades acadêmicas
funcionais, lazer e trabalho. A deficiência intelectual, como transtorno do
desenvolvimento, deve manifestar-se antes dos dezoito anos de idade (APA –
DSM-IV)

● Afeta 1% da população em geral


● É mais comum em homens do que em mulheres (razão 1,6:1 para moderada e 1,2:1
para grave)
● A deficiência intelectual grave tem prevalência de 1 a cada 1000 pessoas (APA,
2014)
● Os casos mais leves correspondem a cerca de 85% (ANACHE, 2005)
● Possuem taxa de 3 a 4 vezes maior na incidência co-mórbida; entre as mais
comuns: TEA, PC, Síndrome de Down, TDAH, entre outros.
● Nos casos mais graves pode haver
● comportamentos disruptivos
● Efeito Flynn (desde 1930 – publicado em 1982) e efeito Flynn reverso

● Dados censitários do IBGE (2000): 8,3% dos tipos de deficiência são


de natureza intelectual, o que equivale a 2.844.936 pessoas (sendo
1.545.462 homens e 1.299.474 mulheres). Com relação à etiologia da
deficiência intelectual, muitas vezes (em 42% dos casos), mesmo
com a utilização de sofisticados recursos diagnósticos, não é possível
definir com clareza a etiologia da deficiência intelectual, pois ela,
invariavelmente, decorre de inúmeras e complexas causas, que
englobam fatores genéticos/cromossômicos (29%), hereditários (19%)
e ambientais (10%). (IBGE, 2000 apud INSTITUTO INDIANÓPOLIS
apud ROSALINO, 2010).

● Cerca de 20% a 30% dos casos de deficiência intelectual apresentam


associação com algum tipo de doença mental, como a síndrome do
pânico, a depressão, a esquizofrenia, entre outros (CAMPO
GRANDE, 2004).

Segundo Ballone (2007), elas poderiam ainda ser divididas em: dependentes
(QI abaixo de 25), treináveis (QI entre 25 e 75) e educáveis (QI entre 76 e
89).

● Diagnóstico Diferencial mais importantes: TEA, Distúrbios de


Aprendizagem e Transtornos Neurocognitivos
● A avaliação abrangente pode incluir: genograma de 3 gerações,
sondagens pré e perinatal com informantes, avaliação genética,
neuroimagem, psicometria e avaliação clínica em geral

● Etiologias presumidas:
● Pré-natais (probl. cromossômicos; metabólicos inatos, malformações
encefálicas, doenças maternas, toxinas gestacionais…)
● Perinatais (5,5 m/7 d.) - (probl. no parto, anóxia, icterícia…)
● Pós-natais (lesões, infecções, intoxicações, doenças convulsivas,
privação social grave e crônica
● Geralmente não progressiva, exceto quando causada por
síndromes degenerativas
● Nos casos comórbidos a taxa de suicídio é elevada
● Há credulidade, ingenuidade e sugestionabilidade. E menor
consciência de riscos. Isso pode levar a exploração por outros,
vitimização, fraude, falsas confissões, risco de abusos, sendo
relevante para Psiquiatria Forense e para a Psicologia
Jurídica.
● Costuma haver déficit em: raciocínio lógico ou quantitativo,
solução de problemas, planejamento, abstração, juízo,
aprendizagem escolar e pela experiência, vida prática (AVD e
AVP), compreensão verbal, memória de trabalho, pode
necessitar de maiores pistas, etc.
● NÃO CONSIDERAR APENAS QI

