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ALIMENTOS

DE ORIGEM
VEGETAL

Lina Sant Anna


Bioquímica de cereais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar as características e composição dos cereais.


 Conhecer diferentes tipos de cereais e sua utilização para consumo
humano.
 Verificar os processos bioquímicos de gelatinização, dextrinização e
retrogradação do amido nas preparações de cereais.

Introdução
Cereais são as plantas cultivadas por seus frutos (do tipo cariopse) comes-
tíveis, normalmente chamados grãos e são na maior parte gramíneas,
compondo uma família com mais de 6 mil espécies. São alimentos nutri-
tivos com alta porcentagem de amido, e utilizados como matérias primas
para a produção de farinhas e muitos produtos alimentícios. O amido,
quando processado passa por diversas transformações bioquímicas que
interferem nas características sensoriais dos alimentos, especialmente a
textura.
Neste capítulo, você vai conhecer as principais características de
diversos tipos de cereais e algumas transformações bioquímicas que
acontecem com o amido durante o processamento.

Características e composição dos cereais


Os cereais são alimentos de origem vegetal, constituídos de grãos e largamente
consumidos pelo mundo. O nome cereal deriva de Ceres, a deusa grega da
agricultura e da colheita. São muito consumidos por fazerem parte do hábito
alimentar de diversos povos; pela facilidade de cultura, conservação, trans-
porte e rendimento; por serem de baixo custo, pelo alto valor nutritivo e pela
grande variedade de formas de utilização. Na Figura 1, encontram-se alguns
tipos de cereais.
2 Bioquímica de cereais

Figura 1. Tipos de Cereais.


Fonte: Dicas de saúde (2016).

Há evidências que sugerem que o consumo de cereais selvagens era rea-


lizado pelos homens pré-históricos na África, Ásia e Europa e eram conside-
rados parte importante da vida de nossos ancestrais, aparecendo em número
acentuado em histórias e lendas. Por exemplo, o centeio e o trigo eram vistos
como presentes dos deuses, também os astecas acreditavam no mesmo em
relação ao milho. Além disso, os cereais possuem importante papel na religião,
como o pão para o Cristianismo.
Os cereais são grãos comestíveis da família Gramineae. Alguns deles são
cultivados desde o início da civilização e sempre estiveram relacionados ao
consumo de energia.
Para nível mundial, o trigo e o arroz estão presentes nas culturas mais
importantes, representando mais de 50% da produção mundial de cereais. Entre
os cereais mais consumidos no Brasil, destaca-se o arroz que, em combinação
com o feijão, compõe o prato típico da culinária do país.
Todos os cereais compartilham algumas semelhanças estruturais como
pode ser visto na Figura 2.
Bioquímica de cereais 3

Figura 2. Anatomia do grão do cereal.


Fonte: Tefi/Shutterstock.

A estrutura dos grãos de cereais são basicamente similares. Os grãos são


compostos pelo embrião ou gérmen, o endosperma e o pericarpo ou farelo.
O gérmen é a estrutura que representa a parte germinativa do grão, sendo
considerada a parte vital da semente, pois apresenta a capacidade de se desen-
volver em dois sentidos, ou seja, o das raízes e o do caule e, assim, originar
uma plântula em condições de fixar-se no solo e fotossintetizar as substâncias
necessárias para seu desenvolvimento.
O endosperma possui a maior porção de amido do grão, e graças a essa
reserva é que o grão consegue energia e material metabolizado para se de-
senvolver através da fotossíntese.
O pericarpo é a estrutura que recobre o endosperma do grão constituído
pelas fibras, ele possui função de proteção (protege as paredes internas contra
choques e abrasões e serve como barreira impedindo a entrada de microrga-
nismos), regulação (regula a velocidade da reidratação e de trocas gasosas) e
delimitação (mantém unidas as partes internas da sementes).
No Quadro 1 estão descritas com detalhes as características do grão de
trigo e seus nutrientes.
4 Bioquímica de cereais

Quadro 1. Características da estrutura do grão de trigo.

Estrutura Descrição

Pericarpo ou farelo Camada externa do grão, composta por


celular que é indigerível pelo ser humano

Endosperma Maior parte do grão, composto principalmente


pelo amido. A camada externa do
endosperma é chamada de aleurona

Gérmen Contém os nutrientes necessários para a


germinação e crescimento da planta

Fonte: Philippi (2003).

A presença da aleurona diferencia o grão integral do polido. Por meio da ação de


refinamento, remove-se a aleurona para a produção de farelo de arroz e do grão polido
que se conserva por mais tempo do que o integral.

