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FACULDADE SÃO BRAZ


LILIAN DE MORAES MACHADO BENETTI

RELATÓRIO:
ESTÁGIO CLÍNICO SUPERVISIONADO

CURITIBA/PR
2019
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1 IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO

Nome da Instituição de Ensino: Colégio Eduque Objetivo


Endereço: Rua Joaquim Garcia, 650
Cidade: Divinolândia – SP
CEP: 13780-000
Telefone: (19) 3663-1867
E-mail: colegioeduquedivinolandia@gmail.com
CNPJ: 23469336/0001-01
Inscrição Municipal: N°2978-0
Data de Fundação/Instalação: Foi aberto em 16/12/2015. Escola fundada a partir
de 22/01/2016, conforme alvará n° 08/2016, protocolo sob n° 150/2016, livro
n°34, página 88.
Instituição Mantenedora: Colégio Privado
Direção: Taís Regina Olivieri
Curso Oferecido: atende os alunos de Educação Infantil e Ensino Fundamental:
Classe Multisseriada (Berçário 2, Maternal 1); Maternal 2; 1ª Etapa Pré-Escola;
2ª Etapa Pré- Escola e 1º ano - Ensino Fundamental de 9 anos.
Horário de Funcionamento: Tarde – 12h30 às 17h20

Caracterização da Unidade Escolar:

1.1 Organização da Escola

O Colégio estagiado é composto por doze salas de aula, uma


secretaria, uma biblioteca e espaço de Artes, DML, cozinha, oito sanitários para
alunos e um sanitário adaptado para NE, um sanitário para o corpo docente e
administração, pátio coberto com playground e um depósito pequeno.
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1.2 Estrutura Organizacional da Escola

Direção

Coordenação
Pedagógica

Corpo
Auxiliares Secretaria
docente

Alunos

Fonte: Autoria própria, com base nos dados fornecidos pelo Colégio Eduque (2019)

1.3 Proposta Pedagógica da Escola

O Colégio Eduque Objetivo adota como proposta pedagógica o


entendimento de que a escola tem a função de desenvolver as capacidades e
habilidades necessárias para que seus discentes tenham uma vida em
sociedade, atuante no meio em que vivem.
Considerando a Lei de Diretrizes e Bases – 9.394/96 e o Estatuto da
Criança e do Adolescente, a escola se propõe a um trabalho baseado nas
diferenças individuais e na consideração das peculiaridades das crianças na
faixa etária atendida pela Educação infantil e Ensino Fundamental – anos iniciais.
As atividades e serviços oferecidos na instituição de caráter privado
buscam permitir que os alunos ali inseridos sejam capazes de exercitar sua
cidadania, interpretar a realidade onde estão inseridos, assim como transformar
seu meio.
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A partir das aulas e também das atividades extracurriculares


promovidas pela instituição, são trazidas novas formas de solucionar problemas,
criar situações que façam com que os alunos explorem as diversas
interpretações de mundo que se encontrem, e criem novas estratégias para
compreenderem sua realidade.
O Colégio Eduque tem como objetivo desenvolver um ambiente de
ensino estimulador e favorável. O educador deve ser paciente e afetuoso com o
aprendiz, além de buscar conhecer seus alunos, o meio em que vivem, as
relações que estabelecem nesse meio e compreender o que seus alunos já
sabem, já adquiriram. Dessa forma, a aprendizagem poderá ser significativa e
satisfatória, completando o desenvolvimento do aluno.
Atuando com os pais e a sociedade onde a escola está inserida, o
Colégio Eduque Objetivo busca promover um ensino de qualidade, e está em
constante aperfeiçoamento do trabalho pedagógico que desenvolve, visando
sempre o desenvolvimento humano e também social de seus alunos, para que
sejam agentes de desenvolvimento.
Respeito à diversidade dos alunos é parte integrante da nossa
proposta. Para que seja incorporada pelas crianças, a atitude de aceitação do
outro em suas diferenças e particularidades precisa estar presente nos atos e
atitudes dos alunos com os quais convivem na instituição. Começando pelas
diferenças de temperamento, de habilidades e de conhecimentos, até as
diferenças de gênero, de etnia e de credo religioso, o respeito a essa diversidade
deve permear as relações cotidianas.
Citando o Projeto Pedagógico do Colégio Eduque Objetivo:

