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Nota:________________

Estudo Dirigido 6 – Setembro de 2023

Seguem as questões referentes as aulas ministradas no mês de Setembro. Deverão incluir as


referências utilizadas abaixo de cada questão.

Em todas as questões deverão abordar o quadro clínico, perfil neuropsicológico, diagnóstico,


tratamento e prognóstico.

1) Discorra sobre os Tumores Cerebrais.

Tumores cerebrais acontecem quando existe um crescimento anormal de células em alguma estrutura
dentro do crânio, processo que pode ocorrer em qualquer fase da vida.

Quadro clínico:
Existem tipos de tumores cerebrais. Eles podem ser:

Primário: têm origem nas células localizadas dentro do cérebro ou próximo a ele. Podem ser benignos
ou malignos. Gliomas, meningiomas, meduloblastomas e etc são tumores primários. Existe mais de 100
tipos de tumores primários.

Secundário: metástases cerebrais e, por este motivo, apresentam um comportamento mais agressivo
(maligno). Muitos tipos de câncer podem se espalhar para o cérebro, como câncer de mama, pulmão,
renal e etc.

Um tumor cerebral pode manifestar uma ampla variedade de sintomas, os quais podem surgir de
maneira repentina ou evoluir gradualmente. A apresentação inicial dos sintomas e sua progressão
dependem de fatores como o tamanho do tumor, a velocidade de seu crescimento e a localização
dentro do cérebro. Em algumas regiões cerebrais, mesmo tumores de pequeno porte podem
desencadear efeitos devastadores, enquanto em outras áreas, tumores podem atingir um tamanho
relativamente grande antes de provocarem sintomas perceptíveis. Conforme o tumor cresce, ele exerce
pressão e estica o tecido cerebral circundante, geralmente sem destruí-lo, o que pode compensar essas
alterações. Como resultado, os sintomas podem não se manifestar de imediato.

Alguns sintomas comuns são:


Cefaleia: é inespecífica e sugerem malignidade quando há piora ao tossir, quando se desperta no meio
da noite por causa dela; náuseas, vômitos e problemas com foco também podem indicar malignidade;

Nauseas e vômitos: quando há compressão ou invasão tumoral no tronco encefálico no “centro do


vômito”, paciente tende a apresenta-los;

Epilepsia: convulsões que são parciais ou generalizadas e 1/3 dos pacientes com tumor apresentam;

Cognição e consciência: muda o comportamento, a memória e pode diminuir o nível de consciência dos
pacientes.

A cefaleia é o sintoma mais comum e frequentemente o primeiro a ser observado em casos de tumores
cerebrais. No entanto, é importante ressaltar que algumas pessoas com tumores cerebrais não
experimentam dores de cabeça, e a maioria das cefaleias não tem origem em tumores cerebrais.
Quando uma cefaleia está relacionada a um tumor cerebral, ela tende a ocorrer com maior frequência
ao longo do tempo. Muitas vezes, piora quando a pessoa se deita e pode ser mais intensa ao acordar,
diminuindo gradualmente durante o dia. Portanto, se alguém que não tinha histórico de cefaleias
desenvolver esse tipo de dor de cabeça, um tumor cerebral pode ser a causa.

Além da cefaleia, o aumento da pressão intracraniana também pode resultar em deterioração da função
mental e mudanças de humor. Isso pode incluir alterações na personalidade, como distração,
irritabilidade e uma diminuição na eficiência no trabalho. A pessoa afetada pode sentir sonolência,
confusão e dificuldade de concentração. Geralmente, esses sintomas são mais evidentes para os
familiares e colegas do que para a própria pessoa. A depressão e a ansiedade, especialmente quando
surgem de forma abrupta, podem ser indicativos iniciais de um tumor cerebral. Em alguns casos, as
pessoas podem manifestar comportamentos incomuns, como desinibição ou mudanças de
personalidade. Em idosos, certos tumores cerebrais podem apresentar sintomas que podem ser
confundidos com demência.

