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Trabalho de Direito Constitucional I – ADI 6.

031

Ana Laura M. Giaretta – 00315967

O presente trabalho tem o intuito de comentar sobre a rejeição dos embargos de


declaração na Ação Direta de Inconstitucionalidade 6.031 em face do princípio da
proporcionalidade.

Em sessão online realizada no dia 22 de maio de 2020, o Supremo Tribunal


Federal proferiu decisão na qual foram opostos embargos de declaração para fim
diferente do previsto nas hipóteses do Art. 1.023 do Código de Processo Civil. Alega a
relatora – voto que permaneceu por unanimidade – que, na verdade a intenção do
embargante era discutir o mérito da questão, o que não é cabível por meio desse recurso.

A decisão foi proferida em sede de controle concentrado de constitucionalidade,


um instrumento na "jurisdição constitucional" imprescindível à manutenção da ordem
jurídica constitucional, especialmente tendo em vista que, na contemporaneidade, a
constituição é o postulado jurídico base para todas as outras normas e, portando, deve
ser respeitada por elas. Assim, entendeu a ministra que a lei discutida no caso sub judice
respeita os parâmetros impostos pela Constituição Federal, haja vista terem sidos
atendidos os princípios da proporcionalidade e razoabilidade.

A Confederação Nacional da Indústria – opôs embargo com base na questão da


hipossuficiência. Para o grupo, a declaração de constitucionalidade do artigo 8° da Lei
n. 10.209/2001 não era correta, visto que permitia que todo e qualquer transportador,
seja ele de grande ou pequeno porte, seja ressarcido com duas vezes o valor do frete
pelo embarcador em caso de descumprimento da obrigação de antecipação do pedágio.
O embargante alega que tal decisão iria contra a ideia de proporcionalidade, visto que o
julgado é destinado à tutela dos transportadores autônomos. Sendo assim, não seria
proporcional indenizar tanto os grandes quanto os pequenos transportadores, dado que a
hipossuficiência ocorre apenas no caso dos últimos.

A ministra sustentou que a decisão não foi fundamentada na hipossuficiência do


transportador anônimo de cargas, mas sim tendo em vista algo ainda maior: os
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, tão importantes no âmbito do direito
constitucional justamente por estarem umbilicalmente ligados com a justiça, bom senso,
clareza e equidade. A presença de tais valores, frutos de lutas históricas e superações da
humanidade, é de suma relevância para a manutenção de um Estado Democrático de
Direito que respeite os direitos básicos como os de dignidade e igualdade. Sua não-
observância, por outro lado, representa, além de um regresso, uma grande insegurança
em relação aos direitos fundamentais, visto que os princípios são seus “guardiões”.

Nesse ínterim, o princípio da proporcionalidade é aplicado quando há conflito


entre direitos fundamentais. Nesses casos, analisa-se qual decisão seria menos onerosa.

“A proporcionalidade é uma máxima, um parâmetro valorativo


que permite aferir a idoneidade de uma dada medida legislativa,
administrativa ou judicial. Pelos critérios da proporcionalidade
pode-se avaliar a adequação e a necessidade de certa medida,
bem como, se outras menos gravosas aos interesses sociais não
poderiam ser praticadas em substituição àquela empreendida
pelo Poder Público.”1
Sendo assim, tal princípio é um importante guarda dos direitos fundamentais e
“mediador” de interesses, buscando sempre a maior harmonização possível.

Retornando à ADI 6.031, percebe-se que a Ministra Relatora Carmen Lúcia fez
uso da proporcionalidade e razoabilidade para manter constitucional o artigo 8° da Lei
n. 10.209/2001. Pelo fato de o motivo para isso ter sido a observância aos princípios – e
não à hipossuficiência, como alegou a Confederação Nacional da Indústria –, o embargo
foi negado.

1
CRISTÓVAM, José Sérgio da Silva. Colisões entre princípios constitucionais.
Curitiba: Juruá, 2006. p. 211.

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