Nossa proposta metodológica está voltada para a progressão do


processo de construção do conhecimento científico. A mágica do
momento está nos múltiplos contextos que vão se desencadeando ante
interesses e/ou necessidades que se articulam, possibilitando a
construção de novos caminhos. Para tanto, optamos por uma
concepção de educação que possibilite a reflexão, a expressão e a
criação de novos saberes por meio do conflito, fazendo com que
floresça o desejo de aprender, adaptadas e transformadas ao ensino
atual, através de planejamentos adequados a cada faixa etária, com
conteúdo forte e constante, propiciando assim a estabilidade de ensino
e lógica sequencial do mesmo na vida escolar do aluno (COLÉGIO
EDUQUE, 2015).

Dentre as atividades que consolidam seus objetivos enquanto


instituição de ensino está o HTPC – Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo,
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desenvolvido pelos docentes do Ensino Infantil às quartas-feiras das 17h30 às


18h30 e pelos docentes do Ensino Fundamental às quartas-feiras das 17h30 às
18h30, no mesmo local físico.

1.4 Público

O Colégio Eduque Objetivo atende 56 alunos em sua totalidade,


divididos em 35 matriculados no Ensino Infantil, e 21 no Ensino Fundamental I.
Todos os alunos matriculados na instituição residem na zona urbana da cidade
de Divinolândia-SP.

1.5 Corpo Docente

O Colégio Eduque Objetivo conta com um corpo docente de 09


profissionais, sendo 2 designados para a atuação no Ensino Fundamental I, e 07
atuantes no Ensino Infantil.

1.6 Quadro de Funcionários

O Colégio conta com uma diretora, uma coordenadora pedagógica,


uma secretária e uma auxiliar de serviços gerais, enquadrando-se assim na
categoria de pequeno porte.
Desde sua fundação em 2015, o Colégio Eduque busca inserir-se na
comunidade em que atua, na intenção de conhecer as necessidades de seu
público e de atuar em conjunto com o corpo docente e os pais e responsáveis,
para que as dificuldades inerentes ao processo de ensino-aprendizado sejam
identificadas e encaminhadas a serviços especializados como psicólogos,
psicopedagogos e demais profissionais.
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1.7 Plano de Atividades do Colégio

Carnaval
Dia da Poesia
Dia da Escola
Dia Internacional da Água
Dia do Circo
Dia do Autismo
Dia da Páscoa
Dia do Livro e Monteiro Lobato
Dia do Índio
Dia de Tiradentes
Dia do Descobrimento do Brasil
Dia da Família
Semana do Meio Ambiente
Dia da Pátria
Dia da Árvore
Dia da Primavera
Dia do Trânsito
Semana das crianças
Semana da Saúde Bucal
Halloween
Proclamação da República
Dia da Bandeira
Consciência Negra
Natal

1.8 Projetos Desenvolvidos

Para o ano letivo, são desenvolvidos projetos pelos professores de


cada série, assim como pelos professores de disciplinas como Arte, Língua
Inglesa e Música. Dentre eles estão: Poesia, Autismo, Páscoa Solidária, Semana
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da Família, Folclore, Saúde Bucal, Brincar é Explorar, Descobrindo o Livro e o


Prazer de ouvir Histórias, Leitura de Textos Informativos.

2 DADOS DO AVALIANDO

Nome: F.G.C
Data de Nascimento: 17/09/2012
Sexo: Masculino
Ano: 1º ano EF
Repetência: Não
Filiação: A.S.C. (Mãe) / G.F.C. (Pai)
Observações necessárias: Para que este relatório seja avaliado da forma
adequada, cabe ressaltar aqui que F. é portador do TEA – Transtorno do
Espectro Autista, na condição Asperger. Referido aluno está matriculado na rede
regular de ensino, devido às legislações que garantem a todos a educação e a
inclusão. O aluno nunca frequentou uma instituição voltada para discentes com
NE.
No inventário realizado com F. sobre suas informações sociais, o
discente afirma que gosta muito das pessoas que compõem seu círculo social.
Entretanto, F. deixa claro que não gosta muito da docente, a considerando brava.
No inventário realizado sobre a orientação temporal, foi identificado
que F. é capaz de identificar sua idade, está em fase de aprendizagem dos dias
da semana, dos meses e do ano. Considera-se aqui que até o momento, sua
orientação temporal não apresenta falhas.