Perfil neuropsicológico:

A atuação do neuropsicólogo desempenha um papel fundamental em diversos aspectos. Isso inclui a


identificação do tipo e da extensão de alterações no funcionamento cerebral, a distinção entre
capacidades cognitivas preservadas e comprometidas, a investigação de mudanças no comportamento
e no estado emocional, a avaliação da evolução ao longo do tempo em resposta a intervenções
medicamentosas e o suporte aos neurocirurgiões na avaliação dos resultados de procedimentos
cirúrgicos. Além disso, o neuropsicólogo visa criar relatórios que podem ser utilizados em laudos
médicos relacionados à capacidade de dirigir, trabalhar, estudar e outras atividades. Também
desempenha um papel fundamental na definição de metas para reabilitação cognitiva e na
compreensão da interação entre o funcionamento cerebral, a cognição e o desenvolvimento de
condições de humor ou problemas psiquiátricos.

É relevante destacar que, ao conduzir uma avaliação neuropsicológica, é crucial realizar a segregação
dos pacientes com base no tipo e na gravidade do tumor cerebral. A classificação dos pacientes com
base nesses critérios pode ter um impacto significativo tanto nas funções cognitivas comprometidas
quanto na velocidade com que essas deficiências se agravam. Os tumores de baixo grau tendem a
progredir de forma gradual, permitindo que o cérebro se adapte devido à sua plasticidade. Em
contrapartida, os tumores de alto grau apresentam uma progressão mais rápida, o que resulta em uma
identificação mais precoce dos déficits cognitivos (Noll et al., 2015; Todd, 1949). Além disso, é
importante salientar a complexidade em correlacionar os tipos de tumores com as avaliações realizadas
e sua localização.

Diagnóstico:

A técnica mais eficaz para a detecção de tumores cerebrais é a ressonância magnética do crânio.
Embora a tomografia computadorizada possa ser uma ferramenta útil, sua resolução é inferior à da
ressonância magnética. Em casos suspeitos, a obtenção de tecido da lesão é geralmente essencial, seja
por meio de biópsia ou por meio da remoção cirúrgica da área afetada.

Tratamento:

Os médicos consideram a possibilidade de um tumor cerebral em indivíduos que experimentaram sua


primeira convulsão ou que apresentam sintomas sugestivos. Embora um exame físico possa às vezes
indicar uma disfunção cerebral, são necessários procedimentos adicionais para um diagnóstico preciso.
A ressonância magnética (RM) é o teste de eleição para a detecção de tumores cerebrais, enquanto a
tomografia computadorizada (TC) também oferece uma boa alternativa. Ambos os exames são capazes
de identificar a maioria dos tumores cerebrais. Para melhor visualização, é frequentemente
administrado um agente de contraste, seja um agente de contraste para RM ou um agente de contraste
radiopaco para TC. Esses exames revelam informações detalhadas sobre o tamanho e a localização
exata do tumor. No entanto, uma vez que um tumor cerebral é identificado, são realizados
procedimentos diagnósticos adicionais para determinar seu tipo específico.

Em alguns casos, pode ser realizada uma punção lombar para coletar líquido cefalorraquidiano para
análise microscópica. Isso ocorre quando há suspeita de que o tumor tenha se espalhado para as
membranas que revestem o cérebro (meninges) e possa estar obstruindo a absorção de líquido
cefalorraquidiano. A punção lombar também pode ser útil quando o diagnóstico ou o tipo de tumor não
podem ser claramente determinados. O líquido cefalorraquidiano pode conter células cancerosas. No
entanto, em casos de tumores grandes que aumentam a pressão intracraniana, a punção lombar pode
não ser viável, pois pode causar a deslocação do tumor, levando a complicações.
Exames especializados, como análises de sangue e de líquido cefalorraquidiano, podem ser conduzidos
para identificar substâncias produzidas por tumores (conhecidas como marcadores tumorais) e
anormalidades genéticas características de certos tipos de tumores. A identificação dessas
anormalidades genéticas pode ajudar a determinar as opções de tratamento mais eficazes.
Uma biópsia do tumor, que envolve a remoção de uma amostra para exame microscópico, é realizada
quando os resultados da RM e de outros exames não conseguem definir com certeza o tipo do tumor e
se ele é maligno ou benigno. A biópsia é realizada durante uma cirurgia, na qual todo o tumor ou uma
parte dele é retirada. Se o tumor for de difícil acesso, uma biópsia estereotáxica pode ser realizada.
Nesse procedimento, é anexada uma estrutura ao crânio que serve como pontos de referência
identificáveis em RM ou TC, permitindo que os médicos guiem a agulha de biópsia de maneira precisa
até o tumor.