● São 3 critérios básicos: conceitual, social e prático (no DSM-V apenas um déficit
adaptativo social já é suficiente para contemplar critério…)
● Diferença em relação ao Atraso Global do Desenvolvimento (para casos até 5 anos
de idade – requer reavaliações posteriores e é para casos em que não é possível
obter avaliação confiável, por não ser possível testar, ou pela gravidade, ou por
comorbidades ou por ser nova demais, etc.)
Autismo
● Noções Preliminares: Autismo = do grego “auto, eu, self”, Breve Histórico: Eugen
Bleuler (1911), Leo Kanner (1943 – artigo: Distúrbio Autístico do Contato Afetivo)
Hans Asperger (1944 - Psicopatologia Autística da Infância) - TID – TGD – TEA
● Definição Básica: “Grupo de transtornos caracterizados por alterações qualitativas
das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um
repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo". Estas
anomalias qualitativas constituem uma característica global do funcionamento do
sujeito, em todas as ocasiões” (CID-10, OMS, 2008).
● Afetam habilidades sociais, desenvolvimento da linguagem e o repertório
comportamental (...). Em geral, afetam múltiplas áreas do desenvolvimento,
manifestam-se precocemente e causam disfunção persistente” (KAPLAN; SADOCK;
GREBB, 1997, p. 979)
● AUTISMO Definição Básica:
Déficit na interação e comunicação social em múltiplos contextos, Atividades,
comportamentos e interesses restritos, Os sintomas surgem precocemente no
desenvolvimento infantil (DSM-V – APA, 2014, p. 50; BRASIL, Lei 12.764, 2012),
Alguns consideram como definição, o déficit na tríade: comunicação, interação e
imaginação.

Detalhando mais os sintomas para critério diagnóstico do DSM-V:

● A) Ao menos um déficit comunicacional e interacional (verbal ou não-verbal,


para iniciar ou manter conversa, na linguagem receptiva e expressiva,
compartilhar interesses e afetos, anormalidade no contato visual, linguagem
corporal, gestos, expressões faciais, para fazer amigos…)
● B) Pelo menos 2 comportamentos e interesses restritos (como estereotipia,
repetição, adesão inflexível a rotina, rituais, ecolalia, girar objetos, alinhar
brinquedos, fixações, perseveração, hiper/hiporreatividade
sensoperceptiva...).
AUTISMO - Dados censitários:

- Afeta 1º da população em geral (APA, 2014, p. 55).