Composição dos grãos de cereais


Os carboidratos são as principais substâncias armazenadas pelos grãos de
cereais.
O principal carboidrato de reserva do grão é o polissacarídeo, denominado
amido. Quando o amido é a substância predominante, o grão é chamado de grão
amiláceo como na maioria dos cereais. As proteínas também estão presentes,
porém em menor quantidade, como o glúten e a aleurona.
Os lipídeos são encontrados no gérmen do grão que também possui quan-
tidade considerável de vitamina E.
No Quadro 2 podem ser visualizados a composição de alguns grãos de
cereais.
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Quadro 2. Composição química de algumas sementes de cereais.

Carboidratos Proteínas Lipídeos


Cereal
(%) (%) (%)

Arroz 65 16 2

Milho 64 10 5

Trigo 70 11 2

Fonte: Silva (2008).

Tipos de cereais e sua utilização para consumo


humano
Os principais cereais utilizados na alimentação humana e animal são: trigo,
arroz, milho, cevada, aveia, centeio e sorgo, mas existem outros menos utili-
zados como o painço, o triticale e a espelta. Há ainda os pseudocereais, que
são sementes com amido que não pertencem à classe dos cereais e não contém
glúten, como amaranto, trigo sarraceno e quinoa. Vamos conhecer os mais
consumidos na alimentação.

Trigo
O trigo é o cereal mais produzido em muitas partes do mundo e pertence à
família Triticum que possui milhares de espécies como T. Aestivum e o trigo
mais duro T. durum que é o de maior importância comercial.
O trigo é cultivado tanto no inverno como no verão e por possuir várias
espécies e variedades, sua adaptação é maior em vários tipos de solo e de
clima. Os maiores países produtores de trigo são os Estados Unidos, China,
Rússia, Índia, Paquistão e outros.
A maior parte do trigo produzido é utilizada para o consumo humano
devido às suas propriedades e variedades de preparações, que podem ser feitas
a partir dele, como macarrão, pães, massas, bolos e biscoitos.
6 Bioquímica de cereais

Arroz
O arroz é um cultivo muito importante, pois faz parte da alimentação base de
muitos povos, especialmente dos asiáticos. A maior produção de arroz se destina
ao consumo humano, incluindo cereais matinais e farinhas. No Japão, também
é utilizado para a produção de saquê (bebida fermentada à base de arroz).
Há grande variedade de tipos de arroz; porém, apenas algumas são produ-
zidas largamente, como o arbóreo, para preparação de risotos; o cateto, mais
parecido com grãos de arroz integral; o selvagem com grãos muito finos e
pericarpo negro e o jasmine, aromático empregado na culinária tailandesa.
Os tipos de grãos de arroz também podem ser classificados quanto ao
estágio de refino sendo empregados em três apresentações a seguir.

 Polido: grão do cereal com a camada de aleurona removida por abra-


são; de gelatinização fácil, exige dextrinização da camada externa do
endosperma que, modificada, evitará o amolecimento excessivo do
grão para obtenção de grãos soltos, por ser de estrutura mais frágil é
adequado para acompanhar preparações com molhos, como feijoada
e estrogonofe.
 Integral: a presença da aleurona não dispensa a gelatinização, mas
oferece resistência à absorção de água pelo endosperma, exigindo
maior tempo de cocção. A preparação final oferece maior resistência
à mastigação e não incorpora molhos e caldos com a mesma facilidade
do polido.
 Parboilizado: antes do polimento, o grão é tratado termicamente e o
endosperma se modifica, incorporando parte dos nutrientes e pigmentos
da aleurona, tornando-o resistente à gelatinização. O resultado final da
preparação é a coloração bege com grãos sempre soltos.

Milho
A espécie Zea mays L., também conhecida como milho é originado do hemis-
fério oeste. Além de ser uma forma barata de se produzir amido, é também
considerado a maior fonte de energia animal. Apesar de existirem variedades
diferentes, poucas são consumidas, como milho verde, milho doce e pipoca,
porém há muitas formas de se consumir o milho, por exemplo, tortilhas, fa-
rofas, mingaus, cremes, cuscuz, bolos e também in natura. O maior produtor
de milho é os Estados Unidos e muita pesquisa tem sido realizada através da
engenharia genética para aprimorar a produção.
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Aveia
A aveia apresenta o maior teor lipídico entre os cereais porque o gérmen é retido
(8,5g de lipídeo/100g). Este cereal pode ser cultivado tanto em climas secos
como em climas úmidos e tem sido basicamente produzido para a alimentação
animal. Uma pequena porção é destinada ao consumo humano, como a aveia
para mingaus e bolos; flocos de aveia e a farinha de aveia.
Para produzir os flocos de aveia é necessário realizar a descorticação dos
grãos, e após tratamento térmico, uma laminagem os transforma em flocos.
A aveia também é usada para outras funções que não fazem parte da
culinária como cosméticos e adesivos. Há muitas espécies diferentes e a mais
comum é a aveia branca (A. sativa L.).