3 REGISTRO DE QUEIXA

Visão da Escola e da Família:


No Colégio Eduque Objetivo, a queixa registra para F. ocorre devido
a seu comportamento em relação aos colegas e ao docente, em especial no que
se refere à consolidação de seu processo de ensino-aprendizagem.
- Docente: Acredita que está falhando em lidar com a condição de F. Acredita
que ele a desafia e tem atitudes que a fazem crer que seu processo de ensino-
aprendizagem não esteja sendo consolidado da forma necessária. Nos
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momentos de interesse a docente reforça que F. mostra-se atento e capaz de


realizar as atividades propostas.
Entretanto, em grande parte do tempo passa queixando de que não
quer realizar as atividades propostas, ou briga com os colegas de sala sem
motivos concretos.
- Responsáveis: Reforçam que o aluno frequenta a escola pois encontra ali um
ambiente agradável. Assim, ressaltam que tem a preferência pela sua frequência
na rede regular, pois acreditam que é uma forma de socialização com outras
crianças.
- F.: Diz gostar da escola e dos colegas, porém em depoimento acredita que a
“tia” é brava.
- Colegas de F.: Dizem gostar de brincar com o aluno, porém, alguns relataram
as brigas e dizem ter medo dele.

4 REGISTRO DESCRITIVO DOS ENCONTROS REALIZADOS

4.1 Visita à Escola

Para que os relatos aqui presentes fossem possíveis e o Estágio


Clínico possível, foram realizadas visitas ao Colégio Eduque Objetivo. Nestas
ocasiões, as seguintes ações foram desenvolvidas:
- Documentação para o Estágio e Autorizações
- Entrevista com o Quadro Administrativo, Coordenador e Direção
- Entrevista com a Docente
- Entrevista com os pais do Discente
- Encontro com o discente
- Atividades projetivas, operatórias e pedagógicas
- Realização da EOCA
- Observações finais e Devolutiva

4.2 Entrevista com a Docente

Na data de 13/02 foi possível realizar uma entrevista com a docente


de F. O local do encontro foi a sala de direção do Colégio.
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Nesta ocasião, a docente mostrou-se solícita para que a entrevista


fosse realizada, e deixou clara a situação do discente em sala, mostrando-se
ainda preocupada com a consolidação de seu processo de ensino-
aprendizagem. De acordo com a professora de F., é de grande valia que o
processo de inclusão seja efetivado, garantindo que todas as crianças e
adolescentes com algum tipo de NE sejam frequentadores de ambientes como
qualquer outra.
Entretanto, deixa claro que também é necessário que as instituições
escolares tenham professores capacitados para lidar com as diversas formas de
NE, e é gentil em reforçar que não se enquadra neste perfil, embora faça tudo
que está a seu alcance para atender os anseios de F.
A docente afirma que por vezes sentiu-se impaciente com o aluno, e
também em alguns momentos mostrou-se com medo, devido às suas ações
agressivas em sala.
Para a docente, F. não chega a ter problemas com alfabetização, já
que é capaz de escrever, interpretar – de acordo com as atividades adequadas
à sua idade. Entretanto, deixa claro que a maioria das atividades não “seduzem”
o aluno, e por isso, quando não deseja realizar as atividades fica agressivo.