● Ocorre em uma taxa de 2 a 5 casos para cada 10.000 crianças – 0,02 a


0,05%; mas se incluir TEA com DI severa a taxa sobe para 20 casos a cada
10.000 (KAPLAN; SADOCK; GREBB, 1997, p. 979),Sua incidência é 4 vezes
mais frequente no sexo masculino; e em mulheres há maior propensão à
comorbidade com deficiência intelectual (APA, 2014, p. 57), Independe de
etnia, cultura ou classe social (KAPLAN et al, 1997, p. 979), Cerca de 70%
pode ter um transtorno mental comórbido e 40% podem ter 2 ou mais
transtornos mentais comórbidos (APA, 2014, p. 58).
● No Brasil estima-se existir de 65.000 a 195.000 autistas (ROSALINO,
2012, p. 58). Cerca de 4 a 32% dos casos de autismo podem ocorrer
epilepsia de grande mal, mais comum no começo da vida ou na
adolescência (KAPLAN et al, 1997, p. 980; p. 984). Aproximadamente
2 a 4% de irmãos de autistas também possuem autismo (cerca de 50
vezes maior que a taxa da população em geral). (Op. Cit.). Cerca de
1/3 de TEA sem DI tem hipercarotenemia, mas a mesma taxa se
observa em casos de DI isolada; e alguns estudos sugerem lesão no
lobo temporal, mas nada conclusivo/causativo (Id., p. 980).
● Cerca de 1 a 2% dos casos de autistas conseguem chegar num nível
de possibilidade de trabalho e independência (KAPLAN, et al, p. 984).
Cerca de 75% dos casos de autismo vêm acompanhados de
deficiência intelectual. O autismo não é degenerativo. Há extrema
falta de estudos sobre o autismo na velhice.
● Cerca de 1 a 2% dos casos de autistas conseguem chegar num nível
de possibilidade de trabalho e independência (KAPLAN, et al, p. 984).
Cerca de 75% dos casos de autismo vêm acompanhados de
deficiência intelectual. O autismo não é degenerativo. Há extrema
falta de estudos sobre o autismo na velhice.
● Condutas autolesivas ou de autoflagelação (não presentes em todos
os casos); Atraso no controle esfincteriano (não presentes em todos
os casos); Pode apresentar episódios semelhantes à catatonia e
flexibilidade cérea, sobretudo na adolescência (não presentes em
todos os casos); Fenômenos ritualistas ou compulsivos; Adultos com
autismo leve podem ser mais propensos a ansiedade e depressão.
● Apego a rotinas e aversão a mudanças; Bom desempenho da
memória, ilhas de habilidades e fixações por objetos ou coisas
peculiares tais como calendários, animais pré-históricos, planetas,
bíblia, lista telefônica, etc. (as fixações podem ter inúmeras variações
objetais); Problemas de coordenação motora global ou fina, incluso
na marcha (tanto a questão da hipermnésia quanto esta da
coordenação, pode não estar presente em todos os casos).
● Risos e gargalhadas inadequadas, assim como crises e choros por
razões não discerníveis; Aversão a contatos afetivos como abraço
(em alguns casos); Não manter contato visual; Ausência de medo a
perigos reais; Instrumentalização do outro; Em alguns casos: atraso
na dominância cerebral e lateralidade.
● Focalização excessiva em detalhes, havendo, portanto, alta
distratibilidade: é como se todas as sensações fossem igualmente
novas e excitantes, o que dificulta a sua concentração, ou a centraliza
em detalhes. Dificuldade de seqüenciar e de compreender o sentido
das etapas em relação ao objetivo final; Dificuldade com
generalização: se aprendem a escovar os dentes com uma escova
azul, podem resistir a escovar depois com uma verde, ou eles podem
aprender a lavar copos sem perceber que o mesmo procedimento
básico é usado para lavar pratos, por exemplo;
● Forte impulsividade e ansiedade excessiva;
Anormalidades sensório-perceptivas, como por ex. assincronismo
auditivo (ouvir primeiro com um ouvido e depois com o outro – e que
em alguns casos pode chegar até a 1 segundo); Pode haver hipo ou
hipersensibilidade (seja tátil, auditiva, visual, olfativa, gustativa,
postural ou mista).
● SÍNDROME DE ASPERGER Autismo de Alto Funcionamento;
Incidência de 9 meninos para 1 menina; Principais
características:
Isolamento: não demonstra interesse em fazer amigos, solitário;
Prejuízo na interação social: somente procura os outros para
satisfazer suas necessidades; dificuldade em perceber sentimentos
dos outros; a chamada “Teoria da Mente”
● Prejuízo na comunicação não-verbal: expressão facial
limitada; dificuldade em entender expressões faciais dos
outros; não se comunica pelo olhar; não olha para os outros;
não usa as mãos para se expressar; Fala peculiar: entonações
podem ser anormais; fala pouco ou fala demais; falta de
sentido/contextualização; padrões repetitivos; “literalismo”,
neologismos; Pedantismo; Geralmente há presença de
fixações.
TRANSTORNO DE RETT

● Incidência: 1 para 10.000 habitantes (só afeta gênero feminino); Inicia entre 8-18
meses; é um quadro degenerativo. Causa: gene MECP2; Principais características:
microcefalia, estereotipia das mãos, pode haver convulsão, insônia, sintomas
autísticos, perda de peso sem inapetência, atraso mental, deterioração motora,
retardo no crescimento da estatura, pode haver disfunções respiratórias (…).

- 1º Estágio: desaceleração precoce (início entre 6-18 meses).