Prognóstico:

O prognóstico de um paciente com um tumor cerebral depende de vários fatores. Esses fatores incluem
a possibilidade de remover o tumor por completo, os déficits neurológicos existentes antes da cirurgia,
a prevenção de novos déficits após a remoção do tumor, a natureza histológica da lesão (se é benigna,
grau de malignidade e invasividade), a presença de lesões primárias controladas fora do sistema
nervoso (como metástases), a acessibilidade do tumor e a resposta positiva da lesão residual ao
tratamento adicional.

Em casos de tumores benignos, a remoção completa geralmente resulta na cura do paciente na maioria
das situações, embora exames periódicos sejam necessários em algumas circunstâncias, como no caso
de meningiomas. A remoção parcial ou subtotal requer exames de imagem regulares para monitorar o
progresso da lesão.

Para os tumores cerebrais malignos, o período sem crescimento ou recidiva depende da resposta às
terapias complementares, variando de acordo com o grau de malignidade. A qualidade de vida do
paciente é influenciada pelos déficits neurológicos existentes. Estes déficits resultam de uma
combinação de fatores, incluindo danos pré-existentes no sistema nervoso que servem como um sinal
de alerta para a presença do tumor, lesões que podem surgir durante a remoção do tumor e efeitos das
terapias complementares à cirurgia, como radioterapia, medicamentos, quimioterapia, imunoterapia,
antiepiléticos e antiedematosos, por exemplo.

Essas alterações podem ser superadas por pacientes com condições malignas, desde que recebam o
apoio de familiares, amigos, fisioterapeutas, médicos e enfermeiros, fortalecendo sua motivação e suas
defesas naturais. Esse apoio é fundamental para enfrentar as complexidades associadas ao tratamento
de tumores cerebrais e para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
BIBLIOGRAFIA:

https://www.funcionalita.com.br/o-que-sao-tumores-cerebrais-e-principais-sintomas

https://enfrente.com.br/neuropsicologia-e-tumor-no-snc/

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-50272018000200010

https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-
nervos/tumores-do-sistema-nervoso/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-tumores-cerebrais

https://www.lusiadas.pt/blog/doencas/cancro/tumor-cerebral-sintomas-diagnostico-tratamento-
prognostico

2) Discorra sobre o Traumatismo Cranioencefálico.


Quadro clinico
Trauma Cranioencefálico (TCE) é definido como qualquer lesão de origem traumática que afete o
parênquima cerebral ou suas estruturas adjacentes, como as meninges, vasos sanguíneos, calota
craniana e couro cabeludo. Existem dois tipos principais de lesões cerebrais associadas ao TCE:
Lesão Primária: Esta ocorre no momento do trauma e é causada por mecanismos diretos, como
impactos, desaceleração ou traumas penetrantes. Essas lesões resultam em contusões focais,
hematomas, edema cerebral e danos imediatos.
Lesão Secundária: Essa forma de lesão se desenvolve ao longo de horas ou dias após o trauma inicial e é
causada por uma variedade de processos de lesão tecidual, como isquemia e inflamação. Durante o
tratamento de TCE, é crucial evitar fatores que possam agravar a lesão cerebral, como isquemia,
hipoxemia e flutuações nos níveis de glicose.
O maanejo adequado do TCE visa minimizar a progressão das lesões secundárias para preservar a
função cerebral e promover a recuperação.
Traumatismos diretos resultam de impactos perpendiculares ou oblíquos na cabeça, afetando
principalmente a tábua óssea interna, levando a fraturas com maior frequência. Isso inclui ferimentos
penetrantes, como os causados por projéteis de arma de fogo, cuja gravidade varia de acordo com a
direção e intensidade do impacto.
Traumatismos indiretos ocorrem devido a uma compressão na caixa craniana, afetando principalmente
a tábua óssea externa. Isso pode resultar em fraturas que se estendem da calota craniana em direção à
base do crânio, às vezes afetando o rochedo temporal e causando otorragias (sangramento pelo
ouvido).
Traumatismos por mecanismo combinado envolvem uma combinação dos processos descritos
anteriormente, onde tanto o impacto direto quanto a compressão indireta estão envolvidos.