Centeio
O centeio (Secale cereale) é uma planta dura que geralmente cresce em tem-
peraturas frias, onde outros cereais não conseguem se desenvolver. O centeio
também pode crescer em altas altitudes. Os maiores produtores são a Rússia,
a Polônia e Alemanha.
O grão de centeio é mais largo que o trigo, mas com extremidades mais
afiladas. O centeio é utilizado para produzir farinhas que posteriormente serão
utilizadas na preparação de pães. Também é utilizado na produção de álcool,
como whisky e vodka, além de ser usado para alimentar animais.

Cevada
A cevada, Hordeum vulgare, é uma planta tolerante em muitas condições
climáticas e de solo, é cultivada desde 15.000 anos a.C.. No Brasil, a produção
de cevada está concentrada na região Sul, devido ao clima mais ameno e onde
o sistema de cultivo é tradicional na agricultura familiar.
O principal mercado da cevada no mundo é a alimentação animal, com
66% da produção mundial utilizada como forrageira e ração para criações
de animais.
Apenas uma pequena produção de cevada é destinada à alimentação hu-
mana, sendo a produção de cerveja e malte os mais conhecidos; além de ter
inúmeras utilidades, como aplicada na composição de farinhas ou flocos para
panificação e derivados, na produção de medicamentos, na formulação de
produtos dietéticos e cafés.
8 Bioquímica de cereais

 Há muitas variedades diferentes de cereais e elas compartilham de similaridades


na estrutura do grão.
 Os cereais são grãos pertencentes à família Gramineae e muito importantes nutri-
cionalmente e economicamente.
 Os cereais consistem do gérmen que contém o material genético para a formação
de uma nova planta.
 A melhor opção de consumo dos grãos é na sua forma integral, ou seja, sem passar
pelo processo de refinamento.

Cereais integrais
O consumo de cereais integrais deve ser sempre priorizado devido à maior
quantidade de nutrientes e também pela presença de fibras que podem auxiliar
na prevenção de doenças crônicas, especialmente as cardiovasculares. O
consumo de cereais integrais ainda não é tão comum pela população devido
à falta de hábito e também pela certa dificuldade de preparo. A presença da
aleurona que cobre o endosperma traz algumas características para a seleção
e preparo de alimentos:

 Aumento do tempo de cocção: a gelatinização do endosperma depende


da hidratação do amido e a aleurona é considerada uma barreira natural
à entrada de água no grão, por isso o maior tempo de cocção.
 Maior resistência ao corte: exige-se maior tempo de mastigação para
que possam ser deglutidos.
 Maior perecibilidade: o maior teor de nutrientes contribui para o
menor prazo de vida útil do produto, portanto, devem ser refrigerados
ou comprados em menores quantidades.
 Menor aglutinação de grãos pela gelatinização: este é um fenômeno
observado no preparo de arroz integral. A presença da aleurona dificulta
o processo de gelatinização.
 Necessidade de adaptação aos processos de panificação: O batimento
requer mais energia e são necessárias quantidades maiores de fermento
químico ou biológico, além do uso de glúten para formar uma massa
mais maleável.
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Processos de gelatinização, dextrinização e


retrogradação do amido
O amido é o mais abundante carboidrato de reserva em plantas, constituindo-se
também em importante fonte energética para a alimentação humana. O amido
é formado por grânulos que são misturas heterogêneas de duas macromolé-
culas: amilose e amilopectina, que diferem no tamanho molecular e grau de
ramificação. A amilose é uma molécula essencialmente linear formada por
unidades de glicose, enquanto a amilopectina é uma molécula altamente
ramificada, também composta de unidades de glicose.
As proporções em que estas estruturas aparecem diferem entre as diversas
fontes, entre variedades de uma mesma espécie e ainda, numa mesma variedade,
de acordo com o grau de maturação da planta.
Estas variações podem resultar em grânulos de amido com propriedades
físico-químicas e funcionais diferenciadas, o que pode afetar sua utilização
em alimentos ou aplicações industriais.
O amido apresenta grande importância nutricional e industrial. Encontra-se
amplamente distribuído em diversas espécies vegetais, como carboidrato de
reserva, sendo abundante em grãos de cereais, raízes e tubérculos. É a fonte
mais importante de carboidratos na alimentação humana, representando 80
a 90% de todos os polissacarídeos da dieta.
Além da sua importância nutricional, o amido apresenta importante papel
tecnológico em alimentos processados.
De acordo com o processamento, o amido sofre algumas alterações em
sua estrutura que alteram as características sensoriais do produto final, prin-
cipalmente a textura. As principais alterações bioquímicas do amido são:
gelatinização, dextrinização e retrogradação.