- 2º Estágio: rapidamente destrutivo (início: 1 – 3 anos), podendo surgir irritabilidade, crises
convulsivas, manifestações autísticas (momento complexo para um diagnóstico diferencial),
insônia e outros.
- 3º Estágio: pseudo-estacionário (início 2 – 10 anos), com a presença do atraso mental,
melhora nas características autísticas, escoliose, bruxismo, perda de peso apesar de
excelente apetite, entre outros.
- 4º Estágio: da deterioração motora tardia (com início aos 10 anos de idade), havendo
mobilidade diminuída/cadeira de rodas, retardo no crescimento da estatura, melhora no
contato visual, linguagem expressiva/receptiva praticamente ausente, distúrbios tróficos dos
pés e melhora nas manifestações epilépticas (HAGBERG & WITT-ENGERSTROM, 1986
apud GAUDERER, 1993, p. 175).
PS.:
Pode ser excluída a possibilidade de Transtorno de Rett quando há atrofia óptica,
microcefalia ao nascimento, desordens neurológicas resultantes de infecções severas ou de
traumas crânio-encefálicos, entre outros fatores excludentes (GAUDERER, 1993, p. 176).
Entre as tantas possibilidades de confusões no diagnóstico, destaca-se a Síndrome de
Angelman (problema no cromossomo 15), porém, nesta, as anormalidades estão presentes
desde o início e possui uma marcha característica que se assemelha a dos marionetes,
sorriso frequente, entre outros aspectos (Idem, p. 177).
TRANSTORNO DESINTEGRATIVO DA INFÂNCIA
(ou Síndrome de Heller)
1 caso para cada 100.000; 4 a 8 meninos para 1 menina; Inicia entre 3 a 4 anos (mas há
casos raros relatados de início entre 1 a 9 anos); Principais características: perda das
habilidades de comunicação, acentuada regressão nas interações recíprocas, início de
movimentos estereotipados, comportamento compulsivo e convulsões.

TRANSTORNO GLOBAL SEM OUTRA ESPECIFICAÇÃO


Geralmente prognóstico mais favorável; Inclui espectros que não satisfazem os demais
transtornos, incluindo o autismo atípico;

ALGUNS MITOS ACERCA DOS TGD (sobretudo autismo):


Não gosta de receber afetos; Não gosta que interajam com ele; Não se pode fazer
mudanças na vida dele; Todo autista tem deficiência intelectual; São agressivos e
perigosos... Pode ter cura; Alguns podem ser gênios; A causa do autismo é socioafetiva -
Bruno Bettelheim anos 50 (discutindo sobre a etiologia).
Estabelecer vínculo (emparelhamento) Sentido Literal (evitar metáforas, ironias, abreviar
palavras, cuidado na revisão das provas) Retirada Estratégica; Usar os centros de interesse
(como recurso intermediário)
Crianças com TEA necessitam de RELATIVA estruturação, previsão, rotina e sobretudo
preparação para as mudanças. Estabeleça regras, condições, consequências e função aos
comportamentos.
Usar vídeos; Gravar as aulas; Uso de cartões, PECS; apelo visual com emparelhamento
verbal; adequações para método multissensorial, fônico, sócio-linguístico (...)
Programas/software (ex.:sintetizador de voz, etc.)
P.E.I. (GLAT & PLETSCH, 2014)

Transtornos Disruptivos
TDAH : transtorno déficit de atenção/hiperatividade
No mínimo 6 sintomas, por no mínimo 6 meses, em 2 ambientes ou mais:

Desatenção:
(a) freqüentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por
descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras
(b) com freqüência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou
atividades lúdicas
(c) com freqüência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra
(d) com freqüência não segue instruções e não termina seus deveres escolares,
tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de
oposição ou incapacidade de compreender instruções)
(e) com freqüência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades
(f) com freqüência evita, antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam esforço
mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa)
(g) com freqüência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por ex.,
brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais)
(h) é facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa
(i) com freqüência apresenta esquecimento em atividades diárias

Hiperatividade:

(a) freqüentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira


(b) freqüentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se
espera que permaneça sentado
(c) freqüentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é
inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações
subjetivas de inquietação)
(d) com freqüência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em
atividades de lazer
(e) está freqüentemente "a mil" ou muitas vezes age como se estivesse "a todo
vapor"
(f) freqüentemente fala em demasia (verborragia)
(g) freqüentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido
completadas
(h) com freqüência tem dificuldade para aguardar sua vez
(i) freqüentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por ex.,
intromete-se em conversas ou brincadeiras).

