Odontologia Hospitalar
introdução
• Tópicos abordados:
- Histórico
- O hospital
- Legislação
- Conceito de Odontologia hospitalar
- Atuação do cirurgião dentista em âmbito hospitalar
• Para refletir
A odontologia, desde a sua concepção, foi sempre
muito centrada no Dente. Além disso, há certa “zona
de conforto” em estar em consultórios odontológicos,
isolados, com pessoas que escolhemos trabalhar e
super equipamentos.
• Humanização na odontologia
O que a odontologia hospitalar traz à tona:
- Preocupação com o bem estar geral do
paciente
- Melhor compreensão para proporcionar
alívio a dor
- Atenção a queixas emocionais (além das
físicas) – pois o psicológico afeta muito o
paciente, trazendo até mesmo consequências
físicas
- Respeito a privacidade:
- Promoção de saúde e qualidade de vida (e de
morte)
Retomada do todo: A odontologia hospitalar deve ter
um olhar como toda (em relação as outras
especialidades e em relação ao paciente como todo)
Centrar nossa atenção na pessoa em sua completude
High-techi x High-toque
A odontologia hospitalar pede para que não focamos
tanto no high techi e focamos mais no toque, no
contato direto e humano com o paciente. As vezes
temos muitas tecnologias para nós auxiliar, mas é
importante a gente dar uma atenção ao toque, ao
contato com o paciente.
As vezes não precisa nem ser um toque físico. Pode ser
o toque no sentido de se colocar no lugar do paciente,
de ouvir com atenção a queixa dele, de explicar tudo
que está acontecendo
Necessidade de integração com profissionais de
OUTRAS formações
EX: Médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos,
assistentes sociais, fisioterapeutas, etc.
Motivo: Aumento da expectativa de vida e do
tempo de convivência com doenças, que antes
levavam ao óbito rapidamente.
Efeitos citotóxicos de terapias que atingem
órgãos não alvo
Histórico
Na Grécia e na Roma antiga o hospital era o local onde
sacerdotes intermediando na ação divina pela saúde
das pessoas, além de servir de ponto de repouso para
viajantes. → Ou seja, o ato de cuidar de cuidar da saúde
surgiu como um cunho religioso e espiritual.
(Primeiro o cuidado era a base de religião. Com o
tempo começou as guerras e esse cenário mudou)
Seculos XVII e XVIII: Guerras e figura do médico → tinha
um ambiente onde tinha muitas pessoas feridas e tinha
pessoas cuidando dos feridos, foi onde nasceu a figura
de um médico que cuidava dos feridos
No século XVII, nasce o conceito de cura do doente; os
hospitais começam a se desenvolver mais
substancialmente e a incorporar tecnologia no seu dia
a dia, grande parte impulsionado por guerras.
No século XVIII, o médico assume a organização
gerencial do hospital e, além de promover a cura dos
pacientes, o hospital passa a ser visto como polo
formador de profissionais da saúde
Século XX: OMS reformula o conceito de hospital e fala
da necessidade do cuidado multiprofissional
Definição de hospital de acordo com a OMS:
“Organização de caráter médico social com a finalidade
de assegurar assistência médica completa a
determinada população e cujos serviços externos se
irradiam até a célula familiar.
Século XXI: A saúde deve ser praticada baseada em