4.3 Anamnese

Em outra ocasião foi possível encontrar com os responsáveis de F.,


seus pais. O encontro ocorreu em horário de intervalo, e no espaço interno do
Colégio.
Ambos mostraram-se abertos a tratar da situação, e por vezes
concordaram que a situação é delicada, mas que F. é um aluno como todos os
demais da instituição, e por isso também merece que seus desejos sejam
atendidos.
De acordo com a mãe de F., a professora poderia adaptar suas
atividades para que estas se tornassem mais atrativas aos olhos de seu filho, e
assim poderia ocorrer a diminuição de seus comportamentos agressivos em
sala.
Outro dado apontado pelos pais é que muitas vezes F. mostra-se
agressivo devido ao fato dos próprios colegas o irritarem, mas que sempre leva
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a culpa. Assim, convocam a direção para que uma atenção também seja dada
aos colegas pois acreditam que não é somente seu filho que deve sofrer as
consequências de um mal comportamento em sala.
Ainda, relatam que F. tem frequentado a Psicopedagoga particular e
feito exames que comprovem sua condição enquanto portador do TEA.
Sobre os comportamentos de F. em casa, foi relato que a criança
dorme bem durante a noite, não apresenta problemas com alimentação, nem
coordenação motora. Ainda, afirmam que F. tem colegas fora do ambiente
escolar e que se dá bem com estes.
Uma crítica feita pelos responsáveis é que a escola, na visão de F.,
tem se tornado “chata”, quando precisa ficar em sala realizando as atividades.
Por este fato, demandam que a professora repense nas atividades em sala, pois
precisam garantir que seu ensino se consolide e que a escola seja vista como
um espaço agradável.

4.4 Observação Exploratória (EOCA)

Nesta etapa, foi possível entrar em contato com F. de forma mais


direta. O início da atividade ocorreu através da consigna aberta.
No primeiro momento, no ambiente, F. explorou o local e mostrou-se
interessado por todos os objetos presentes – livros, jogos, desenhos. A escolha
do aluno foi em utilizar as folhas e canetinha, para um desenho.
Como a instrução dada era de que poderia ser feita uma reprodução
livre, F. não demonstrou descontentamento em realizar o desenho. Foi
registrado, conforme anexo, super-heróis e batalhas, que de acordo com ele são
seus desenhos favoritos de serem feitos. Relatou também que gosta de
videogames e filmes de luta e super-heróis.
Durante a atividade foi possível perceber que F. é comunicativo, e
parece gostar do feedback do que realiza. Questionava se o desenho estava
bom, e se a “tia” conhecia os heróis desenhados.
No que se refere ao manuseio dos instrumentos, F. não apresentou
dificuldades em manusear as canetinhas, e ao escrever seu nome também
mostrou-se apto a reconhecer as letras do alfabeto que o compõe.
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Ao ser questionado sobre as atividades que mais gosta de realizar no


ambiente escolar, F. relata que são as aulas de Música, de leitura de livros e de
Educação Física. Assim, pode-se identificar que são atividades dinâmicas, onde
pode se movimentar e deslocar-se.
Talvez por este fato a queixa de agressividade e falta de interesse
seja identificada nas atividades em sala, que demandam concentração e posição
sentada na carteira.

4.5 Observações em sala e extra-classe

As observações neste tópico foram realizadas na sala de aula,


durante a atividade da docente, e também nas aulas descritas pelo aluno como
suas favoritas – Educação Física e Música.
Em sala foi comprovado que F. é inquieto, está sempre buscando
contato com os colegas, mesmo em momentos de realizar a atividade, e também
com a professora. Na ocasião, houve indisciplina quando o discente mostrou-se
indisposto a contar os números da apostila utilizada, e direcionou a palavra
“chata” para a docente.
Nas demais atividades, pelo caráter dinâmico e recreativo, F.
mostrou-se disposto a desempenhar seu papel de aluno. Prestou atenção aos
comandos do professor de Música e durante a atividade de queimada na
Educação Física correu com os colegas e divertiu-se.

4.6 Elaboração do Primeiro Sistema de Hipóteses

Com base nos dados colhidos durante o Estágio desenvolvido no


Colégio Eduque Objetivo, assim como da anamnese, informação social e EOCA,
as seguintes hipóteses foram elaboradas:
- Hipótese Cognitiva: F. demostrou desempenho satisfatório nas
observações. As falhas são encontradas quando as atividades não são
dinâmicas e de temas que não despertam seu interesse.
- Hipótese Afetiva: F. apresenta bom relacionamento com os colegas
de sala. Entretanto, mostra-se agressivo quando suas ideias e desejos são
contrariados.
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- Hipótese Funcional: F. não demostrou dificuldades em orientação