Gelatinização
Em água fria, o amido é insolúvel. Entretanto, quando aquecidas, as molé-
culas iniciam um processo vibratório intenso, ocorrendo quebra das pontes
de hidrogênio intermoleculares. Este processo descrito na Figura 3 permite a
entrada de água que promove a gelatinização do amido.
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Figura 3. Comportamento dos grânulos de amido em meio de água quente e fria.


Fonte: Nutrição em prática (2009).

Para saber mais sobre o processo de gelatinização, leia


o artigo: DENARDIN, C. C.; SILVA, L. P. da. Estrutura dos
grânulos de amido e sua relação com propriedades
físico-químicas.

https://goo.gl/t3xQ7c

A gelatinização é a dilatação dos grânulos em água aquecida que deriva


o aumento do volume. A partir da temperatura de 58°C, os amidos começam
a se romper liberando cadeias de amilose ao meio aquoso e, posteriormente,
amilopectina, fazendo com que toda água livre seja absorvida formando uma
pasta viscosa. Responsável pelo espessamento, estrutura e textura (Figura 3).
Durante o processo de gelatinização, o grânulo intumesce e a viscosidade
aumenta. Cada fonte de amido possui uma temperatura de gelatinização
diferente, sendo que a das raízes e tubérculos apresentam temperatura de
gelatinização menor.
Os grânulos de amido não incham todos ao mesmo tempo, devido a fatores
como tamanho dos grânulos, proporção amilose e amilopectina. A gelatini-
zação completa do amido só ocorre quando o meio contém água em grande
quantidade, e em muitos sistemas alimentícios, como massa de pão, isso não
ocorre e a gelatinização é apenas parcial.
O processo de intumescimento prossegue até o ponto de máxima viscosi-
dade, a partir do qual, qualquer energia extra fornecida sob a forma de calor
ou agitação irá “quebrar” o gel formado, fazendo diminuir a viscosidade.
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O amido gelatinizado, seja total ou parcialmente, forma uma pasta. A


medida que essa pasta se esfria, forma-se um gel de amido, no qual uma
pequena quantidade de sólidos mantém presa grande quantidade de água. Na
Figura 4 observe como ocorre a gelatinização do amido.

Figura 4. Gelatinização do amido.


Fonte: Uma química irresistível (2011).

Dextrinização
A dextrinização do amido é a hidrólise provocada pelo aquecimento prolon-
gado ou pela ação de substâncias ácidas e/ou básicas. Este processo conduz
a uma alteração estrutural do amido através do rompimento gradativo das
membranas liberando dextrina.
Em termos nutricionais, a dextrinização ajuda a melhorar a digestão do
amido. Para a tecnologia, os amidos dextrinizados têm como principais apli-
cações: espessamento; textura das preparações; retenção da umidade em
produtos empanados, que necessitam suportar altas temperaturas no momento
da fritura; agente selante em confeitos, para não permitir que o açúcar se
desprenda do centro do confeito e migre para o exterior, e encapsulamento
de aromas na forma de pó.
12 Bioquímica de cereais

A farinha dextrinizada é utilizada na elaboração de alimentos infantis por ser de mais


fácil digestão e ainda como um agente espessante de molhos, conferindo melhores
características sensoriais.