evidências científicas, deve ser humana,
multidisciplinar e centrada no paciente → o que temos
hoje
Estrutura do hospital
Os hospitais são instituições complexas, com
densidade tecnológica especifica, de caráter
multiprofissional e interdisciplinar, responsável pela
assistência dos usuários com condições agudas ou
crônicas, que apresentem potencial de instabilização e
de complicações de seu estado de saúde, exigindo-se
assistência contínua em regime de internação e ações
que abrangem a promoção da saúde, a prevenção de
agravos, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação
• CLASSIFICAÇÃO
 Quanto à finalidade assistencial
- Hospital geral:
Oferece assistência a pacientes de diferentes
especialidades clinicas e cirúrgicas. Pode ser restrito ao
atendimento de pacientes de uma determinada faixa
etária (hospital pediátrico), grupos específicos
(hospital militar) ou que tenham uma finalidade
própria (hospital de ensino)
- Hospital especializado
Disponibiliza assistência a pacientes acometidos por
determinado tipo de doença
EX.: hospital psiquiátrico
 Quanto ao controle administrativo
- Hospital público:
É administrado pelo poder público podendo ser
municipal, estadual ou federal. São pautados pelo
princípio da universalidade do acesso, nos termos da
legislação do sistema único de saúde (SUS)
- Hospital privado
O hospital particular ou privado pertence à pessoa
jurídica de direito privado
 Quanto ao objetivo financeiro
- Lucrativo
- Não lucrativo
- Beneficentes
Particulares e não lucrativos, dirigidas a grupos
específicos. Mantidas por contribuições
- Filantrópicos
Particulares não lucrativos. Rementem parte
dos lucros a pacientes que não possuem
condições financeiras
- Na verdade eles são lucrativos, mas pegam
esse lucro para fazer caridade (por isso está
não lucrativo)
 Quanto ao porte
- Pequeno porte: Capacidade menor ou igual a 50 leitos
- Médio porte: 51 a 150 leitos
- Grande porte: 151 a 500 leitos
- Porte especial mais de 500 leitos
OBS.: Leito é a cama numerada e identificada,
destinada à internações de um paciente dentro de um
hospital, localizada em um quarto ou enfermaria, que
se constitui no endereço exclusivo de um paciente
durante sua estadia no hospital e que está vinculada a
uma unidade de internação ou serviços
 Quanto ao corpo clínico
- Aberto
Hospital que tem corpo clínico próprio, mas consente
que qualquer outro médico faça uso de suas
instalações para realizar o atendimento de seus
pacientes
- Fechado
Hospital que possui seu corpo clínico e não permite que
outros médicos prestem assistência aos seus pacientes
em suas instalações
• Estruturas do Hospital:
- Organizacional: é uma empresa em que tem toda a
organização (diretor, RH, financeiro, etc)
- Assistencial: que dá assistência aos pacientes
- Financeiro: para se manter (mesmo que seja não
financeiro)
- Social: Sempre tem assistente social, que vai lidar com
óbito, as famílias.
- Politica: inserção do hospital na sociedade,
representação de classe de médicos e enfermeiros...
- Estudo e pesquisa: Residências, pesquisas de cura...
JUSTIFICATIVAS PARA ATUAÇÃO DO DENTISTA EM
ÂMBITO HOSPITALAR