temporal, nem nas etapas de leitura e escrita.
Na função de psicopedagoga acredito que a função é de desenvolver
de forma constante a autonomia das crianças, e criar condições de que elas se
expressem.
Uma das formas desta ação se consolidar, de acordo com Grassi
(2009) é que o ambiente seja propício à aprendizagem, assim como a
comunicação realizada com o paciente, buscando entender seus anseios,
sempre de forma objetiva e profissional.
Entre as ações identificadas estavam as propostas do grupo CEFAPP
- Centro de Formação, Pós-graduação e Pesquisa em Saúde (s/d). A relação
das discussões sobre F., seu processo de ensino-aprendizagem e o papel do
Psicopedagogo surge no momento em que, no ensino e na aprendizagem, o
papel do educador e de seus alunos estão em constante interdependência.
Quando há falhas na aprendizagem, este profissional buscará corrigi-las através
de seu conhecimento da área.
Ao aproximar este profissional do objeto deste trabalho – indivíduos
que possuem o autismo enquanto um TDG, de acordo com as considerações do
grupo CEFAPP - Centro de Formação, Pós-graduação e Pesquisa em Saúde
(s/d), quando há uma análise dos casos de autismo e a sua relação com a
deficiência intelectual, os dados demonstram um índice de 70% dos casos onde
há ocorrência.
Entretanto, de acordo com os argumentos expostos, um dos motivos
para que estes índices sejam de ordem tão intensa deve-se, entre outros fatores,
pela utilização de testes de caráter ainda muito tradicional, que exigem do
indivíduo analisado habilidades verbais, de execução e também de instrução.
Por isso, o grupo CEFAPP (s/d) coloca que as crianças portadores do TEA
encontram-se em desvantagem no momento de sua análise e diagnóstico.
O grupo chama a atenção ao fato de que, para que o planejamento
no campo educacional ocorra, visando uma orientação curricular que atenda às
demandas daquele inserido no ambiente escolar, é necessária uma avaliação da
capacidade de aprendizagem da criança, que tem como critério os seguintes
fatores: Funções executivas, memória de curto e longo prazo, velocidade de
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processamento de informação (CENTRO DE FORMAÇÃO, PÓS-GRADUAÇÃO


E PESQUISA EM SAÚDE, s/d).
O portal NeuroSaber (2018) também trouxe para o relatório deste
estágio argumentações de grande valor para estabelecer uma relação entre o
papel profissional e sua atuação nos casos do autismo
Uma das abordagens propostas é de que, nesta profissional é preciso
que seja encarada como uma missão que se busca, de garantir que os indivíduos
portadores de TGD também estejam disponíveis às diversas formas de
conhecimento. Por isso, possuem grande papel em desenvolver as habilidades
cognitivas partindo desde o momento da infância, visando auxiliá-las a
interpretar o mundo no qual estão inseridas, construir habilidades que
possibilitem a consolidação da aprendizagem de forma contínua e também que
sejam capazes de moldarem regras de conduta para a vida em sociedade
(NEUROSABER; 2018).
Ainda, a Psicopedagogia quando ligada aos casos de TEA, podem
contribuir de forma eficaz para que a compreensão dos comportamentos
diversos decorrentes do autismo seja possível. Também permite que orientações
sejam preparadas visando que os pacientes acometidos pelos TGDs recebam
novos modelos comportamentais, integrando-os de forma humana ao mundo em
que vivem (NEUROSABER, 2018).
De acordo com o portal, ao tratar dos desafios diante do TEA:

Diante da abrangência da psicopedagogia nas intervenções propostas


para o autismo, pode-se afirmar que a área em si lida com a
aprendizagem como processo de construção. Isso é responsável pela
formulação de aspectos (inquietações, curiosidades e reformulações)
que se apresentam como desafios para os profissionais, sobretudo na
busca por uma interação mais aprofundada com o indivíduo
(NEUROSABER, 2018, s/p).

Mesmo mostrando-se tímido, F. junto dos brinquedos dispostos na


conversa expressou-se de forma satisfatória.
O aluno não apresentou dificuldades em coordenação fina,
coordenação global, equilíbrio dinâmico, equilíbrio estático, dissociação,
lateralidade, predominância lateral, esquema corporal, orientação espacial e
ritmo.
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No que se refere às suas capacidades básicas de aprendizagem, F.


foi capaz de responder de forma adequada e satisfatória às solicitações. O
mesmo foi observado na questão temporal.
A linguagem oral de F. é satisfatória, assim como a de leitura, de
acordo com a idade.