Perfil Neuropsicologico

O traumatismo cranioencefálico (TCE) pode resultar em disfunções neuropsicológicas


severas e duradouras. A característica e o grau de severidade, assim como o grau de
comprometimento das funções cognitivas na vida diária do paciente, estão intrinsecamente ligados a
diversos fatores indivudiais clínicos, tais como, aspectos relacionados à lesão cerebral, como a sua
extensão, local, gravidade e quantidade de danos ao tecido neural. Características pre-mórbidas de
personalidade e variáveis sociodemográficas como idade e escolaridade também são fatores preditores
de outcome nestes quadros. Nesse contexto, lesões nas áreas frontais são as mais comuns e suas
consequências são comumente associadas às dificuldades no dia a dia, como no funcionamento social,
emocional e organização do comportamento. A contribuição da avaliação neuropsicológica neste
quadro de lesão cerebral faz-se necessária em todos os níveis de severidade pós-TCE. Sendo que os
prejuízos neuropsicológicos têm forte prevalência em ambas as fases, aguda e crônica, após o trauma
e seus possíveis níveis de severidade
Diagnostico
O diagnóstico das características e extensão dos traumatismos cranianos pode ser realizado por meio
de exames como radiografia de crânio, tomografia computadorizada e ressonância magnética. A
angiografia cerebral é utilizada especificamente para avaliar lesões vasculares no pescoço ou na base do
crânio.
Tratamento
No diagnóstico e tratamento de traumatismos cranioencefálicos (TCE), é essencial seguir as diretrizes
do ATLS (Advanced Trauma Life Support), priorizando a estabilização das vias aéreas, respiração e
circulação antes de considerar outras lesões.
Manutenção da imobilização cervical em casos de sinais de lesão cervical (ECG < 15, dor cervical, déficit
neurológico focal ou parestesia de extremidades) até a exclusão clínica e radiológica da lesão cervical.
Monitorização neurológica frequente, especialmente nas primeiras horas após o trauma, com atenção a
novos achados.
Discussão do plano terapêutico com um neurocirurgião em casos com achados potencialmente
cirúrgicos na neuroimagem ou com sintomas como coma persistente, confusão mental prolongada,
deterioração neurológica, convulsões, suspeita de lesão penetrante ou vazamento de líquor.
O tratamento de TCE grave visa monitorar a pressão intracraniana (PIC), manter a perfusão cerebral,
otimizar a oxigenação e a pressão arterial, controlar a temperatura, glicemia, convulsões e outros
fatores que podem levar a lesões cerebrais secundárias.
Transferência para um hospital com serviço neurocirúrgico em casos de TCE grave (ECG ≤ 8) é
recomendada, exceto quando há hipotensão persistente sem causa definida.
Intubação orotraqueal e ventilação mecânica antes da transferência são indicadas em situações
específicas, como ECG ≤ 8, deterioração do nível de consciência, fraturas faciais instáveis, sangramento
intenso, convulsões, perda de reflexos das vias aéreas, insuficiência respiratória ou hiperventilação
espontânea (PaCO2 < 30 mmHg).
Quanto ao manejo hemodinâmico, é recomendado manter uma pressão arterial sistólica (PAS)
adequada, sendo ≥ 100 mmHg para pacientes entre 50-59 anos, ≥ 110 mmHg para pacientes entre 15-49
anos e > 70 anos.