Retrogradação
A retrogradação é um fenômeno complexo e varia de acordo com diversos
fatores, como: temperatura e tempo de armazenamento; pH; fonte de amido;
presença de outros componentes (lipídeos, eletrólitos e açúcares) e condições
de processamento.
Quando é armazenado e resfriado, o amido gelatinizado pode sofrer o
fenômeno denominado de retrogradação. Com o passar do tempo, as moléculas
do amido vão perdendo energia e as ligações de hidrogênio tornam-se mais
fortes, assim, as cadeias começam a reassociar-se num estado mais ordenado.
Essa reassociação culmina com a formação simples de duplas hélices, resul-
tando no enredamento ou na formação de zonas de junção entre as moléculas,
formando áreas cristalinas. Como a área cristalizada altera o índice de refração,
o gel vai se tornando mais opaco à medida que a retrogradação se processa.
Como consequência, a viscosidade da pasta aumenta, convertendo-se num
sistema viscoelástico turvo ou em concentrações de amido suficientemente
altas num gel elástico opaco.
Este é um fenômeno decorrente da reaproximação das moléculas pela re-
dução de temperatura durante o resfriamento do gel, ocorrendo formação de
pontes de hidrogênio intermoleculares e liberação de água existente entre as
moléculas (sinérese). O processo de retrogradação tem maior propensão de
ocorrer em amidos com altos teores de amilose, resultando em contração,
aumento da firmeza e aumento da opacidade gel. Esta é uma característica
indesejável para a maioria dos produtos, por exemplo, é a principal causa
de envelhecimento de pães. No entanto, alguns alimentos, como flans, pudins
e manjares têm este fator como aliado.
A repetição de ciclos congelamento-descongelamento acelera drasticamente
a retrogradação e a sinérese. Porém, a principal influência da retrogradação
Bioquímica de cereais 13

é observada na textura, aceitabilidade e digestibilidade dos alimentos que


contêm amido.
Quanto à digestibilidade, pode-se relacionar à retrogradação, principalmente
da amilose, com menor disponibilidade de nutrientes às enzimas digestivas.
Esse evento torna a digestão e a absorção, especialmente do amido, menor e/
ou mais lenta, resultando em menor resposta glicêmica, situação desejável em
diversos indivíduos, como aqueles com sobrepeso ou problemas de glicemia.

1. Os cereais são alimentos b) O grão de arroz não que teve a


cultivados no mundo todo e camada de aleurona removida
possuem muitos tipos diferentes. denomina-se arroz polido.
Em relação aos tipos de cereais c) O arroz integral oferece maior
assinale a alternatia CORRETA resistência à absorção da
a) A maior parte da produção da água pelo endosperma.
cevada é destinada ao consumo d) O arroz polido se diferencia
humano sendo utilizada do arroz parboilizado porque
em muitas preparações. o parboilizado não passou
b) O centeio é um cereal muito por processo de polimento.
versátil e pode ser utilizado e) O grão parboilizado é mais
para produção de muitos facilmente gelatinizado
produtos de panificação. que os outros.
c) A aveia pode ser utilizada 3. Com relação às características
para a produção de produtos do grão de cereal assinale
fermentados como whisky. a alternativa CORRETA.
d) O milho é um dos cereais mais a) O endosperma é considerado
versáteis sendo considerado a a parte vital das sementes.
matéria prima para a produção b) O pericarpo é fundamental
de muitos derivados. na estrutura do grão, pois
e) O sorgo e o centeio são possui funções de proteção,
denominados também regulação e delimitação.
de pseudocereais. c) O endosperma é a camada
2. Em relação ao arroz e seus vários intermediaria dos cereais, rica
tipos assinale a alternativa CORRETA. em proteínas, ou seja, o principal
a) O arroz arbóreo é muito utilizado depósito de energia da planta.
na culinária tailandesa pelas suas
características perfumadas.
14 Bioquímica de cereais

d) O germen é a camada c) A amilopectina é a fração


que apresenta maior linear do amido responsável
concentração de fibras. pela formação de gel.
e) Os cereais integrais são aqueles d) No aquecimento, os grânulos
que passam pelo processo de de amido perdem agua, e por
beneficiamento aonde são isso formam misturas com
removidos o farelo e o gérmen. características liquidas.
4. A respeito dos processos e) A retrogradação é o efeito
bioquímicos do amido, avalie as causado pela associação entre as
afirmativas abaixo e, assinale a cadeias do amido, provocando
alternativa CORRETA. a sinérese, caracterizada pela
a) O amido é um polissacarídeo saída de água dessas estruturas.
formado por duas frações 5. O processo caracterizado pela
de polímeros, sendo a hidrólise do amido provocada
amilose ramificada e a pelo aquecimento prolongado
amilopectina linear. ou pela ação de substancias
b) O processo de envelhecimento acidas e ou básicas conduzindo a
de pães é uma consequência uma alteração estrutural através
da gelatinização seguida do rompimento gradativo das
da dextrinização do amido membranas , chama-se:
resultando no aumento a) Gelatinização.
da firmeza e perda do b) Dextrinização.
frescor do produto. c) Gelificação.
d) Coagulação.
e) Retrogradação.
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