5 INFORME PSICOPEDAGÓGICO

I. Dados pessoais
Nome: F.G.C
Data de Nascimento: 17/09/2012
Sexo: Masculino
Ano: 1º ano EF
Repetência: Não
Filiação: A.S.C. (Mãe) / G.F.C. (Pai)
Observações necessárias: Para que este relatório seja avaliado da
forma adequada, cabe ressaltar aqui que F. é portador do TEA – Transtorno do
Espectro Autista, na condição Asperger. Referido aluno está matriculado na rede
regular de ensino, devido às legislações que garantem a todos a educação e a
inclusão. O aluno nunca frequentou uma instituição voltada para discentes com
NE.
No inventário realizado com F. sobre suas informações sociais, o
discente afirma que gosta muito das pessoas que compõem seu círculo social.
Entretanto, F. deixa claro que não gosta muito da docente, a considerando brava.
No inventário realizado sobre a orientação temporal, foi identificado
que F. é capaz de identificar sua idade, está em fase de aprendizagem dos dias
da semana, dos meses e do ano. Considera-se aqui que até o momento, sua
orientação temporal não apresenta falhas.

II. Motivo da Avaliação

A presente avaliação deve como principais fatores motivadores: a


queixa de comportamento realizada pela docente e pelos pais de colegas de F.,
quanto a suas ações em sala, que comprometem o desenvolvimento da prática
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escolar e impede que seu processo de ensino-aprendizagem se consolide de


forma adequada.

III. Período de Avaliação e Número de Sessões

O período de avalição teve a duração de um (1) mês, ocorrido em


fevereiro de 2019, sendo que nas datas em questão foram realizadas 10
sessões, dispostas a seguir:

1ª sessão: 11/02
2ª sessão: 12/02
3ª sessão: 13/02
4ª sessão: 14/02
5ª sessão: 15/02
6ª sessão: 18/02
7ª sessão: 19/02
8ª sessão: 20/02
9ª sessão: 21/02
10ª sessão: 22/02

IV. Instrumentos utilizados


- Anamnese
- Levantamento de dados do desempenho escolar, junto da docente
- Análise do material escolar
- Amostra da linguagem oral adotada pelo discente
- Inventário de Informação Social
- Inventário de Orientação Temporal
- EOCA – Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem
- Avaliação das Capacidades Básicas para a Aprendizagem
- Avaliação dos Aspectos Psicomotores
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V. Análise dos resultados

1. Área pedagógica: conforme relatado ao longo do presente Estágio, F. não


demostra dificuldade em consolidar a aprendizagem. Na disciplina de
Matemática mostra capaz, quando deseja, de resolver as atividades propostas,
assim como no momento da leitura – sendo que neste caso deixa explícito que
tem apreço pelos livros, em especial quando são de super-heróis. Em processo
de alfabetização, apresenta pequenas dificuldades na construção de palavras e
sentenças, característico da idade. Não apresenta dificuldade em orientação
temporal, dada a faixa etária. Na linguagem oral é capaz de estabelecer
comunicação e expressar-se, embora apresente irritação quando sente que não
é compreendido.
2. Área afetiva: A queixa realizada e direcionada a F. está no lado afetivo, na
medida em que quando as atividades não são vistas por ele como prazerosas,
ou quando tem suas ideias contrariadas, mostra-se agressivo, tanto com os
professores quanto com os colegas. Entretanto, está sempre cercado de colegas
e quando as atividades envolvem uma rotina diferente daquela em sala,
demonstra gostar de aprender.
3. Área cognitiva: Não apresenta dificuldades.

VI. Prognóstico

Nas análises realizadas o discente mostrou apresentar um nível


intelectual adequado à sua idade. Entretanto, precisa de estímulos para
atividades que seguem uma rotina de sala de aula – expositiva, resolução de
exercícios e concentração.