Prognostico

O prognóstico após um traumatismo cranioencefálico (TCE) varia com a sua gravidade. Em casos de TCE
leve, a maioria dos pacientes apresenta boa função neurológica. Já em TCE moderado a grave, o
prognóstico é desafiador, mas mais otimista do que se costuma pensar.
A Escala de Resultado de Glasgow é comumente utilizada para avaliar o desfecho em pacientes com
TCE, variando de boa recuperação a deficiência grave ou mesmo estado vegetativo. Outros sistemas de
classificação prognóstica também são usados.
Mais da metade dos adultos com TCE grave apresenta boa recuperação ou deficiência moderada. A
duração do coma é um indicativo crucial, com coma prolongado relacionado a sequelas mais graves.
A recuperação é mais rápida nos primeiros seis meses após um TCE grave em adultos, embora melhorias
continuem por alguns anos. Crianças tendem a se recuperar de forma mais imediata e contínua.
Déficits cognitivos, como problemas de atenção, memória e mudanças de personalidade, são comuns
após um TCE e podem afetar relações sociais e emprego. Alguns sintomas, como anosmia pós-
traumática e cegueira traumática, podem persistir por meses, enquanto hemiparesia e afasia
normalmente diminuem, exceto em idosos.

3) Discorra sobre as Infecções do Sistema Nervoso Central.


Quadro clínico

As infecções agudas do sistema nervoso central (SNC) podem ser de origem viral, bacteriana ou fúngica
e afetam o SNC e suas estruturas, sendo particularmente perigosas para pessoas imunossuprimidas.
Essas infecções se dividem em meningites e encefalites, dependendo do local de acometimento.
Meningites ocorrem nas meninges, enquanto as encefalites afetam o tecido cerebral. Os abcessos
cerebrais são infecções focais no parênquima cerebral.
A meningite bacteriana aguda, causada principalmente por Streptococcus pneumoniae e Neisseria
meningitidis, pode ser grave, mesmo em indivíduos imunocompetentes. Geralmente é mais severa do
que a meningite viral, que é uma inflamação das meninges provocada por vírus, caracterizada por febre,
cefaleia e pleocitose linfocítica no líquido cefalorraquidiano (LCR).
Encefalite viral é uma infecção do tecido cerebral muitas vezes associada à meningite
(meningoencefalite) e é causada por vírus. Por outro lado, o abscesso cerebral é uma infecção focal no
parênquima cerebral, geralmente cercada por uma cápsula vascularizada.

Perfil neuropsicologico

Um estudo verificou alta prevalência de transtornos cognitivos entre os quadros de neuroinfecções,


sendo que 38,3% da amostra apresentaram critérios para o diagnóstico de demência. Os resultados
demonstram uma necessidade de abordagem preventiva e diagnóstica no intuito de minimizar os
prejuízos cognitivos em pacientes com neuroinfecções.

Diagnostico

O exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) é crucial para diagnosticar infecções do sistema nervoso
central. Na meningite bacteriana, a cultura do LCR, a cultura Gram e o teste de PCR são valiosos, com
um perfil que geralmente inclui pressão elevada, leucócitos predominantes de neutrófilos e proteína
elevada.
Em contraste, na meningite e encefalite viral, o padrão é de pleocitose linfocítica, níveis normais ou
elevados de proteína e glicose normal, com pressão frequentemente normal ou elevada. Patógenos não
são observados na coloração de Gram, e a PCR do LCR é o método ideal para identificar o vírus.
Pacientes com histórico de traumatismo craniano, imunossupressão, câncer ou sintomas neurológicos
focais devem realizar exames de imagem antes da punção lombar. Na encefalite viral, a ressonância
magnética é a escolha para avaliar as alterações, enquanto no abscesso cerebral, a tomografia
computadorizada revela uma área focal de hipodensidade cercada por captação anelar de contraste.
Para diagnosticar o abscesso cerebral, a coloração de Gram e a cultura do material aspirado por agulha
estereotáxica são mais indicadas do que a análise do LCR, que não contribui para o diagnóstico e
aumenta o risco de herniação no caso de abscesso cerebral.