● No início do século = Síndrome Hiperativa; anos 60 = DCM, depois, TDAH e


Transtorno Hipercinético, Pode ser predominantemente desatento ou
predominantemente hiperativo-impulsivo ou combinado (misto). Deve ocorrer até os
7 anos de idade (para DSM-V = até 12), Ocorre mais em meninos que em meninas
(3 por 1 a 5:1 – DSM-IV e 2:1 nas crianças e 1,6:1 nos adultos – DSM-V), Cerca de
75% dos casos apresentam rebeldia e agressividade. Ocorre em cerca de 5% das
crianças e 2,5% dos adultos.

● Geralmente é diagnosticado quando a criança entra na escola. Tende a melhorar na


adolescência e na infância. Geralmente tornando-se remissivo entre os 12 a 20
anos de idade. Antes dos 12 era mais improvável. Cerca de 15 a 20% dos casos
persistem na vida adulta. Em adultos, apenas 5 sintomas dos critérios diagnósticos
já são suficientes para enquadramento nosológico. Antes dos 3 anos costuma ser
mais difícil identificar, pois as características do transtorno são comuns em um SNC
imaturo. Mas, muitas vezes, ainda pequena, já pode ser uma criança que chora mais
e dorme menos (mas: cautela em generalizar isso). Pode vir junto com transtornos
de aprendizagem e pode levar a quadro depressivo secundário (diferenciar que, no
quadro primário, há mais hiporexia e retraimento), também podem ser mais
suscetíveis ao uso de drogas na adolescência.

● Estudos sobre a Causa: Etiologia idiopática, mas sugerem base genética devido a
maior concordância em monozigóticos que dizigóticos, também porque irmãos de
crianças com TDAH tem o dobro de probabilidade de também ter o transtorno do
que a média geral e os pais biológicos também apresentam maior índice que pais
adotivos. Ainda, há décadas defende-se micro-lesões sutis, de menor gravidade e
subclínicas. Outros estudos defendem disfunção no lobo frontal, o que resultaria em
dificuldade na função inibidora da atividade. Mas, crianças com foco convulsivo
difuso no lobo temporal também podem apresentar muitos aspectos de TDAH.
Alguns estudos também sugerem disfunções dopaminérgicas e adrenérgicas. Em
muitos casos, parentes de crianças com TDAH podem apresentar características de
transtorno de personalidade anti-social. Outros estudos correlacionam tabagismo
gestacional e baixo peso ao nascer, mas isso é inespecífico, impreciso e muito
amplo para fator causal consistente. Entre os estudos e hipóteses etiológicas
psicossociais, não se observou relação com padrão socioeconômico, mas se
verificou que crianças institucionalizadas eram mais propensas e também em casos
de privação emocional prolongada ou desequilíbrio familiar e, removendo tais
estressores, os sintomas cessaram.

● Algumas crianças normais podem apresentar características semelhantes à


hipercinesia em determinados períodos, podendo também apresentar padrão
eletroencefalográfico inespecífico e desorganizado, mais comum em crianças
pequenas, mas em alguns casos, o EEG normaliza-se com o tempo. As
crianças com o tipo predominante hiperativo costumam ser mais
encaminhadas para tratamento que as predominantes desatentas.

● Os sintomas podem ficar mínimos ou ausentes em contextos mais dirigidos,


supervisionados, em situações novas, ou interessantes, recompensadoras,
diante de telas eletrônicas ou em situações individualizadas, como no
consultório (sendo importante a entrevista com informantes). Está associado
a risco aumentado de suicídio (sobretudo em comorbidade com transtornos
de humor ou de dependência química). O Transtorno de Oposição Desafiante
pode estar contido em cerca de metade dos casos de TDAH combinado e
em ¼ pode ser comórbido com Transtorno de Conduta. Há probabilidade
aumentada de obesidade e também de se envolver em acidentes e trânsito.]

Distúrbios de aprendizagem

Para começo de conversa: Dificuldade de aprendizagem


ou Distúrbio de aprendizagem?

● Subtipos: Dislexia, Disgrafia, Disortografia, Discalculia, Dislalia e TDAH;


diferindo de Alexia, Agrafia, Acalculia e Disartria ou Disfasia.
● Comumente dislexia vem associada com outros subtipos
● Os transtornos de aprendizagem correspondem a 40% das NEE, sendo que
de cada 5 problemas de aprendizagem, 4 são disléxicas.