- Condição bucal inadequada afeta a condição

sistêmica

Boca como porta de entrada para infecções

Capitulo II - Seção IV - Acesso a Recursos Assistenciais

- Manifestações bucais de terapias Art. 23. As assistências farmacêutica, psicológica,

Paciente trata uma doença que reflete na boca. Ex.:
Tratamento com quimioterapia
Alterações salivares (xerostomia), mudanças no
paladar, presença de lesões infecciosas e inflamatórias,
necroses
fonoaudiológica, social, odontológica, nutricional, de
terapia nutricional enteral e parenteral e de terapia
ocupacional devem estar integradas às demais
atividades assistenciais prestadas ao paciente, sendo
discutidas conjuntamente pela equipe
multiprofissional.
Ou seja, em 2010 o ministério da saúde reconheceu
que na UTI precisa ter assistência odontológica (assim
como outras especialidades) (não tem dentista em
toda UTI, mas o ministério da saúde reconheceu a
necessidade)

- Cavidade bucal como sinalizador de doenças

sistêmicas

CD pode colaborar no diagnóstico de patologias

Ex: sífilis

Legislação
- Legislação para que a odontologia começasse a fazer
parte da equipe médica hospitalar:

Ministério da saúde – Resolução nº7, de 24 de

fevereiro de 2010
Resumindo: Em maio de 2010 o ministério da saúde
integrou os procedimentos odontológicos na tabela do
sus para atendimento de pessoas com necessidades
especiais. O ministério da saúde reconheceu que
pessoas com necessidades especiais tinham que ter
procedimentos direcionadas a elas em relação a
odontologia, e muitos desses procedimentos
precisavam ser realizadas em ambiente hospitalar.
Nota técnica de 2014: Registro dos atendimentos do
SUS na atenção terciária para atendimento
odontológico no ambiente hospitalar
Amplia a nota técnica de 2010 que falava que o
atendimento hospitalar era para pacientes com
necessidades especiais.
Aqui fala que qualquer coisa que fosse feita na boca de
pessoas no hospital deveria ser registrado. Então
reconheceu o atendimento não somente de pessoas
com necessidades especiais, mas para todo mundo que
precisasse de atendimento no sus.
É a resolução mais importante porque foi quando de
fato surgiu a odontologia hospitalar.
Quando o CFO reconhece quer dizer que ele
regulamentou. Então surgiu a habilitação em
odontologia hospitalar.
Resumo da resolução CFO-132/2015:
Para ser habilitado, o cirurgião-dentista deve
completar um curso de odontologia hospitalar com
pelo menos 350 horas (30% práticas e 70% teóricas) e
ter um professor com título de mestre ou doutor. As
disciplinas básicas incluem rotina hospitalar,
propedêutica clínica e suporte básico de vida.
Profissionais com 5 anos de experiência nos últimos 10
anos na área também podem ser habilitados, mediante
comprovação documental ou avaliação de currículo
Resolução para modificar/complementar a primeira de
2015.
Resumo da resolução CFO-203 de 2019
Novos critérios para habilitação em odontologia
hospitalar:
1. Instituições de ensino superior, entidades
credenciadoras junto ao MEC e/ou CFO, ou
entidades de odontologia hospitalar
registradas no CFO
2. Carga horária mínima de 350 horas, sendo 50%
de aula prática e 50% de aula teórica. Cada
grupo de 6 alunos deve ter pelo menos 1
professor habilitado em odontologia hospitalar
durante as aulas práticas
3. O numero máximo de alunos por turma é 24. O
coordenador deve ter pelo menos título de
mestre e/ou doutor, além de habilitação em
odontologia hospitalar
4. Para registrar a habilitação em odontologia
hospitalar, o candidato deve apresentar o
certificado de conclusão do curso
correspondente
5. Ao final do curso é necessário passar por
avaliação teórica, prática e apresentar um
trabalho de conclusão de curso (TCC). Cada
professor pode orientar no máximo 6 alunos.
6. Após obter o certificado, o profissional pode
requerer o registro no conselho federal de
odontologia, onde está registrado.
7. Cursos iniciados após a publicação da
resolução por instituições de ensino superior,
entidades de classe ou entidade estrangeiras
(mediante contrato com hospital publico ou
privado) devem se adequar as novas regras.
 Conceito de Odontologia hospitalar - Raspagem

Conjunto de ações preventivas, diagnósticas, - Remoção de cárie

terapêuticas e paliativas em saúde bucal, executadas - Profilaxia
em ambiente hospitalar em consonância com a missão
do hospital e inseridas no contexto de atuação da - Restaurações provisórias
equipe multidisciplinar. - Biópsia
Ciclo interminável, onde um sempre afeta o outro e por - Orientação de cuidados orais
isso é muito importante ter um dentista no hospital:
- Laserterapia
Doença sistêmica como fator de risco
Obs.: O dentista no hospital faz praticamente clínica
para doença bucal
geral. Clinico geral com conhecimento sobre doenças
↕ de base e sobre fluxos hospitalares

Doença bucal como fator de risco para • Situações que o cirurgião dentista pode se deparar:
agravamento de doença sistêmica
- Lesões bucais causada pela sífilis. A sífilis é uma
doença sistêmica e sexualmente transmissível que tem
• Atribuições do CD
manifestação bucais.
- Profilaxia da cavidade bucal – mas é delegado depois
à equipe técnica (de enfermagem)

- Exames clínico da cavidade oral – próteses, aparelhos

removíveis (paciente inconsciente deve ser removido e
paciente consciente deve ser avaliado se ele consegue
usar e remover sozinho ou não)

- Detecção de complicações bucais (ex.: ferida causada

por um medicamento)