Tratamento

O tratamento das infecções do sistema nervoso central envolve abordagens distintas:


Encefalite por HSV: Todos os pacientes com suspeita devem iniciar tratamento com aciclovir IV
enquanto aguardam a confirmação diagnóstica. Se confirmada, o tratamento deve continuar por 14 a 21
dias.
Abscesso cerebral: É tratado com drenagem neurocirúrgica e antibioticoterapia, normalmente
cefalosporina de terceira ou quarta geração e metronidazol por 6 a 8 semanas. Em casos de
traumatismo craniano penetrante ou neurocirurgia recente, o espectro deve ser ampliado com
ceftazidima e vancomicina. Os pacientes também devem receber profilaxia para convulsões.
Meningite bacteriana: O tratamento pode ser iniciado empiricamente em caso de suspeita, variando de
7 a 21 dias, dependendo do agente infeccioso. Crianças acima de 3 meses e adultos com menos de 55
anos podem receber cefotaxima ou ceftriaxona. Menos de 3 meses ou acima de 55 anos devem associar
ampicilina à cefotaxima empiricamente.
Uso de dexametasona (10 mg IV) antes da primeira dose de antibiótico e por mais 4 dias melhora o
prognóstico da meningite bacteriana.
Meningite meningocócica: Contatos íntimos devem receber profilaxia com rifampicina.
Meningite viral: Geralmente é tratada com suporte e é frequentemente um quadro mais leve que a
meningite bacteriana. A hospitalização pode não ser necessária, mas casos graves podem receber
aciclovir IV.

Prognostico

O prognóstico varia amplamente com o tipo de infecção. Muitos tipos de meningite e encefalite virais
são leves

4) Discorra sobre os Transtornos do Humor.

Quadro clínico
Os transtornos do humor são distúrbios que afetam significativamente o estado emocional de um
indivíduo, levando a variações intensas e duradouras em seu humor. O humor é o estado de ânimo basal
de uma pessoa ao longo do tempo, diferindo do afeto, que se refere às vivências afetivas específicas em
momentos ou ideias individuais. O humor pode ser modulado: Eutimia (o humor considerado normal, de
acordo com o que se espera), Hipotimia (o humor modulado para baixo, triste ou deprimido) e
Hipertimia (o humor modulado para cima, patologicamente alegre, efusivo e eufórico)
Os transtornos do humor se dividem em dois polos:
Transtorno do Humor Unipolar: Caracterizado pela depressão, marcada por sintomas como tristeza,
melancolia, angústia e infelicidade intensas e prolongadas, causando prejuízos significativos.
Transtorno do Humor Bipolar: Apresenta oscilações entre episódios de humor exaltado (mania ou
hipomania) e momentos de humor deprimido, intercalados com períodos de humor normal (eutimia).
Existem dois subtipos:
Tipo I: Inclui episódios de mania (ou hipomania) e depressão.
Tipo II: Caracteriza-se por hipomania e depressão, sem a ocorrência de mania.
A mania envolve humor persistentemente elevado, autoestima exagerada, pensamento acelerado,
diminuição da necessidade de sono, impulsividade e comportamentos de risco, frequentemente
acompanhados de sintomas psicóticos. Na hipomania, os sintomas são semelhantes, mas menos
intensos, e não há presença de sintomas psicóticos.
Perfil neuropsicologico