O que é Dislexia?
● Dificuldade na precisão da leitura, na velocidade ou fluência dela e/ou na
compreensão da leitura. Há dificuldade na decodificação, sequenciação, soletração
e podendo envolver dificuldades ortográficas. Pode tentar adivinhar palavras. Tais
dificuldades persistem por mais de 6 meses (não transitório) e mesmo após
intervenções dirigidas (APA - DSM-V, 2014).
● Deve descartar deficiência intelectual, deficiências sensoriais (auditivas ou visuais),
outros transtornos mentais (depressão, ansiedade, etc.), adaptação imigratória,
condição social precária ou instrução educacional
inadequada. Deve ser significativamente afetada em relação à idade cronológica e
afetar vida acadêmica ou profissional ou cotidiana. É um transtorno
neurodesenvolvimento de origem neurobiológica.
● Geralmente se identifica no início da escolarização formal e no período
alfabetização Interfere na aprendizagem geral (história,ciências, estudos
sociais...), e pode gerar desempenho geral baixo ou só com muito esforço é
mediano, mas não por déficit cognitivo. É comum haver dificuldade em
relacionar letras a sons do idioma (grafema – fonema). Em adultos e crianças
pode haver grande evitação de atividades intelectuais que demandem
concentração e decodificação (ou podem parecer desatentas, distraídas ou
negligentes).
● São comumente muito inteligentes e talentosos (não é incomum
apresentarem capacidade acima da média para desenhar, para design e
outras capacidades visuoespaciais). Em muitos casos desenvolvem
estratégias compensatórias que camuflam o problema ou atrasam o
diagnóstico (e sofrem sozinhas). Adultos podem preferir mídia audiovisual,
aúdio-livros, software texto-pronúncia, etc. Não há um tratamento único, deve
ser individualizado e multidisciplinar. Se identificado precocemente e com
estimulação adequada, cerca de 70% podem se tornar norma lexical,
segundo pesquisa com monozigóticos (CAPOVILLA, 2011). Não há marcador
biológico, nem exame laboratorial, teste genético nem neuroimagem para
diagnóstico (deve ser clínico, interdisciplinar e abrangente).
● Desde criança podem ter problemas com rimas, sequências, podem ter
dificuldade em dizer, por exemplo, entre as palavras “bolo, vaca, carro”, qual
inicia com o som de “casa”; Podem trocar palavras ao ler (ex: fixo por ficho;
trocar gato por jato; animal ou animal);Podem pular partes de palavras (ex.:
convido invés de convidado), Confundir palavras com sons semelhantes (ex
Comestível e combustível,inferno e inverno; calça, calça e casa, etc.),
Dificuldade para colocar em sequência números e letras, recordar datas,
nomes, nº de telefone, dias da semana; e ter dificuldades com silabação e
soletração...

● Em adolescentes e adultos, por vezes, já apresentam domínio na


decodificação das palavras, mas permanece lenta e trabalhosa, com
tendência maior a dificuldades na compreensão e interpretação de
textos (também podem permanecer erros ortográficos e dificuldade
em pronúncia de palavras polissilábicas).
● Ainda sobre as Características mais Comuns
(conhecendo um pouco mais): Fala e vocabulário pobre.Dificuldades
com atenção, concentração e memorização. Podem ser comuns
atrasos na entrega de trabalhos e no cumprimento de prazos;
cadernos bagunçados; desorganização geral Dificuldade com
tabuada, em copiar da lousa e do livro, maior dificuldade em provas
com questões abertas ou dissertativas, é muito comum sofrerem
bullying (devendo os educadores estarem atentos).

● Perde linha de leitura, Pode fazer neologismos na escrita


Dificuldades com mapas, passos-procedimentos, com
orientação espacial e orientação temporal, Dificuldade com
coordenação motora fina, Se associada com disgrafia pode
haver micro ou macrografia, pegar errado no lápis/caneta,
escrever muito espaçado ou muito junto entre as palavras;
pode ter inclinação da folha, Se associada à disortografia pode
haver confusões na escrita como: faca-vaca, b – d, ch – x,
“ocarro” (escrever tudo junto), etc.