- Redução/eliminação de focos infecciosos –

exodontias, drenagem de abcessos
- Confecção de placas protetoras – traumatismos em
tecidos moles (ex.: Espasmos)
- Condicionamento bucal pré e pós tratamento
oncológico
- Pacientes transplantados: A cavidade bucal é uma
importante porta de entrada para infecções sistêmicas
em pacientes com condições de vulnerabilidade
imunológica, caso em que se encontram os pacientes
pré-transplantados e às vezes, os pós-transplantados

• Procedimentos odontológicos realizados nos - Periodontite e diabetes: A relação entre periodontite

hospitais e diabetes é uma interação complexa em que ambas as
condições podem influenciar negativamente uma à
- Periodontia outra. Manter um bom controle glicêmico e cuidados
- Dentística bucais adequados é fundamental para gerenciar essa
relação e prevenir complicações.
- Endodontia

- Odontopedriatria

- Urgências

- Reabilitação oral

- Prevenção e diagnóstico de alterações bucais

• O que é feito com mais frequência

- Extrações
- Osteonecrose: Na odontologia a osteonecrose refere-
se à “morte” do tecido ósseo na região maxilofacial.
Pode estar relacionada à radiação na região ou ao uso
do bisfosfonatos. Os bisfosfonatos são
frequentemente utilizados para tratar condições como
osteoporose e certos tipos de câncer.
- Tratamento invasivo: Fazer a ressecção da
área (passar a boca e tirar) e aplicar laser para
ajudar na cicatrização
- Tratamento coadjuvante: Somente aplicação
de laser, óleos essenciais
• Necessidade x oportunidade
As vezes o paciente tem NECESSIDADE de atendimento
em âmbito hospitalar, mas é preciso avaliar se é
oportuno tratar naquele momento.
- É saber se o paciente tem condições sistêmica e
fisiológica de ser tratado
- Sempre precisamos avaliar a condição sistêmica do
paciente hospitalar antes de tratar ele para não trazer
mais prejuízos do que benefícios.
Possibilidades de atuação odontológica dentro de um
hospital
- CTBMF (Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial):
Fazem cirurgias em ambiente hospitalar. Ex.:
Ortognática
- Urgências e emergências odontológicas: Clinica básica
que funciona como pronto socorro
- Pacientes com necessidades especiais: Porque alguns
pacientes com necessidades especiais precisam de
anestesia geral para ser atendido
- Câncer de boca: Pode auxiliar o médico no
tratamento.
- UTI: Dentro da UTI para fazer limpeza e olhar os
dentes)
• Cirurgia bucomaxilofacial x Odontologia
Hospitalar
Odontologia hospitalar: Cuidado em saúde bucal de
pacientes hospitalizados, integrando a equipe de
saúde. Possibilidade de executar diversos
procedimentos clínicos
Cirurgia bucimaxilofacial: Especialidade cirúrgica que
lida com procedimentos complexos na área da boca,
face e estruturas relacionadas.
O buco pode atender no ambiente hospitalar ou em
clínica/consultório, mas sempre fazendo cirurgias. Já o
odonto hospitalar é uma especialidade que permite o
dentista a fazer clinica geral no hospital.
• Benefícios de um dentista no hospital
- Redução do tempo de internação
- Redução do custo por internação e maior
lucratividade (porque reduz o tempo de internação)
- Maior rotatividade de leito
- Redução de indicadores de infecção hospitalar e mais
rápida recuperação do paciente (reduz principalmente
o risco de uma pneumonia e as mortes por sepse)
- Qualidade e valor agregado ao atendimento (da mais
valor e credibilidade para o hospital)
• Cenários em que é possível existir odontologia
hospitalar
- Atendimento domiciliar e institucional:
O odonto hospitalar é o mais capacitado a fazer
os atendimentos domiciliares e institucional
(Ex.: cadeia e asilos)
- Unidade de cuidados prolongados
Casas que as pessoas ficam para se recuperarem
pós cirurgia
• Desafios
- Ensino: não é um ensino padronizado ou matéria
obrigatória. Geralmente acontece em disciplina
optativa ou projetos de extensão.
- Disseminação: Precisa ser divulgado melhor
- Atuação: temos que fortalecer essa atuação se
pronunciando, mostrando, principalmente para os
médicos, que sabemos o que estamos fazendo e que
estudamos muito para estar naquele local