Diagnostico
Segundo a DSM-V, para ter um diagnóstico de depressão a pessoa precisa ter esses sintomas por pelo
menos duas semanas, representando uma alteração quanto ao funcionamento anterior do seu
organismo e que um deles seja obrigatoriamente:
Humor deprimido, ou
Perda de interesse ou prazer.
Além disso, a pessoa deve apresentar pelo menos cinco entre os nove critérios. Tais sintomas devem ter
uma duração de pelo menos duas semanas onde um desses sintomas deve ser humor deprimido ou
perda de interesse/prazer.
Os outros critérios\sintomas são:
Humor deprimido em grande parte do dia, praticamente todos os dias, de acordo com o relato do
paciente (por exemplo, a pessoa se sente triste, vazia ou sem esperança) ou então outra peça observa o
comportamento do paciente (por exemplo, a pessoa parece chorosa). Em crianças e adolescentes,
pode ser humor irritável;
Grande diminuição de interesse ou prazer em praticamente todas ou quase todas as atividades na maior
parte do dia, quase todos os dias, de acordo com o relato subjetivo ou observação);
Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (por exemplo, uma mudança de mais de
5% do peso corporal em menos de um mês) ou redução ou aumento no apetite quase todos os dias;
Insônia ou hipersonia quase diária;
Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias;
Fadiga ou perda de energia quase todos os dias;
Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada, podendo inclusive ser delirantes quase
todos os dias, não sendo um mero autorrecriminação ou culpa por estar doente;
Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias (por relato
subjetivo ou observação feita por outra pessoa);
Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um
plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.
Os tipos de depressão segundo o DSM-5 são:
Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor;
Transtorno Depressivo Maior;
Disfórico pré-menstrual;
Transtorno Depressivo Induzido por Substância/Medicamento;
Depressão devido a outra condição médica.

Diagnóstico Transtorno Afetivo Bipolar Tipo 1


Distúrbio de humor em que se verifica a ocorrência de pelo menos um episódio maníaco, que pode ter
sido precedido ou sucedido de episódios hipomaníacos ou depressivos.
Critérios Diagnósticos para Episódio Maníaco
A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e
aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia, com duração mínima de
uma semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a
hospitalização se fizer necessária).
B. Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade, três (ou mais) dos
seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e
representam uma mudança notável do comportamento habitual:
1. Autoestima inflada ou grandiosidade.
2. Redução da necessidade de sono (exemplo: sente-se descansado com apenas três horas de sono);
3.Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando.
4.Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados.
5. Distrabilidade (exemplo: a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos
insignificantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado.
6.Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente)
ou agitação psicomotora (exemplo: atividade sem propósito não dirigida a objetivos).
7.Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas
(exemplo: envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos
financeiros insensatos).
C. A perturbação do humor é suficientemente grave aponto de causar prejuízo acentuado no
funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização a fim de prevenir dano a si
mesmo ou a outras pessoas, ou existem características psicóticas.
D. O episódio não é atribuível a aos efeitos fisiológicos de uma substância (exemplo: droga de abuso,
medicamento, outro tratamento) ou a outra condição médica.
Diagnóstico Transtorno Afetivo Bipolar Tipo 2
Distúrbio de humor recorrente, constituído por um ou mais episódios depressivos maiores e pelo menos
um episódio hipomaníaco.
Critérios Diagnósticos para Episódio Hipomaníaco
A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e
aumento anormal e persistente da atividade ou energia com duração mínima de quatro dias
consecutivos e presente na maior parte do dia, quase todos os dias.
B. Durante o período de perturbação do humor e aumento de energia e atividade, três (ou mais) dos
sintomas do critério B para episódio Maníaco (quatro se o humor é apenas irritável) persistem,
representam uma mudança notável em relação ao comportamento habitual e estão presentes em grau
significativo.
C. O episódio está associado a uma mudança clara no funcionamento que não é característica do
indivíduo quando assintomático.
D. A perturbação do humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras pessoas.
E. O episódio não é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento
social ou profissional ou para necessitar de hospitalização. Existindo características psicóticas, por
definição, o episódio é maníaco.
F. O episódio não é atribuível a aos efeitos fisiológicos de uma substância (exemplo: droga de abuso,
medicamento, outro tratamento).