● Uma das grandes características é a dificuldade em relação à


consciência fonológica. Dentro deste público, é mais comum
evasão escolar no ensino médio, menores taxas de presença
no nível superior, taxas mais elevadas de desemprego,
subemprego e renda menor. É possível comorbidade com
TDAH, gerando prognóstico mais desfavorável. E a questão
da etiologia? = Polêmicas e controvérsias históricas dentro da
literatura científica.

ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS

● Quando ainda crianças, pode-se trabalhar com


quebra-cabeças, entre outras atividades que exijam raciocínio
lógico e sequenciação; ritmo; estimular a leitura oro-facial.
Também trabalha com rimas, cantigas, paródias, parlendas,
músicas, histórias, teatro ou dramatizações.
● Para idades posteriores (no presente caso, o universitário)
podem ser indicadas releituras, revisões, esquemas (pode-se
usar mapa conceitual), pedir para sentar na frente e
preferencialmente longe de portas ou janelas e de alunos mais
falantes e mais próximos de alunos mais calmos.
● Não solicitar que leia em voz alta (a menos que ele se ofereça
ou peça), pois isso pode gerar grande constrangimento

TOD (TRANSTORNO DE OPOSIÇÃO DESAFIANTE )

Um padrão de comportamento negativista, hostil, raivoso, questionador e


desafiador ou índole vingativa (com alguém exceto irmão) durando pelo
menos 6 meses, durante os quais quatro (ou mais) das seguintes
características estão presentes:
(1) freqüentemente perde a paciência
(2) freqüentemente discute com adultos
(3) com freqüência desafia ou se recusa ativamente a obedecer a
solicitações ou regras dos adultos
(4) freqüentemente perturba as pessoas de forma deliberada
(5) freqüentemente responsabiliza os outros por seus erros ou mau
comportamento
(6) mostra-se freqüentemente suscetível ou é aborrecido com facilidade
pelos outros
(7) freqüentemente enraivecido e ressentido
(8) frequentemente rancoroso ou vingativo (ter sido malvado e vingativo no
mínimo 2 vezes nos últimos 6 meses).

● Caso não esteja explicitado o critério de tendência vingativa por 2x


em 6 meses, então, para crianças abaixo de 5 anos, os sintomas
devem estar presentes na maioria dos dias dentro daqueles 6 meses;
para crianças acima de 5 anos, deve estar presente ao menos uma
vez por semana dentro daqueles 6 meses. Pode se dar em só 1
ambiente. É comum apresentarem os sintomas só em casa ou com
familiares. A extensão/difusão sintomatológica indica a gravidade do
transtorno. Pode não aparecer/manifestar no exame clínico. Pode
existir sem a presença de humor raivoso/irritável. Geralmente a
criança não se considera raivosa ou desafiante, mas culpa a outrem e
se vitimiza, podendo tornar difícil distinguir causa-efeito (ex.: em
histórico de pais hostis, distinguir se assim o foram pelo
comportamento da criança, ou se ela assim se tornou relativamente
pela hostilidade dos pais ou se o misto de ambos).

● Ocorre mais em famílias agressivas, negligentes ou em casos em que


há uma sucessão de cuidadores diferentes. Afeta cerca de 3,3% da
população (prevalência média). Entre crianças é mais comum no sexo
masculino (1,4:1), mas, entre adolescentes e adultos não há tal
predominância. Tal característica pode ser comum ou aumentar na
fase pré-escolar e na adolescência, devendo haver cautela no
diagnóstico em tais períodos. Paradoxalmente, é na fase pré-escolar
que geralmente inicia o transtorno. Freqüentemente precede o
transtorno de conduta. Proeminência dos sintomas desafiadores e
vingativos tendem a evoluir para comorbidade com transtorno de
conduta, já a proeminência dos sintomas raivosos e irritáveis
respondem pelo risco de comorbidade com depressão e outros
transtornos de humor.