VII. Recomendações e indicações

1. Família:
- Maior participação em seu processo escolar
- Leitura em família, auxílio em lições de casa
- Continuidade às visitas na Psicopedagoga
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- Diálogo com a Instituição Escolar visando o bem estar do aluno, da professora


e colegas
- Acompanhamento das tarefas
- Conversas e mostrar que conhecer e aprender coisas novas é prazeroso
- Adquirir jogos que incentivem seu processo de descobertas

2. Escola:
- Preparo de aulas que se mostrem mais atraentes ao discente, através de
recursos pedagógicos diferenciados
- Incentivar ações de convívio social, mostrando a importância do respeito aos
colegas, professores e funcionários da Instituição
- Incentivo à leitura e tarefas
- Maior interação e conhecimento sobre os desafios do TEA

VIII. Parecer diagnóstico

Ao realizar todas as atividades que compuseram o Estágio Clínico


Supervisionado, considerando o perfil de F., sua trajetória familiar, a conversa
com a docente e o corpo administrativo do Colégio, foi possível identificar que,
embora seja portador do TEA, F. é um menino interessado e feliz. Os desafios
estão presentes no momento em que as atividades não são vistas por ele como
prazerosas, e assim, apresenta agressividade com a docente, e também com os
colegas em sala.
Mesmo assim, na Área Cognitiva não apresentou dificuldades, dado
seu nível inicial de alfabetização; na Área Afetiva mostra-se capaz de interações
sociais; e na Área Funcional não demonstrou dificuldades em orientação.

Divinolândia, 22 de fevereiro de 2019.

Assinatura: ___________________________________________
Estagiária em Psicopedagogia Clínica e Institucional
LILIAN DE MORAES MACHADO BENETTI
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6 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Tema: Plano de Curso

Justificativa: Para facilitar o tratamento do professor com o aluno em questão,


o educando deve propor a utilizar um plano de curso que auxiliará o professor
na elaboração de um planejamento em nível de turma, o que só pode ser feito
de acordo com o conhecimento que possui da realidade dos alunos e dos meios
que possui para atuar.

Objetivos:
- Proporcionar ao indivíduo a possibilidade de interação e sociabilização
- Melhorar a escrita e leitura do discente
- Promover alívio na tensão do “não saber”
- Possibilitar de forma crescente seu raciocínio

Metodologia:
Um número ilimitado de atividades podem ser desenvolvidas visando
atingir aos objetivos em questão. Cabe ao professor adequar as propostas de
acordo com a realidade de sua sala de aula, para que seja proporcionado aos
alunos experiências significativas de aprendizagem, garantindo a efetivação do
ensino.
De acordo com Visca (1987), uma proposta curricular deve ser
desenvolvida em quatro etapas, sendo que a primeira pode ser através da
expressão corporal, a segunda “como me expresso”, a terceira “minhas coisas”,
e a quarta “meu mundo”.

Objetivos da 1ª etapa:
- Identificar movimentos do corpo do aluno, posicionamento de espaço
- Identificar diferentes partes do corpo e suas funções
- Orientar-se no espaço e tempo
- Desenvolver hábitos de vida em grupo
Objetivos da 2ª etapa:
- Desenvolver a percepção; comparar com o meio que o cerca
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- Expressar necessidades, interesses, sentimentos


- Desenvolver seu vocabulário
- Formar hábitos e atitudes de relacionamento e comunicação
Objetivos da 3ª etapa:
- Descobrir objetos e suas propriedades
- Reconhecer funções de objetos no mundo em que vive
- Descobrir como as coisas mudam e se transformam
- Explorar objetos de forma criativa
Objetivos da 4ª etapa:
- Reconhecer o mundo dinâmico que vive
- Distnguir situações reais e imaginárias
- Situar-se como pessoa no mundo, com outras pessoas
- Sair da posição egocêntrica e aceitar diferenças
- Ampliar visão temporal
- Reconhecer produções da vida em grupo

Assim, as etapas propostas por Pain (1986) e Visca (1987) garantem


que, ao docente optar por implementá-las em suas aulas, e de acordo com o
meio em que se encontra, elas garantem ao discente um movimento de
exploração de si, de seu entorno e do mundo em que está inserido.