Tratamento
O tratamento para o transtorno do humor pode ser psicoterápico, farmacológico ou ambos, a fim de
aumentar a efetividade.
Para o tratamento de episódios graves de mania psicótica, onde a segurança do paciente está
comprometida, é necessário realizar controle comportamental urgente com um antipsicótico de
segunda geração, frequentemente suplementado inicialmente com um benzodiazepínico, como
lorazepam ou clonazepam. Essa administração pode ser feita por via intramuscular (IM) ou oral, com
doses de 2 a 4 mg, até três vezes ao dia.
Em casos de episódios agudos menos graves em pacientes sem contraindicações, como distúrbios
renais, o lítio é uma opção inicial eficaz tanto para episódios maníacos quanto depressivos. No entanto,
devido ao seu início de ação lento (4 a 10 dias), pacientes com sintomas significativos podem receber
um anticonvulsivante ou um antipsicótico de segunda geração, conforme necessário.
Para o tratamento da depressão bipolar, opções incluem lamotrigina como anticonvulsivante. A melhor
evidência sugere o uso de quetiapina, cariprazina ou lurasidona isoladamente ou a combinação de
fluoxetina e olanzapina.
Após atingir a remissão, é recomendado o tratamento preventivo com estabilizadores do humor para
todos os pacientes com Transtorno Bipolar I. Caso ocorram recorrências durante o tratamento de
manutenção, é fundamental avaliar a adesão do paciente. Se a não adesão estiver associada, as razões
devem ser exploradas para ajustar o tipo de estabilizador de humor ou a dose, tornando o tratamento
mais aceitável.
A depressão moderada a grave é tratada com fármacos, psicoterapia ou ambos e, algumas vezes,
eletroconvulsoterapia. Alguns pacientes necessitam de uma combinação de fármacos. A melhora pode
não ser aparente até depois de uma a 4 semanas de tratamento medicamentoso.
Várias classes farmacológicas e fármacos podem ser usados para tratar depressão: Inibidores seletivos
de recaptação de serotonina, Moduladores da serotonina (bloqueadores 5-HT2), Inibidores de
recaptação de serotonina e noradrenalina, Inibidor de recaptação de dopamina e noradrenalina,
Antidepressivos heterocíclicos, Inibidores da monoaminoxidase (IMAOs), Antidepressivo melatonérgico
Fármacos do tipo cetamina.
A escolha do fármaco pode ser orientada pela resposta anterior a um antidepressivo específico. De
outra maneira, os ISRS costumam ser os fármacos de escolha inicial. Ainda que os diferentes ISRS sejam
igualmente efetivos para casos típicos, certas propriedades dos fármacos os tornam menos ou mais
apropriados para certos pacientes

Prognostico

O Transtorno Afetivo Bipolar é uma condição crônica que requer tratamento e gerenciamento a longo
prazo. Recaídas são comuns, especialmente em períodos de alto estresse. Diagnóstico e tratamento
precoces são essenciais, pois muitas pessoas apresentam tendências suicidas nos estágios iniciais da
doença. A maioria dos episódios pode ser gerenciada eficazmente, embora a frequência deles varie de
pessoa para pessoa. Em média, ocorrem episódios a cada 3 a 4 anos.
O prognóstico da depressão varia conforme a gravidade dos sintomas, duração, tratamento e resposta
a ele. Com intervenções apropriadas, muitas pessoas experimentam melhora significativa. Episódios
mais leves, tratamento adequado e resposta positiva ao tratamento são associados a um prognóstico
mais favorável. A depressão pode ser recorrente, e o tratamento preventivo pode ajudar a reduzir o
risco de novos episódios. O diagnóstico e tratamento precoces são vitais, e a maioria das pessoas com
depressão pode levar vidas produtivas com o apoio adequado.

BIBLIOGRAFIA

BILSKY, M. H. Considerações gerais sobre tumores cerebrais. Disponível em:


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que-e-tipos-gravidade-e-tratamento/>. Acesso em: 21 out. 2023

Observações: O estudo dirigido deverá ser enviado para o e-mail hcturma2023@gmail.com. Os estudos
de abril a agosto compõem uma disciplina com valor de 0,0 a 10,0 (2,0 cada estudo). Os estudos de
setembro a janeiro compõem outra disciplina com valor de 0,0 a 10,0 (2,0 cada estudo). O estudo
deverá ser preparado nesta folha com os logotipos do curso. O trabalho não pode ser realizado em
tópicos.

Critério de avaliação: responder todas as questões e entregar na data determinada. Será descontado 0,5
se entregue posteriormente e 0,5 se houver questões não respondidas.

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