● Pode começar a apresentar os sintomas em torno dos 3 anos, mas


sendo comum no início da escolarização ou fase pré-escolar e até os
8 anos, sendo mais incomum iniciar na adolescência, mas quando
assim inicia, a probabilidade é menor de evoluir para transtorno de
conduta. Em muitos casos se tratava de filhos indesejados, segundo
Kaplan, porém, isso não deve, absolutamente, ser visto como fator
causal. Para alguns psicanalistas, poderia ser fixação na fase anal;
para alguns behavioristas, condicionamento em que a criança
apresenta comportamentos que obrigam os pais a retirarem suas
solicitações. 50% dos casos evolui para transtorno de conduta e ¼
não irá apresentar mais nenhum transtorno, nem o próprio TOD,
posteriormente.

● Pessoas com elevada reatividade emocional e maior dificuldade de


tolerância a frustrações são mais propensas a tal transtorno (e estas
podem ser características preditivas). Não há marcadores
neurobiológicos claros e específicos como agentes causais para o
transtorno. Os fatores ambientais (sócio-históricos) parecem ser os
mais aceitos como precursores do transtorno. Pode ser importante e
complexo o diagnóstico diferencial com Transtorno explosivo
intermitente (mas, neste, há casos graves de agressão) e com o
Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor (mas, neste o
humor negativo e raivoso é mais persistente e intenso e, assim
sendo, deve excluir TDO – são auto-excludentes). Também não deve
ser catalogado quando no curso de uma esquizofrenia, mas pode ser
comórbido com deficiência intelectual e com TDAH. Há ausência de
sérias violações de normas sociais e direitos alheios, o que já poderia
caracterizar o transtorno de conduta.

● O que é disortografia?
A disortografia é um transtorno de escrita. O texto escrito por uma pessoa com
distorografia tem vários erros que são cometidos repetidamente e não se
relacionam com suas habilidades intelectuais. É um transtorno de aprendizagem
específico que se manifesta em dificuldades na escrita, especialmente na
gramática. Os erros mais comuns que as pessoas com disortografia cometem
são: omitir letras nas palavras, esquecer de marcas diacríticas, substituir sílabas,
confundir sons (por exemplo, c, s / z, b / p, g / k, m / n, h) e aplicação incorreta de
regras gramaticais. Às vezes, o problema é que uma pessoa com distrografia não
escuta o som correto ou não tem consciência dos sons que compõem uma
palavra. Ela pode ouvir e entender a palavra na totalidade. Outras vezes, é uma
situação em que a aplicação automática rápida de regras gramaticais não
funciona, o que pode parecer um paradoxo, porque a pessoa pode explicar a
regra quando solicitada, mas ao escrever uma frase que combina regras
gramaticais diferentes, comete um erro na mesma regra que acabou de explicar.
O que é Disgrafia?
A disgrafia é um dos transtornos de aprendizagem específicos, que indica
dificuldades ​nas habilidades de escrita, em particular na forma gráfica. A caligrafia
de uma pessoa com disgrafia é muito ilegível. Na alfabetização, as crianças
demoram muito para aprender a escrever. Se precisam registrar rapidamente as
informações por escrito, produzem uma escrita desajeitada, confusa e ilegível, até
para ela própria. Na adolescência e na idade adulta, escrever é um meio de
transmitir informações para outras pessoas. Se a escrita for ilegível e não cumprir
esta função, é preferível mudar o tipo de escrita, usando letras maiúsculas em vez
da letra cursiva, por exemplo. Além disso, uma pessoa com disgrafia tem o direito
de adaptar a sua escrita na escola e escrever em letras maiúsculas ou no
computador.

Discalculia ou Transtorno de matemática

Ocorre quando a pessoa encontra dificuldades com números e na compreensão dos

exercícios de matemática. Esse transtorno afeta a habilidade da criança de realizar cálculos

matemáticos, entender conceitos numéricos e até dificuldades na identificação visual e

auditiva de números.

Você também pode gostar