7 DEVOLUTIVA DO ALUNO

Em uma conversa informal no dia 15/02, ao ser questionado sobre a


“tia” e as atividades realizadas, o aluno F. relatou ter gostado de desenhar e de
participar das atividades. Quando contado a ele que um dos objetivos da
atividade era garantir que ele aprendesse melhor na escola, e com atividades
mais “legais”, F. disse: “Legal!”.

8 DEVOLUTIVA DA ESCOLA

O Colégio Eduque, através da figura da direção e da coordenação


pedagógica, junto da docente, agradeceram ao estágio desenvolvido no
ambiente escolar, e se comprometeram a dedicar-se mais no ato de pensar
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novas formas de lidar com os desafios inerentes à profissão educacional, com


novos conceitos sobre o significado de conteúdo, e também atividades extra-
classe que atendam ao perfil variado de discentes no ambiente escolar. A
docente da sala de F. relatou na devolutiva que se empenhará em buscar
ferramentas e informações sobre o TEA, na intenção de melhorar seu trabalho
com F.

9 DEVOLUTIVA DOS PAIS

Por fim, na data de 21/02 e 22/02 houve a devolutiva para os pais;


Estes reforçaram seu direito e os direitos do filho, de frequentar a escola regular,
assim como seu papel de defendê-lo. Comprometeram-se a conciliar seus
interesses junto dos desafios colocados pela docente.
Podemos dizer que houve, a partir do exposto ao longo do presente
relatório, uma maior interação entre família, escola e profissionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao desenvolver o presente relatório, foi possível reforçar de forma


gratificante a importância da profissão e do papel desempenho pelo
Psicopedagogo Clínico. Aproximando-se dos ensinamentos adquiridos ao longo
do curso, a importância do conhecimento de meios e técnicas que garantam a
prática foi de grande valia.
Com a experiência na Instituição estagiada as necessidades de
atuação, desde o âmbito individual ao âmbito coletivo, foram observadas e
colocadas em prática, e assim, os desafios desta profissão ficaram ainda mais
evidentes.
A situação-problema, de uma queixa de comportamento partindo de
um aluno portador do TEA, tornou a experiência desafiadora e gratificante,
fazendo com que houvesse a necessidade de um contato com o corpo docente
escolar, o corpo administrativo, e também a família e o cliente, onde foi possível
identificar uma variedade de perfis e de visões sobre a mesma situação.
Com os testes realizados foi observado que a importância do
professor é além daquela vista de forma tradicional, de simplesmente cumprir
21

apostilas e cronogramas. É preciso que este adote uma visão extra, das
necessidades de seu público, apresentando alguma NE ou não.
Acredito que o papel da escola, por formar indivíduos capazes de
atuarem de forma crítica na sociedade em que vivem, deve ser reforçado a todo
momento. Quando ocorrem falhas ou processos delicados no caminho, o
Psicopedagogo exerce de forma brilhante seu papel, visando trazer um leque de
opções para atingir ao fim deste processo, que é garantir o aprendizado.

REFERÊNCIAS
CENTRO DE REFERÊNCIA E EDUCAÇÃO INTEGRAL. Autismo e escola: os
desafios e a necessidade da inclusão. 02/04/2014. Disponível em: <
https://educacaointegral.org.br/reportagens/autismo-escola-os-desafios-
necessidade-da-inclusao/> Acesso em: 12 março 2019.
FACULDADE INTERNACIONAL DE CURITIBA – FACINTER. Coletânea de
Instrumentos para o processo de avaliação diagnóstica e clínica. Curitiba,
2009.

GRASSI, TM. Psicopedagogia – um olhar, uma escuta. Curitiba: Ibpex,


2009.

NEUROSABER. Intervenção psicopedagógica em casos de TEA. 2018.


Disponível em: <https://neurosaber.com.br/intervencao-psicopedagogica-em-
casos-de-tea/> Acesso em: 12 março 2019

PAIN, Sara. A função da Ignorância. Porto Alegre. Artes Médicas, 1988. Vol.
1.

VISCA, J. Clínica Psicopedagógica: epistemologia convergente. Porto


Alegre: Artes Médicas, 1987.
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ANEXOS
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ANEXO A – Atividade EOCA

Representação do super-herói I

]
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ANEXO B – Atividade EOCA

Representação do super-herói II
25

ANEXO C – Representação da Instituição Escolar (Prova Projetiva)


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